Me apaixonar não é difícil, juro. Mas amar? Por enquanto, deixa pra lá

Me apaixonar não é difícil, juro. Mas amar? Por enquanto, deixa pra lá

Imagem de capa: Nejron Photo, Shutterstock

Até sinto falta do amor. De ter o corpo inundado por esse prazer constante e não efêmero, cheio de presentes bem-vindos. O único problema é que, ultimamente, tenho acenado para o lado contrário. Tenho umas paixões aqui e ali, não sinto vergonha de assumi-las. Isso nem é uma grande dificuldade, no momento. Mas amar? Por enquanto, deixa pra lá.

Talvez você não acredite, mas eu me esforço para ser diferente. Perdi sei lá quantas noites pensando, amanhã será um novo dia. Não foi. Amores chegaram e não ficaram mais do que alguns meses. Alguns eram legais, confesso. Acontece que estava mentindo para a pessoa errada. Sim, eu sei que é clichê, mas o problema não era eles. Sendo justa, eu sou o paradoxo do amor. Minha autoestima não está baixa, não se preocupe. Também não resolvi chorar pitangas e declamar um vitimismo amoroso. No fundo, desconfio que é só cansaço.

Ando exausta de amar, sabe? Foram tantas tentativas, tantos recomeços e, no fim, o que sobrou? A minha desenvoltura entrelaçada nos lençóis, sozinha, em sextas e sábados. Eu, meias velhas, um punhado de filmes e várias desculpas para os convites recebidos. Agora, você deve estar pensando que sofro de um caso sério de pé na bunda. Olha, antes fosse. Faz até bem levar um, algumas vezes. Mas, novamente, não é o x da questão.

A grande problemática aqui, de verdade, é que já não sinto muita coisa. Já não lembro da última vez que sequer, disse ter amado. Não decidi colocar uma proteção impenetrável contra o amor, mas reconheço que algo me impede de seguir. Se desapegos, ausências ou algo mais, não sei dizer. O que posso dizer é que faz um bom tempo desde aquele comichão no estômago. E não pense você sobre essas coisas serem controladas, medidas. Quisera eu terem sido. Assim, poderia chegar e destrancar tudo para sentir de novo. Mas também não é nada parecido, droga.

Enfim, vou indo. Desculpe não poder ficar mais e conversar. Queria permanecer, mas estão me chamando para um café. Sim, até pensei em lançar mais uma desculpa mas, dessa vez, tenho certeza que será diferente. Ou não, vai saber? Enquanto isso, faço juras durante alguns encontros. De repente, a sorte do amor aparece na hora marcada, sem atrasos.

Eu me casei com minha 1a. namorada e aproveitei a vida, sim!

Eu me casei com minha 1a. namorada e aproveitei a vida, sim!

Divertir-se pode muito bem significar ir a festas acompanhado, ir ao cinema apaixonado, passar uma noite de sábado namorando, assistindo a seriados junto a quem ama. Não há divertimento mais certo, aliás, do que sentir-se amado de verdade, do que amor correspondido, amor recíproco.

Inúmeras vezes, quando conto a alguém que sou casado com a minha primeira namorada, ouço que não devo ter aproveitado a vida. Ou seja, penso que um grande número de pessoas acha que, para que a juventude seja aproveitada, é preciso pular de uma boca a outra, de uma cama a outra, como se quantidade equivalesse a qualidade. E isso me entristece.

Ao mesmo tempo em que ouço ser a variedade de experiências um aspecto primordial da vida de qualquer um, há muitos reclamando da infidelidade que permeia os relacionamentos, do aspecto descartável conferido a sentimentos que deveriam, pelo contrário, ser duráveis. Afinal, o que se quer: variedade e quantidade ou fidelidade e exclusividade? Porque, como se vê, há muita contradição envolvendo essa questão.

Há muita romantização em torno do descompromisso, como que se pudéssemos preencher vazios afetivos de quaisquer ordem, quanto mais diversidade e variação de parceiros tivéssemos em menos tempo. Isso porque se costuma desatrelar a diversão de tudo o que requer comprometimento e responsabilidade, ou seja, o que provoca riso não pode ser tido como algo sério e responsável. Por essa razão é que tanta gente confunde bom humor com imaturidade ou irresponsabilidade.

Portanto, sendo possível agregar responsabilidade com diversão, torna-se possível, também, haver comprometimento afetivo e aproveitamento de vida. Divertir-se pode muito bem significar ir a festas acompanhado, ir ao cinema apaixonado, passar uma noite de sábado namorando, assistindo a seriados junto a quem ama. Não há divertimento mais certo, aliás, do que sentir-se amado de verdade, do que amor correspondido, amor recíproco.

Eu até posso ter perdido algumas festas e sei lá mais o quê, mas jamais me arrependerei de ter optado pela mulher com quem eu queria passar o resto da vida junto, de ter crescido e amadurecido ao lado de quem sempre torceu por mim, de ter batalhado a vida toda para que pudéssemos construir um lar onde nossa família repousaria a cada dia, sob calmarias e tempestades. Eu me casei com minha primeira namorada e aproveitei a vida, sim, porque desfrutamos das dores e dos prazeres de um relacionamento forte, de mãos dadas. Isso nos tornou cada vez mais próximos e unidos. Assim como deve ser.

Servidão Moderna: Escravidão e Alienação no Mundo do Trabalho

Servidão Moderna: Escravidão e Alienação no Mundo do Trabalho

Imagem de capa: yuttana Contributor Studio/shutterstock

“Mas o costume, que sobre nós exerce um poder considerável, tem uma grande força de nos ensinar a servir e a engolir tudo até que deixamos de sentir o amargor do veneno da servidão.”

— Discurso da Servidão Voluntária, Étienne de La Boétie.

Quando chegamos a momentos complicados dentro da história, muitas vezes é necessário olhar para trás para tentar compreender o que ocorre no presente, dado que a história nunca é algo pronto, mas algo que vai sendo construído a partir das inter-relações temporais.

Desse modo, ao analisar a situação do trabalho no mundo antigo, podemos traçar paralelos importantes que nos ajudam a melhor entender o que ocorre na contemporaneidade.

No mundo antigo, mais precisamente, no mundo greco-romano, o trabalho não possuía as mesmas condições e status que possui hoje, em um mundo industrial (ou pós-industrial). Enquanto na nossa sociedade podemos dizer que o homem se faz no trabalho, nas sociedades supracitadas esse processo se dava de forma diametralmente oposta, uma vez que a realização do homem enquanto ser estava ligada à sua esfera de liberdade e, por conseguinte, ociosidade.

Em outras palavras, o exercício da intelectualidade, das virtudes, do raciocínio e da cidadania estavam dissociadas completamente do trabalho, de tal maneira que para que uma parte pudesse gozar da sua “humanidade” nas cidades, outros tantos tinham que trabalhar, sobretudo, no campo.

Posto isso, percebemos que há um distanciamento enorme entre o exercício do trabalho e a esfera da liberdade, que é elemento imprescindível para que o homem possa gozar da sua condição humana.

Como nos diz o historiador Perry Anderson: “O divórcio entre o trabalho material e a esfera da liberdade era tão rigorosa que os gregos não tinham uma palavra em sua língua nem mesmo para expressar o conceito de trabalho, tanto como conduta pessoal, quanto como função social. O trabalho na agricultura e o trabalho artesanal eram supostas ‘adaptações’ à natureza, e não transformações dela; eram formas de serviço”. Os próprios filósofos da antiguidade, como Platão, viam o trabalho como algo alheio a qualquer valor humano.

O trabalho, assim, era visto como algo fora da essência humana, de modo que aqueles que trabalhavam (em larga medida, escravos) não precisam (ou não tinham) condições de participar e decidir sobre os destinos da polis, isto é, por meio do uso da cidadania.

É evidente que cada pensador é pensador no seu tempo, e cada construção social é uma construção social no seu tempo, entretanto, não se trata de fazer uma análise dessa conjuntura com olhos de um homem do século XXI, já que procedendo dessa maneira cairíamos em um anacronismo. Trata-se, então, de perceber o modo como historicamente o valor do trabalho e do trabalhador, manual, acima de tudo, foi construído.

A partir do momento em que se cria uma divergência inconciliável entre o trabalho e a liberdade, afasta-se por consequência a possibilidade do exercício do pensamento crítico, do questionamento e da cidadania. Essa divergência se dá porque, de fato, faz-se necessário certa “ociosidade” para que o indivíduo possua tempo hábil para refletir sobre necessidades da vida não associadas à sua manutenção orgânica, por assim dizer.

No entanto, o que se observa contemporaneamente é um processo em que existe cada vez menos tempo para que deliberações livres sobre a vida possam ser tomadas. Isto é, para que possa haver reflexão sobre as ações que se pratica ou se pretende praticar, e não somente a mera repetição automática e robótica de ações destituídas de qualquer crítica e capacidade reflexiva. Sendo assim, ao mesmo tempo em que o trabalho se tornou condição humana, houve também uma diminuição na esfera da liberdade e todas as consequências imediatas já levantadas no texto.

A partir disso, pode-se concluir, então, que os gregos estavam certos e que o trabalho e a liberdade são como água e óleo? Bom, acenar afirmativamente para essa problemática, apesar de tentadora, incorreria em uma aceitação e subserviência completa a uma organização social que se daria entre uma maioria esmagadora que trabalha e está com o seu pensamento alienado às normas impostas por uma minoria destinada a “tão somente pensar” e “coordenar a sociedade”.

Para os mais atentos, essa realidade que ocorreria ao findar para o lado afirmativo da questão não se restringe ao passado, tampouco, é obra de ficção. Ela é a nossa própria realidade e é por isso que essa ponte histórica é importante.

Ao estabelecer um regime de trabalho (em sentido amplo) extremamente mecanicista e uma relação com o tempo marcada pela fugacidade, o modelo social burguês ou industrial procurou afastar o trabalhador de condições próprias para que o exercício da sua individualidade, intelectualidade e cidadania pudessem ser exercidos.

Dessa forma, continuamos com um pensamento segregacionista em relação ao homem na sua vida social, sendo que, nesta quadra da história, a situação é ainda mais desumana e contraditória, posto que vivemos em um Estado Democrático de Direito (teoricamente) e, assim, todos os indivíduos deveriam receber condições de exercer a sua parcela de contribuição social, de forma ativa e crítica, fazendo jus à ideia de soberania popular.

Contrariamente, o que observamos é o estabelecimento cada vez maior de processos técnicos que ao invés de auxiliar o trabalhador, tornam este mais alienado ao tempo da máquina, leia-se, a todas as estruturas temporais do mundo industrial. Assim sendo, é preciso que nos compreendamos enquanto trabalhadores dentro desse modus operandi, não para ser uma peça “útil” dentro da engrenagem, e sim, como peça que consegue enxergar que a sua “utilidade” se restringe ao benefício de poucos que gozam do status de líderes sociais.

Como todo sistema bem montado, é óbvio que promover mudanças significativas são difíceis, até porque isso dependeria de uma vontade e esforço mútuos, o que se sabe que é tão difícil quanto a própria mudança. Todavia, se acreditamos que todo homem é capaz de pensar e agir livremente, então, não há outro caminho para a mudança que não seja o do incentivo à autorreflexão, analisando a história como um processo de continuísmos e rupturas, que em todas as épocas tiveram o povo como pano de fundo. É chegada a hora, portanto, de sair de trás das cortinas e adentrar ao centro do palco.

O trabalho colocado em sentido amplo no texto refere-se a todas as ações que dispomos para o seu exercício, como formação técnica e/ou acadêmica, aperfeiçoamentos, além das atividades que fazemos fora do trabalho, mas que se relacionam com o seu exercício e permanência no mesmo. Dessa maneira, o tempo do trabalho acaba sendo muito superior ao que aparece nas leis e/ou nos contratos de trabalho.

Cumprimente a todos, confie em poucos e não dependa de ninguém

Cumprimente a todos, confie em poucos e não dependa de ninguém

Ser gentil não custa nada e só nos traz benefícios. Sorrir com verdade pode até ajudar quem menos esperamos, pois há sempre alguém procurando por alguma luz em seu dia. Nem imaginamos o quanto de alento um simples “bom dia” pode trazer a quem passa por escuridões dolorosas. Por outro lado, é muito desagradável deparar-se com uma cara amarrada já às sete horas da manhã, com pessoas deseducadas, mal humoradas e ríspidas, afinal, ninguém tem culpa da nossa briga com o mundo.

Quem de nós nunca foi completamente ignorado ao passar rente a um colega, a um conhecido, a alguém que já conversou conosco, já passou um tempo na nossa companhia e, portanto, já sabe o nosso nome? Não dá para entender por que certas pessoas fingem que não conhecem os outros, se é insegurança, medo sabe-se lá de quê, problema de visão, distração excessiva, ou pura e simplesmente soberba gratuita mesmo. Sentem-se superiores ou inferiores, afinal? Vai entender…

É perfeitamente possível sermos educados e atenciosos com quem quer que seja, sem que precisemos aprofundar intimidade com quem não simpatizemos. Aliás, não conseguiremos ter afinidade com todo mundo à nossa volta e isso não quer dizer que só deveremos nos dirigir tão somente àqueles de quem gostamos. Cumprimentar uma pessoa, trabalhar no mesmo ambiente ou sentar à mesa de amigos em que ela está não nos obriga a manter fortes laços com ela.

Na verdade, conheceremos muita gente, porém, confiaremos em pouquíssimas pessoas, porque o que temos de tão nosso jamais poderá ser entregue a qualquer um, sem ressalvas. Muitos aguardam qualquer chance de derrubar quem quer que seja, através de fofocas maldosas principalmente. Termos a segurança de dividir nossa vida com as pessoas certas nos poupará de inúmeros dissabores e decepções. E esses poucos sempre valerão a pena.

Fato é que não devemos depender muito das pessoas, para podermos seguir nossas vidas sem pendências excessivas, uma vez que os outros, muitas vezes, não correspondem às expectativas que costumamos lhes imputar. Nem sempre as pessoas agirão conforme o que esperávamos, tampouco terão atitudes iguais às nossas. Cada pessoa possui o seu próprio coração e nele guarda aquilo que quiser – ninguém manda nos sentimentos alheios.

Melhor tentar não depender de ninguém, nem contar muito com os outros, afinal, quanto mais depositarmos nossa felicidade fora de nós, mais distante ela se torna. Quando contamos com nós mesmos, então mantemos as chances de ser feliz aqui dentro, que é onde a felicidade deverá sempre permanecer.

***

Imagem de capa: Archv/shutterstock

O que falta na gente não é afeto, mas entrega.

O que falta na gente não é afeto, mas entrega.

Infelizmente, o que está faltando na gente não é distribuir proximidades. Até tentamos ser mais gentis, carinhosos e receptivos com quem chega mais perto, mas não tarda muito para que retiremos o time de campo. Não sei quando foi que passamos a economizar mais de nós, mas seria tão bom se a gente entregasse mais do que pedimos em troca.

Evitamos muito e somos pouco, esse é o problema. Cadê o sentir de perto, sem armaduras, qualquer coisa que outro tenha para demonstrar de bom? Não é só saber aproveitar o cafuné, as mãos dadas e os momentos divididos em dias alegres. É, com o pacote completo, entender dos problemas, tristezas e ansiedades de quem se gosta. É passar mais tempo querendo estar e não fugir. Não é fraqueza assumir que precisa e, certamente, não é covardia desejar novas permissões.

Afetos são pontes emocionais criadas com a intenção nos tornarem mais humanos. Mas somente quando os entregamos, por amor próprio, é que enxergamos o especial, o diferente.

Chega de termos medo. Chega de acolhermos distâncias em vez de encurtá-las. O que falta na gente é viver no presente. A vida é tão mais bonita quando entregamos inteiros do nosso amor. Quem sabe assim, afetos deixem de ser apenas palavras e entregas não terminem guardadas num canto solitário, esperando alguém a chamar por ela.

Imagem de capa: Antes do Pôr do Sol (2004) – Dir. Richard Linklater

“A transferência é inevitável. Todo ser humano causa impacto nos outros”

“A transferência é inevitável. Todo ser humano causa impacto nos outros”

Imagem de capa: Archv/shutterstock

Sempre tive certa resistência quanto a tratamentos dentários. Dentistas, para mim, sempre foram sinônimo de dor e sofrimento.

Minhas experiências com dentistas – que dizem respeito à minha infância até 9/10 anos – remetiam à aflição e insensibilidade por parte de quem me atendia. Essa percepção mudou quando conheci minha atual dentista. Com ela, é diferente.

Começando pela sala de espera, em que normalmente reina aquele silêncio ansioso, lá a música está sempre rolando. De MPB a pop internacional dos anos 90, da bossa nova aos clássicos do rock. Hora ou outra, você inevitavelmente esquece o que lhe espera. A criançada tem acesso a brinquedos e a um bom acervo de histórias em quadrinhos (esse é um detalhe importante).

Parênteses: lembro-me bem de, ainda pequena, ler, no consultório dessa dentista, um quadrinho da Turma da Mônica (que levo comigo até hoje), em que alguém, irritado com uma situação pela qual tinha passado, descontava sua raiva em um outro alguém, que, por sua vez, maltratava outro personagem, e assim por diante. Ao final da história, alguém quebrava a corrente de Frustração-Agressão, que parece uma analogia à teoria de psicólogos americanos (Dollard, Dood e Miller), assim nomeada. A teoria inicial dos três pesquisadores é simples. Temos uma tendência a reagir agressivamente a situações que nos frustram, descontando, normalmente, essa raiva em outra pessoa.

Deixemos as teorias de lado e voltemos ao consultório. Música, quadrinhos, brinquedos, nada disso me acalmaria, se minha dentista não me tratasse bem. Sua calma, sensibilidade, bom humor e preocupação com as possíveis dores que seus clientes venham a sentir, fazem com que a consulta dentária deixe de ser o pesadelo que comumente é.

Agora, façamos a ponte e complementemos a teoria de Dollard: do mesmo jeito que raiva e frustração podem originar a agressividade, por exemplo, a calma e a sensibilidade são potenciais geradoras de tranquilidade e confiança. Vou além, recorrendo à citação do filme sobre a vida de Patch Adams – médico famoso nos Estados Unidos por seus métodos nada ortodoxos: “A transferência é inevitável. Todo ser humano causa impacto nos outros.”.

Aqui para nós, a forma como tratamos e nos relacionamos com as pessoas ao nosso redor tem influência direta sobre seus sentimentos e emoções. A falta de empatia ou o mau humor de um profissional, às vezes, vai longe em uma corrente dessas, como no quadrinho da Mônica.

Por outro lado, a calma, a humanidade, a tranquilidade, como no exemplo de minha odontóloga, também são “transferíveis”, “espalháveis” e podem, inclusive, neutralizar ou diminuir medos e ansiedades.

Então, diga-me: que correntes você tem quebrado? Que tipo de sentimento você tem espalhado? Para que tipo de ciclo você tem contribuído?

A dor é passageira. Desistir é para sempre!

A dor é passageira. Desistir é para sempre!

Tem dias que o peito aperta. A alma parece grande demais para um corpo que não é capaz de contê-la. Os olhos ardem porque a vida vem e nos confronta com novas perguntas, para as quais não temos nenhuma resposta.

Tem dia que viver dói um bocado. Os desafios parecem maiores que nossas pernas dão conta de seguir, mais pesados que nossos braços dão conta de segurar.

Tem dia que parece que nunca mais vai acabar. Parece que estamos vivendo um ano inteiro em vinte e quatro horas. Parece que acabamos inscritos por acidente numa gincana diabólica qualquer no melhor estilo “Hunger Games”.

Tem dia que é teste de paciência. Maratona no deserto. Frio sem fogo nem cobertor.

Dias difíceis! Quem é que não tem?

Alguns deles, inclusive, parecem vir encadeados numa sequência aparentemente infinita de desafios à nossa resiliência e persistência.

Alguns deles vêm cheios de experiências de perda, frustração e dor.

No entanto, esses dias, assim como aqueles outros raros opostos em que o mundo parece estar cem por cento do nosso lado, esses dias também acabam.

A dor é temporária, é circunstancial, e muitas vezes, necessária. A dor é a linguagem do corpo, físico e psíquico, que nos alerta sobre o perigo, que nos avisa sobre algo que não deveria estar nesse lugar.

Bendita dor que nos tira o chão. Porque a partir dela, levamos uma chacoalhada da vida e entramos outra vez em sintonia com o movimento do universo.

Agradeçamos cada uma das nossas dores. Mestras do aprendizado na nossa jornada aqui na Terra.

Que a dor cumpra o seu papel e que sejamos capazes de ouvir, refletir, aprender a lição e persistir. Porque a dor é passageira. Mas desistir é para sempre!

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Joy”.

Esbarrar em alguém que te machucou, não é motivo para você desistir do amor

Esbarrar em alguém que te machucou, não é motivo para você desistir do amor

Imagem de capa: eldar nurkovic/shutterstock

Só agora, depois de muito tempo e uma coleção de descasos, é que caiu a ficha. Finalmente, você percebeu que aquele amor tão idealizado só existia na sua cabeça. Hoje você deita sozinha no escuro e fica procurando respostas que expliquem o trágico desfecho.

A questão é que, você amou intensamente, estava repleta de sonhos para o futuro, mas esqueceu de olhar para o lado e se dar conta que era uma empreitada solitária. Vazia de sentidos e sem reciprocidade. A sua alegria nunca foi a dele. Quantas vezes você chegou animada para contar sobre as suas conquistas e sequer recebeu um abraço? Muitas, eu sei. Recebeu apenas um aceno de longe, um sopro gelado no meio da fogueira dos seus sonhos incríveis.

Você deve estar se perguntando onde esteve o tempo inteiro que não percebeu antes. Vou dizer… você esteve do outro lado da história, vivendo uma vida que não era sua, justificando o desinteresse dele como cansaço temporário. Tantas vezes ele recuou, sinalizou que não queria ir além, que era só algo superficial e passageiro. Pediu até para que você desistisse, mas você disse que o faria mudar de ideia a qualquer custo. Disse que o transformaria, o curaria da frieza de ser distante e apático.

Eu sei que dói tentar remendar a alma que foi dilacerada tantas vezes no mesmo lugar. Dói mais ainda saber que, às vezes, colocamos a responsabilidade da cicatrização nas mãos de quem vai ferir novamente.

Reparo bem nos seus olhos, enquanto você me diz que quer passar a vida a limpo e esquecer. Veja bem, esse é só um trecho do percurso, a sua vida não se resume a esse fato. Provavelmente, agora seja difícil compreender. As coisas ainda estão nubladas, há um misto de mágoa e amor no seu olhar.

Impossível não reparar nos seus belos e esperançosos olhos. Tão límpidos. Externam uma pureza tão digna de ser apreciada por almas de semelhante tessitura. Algumas pessoas não sabem enxergar por dentro. Não conseguem sentir a verdade do outro porque estão mais preocupadas em acreditar nas próprias mentiras. Mas não fique tão ferida a ponto de se isolar do mundo e duvidar do amor.

O mundo precisa desse seu sorriso, da sua mania de colorir tudo que toca. Que a solidão de agora seja apenas uma pausa. Breve pausa para compreender que a vida, às vezes, parece nos castigar retirando algo que amamos, quando na verdade, está nos abençoando com a possibilidade de um encontro verdadeiro.

Você não é o que pensa

Você não é o que pensa

Imagem de capa: Ditty_about_summer/shutterstock

As fatias do tempo, as semanas, os meses, os anos, sugerem que sempre é tempo de encerrar um ciclo e recomeçar o outro. Contudo, nem sempre ganhamos a consciência do novo, porque fazemos tudo igual ao ciclo anterior.

Ninguém pode pretender trocar de casa, de trabalho, de carro, de rotina, a cada semana. Somos prisioneiros de uma toada repetitiva, e seguimos em frente, ao ritmo do que a vida nos impôs.

Então o que fazer com o novo, se o velho nos aprisiona em obrigações e contratos? Em primeiro lugar, podemos ganhar a visão da eternidade que nos permeia.

Sentimos que somos matéria, pensamo-nos quase fixos na massa, porque ocupamos o mesmo lugar em nosso circuito de obrigações, mas o éter, esse imenso espaço vazio carregado pela energia que vive dentro e fora de nós, está em permanente conexão com o Universo.

Ele viaja o tempo todo e faz constantes interações com a Mente Universal. Se tivéssemos consciência disso, não haveria dois dias iguais. E por que não temos? Porque vivemos extremamente situados no nível consciente.

A nível consciente só a inteligência funciona e ela nos diz onde estamos, e o lugar que ocupamos no mundo da matéria. Mas o inconsciente, não. O inconsciente acompanha a evolução do corpo etérico, cuja interação se faz através do espírito.

Porque o mundo ignora a existência do espírito, os seres humanos vivem mais ou menos como o cachorro, que sabe a hora certa que o dono o levará para passear, e espera por ela, sem a mínima possibilidade de mudar o horário, o percurso, e o itinerário.

Quantos mundos nos rodeiam? Milhões deles. Não apenas no universo físico mas também no campo etérico. Cada pessoa é um mundo. Cada vida é única, mas é também Universal.

Enquanto vivermos isolados nas nossas caixinhas regidas pelo cérebro, pensando que somos o que pensamos, deixamos de viver o que realmente podemos ser, se tão somente ampliássemos a percepção inconsciente.

E de que jeito faremos isso? Treinando a observação.

Podemos começar por esta: não somos o nosso pensamento. O pensamento é apenas uma das funções que aprendemos a executar. A mais fácil delas. A mais simples. A mais “macaca” porque pula de galho em galho e não se fixa em nada.

Somos o observador.

Observe o seu pensamento. Veja como ele te trai e te leva a pensar banalidades e fofocas que nada têm a ver com a sua vida. Ou te cerceia fornecendo crenças limitantes que não te deixam ampliar os horizontes.

Treine o pensamento para ficar debaixo da sua observação. Desenvolva um senso crítico anterior ao processo de pensar. Ordene ao pensamento que se cale e você verá o quanto ele se rebela e exibe o comportamento do macaco.

Só isso já será um excelente começo para situar os equívocos que a nossa mente nos prega, fazendo-nos pensar que somos a mente, quando na verdade, somos muito mais do que ela.

O treino começa com aquecimento.

Aqueça o seu coração sabendo que você não é a sua mente, e portanto, você não é o que pensa, diz, e faz. Você não é nem mesmo a emoção que sente. Se você fosse, não se arrependeria nunca dos seus pensamentos, palavras, obras e sentimentos.

Você é muito maior do que o seu pensamento que é a sede do intelecto, onde se processam as suas emoções. Apenas não sabe disso porque o seu Universo fica reduzido ao tamanho da sua Consciência. Que por sua vez, só está consciente dessa vida automática que as circunstâncias criaram.

Comece a expandir a sua Consciência observando o seu pensamento.

Afaste-se dois passos e assuma o lugar do observador. Permita-se duvidar do seu pensamento. Ouse discordar do que ele diz. Realize uma crítica interna e depois, deixe-o ir. Não discuta com ele. Não perca a serenidade. Apenas o observe.

Só isso já fará uma grande diferença.

O observador em você fará o seu pensamento ficar “sem jeito” como um menino envergonhado. E a partir dai, o campo energético terá espaço para introduzir o novo em sua vida.

Não me pensem esotérica. Sou e não sou. Leio bastante, penso ter aprendido o que li, mas muitas vezes não consigo praticar o que compreendi com o meu intelecto.

Todo conhecimento que SÓ chega na mente não produz transformação. Para haver transformação é preciso substantificar o conhecimento e transforma-lo em experiência.

No meu esoterismo ainda pouco substantificado vive uma alma que acredita em Deus como um Espírito Universal maior do que todas as religiões e maior do que toda a teologia que tenta explica-lo.

Creio em Deus. Mas também creio naquele que não crê. Porque acredito que aquele que não crê, também contém em si a divina semente que, no seu devido tempo e mundo, irá florescer.

Somos peregrinos em jornada. Compete-nos aprender, não apenas com o exercício intelectual consciente, mas também com as surpresas que o Universo nos oferece a cada dia.

A maioria de nós só aprende com a mente. Só equaciona com a mente. Só resolve com a mente. Isso não nos transforma. O grande desafio é aprender com a observação e a substantificação que realmente transformam.

Fracassos vitoriosos

Fracassos vitoriosos

Imagem de capa: JrCasas/shutterstock

Todo fracasso é doloroso. Fracassar põe em marcha o motor da baixa autoestima. Provoca a constatação: “Não fui capaz de alcançar meu objetivo. Errei em algum momento do processo, comprometendo o resultado esperado por mim. Ou pelos outros”.

A gente entende que fracassar é verbo forte e incômodo de conjugar – apesar de gramaticalmente ser um verbo regular. No melhor dos mundos, mereceríamos a vitória como recompensa aos nossos esforços e dedicação.

Mas na vida real os fracassos fazem parte do currículo profissional e pessoal, mesmo que a gente os esconda na gaveta, no esquecimento, ou debaixo de uma pedra pesada em um terreno distante e baldio. Afinal, a narrativa de insucessos não encoraja ninguém.

À medida que amadurecemos – delicioso eufemismo para substituir à medida que envelhecemos – os fracassos vão formando uma lista, ou pilha indisfarçável a reclamar alguma reflexão. E é nessa fase de vida, que eles vão se contextualizando, ou seja, se tornam relativos.

Ao pôr as coisas em perspectiva, os fracassos revisados perdem o peso de eventos absolutos. Muitas vezes, o que na época pareceu perda total, hoje vemos como investimento involuntário para ganhos melhores. Batemos com o nariz naquela porta, mas ao darmos marcha a ré encontramos outra entrada mais interessante.

Lembro que ao fracassar como romancista, leia-se autora de sinfonias literárias, acabei me encontrando com a crônica – o mais curto e descontraído dos gêneros. Longe das grandes expectativas, minhas e dos outros, pude florescer uma voz narrativa própria.

Ter me tornado uma cronista trouxe e traz alegrias para o meu cotidiano. Adoro escrever sem hierarquia de assuntos, sem engessamentos de formas. Amo ser livre em frente ao retângulo branco do computador, lugarzinho querido para eu deixar meu recado.

Recado como o da crônica de hoje, em que tento dizer que fracassos não são tão poderosos e determinantes quanto cremos, ou quanto nos tentam fazer crer. Eles podem ser pistas para inesperadas decolagens. Pois, frustrado um desejo, malograda uma vontade, algo importante e surpreendente pode surgir. Ninguém nasce condenado a um único voo.

Repara nela

Repara nela

Ela ainda está do teu lado. É a mesma que te encantou com uma risada estupidamente sedutora. Veja bem. Ainda é ela, por trás das tarefas da vida.

Repara nela. Assim como a primeira vez. Teus braços ainda são abrigo, mas você se esqueceu disso. O tempo levou os anseios e endureceu as horas. As brincadeiras deixaram de caber no tempo de vocês.

Ei, repara em como ela respira enquanto dorme. Em como os cachos dos cabelos caem delicados sobre o rosto. Veja bem, você não viu, mas já existem no rosto delicado dela algumas rugas e alguns fios brancos já se escondem em meio a sua bonita cabeleira.

A ingenuidade foi guardada em alguma gaveta e lá ficou, bem dobrada para uma outra vida, mas você nem percebeu.

Repara nela. Seus ouvidos ainda anseiam as tuas palavras. Aquelas roucas e doces, capazes de animá-la mesmo diante das grandes dificuldades. As tuas palavras ainda cabem no ouvido dela, perfeitamente, mas você deixou-se calar.

Você esqueceu de tirá-la para dançar no dia do aniversário dela. Deixou de lado as datas bonitas que eram só de vocês. Resolveu balançar a cabeça enquanto ela te contava coisas que, para você, eram bobas. Você ignorou todas as palavras dela e assim, entre vocês, passou a reinar um silêncio tristonho e desconcertante.

Olha, ainda há tempo. Ela procura sempre novas razões para te amar. Ela quer de volta o homem pelo qual se apaixonou. Repara. Todo dia ela levanta determinada a te trazer pra perto. Todo dia ela busca te chamar de volta, mas você não lembra mais daquela sua melhor versão.

Veja bem. Ela te ama, mas tem amado por dois. Tem sonhado acordada com quem um dia você foi. Olha bem. Escuta com carinho as canções que ela ouve no rádio.

Repara nos lábios dela enquanto ela canta as músicas que marcaram a história de vocês. Ela te recita verdades como quem deixa pequenos pedaços de pão pelo caminho.

Ela, por vezes, sonha alto e deseja voltar no tempo para te lembrar bonito, assim como antes, mas você não escuta, você não fala, você não vê.

Olha bem, o amor não se faz sozinho e toda relação precisa de carinho. Enxerga com o coração e nota que ela nunca se sentiu tão só.

É hora. Volta agora. O tempo ainda não acabou.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

Declaração de escolha do caminho do amor

Declaração de escolha do caminho do amor

Imagem de capa: soft_light/shutterstock

Eu DECLARO, através do presente, estar consciente de que a minha missão maior – assim como a de todos os seres humanos nesse planeta – é reconhecer minha DIVINDADE, reconhecer o AMOR latente no meu ser, me lembrar que faço parte do TODO.

E, uma vez consciente disso, DECLARO escolher o caminho do AMOR – e não o da DOR – para ser trilhado na busca deste propósito.

Declaro estar disposta, com todo o meu coração, a vivenciar a completa RENDIÇÃO, a entregar-me aos planos divinos e a aprender tudo o que for necessário.

Declaro, com toda a força do meu ser, que não precisarei passar pela dor para compreender a minha NATUREZA DIVINA e reconhecer que sou PURA LUZ.

Declaro não desejar mais criar ESCURIDÃO na minha vida, ao negar ser DEUS.

Declaro estar verdadeiramente disposta a abandonar o caminho da NEGAÇÃO e do SOFRIMENTO, pois sei que DEUS é LUZ, e ser luz faz parte da minha natureza.

Declaro abrir mão, nesse instante, de toda e qualquer RESISTÊNCIA que ainda possa haver no meu ser, sendo o meu desejo maior SOLTAR, parar de lutar contra e ACEITAR a realidade de ser LUZ DIVINA.

Declaro, com amor, o firme propósito de me libertar de todos os NÃOS que existam na minha concepção de mundo e me abrir para todos os SINS necessários ao meu retorno do estado de UNIFICAÇÃO com Deus.

Declaro o desejo sincero de viver de uma forma mais SIMPLES, mais HARMONIOSA, mais ALEGRE e mais LEVE. Declaro que procurarei colocar AMOR em cada pensamento e em cada ato do meu dia.

Declaro aceitar a CURA de tudo o que não está alinhado com a PURA LUZ, para que nela imediatamente se transforme. Declaro ter plena e irrestrita CONFIANÇA em Vossos desígnios para mim e para o mundo.

Declaro me PERDOAR e perdoar a todos por tudo o que possa ter acontecido até o presente momento, nos LIBERTANDO de quaisquer amarras.

Enfim, declaro-me completamente AUTORESPONSÁVEL, a partir deste momento, pelo trilhar do caminho do aprendizado pelo AMOR, que inclui AUTOCONHECIMENTO para o reconhecimento das minhas NEGAÇÕES, compreensão acerca da CO-CRIAÇÃO da minha realidade e a necessidade de ter muito AMOR e COMPAIXÃO comigo mesma para poder, finalmente, vivenciar a minha DIVINDADE, a minha LUZ e a minha integração ao TODO.
Assim seja.

Eu não sei você, mas hoje sou mais leve. Da minha vida, amo eu.

Eu não sei você, mas hoje sou mais leve. Da minha vida, amo eu.

Imagem de capa: MakanaCreative, Shutterstock

Vou te contar, não virei zen e nem aprendi técnicas de relaxamento para a alma, ainda que sejam importantes. Também não passei a não me importar com as pessoas e com assuntos gerais. Nada disso. Simplesmente, deixei de me maltratar para encontrar paz. Mudei o meu comportamento, a minha rotina e os meus sentimentos. Eu não sei você, mas hoje sou mais leve. Da minha vida, amo eu. Sinto muito.

De uns tempos pra cá, aprendi muito a meu respeito. Uma delas foi a ter autoconhecimento. Foi reconhecer que, certos caminhos, não posso controlar. Mas mesmo nos dias pesados e nas reações imprevisíveis que a vida traz, tive força para manter a calma. Para seguir em frente, para não permitir que os males cotidianos impedissem o meu crescimento. Porque, bem lá no fundo, é isso o que importa. Se tudo é passageiro, então por que encarar de cabeça baixa os momentos que não tenho como perpetuar? Prefiro dedicar o que tenho de melhor para evoluir e aproveitar instantes e pessoas dispostas de generosidade e afetos sinceros. Quando entendi isso, tudo se tornou mais leve, palpável.

Não me irrito mais com facilidade. Tampouco cruzo os braços e espero, quem quer que seja, vir e fazer dos meus sorrisos motivos para invejas. Afastei-me de corações pequenos e de discursos prepotentes e injuriados. Finalmente, com muita sinceridade, cada parte do meu ser agora respira tranquilidade e liberdade. Faço aquilo que gosto, me relaciono com quem admiro e escolho presenças positivas. E nada disso é sorte, muito pelo contrário, é resiliência.

Vou te confessar, não estou dispensando sentimentos e nem fechando portas para o novo. A diferença é que hoje sei contemplar somas e desviar de solidões. Continuo sendo quem eu era, mas não do mesmo jeito. Aprendi sobre silêncios, brevidades e leveza. Sou mais amor do que ontem e não paro por aí. Da minha vida, quero mais. Pouco não me serve, desculpa.

Por um mundo onde não precisemos desbancar os outros para sermos melhores

Por um mundo onde não precisemos desbancar os outros para sermos melhores

Imagem de capa: Fred Ho/shutterstock

Já há algum tempo, esse nosso costume contemporâneo de competirmos por tudo tem me incomodado e me feito refletir.

Status e expressões como “campeão”, “ser o melhor”, “estar em primeiro” (e, consequentemente, fazer do outro perdedor), parecem estar em seu auge. Competir, porém, já não me é algo tão atrativo quanto antigamente.

A verdade é que, quanto mais entendemos os motivos (que se resumem facilmente ao capital),pelos quais valores como os da competição, do sucesso, da produtividade são tão aclamados na sociedade atual, mais ficamos com um pé atrás no que diz respeito a todo esse embate.

Mas, afinal, quais as consequências da internalização tão forte desses valores em nossa subjetividade? Individualismo e narcisismo exacerbados, confrontos de ego constantes.

Não sabemos nos relacionar, não sabemos trabalhar em grupo. Por outro lado, a insegurança reina. Baixa autoestima e sentimento de inferioridade se fazem presentes, principalmente entre aqueles que estão sempre entre os “perdedores”. Triste, não é?

Uma ideia antiga, porém muito válida: não há nada mais saudável que competir consigo mesmo. Não há nada mais motivador que a meta de superar um limite próprio. Não há nada mais prazeroso que superar a si. Não precisamos vencer ninguém para melhorarmos, para evoluirmos.

Buda, complementando tal pensamento, disse-nos que nosso maior inimigo é nossa própria mente. E não é ela mesma (a mente) que devemos moldar para evoluirmos (nos vencermos talvez), tanto em nível de corpo quanto em nível de pensamento?

Agora, alie essa ideia a valores como os do trabalho em grupo e respeito às individualidades de cada sujeito. O cenário a ser visualizado melhora significativamente, não é?

Eu sei, eu sei. Existem competições e competições. Saudáveis e não saudáveis. Mas a que critico aqui é a que o capitalismo nos impõe: desleal e prejudicial.

Desleal, por impor metas que nos são, muitas vezes, inatingíveis e prejudiciais, principalmente à nossa saúde mental, por nos fazer pensar que não somos bons o suficiente: na escola, no vestibular, no trabalho e em tantas outras esferas de nossas vidas.

O que nos resta é lutar para, aos poucos, mudar isso. “Ah, mas essa é uma característica imutável dentro de nossa sociedade.”

Ah, meu amigo, o que posso lhe dizer, por hora, é que nada é imutável e uma revolução pode se dar tranquilamente a partir da mudança de atitude de alguns poucos. É assim que algo se espalha.

INDICADOS