O glaucoma pode ser uma doença autoimune

O glaucoma pode ser uma doença autoimune

Descobertas inesperadas mostram que o sistema imunológico do corpo destrói as células da retina.

Um novo estudo do MIT e do Massachusetts Eye and Ear descobriu que o glaucoma pode de fato ser um distúrbio autoimune.

O glaucoma, uma doença que aflige quase 70 milhões de pessoas em todo o mundo, é um mistério, apesar de sua prevalência. Pouco se sabe sobre as origens da doença, que danifica a retina e o nervo óptico e pode levar à cegueira.

Um novo estudo do MIT e do Massachusetts Eye and Ear descobriu que o glaucoma pode de fato ser um distúrbio autoimune. Em um estudo com camundongos, os pesquisadores mostraram que as células T do próprio corpo são responsáveis pela degeneração progressiva da retina observada no glaucoma. Além disso, essas células T parecem estar preparadas para atacar neurônios da retina, como resultado de interações anteriores com bactérias que normalmente vivem em nosso corpo.

A descoberta sugere que seria possível desenvolver novos tratamentos para o glaucoma, bloqueando essa atividade autoimune, dizem os pesquisadores.

“Isso abre uma nova abordagem para prevenir e tratar o glaucoma”, diz Jianzhu Chen, professor de biologia do MIT, membro do Instituto Koch de Pesquisa Integrativa sobre o Câncer do MIT, e um dos principais autores do estudo, publicado na Nature Communications em 10 de agosto.

Dong Feng Chen, professor de oftalmologia da Harvard Medical School e do Instituto de Pesquisa de Olhos Schepens, da Massachusetts Eye and Ear, também é um autor sênior do estudo. Os principais autores do artigo são os pesquisadores Huihui Chen, Kin-Sang Cho e T.H. Khanh Vu.

Gênese do glaucoma

Um dos maiores fatores de risco para o glaucoma é a pressão elevada no olho, que geralmente ocorre à medida que as pessoas envelhecem e os ductos que permitem a drenagem do fluido pelo olho ficam bloqueados. A doença geralmente não é detectada a princípio; os pacientes podem não perceber que têm a doença até que metade de suas células ganglionares da retina tenham sido perdidas.

A maioria dos tratamentos se concentra na redução da pressão no olho (também conhecida como pressão intraocular). No entanto, em muitos pacientes, a doença piora mesmo após a pressão intraocular voltar ao normal. Em estudos em ratos, Dong Feng Chen encontrou o mesmo efeito.

“Isso nos levou ao pensamento de que essa mudança de pressão deve estar provocando algo progressivo, e a primeira coisa que me veio à mente é que tem que ser uma resposta imunológica”, diz ela.

Para testar essa hipótese, os pesquisadores procuraram células imunes nas retinas desses ratos e descobriram que, de fato, as células T estavam lá. Isso é incomum, porque as células T são normalmente bloqueadas de entrar na retina, por uma camada restrita de células, chamada barreira hematotrinina, para suprimir a inflamação do olho. Os pesquisadores descobriram que quando a pressão intraocular sobe, as células T conseguem de alguma forma atravessar essa barreira e entrar na retina.

A equipe do Mass Eye and Ear recrutou Jianzhu Chen, um imunologista, para investigar melhor o papel dessas células T no glaucoma. Os pesquisadores geraram alta pressão intraocular em camundongos sem células T e descobriram que, embora essa pressão induzisse apenas uma pequena quantidade de dano à retina, a doença não progrediu mais depois que a pressão do olho voltou ao normal.

Outros estudos revelaram que as células T ligadas ao glaucoma têm como alvo proteínas, chamadas proteínas de choque térmico, que ajudam as células a responder ao estresse ou a lesões. Normalmente, as células T não devem ter como alvo proteínas produzidas pelo hospedeiro, mas os pesquisadores suspeitaram que essas células T haviam sido previamente expostas a proteínas bacterianas de choque térmico. Como as proteínas de choque térmico de espécies diferentes são muito semelhantes, as células T resultantes podem reagir de forma cruzada com as proteínas de choque térmico humanas e de ratos.
Para testar essa hipótese, a equipe trouxe James Fox, professor do Departamento de Engenharia Biológica do MIT e da Divisão de Medicina Comparada, cuja equipe mantém ratos sem bactérias. Os pesquisadores descobriram que, quando tentavam induzir o glaucoma nesses camundongos, os camundongos não desenvolviam a doença.

Conexão humana

Os pesquisadores então se voltaram para pacientes humanos com glaucoma e descobriram que esses pacientes tinham cinco vezes o nível normal de células T específicas para proteínas de choque térmico, sugerindo que o mesmo fenômeno também pode contribuir para a doença em humanos. Até agora, os estudos dos pesquisadores sugerem que o efeito não é específico de uma determinada linhagem de bactérias; em vez disso, a exposição a uma combinação de bactérias pode gerar células T que visam as proteínas de choque térmico.

Uma questão que os pesquisadores planejam estudar ainda é se outros componentes do sistema imune podem estar envolvidos no processo autoimune que dá origem ao glaucoma. Eles também estão investigando a possibilidade de que esse fenômeno possa estar por trás de outros distúrbios neurodegenerativos e procurando maneiras de tratar esses distúrbios bloqueando a resposta autoimune.

“O que aprendemos com os olhos pode ser aplicado às doenças cerebrais e pode eventualmente ajudar a desenvolver novos métodos de tratamento e diagnóstico”, disse Dong Feng Chen.

A pesquisa foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde, a Fundação Lions, a Fundação de Pesquisa Médica Miriam e Sheldon Adelson, a Fundação Nacional de Ciência da Natureza da China, o Fundo de Pesquisa e Professora Ivan R. Cottrell, o Subsídio do Centro Koch (núcleo) do Instituto Nacional do Câncer e do Subsídio Básico do National Eye Institute para a Vision Research.

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Materials provided by Massachusetts Institute of Technology.

Tradução CONTI outra. Do original Glaucoma may be an autoimmune disease.

Photo by JC Gellidon on Unsplash

Amar só é bom se trouxer paz

Amar só é bom se trouxer paz

Caio F Abreu dizia que “amar só é bom se doer”, e insistia que precisava machucar um pouco mais seu coração, doer mais um pouco seu corpo e fatigar mais seus olhos. Talvez isso lhe trouxesse calmaria, talvez não. Eu gosto de pensar que amar só é bom se trouxer paz. Se promover dentro de mim uma sensação de certeza, de ter feito a escolha correta, de acolhimento e reciprocidade.

Gosto muito da música “Tocando em frente”, de Almir Sater. Gosto especialmente do trecho que diz: “é preciso paz pra poder sorrir”. Como é que a gente consegue tocar em frente tendo dentro da gente um amor que nos rouba a paz? Como é que a gente descobre o próprio dom de “ser capaz e ser feliz” se permanece atado à inconstância, ao silêncio, à indiferença e à falta de reciprocidade que só uma relação ruim é capaz de proporcionar?

Tem gente que nos deixa com a “pulga atrás da orelha”. Viver com a “pulga atrás da orelha” tumultua nosso equilíbrio interior e nos impede de ser como somos, livres de manias de controle, ciúmes, insegurança, inquietação e carência. Tem gente que não vale a nossa paz. Gente que nos provoca desconfiança, diminui nossa leveza e desperta uma versão de nós mesmos mais apreensiva, angustiada e ansiosa.

Amar só é bom se trouxer paz. Se nos ajudar a atravessar a vida e suas imperfeições, se despertar nossa coragem e amor próprio, se permitir que possamos revelar nossa doçura, alegria e, vez ou outra, alguma loucura.

O amor não é tábua de salvação para todas as nossas angústias e inquietações, mas pode nos aproximar da cura. Pode nos trazer um tipo de paz e certeza que valida e justifica a existência, e nos autoriza a acreditar em nós mesmos, buscando ser melhores conosco e com os que nos cercam.

É preciso acreditar que existem amores assim, que contribuem para nossa evolução e nos trazem paz. Isso nos dá a certeza de que o mundo ainda é um lugar bom, e que é possível ser feliz na companhia de alguém.

Viver é um exercício de aceitação, perdão e paciência diante das demoras e esperas. Encontrar alguém disposto a atravessar os desertos conosco, sabendo que haverá sede e pedras, silêncios e ausências, com o mesmo ânimo com que compartilha nossos momentos de alegria, música boa, café quentinho e lençóis cheirosos é descobrir que também somos merecedores de consideração, bem-querer ilimitado e ligação plena, simplesmente por sermos quem somos.

Querer estar ao lado de alguém que só nos faz mal e nos machuca repetidas vezes é escolher perpetuar uma história de dor. Não sabemos onde essa história teve origem, mas sabe-se que quando uma pessoa se cura, ela ajuda as gerações vindouras a se curarem também. Então, se você não faz por você, faça por aqueles que virão depois de você. Rompa esse ciclo de autopunições e aprenda a reconhecer o que é bom, o que lhe torna uma pessoa melhor, o que lhe traz paz e certeza de estar no lugar certo.

“É preciso paz pra poder sorrir”. Que hoje haja paz dentro de você, e que, mesmo enfrentando dificuldades, ausências e impossibilidades descubra que uma mente sossegada e uma alma tranquila são mais importantes e trazem mais benefícios à saúde que qualquer desejo não satisfeito de seu coração. Que as coisas que lhe despertam, instigam e movimentam não sejam as esperas nem as faltas, mas a certeza de que o amor pode ser leve, manso, equilibrado… e capaz de lhe fazer sorrir todos os dias…

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Photo by Pablo Heimplatz on Unsplash

Abstinência de antidepressivos explicada por Drauzio Varella

Abstinência de antidepressivos explicada por Drauzio Varella

Por Drauzio Varella em seu site oficial

Grande número de pessoas faz uso de antidepressivos. Nos últimos anos, os chamados inibidores da recaptação da serotonina têm sido o grupo de drogas mais empregadas no tratamento de distúrbios psiquiátricos como depressão, ansiedade, bulimia, estresse pós-traumático, obsessão-compulsão, disforias pré-menstruais e outros.

Pertencem a esse grupo medicamentos como fluoxetina (Prozac, Daforin, Eufor), paroxetina (Aropax), sertralina (Zoloft) e outros. O sucesso dessas drogas na clínica se deveu especialmente à tolerabilidade e segurança de uso em comparação com os antidepressivos empregados anteriormente.

Síndrome de abstinência

No entanto, um dos problemas mais frequentes associados ao uso desses inibidores é o aparecimento de síndrome de abstinência, quando sua administração é interrompida abruptamente.

Fenômeno semelhante pode ocorrer com outros antidepressivos não pertencentes a esse grupo, como a venlafaxina (Efexor), mirtazapina (Remeron), etc.

Síndrome de abstinência, aqui, é definida como “um conjunto de sinais e sintomas de instalação e duração previsíveis, que envolve sintomas psicológicos e orgânicos previamente ausentes à suspensão da droga e que desaparecem depois que ela foi reiniciada”.

Sintomas da síndrome

A abstinência à descontinuação abrupta dos inibidores da recaptação de serotonina, surge 24 a 72 horas depois da interrupção do tratamento e provoca os seguintes sintomas:

1) Psiquiátricos: ansiedade, insônia, irritabilidade, explosões de choro, distúrbios de humor e sonhos vívidos;

2) Neurológicos e motores: tonturas, vertigens, sensação de cabeça vazia, cefaleia, falta de coordenação motora, alterações de sensibilidade da pele e tremores;

3) Gastrintestinais: náuseas, vômitos e alterações do hábito intestinal;

4) Somáticos: calafrios, fadiga, letargia, dores musculares e congestão nasal.

Na ausência de tratamento esses sintomas desagradáveis costumam durar de uma a três semanas. Embora sejam discretos ou de moderada intensidade na maioria dos casos, às vezes podem se tornar mais intensos e serem confundidos com outras enfermidades.

A probabilidade de desenvolver a sintomatologia descrita é tanto maior quanto mais longa tiver sido a duração do tratamento. As reações geralmente estão associadas com durações de pelo menos quatro a seis semanas, mas podem acontecer depois de períodos de uso mais curtos.

Quanto mais rapidamente for excretado o antidepressivo, maior a probabilidade de surgir a síndrome. No caso de drogas como a fluoxetina que têm meia-vida (tempo necessário para eliminar metade da droga administrada) de 2 a 3 dias, os sintomas de abstinência podem instalar-se mais tardiamente (até uma semana depois da interrupção).

Duas a três semanas depois de instalados os sintomas da abstinência, costuma ocorrer um fenômeno conhecido como “rebote”: o reaparecimento dos sintomas psiquiátricos que levaram à indicação do medicamento.

Tratamento

O tratamento da síndrome de abstinência é óbvio: basta reiniciar a droga cuja retirada intempestiva foi responsável por ela. Com o reinício do tratamento os sintomas começam a melhorar já nas primeiras 24 horas. Para evitar a repetição do quadro, as doses diárias devem ser diminuídas gradativamente no decorrer de quatro a seis semanas, até que a interrupção completa possa ser realizada com segurança.

O grande número de pessoas que faz uso de antidepressivos atualmente, deve estar informado de que os efeitos benéficos do tratamento pode levar até seis semanas para se tornar aparente, e que precisa ser continuado por períodos de seis meses a um ano, para evitar recaídas precoces. Em caso de quadros depressivos que se instalam antes dos vinte anos de idade, em pacientes com recaídas múltiplas ou distúrbio bipolar, o tratamento pode exigir mais tempo ainda, ou mesmo estar indicado para ser mantido pelo resto da vida.

Durante esse período é fundamental que as doses diárias sejam tomadas com regularidade, porque os sintomas de abstinência podem surgir depois de apenas dois ou três dias de interrupção.

6 passos para uma desintoxicação emocional

6 passos para uma desintoxicação emocional

Por Mônica Reis de Oliveira

Você já tomou suco verde?

Bem, esse suco promete fazer um “detox” no corpo e por isso, mesmo não sendo o suco mais saboroso que existe muitas pessoas o incorporam na sua dieta alimentar.
Já não é mais novidade que no complexo processo do adoecimento humano, mesmo quando as enfermidades são ditas como “físicas” ou “biológicas” elas apresentam aspectos psicológicos e estão carregadas de subjetividade. Então, a pergunta que fica é: como você tem desintoxicado o seu interior?

Diariamente convivemos com pensamentos e sentimentos destrutivos (mesmo que eles apareçam por um breve momento do nosso dia) e eles podem ser alimentados por momentos de dificuldade e com isso ganhar uma proporção maior do que deveriam ter, comprometendo o nosso bem estar emocional. Conviver com pessoas negativas e que por vezes podem nos magoar não é tarefa simples.

Da mesma maneira que uma boa dieta alimentar promove o equilíbrio do corpo, cuidar bem da nossa saúde emocional nos garante uma vida mais saudável.
Pensando nisso separei 6 passos que podem auxiliar no processo de desintoxicação emocional:

Aprenda a dizer não sem culpa

Primeiro é importante entender que é humanamente impossível agradar a todas as pessoas ao mesmo tempo. As pessoas criam expectativas (nós também fazemos muito isso) e quando essas expectativas não são atendidas elas tendem a se frustrar. Mas você conhece todas as expectativas das pessoas sobre você? Provavelmente não, logo como espera agradar a todos?

Entenda que pensamentos são apenas pensamentos

Não paramos de pensar. Agora, enquanto está lendo esse texto você está tendo muitos pensamentos. Pensamentos bons e pensamentos não tão bons. Por vezes passam coisas pela nossa cabeça do tipo: “Puxa, bem que o professor poderia passar mal e não vir dar aula hoje!” ou ainda “Nossa, que pessoa feia e desprezível, tomara que tropece caia de cima desse salto!” são pensamentos dos quais não nos orgulhamos muito e quando eles aparecem tendemos a nos culpar excessivamente, logo estamos nos punindo e questionando mas como eu pude pensar isso?

Esse tipo de pensamento nos deixa excessivamente culpados e entender que pensamentos são apenas pensamentos nos ajuda a diminuir a culpa. Eles são apenas um produto da nossa mente, mas não existem no mundo real.

Aceite-se como você é

É uma tarefa quase impossível ser bem sucedido em todas as áreas da vida, somos seres limitados! Aceitar que temos muitas competências e habilidades, usar isso de maneira construtiva e ser menos exigente faz parte do processo de autoconhecimento e construção de autoestima. Conhecer e aceitar a nossa história de vida e aprender a perdoar as pessoas é muito importante, porém, fundamental mesmo é aprender a considerar quem somos e perdoar a nós mesmos. Aceitar que nem sempre seremos perfeitos e que todos erram em algum momento é libertador.

Tenha uma vida social saudável

Somos seres sociáveis, por isso cultivar bons relacionamentos é importante para manter a nossa saúde mental. São os nossos amigos e familiares quem estarão conosco compartilhando os melhores momentos da nossa vida. Por isso, manter uma relação próxima das pessoas que nos fazem bem é além de um prazer um hábito que ajuda a manter a nossa qualidade de vida e bem estar.

Aprenda a controlar o estresse

Estamos expostos a um alto nível de estresse, isso por que precisamos conviver com o trânsito, dificuldades financeiras, doenças, perdas… São tantas as situações que exigem de nós mais do que realmente conseguimos suportar que não há saída: acabamos nos estressando. Mas aprender a relaxar e controlar as emoções ameniza a sensação de esgotamento. Para isso cada pessoa encontrará um caminho. Algumas pessoas conseguem se controlar com música, outras com exercícios de respiração, meditação, existem inúmeras terapias que podem ajudar nesse processo.

Entenda que a sua vida é agora

Viver o tempo presente e desfrutar do melhor que ele pode nos oferecer é viver intensamente e plenamente. Entender que a felicidade é um processo que ocorre dentro de nós e não depende da ação dos outros e sim de nós mesmos é tomar para si a responsabilidade de viver uma vida plena. Será que é racional viver esperando que as coisas aconteçam na nossa vida no futuro para que possamos ter paz e alegria? Quanto pode nos limitar viver remoendo as decepções e tristezas do nosso passado? Só existe o tempo presente, portanto viva-o.

E finalmente, se for necessário procure ajuda profissional. Entenda que quem procura um serviço de psicologia o faz por que quer resolver os seus problemas, por isso buscar ajuda é um ato de coragem e amor por si mesmo.

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Artigo originalmente publicado em nossa página parceira Psicologias do Brasil.

Photo by Emily Goodhart on Unsplash

Afastamentos dolorosos antecedem encontros especiais

Afastamentos dolorosos antecedem encontros especiais

A vida costuma ser muito dura, às vezes, o que nos leva a ter que recorrer a tudo o que possa trazer um pouco de consolo. Quando o chão parece ruir, quando nada mais vislumbrar alguma saída, costumamos nos agarrar àquilo que resta dentro de nós, porque então nada lá fora parece poder ajudar de alguma forma.

Nos momentos de dor é que nossa espiritualidade aflora mais fortemente, pois temos que nos reestruturar sozinhos, a partir do que possuímos aqui dentro, retirando motivação e esperança de onde prevalece tristeza e desesperança. É então que a gente busca uma compreensão embasada na fé, na força interior, na ajuda de um ser supremo, do universo, enfim, de alguma energia invisível que traga luz, esperança, motivação e aceitação.

Acreditar que o amanhã será melhor, que tudo tem uma razão de ser, tudo é aprendizado, portanto, não pode ser tido como pensamento simplista sem fundamento, como um mero consolo bobo. Trata-se, sim, de uma postura que alenta e nos motiva a não desistir, não paralisar, não permanecer encostado na dor. Entender os sofrimentos como um preparatório para mudanças positivas que virão nos abre as portas para que enxerguemos um futuro menos denso e triste.

E é assim que deve ser, quando dos rompimentos que pontuam a nossa jornada. É preciso acreditar que aquela dor passará, que o que foi embora não era para ter sido, que o que saiu abrirá espaço para que o novo chegue e preencha o vazio com verdade, amor e felicidade renovada. É preciso ter a esperança de que seremos felizes, porque temos o direito de viver junto a pessoas que torcem por nós e devolvam afeto na mesma medida do que temos a oferecer.

Se tivermos paciência para aguardar a passagem do tempo, perceberemos, lá na frente, que muitas coisas e muitas pessoas saíram de nossas vidas e não deixaram saudade alguma, muito pelo contrário. Perceberemos que ficamos mais fortes, mais sábios, mais gente de verdade, porque sobrevivemos às quebraduras que a vida provoca. Sobrevivemos e sobreviveremos, pois há muito ainda ali na frente que iremos encontrar sorrindo.

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Photo by Alex Iby on Unsplash

Crianças obedientes não ficam quietas

Crianças obedientes não ficam quietas

Por Gabriel M Salomão para o Lar Montessori

Há duas formas de ensinar obediência. Na forma antiga e equivocada, pede-se às crianças que façam isso é aquilo, e acabou. Se não fazem, são punidas pela desobediência. E há a outra forma… Peça à criança somente o que ela pode te dar. Quer dizer, peça por obediência de uma maneira que a criança dê com alegria…

Essas são palavras de Maria Montessori dirigidas a famílias de crianças. Palavras como essas me lembram sempre do rei do Pequeno Príncipe:

“Se eu ordenasse que um general voasse de flor em flor como uma borboleta, ou que escrevesse uma peça de teatro, ou que se tornasse uma gaivota, e se o general não executasse a ordem que recebeu, qual de nós estaria errado? – O rei perguntou – O general ou eu? // – Você – respondeu o pequeno príncipe, com firmeza. // – Exatamente. Só se deve exigir o que as pessoas podem cumprir – O rei continuou – A autoridade que é aceita apóia-se, antes de tudo, na razão. Se você ordenasse a seu povo que se jogasse no mar, eles se levantariam em revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis.”

Montessori nos explica, de novo e de novo, que movimento é vida. Quando eu peço a imobilidade a uma criança que tem como imperativo da vida que se mova incessantemente, o que peço é equivalente ao rei louco, pedindo ao seu povo que se atire ao mar. Eu peço a morte. E a criança não pode me obedecer, porque acima de minha autoridade está a autoridade da vida. Mas há caminhos. Há formas de saber as ordens da vida, e pedir à criança coisas menores, que não se oponham à vida, mas que acompanhem seu curso de forma especial e adequada à situação. Por um momento, vamos voltar a Montessori.

É claro que há momentos em que é necessário que a criança não se mova demais. Você acabou de vestir sua criança para sair, por exemplo, e não dá para ela correr para o jardim e fazer tortinhas de barro. Mas bom, há uma alternativa que não é sentá-la e dizer simplesmente que fique parada até você estar proto(a). // Você tem a observado bem? Qual é, então, seu interesse mais recente em atividades mais quietas? Talvez meia hora atrás ela tenha colocado a chave na porta e girado a tranca. Se você tiver uma caixinha com uma fechadura e uma chave, dê a ela…

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O que Montessori via na criança, de novo e de novo, era a natureza se manifestando. Não podemos ordenar a uma árvore que não cresça. A única forma de fazer isso é cortar suas raízes. Fazer dela um bonsai. Retorcer seu desenvolvimento. Desviá-la de seu caminho. Impedir sua verdadeira vida. Obstruir o curso que levaria ao cumprimento de seu papel no universo. A obediência não pode ser tal que impeça a vida.

Mas há outro caminho.

Quando vemos a criança, ela obedece com alegria. Porque a um só tempo aprende a adaptar-se às condições de seu ambiente – aspecto fundamental do desenvolvimento – e pode seguir a Lei Máxima da Vida. Pedir a um filho que saia já do banho pode ser demais, se ele acabou de descobrir que as bolhas na parede do box se movem, muito lentamente, quando a gente sopra de leve, mas estouram se sopramos forte demais. E que é necessário ter paciência. Mesmo nu. Mesmo tarde. É necessário ter paciência, ou as bolhas estouram. As do box. As da vida. E então nós talvez possamos escovar os nossos dentes, e dizer que daqui a pouquinho, acabando de escovar os nossos dentes, viremos chamar a criança, e aí vamos mesmo dormir. Amanhã poderemos brincar de novo. Sim? Provavelmente sim.

Será, pergunto-me às vezes, que parece inseguro para a criança trocar a história que ela já escutou várias vezes por uma história nova? Será que parece arriscado? E será que é por isso que a fascinante nova história, imposta, leva ao choro? Será que por duas, ou três, noites, duas histórias são possíveis? Talvez sejam. Talvez.

A obediência que não se opõe à vida é bem vinda pela criança. E devia ser bem vinda por nós. A vida, afinal, deve ser superior aos nossos desejos. Mas entender a vida é, necessariamente, prestar atenção. É necessário olhar a vida para compreender suas leis. Elas não vêm num livro. Nem mesmo os da Montessori darão conta de tudo. Será necessário olhar a criança que existe. A criança que está lá. É ela, e só ela, que pode nos mostrar para onde aponta a trilha da vida.

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A atividade que ela acabou de fazer com algum interesse, aquela a que ela tem retornado de vez em quando ao longo dos últimos dias, a outra que a absorveu completamente antes de ontem. Todas essas são plaquinhas, à beira da estrada, indicando as regras da vida. Qualquer coisa que pedirmos, dissermos, exigirmos, terá de estar em consonância com as regras da vida, ou, por motivo de força maior, não seremos obedecidos (ainda bem!).

Quando Montessori falava da obediência, falava de uma criança que obedecia com alegria e rapidez, profundamente disciplinada e senhora de si. Essa criança só é assim porque está na trilha da vida. Porque não se perdeu dela. Porque não está desesperada para voltar, ou para permanecer, no curso correto de seu desenvolvimento. Aí, muito mais que a obediência, brota a autodisciplina. A capacidade de seguir, sobretudo, aquilo que sabemos ser correto.

Montessori anunciou a paz vindoura já em 1907, com sua primeira escola. E ainda hoje, podemos repetir, olhando a criança que conhece a vida, e o adulto que respeita esse conhecimento profundo: “uma nova humanidade para um novo mundo nasce já!”.

Os trechos de Montessori neste texto vieram do livro recém publicado Maria Montessori Speaks to Parents: A Selection of Articles.

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Imagem de capa: Photo by Ben White on Unsplash

Indevida culpa materna (por Içami Tiba)

Indevida culpa materna (por Içami Tiba)

Por Içami Tiba em seu site oficial

Se eu pudesse aliviar o mundo de um sofrimento, seria o de remover as culpas indevidas que a maioria das mulheres carrega dentro de si, na função de mãe.

Para qualquer problema comportamental apresentado por uma criança ou adolescente, ou até mesmo por alguns adultos, há uma mãe se responsabilizando por ele. Há, sem dúvida, responsabilidades de que as mães não podem se furtar na educação dos filhos, mas uma boa parte da culpa é devida à cultura da época e do local, e pode ser evitada.

Hoje a grande culpa indevida é a que a maioria das mães pensa/sente que está “em falta” com os filhos quando trabalha fora. Essa culpa, que sabota a felicidade familiar, deve-se ao pensamento de que ela deveria se dedicar mais aos filhos.

Algumas mães podem ter a opção de não trabalhar (fora) e permanecer mais tempo com os filhos. Mas estes não precisam delas o tempo todo e, se precisarem, é porque já existe uma dinâmica de comportamentos problemáticos: o sufocado produz e sustenta um folgado. Ou seja: embaixo de um sufocado (mãe) tem sempre um ou vários folgados (filhos e às vezes também outros adultos).

Enquanto a mãe não resolver essa equação, ficará cada vez mais sufocada, e os filhos, cada vez mais folgados, malcriados e tiranos. Essa sufocada mãe vai achar que 24 horas por dia são insuficientes para atender a tantos folgados e… lá vem a culpa indevida!

A sufocada vai se sufocando porque quer deixar todos os filhos satisfeitos somente quando aprenderem a cuidar de si e dos seus pertences e ajudar os conviventes necessitados. Essa prática entra em conflito com outro pensamento: é obrigação da mãe fazer sempre tudo e mais alguma coisa para os filhos.

Quem foi que estabeleceu essa lei? Quem ensinou a mãe a ser sufocada? Vem da época do machismo, quando surgiu a figura da “boa mãe”, que todas as mulheres buscavam e buscam ser, cujo resultado final é perpetuar os filhos no folgado e inadequado machismo.

A boa mãe ensina o filho a fazer o que é capaz e cobra. Cobrança, estabelecimento de limites, responsabilidade que gera liberdade, ética para ser bem tratada, mesmo estando ausente, perde quem não cuida do que tem, prazos existes para serem cumpridos, necessidades têm que ser satisfeitas e vontades, quando puder, são costumes que devem ser adotados em casa, para que a mãe tenha prazer e paz ao voltar para o “lar, doce lar”…

15 curiosidades sobre a vida da monja Coen que você nem imagina

15 curiosidades sobre a vida da monja Coen que você nem imagina

Paulistana, nascida em 1947, Cláudia Dias Baptista de Souza, conhecida popularmente como monja Coen, é uma mulher de muitas histórias para contar. Quem a vê sempre tranquila e compartilhando mensagens de reflexão em seus vídeos na internet, nem imagina que ela seja tão humana quanto nós.

Abaixo, com informações de algumas de suas entrevistas, listamos 15 curiosidades sobre sua vida que você nem imagina.

1- Cresceu em uma família católica e estudou em colégio de freiras

2- Casou-se pela primeira vez aos 14 anos

3- Foi mãe aos 17

4- Trabalhou como jornalista e estudou Direito

5- É prima de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, integrantes da banda “Os Mutantes”

6- Usou drogas como LSD e haxixe em busca de experiências que a aproximassem de algo superior

7- Teve um segundo casamento com o americano Paul Weiss, iluminador roqueiro do cantor Alice Cooper

8- Foi roadie de David Bowie e Alice Cooper e esteve muito envolvida com o movimento do rock ‘n’ roll na década de 70.

9- Foi presa em um centro de reabilitação na Suiça por 5 meses e 20 dias por tentar entrar com LSD no país.

10-Os Beatles foram uma de suas inspirações na meditação: “Eles meditavam e eram inteligentes.”

11- Separou-se e se mudou para comunidade Zen Center em Los Angeles, nos Estados Unidos.

12- Morou 7 anos em um mosteiro feminino no Japão

13- Em 1997, tornou-se a primeira mulher e primeira pessoa de origem não japonesa a assumir a Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil, por um ano.

14- Coen tornou-se bastante popular principalmente por causa dos seus vídeos na internet. A monja mostra toda sua desenvoltura como líder espiritual e jornalista em vídeos postados no canal do Youtube chamado Mova.

15- Em São Paulo, mais precisamente na rua Desembargador Paulo Passaláqua, no Pacaembu, Coen mantém o templo TenzuiZenji. Mesmo endereço onde passou a infância e a juventude. Por lá, a monja tem a companhia diária dos alunos e de seus vários cachorros. “O templo é uma escola e um lugar de prática.

Uma bela lição de humanidade, escolhas e crescimento pessoal!

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Matérias de Referência

Monja Coen, do despertar à vida monástica

A amante do rock que virou monja

Monja Coen: “Acredito que temos um dever muito grande de ser feliz e de encontrar um estado de plenitude”

Editorial CONTI outra.

‘Hoje o indivíduo se explora e acredita que isso é realização’ – diz o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han

‘Hoje o indivíduo se explora e acredita que isso é realização’ – diz o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han

“A sociedade do século XXI não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade de desempenho. Também seus habitantes não se chamam mais “sujeitos de obediência”, mas sujeitos de desempenho e produção. São empresários de si mesmos”
– Byung-Chul Han, em “Sociedade do Cansaço”.[tradução Enio Paulo Gianchini]. São Paulo: Editora Vozes, 2015.

O filósofo sul-coreano, um destacado dissecador da sociedade do hiperconsumismo, fala sobre suas críticas ao “inferno do igual”
– por Carles Geli (Barcelona, El País*)

As Torres Gêmeas, edifícios idênticos que se refletem mutuamente, um sistema fechado em si mesmo, impondo o igual e excluindo o diferente e que foram alvo de um ataque que abriu um buraco no sistema global do igual. Ou as pessoas praticando binge watching(maratonas de séries), visualizando continuamente só aquilo de que gostam: mais uma vez, multiplicando o igual, nunca o diferente ou o outro… São duas das poderosas imagens utilizadas pelo filósofo sul coreano Byung-Chul Han (Seul, 1959), um dos mais reconhecidos dissecadores dos males que acometem a sociedade hiperconsumista e neoliberal depois da queda do Muro de Berlim. Livros como A Sociedade do CansaçoPsicopolítica e A Expulsão do Diferente reúnem seu denso discurso intelectual, que ele desenvolve sempre em rede: conecta tudo, como faz com suas mãos muito abertas, de dedos longos que se juntam enquanto ajeita um curto rabo de cavalo.

“No 1984 orwelliano a sociedade era consciente de que estava sendo dominada; hoje não temos nem essa consciência de dominação”, alertou em sua palestra no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB), na Espanha, onde o professor formado e radicado na Alemanha falou sobre a expulsão da diferença. E expôs sua particular visão de mundo, construída a partir da tese de que os indivíduos hoje se autoexploram e têm pavor do outro, do diferente. Vivendo, assim, “no deserto, ou no inferno, do igual”.

Autenticidade. Para Han, as pessoas se vendem como autênticas porque “todos querem ser diferentes uns dos outros”, o que força a “produzir a si mesmo”. E é impossível ser verdadeiramente diferente hoje porque “nessa vontade de ser diferente prossegue o igual”. Resultado: o sistema só permite que existam “diferenças comercializáveis”.

Autoexploração. Na opinião do filósofo, passou-se do “dever fazer” para o “poder fazer”. “Vive-se com a angústia de não estar fazendo tudo o que poderia ser feito”, e se você não é um vencedor, a culpa é sua. “Hoje a pessoa explora a si mesma achando que está se realizando; é a lógica traiçoeira do neoliberalismo que culmina na síndrome de burnout”. E a consequência: “Não há mais contra quem direcionar a revolução, a repressão não vem mais dos outros”. É “a alienação de si mesmo”, que no físico se traduz em anorexias ou em compulsão alimentar ou no consumo exagerado de produtos ou entretenimento.

‘Big data’. “Os macrodados tornam supérfluo o pensamento porque se tudo é quantificável, tudo é igual… Estamos em pleno dataísmo: o homem não é mais soberano de si mesmo, mas resultado de uma operação algorítmica que o domina sem que ele perceba; vemos isso na China com a concessão de vistos segundo os dados geridos pelo Estado ou na técnica do reconhecimento facial“. A revolta implicaria em deixar de compartilhar dados ou sair das redes sociais? “Não podemos nos recusar a fornecê-los: uma serra também pode cortar cabeças… É preciso ajustar o sistema: o ebook foi feito para que eu o leia, não para que eu seja lido através de algoritmos… Ou será que o algoritmo agora fará o homem? Nos Estados Unidos vimos a influência do Facebook nas eleições… Precisamos de uma carta digital que recupere a dignidade humana e pensar em uma renda básica para as profissões que serão devoradas pelas novas tecnologias”.

Comunicação. “Sem a presença do outro, a comunicação degenera em um intercâmbio de informação: as relações são substituídas pelas conexões, e assim só se conecta com o igual; a comunicação digital é somente visual, perdemos todos os sentidos; vivemos uma fase em que a comunicação está debilitada como nunca: a comunicação global e dos likessó tolera os mais iguais; o igual não dói!”.

Jardim. “Eu sou diferente; estou cercado de aparelhos analógicos: tive dois pianos de 400 quilos e por três anos cultivei um jardim secreto que me deu contato com a realidade: cores, aromas, sensações… Permitiu-me perceber a alteridade da terra: a terra tinha peso, fazia tudo com as mãos; o digital não pesa, não tem cheiro, não opõe resistência, você passa um dedo e pronto… É a abolição da realidade; meu próximo livro será esse: Elogio da Terra. O Jardim Secreto. A terra é mais do que dígitos e números.

Narcisismo. Han afirma que “ser observado hoje é um aspecto central do ser no mundo”. O problema reside no fato de que “o narcisista é cego na hora de ver o outro” e, sem esse outro, “não se pode produzir o sentimento de autoestima”. O narcisismo teria chegado também àquela que deveria ser uma panaceia, a arte: “Degenerou em narcisismo, está ao serviço do consumo, pagam-se quantias injustificadas por ela, já é vítima do sistema; se fosse alheia ao sistema, seria uma narrativa nova, mas não é”.

Os outros. Esta é a chave para suas reflexões mais recentes. “Quanto mais iguais são as pessoas, mais aumenta a produção; essa é a lógica atual; o capital precisa que todos sejamos iguais, até mesmo os turistas; o neoliberalismo não funcionaria se as pessoas fossem diferentes”. Por isso propõe “retornar ao animal original, que não consome nem se comunica de forma desenfreada; não tenho soluções concretas, mas talvez o sistema acabe desmoronando por si mesmo… Em todo caso, vivemos uma época de conformismo radical: a universidade tem clientes e só cria trabalhadores, não forma espiritualmente; o mundo está no limite de sua capacidade; talvez assim chegue a um curto-circuito e recuperemos aquele animal original”.

Refugiados. Han é muito claro: com o atual sistema neoliberal “não se sente preocupação, medo ou aversão pelos refugiados, na verdade são vistos como um peso, com ressentimento ou inveja”; a prova é que logo o mundo ocidental vai veranear em seus países.

Tempo. É preciso revolucionar o uso do tempo, afirma o filósofo, professor em Berlim. “A aceleração atual diminui a capacidade de permanecer: precisamos de um tempo próprio que o sistema produtivo não nos deixa ter; necessitamos de um tempo livre, que significa ficar parado, sem nada produtivo a fazer, mas que não deve ser confundido com um tempo de recuperação para continuar trabalhando; o tempo trabalhado é tempo perdido, não é um tempo para nós”.

O “MONSTRO” DA UNIÃO EUROPEIA
“Estamos na Rede, mas não escutamos o outro, só fazemos barulho”, diz Byung-Chul Han, que viaja o necessário, mas não faz turismo “para não participar do fluxo de mercadorias e pessoas”. Também defende uma política nova. E a relaciona com a Catalunha, tema cuja tensão atenua brincando: “Se Puigdemont prometer voltar ao animal original, eu me torno separatista”.

Já no aspecto político, enquadra o assunto no contexto da União Europeia: “A UE não foi uma união de sentimentos, mas sim comercial; é um monstro burocrático fora de toda lógica democrática; funciona por decretos…; nesta globalização abstrata acontece um duelo entre o não lugar e a necessidade de ser de um lugar concreto; o especial é incômodo, gera desassossego e arrebenta o regional. Hegel dizia que a verdade é a reconciliação entre o geral e o particular e isso, hoje, é mais difícil…”. Mas recorre à sua revolução do tempo: “O casamento faz parte da recuperação do tempo livre: vamos ver se haverá um casamento entre a Catalunha e Espanha, e uma reconciliação”.

*Originalmente publicado em El País, em 7.2.2018

BYUNG-CHUL HAN: O FILÓSOFO DA SOCIEDADE MODERNA

Um dos mais reverenciados e inovadores filósofos da atualidade, Byung-Chul Han nasceu em 1959, na Coreia do Sul, mas mudou-se de armas e bagagens para a Alemanha, na década de 1980, familiarizando-se por lá com as dissertações de pensadores como Martin Heidegger. É autor de mais de uma dezena de ensaios que examinam algumas das principais ameaças do indivíduo na sociedade moderna, entre as quais a escassez de tempo para a reflexão e o vazio dos relacionamentos na era digital.

“A sociedade do trabalho e a sociedade do desempenho não são sociedades livres. Elas geram novas coerções. A dialética do senhor e escravo está, não em última instância, para aquela sociedade na qual cada um é livre e que seria capaz também de ter tempo livre para o lazer. Leva, ao contrário, a uma sociedade do trabalho, na qual o próprio senhor se transformou num escravo do trabalho. Nessa sociedade coercitiva, cada um carrega consigo seu campo de trabalho. A especificidade desse campo de trabalho é que somos ao mesmo tempo prisioneiro e vigia, vítima e agressor. Assim, acabamos explorando a nós mesmos. Com isso, a exploração é possível mesmo sem senhorio”
– Byung-Chul Han, em “Sociedade do Cansaço”.[tradução Enio Paulo Gianchini]. São Paulo: Editora Vozes, 2015.

Dica: Revista Pensar Contemporâneo

3 objetos para você eliminar da sua casa!

3 objetos para você eliminar da sua casa!

Tudo o que levamos para dentro de nossa casa compõe o nosso ambiente e influencia na harmonia deste lugar!

Portanto, ao escolher ou manter objetos funcionais ou mesmo decorativos é preciso saber que tipo de influência eles trarão para o seu lar.

Estas são dicas preciosas e simples para trazer paz, amor, alegria e prosperidade à sua casa.

Anota aí!

1 – Relógio parado

Este objeto que foi criado para marcar a passagem do tempo precisa estar em movimento, precisa cumprir a sua função. Um relógio parado dentro de casa, vai estagnando energia e deixando tudo em câmera lenta. Os moradores vão ficando indispostos, sonolentos, com preguiça… Por consequência, tarefas vão sendo adiadas, compromissos perdidos e ganhos atrasados. Bote esse relógio para funcionar, minha filha! Acabou a pilha? Troque! Enguiçou? Conserte! Relógio parado dentro de casa? Nunca!

2 – Velas usadas

As velas são emissoras de luz, carregam desejos, pedidos, orações. Velas são companheiras na dor, quando as acendemos para acompanhar uma prece aflita; na alegria, quando cobrimos um bolo de festa com elas, para celebrar a vida; na tristeza, quando são usadas para velar aqueles que partiram. O pavio das velas carregam nossas intenções. Por isso, caso a sua vela não tenha sido completamente queimada, não guarde. Ou você descarta, ou derrete para fazer uma nova. Velas usadas guardadas, interrompem ciclos de evolução e criação.

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3 – Louças de cozinha trincadas

As louças de cozinha são feitas para conter os alimentos prontos ou em preparação. Os alimentos não são apenas combustível para o corpo, são também o que sustenta nossa alma. Utensílios trincados, roubam a energia dos alimentos e levam para dentro de nós, a indecisão, a falta de iniciativa e o excesso de dúvidas. Caso você tenha louças trincadas em casa, leve-as para reciclagem, assim elas poderão se transformar em outros objetos, novamente inteiros e úteis a outro alguém!

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E vocês, o que pensam disso? Gostariam de de receber mais dicas de FENG SHUI? Comentem.

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Os benefícios científicos de ser um amante de gatos

Os benefícios científicos de ser um amante de gatos

Oito de agosto  foi o Dia Internacional do Gato. Cora provavelmente começará a manhã como qualquer outra: subindo no meu peito e batendo no meu ombro, exigindo atenção. Vou levantar o edredom, com sono, e ela vai se aconchegar debaixo dele, esparramada ao meu lado. Para Cora – e, portanto, para mim – todo dia é o Dia Internacional do Gato.

Os gatos podem nos acordar às 4 da manhã e vomitarem em uma frequência alarmante, mas entre 10 a 30% das pessoas podem dizer que gostam de gatos – não de cachorro, nem mesmo amantes de gato e cachorro. Então, por que escolhemos trazer essas bolas de pelo para nossas casas – e gastamos mais de US$ 1.000 por ano em quem não é geneticamente relacionado a nós e, francamente, parece ingrato a maior parte do tempo?

A resposta é óbvia para mim – e provavelmente para todos os amantes de gatos que não precisam de pesquisa científica para justificar seu amor feroz. Mas cientistas os estudaram de qualquer maneira e descobriram que, embora nossos amigos felinos possam não ser bons para os nossos móveis, eles podem dar alguma contribuição à nossa saúde física e mental.

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  1. Bem-estar

De acordo com um estudo australiano, os donos de gatos têm melhor saúde psicológica do que pessoas sem animais de estimação. Nos questionários, eles afirmam se sentir mais felizes, mais confiantes e menos nervosos, além de dormir, se concentrar e enfrentar melhor os problemas em suas vidas.

Adotar um gato também pode ser bom para seus filhos: em uma pesquisa com mais de 2.200 jovens escoceses com idades entre 11 e 15 anos, as crianças que tinham um forte vínculo com seus gatinhos tinham uma qualidade de vida maior. Quanto mais ligadas, mais se sentiam parte de algo, enérgicas, atenciosas e menos tristes e solitárias; e mais elas aproveitavam o tempo sozinhas, no lazer e na escola.

Com suas artimanhas desafiadoras da gravidade e posturas de sono tipo ioga, os gatos também podem nos tirar de nossos maus humores. Em um estudo, pessoas com gatos relataram ter menos emoções negativas e sentimentos de reclusão do que pessoas sem gatos. Na verdade, os solteiros com gatos ficavam de mau humor com menos frequência do que as pessoas com um gato e um parceiro. (Seu gato nunca está atrasado para o jantar, afinal.)

Até os gatos da Internet podem nos fazer sorrir. Pessoas que assistem a vídeos de gatos online dizem que sentem menos emoções negativas depois (menos ansiedade, aborrecimento e tristeza) e mais sentimentos positivos (mais esperança, felicidade e contentamento). É certo que, como os pesquisadores descobriram, esse prazer se torna ruim se o fizermos com o propósito de procrastinação. Mas assistir gatos incomodando seus humanos ou embrulhados em presentes para o Natal parece nos ajudar a nos sentir menos esgotados e a recuperar nossa energia para o dia seguinte.

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  1. Estresse

Eu posso atestar que um gato quente em seu colo, pisoteando bem suas coxas, é uma das melhores formas de alívio do estresse. Uma tarde, me sentindo sobrecarregado, disse em voz alta: – Eu gostaria que Cora se sentasse no meu colo. E eis que ela trotou e caiu em cima de mim segundos depois (embora as tentativas de reproduzir este fenômeno não tenham sido bem-sucedidas).

Em um estudo, pesquisadores visitaram 120 casais em suas casas para observar como eles reagiriam ao estresse – e se os gatos eram de alguma ajuda. Ligados a monitores de frequência cardíaca e pressão arterial, as pessoas foram submetidas a um desafio de tarefas assustadoras: subtrair três repetidamente de um número de quatro dígitos e depois segurar a mão em água gelada (abaixo de 4 graus Celsius) por dois minutos. As pessoas se sentavam sozinhas numa sala, com o animal de estimação perambulando, com a esposa (que podia oferecer apoio moral), ou ambos.

Antes de as tarefas estressantes começarem, os donos dos gatos tinham uma frequência cardíaca e pressão arterial em repouso mais baixas do que as pessoas que não tinham animais de estimação. E durante as tarefas, os donos de gatos também se saíram melhor: eles eram mais propensos a se sentirem desafiados do que ameaçados, seus batimentos cardíacos e pressão arterial estavam mais baixos e até cometeram menos erros matemáticos. De todos os cenários, os donos de gatos pareciam mais calmos e cometiam o menor número de erros quando o gato estava presente. Em geral, os donos de gatos também se recuperaram mais rapidamente fisiologicamente.

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Por que os gatos são tão calmantes? Gatos não nos julgam por nossas habilidades matemáticas pobres, ou ficam excessivamente angustiados quando estamos angustiados – o que explica por que os gatos eram realmente uma influência mais calmante do que os entes queridos em alguns casos.

Como Karin Stammbach e Dennis Turner, da Universidade de Zurique, explicam, os gatos não são simplesmente pequenos seres que dependem de nós. Também recebemos conforto deles – há toda uma escala científica que mede o quanto de apoio emocional você recebe do seu gato, com base na probabilidade de procurá-lo em diferentes situações estressantes.

Os gatos oferecem uma presença constante, aliviados pelos cuidados do mundo, que podem fazer com que todas as nossas pequenas preocupações e ansiedades pareçam supérfluas. Como a jornalista Jane Pauley disse: “Você não pode olhar para um gato adormecido e sentir-se tenso”.

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  1. Relacionamentos

Gatos são seres de quem cuidamos e que cuidam de nós (ou pelo menos acreditamos que eles o fazem). E as pessoas que investem nesse vínculo entre espécies também podem ver benefícios em seus relacionamentos entre humanos.

Por exemplo, pesquisas descobriram que os donos de gatos são mais sensíveis socialmente, confiam mais nas outras pessoas e gostam mais de outras pessoas do que de pessoas que não possuem animais de estimação. Se você se considera uma pessoa que gosta de gatos, tenderá a pensar que outras pessoas gostam mais de você do que de uma pessoa que não goste de gato nem cachorro. Enquanto isso, mesmo as pessoas que assistem a vídeos sobre gatos se sentem mais apoiadas por outras pessoas do que pessoas que não são tão grandes fãs da mídia digital felina.

Embora essas correlações pareçam desconcertantes, elas fazem sentido se você considerar os gatos apenas uma parte de sua rede social.

“Sentimentos positivos sobre cães/gatos podem gerar sentimentos positivos sobre as pessoas, ou vice-versa”, escrevem Rose Perrine e Hannah Osbourne, da Eastern Kentucky University.

Quando alguém – humano ou animal – nos faz sentir bem e conectado, isso aumenta nossa capacidade de bondade e generosidade para com os outros. Como esse estudo de adolescentes escoceses descobriu, as crianças que se comunicam bem com um melhor amigo são mais apegadas aos seus gatos, provavelmente porque passam algum tempo brincando como um trio.

“Animais de estimação parecem agir como ‘catalisadores sociais’, induzindo contato social entre pessoas”, escreveu o pesquisador britânico Ferran Marsa-Sambola e seus colegas. “Um animal de estimação pode ser receptivo, abertamente carinhoso, consistente, leal e honesto, características que podem satisfazer a necessidade básica de uma pessoa de sentir um senso de valor próprio e ser amado”.

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  1. Saúde

Finalmente, apesar do que você possa ter ouvido sobre parasitas cerebrais de gatinhos para humanos, há um punhado de evidências de que os gatos podem ser bons para nossa saúde.

Em um estudo, os pesquisadores acompanharam 4.435 pessoas por 13 anos. Pessoas que possuíam gatos no passado eram menos propensas a morrer de um ataque cardíaco durante aquele período do que pessoas que nunca tinham possuído gatos – mesmo quando contabilizavam outros fatores de risco como pressão arterial, colesterol, tabagismo e índice de massa corporal.

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Isso era verdadeiro mesmo que não tivessem gatos atualmente, explicam os pesquisadores, o que sugere que os gatos são mais como a medicina preventiva do que o tratamento de uma doença em andamento.

Em outro estudo, James Serpell, da Universidade da Pensilvânia, acompanhou duas dúzias de pessoas que tinham acabado de adotar um gato. Eles completaram pesquisas depois de um dia ou dois de levar seu gato para casa, e depois várias vezes nos 10 meses seguintes. Na marca de um mês, as pessoas tinham reduzido as queixas de saúde, como dores de cabeça, dores nas costas e resfriados – embora (em média) esses benefícios parecessem desaparecer com o passar do tempo. Como Serpell especula, é possível que as pessoas que formam um bom relacionamento com o gato continuem a ver os benefícios, e as pessoas que não o fazem, bem, não o fazem.

Grande parte desta pesquisa sobre gatos é correlacional, o que significa que não sabemos se os gatos são realmente benéficos ou se as pessoas felinas já são apenas um grupo feliz e bem ajustado. Mas infelizmente para nós amantes de gatos, este último não parece ser o caso. Comparado aos amantes de cães, pelo menos, nós tendemos a ser mais abertos a novas experiências (mesmo que nossos gatos ariscos não sejam). Mas também somos menos extrovertidos, menos calorosos e amigáveis ​​e mais neuróticos. Vivenciamos mais emoções negativas e as reprimimos mais, uma técnica que nos torna menos felizes e menos satisfeitos com nossas vidas.

Pelo lado positivo, isso significa que é mais provável que os gatos realmente nos tragam tanto prazer e alegria quanto afirmamos que eles trazem, embora a pesquisa esteja longe de ser conclusiva. Na verdade, a grande maioria das pesquisas com animais concentra-se em cães, em parte porque são mais fáceis de treinar como assistentes de terapia. “Os gatos foram deixados para trás um pouco pela pesquisa”, diz Serpell. Mais uma conta a acertar com os nossos homólogos caninos.

Enquanto esperamos por mais dados, continuarei a espalhar para todos que conheço sobre como estou feliz por ter um gato na minha vida – e na minha cama, na minha mesa de jantar, e me vendo ir ao banheiro. O que eu perco no sono eu compenso no amor suave e peludo.

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Tradução CONTI outra. Do original: The Science-Backed Benefits of Being a Cat Lover, artigo de Kira M. Newman

Imagem de capa: Photo by Yerlin Matu on Unsplash

 

Escolher: ou fala mal, ou anda junto

Escolher: ou fala mal, ou anda junto

Ninguém é unanimidade, ou seja, sempre haverá quem não goste de nós, quem não fará questão de nossa amizade, porém, lidar com quem possui antipatia por nós é muito fácil, basta nos afastarmos. O problema é haver pessoas que fingem estima, fingem amizade, fingem carinho, porque serão elas que nos apunhalarão de forma mais dolorida.

Amizade forçada é mais recorrente quando existem segundas intenções por trás da aproximação, quando os interesses se sobrepõem aos sentimentos. Se não houver afetividade verdadeira, então inexiste lealdade. E é por isso que costumamos nos decepcionar com pessoas que tanto prezávamos, pois não eram leais, o que não lhes fazia assumir compromisso emocional algum em relação a nós.

Quando sabemos o tipo de sentimento que o outro nutre por nós, conseguimos nos resguardar de dissabores e de maldades, pois conhecemos os terrenos em que cada um habita. Passamos a nos afastar de quem não simpatiza conosco e nos aproximamos com transparência daqueles que aparentam nos estimar de fato. E é assim que acabamos nos abrindo com o outro, expondo-nos cruamente, na certeza de aquilo será guardado lealmente.

No entanto, caso o outro esteja fingindo um sentimento que não possui, teremos, uma ou outra hora, a nossa intimidade jogada contra nós da pior forma possível. Falsos amigos não se preocupam minimamente com o que sentimos, com as pessoas que poderão se machucar junto conosco, tampouco se comovem com a possibilidade de destruir vidas. Somente enxergam a si próprios e pisam qualquer um que acharem estar atravancando seu caminho.

Um falso amigo, portanto, é muito mais perigoso do que um inimigo declarado, pois não saber com quem estamos lidando deixa-nos vulneráveis às maldades alheias. A gente jamais espera que alguém possa ser tão cínico, dissimulado, mas pode sim. Infelizmente, pode. Oremos.

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Photo by Abdullah Öğük on Unsplash

Algumas pessoas não merecem as saudades que sentimos.

Algumas pessoas não merecem as saudades que sentimos.

Chega um certo momento na vida em que precisamos encarar os fatos: nem todas as pessoas que passam pelas nossas vidas merecem as saudades que sentimos.

Pontos finais existem, eles não são mitos. Vez ou outra alguém irá deixar de fazer parte do nosso convívio, dos nossos planos. E a gente precisa saber diferenciar essas partidas e na forma como lidamos com elas. Sentir saudades de quem esteve a maior parte dos nossos sentimentos ausente, sem mostrar sinal algum de proximidade e interesse, não combina.

Certamente, se você chacoalhar os seus relacionamentos na memória, encontrará alguns vazios, algumas cicatrizes de saudades que já sentiu e que não foram correspondidas ou sequer notadas. Vieram sofrimentos, culpas e pedidos que você nem sabe de onde surgiram, mas que na época faziam todo o sentido para os apertos vividos.

Infelizmente, o suficiente nem sempre é o justo quando se trata do coração. É ruim sentir saudades na solidão, nas mensagens nunca enviadas, nas noites em claro – assistindo qualquer coisa só para não reviver a dor, e também durante o dia quando, absolutamente do nada, alguém ou algum lugar descobre o fio da saudade que você tentava esconder.

É por isso que, com o passar dos anos, com o passar das decepções e dos adeuses, as saudades que sentimos são mais valorizadas. Nem todos os que cruzam o nosso caminho merecem saudades. Alguns, na pior das carências, merecem apenas uns cinco segundos guardados.

12 técnicas eficientes para se acalmar rapidamente

12 técnicas eficientes para se acalmar rapidamente

Suor, coração em ritmo acelerado, sono e alimentação alterados, enjoo e tremores são apenas alguns dos sinais de que você está acelerado demais e precisa se acalmar. Abaixo, trazemos os algumas dicas que podem ajudar.

1. Entenda o que está acontecendo com você- aprender a identificar as alterações corporais indicativas de estresse são um grande passo para que paremos e consigamos aplicar medidas preventivas, ou mesmo remediativas, antes que a situação fique ainda pior. Para isso é importante que exista consciência corporal e o reconhecimento interno de que todos nós temos limites pessoais que devemos respeitar. Afinal, não adianta trabalhar por 14 horas seguidas e depois ir para aula de Yoga. Em casos assim, o que você precisa é trabalhar menos!

2.Acalmando-se por meio dos sentidos: essa técnica é especial para aqueles momentos em que você estiver muito nervoso ou agitado. Observe o ambiente ao seu redor e liste cinco coisas que você pode ver, em seguida quatro coisas que pode tocar, três que pode escutar, duas que pode cheirar e uma cujo gosto pode sentir.

2. Distração cognitiva: Se você tiver um ataque de pânico ou estiver à beira de um essa é uma das melhores técnicas para se acalmar. Conte mentalmente e regressivamente de 100 a 0 de 3 em 3, assim: 97,94, 91, 88 e assim por diante. No caso do ataque de pânico também é sempre importante que a pessoa tenha em mente que o mal estar tem um tempo de duração de alguns minutos. Logo, ter plena consciência de que o que se está sentindo é uma reação do corpo- e não uma real ameaça a vida- pode ajudar no momento do enfrentamento.

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Photo by Nathan Dumlao on Unsplash

3- Animais de estimação: Animais são utilizados em terapias justamente por esse motivo. Existem evidências de que a sua simples presença diminui a ansiedade e ajuda a equilibrar os batimentos cardíacos dos donos.

4. Relaxamento muscular: Nessa técnica você vai contrair um grupo muscular por vez, de 5 a 10 segundos e em seguida relaxar. Os principais músculos, ou grupos, que você deve trabalhar são: maxilar, braços, mãos, barriga, pés, panturrilhas e coxas. Essa técnica faz com que você se concentre em outra coisa, sem ser o que está tirando a sua calma.

5. Meditação: Essa técnica é fantástica, mas exige prática e um pouco de conhecimento. Procure um mestre de yoga para ensiná-lo a meditar.

6. Acalme-se com música: Deixe pronta uma lista com músicas que o acalmem e relaxem no celular, no tablet, no computador, em um pendrive, em um CD, ou seja, em todas as formas possíveis de mídia, para que quando você precisar se acalmar, consiga um acesso rápido a elas.

Conheça a música que é comprovadamente capaz de relaxar qualquer pessoa

7. Fazendo um diário: Essa técnica para se acalmar também funciona muito bem, pois sempre temos acesso a um pedaço de papel e uma caneta. Quando você estiver precisando muito se acalmar, escreva! Tudo o que você está sentindo e tudo que você gostaria de dizer, faça um desabafo no papel. Você vai ver que, à medida que as palavras forem escritas, tudo começará a se acalmar.

8. Controlando a respiração: Essa técnica pode ser feita em apenas 60 segundos! Inspire profundamente com o nariz e segure o ar por alguns segundos, repita esse processo 4 vezes. Depois, fixe a atenção no peito, na região do coração por 15 segundos.

9. Imaginação guiada: Concentre-se e imagine um lugar em que você se sinta em paz e relaxado! Pode ser sua casa ou algum lugar em que você gostaria de estar agora. Enquanto pensa nesse lugar, comece a adicionar detalhes à essa cena, de maneira a focar toda a sua mente no campo da imaginação. Você pode montar essa cena com os olhos abertos ou fechados, como preferir.

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10. Suspire: inspire deixando o ar entrar rapidamente em seus pulmões e solte-o naturalmente, suspire! O suspiro é uma boa tática, pois quando você solta o ar através do suspiro, suas preocupações e pensamentos negativos se vão juntamente com aquilo que você expirou.

11- Bolinha de tênis

Caso esteja em casa, coloque a bolinha de tênis entre as suas costas e uma parede. Inicie a massagem nos pontos em que a tensão é maior. Depois, passe a massagear o ombro e toda a região próxima do pescoço, para relaxar os músculos dessa área.

12. Procure ajuda profissional: Em algumas fases da nossa vida não somos capazes de lidar com tanto estresse e ansiedade sozinhos, nesses momentos pode ser fundamental procurar ajuda profissional.

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A lista acima foi elaborada com tópicos encontrados em: Conti, Conti, Minha Vida.

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