Dom Quixote e a arte de valorizar o que, realmente, importa

Dom Quixote não é uma obra comum. Um dos livros mais famosos e lidos do mundo apresenta a história de um homem capaz de enfrentar preconceitos, ofensas e julgamentos para viver os próprios sonhos.

Fosse apenas isso o livro não teria uma legião de fãs. O fato é que Cervantes, através de seus personagens Dom Quixote e Sancho Pança, escancara verdades que a sociedade tenta esconder para justificar a covardia dos próprios dias.

O enredo é conhecido: o protagonista da obra é Dom Quixote. Um pequeno fidalgo cujo passatempo favorito era a leitura de livros de cavalaria. Na sua obsessão, acreditava literalmente nas aventuras escritas e decide tornar-se um cavaleiro andante.

Suas viagens acontecem sob a alucinação de que estava vivendo na era da cavalaria; pessoas que encontravam nas estradas pareciam-lhe como cavaleiro em armas, damas em apuros, gigantes e monstros; até moinhos de vento na sua imaginação eram seres vivos.

Combatendo as injustiças, o personagem enfrenta situações penosas e ridículas, mantendo, porém, uma figura nobre e hilária. Ao final, Dom Quixote volta à razão, renuncia aos romances de cavalaria e morre como piedoso cristão.

Enredo apresentado, vamos ao que encanta na obra: os ensinamentos de Cervantes, através da amizade entre o famoso protagonista, Dom Quixote e seu fiel companheiro Sancho Pança.

Cervantes fez dos dois personagens os opostos que se completam. Enquanto o protagonista idealizava uma vida heroica, Sancho Pança tentava trazer o amigo à realidade. Segundo Cervantes, Pança era como “homem de bem, mas de pouco sal na moleirinha”.

Liberdade

Dom Quixote era um homem livre. Não se curvava às fatalidades da vida e não aceitava enxergar o lado ruim das coisas. Para ele, o sonho e a utopia eram a motivação para continuar a viver. Sabia que o oposto do entusiasmo era o autodomínio e não estava disposto a pagar esse preço.  “A liberdade, Sancho, é um dos mais preciosos dons que os homens receberam dos céus. Com ela não podem igualar-se os tesouros que a terra encerra nem que o mar cobre; pela liberdade, assim como pela honra, se pode e deve aventurar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pôde vir aos homens (…). A liberdade, Sancho, não é um pedaço de pão”.

Gratidão

Dom Quixote teve sua sanidade colocada em xeque, já que na fala do próprio personagem a realidade se confundia com a ilusão: “à força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimensão vivo”, seus sonhos julgados e sua filosofia de vida condenada à loucura, mas, em nenhum momento, limitou sua vida à opinião alheia. Era grato, doce e generoso.  “Entre os pecados maiores que os homens cometem, ainda que alguns digam que é a soberba, eu digo que é a falta de agradecimento”. (capítulo 58)

Amor

Sobre os temas da obra, o amor é mais discutido. Em forma de fortes paixões e com notas de simplicidade o sentimento se apresenta como a essência da vida: “nunca pense que seu amor é impossível, nunca diga “eu não acredito no amor”. A vida sempre nos surpreende”.

Imagem de capa:phatymak’s studio/shutterstock







A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.