Por trás da raiva constante geralmente também está a arrogância

Por trás da raiva constante geralmente também está a arrogância

Atrás da raiva constante geralmente se esconde a arrogância. São perfis que precisam sempre ter razão, não toleram ser contrariados ou corrigidos e também são vítimas constantes de sua própria frustração. Assim, é importante ressaltar que por trás da arrogância encontramos o narcisismo, formando um tipo de personalidade muito desgastante.

Dizem frequentemente que o arrogante jamais reconhecerá seus “pecados”. Não fará isso porque seu nariz está tão perto do espelho que nem sequer pode ver a si mesmo. No entanto, estamos tão acostumados a esse tipo de presença ao nosso redor que quase sem perceber, estamos normalizando o narcisismo e a arrogância. Nós os vemos nas elites políticas, vemos em nossas empresas e vemos inclusive em uma parte das novas gerações.

“É mais fácil escrever contra a arrogância do que vencê-la”.
-Francisco de Quevedo-

Todos estes perfis, aparentemente tão diferentes entre si, mostram algumas características em comum. Não importa a idade, são pessoas “que sabem tudo”, ninguém pode ensinar nada ou mostrar qualquer coisa porque “possuem um grande conhecimento de vida”. Além disso, são caracterizados por deixar as necessidades dos outros para segundo plano, e por sua vez, possuem a maturidade emocional de uma criança de 6 anos de idade.

Desta forma, aqueles que lidam diariamente com eles já estarão familiarizados com sua raiva constante. Eles têm “pele muito fina” e o orgulho muito alto, nós sabemos, então ao mínimo “descuido” já perdem o controle e mostram comportamentos como parar de falar conosco por um tempo ou simplesmente cair em desânimo por se sentirem contrariados em algum pequeno e insignificante fato…

A raiva constante e o que está sob essa maquiagem

A arrogância não deixa de ser um traje. Um disfarce de porco-espinho que atua como barreira defensiva para não permitir que ninguém perceba os medos, as falhas de caráter e fraquezas que carregam. Desta forma, se alguém me disser que eu devo ser mais paciente e levar as coisas com calma, não vou hesitar em me colocar em guarda e levantar meus espinhos (eles questionaram meu bom trabalho). Também não interessa que essa pessoa tenha feito o comentário com boa fé: irei tomá-lo como uma afronta.

A autoestima neste tipo de perfil é muito baixa. No entanto, esse sentimento de inferioridade muitas vezes se transforma em fonte de agressão; uma catapulta carregada de raiva, despeito e amarga frustração. A necessidade de estar acima de todos em qualquer situação, circunstância ou contexto forma essa “falácia de autoridade”, onde ninguém deve desacreditá-los. Contrariá-los, mesmo de modo insignificante, se torna um insulto.

Nesses casos, o orgulho é um sofisticado sistema de compensação. Assim, o mais interessante desses perfis é que geralmente este terno cheio de espinhos é forjado na infância como forma de ocultar as inseguranças. Mais tarde, torna-se uma maneira de reagir a problemas ou a desapontamentos. Ocorre porque a pessoa instrumentaliza a agressão e a arrogância como forma de marcar o território, como um caminho para se validar.

No entanto, o que eles realmente conseguem é criar distâncias e se mover em um círculo de relações superficiais.

O que fazer diante da raiva constante das pessoas que nos rodeiam?

Por trás da raiva constante há um claro problema de gestão emocional, autoestima e equilíbrio psicológico. Ninguém pode viver sob a crosta de uma raiva crônica; envolto em uma juba de leão e rugindo a cada duas ou três palavras. Se em nosso meio tivermos uma pessoa que constantemente apresenta esse comportamento, devemos ser claros: o problema não somos nós, não somos a causa de desconforto; o problema, na realidade, pertence a ele.

“Qualquer um pode ficar com raiva, é muito simples. Agora, ficar com raiva da pessoa certa, no grau exato, no momento oportuno, com o propósito justo e da forma correta, isso, certamente, não é tão fácil “.
-Aristóteles-

Quando a raiva se torna sua maneira de ser, nada crescerá ao seu redor. Mesmo assim, se sob essa pele a arrogância e a personalidade narcisista querem controlar tudo e encontrar um benefício em tudo, a melhor coisa que podemos fazer nesses casos é manter distância e não perder energia confrontando-os.

Porque o orgulho não se cura discutindo, e sim permitindo que o orgulhoso olhe para si mesmo no espelho e se livre da boca do leão e do seu traje de porco-espinho, pois sob todas essas peles estão suas fraquezas, seus recessos de vazio, seus labirintos de inseguranças e inclusive, por que não, até mesmo uma criança interior ainda assustada que continua a responder com raiva diante do que não lhe agrada.

A raiva constante, acreditemos ou não, é a ordem do dia na vida de muitos adultos. Vale a pena investir tempo, atenção e boas doses de carinho em nossos filhos. As crianças, desde muito pequenas, se frustam com frequência e nos dizem “agora estou com raiva e não vou mais ouvir”.

Gerenciemos bem estas situações, eduquemos de forma correta.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

Imagem de capa:Olga Brik/Shutterstock

Quem dera a gente não sentir dor por perder algo importante

Quem dera a gente não sentir dor por perder algo importante

Outro dia assisti a um filme no Netflix e me encantei com uma das frases. Dizia assim: “Uma estrela cadente só dura um segundo, mas você não fica feliz de pelo menos ter visto?” E pensei que é assim mesmo. Algumas coisas duram pouco, ou duram muito menos do que a gente gostaria. Mas ainda assim, foi melhor elas terem existido (ainda que por pouco tempo), do que se elas nunca tivessem acontecido.

A vida é cheia de pontos finais. Num momento ou outro encerraremos um parágrafo e começaremos outro. Novas histórias estão prestes a ser escritas, e mesmo que haja dificuldade em virar a página, alguns ciclos se encerrarão independente de nossa vontade. Porém, alguns capítulos sempre terão suas linhas grifadas e sua folha marcada com um post it colorido, sinalizando que ali reside uma memória importante. Mesmo virando a página, alguns episódios permanecerão eternos. E por mais breves que tenham sido, serão como estrelas cadentes, que riscam o céu numa fração de segundo, mas nem por isso deixam de ter um significado especial.

Algumas coisas são faíscas, mas têm o dom de nos transformar. Como quando alguém lhe sorri no meio de uma multidão ou quando você identifica o choro do seu bebê dentre tantos outros. Seu corpo interpreta os sinais. Sua alma encontra reciprocidade. Sua hora coincide com a hora de alguém, e mesmo que essa sincronicidade dure apenas um lapso de segundo, você será grato. Grato por descobrir que, mesmo durando pouco, essa faísca despertou em você algo que você não sabia que existia. E isso por si só já é tão bonito e poderoso, que faz tudo, tudo mesmo, ter valido a pena.

Quem dera a gente não sentir dor por perder algo importante. Porém, deveria permanecer a alegria e a gratidão por esse algo importante ter feito parte de nossa vida, ainda que por um único segundo. Compreender que por alguns instantes fomos escolhidos para compartilhar um olhar, um sorriso, uma paixão ou mesmo a posse de algo que depois se perdeu, nos torna agraciados, abençoados, merecedores. Aquilo que se perdeu estava predestinado a um tempo curto, mas fomos escolhidos para usufruir desse tempo escasso, e fizemos o melhor que podíamos.

Lygia Fagundes Telles fala da saudade como “um vestido velho que tiramos do baú. Um vestido que não é para usar, só para olhar. Só para ver como ele era. Depois a gente dobra de novo e guarda, mas não se cogita em jogar fora ou dar”. Assim encaro as perdas também. A gente sabe que não pode mais usar aquele vestido, que não serve mais para a gente, que nunca mais vai servir. Mas a gente fica feliz por um dia ter tido o vestido. Por uma vez na vida ter cabido naquele vestido e rodopiado com ele numa noite estrelada. E mesmo que hoje as músicas sejam outras, e que os trajes sejam muito mais elaborados e bonitos, a gente ainda se lembra com carinho. E depois guarda de volta no baú. Pois entende, finalmente, que tudo na vida tem seu tempo, e que um dia seremos o vestido velho de alguém também…

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Você é uma pessoa carente de amor?

Você é uma pessoa carente de amor?

Lendo o livro incrível da escritora e palestrante americana Louise Hay chamado “O poder dentro de você”, fiquei encantado com um trecho no qual ela falava sobre os relacionamentos dependentes e o quanto as pessoas que são carentes precisam urgentemente se autoconhecerem e desenvolverem mais o amor próprio. O trecho dizia o seguinte:

“Existe uma grande diferença entre a necessidade de amor e a carência de amor. Se você se sente carente de amor é porque não está obtendo amor e aprovação da pessoa mais importante que existe para você nesse mundo: você mesmo. Ao se envolver em um relacionamento, você está dependendo de alguém para suprir essa carência, o que não resulta em nada de bom para ambos os envolvidos.

Quem precisa de alguém para se realizar é um dependente. Quem se apóia nos outros e não cuida de si mesmo é dependente. Eu, por exemplo, acreditei por anos a fio que não era criatura suficientemente boa e ficava procurando o amor e aprovação dos outros. Não gostando de mim, eu atraía parceiros que só me magoavam.”

Louise Hay

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Essas são palavras simples, mas de uma profundidade absurda. Leia-as com bastante carinho e recomendo que releia sempre que achar necessário.

Ela fala sobre algo que praticamente todas as pessoas têm, pelo meno enquanto ainda não amadureceram pra valer, que é a DEPENDÊNCIA AFETIVA.

Quero deixar bastante claro que a dependência emocional é algo natural quando se trata da nossa INFÂNCIA. Nessa fase da vida é absolutamente necessário receber amor e carinho das pessoas que cuidam desta criança, acima de tudo os pais.

Porém, à medida que nós vamos crescendo e amadurecendo, a vida nos coloca em novas dinâmicas e experiências, e essa dependência emocional não pode mais existir, porque se existir, só gerará desgastes e sofrimentos.

Por isso que recomendo tanto o autoconhecimento nos meus textos, porque somente através dele você poderá voltar lá na sua infância para entender de onde veio toda essa carência de amor.

Praticamente todas as pessoas que na vida adulta se tornam dependentes afetivas receberam pouco amor e carinho dos pais, e também por muitas vezes foram cobradas em demasia, foram muito exigidas e apresentados a realidades onde reinava a falta desse amor mais profundo, então tudo isso fica registrado no INCONSCIENTE dessas crianças, gerando assim muito medo de amar, medo de se entregar e medo de ter esse complemento do amor em outra pessoa.

Perceba o significado desta palavra, CARÊNCIA, ela vem do verbo “carecer”, que significa FALTA. Aquilo que falta em mim eu preciso SUGAR do outro, ROUBAR do outro.

Pode parecer duro colocar dessa maneira, mas boa parte dos relacionamentos são verdadeiros contrabandos, e sabe qual é esse contrabando? A ENERGIA da outra pessoa!

Se você não se ama profundamente você vai roubar a energia do outro, sugá-la! E esse processo fica se retroalimentando. Estou em poucas palavras resumindo para você o que é um relacionamento DEPENDENTE. Um suga a energia do outro de forma mútua. Nesse processo não existe um COMPARTILHAMENTO, como deveria ser a forma correta e equilibrada de se relacionar.

Eu gosto muito das palavras do Osho e ele sempre me inspira muito a escrever. Na sua visão de um iluminado, o amor profundo e verdadeiro é um COMPARTILHAMENTO. Eu tenho tanto amor dentro do meu coração que não posso retê-lo, não posso guardá-lo só para mim, muito menos dedicá-lo a uma única pessoa.

Esse detalhe final não vou me estender porque só esse tópico já daria outro texto imenso. As pessoas que mais sabem amar e amam com profundidade são aquelas que não restringem seu amor apenas ao namorado ou namorada, marido ou esposa, mas a todos os seres, à natureza, às pessoas que pedem ajuda, aos animais etc.

Vivemos em uma sociedade tão adoecida, que nos é ensinado que se eu amo e demonstro afeto com outras pessoas que não o parceiro sentimental estou traindo, estou desrespeitando, estou desvalorizando o amor… Já pensou que coisa estúpida? Estou escrevendo esse texto para mostrar para você como as coisas são de fato.

O amor é algo INESGOTÁVEL, quanto mais eu me amo, mais tenho amor para DAR aos outros. Isso é uma lei universal. A lei do DAR E RECEBER. Quanto mais eu amo, mais tenho capacidade de amar não só uma única pessoa, mas a humanidade inteira. Esse é meu desejo para você, que você busque crescer nesse amor, que transcende o amor de um relacionamento amoroso.

Você percebe que a chave de tudo é o AMOR PRÓPRIO? E esse amor próprio tem relação direta e profunda com o MERECIMENTO. Quanto mais eu me amo, mais eu sei que mereço alguém que compartilhe essa minha felicidade para torná-la ainda maior do que já é. Eu estou muito bem comigo mesmo, mas fico ainda melhor na presença da pessoa amada, entende?

É nessa hora que entendemos a questão da NECESSIDADE DE AMOR, que a Louise fala nesse trecho do livro. Ninguém nasceu para ser uma ilha, mas precisamos antes de tudo desenvolver o amor próprio, para só depois disso podermos compartilhar esse amor. Nós de fato necessitamos dos outros, mas sem jamais dependermos deles. Necessitamos dos outros para compartilharmos nosso amor e para EVOLUIRMOS através das diferenças de personalidade!

É assim que a vida funciona. Tudo pode ser muito mais simples se você se permitir que assim seja!

Concluo com esta indagação. Você é uma pessoa carente de amor? Medite sobre isso e desenvolva a partir dessa reflexão mais e mais o seu amor próprio e o seu merecimento desse amor profundo!

Paz e luz…

Imagem de capa: Kamil Macniak/shutterstock

Sua felicidade depende exclusivamente de você!

Sua felicidade depende exclusivamente de você!

Assim como a felicidade, o amor é um estado de espírito. Sentir-se bem, mesmo estando sozinho(a), tem sido um privilégio para poucos. Existem pessoas que ainda insistem na teoria de que precisam de um amor para encontrar a felicidade plena.

Assim como qualquer outro sentimento, a felicidade vem de dentro para fora. E não será outra pessoa que lhe trará felicidade. Acredite, isso depende exclusivamente de você.

Existe uma diferença gritante entre a palavra “solidão” e a palavra “solitude”. Solidão, é quando você se sente triste por estar sozinho(a). Já solitude, é quando você se sente bem mesmo estando sozinho(a). Muitas pessoas, confundem o significado dessas palavrinhas. Contudo, vamos falar sobre viver a solitude, encontrando razões para sermos felizes mesmo estando sozinhos.

Relacionar-se é maravilhoso. Viver ao lado de alguém feliz e compartilhar essa felicidade a dois, é indescritível, entretanto, o relacionamento não pode ser visto como única razão de sua felicidade. Antes de entrar em um relacionamento, você precisa sentir-se completo(a) mesmo estando sozinho(a). Não é o status que mudará seu estado de espírito, muito menos, sua forma de enxergar a vida e as coisas lindas que ela possui.

Somos o que pensamos, e o que pensamos, atraímos. Se você é capaz de sentir-se feliz mesmo solteiro(a), a vida colocará alguém que enxerga as coisas da mesma forma que você.

Entenda, relacionamento é complemento. Você só encontrará alguém para complementar, quando finalmente entender que estar solteiro(a) não é sinônimo de solidão. Uma vez que você compreende isso, você estará pronto para viver uma vida a dois.

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Imagem de capa: andrey_l/shutterstock

Dom Quixote e a arte de valorizar o que, realmente, importa

Dom Quixote e a arte de valorizar o que, realmente, importa

Dom Quixote não é uma obra comum. Um dos livros mais famosos e lidos do mundo apresenta a história de um homem capaz de enfrentar preconceitos, ofensas e julgamentos para viver os próprios sonhos.

Fosse apenas isso o livro não teria uma legião de fãs. O fato é que Cervantes, através de seus personagens Dom Quixote e Sancho Pança, escancara verdades que a sociedade tenta esconder para justificar a covardia dos próprios dias.

O enredo é conhecido: o protagonista da obra é Dom Quixote. Um pequeno fidalgo cujo passatempo favorito era a leitura de livros de cavalaria. Na sua obsessão, acreditava literalmente nas aventuras escritas e decide tornar-se um cavaleiro andante.

Suas viagens acontecem sob a alucinação de que estava vivendo na era da cavalaria; pessoas que encontravam nas estradas pareciam-lhe como cavaleiro em armas, damas em apuros, gigantes e monstros; até moinhos de vento na sua imaginação eram seres vivos.

Combatendo as injustiças, o personagem enfrenta situações penosas e ridículas, mantendo, porém, uma figura nobre e hilária. Ao final, Dom Quixote volta à razão, renuncia aos romances de cavalaria e morre como piedoso cristão.

Enredo apresentado, vamos ao que encanta na obra: os ensinamentos de Cervantes, através da amizade entre o famoso protagonista, Dom Quixote e seu fiel companheiro Sancho Pança.

Cervantes fez dos dois personagens os opostos que se completam. Enquanto o protagonista idealizava uma vida heroica, Sancho Pança tentava trazer o amigo à realidade. Segundo Cervantes, Pança era como “homem de bem, mas de pouco sal na moleirinha”.

Liberdade

Dom Quixote era um homem livre. Não se curvava às fatalidades da vida e não aceitava enxergar o lado ruim das coisas. Para ele, o sonho e a utopia eram a motivação para continuar a viver. Sabia que o oposto do entusiasmo era o autodomínio e não estava disposto a pagar esse preço.  “A liberdade, Sancho, é um dos mais preciosos dons que os homens receberam dos céus. Com ela não podem igualar-se os tesouros que a terra encerra nem que o mar cobre; pela liberdade, assim como pela honra, se pode e deve aventurar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pôde vir aos homens (…). A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão”.

Gratidão

Dom Quixote teve sua sanidade colocada em xeque, já que na fala do próprio personagem a realidade se confundia com a ilusão: “à força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimensão vivo”, seus sonhos julgados e sua filosofia de vida condenada à loucura, mas, em nenhum momento, limitou sua vida à opinião alheia. Era grato, doce e generoso.  “Entre os pecados maiores que os homens cometem, ainda que alguns digam que é a soberba, eu digo que é a falta de agradecimento”. (capítulo 58)

Amor

Sobre os temas da obra, o amor é mais discutido. Em forma de fortes paixões e com notas de simplicidade o sentimento se apresenta como a essência da vida: “nunca pense que seu amor é impossível, nunca diga “eu não acredito no amor”. A vida sempre nos surpreende”.

Imagem de capa:phatymak’s studio/shutterstock

Autocrítica: Por que somos tão duros com nós mesmos?

Autocrítica: Por que somos tão duros com nós mesmos?

Em geral, nosso pior inimigo é a gente mesmo. Somos incrivelmente duros e críticos conosco e ficamos o tempo todo nos cobrando por melhores resultados.

Por Karen Vogel

Estávamos trabalhando havia dois meses, Daniel (nome fictício) e eu. Suas emoções o desafiavam a ponto de pedir ajuda. Começamos a nos ver em sessões semanais de psicoterapia. E foi assim, em uma das conversas, que disse:

“Sempre penso que nunca está suficientemente bom o que faço, estou sempre me criticando por meu desempenho mediano. Até com você, me esforço para fazer boas análises, mas sempre saio sentindo que não está bom. O que eu faço não está bom”.

Ser duro consigo mesmo é algo familiar para muitos de nós. Temos uma tendência a nos distanciar de emoções como a raiva, o medo e a vulnerabilidade cobrindo-as com autojulgamento. E é assim que alimentamos um pequeno (ou grande) tirano que vive dentro de nós. Ele aparece exatamente quando estamos em sofrimento. Naquele exato momento em que mais merecemos acolhimento, e não crítica. E foi em um desses nossos encontros que sentamos, Daniel e eu, para conhecer mais sobre seu pequeno tirano interno. Visitamos momentos em que ele é realmente duro e frio. Percorremos exemplos de sua vida dos quais, ainda criança, lembrou de ter sido muito duro consigo mesmo, principalmente com as notas da escola. E foi em um desses dias que ele, carinhosamente, apelidou seu pequeno tirano de “Zé”. E se despediu de nosso encontro dizendo: “Vou levar o Zé para dar uma volta”. Nesse dia, Daniel começou a aceitar a existência de uma parte de si. E viu que poderia fazer, a partir dali, uma escolha: amá-lo ou odiá-lo. Daniel passou a ter consciência de quando está julgando a si mesmo e aos outros: “Olha o Zé aí de novo!”.

Um novo relacionamento

É assim que podemos começar um novo relacionamento com nós mesmos. Levar aceitação e compaixão para nosso tirano interno pode ser o caminho de início para uma nova relação conosco. Conhecendo aquela parte de que não gostamos, de que nos sentimos envergonhados ou raivosos em nós. Certamente nossos “Zés” aparecerão. E aí passaremos a conhecê-los, aprenderemos sobre seus hábitos e costumes. Reconheceremos neles, além da crítica e do julgamento, um instinto protetor. De alguém dentro de nós que não quer que a gente se sinta triste por nossas falhas, que se preocupa em ser melhor, em se desenvolver. Esse tirano salvou nossa pele em muitos momentos. Nos fez estudar para as provas, pois senão perderíamos o ano. Nos livrou de algumas broncas e castigos. Nosso desejo por amor, atenção, aprovação e aceitação está na base do que gostaríamos de vivenciar. Muitas vezes conseguimos isso através dos outros: um pai, uma mãe, um irmão, um grande amigo ou um cuidador. Mas muitos de nós temos feridas desse desejo não correspondido. Sedentos desse amor não recebido, sentimos mágoa, tristeza e raiva, pois não fomos compreendidos, amados e aceitos como somos. É assim que, através do auto- amor, reavaliamos nossas cobranças para que os outros nos amem, compreendam e aceitem. E esse “outro”, na maioria das vezes, está confuso e atarefado tentando resolver suas questões sobre a falta de amor e de aceitação que também não recebeu.

Amar a nós mesmos envolve completo perdão, aceitação e respeito por quem somos, sobre as partes bonitas que nos habitam e também as sombrias. Quando há autoamor, cuidamos de nós mesmos, honramos nossas limitações, estamos atentos às nossas necessidades. Desenvolvemos o mesmo carinho e cuidado que temos com um amigo querido. Como exemplo desse autoamor, podemos suavizar a nossa autocrítica quando erramos, cuidar da nossa alimentação, evitar ações que nos fazem mal ou prejudicam nossa saúde, ir àquela consulta médica que temos postergado, nos afastar de relacionamentos tóxicos ou evitar nos sabotar com ações inconsistentes com nossos valores. Substituiremos o velho e conhecido “eu não sou bom o suficiente”, “tenho que ser mais magro ou mais forte”, “preciso ser mais assim como ele”. As frases geralmente começam com: “tenho que”, “devo”, “é melhor que”. No entanto, a partir de agora, uma voz mais terna e amorosa toma lugar da antiga autocrítica. E é nessa hora que a compreensão de nossas limitações começa a emergir. Um entendimento sobre o quanto somos falhos e o quanto merecemos amor mesmo assim. A descoberta desse amor por si pode vir das maneiras mais improváveis: de uma busca incessante por um relacionamento, a partir do medo da rejeição, pelo medo de ser (novamente) abandonado. Ou de ser bonzinho para que o outro nos aceite. Percebemos essa busca desenfreada pelo outro e não percebemos que nos tornamos mendigos de amor, aceitação e compreensão.

Despertar do amor

Através do autoamor nos tornamos responsáveis por dar, a nós mesmos, todo amor, cuidado e apoio que buscamos no outro sem sucesso. Oferecemos aquele colo e aconchego que almejamos. Desenvolvemos cuidado e atenção por nós. E esse amor sempre esteve dentro de nós, esperando para despertar. Pesquisadores americanos estão em campanha para que as escolas substituam os programas de desenvolvimento de autoestima por programas de autocompaixão. Quando trabalham com a autoestima, eles observam um aumento da autocrítica e da competição. No programa de autocompaixão, o objetivo é suavizar a autocrítica e trabalhar com a cooperação do grupo. Quando estamos aprendendo sobre o autoamor, geralmente confundimos com autopiedade ou pena. É comum ouvirmos: “Mas se eu for doce e gentil comigo mesmo eu vou me acomodar”. Essa é uma dúvida comum. Apesar do autoamor, não deixamos de buscar melhorar e nos desenvolver. O que vai mudar é a forma de agir e de se autodesenvolver. As ações serão as mesmas, mas a voz interna é de encorajamento, de persistência carinhosa diante dos desafios. E foi parte desse processo de despertar que Daniel dividiu comigo em uma carta escrita para si mesmo. Ela dizia: “Você é a pessoa que acorda todos os dias comigo. Aquele que respira, anda e também com quem converso ou canto. Aquele que está comigo todo santo dia. É com você que adoeço, choro e divido as situações de raiva e as de alegria. Você é aquele que vai morrer comigo, aquele que me acolhe quando algo não sai como eu gostaria. Você é meu companheiro constante, minha casa e minha razão. Eu escrevo isso para você pois agora temos um ao outro. Você nunca mais estará só”

A The School of Life explora questões fundamentais da vida em torno de temas como trabalho, amor, sociedade, família, cultura e autoconhecimento. Foi fundada em Londres, em 2008, e chegou por aqui em 2013. Atualmente, há aulas regulares em São Paulo e no Rio. Para saber.

Karen Vogel é psicóloga e especialista em terapia comportamental. Atua como psicoterapeuta de adultos, adolescentes e casais com atuação em compaixão, aceitação e mindfulness. É professora da The School of Life e dá aulas regulares sobre Como Lidar com a Imperfeição; Amar a si Mesmo; entre outras.

Fonte: Vida simples

Imagem de capa: Nomad_Soul/shutterstock

A era da indiferença

A era da indiferença

Quão valiosos somos para as outras pessoas? Não digo qualquer pessoa, mas para aquelas que dizem se importar conosco. Quão importantes de fato somos para elas? Tenho me pegado pensando constantemente nisso e por mais que você tenha uma visão esperançosa em relação ao homem, parece-me que realmente vivemos na era da indiferença.

A vida contemporânea exige muito de nós, isso é algo sabido por todos. No entanto, isso não justifica o modo como agimos uns com os outros. As relações são meramente questões de conveniência, é uma troca de fardos no mercado da personalidade, de tal maneira que apenas me aproximo de determinada pessoa e mantenho uma relação com ela se houver algo dela que possa usar. Ou seja, as relações humanas seguem lógicas comerciais e, assim, todos nos tornamos mercadorias.

Obviamente, não estou querendo dizer que devemos nos submeter a relações degradantes, que apenas usurpam nossas forças ou que não devemos esperar reciprocidade ao se envolver com alguém. Mas, ao implementarmos uma lógica comercial às relações humanas, deixamos de considerar totalmente as nuances e complexidades que formam o ser humano.

Isto é, ninguém está bem o tempo inteiro, tampouco, possui uma constante na vida. Todos nós temos nossos dias ruins, passamos por problemas e atravessamos os nossos períodos de crise, de modo que, ao doutrinar as relações humanas à cartilha comercial, os pontos baixos da vida de um indivíduo são desconsiderados, o que implica automaticamente a descartabilidade daqueles que sucumbem às suas fraquezas.

Sendo assim, somos tão somente importantes e amados na medida em que temos um sorriso no rosto, uma história engraçada para contar e somos úteis de algum modo. Em outras palavras, somos queridos apenas nos nossos bons momentos, quando estamos no auge e tudo parece dar certo. Entretanto, como disse, a vida não é uma constante, de maneira que inevitavelmente passaremos por momentos ruins, em que tudo dá errado e nós perdemos a esperança.

Nesses instantes, percebemos a fragilidades dos laços humanos e a nossa indiferença, a nossa incapacidade de se colocar no lugar do outro e buscar entender o porquê do sofrimento, da angústia, da insônia, do medo e da lágrima oculta no olhar, porque quando uma relação é construída com laços fortes, lutamos contra o egoísmo para poder sentir a dor que aflige e esmaga o peito de quem sofre.

Quando uma relação é mais do que uma ação na bolsa de valores do amor líquido, temos empatia e esta não é ver uma pessoa triste e fazer coisas para que ela fingir estar feliz. É ver uma pessoa triste e ser capaz de ajudá-la a chorar.

Acho que os nossos tempos estão carentes de pessoas corajosas o bastante para abraçar alguém e dizer que a ama enquanto as lágrimas se precipitam e anunciam uma torrente de dor em forma de choro intercalada com soluços. Por outro lado, o mundo está repleto de pessoas que abraçam e riem junto com você, mas, tão somente enquanto você também estiver com um sorriso no rosto. Pessoas que descartam as outras com imensa facilidade quando outras ações, digo, pessoas, acenam com possibilidades melhores e sorrisos mais audaciosos.

Tudo isso é uma pena, porque, no fim das contas, todos nós precisamos de alguém que nos ajude a chorar, já que só lágrimas de compaixão podem limpar a alma da indiferença. E como as lágrimas não caem, porque estamos ocupados demais com nossas trivialidades mesquinhas, o mundo continua sujo, ecoando pelos esgotos a nossa era da indiferença.

Imagem de capa:Syda Productions/shutterstock

As crianças não são definidas por notas escolares

As crianças não são definidas por notas escolares

Por Raquel Brito

As crianças não são definidas por suas notas escolares

A sociedade alimentou a hiper-paternidade ou, o que é a mesma coisa, a obsessão dos pais para que os filhos alcancem habilidades acadêmicas específicas que garantam uma boa profissão no futuro. E por vezes esquecemos, como sociedade e como educadores, que as notas escolares não definem o valor de uma criança.

Como consequência, acabamos descuidando das habilidades da vida ao não aliviar o nosso empenho para priorizar os resultados acadêmicos. Nossos filhos são pequenas pessoas que não são definidas pelo seus êxitos ou fracassos, mas sim por serem eles mesmos, únicos por natureza.

É mais fácil criar crianças fortes do que consertar adultos quebrados

Para garantir o bem-estar infantil e adolescente, é preciso fortalecer psicologicamente as crianças e prepará-las para encarar as dificuldades emocionais e interpessoais que acompanham de maneira intrínseca a vida cotidiana.

Porque, ao final, a vida não é apenas o que se lê nos contos de fadas, e isso é algo que devemos ter muito presente nas nossas crianças. Apenas dessa maneira daremos às nossas crianças habilidades para minimizar o mal-estar e prevenir os problemas psicológicos que surgem das próprias dificuldades vitais.

Isso as ajudará a crescer saudáveis e a desenvolver uma personalidade saudável que foque no bem-estar e na qualidade de vida. Assim, as bases desse mesmo fortalecimento  são estabelecidas por 3 pilares:

  • O equilíbrio emocional.
  • As relações interpessoais satisfatórias.
  • O desenvolvimento pessoal e profissional.

contioutra.com - As crianças não são definidas por notas escolares

A infância é uma etapa crucial para adquirir e desenvolver competências psicológicas que permitem uma evolução favorável desses três pilares do nosso bem-estar. No entanto, como comentamos anteriormente, como sociedade priorizamos em nossos filhos o desenvolvimento de competências acadêmicas, esquecendo de ajudar-lhes a pensar, sentir e atuar de forma mais proveitosa.

Notas escolares: a matéria mais importante da sua vida não é a matemática

A matéria mais importante na vida de nossas crianças não é a matemática nem as ciências ou os idiomas estrangeiros, mas sim sua capacidade para se adaptar ao seu redor, administrar suas relações, suas emoções e seus pensamentos. Para isso é fundamental que a educação comece por nós.

Ou seja, se queremos ajudar nossas crianças a gerir bem sua raiva, não podemos conseguir isso se explodimos toda vez que não gostamos de algo. Da mesma maneira, se não estamos bem, não educaremos da forma correta. Por exemplo, não conseguiremos calma e motivação em nossos filhos se temos altos níveis de estresse e frustração.

Não medir o afeto é essencial para transmitir amor aos nossos filhos: o excesso de afeto não é desejável, aquele que surge depois de episódios negativos de má conduta. Não é adequado reforçar a desmotivação diante das tarefas escolares. Além disso, é importante destacar que:

  • É adequado dar afeto físico: ou seja, abraços, beijos, carinhos, olhadas…
  • Devemos elogiar os êxitos das crianças de maneira correta.
  • Devemos estar dispostos a ver e responder às necessidades emocionais das crianças.
  • Devemos proporcionar um refúgio seguro onde a criança sinta o nosso apoio.

É essencial nos interessarmos pelas suas motivações, interesses e preferências. Mesmo assim, é importante se envolver na escola e evitar se intrometer na vida das crianças de maneira crítica e desafiadora.

Mas, sobre todas as coisas, não podemos defini-los com base nas notas escolares. Eles não são preparados ou desorientados, ou bons, nem maus, são ELES mesmos na essência e com liberdade.

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

Imagem de capa: DGLimages/shutterstock

Onde não existir parceria, não se demore

Onde não existir parceria, não se demore

Pode até ser bom aquele papo de amor pra dois, mas não é o suficiente. Além da reciprocidade que você merece e dos inteiros que ninguém deveria negar, fundamental é mesmo quando existe parceria. Não se demore em abraços que não sabem o que isso quer dizer.

Vivemos em tempos de muitos amores declarados, mas pouco verdadeiros. Porque temos a mania de medir o amor pelo tanto que dizemos querer alguém mas, fica a pergunta, entendemos o que isso significa? Não basta confessar o amor, também é nosso dever contribuir para que ele seja diferente dos desencontros passados. E a parceria é o caminho. O único caminho, sinto muito.

Parceria não é só topar os mesmos programas, mas entender que nem sempre eles vão bater e tá tudo bem. Ninguém fica mal, desconfia ou briga por isso. Parceria é sobre respeitar o diferente na outra pessoa e, em vez de perder paciência, oferecer ouvido e coração. Parceria é ajuda e empatia. É quando você está 100% e a outra pessoa 50%, mas ainda assim você não perde a paz por mudar os planos para ficar com ela. Parceria também tem a ver com o olhar no qual você enxerga o amor. Do jeito que você o reconhece e se esforça para renová-lo. É fazer por gentileza, por sentir felicidade no sorriso de quem é importante para você.

Parceria nunca é sobre jogar na cara os sentimentos entregues. Porque quem já passou por essa situação, lembra bem de como o amor doía agudo. Logo, parceria é tranquilidade, leveza e doação. Você faz e ponto. Não tem recibo, não tem como pedir de volta. É completo, bonito e só acontece se você também tiver isso aí dentro. Não tenha medo de aprender o que você gostaria receber da pessoa que está do seu lado, participando e demonstrando importância.

Eu sei que a reciprocidade anda na moda, mas não se iluda. Reciprocidade é o mínimo para o amor surgir. Mas, se você quiser que ele seja sólido e que não viva catando migalhas, parceria. Onde não existir parceria, não se demore. O essencial é visível aos inteiros.

Imagem de capa: LilacHome, Shutterstock

Alguns laços humanos não dão samba

Alguns laços humanos não dão samba

Não são os laços de sangue, os acordos matrimoniais ou quaisquer outras convenções sociais e relacionais que aproximam as pessoas, mas os laços de afinidade. Uma verdade dura? Talvez, mas sinto que é assim na prática. Quando criança, ressentia do fato de parte da família residir longe e quase nunca manter contato, mas hoje entendo que é assim mesmo. Compreendo inclusive a reciprocidade da ausência, pois eles e eu não nos procurávamos. As pessoas mantêm contato com os familiares que querem, de que mais gostam, e não com todos da família.

Quem tenta forçar relacionamentos entre pessoas simplesmente por serem familiares ou consortes de um mesmo grupo social o faz porque não sacou que está forçando a barra. Nas escolas, nos clubes, nas igrejas ou onde quer que seja é do mesmo jeito, há sempre os grupos formados. Há quem diga que existe até a possibilidade de gostar mais de um filho do que de outro, a depender da forma como esse filho comporta-se na vida ou da maneira com que cuida dos pais. Imagina então o que não acontece entre estranhos.

Essas aproximações e esses distanciamentos muitas vezes são involuntários. Por que permanecemos amigos daquela pessoa cinco anos depois dos demais do grupo terem se distanciado? Por que temos a impressão de que gostamos mais de certos amigos do que de nosso irmão? Por que temos aversão aquele parente que é tão próximo, como um tio ou um primo, por exemplo? Por que amamos aquele que racionalmente não queríamos amar?

Os sentimentos são naturais, humanos. Emoções brotam do coração, vêm do íntimo. A amizade é algo que existe quase organicamente, pois – tal qual o amor – acontece quando duas pessoas encontram-se e decidem partilhar da mesma estrada, cuidando para o fortalecimento mútuo. O amor, então, nem se fala. Figurinha mítica que no início é poesia e tormenta. Haja ciência comportamental para explicar a afinidade e o apego atroz que sentimos por alguém, mesmo sem nenhum motivo aparente. Sentimentos não se explicam totalmente e nem sempre comunicam-se . Posso morrer de dar atenção a alguém e receber desprezo em troca. Reciprocidade nem sempre é algo motivado.

Compreender essa realidade tão simples leva-nos a sofrer algumas escalas a menos. Diminuímos os julgamentos e não achamos mais que muitos ao nosso redor são frios. Deixamos de achar que algumas pessoas deveriam naturalmente ser mais próximas, quando na verdade não é uma regra absoluta (aliás, nada é). Pessoas não são encaixáveis. Seus sentimentos, muito menos. Cada um apega-se com o que quer. Isso é próprio da complexidade humana. Somos diferentes. Alguns são de Marte, outros de Vênus. Alguns são apegados a padrões, outros são anárquicos. Alguns são metódicos até nos pensamentos, outros vão com a brisa. Alguns perdem a paz por dez reais, outros sentem muito prazer em poder partilhar o pouco que possuem. Não dá para pensar que é possível conjugar todos esses tipos humanos e suas peculiaridades por consanguinidade ou qualquer outro “dever ser”. Esses laços humanos não dançam. Não dão samba.

Imagem de capa: altanaka/shutterstock

Rascunho da despedida

Rascunho da despedida

Tchau.
Fica bem.
Casa com ela.
Me manda uma foto um dia dos seus dois filhos? O menino e a menina, que vai ser linda e vai te dar o maior trabalho.
Ensina ela a jogar Catán. E Rummikub. Vê se ela também tem paciência pra todos aqueles quebra-cabeças de 5.000 peças que você gosta tanto.
Arruma seu corpo, você vai ficar bom logo.
Pára de correr na estrada, você pode acabar ferido. Já te falei várias vezes.
Não esquece que me prometeu que seria feliz.
Deixa pra lá aquelas bobagens todas que te deixaram triste.
Espera mais um pouco no seu trabalho. Todos os seus anos de dedicação estão sendo vistos. Já já te promovem.
Vi que deixou nosso álbum de casamento com a minha mãe. Vou guardar com carinho.
Você tava lindo aquele dia, parecia tão feliz.
Que pena que não deu certo, né?
Mas tá tudo bem. Já superei o que foi ruim e guardei numa caixinha o que foi muito bom. A caixinha, ainda bem, é bem grande.
Segue em frente também. Já passou.
Não esquece nunca de que foi divertido à beça.
Nunca, nunca, que a gente deu vida um pro outro.
Não pára nunca nunca nunca de sorrir. E nem de ouvir Nickelback.
Lembra, lá na frente, que foi bom demais ser jovem com você.
Seja imensamente feliz,
e até logo.

Imagem de capa: Svitlana Sokolova/shutterstock

3 crimes que seu “amigo” fofoqueiro pode facilmente cometer

3 crimes que seu “amigo” fofoqueiro pode facilmente cometer

Nossas palavras podem ser inocentes, mas também podem ser mais perigosas do que armas no que se refere a fazer mal aos outros.

Hoje, logo pela manhã, recebi uma mensagem no what´s app falando de uma suposta traição seguida de crime aqui na minha cidade. Eu não conheço as pessoas envolvidas e não sei se a notícia é verdadeira, mas se eu passasse a notícia adiante já estaria cometendo um crime previsto judicialmente pelo Direito Brasileiro, no Código Penal . Vocês sabiam que criar ou mesmo repassar informações sobre terceiros pode ocasionar dados contra a honra pessoal da pessoa mencionada e podem gerar penas como sansões, multas e até reclusão?

Por exemplo, se alguém diz que alguém molestou sexualmente uma criança, roubou, matou, deve, entre outras coisas. Mesmo que a pessoa não tenha nenhuma culpa, sua reputação ficará abalada, pois algumas falas sempre deixarão uma mácula e uma dúvida sobre a integridade da pessoa. Sejamos sinceros, você deixaria seu filho brincar na casa de uma pessoa que já foi acusada de abuso sexual? Tenho certeza que, mesmo que sem nenhuma maldade você teria medo de confiar e estar errado/a e acontecer algo à criança. Ou seja, quando alguém coloca em dúvida a  honra de alguém, nunca mais temos a certeza absoluta sobre sua índole. Nunca mais conseguimos olhar para pessoa sem nenhuma contaminação e, por isso, atos contra a honra são criminosos.

Esse texto visa diferenciar os comportamentos de injúria, calúnia e difamação e aumentar a consciência das pessoas quanto a importância da responsabilidade com relação as informações que usamos em nosso dia a dia, assim como de sua disseminação. Em tempos de Fake News e Pós-Verdades, onde os próprios veículos informativos são grandes propagadores de mentiras, a nossa responsabilidade pessoal se torna ainda mais necessária.

Injúria

Todo tipo de humilhação, seja pública ou particular, e que atinja a dignidade e desmereça a pessoa. Alguns dos exemplos mais comuns são os comentários racistas e sexistas. Esse crime consta no artigo 140 do Código Penal, tem de 1 a 6 meses de prisão, mais multa. A veracidade da acusação não afeta o processo. Ou seja, mesmo que a informação seja verdadeira, a pessoa injuriada pode processar quem a injuriou.

Difamação

A difamação é espalhar boatos falsos de uma pessoa para outras. Então, através dos boatos, a pessoa tem sua reputação abalada. Por exemplo, caso um ex namorado espalhe que “você traiu o seu marido”. Quem espalha o boato, embora não tenha inventado, também comete o crime de difamação. A difamação, que conta no artigo 139, tem pena de 3 meses a 1 ano de prisão, com multa. A veracidade da acusação não afeta o processo.

Calúnia

A calúnia é acusar alguém publicamente de um crime. Por exemplo: chamar você em público ou em particular de “tarado”, “ladrão”, “traficante”, etc. O crime consta no artigo 138 do Código Penal, e prevê reclusão de 6 meses a 2 anos, além da multa. Se o crime for comprovado, não existe condenação.

Os exemplos acima mostram como é mais fácil cometer um crime do que parece. Mais fácil ainda é destruir a vida de um inocente próximo como uma mãe, pai ou filho. As palavras têm muito poder e devem ser usadas com sabedoria.

Estejam atentos e lembrem-se de que temos dois ouvidos e uma boca porque devemos ouvir mais do que falar.

Imagem de capa: FGC/shutterstock

Minha vida sem você

Minha vida sem você

Minha vida sem você algumas vezes é solitária. Sinto falta dos carinhos não dados, dos sonhos roubados, dos risos a serem compartilhados e de você perguntar como foi o meu dia.

Minha vida sem você é alegre, pois me pego descobrindo coisas novas, encontro um “eu” desconhecido, faço amizades aleatórias e frequento lugares que nunca havia pensado em ir.

Minha vida sem você é cair no mar de novas experiências, é bater nas rochas das coisas que não são para ser, é aprender que nem tudo merece ser experimentado, é saber que nem todas as pessoas são para ficar, é aprender a ficar bem quando a gente acha que uma parte nos falta.

Minha vida sem você é a sabedoria de não me amargurar, de não ter medo e de acreditar num futuro, e principalmente no presente. É não projetar no outro a vontade que eu tenho de estar com você. O outro não tem nada a ver com isso e muitas vezes estará ali como num museu, apenas a olhar e não tocar.

Minha vida sem você é trabalhar a restrição emocional, é fazer sem antes ser, é jogar a caixa registradora fora e entregar sem cobrar, é estar disponível e também saber estar indisponível, é saber amar me amando primeiro.

Minha vida sem você é loucura, é planejar uma viagem sem destino, é não saber o amanhã, é tentar encontrar o ideal mesmo sabendo que o ideal não existe.

Minha vida sem você é parar de exigir que me completem, é parar de me apaixonar a cada esquina por uma pessoa que nunca vai querer me conhecer, é deixar de me levar apenas pela beleza e um sorriso bonito, é ganhar maturidade em espírito, é falar “tudo bem” aos problemas que criei.

Minha vida sem você é dizer não às perguntas dos meus familiares, é aparecer em mais uma festa de mãos vazias, é ver fugir de filmes românticos, é não tocar aquela playlist carente.

Minha vida sem você é saber que terei momentos de carências, é saber que em alguns momentos vou querer beber para esquecer, é não ligar para aqueles sentimentos de falta, é saber que eu posso esperar e você não chegar.

Minha vida sem você é escrever um livro, é plantar uma arvore, é fazer um retiro, é descobrir o que tenho feito para te afastar de mim e não culpar ninguém por isso, é meditar e relaxar nas minhas imperfeições.

Minha vida sem você é igual a qualquer vida, momentos bons e outros não tão bons, momentos de segurança e outros que duvido até de minha sombra, momentos de sonhos, momentos de ansiedade pelo que ainda não chegou, momentos de solidão pelo que já partiu, momentos de sabedoria e autoconhecimento abundantes.

Engana-se quem acha tudo triste, triste é viver sem ao menos sentir.

“Minha vida sem você” é uma vida que a qualquer momento poderia ser “minha vida com você”, pois é uma vida de amor.

Parafraseando Mario Quintana: amar é dar corda ao relógio do mundo.

Imagem de capa: LeventeGyori/shutterstock

A única coisa que cai do céu é chuva. O resto é luta.

A única coisa que cai do céu é chuva. O resto é luta.

A gente tem tantos planos, né? Fazer dieta, arrumar o guarda-roupa, procurar um novo emprego, encontrar um apartamento com um preço melhor de aluguel, começar aquele curso online, aprender uma nova língua, etc etc etc. O céu é o limite dos nossos sonhos.

Tem aquela listinha de metas pro ano novo que fizemos alguns meses atrás, lembra?. Se não me engano, está na segunda gaveta da cômoda. Ah, não! Já sei! Está no aplicativo que baixamos, certos de que em 2018 iríamos executar todos aqueles itens.

Só que já é março, e até agora não tem nenhuma meta concluída.

“Nossa, é verdade. Mas agora já são 17h, vou terminar de assistir televisão e amanhã eu começo.”

Agora já são 17h… O dia ainda tem 7h, e quem decide se elas serão produtivas ou não, é você.

Você não precisa esperar até segunda pra começar o seu curso online. Aproveita que você está na internet lendo isso, abre o Google e pesquisa preços, datas de início, o conteúdo das aulas. Faz uma listinha. Vê qual te interessa mais. Se matricula hoje!

Não espere amanhã pra começar a se exercitar. Olha que dia bonito lá fora. Toma um banho, coloca um tênis confortável, vai dar uma volta e ver o pôr do sol. Agradece pela sua saúde, que te deixa escolher quando quer e quando não quer se movimentar.

E aquele seu chefe totalmente sem pudores, que faz reuniões sem sentido humilhando todos os funcionários? Você precisa trabalhar pra ele mesmo?! Usa suas horas produtivas para alguém que as mereça. Procura outro emprego. Aproveita esse tempo ai no sofá e se cadastra nos sites de vagas, nas redes sociais profissionais. Vai atrás.

Lembra que você pensou em ter uma renda extra esse ano e até agora não encontrou uma saída? Você procurou mesmo? Estamos perto da páscoa, você pode fazer chocolates por encomenda. O dinheiro é bom. Seu marido quer ajudar? Ele pode entregar pra você. “Ah, mas eu não tenho espaço em casa”. Tudo bem. Procura outra coisa. Trabalha com eventos nos finais de semana. Vê as empresas que atendem a sua região. Anota o telefone. Liga pra todas. Manda email com seu currículo. Fala que você é capaz e está disposta a abraçar a oportunidade.

A segunda-feira é sempre um marco, porque é o começo da semana de trabalho e de aulas. Só que é um dia muito lotado de responsabilidades e compromissos, e a correria acaba consumindo a gente. E a gente acaba deixando os planos pra lá.

Não existem regras pra ser feliz, mas se você quer chegar onde nunca chegou, deve fazer algo que nunca fez. Nossa determinação e nosso foco ditam a nossa plantação. E quem planta, colhe, isso é fato consumado. Vai atrás de uma vida melhor. Hoje. A única coisa que cai do céu é chuva. O resto é luta. Você tem duas escolhas: criar uma oportunidade ou arranjar uma desculpa. O que você prefere?

Imagem de capa: Kichigin/shutterstock

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