Foi o tempo que dedicaste! Uma carta sobre o tempo e uma amizade

Foi o tempo que dedicaste! Uma carta sobre o tempo e uma amizade

Imagem de capa:  Elena Shkerdina/shutterstock

Outro dia eu te observava outra vez aguar as plantas e tu reclamaste, frustrado:”Elas demoram tanto para crescer!”

Pois é, meu querido amigo, as árvores crescem muito lentamente; as flores, às vezes, demoram para florescer; nós demoramos para amadurecer, tomamos muito tempo para entender certas situações, tardamos para descobrir como lidar com as pessoas, e assim por diante. Tudo é um processo com um consequente desprendimento de tempo – essa moeda de troca tão valiosa.

A Raposa tenta explicar isso no Pequeno Príncipe: “Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a fez tão importante”. Foi o tempo que dedicaste às tuas plantinhas que as fez tão importantes, amigo. Foram aquelas várias temporadas de trabalho e estudo árduos que te deram o conhecimento e sabedoria que tens hoje. Foram as semanas que dedicaste à exploração do mundo e de você mesmo que o fizeram amadurecer. São os dias que tu tens gastado caminhando por essa estrada tão sinuosa que vão fazer com que o ponto de chegada seja tão bonito.

Na amizade, esse processo é via de mão dupla, tem um efeito tanto verso quanto inverso, se é que tu me entendes. Foram todas as horas, minutos e segundos que dedicamos à nossa amizade que a fizeram tão importante para mim, para você.

Agora, imagine se o tempo não fosse personagem nessa peça. Nada valorizaríamos. Não precisaríamos optar entre esse ou aquele sentido de vida, não precisaríamos escolher entre um caminho ou outro, esta ou aquela pessoa, nada perderíamos, tudo seria opção e, assim sendo, nada teria real valor. Morreríamos por dentro, não achas?

Nesse sentido, a vida é comerciante, caro amigo, pois sempre nos cobra algo em troca de amor, felicidade, aprendizado, crescimento. A diferença é que, em vez de dinheiro, pede-nos nosso tempo. Obrigada por me ceder teu tempo (moeda tão preciosa).

O que uma viagem pode fazer por você

O que uma viagem pode fazer por você

Pode ser para muito longe ou logo ali. Pode durar meses, ou um final de semana. Ser viagem cinco estrelas, executiva ou mochilão. Para conhecer um novo lugar, esquecer uma história, comemorar, descansar, trabalhar…

Sair do lugar comum, literalmente, e ir para um lugar incomum, desconhecido, desafiador. Desarrumar a rotina, tentar adivinhar o que será, colocar os pertences dentro de um armário com rodinhas, e ir viver outros ares, pelo tempo que conseguir.

As viagens nos levam a lugares, sensações e estados de consciência que jamais reparamos. Uma vez longe de casa, nos transformamos. Nos damos conta do quanto somos adaptáveis ou não, sociáveis ou não, parceiros ou não. Uma situação que nos tira da zona de conforto, e, ao mesmo tempo, nos coloca na terra das novidades.

Nos enxergamos melhor usando espelhos diferentes. Uma viagem nos apresenta paisagens, pessoas, comidas, costumes. De tudo que vemos, é impossível não fazer comparações, não perceber identificações, não se modificar ao menos um pouco.

Fazemos de totais desconhecidos, amigos. Muitas vezes para toda a vida. Elegemos lugares impensados, como preferidos. Lembramos de pessoas queridas. Desejamos que estivessem conosco. Ficamos nostálgicos.

Experimentamos sabores e costumes diferentes. Observamos o fluxo de gente. Como se cumprimentam, as expressões nos rostos, o que comem, como se divertem. E entendemos que somos todos iguais, no final.

Viajar é dar um sossega leão no fluxo da vida. Reprogramar, aliviar, repensar.
Viajar é ficar longe para sentir saudade necessária.
Viajar é se sentir bem o suficiente para ir e voltar, e saber que o mundo funcionará muito bem na nossa ausência.
Viajar é fechar a mala e abrir os braços para o mundo. E voltar melhor do que partimos.

Havendo oportunidade, boa viagem!

“Eu sou assim e não vou mudar”. Como quiser, tudo bem, adeus

“Eu sou assim e não vou mudar”. Como quiser, tudo bem, adeus

Imagem de capa: Vikulin, Shutterstock

Não vai mudar? Deveria. Faz um bem daqueles trocar de opinião, sentimento e atitude. Mudar não é hipocrisia. Mudar exige coragem e coração. Mas faça como quiser, tudo bem. Permaneça assim, desse jeito. Só não vou ficar, tá? Adeus.

Cadê o respeito pelo diferente, você pergunta. A despedida é justamente por respeito, só não é o que você esperava. Primeiro, preciso entender do que sinto e penso. Alguns chamam de amadurecimento, entende? E olha que bacana, sabe como acontece? Mudando. Então, diga-me, é bom continuar sendo mais do mesmo?

Ainda em tempo, claro, você não pode deixar barato. Irá retrucar que não é tão simples, que é mais fácil falar e etc. De repente, até apelará para os astros, quem sabe? Não pretendo desdenhar das suas crenças e argumentos esotéricos mas, conforme expliquei anteriormente, estou de partida. Não quero ficar. Nesse caso, “eu sou assim e não vou mudar”? Talvez.

Talvez tenhamos uma arrogância definida pela leitura de querer que o outro mude. Enquanto isso, achamos que estamos nos aproximando de um comportamento evoluído. Mas nesse jogo de querer e não querer, quem não sabe, quem não se identifica, padece.

Hoje em dia, mudar é caso de urgência. Porque faz um bem daqueles continuar, mesmo sabendo que um adeus aqui e ali serão necessários para encontrar novos eus e novos vocês.

Um dia, o amor passa do ponto. Não foi o suficiente querer ficar

Um dia, o amor passa do ponto. Não foi o suficiente querer ficar

A realidade pode ser dura, algumas vezes. Nem sempre, querer ficar é o suficiente. Um dia, o amor passa do ponto. E tentar encontrar explicações que intercedam na separação, não torna o seu sentimento mais sincero do que o da outra pessoa.

Porque se você olhar de perto, o tempo ensina que cenários ideais são superestimados. Ter sorte no amor não contempla intensidades e, o que mais fazemos, é especular sobre elas. Mesmo soando natural e inofensivo, no fundo, estamos escravizando uma entrega que deveria encaixar por altruísmo, por liberdade. Mudar de ideia não é o problema do amor. Não poder sê-lo, naquele exato momento, é.

Você queria poder ter o controle de mudar as coisas. Queria, de alguma forma, manipular os eventos atravessados que estancaram esse bem que só fazia transbordar. Infelizmente, não é assim. Não combina com o amor transformar solidão em companhia, como num passe de mágica.

Agora, o que resta é continuar. É despejar aflições e faltas no travesseiro. É percorrer, um dia de cada vez, cicatrizes e promessas que não foram cumpridas. E vai doer, aprisionar e colocar os pés sobre o seu coração. Mas se o amor passa do ponto, a dor também passa. Daí percebe, o suficiente é você. E fica, mais uma vez.

Imagem de capa: Minha Noite Com Ela (1969) – Dir. Eric Rohmer

Relacionamento não é cura para a solidão, não é fórmula para ser feliz.

Relacionamento não é cura para a solidão, não é fórmula para ser feliz.

Imagem de capa: bedya/shutterstock

“Não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas no estimulo a participar da gênese dessas coisas”. Zygmunt Bauman

Vivemos em uma era de pessoas resolvidas, independentes e que pregam, aos quatro cantos do mundo, o quanto são livres e o quanto anseiam por liberdade. Ok, mas o que vejo mesmo é uma sociedade imediatista que quer tudo para hoje, para já. Pessoas que substituem as escadas pelo elevador, o café de casa por um expresso comprado a caminho do trabalho, um cafuné por uma conversa virtual, cartas por mensagens nas redes sociais etc. Troca e agilidade permeiam as relações nos tempos atuais.

Só se pensa no sucesso profissional, nas teses de doutorado, no carro novo e nas viagens internacionais. Não que ansiar por isso seja errado, o problema está no tempo que investimos em todas essas coisas.

As pessoas anseiam por amores prontos, essa é a verdade. Infelizmente, não existe mais a ideia de participar da vida do outro, compartilhar coisas, sonhos e momentos. O que se vêem são pessoas em busca de “aventuras”, paixões rápidas, enfim, nada que seja duradouro, nada que as prenda ou mude os seus planos.

Não, relacionamento não é fácil e não é sinônimo de prisão – como é entendido. Não, relacionamento não vai fazer de você uma pessoa feliz, se você for uma pessoa triste, assim como não vai trazer felicidade. A regra é simples: ser feliz e encontrar alguém que transborde; nada de metades ou de tentativas de preencher vazios, pois essa certamente não é a função de um relacionamento. Uma coisa é certa: relacionamento está bem longe de ser essas coisas clichês que todo mundo diz; está longe dos mitos e das fantasias espalhadas por ai.

Relacionamento é algo que faz crescer, que faz com que você queira compartilhar com o outro os seus sonhos, os seus planos; que faz com que você o inclua neles, sem pensar duas vezes. Relacionamento, assim como tudo nesta vida, tem seus altos e baixos, mas com jeitinho, com paciência, você consegue lidar com as diferenças, com os medos, e aprende a domá-los.

O mal de muita gente é viver um relacionamento apenas quando ele lhe proporciona coisas boas, apenas quando as diferenças não falam tão alto e quando as coisas vão bem. O erro é não saber olhar para a dor do outro, de acalentar e saber acolher. Vejo muita gente desejando encontrar no outro a felicidade, sem saber que ninguém tem a obrigação de fazer o outro feliz.

O equívoco de muita gente é procurar um relacionamento pra curar problema, para ser apenas companhia, como forma de escapar da solidão. E, com isso, muita gente acredita que o outro precisa ser uma cópia exata do que almejamos, sem saber apreciar o novo.
Infelizmente, vivemos uma era em que perder tempo é custoso demais; as tecnologias comprovam o imediatismo das coisas. Vivemos calculando nosso tempo, nossos planos, vivemos colocando metas e controlando o tempo, para que possamos atingi-lo mais rapidamente.

Nessa correria doida, nessa necessidade de aproveitar o máximo das 24 horas que temos a cada dia e de querer exprimir tudo o que for possível, de dar conta dos trabalhos da faculdade, do barzinho com os amigos, de assistir àquela série, de trabalhar para comprar um carro novo, fazer uma viagem, é que se relacionar e assumir um compromisso tem perdido o seu lugar. Não há tempo para isso.

Não há tempo para incluir um outro alguém em nossa vida, nos nossos sonhos; não há tempo para remodelar nossos planos, para mudar o destino da viagem, se for preciso, ou trocar o fast-food por um jantar a dois. Queremos pessoas prontas, resolvidas, porque nos vemos assim. Mas, na verdade, é um grande engano. Temos muito o que aprender com o outro, temos muito o que mudar com e pelo outro. A verdade é que temos muito a crescer, a melhorar e, também, a ensinar.

Muitas pessoas estão sozinhas porque conseguiram expulsar todo mundo da sua vida

Muitas pessoas estão sozinhas porque conseguiram expulsar todo mundo da sua vida

Imagem de capa: Masson/shutterstock

Conseguiremos conviver somente se estivermos dispostos a abrir mão de algo, a analisar nossa parcela de responsabilidade no que acontece, a ouvir alguém que não seja nós mesmos. Relacionamentos requerem compartilhamento, entrega, empatia e altruísmo, ou sempre haverá um lado da balança pesando demais.

Estar sozinho pode ser uma opção, pois existem pessoas que não sentem solidão e conseguem lidar muito bem com uma vida solitária, inclusive nem procuram alguém. Por outro lado, há aqueles que não se sentem confortáveis não tendo ninguém ao seu lado e, por isso, não perdem a esperança em encontrar um parceiro de vida. Porém, algumas pessoas simplesmente conseguiram espantar qualquer alma viva de seu convívio, sendo a solidão o seu castigo.

Certos indivíduos não conseguem se relacionar, minimamente, haja vista sua personalidade difícil, sua relutância em abrir concessões de quaisquer tipos, sua língua afiada. Não é fácil relacionar-se com alguém, ainda mais hoje, quando o egoísmo parece ser a tônica dominante. Não muitos estão dispostos a abrir-se ao outro, a ouvir uma opinião diversa, a refletir sobre as próprias atitudes.

Conseguiremos conviver somente se estivermos dispostos a abrir mão de algo, a analisar nossa parcela de responsabilidade no que acontece, a ouvir alguém que não seja nós mesmos. Relacionamentos requerem compartilhamento, entrega, empatia e altruísmo, ou sempre haverá um lado da balança pesando demais. Isso tudo implica a consciência de que o raio de nossas ações vai muito além de nossos próprios jardins, ou seja, teremos que saber que não poderemos agir como bem quisermos o tempo todo, muito pelo contrário.

Por isso é que muitas pessoas passam a vida sozinhas, sem ninguém com quem possam contar de verdade. Viveram sempre desconfiadas de tudo e de todos, fechadas em si mesmas, querendo apenas agir de acordo com o que pensavam, sem abrir mão de nada por ninguém. Não iam às festas, porque não podiam perder a novela; não recebiam crianças de forma agradável, porque elas tiravam as coisas do lugar; não gostavam da prima, do cunhado, da vizinha, de ninguém enfim.

Obviamente, teremos que ter paciência com as pessoas, entendendo que há muitos comportamentos que podem ser mudados, quando nos dispusermos a ajudar, a chegar junto com carinho e sinceridade. Da mesma forma, muitos comportamentos podem ser tratados com ajuda de profissional competente. Mesmo assim, muitas pessoas não querem ser ajudadas, simplesmente porque acham que os outros é que devem mudar e não elas. Por isso é que permanecem sozinhas por toda uma vida, apesar de toda tentativa externa de levá-las para longe da solidão.

Nos ensinaram desde criança: para cicatrizar uma ferida, basta não mexer

Nos ensinaram desde criança: para cicatrizar uma ferida, basta não mexer

Imagem de capa: Soloviova Liudmyla/shutterstock

O ensinamento é certeiro. A teimosia em não obedecê-lo também e o motivo é simples: sofrer por amor é bonito. Amor sofrido transforma-se em arte, em música, em literatura e isso, talvez, explique porque tantos prefiram sofrer por amor em vez de buscar a cura.

Muitas vezes, o amor assiste à própria morte, em outras acaba devagar, dilacerando a alma dos envolvidos e, mesmo que ainda haja sentimentos, o relacionamento não deixa possibilidades de continuar. Rubem Alves, em toda a sua sabedoria, comparava o amor à liberdade: “amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar”.

Somos livres, por direito e por vontade. Por isso, não podemos obrigar ninguém a permanecer ao nosso lado (ainda bem). As pessoas são livres para amarem, ficarem ou partirem. O problema está em saber lidar com isso.

Quando um amor acaba, perde-se o rumo: da vida, das coisas, do tempo. Os sentimentos parecem aflorar e a dor da saudade vem para nocautear qualquer vontade de recomeço.

Há tantas formas de um amor morrer. Há quem acredite em predestinação, outros em culpados. Para Carpinejar, por exemplo, o amor nunca morre de morte natural: “Morre porque o matamos ou o deixamos morrer. Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença. (…)Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento.”

Toda história, boa ou ruim, deixa feridas. Por aprendizado, por traumas ou por (ainda) amor, mas deixa. E, até cicatrizar, toda ferida dói e dói muito. Às vezes, a cura está no silêncio, na quietude, não autocontrole. É necessário deixar o sangue sair, fazer um curativo e “esquecer” do corte. Pode ser que a cura demore mais do que você imagina, mas, quando menos se espera, cicatriza.

Fim de amor é como uma cicatriz. Quando um corte é cicatrizado, conseguimos ver que o fim de um amor, não é o fim da vida.. É só o final de um caminho, de uma escolha. Sempre haverá outros amores, outras oportunidades, outros sorrisos. Não deixamos de acreditar no amor como um malandro que vende ilusões. Amor é amor e sempre encontrará os dispostos.

Então, apenas não se precipite e não aceite menos do que você merece. Encare suas cicatrizes como um privilégio, afinal, elas estão ali para te lembrarem que você superou todas as dificuldades até hoje. E, se durante o processo de cicatrização, a dor for maior que a força, lembre-se do que disse Caio Fernando Abreu: “existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor”.

Nem tudo será perfeito mas a gente dá um jeito.

Nem tudo será perfeito mas a gente dá um jeito.

Imagem de capa: Svitlana Sokolova/shutterstock

Aqui do meu canto, olhando o sol à tardinha, penso em você que inda não veio. Você que por aí há de ver o mesmo céu alaranjado que eu. Que estremece quando acorda na solidão da madrugada, que chora com a esperança, a beleza e as canções que fazem a gente sonhar alto e cantar baixinho.

Daqui, penso em nosso amor tranquilo, forte, imperturbável, atento a suas próprias coisas, indiferente às questões alheias. Amor seguro, corajoso, destemido feito os velhos marinheiros, generoso como toda pessoa boa.

Como os cachorros que apontam os focinhos para o vento, adivinhando sinais distantes, imagino nossa calma dos domingos, nossa cama arrumada a quatro mãos, nosso dia depois do outro, nossos planos de vida inteira.

É tão certo o nosso encontro que eu já bem sinto saudade. Essa saudade alta, viçosa que nem mato crescendo na chuva. Saudade, esse bicho manso que chora baixinho, à espera.

Eu, que não sou de esperar muito, vou caminhando até você. Logo, logo eu chego. Ao redor do nosso encontro há de haver uma cidade bela, povoada de pessoas boas cuidando umas das outras. Um céu azul descarado lá em cima e uma moça linda, de cabelos soltos e alma livre, ouvindo divertida a nossa conversa aqui embaixo.

Você e eu contando nossas coisas, lembrando um parente ausente e uma sorveteria que fechou. E o sol se pondo como sempre. E a noite e a manhã seguinte esperando para nascer. E uma gente em paz seguindo em frente. Nem tudo vai ser perfeito mas a gente dá um jeito. Esse dia ainda chega. Esse dia chega, sim.

A história é escrita pelos sobreviventes

A história é escrita pelos sobreviventes

Eu não nasci herdeira de nada. Você, muito provavelmente também não. Bem… até pode ser que você tenha aí a promessa de alguns imóveis, talvez um seguro de vida, alguns bens, uma empresa de família… Isso eu já não sei. Mas, falo por mim.

Eu realmente não nasci herdeira de nada. Meus avós deram um duro danado para criar seus filhos. Meus pais deram um duro danado para criar suas filhas e, tanto eu como meus pais e avós, fomos criados para crer que o que se deixa de mais valioso aos descendentes não é nada que se possa segurar nas mãos.

Bens materiais são coisinhas voláteis; hoje você pode possuí-los e amanhã eles criam asas ou se dissolvem mesmo, bem na sua frente. Dinheiro então! Dinheiro é a coisa nesse mundo que menos aceita desaforo. Duro de ganhar, fácil de gastar, dinheiro é a linguagem universal da espécie humana. Basta observar o quanto as pessoas ficam mais educadinhas quando suas escapadas são punidas com multas em espécie.

Seguindo essa linha de raciocínio, sou levada a pensar no quanto a história de cada um de nós é escrita baseada nos incontáveis desafios a que somos submetidos. A vida é uma espécie de maratona a longo prazo, com inúmeros obstáculos no processo.

O fato é que não importa a nossa classe social, poder financeiro ou a nossa condição cultural; nada disso importa quando o que está em jogo é colocar na balança perdas, danos e vitórias, e tirar dessa equação um saldo, seja ele, positivo ou negativo.

Segundo um dito popular, que pretende analisar a situação mundial da atualidade “Não está fácil para ninguém!”. O fato é que isso não é nada verdadeiro.

Algumas pessoas têm a vida bastante facilitada, na realidade. Algumas, para ser bem sincera, vivem literalmente com seus burrinhos à sombra, enquanto desfrutam das melhores coisas do mundo, com pouquíssimo ou nenhum esforço.

No entanto, voltando à reflexão sobre a inutilidade de juntar coisas, se no momento a situação material anda fácil para alguns e dificílima para outros muitos, nada está garantido para nenhum de nós.

Em última análise, acabo por concluir que a história é mesmo escrita pelos sobreviventes. E sobreviventes somos todos aqueles que não se contentam com vidas medíocres e estereotipadas, pela redutora necessidade de “aparecer bem na foto”.

Sobreviventes somos nós que estamos começando a entender que viver é algo muito maior do que aparentar ser, ter ou dominar. Sobreviventes somos nós, que ousamos sonhar com as possibilidades sem fim de mudar de ideia, de lugar, de vontade.

Entretanto, é preciso tomar um imenso cuidado com o risco de se conformar com a vitória aparente de ter sobrevivido. É preciso fazer desse feito histórico uma saborosa motivação, algo que nos torne aptos para abraçar o que de mais incrível a vida possa oferecer, com braços completos e colos infinitos. É preciso olhar para a frente com a alma de quem escolhe vida em abundância. Honrar a capacidade de ter sobrevivido com o peito repleto de desejos por uma vida que seja inteira.

Imagem de capa meramente ilustrativa: Cena de Reign

Precisamos abraçar nossas sombras

Precisamos abraçar nossas sombras

Imagem de capa: rudall30/shutterstock

Ainda que sem perceber, vivemos procurando subterfúgios para não encarar nosso lado sombrio. Podemos ignorá-lo ou disfarçá-lo, mas, no fundo, ainda que inconscientemente, sabemos que ele existe para todo mundo e que precisa ser aceito e trabalhado.

Podemos encher nossos dias com as mais variadas atividades, encher nossas mentes com os mais variados devaneios, e encher nosso coração com as mais conflitantes emoções. Sim, ficaremos ocupados. Muito ocupados. Mas só iremos sair do nosso caos particular, ficar realmente bem, evoluir, quando pararmos para encarar as nossas sombras.

E, realmente, é muito perturbador reconhecer que pode haver muitas inferioridades ainda em nosso ser. Que somos mais negativos do que deveríamos. Que temos invejas. Que, às vezes, somos maldosos. Que sentimos raiva por besteiras. Que, muitas vezes, não nos esforçamos nem um pouco para ajudar alguém. Que temos preguiça para coisas importantes.

Que somos, vez ou outra, mesquinhos. Que o nosso apego está exacerbado. Que o materialismo anda meio desmedido. Que o nosso perfeccionismo não faz sentido. Que não estamos olhando para as coisas com a clareza com que poderíamos. Que, de vez em quando, preferimos ficar mesmo no buraco. Que não estamos nos esforçando para nos alinhar com o propósito da nossa alma…

Reconhecer o nosso lado sombrio é deveras trabalhoso. Exige, especialmente, que saiamos por alguns momentos dessa loucura em que vivemos, interna e externamente, para nos ouvir. Silenciar, abaixar as armaduras, desarmar as defesas, deixar ser, simplesmente.

Aceitar as nossas sombras, por outro lado, é um exercício constante. Pois elas sempre estarão a nossa espreita, em maior ou menor grau. Precisamos aprender a viver bem com elas, a entender que fazem parte de nós e que precisam ser compreendidas para, aos poucos, serem superadas.

Exige um mergulho profundo no nosso ser. Algo que apenas nós podemos fazer por nós mesmos. Requer maturidade, controle emocional e coragem. Notadamente, coragem.

Coragem para reconhecer que talvez não sejamos tudo aquilo que achávamos ser e/ou tudo o que os outros acham que somos. Coragem para dissolver algumas “verdades”. Coragem para se sentir confortável com a dor que nos habita. Coragem para assumir nossas fraquezas e imperfeições. Coragem para iniciar um processo de mudança. Coragem para não desistir. Coragem para aceitar os tropeços que surgirão no caminho. Coragem para aceitar as curas que, invariavelmente, virão.

Enfim, coragem para passar a viver uma vida muito mais consciente, muito mais proveitosa e muito mais feliz.

Bom mesmo é segurar quem não te larga e ficar onde te querem

Bom mesmo é segurar quem não te larga e ficar onde te querem

Imagem de capa: shevtsovy/shutterstock

Manter junto quem nos olha de volta e nos ama de verdade, levar no coração os momentos cuja lembrança nos devolve a força de pessoas queridas de nossas vidas, permanecer demoradamente onde somos queridos e não tolerados, é assim que a gente fica cada vez mais forte e a cada dia mais humano.

Hoje em dia, parece que se tornou moda o desapego total e irrestrito, a necessidade de se bastar exclusivamente sozinho, de ser feliz sem ninguém mais por perto. Somos aconselhados a largar mão e a partir, sair, ir embora, deixando para trás, de uma vez por todas, as coisas e as pessoas, sem titubear. Parece ser proibido compartilhar o que se é, contar o que se tem, enfim, é preciso desconfiar de quem está ali ao lado.

Logicamente, o apego excessivo faz mal, bem como a dependência do outro, porque ninguém completa ninguém, caso uma das partes esteja pendente demais. Da mesma forma, há que se ter cuidado com quem poderá receber nossas verdades, para que não nos deparemos com o nosso melhor sendo devolvido da pior maneira possível por quem não sabe fazer bom uso de nada que recebe com carinho.

Ainda assim, sempre haverá quem nos abrigará com sinceridade afetiva, quem nos ouvirá de coração aberto, quem nos enxergará com olhos límpidos e leves. Sempre teremos lugares em que repousaremos com serenidade, onde poderemos nos resguardar do que nos fere, para onde voltaremos para renovar nossas energias e acalmar os nossos medos. Sempre levaremos conosco lembranças mágicas e especiais, que revigorarão as nossas esperanças, motivando-nos a seguir em busca de nossa felicidade.

O melhor que poderemos fazer, para não sucumbirmos às ciladas desse mundo, será valorizarmos tudo e todos que nos fazem bem, que nos tornam melhores, que contêm nada menos do que verdade e reciprocidade. Manter junto quem nos olha de volta e nos ama de verdade, levar no coração os momentos cuja lembrança nos devolve a força de pessoas queridas de nossas vidas, permanecer demoradamente onde somos queridos e não tolerados, é assim que a gente fica cada vez mais forte e a cada dia mais humano.

Por isso, a maior besteira é ficar implorando por atenção, correndo atrás de quem não faz a mínima questão da gente, perdendo tempo com quem nem lembra que a gente existe e com coisas que não nos tornariam mais e melhores em nada. A gente não consegue mandar no coração e ele costuma nos pregar peças, mas nunca é tarde para fazer uma limpeza em nossa vida, mantendo ali o que nos emocione, sempre, como se fosse a primeira vez.

Há amigo mais chegado que um irmão.

Há amigo mais chegado que um irmão.

Imagem de capa: Dean Drobot/shutterstock

Você pode ter cinco mil amigos no Facebook, vários contatos no seu celular, inúmeras conversas no WhatsApp, mas amigo, amigo mesmo, a gente conta nos dedos. No meu caso, eu os conto e ainda sobram dedos.

Tem amigo de tudo quanto é jeito; de infância, amigo do colégio, da faculdade, mas hoje eu quero falar sobre aquele amigo que mais se assemelha a um irmão. Aquela amizade que a gente sabe ser verdadeira.

Esse texto é para você, amigo(a), que sempre esteve ao meu lado quando eu mais precisei; que me viu chorar e também sorrir. Para você, que vibra com cada conquista minha e que torce por mim como ninguém. Ah, como é raro alguém que desfrute da felicidade com a gente, sem sentir inveja ou coisa do tipo; como é nobre se alegrar com a felicidade do outro e desejar que tudo ocorra sempre bem na vida desse alguém.

Este texto é para você, meu amigo(a), que não desistiu de mim quando eu mesma já havia desistido muitas vezes; que acreditou em mim quando eu não conseguia mais acreditar e que me abraçou quando eu me sentia só. Quantas histórias, quantos risos, quantos momentos tristes e nós acreditávamos que a tempestade não passaria nunca. Fomos abrigo um do outro, fomos amparo, fomos amigos.

Esse texto é para você, meu amigo(a), que guardou os meus segredos como se fossem seus, que olhou para as minhas dores e que não me julgou pelas minhas histórias malucas. Você, que ri do meu riso e que sempre faz questão de estar ao meu lado. Você é aquele amigo(a) que a gente, sem querer, já vai chamando de irmão(ã), como quem quer dizer o quanto é grato a Deus pela sua vida e por ter o prazer de sua amizade.

Uma amizade que não se esgota com o tempo, não se apaga com a distância, muito menos se desgasta com o convívio. Essa parceria, em que a gente não vê a hora de encontrar a pessoa, para contar aquela novidade que ninguém sabe. Você é aquela pessoa que eu considero como parte da família, aquela parte legal que a gente quer na formatura, no casamento, no nascimento dos filhos, na viagem, ou na defesa do mestrado. Aquele(a) a quem a gente quer contar como foi a entrevista de emprego, o primeiro dia de trabalho.

Esse texto é para você, que fez e faz a diferença na minha vida, e que, dentre tantos nesse mundo, fez questão de ficar, como quem quer levar a gente para sempre em seu coração. Obrigada pela sua amizade e obrigada por ser sempre presente, fazendo de todo o possível.

Você é esse alguém com quem a gente pode conversar o dia todo e não se cansa; que, ao relembrar as histórias, conseguimos rir de todos os momentos que passamos, de todos os micos que pagamos – nós nos divertimos ao relembrar cada momento. Você é aquela pessoa que a gente sabe: podemos contar a qualquer hora e iremos, para sempre, levar em nosso coração.

E, em tempos de amores líquidos, de amizades por interesses, é muito nobre e bonito ter uma amizade assim, é muito bom saber que, mesmo com a correria do dia a dia, alguém tira um tempo para ouvir, alguém torce por você e deseja o seu bem. Como é bom ter alguém em que podemos nos amparar nos dias ruins e contar como foi a semana, se fracassada ou cheia de conquistas.

A você, meu amigo(a) irmão(a), quero que saiba que, mesmo a gente não sabendo demonstrar às vezes o que sente, eu sou muito grata e feliz por ter alguém como você para chamar de amigo. Saiba que, no meu coração, você é um irmão(a). A amizade é mesmo um amor que nunca morre e, mesmo estando do outro lado do mundo, não deixamos de torcer, não deixamos de querer bem, não deixamos de amar.

Algumas pessoas irão gostar de nós somente enquanto puderem nos usar

Algumas pessoas irão gostar de nós somente enquanto puderem nos usar

Imagem de capa: IVANCHINA ANNA

Infelizmente, para muitos, vale muito mais uma companhia que possua carro zero, que frequente locais descolados, que conheça a nata da sociedade, do que alguém que ofereça amizade sincera e afetividade incondicional.

Quanto mais os dias passam, mais teremos que nos fortalecer para poder enfrentar o tanto de dissabores que se acumularão, por conta do que não dará certo, assim como em razão de gente que trará decepção. Não poderemos ter a certeza de que o outro estará ao nosso lado com verdade, porque, infelizmente, uma ou outra hora, alguém que muito amamos irá nos desapontar – e isso dói.

Hoje, valoriza-se excessivamente o tanto que se compra e se gasta, o quanto se é popular e conhecido, ou seja, quais benefícios o outro tem a oferecer. Vale muito mais uma companhia que possua carro zero, que frequente locais descolados, que conheça a nata da sociedade, do que alguém que ofereça amizade sincera e afetividade incondicional. Nesse contexto, em sua grande maioria, a lealdade caminha até onde os benefícios materiais possam alcançar.

Por isso é que se tornaram comuns casamentos por conveniência, amizades interesseiras, favores escusos, rareando, pouco a pouco, relacionamentos duradouros e fortalecidos em amor real e recíproco. A muitos, não há razão alguma em manter por perto pessoas que nada oferecem em termos materiais, que não são conhecidas, que nada mais são do que aquilo que possuem dentro de si. Simplesmente porque pessoas fúteis não conseguem enxergar nada além das aparências.

Infelizmente, demoramos a perceber quem se aproxima por mero interesse, visando tão somente a se aproveitar do que possamos ofertar – nossa carona, algumas roupas emprestadas, um lugar confortável onde passar algumas horas -, nem se importando com o que temos para ensinar, com o que temos para doar em termos afetivos. E serão essas pessoas que nos deixarão na mão quando mais precisarmos, indo embora assim que as benesses terminarem.

Na verdade, não deveremos nos importar demais com as decepções que teremos com essas pessoas, sabendo que não estaremos perdendo nada quando nos virmos sem a companhia delas. É como se a vida se encarregasse, por si mesma, a nos livrar de quem se encostou sem verdade. Estarmos tranquilos com nossa consciência, enquanto oferecemos muito além de itens compráveis a quem chega junto, acabará por nos tornar a cada dia mais felizes, pois somente ficará conosco quem vem para somar, compartilhar, dividir e amar sem falsidade.

Se Bukowski fosse seu conselheiro, acredite, você não sofreria por amor

Se Bukowski fosse seu conselheiro, acredite, você não sofreria por amor

Bukowski está na moda. Primeiro os internautas compartilharam fragmentos de Clarice Lispector, depois de Caio Fernando Abreu, agora é a vez de Bukowski.

O problema é que, metade dos que compartilham as frases de efeito do escritor, nunca ouviram falar dele e, pior, nunca leram nenhuma de suas obras.

Sejamos realistas: Charles Bukowski não é autor para qualquer leitor. Seletivo, audacioso e sem pudor, o escritor transformava em textos palavras que, nem sempre, deveriam ser ditas.

Longe (longe mesmo) de ser romântico, o Velho Safado (alcunha de Bukowski) tinha uma visão distorcida e fria do amor e, considerava uma grande “perda de tempo” sofrer por qualquer sentimento que fosse, já que para ele, todos eram passageiros: “O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz a gente se sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece.” (Charles Bukowski, Numa Fria, 1983).

A verdade é que sua obra, de caráter inicialmente obsceno e estilo totalmente coloquial , talvez pela vida que levava (o escritor nunca fez questão de esconder que seus trabalhos eram, na maioria das vezes, autobiográficos), apresentava descrições de porres, relacionamentos superficiais e uma aversão ao mundo constante.

Polêmico e famoso (um dos escritores mais conhecidos nos EUA), Bukowski teve mais de 50 obras publicadas, além de ter muitos de seus poemas adaptados para o cinema e estarem presentes em álbuns de diversas bandas como: Red Hot Chilli Peppers, Anthrax, Apollo 440 e Bad Rádio).

O escritor não via problema na solidão e acreditava que sofrer por estar só era loucura: “Existem coisas piores do que ser sozinho, mas a maioria das vezes isso leva décadas para se perceber e a maioria das vezes quando você percebe é tarde demais e não há nada pior do que tarde demais.” (Charles Bukowski, War all the time, 1984).

De estilo agressivo e inconformado com o mundo, possuía uma forma descuidada com a escrita: “A beleza não existe, especialmente num rosto humano – ali está apenas o que chamamos fisionomia. Tudo é um imaginado, matemático, um conjunto de traços. Por exemplo, se o nariz não sobressai muito, se as costas estão bem, se as orelhas não são demasiadamente grandes, se o cabelo não é muito comprido. Esse é um olhar generalizante. A verdadeira beleza vem da personalidade e nada tem a ver com a forma das sobrancelhas. Me falam de mulheres que são lindas… Quando as vejo, é como olhar um prato de sopa.”

Há quem diga que o escritor construiu em suas obras um muro de defesa da própria personalidade, ou seja, fazia papel de agressivo para esconder a fragilidade emocional em que vivia. Definições essas que morreram com o escritor em 1994.

Bukowski nunca foi visto como bom moço e, embora tenha seus defensores e amantes da literatura até hoje, o próprio escritor se definia como um anti-herói: “Como qualquer um pode lhe dizer, não sou um homem muito bom. Não sei que palavra usar para me definir. Sempre admirei o vilão, o fora-da-lei, o filho-da-puta. Não gosto dos garotos bem barbeados, com gravatas e bons empregos. Gosto dos homens desesperados, homens com dentes rotos e mentes arruinadas e caminhos perdidos. São os que me interessam. Sempre cheios de surpresas e explosões. Também gosto de mulheres vis, cadelas bêbadas que não param de reclamar, que usam meias-calças grandes demais e maquiagens borradas. Estou mais interessado em pervertidos do que em santos. Posso relaxar com os imprestáveis, porque sou um imprestável. Não gosto de leis, morais, religiões, regras. Não gosto de ser moldado pela sociedade”.

Críticas e elogios a parte, as obras do escritor merecem ser lidas. Afinal, não é qualquer autor que traz para a literatura seus conhecimentos empíricos.

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