Esta mensagem é para ti, rapaz, que para tentares ganhar um sorriso da tua namorada, precisas de puxar da carteira. Esta mensagem é para ti, rapaz, que para tentares conquistar a mulher dos teus sonhos, a enches de objetos caros e fúteis. Esta mensagem é para ti, rapaz, que por preguiça de pensar em algo romântico e diferente, acabas por te socorrer da tua conta bancária recheada para encantar a tua miúda.
Rapaz, ela não quer objetos, quer momentos. Ela quer algo que fique para sempre no coração dela, não na estante do quarto. Ela quer algo que a faça viajar para outro lugar e não que a faça pensar no lugar onde o colocar. Ela quer-te a ti no mundo dela, não as tuas coisas. Não lhe dês o que qualquer um lhe pode dar, dá-lhe o que só tu lhe podes dar. Dá-lhe amor, dá-lhe confiança, dá-lhe carinho, dá-lhe conforto, faz-lhe uma surpresa! Sê simples, sê sincero, sê romântico, sê apaixonado, sê original!
Certamente já caíste na tentação de lhe oferecer um relógio. Mas nunca caíste na tentação de lhe dar um ramo de flores. Certamente já caíste na tentação de lhe dar uma pulseira da Pandora, ou uma peça para ela. Mas nunca caíste na tentação de lhe dares a tua companhia quando ela mais precisava. Certamente já caíste no ridículo (sim, já nem tentação é) de lhe dar dinheiro para ela comprar uma prenda para ela. Mas nunca caíste na tentação de a convidar a ver o pôr do sol contigo. Rapaz, ela não precisa de algo super elaborado, super caro, ou super qualquer coisa. Ela precisa de algo que seja feito especialmente para ela, com carinho, com amor e com toda a atenção do mundo. Ela precisa da tua mensagem de bom dia todas as manhãs; ela precisa de teu beijo de boa noite todas as noites. Coisas simples que nenhum objeto que lhe possas dar irá substituir.
Mas esta mensagem também é para ti, rapaz, que por não teres dinheiro, achas que
não consegues conquistar aquela rapariga que tanto desejas. Mas sabes uma coisa? Não precisas de ter dinheiro: precisas de ter amor e imaginação. Se não tens dinheiro para lhe dar uma prenda, escreve-lhe um poema. Dá o teu melhor! Não importa se usas as rimas mais fáceis e as palavras mais simples que sabes, mas fá-lo com intenção, fá-lo com carinho e amor. Se não tens dinheiro para a levar a jantar fora, faz tu mesmo o jantar. Talvez tenha um pouco de sal a menos, ou até fique um pouco queimado, mas ela vai saber que o fizeste com amor, que o fizeste por ela e que deste o teu melhor. Se não tens carro para a levar a passear, convida-a para verem as estrelas no teu jardim. Talvez até esteja um pouco de frio nessa noite e o teu cão se lembre de se juntar a vocês e quebrar o clima. Mas mais tarde até se vão rir dessa situação, e ela vai lembrá-la, essencialmente, com amor. Vai lembrar-se que sempre lhe deste o melhor de ti, vai lembrar-se que usavas a cabeça e o coração para compensar o que o teu bolso não tinha, vai lembrar-se que com pouco sempre fizeste muito. E vai lembrar-se porque ficou guardado no coração dela e não numa gaveta ou estante do quarto. Porque o tamanho do teu amor não é definido pelo número que vem na etiqueta.
Nunca te esqueças: o que lhe deres de supérfluo, ela irá guardá-lo no bolso, o que lhe deres de fugaz, ela irá guardá-lo na mão, o que lhe deres de interessante, na memória, e o que lhe deres de eterno… no coração.
Nota da Conti outra: Agradecemos ao autor português Raul Minh´alma por nos enviar esse texto e autorizar a publicação nesse espaço.
Ninguém resiste a um sonhei com você.
“Sonhei com você” cria uma cumplicidade imediata, uma afinidade súbita. Mudamos o nosso olhar para a conversa e para o interlocutor.
Pode ser trova, pode ser chantagem emocional, mas é um recurso sedutor infalível.
No início da relação ou quando se é apenas amigo, o sonho é uma cantada que desperta a curiosidade.
Você procurará saber o que foi e o que estava fazendo no sonho de outra pessoa.
Mesmo os mais inteligentes e maduros, os mais céticos e descrentes, sucumbem à estratégia.
É um sinal claro de interesse e de disposição para começar algo, já que o inconsciente criou uma memória em comum, uma memória a dois.
Os homens, tarados por sua natureza, imaginam que são sonhos eróticos e crescem seu apelo pelo relato.
Não se dá muita chance quando alguém diz que pensou em você, mas quando diz que sonhou com você muda de figura e ganha toda a nossa atenção. O interrogatório do que aconteceu na mente alheia é inevitável.
Adere-se ao território das verdades secretas, aos símbolos do divã, à esfera mística das casualidades inexplicáveis.
Como contestar um sonho? Não tem como desmentir.
Nem criamos oposição. Queremos, no fundo, sermos sonhados, sermos conduzidos, receber sinais de anjos e de cupidos.
Na paixão, somos supersticiosos, somos místicos. Não marcamos encontros, abrimos cartas de tarô na alma.
Procuramos uma união que seja maior do que nossa força, que seja uma fatalidade, um destino agendado de vidas passadas.
Trata-se de uma facilidade sentimental, para não precisar justificar nossa escolha diante dos amigos e parentes. Pois foi o destino que definiu, não a gente, acabamos nos isentando de nossos gostos e predileções.
Se o sonho serve para estabelecer proximidade, o pesadelo é o elo para recuperar os laços.
Durante a separação, no momento em que perdeu o contato com o ex e a ex e não conta com pretexto para retomar o diálogo, o pesadelo vem como panaceia da saudade.
Do nada, pode mandar uma mensagem que sempre produzirá estrago: “Tive um pesadelo com você. Está bem?”
É óbvio que ganhará resposta. Pelo medo do castigo, da macumba e da maldição, e também porque não há como deixar uma preocupação sobre a saúde no vácuo.
Não perceberá que ela e ele procuram somente notícias de sua condição, é uma pescaria aleatória, com a meta de descobrir qual é o seu estágio de sofrimento.
O objetivo é de menos. O pressentimento, ainda que ruim, demonstra falta e indica uma forte ligação espiritual. Várias reconciliações se deram por um pesadelo falso ou verdadeiro. Não há como se indispor, ainda que a briga tenha sido épica e a ruptura justa.
Já não me importo que não gosta de mim. Não me afeta saber que repete isso em frente ao espelho ‘Já não gosto de ti’, e cola como lembrete na geladeira e escreve como nota de rodapé em todas as páginas de sua agenda ‘Já não gosto de ti’.
Já não me importo que não gosta de mim, assim como decisão contratual, com firma reconhecida em cartório e com mandato judicial impondo ordem de restrição ao seu coração ‘Fique longe’.
Já não me importo que não gosta de mim só porque existem outros olhos em sua janela e gosta de olhar pra eles também e por lei, então, teve que fechar as cortinas de nossos encontros de alma.
Já não me importo que não gosta de mim por ter gostado de uma de minhas faces e desgostado das outras tantas. Por não saber como conviver com territórios desconhecidos, por não querer que eu seja imprevisível, mesmo que eu te diga que sim, eu sou assim como as batidas do coração, que seguem ritmos, mas as vezes perdem o fôlego. E assim eu sou, vibração e descompasso. Mas me parece que você gosta só do que a vista alcança.
Já não me importo que não gosta de mim por ter encontrado em mim um cais e atrás dele uma floresta densa e hermética. Já não me importo se não pude te mostrar apenas o que em mim é cais e escondido o que é floresta. Já não me importo de ver que seu acampamento não ousa sair da praia. Já não me importa que você tenha cercado todas as suas florestas e moças desbravadoras agora são animais em extinção em suas terras.
Já não me importa ver seus olhos brilharem por tantas outras praias que sabem esconder bem florestas, nunca me importei com isso de toda forma. Porque continuo achando que quem tem olhos de encontrar praias, ainda tem coração de desbravar florestas, mesmo que o coração tenha sido catequizado e civilizadamente tenha aprendido o monoteísmo de ver apenas uma praia por vez.
Já não me importa se já nem ousa perder os olhos em mim, mesmo que descuidados. Porque sei que o medo não é apenas o de desbravar matas, mas é acima de tudo o de criar incêndios incontroláveis que poderiam exterminar todas as outras praias. Mal sabe você o respeito que eu mesma nutro por praias, eu que com olhos binoculares, sempre encontro as minhas próprias.
Já não me importo que tenha aprendido a afunilar os brilhos dos olhares e na seleção de coisas miúdas e inteligíveis, eu não passei. Já não me importo com olhares curtos.
Já não me importo porque a sua falta de conhecimento te limitou a perceber que o que cresce e transborda em mim não é o medo e nem a dor, mas a paixão.
Acho que foi em 1993. Numa entrevista _ histórica_ pra MTV, Renato Russo disse a Zeca Camargo que achava lealdade mais importante que fidelidade. Eu era menina, mas lembro que gravei a entrevista numa fita VHS e revi inúmeras vezes, me intrigando sempre nessa parte. Eu entendia pouco acerca do amor, dos afetos, da durabilidade das relações. Mas Renato Russo me influenciava _ numa época em que meu pensamento ainda estava sendo moldado_ e eu tentava, imaturamente, entender aquela declaração.
Isso foi há vinte anos. De lá pra cá, relações se construíram e desconstruíram na minha frente. E vivendo minha própria experiência, finalmente consigo entender, e de certa forma concordar, com Renato Russo.
A fidelidade é permeada por regras, obrigações, compromisso. É conexão com fio, em que te dou uma ponta e fico com a outra. Assim, ficamos ligados mas temos que manter a vigília para o fio não escapar e nosso aparelho não desligar. Já a lealdade_ permeada pelo vínculo, vontade e emoção_ é o pacto que se firma não por valores morais, e sim emocionais. É conexão “wi-fi: fidelidade sem fio”, que faz com que eu permaneça unida a você independente da existência de condutores ou contratos. Permaneço em pleno funcionamento por convicções permanentes e duradouras, invisíveis aos olhos.
Amor nenhum se atualiza sozinho. O tempo passa, a gente muda, o amor modifica. E nessa evolução toda, a única tecla capaz de atualizar e permitir a duração do amor, é a tecla da lealdade. É ela que conta ao outro que estou mudando, que não gosto mais daquele apelido, ou que aquela mania de encostar os pés gelados em mim embaixo do cobertor ficou chata. É ela que diz que eu gosto tanto do seu cabelo jogado na testa, por que é que não deixa sempre assim? Ou que traduz que tenho medo de te perder, mas ainda assim preciso lhe contar que na época da faculdade usei drogas, pratiquei magia ou fiz um aborto. É ela que permite que coisas ruins ou não tão bonitas encontrem um refúgio, um lugar seguro onde possam descansar em paz. É ela que faz o amor se atualizar e durar…
Lealdade é não precisar solicitar conexão. É conectar-se sem demora ou desconfianças. É compartilhar a senha da própria vida, com tudo de bom e ruim que lhe coube até aqui. Leal é quem conhece as fraquezas, revezes, tombos e dificuldades do outro e não usa isso como álibi na hora da desavença; ao contrário, suporta sua imperfeição e o ajuda a se levantar. Leal é quem lhe defende na sua ausência. É quem prepara seu terreno, se preocupa com sua dor, antecipa a cura; Leal é aquele que é fiel por opção, atento ao amor que possui, zeloso com o próprio coração; É quem não omite o próprio descontentamento, mas aponta o que pode ser feito pra não se perder…
Então sim, eu concordo com Renato Russo e acho que deslealdade separa mais que infidelidade. Pois não adianta não trair por fora, se traio o amor por dentro. Se tenho medo de arriscar e poupo meu afeto de se conhecer por inteiro; se não tolero meu caos e vivo uma mentira imaculada. Se não absolvo minha história nem perdoo meu enredo, desejando fazer dele uma fábula fantasiosa aos olhos de quem amo. Se contrario minha vontade e disposição e omito minhas intolerâncias pra não ferir _ me afastando silenciosa e gradativamente até a ruptura. Se me apresento por partes_ as melhores ficam aparentes, as nem tanto eu omito_ e não permito ser conhecido.
Finalmente, se não confio a ponto de compartilhar a poltrona do carona_ ao meu lado_ reservando apenas o banco de trás ( e olhe lá!) à minha companhia nessa viagem…
Foram mais de 50 anos juntos, considero-me afortunado e me lembrarei dela enquanto eu viver. Entre muitas coisas, sentirei falta das suas exigências para que eu fosse uma pessoa melhor, pois ela sempre teve expectativas muito superiores às que eu tinha sobre mim mesmo. Isso sem falar do seu esforço pela sua própria superação.
Estas exigências já me fizeram reclamar muito, mas hoje sinto falta delas, preciso delas.
Meus filhos sentem pena de mim e me visitam frequentemente, passam fins de semana comigo ou eu passo na casa deles. Às vezes, eu os pego olhando-me com ternura e posso adivinhar seus pensamentos: “Pobre papai! Vai sentir muita falta dela!”.
Já os ouvi recebendo condolências dos seus amigos, em diálogos com benevolentes comentários sobre o que eles consideravam como uma descrição belíssima do nosso amor: quanto tempo estivemos juntos; como parecíamos felizes convivendo; como nos comunicávamos bem; como compartilhávamos interesses e tantas outras coisas.
Sim, todos esses comentários refletem uma realidade, mas só uma parte dela. Não a mais profunda e total realidade do nosso amor, que estava muito acima de tudo isso. Descobri isso no final do caminho, no processo da sua doença.
Minha esposa sofreu de Alzheimer. Chegou um momento em que ela não sabia quem era eu, mas o importante era que eu sabia quem era ela. Tive o dom de poder ver sua parte angelical por trás do seu rosto inexpressivo.
Assim, podia evocar seu intenso sorriso, a agudeza das suas intuições ao me compreender e atender, suas broncas amorosas, sua alegria de viver, sua exigência por sermos melhores.
Ela era como uma pequena ave nas minhas mãos; não podia me oferecer uma companhia dialogante, nem ajuda nas circunstâncias da minha vida. Muito alheia às suas possibilidades, restava a menor das minhas necessidades, que ela costumava atender assim que a percebia enquanto tinha pleno uso de suas faculdades. Esta nova fase era, para mim, a oportunidade de fazer o sacrifício por amor, de ser abnegado.
Eu a atendia pessoalmente da melhor maneira possível, e todo o meu ser era para ela. Todo o meu ser para ela! Foi assim que pude compreender uma dimensão do amor conjugal que sempre havia estado presente e que ela com certeza já conhecia. Uma dimensão que iluminava com raios de sol nossa relação, tornando-a mais íntima que nunca. Uma dimensão na qual havíamos construído e reconstruído nosso amor cada dia.
Assim, todas as manhãs, eu enfeitava o quarto com os crisântemos de que ela tanto gostava, lia poemas de amor compostos por mim, cantava para ela, fazia cafuné, dançava e lhe contava histórias. Com lições bem aprendidas, eu a amava com um amor que me fazia ser melhor, até o último instante, em que Deus a levou.
Entendo que os casais jovens conhecem pouco do amor nesta dimensão. Esta é uma disciplina que terão de cursar, pois o casamento é uma relação de perfeição recíproca dos cônjuges em todos os âmbitos da vida, do mundo cotidiano ao mundo da intimidade mais estrita.
É assim que vai se dando o desvelamento da realidade pessoal de cada um, um desvelamento que permite a correção dos defeitos e o desenvolvimento das virtudes, contando com a ajuda e o apoio amoroso do cônjuge.
Por isso, são um bem um para o outro.
Minhas foi e será o maior bem da minha vida, vindo das mãos de Deus, e sou imensamente grato por isso.
A prática melhora a autoestima e até o desempenho escolar
Este ano, Flávio Gabriel Paganotto, 13 anos, começou a participar de aulas de teatro na escola. Mas os seus resultados extrapolaram os palcos. Responsável pelas músicas da peça, ele voltou a tocar o violão esquecido no canto do quarto, ganhou motivação, disciplina e melhorou sua vida social.”Eu acho muito bom. Eu consegui me desenvolver mais na música, aprendi a me soltar mais e criei mais amigos. Está sendo muito legal”, conta.A mãe de Flávio Gabriel, a artista plástica Sydia Paganotto, 34 anos, confirma o progresso do filho. “Houve uma melhora absurda no relacionamento pessoal com os colegas e na autoestima. Achei fantástico. E como ele só podia ensaiar se estivesse com os deveres em dia, melhorou muito a disciplina.”
Flávio Gabriel não é exceção. A verdade é que o teatro pode ajudar seu filho a ser uma pessoa e um estudante melhor, pois a atividade ajuda no desenvolvimento de diversas habilidades, como coordenação motora, capacidade de relacionamento, trabalho em grupo, criatividade, disciplina e memória.
Habilidades”O teatro na escola é voltado para o desenvolvimento dos alunos: expressão corporal, vocal, improvisação, relações. É algo que favorece o convívio coletivo e ajuda no autoconhecimento”, explica a atriz e professora de teatro Roberta Portela.Ela esclarece que os benefícios existem até para quem não quer ser ator ou atriz no futuro.”Os benefícios não dependem de montar e apresentar peças, conseguimos isso com jogos teatrais e dramáticos. Além disso, o teatro desenvolve o olhar crítico em relação às artes. É um trabalho de formação de público. A criança pode não sair dali ator ou músico, mas sai um bom espectador”, diz.Ser ou não ser ator?
1. Muito mais autoestima
Ser aplaudido e conseguir cumprir as tarefas provoca sensação de bem-estar que se reflete na autoestima. Quando a criança expõe suas ideias para transformá-las em comunicação artística, ela também fica mais segura.
2. Melhora a timidez
Mesmo as crianças tímidas conseguem se soltar na representação. Os exercícios melhoram a impostação da voz e garantem confiança na hora de falar em público.
3. Mais capacidade de se relacionar
Ao representar alguém, é preciso se colocar no lugar do outro e tentar entender o personagem. Esse exercício desenvolve a empatia, habilidade importante para o convívio social. Por ser atividade coletiva, o sucesso de todos depende do trabalho de cada um. É preciso aprender a lidar com o colega e a respeitar a opinião de todos.
4. Autoconhecimento
Conhecer o outro nos ajuda a conhecer melhor a nós mesmos, a definir nossa identidade. Mesmo sem perceber, os alunos expressam suas inquietações por meio do trabalho teatral e esse “desabafo” também os deixa mais tranquilos.
5. Consciência corporal
Há no teatro exercícios para estimular a percepção dos sentidos, como dançar de olhos vendados, que ajudam a criança a desenvolver a coordenação motora, a percepção espacial e a consciência de seu corpo, além de aumentar sua capacidade de expressão.
6. Responsabilidade
Encenar uma peça também exige comprometimento e dedicação – são vários dias e horas de ensaio. Além disso, é preciso aprender que o seu atraso ou ausência atrapalha o progresso de todo grupo.
7. Maior criatividade e melhor raciocínio
É preciso se criativo para escrever peças, montar cenários, desenhar figurinos, compor músicas. Além disso, é preciso refletir sobre as escolhas na construção do espetáculo, usando o raciocínio para a solução de problemas.
8. Expande o repertório cultural
Quando faz teatro, a criança é convidada a conhecer diversos mundos das artes. O texto dramatúrgico a aproxima da literatura; a sonoplastia abre alas para a música; os figurinos, para a moda; a construção de cenários, para a arquitetura e artes plásticas.
9. Desenvolve memória e disciplina
Para encenar uma peça é preciso lembrar-se de um monte de coisas: sua fala, sua posição em cena, a ordem de entrada. O cérebro agradece o exercício. Além disso, os ensaios constantes mostram a importância da disciplina.
10. Melhora o desempenho escolar
A capacidade de concentração e o trabalho de memorização ajudam na hora da prova. E o contato com a literatura melhora o vocabulário, a escrita e a interpretação de texto. A responsabilidade e a disciplina vão ajudar a organizar os estudos e a se preparar para os exames.
O mancebo perfeito e o velho humilde e rude
Viram-se. E disse ao velho o mancebo perfeito:
“Glória a mim! sorvo o céu num hausto do meu peito!
E o velho: “Engana o céu… Tudo na terra ilude…”
“Rebentam roseirais do chão em que me deito!”
“A alma da noite embala a minha senectude…”
“Quando acordo, há um clarão de graça e de saúde!”
“Pudesse ser perpétua a calma do meu leito!”
“Quero vibrar, agir, vencer a Natureza,
Viver a Vida!” “A Vida é um capricho do vento…”
“Vivo, e posso!” “O poder é uma ilusão da sorte…”
“Herói e deus, serei a beleza!” “A beleza
É a paz!” “Serei a força!” “A força é o esquecimento…”
“Tem uma carreira brilhante e salário satisfatório, amigos confiáveis, viaja com frequência além do verão, frequenta lugares de rica gastronomia… Revela certo ar de independência, mas, lá no fundo, tem um vazio, tristeza, carência que julga ser a falta de um homem para fazê-la feliz!”
Essa é uma crença machista internalizada, repassada de geração em geração, que tenta afirmar que a felicidade depende de algo fora da mulher.
O machismo tomado na mamadeira, isso mesmo, desde criança vão incutindo a obrigação da mulher não ficar sozinha, para quê? Fazê-la correr atrás de um homem ao invés de ir ao encontro de si mesma e do amor próprio.
A felicidade não depende da presença do outro, mas pode ser que o outro contribua para ela aparecer, ou não!
Imagine que terror “ser feliz só se tiver um homem”, “ser feliz só se ninguém que se ama morrer”, “ser feliz só se emagrecer”, se ganhar na loteria…
Depender é aprisionador para uma pessoa adulta.
Amores vêm e vão e nenhuma relação tem a garantia de ser para sempre, nem existe a certeza de que um dia irá se casar, mas em qualquer desses eventos você pode decidir como se sentir e reagir em relação a eles.
Uma coisa é desejar encontrar alguém para relacionar e partilhar a vida com foco na felicidade, outra é depender de que esse alguém entre nela para dar o “pacote da felicidade”.
Geralmente, mulheres que tem horror a ficarem sozinhas sentem esse “vazio” e muitas das vezes atribui ao homem, coitado, a missão de preenchê-lo com o “poder” de fazê-las felizes.
Daí surgem relacionamentos sufocantes, infelizes…
Se quiser, realmente, ser feliz sem depender de nada comece a fazer atividades só com você!
Vá ao cinema, tome um chopp num boteco, medite, viaje, cultive hábitos de leitura, dance, borde, escale, pedale, trote e corra, principalmente, de crenças limitantes.
Assim, ao gostar imensamente de si mesma, apreciar a própria companhia, as escolhas, seja de se casar ou não, serão voltadas para alimentar cada vez mais a capacidade interna de ser feliz!
“Todo Estado tem algo de podre e quem tem a sensibilidade semelhante à de Hamlet cedo ou tarde vai se rebelar”, assim inicia a fala de Karnal.
Em pouco mais de dois minutos, numa fala cristalina e direta, Leandro Karnal nos faz meditar acerca da corrupção profundamente acerca da origem e das diversas formas da corrupção.
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca porque metade de mim é o que eu grito mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço e que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância porque metade de mim é a lembrança do que fui a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção. E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor e a outra metade também.
“O Abutre” (Nightcrawler), de 2014, o primeiro trabalho como diretor do roteirista Dan Gilroy é simplesmente brilhante. A melhor sequência, dentre várias que poderia destacar, representa a esperteza do roteiro em inserir o espectador na pungente crítica que direciona ao jornalismo baixo e imediatista que é realizado nos dias de hoje. Como eu sempre digo: a sociedade não cria os abutres, ela os alimenta. Na sequência do crime na mansão, Gilroy nos convida a seguir os passos do protagonista Lou Bloom, vivido impecavelmente por Jake Gyllenhaal, uma longa travessia por corpos ensanguentados, num crescendo de horror que, por incrível que pareça, não suscita reação alguma no rosto do jovem que manipula sua câmera como uma arma. A frieza dele, planejando cada passo, até mesmo modificando elementos na cena, objetivando captar o brutal cenário da forma mais cinematográfica, por conseguinte, mais atraente para a sua cúmplice na estação de televisão, vivida por Rene Russo, sua alma gêmea na total ausência de caráter e ética.
Um sociopata se define pelo comportamento antissocial, sem amarras morais, podendo apresentar tendências criminosas. Bloom é mostrado em seu cotidiano como alguém que rega sua plantinha, ou registrando suas participações na televisão, porém, fora isso, ele parece não ter amigos, namorada, em suma, ele carece de empatia e vive uma rotina sem nenhum apego com a sociedade. A sua atitude arrogante, que consiste em, invariavelmente, e de forma cínica, manter o foco da atenção em suas ações, uma imagem distorcida de autoavaliação, que transparece uma segurança fora do comum. A sua interação com os outros é limitada a frases rápidas, abordagem direta, como um titereiro habilidoso, resultando em relacionamentos intensos e instáveis, objetivando apenas sua ambição impulsiva de momento: crescer na indústria do telejornalismo, aproveitando a brecha dos profissionais sem escrúpulos e a fome de um público, os abutres, que consomem esse sensacionalismo barato. Quem se opuser a esse caminho, será simplesmente eliminado.
Ele sabe que quanto mais demorar sua exploração, melhores serão os números de audiência, o espectador chocado terá tempo de avisar o vizinho, os familiares, os colegas de trabalho. O momento mais inteligente ocorre quando ele adentra o quarto do bebê. Nós não sabemos absolutamente nada sobre aquela família, apenas visualizamos um quarto decorado de forma infantil, com um berço posicionado no centro. É quando o roteiro implacavelmente nos insere na crítica. O personagem se aproxima lentamente do berço, fazendo com que nós compartilhemos o mesmo frenesi daqueles que perdem vários minutos na frente da televisão acompanhando uma perseguição de carro ou um sequestro em tempo real. Nós, os abutres que somos alimentados por esse jornalismo cretino. Nós que não conseguimos desviar os olhos, numa mistura de sentimentos humanamente ambíguos, por um lado, desejando que o bandido seja preso logo, por outro, desejando que ele consiga driblar a polícia por mais tempo, para que aquela emoção da caçada nos tire de nosso cotidiano apático.
É exatamente o sentimento odioso que mantém programas sensacionalistas policiais no ar, com tanta audiência, invadindo as casas dos brasileiros até mesmo na hora do almoço. Voltando à cena, o diretor corta antes de revelar o interior do berço. A intenção é nos estimular a repulsa por algo que não vimos. O espectador comenta com sua companhia na sessão: “Nossa, ele filmou até o bebê morto, que monstro insensível”. Alguns minutos depois, como que com um sorriso sarcástico de quem provou sua tese com louvor, o filme revela que não havia bebê algum no berço, aquele quarto, provavelmente, estava sendo preparado para uma criança que ainda não nasceu. E, mais além, descobrimos que a mansão era de traficantes de drogas.
Todo o investimento emocional do espectador, tanto o real, quanto o do noticiário na obra, foi manipulado pela irresponsável estação de televisão, que, numa atitude coerente à podridão de todos os atos anteriores, decide se negar a evidenciar essa conclusão. O mais importante para um jornalismo imediatista é que o público, resumido a números numa conta bancária, se mantenha na frente da televisão, ou folheando as páginas do jornal, pelo maior tempo possível. Contar a eles que a pobre família vítima dos assassinos era, na realidade, um bando de criminosos, iria afastar o público. Quando o jornalismo perde o senso de moral, ele se torna uma busca desesperada por manchetes sensacionalistas, simplificando qualquer discurso a imagens de impacto, visando o choque, nunca a reflexão. Essa longa sequência é apenas um dos motivos que fazem com que o filme seja uma obra espetacular, pensada para adultos, com uma coragem que faz falta na indústria.
Carioca, apaixonado pela Sétima Arte. Ator, autor do livro “Devo Tudo ao Cinema”, roteirista, já dirigiu uma peça, curtas e está na pré-produção de seu primeiro longa. Crítico de cinema, tendo escrito para alguns veículos, como o extinto “cinema.com”, “Omelete” e, atualmente, “criticos.com.br” e no portal do jornalista Sidney Rezende. Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, sendo, consequentemente, parte da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.
Contam que aquele Rato morava em uma enorme toca com sua esposa Rata e seis Ratinhos de olhos recém-abertos.
A gruta daquele casal tomava um espaço que poderia abrigar umas centenas de ratos. O queijo encontrado lá dentro dava para alimentar outros mil. Dona Rata reinava com sua dúzia de criados que cuidavam da casa, dos filhos e dos espaços não preenchidos.
A comunidade de ratos que sobreviviam próximo àquela vasta gruta particular crescia aos pulos. Apinhavam-se em minúsculas tocas e se alimentavam do lixo encontrado em uma enorme mansão que surgia em meio a um jardim com labirinto e lago.
À noite, a multidão de ratos esfomeados invadia a cozinha da mansão e comia tudo que achava pela frente. Ao amanhecer, constatava-se a devastação retratada pelos restos de comida e a sujeira espalhada pelos enormes cômodos da casa.
Os donos da mansão criavam um gato a muito leite e grandes mimos. Todo aquele banquete noturno dos ratos em seu território, e ele nem se mexia. Abria levemente um olho, certificava-se de que sua comida permanecia intacta e sua cama seca e limpa, fechava o olho e dormia, dormia, dormia…
A dona da casa, cansada daquela sujeira matinal, ordenou aos empregados que comprassem muitos quilos de queijo e colocassem veneno. Alguém teria que dar um fim àquela baderna. Alguém teria que acabar com a farra dos ratos. E assim o fizeram: envenenaram o apinhado de queijo e espalharam pelos caminhos onde a ratarada marchava em procissão durante a madrugada, à procura de comida.
A noite esfriou e os ratos não se demoraram em fazer a festa na mansão; o veneno não tardou em seu efeito. Foi uma carnificina geral: tombavam ratos velhos e ainda bem moços, no útero e recém-nascidos. Era uma podridão que infectava outros tantos e os mortos se multiplicavam. A cidade dos ratos estava perdendo sua população periférica.
Só a propriedade do Rato permanecia intacta. Ele não deixava os doentes entrarem em seus limites. Mandou cercar com fios elétricos tudo o que lhe conferia. Mas um dos ratos, enquanto fechava os olhos para as cores do mundo, lançou uma dúvida à comunidade pouca e restante: como aquele rato que colecionava grilhões de queijo em seus domínios não fora, ele e família, atingido pelo veneno? Afinal, todo o queijo daquela sociedade vinha da mansão.
A explicação fugia aos ouvidos da plebe que o veneno sufocava e matava. Acontece que, às escondidas, o gato da casa levava talhos de queijo ao rico Rato. Não só aquele gato; outros vários bichanos de mansões vizinhas também lhe presenteavam com quilos e quilos da mesma iguaria, subtraída dos seus ricos patrões. Em troca, exibiam-se pelos jardins correndo atrás do rico Rato e de sua esposa, dona Rata. Tudo previamente combinado entre ratos e gatos para impressionar seus donos.
Aos domingos, o espetáculo era ensaiado aos olhos dos milionários das mansões que se reuniam em seus admiráveis jardins para apreciar seus bichanos enquanto perseguiam ratos. Apreciação e orgulho. Felinos sendo felinos e ratos sendo ratos.
Quando eu era menino, com os meus colegas de escola aprendemos, por conta própria, a linguagem dos surdos-mudos, e assim conversávamos entre nós. Lição aos pedagogos: criança, quando quer, aprende, especialmente se a coisa não for lição de casa. Ainda hoje me lembro. Consigo falar com as mãos. Coisas simples. Ler é mais difícil. É preciso que a conversa seja vagarosa. Pois visitando o Instituto Metodista de Lins, um grupo de adolescentes me apresentou um colega surdo-mudo. Eu o saudei na linguagem dos surdos-mudos. O sorriso dele foi maravilhoso! Ficamos amigos sem um único som. O mesmo aconteceu, faz poucos dias, no caixa do Pão de Açúcar. Fiz uma brincadeira com o jovem que estava pondo minhas compras nos plásticos e ele não disse nada. Aí a caixa explicou: “É surdo-mudo…”. Falei com ele em linguagem dos surdos-mudos. De novo, foi aquela alegria! Não seria legal se as crianças e adolescentes, por puro prazer, aprendessem o alfabeto dos surdos-mudos? Não se aprende inglês e francês? Deveriam aprender, nas escolas, como parte de um projeto de inclusão.
Rubem Alves no livro “Ostra feliz não faz pérola”.
Para exemplificar a profundidade do que foi dito, deixo a baixo um vídeo promocional da Sansung onde os moradores de um bairro em Istambul aprenderam a língua dos sinais para surpreender Muaharrem, um dos seus vizinhos, que é surdo e usa a linguagem dos sinais para se comunicar. O resultado do trabalho é incrível e realmente emocional, como nos descreve Rubem Alves no texto acima.
Audrey Hepburn é um dos nomes mais respeitados na história do cinema, uma atriz que se envolvia com os problemas sociais, muito antes disso se tornar uma calculada ferramenta de autopromoção, ela era genuinamente interessada em legar para as gerações posteriores uma realidade mais justa. E, em mais uma entrevista exclusiva para o “Devo Tudo ao Cinema”, conversei por um par de horas no Skype com o filho dela, Sean Hepburn Ferrer, que, gentilmente, aproximou ainda mais sua mãe dos cinéfilos brasileiros. E, num gesto de extrema simpatia, fez questão de enviar essa foto. Thank’s, Sean!
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O – A sua mãe é um ícone de feminilidade e liberdade, um símbolo de uma época mais elegante no mundo, mas, como um apaixonado pelo cinema, desde a infância, a sua mãe é um ícone de alta competência enquanto atriz. Ela fazia parecer tão fácil, e, como Fred Astaire ensinou com sua dança, isso é o elemento mais difícil. Como ela se sentia atuando? Ela era confiante, enquanto atriz?
S – Não, ela não era confiante, na realidade, ela não se reconhecia como uma atriz, por isso que ela tratava todos com muita gentileza nos sets de filmagem. Ela era sempre pontual, não tinha aqueles rompantes típicos de estrelismo. Ela era treinada como dançarina, então ela sabia tudo sobre trabalho duro. E ela não podia ser bailarina, ela era muito alta, para o perfil das dançarinas de sua época, até pelo ponto de vista do desenvolvimento muscular, então ela teve que escolher outra carreira. Após a guerra, ela e sua família não tinham nada, mas juntaram o que tinham para se mudarem para Londres, e a vida a levou a seguir adiante. Mas há um frescor em sua atuação. Ela não se via exatamente como ela era, o que, de certa forma, era um precursor do método de atuação de Stanislavski, ela realizava algumas porções disso, como pesquisar o personagem a ponto de torná-lo real, mas fazia isso de uma forma natural.
Quando ela se preparou para “Um Clarão nas Trevas”, ela passou seis semanas em um instituto para cegos, para entender como eles se comportavam, como se moviam, seus hábitos. Quando ela se preparou para “Uma Cruz à Beira do Abismo”, ela passou um tempo em um convento, para realmente entender como era a rotina. Quando se preparou para “Minha Bela Dama”, ainda que ela tivesse controle pleno da linguagem, do sotaque britânico, cockney, ela achou importante se preparar, como para tudo, da mesma forma como para seu trabalho como embaixadora do Unicef, o que também envolvia uma performance. Se você perguntar, todos irão dizer que ela era muito bem preparada para a função, tanto quanto qualquer outro embaixador. Ela já havia estudado tudo que precisava sobre o estado das crianças na África, já para as entrevistas, antes mesmo de visitar o local. Ela estudava muito, para tudo, uma compensação talvez, já que ela se sentia mal por não ter podido, por causa da guerra, completar uma educação formal. Ela não tinha isso, então ela lia muito, durante toda sua vida, o que a tornou muito alerta em vários assuntos. Hoje em dia, com a internet, tudo é muito mais acessível para nós, e descobrimos que muitas pessoas importantes, através da História, sofriam de dislexia, não acabaram o ensino formal. Muitos dos jovens que fazem milhões no Vale do Silício não terminaram a faculdade. Mas ela, em sua época, era vítima de um preconceito, e sofria com isso. E isso a motivou a continuar exercitando, os músculos e o conhecimento, o que, em suma, é do que a vida é feita, o que nos faz evoluir e não ficar entediados.
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Embaixadora do Unicef
O – Citei Astaire anteriormente, então falemos de “Cinderela em Paris”. Ela começou como dançarina, então, acredito que esse elemento no roteiro foi uma grande motivação para ela. Como ela se sentia sendo parceira de Astaire?
S – Na época, ela tinha poder em Hollywood, a estrela de Astaire estava em declínio, e, mesmo sendo muito
Audrey Hepburn e Fred Astaire
mais velho que ela, exatamente porque ela o admirava por tantos anos, minha mãe pediu para que ele fosse contratado para o filme. O papel dele é baseado em Richard Avedon, com quem ela também trabalhou no início. Ele era um fotógrafo jovem, na época, duas crianças batalhando suas carreiras, e, depois ele ficou famoso, e eles continuaram amigos pela vida toda. Ela estava muito empolgada, e, para mim, é um filme que me dá muita alegria em assistir várias vezes, porque é perceptível a inspiração, o resgate emocional, que a ajudou a atravessar a guerra, durante a época em que achou que havia perdido seu pai, e ela realmente o perdeu, em essência, mesmo tendo encontrado ele novamente após a guerra. Ele era emocionalmente incapaz de ter a relação que ela desejava. Então, para ela, voltar e poder fazer esse trabalho com Astaire, sendo capaz de mostrar seu talento e conhecimento, foi maravilhoso.
O – O meu filme favorito dela, aquele que considero seu melhor momento como atriz, é “Uma Cruz à Beira do Abismo”, de Fred Zinnemann. Você se recorda de conversas com ela sobre o filme? Qual sua opinião sobre ele?
S – Minha babá me contava uma história, que vou revelar a você. Quando entramos na sessão do filme, as luzes já tinham se apagado, e, ao sentarmos, minha babá, que era uma senhora italiana, muito religiosa, fez uma pequena reverência e fez o sinal da cruz. Então, só de caminhar pela sala de cinema, aquele ritual, ela imaginou que estava numa igreja e que ela tinha que se comportar daquela forma. E Fred disse, após a sessão, que, de tudo que havia escutado sobre o filme, a reação da minha babá havia sido o melhor elogio. Hitchcock dizia: “eu te assusto, mas não a ponto de fazer você desviar os olhos da tela, senão, significa que eu perdi você, e a mágica se quebra”. É interessante o contexto em que ela fez o filme, porque éramos uma família fervorosamente não religiosa, ela, por ter tido uma mãe que era cientista cristã, fez com que ela não quisesse nenhuma espécie de religião em sua vida. E ela criou os filhos dessa forma, deixando que a decisão fosse nossa, quando crescêssemos, após estudarmos. Mas ela era uma grande crente do milagre da natureza. Ela costumava dizer que, para ela, o nascimento de um bebê, a flor que nasce de uma árvore, já eram milagres suficientes na vida, ela não precisava de mais nada, não precisava de qualquer ideologia.
O – Eu percebo que a importância de sua mãe, especialmente na juventude de hoje, a relevância dela, não é fabricada e alimentada pela indústria, como ocorre, por exemplo, com James Dean. Os jovens são atraídos a ela de forma instintiva, eles se importam por respeito verdadeiro, não apenas pela satisfação de um status social/cool. Eles compram as camisetas com o rosto dela estampado, mas, também, assistem aos filmes e leem livros sobre ela. Como você define esse impacto dela na juventude de hoje?
S – É verdade, tivemos essa confirmação, que mais de 50% dos fãs dela hoje são adolescentes, meninos e meninas. A partir dos dez, onze anos, até jovens que estão na faculdade. Sei disso a partir de várias fontes, por exemplo, de estudantes que tem ela como tema de algum trabalho escolar. Acompanho e ajudo essas crianças, que vem a mim através da Unicef, algo em torno de 2 a 3 por mês. Consigo a permissão dos pais ou dos professores, e converso com elas por Skype, leio para elas, é bastante trabalho, mas faz parte do cuidado com o legado da minha mãe. Mas eu adoraria estar aqui falando que eu planejei isso, que fui o empresário desse legado por vários anos, ainda que não seja mais exclusivo, já que meu irmão agora está envolvido. Você disse muito bem, “instintivo” é a palavra certa para definir. Eles possuem essa visão caleidoscópica dela. Alguns a conhecem como uma estrela de cinema, outros como uma fashionista, outros a conhecem pelos óculos, alguns pelos seus filmes, ou a conhecem como uma senhora que foi pra África e ajudou crianças, e, juntando tudo, eles formam uma visão completa. Mas é como quando se aprende uma língua nova, você vai aos poucos, você começa falando algumas palavras em português, depois a substituir as palavras espanholas e italianas pelas portuguesas, e daí em diante.
Eu acredito que tem algo relacionado à legitimidade que ela transmitia em seus trabalhos, algo de extremamente genuíno sobre ela, que esses jovens não encontram hoje em um mundo onde o Michael Jackson pode ser o maior artista pop do século, e, no dia seguinte, ele se torna um molestador de crianças. Ela teve pontos altos e baixos, mas a história dela é como um conto de fadas, uma garotinha que não tinha nada, perdeu os pais, foi para a guerra com fome, e teve que lutar para sair de lá, até se tornar uma estrela de cinema. No sentido real, é uma história simples e pura, onde ela terminou a vida fazendo o bem. É o tipo de história que escutamos quando somos crianças. Todos esses elementos reunidos fazem com que as crianças sintam que ela seja um porto seguro, um bom exemplo de alguém para se inspirar, tentar emular. Ainda que, como sempre saliento, todos sejam indivíduos especiais, houve apenas uma como ela, há apenas um como você, é muito confortante saber que esse tipo de história pode acontecer. Ela foi a mulher mais fotografada, mas olhe para o momento histórico em que ela foi fotografada, olhe o contexto. Hoje é fácil, com IPhones e as redes sociais, mas, naquela época, logo após a guerra, tirar fotografias era caro, um processo extremamente mais complexo do que é hoje.
Audrey Hepburn, 1950s
O – E, hoje, qualquer um é fotografado, basta participar de um medíocre reality show, que a pessoa se torna uma celebridade. Eram tempos mais elegantes.
S – Exatamente.
O – Você tem alguma história interessante dos bastidores de alguma filmagem dela?
S – Alguns eu visitei, como nas filmagens de “Robin e Marian”, eu trabalhei com ela na produção de “Muito Riso e Muita Alegria” (1981). Peter (Bogdanovich) escreveu um pequeno papel pra mim, achou que eu era engraçado. Eu a vi em várias situações, em discursos públicos, então eu tenho uma visão abrangente dela. Talvez não tenha uma história engraçada para contar, mas uma confirmação do fato de que todas as performances dela, todos os discursos que fez, foram muito importantes e muito difíceis para ela. Eu a vi em vários eventos, tremendo como vara verde, antes de ir ao palco. Mas, de certa forma, o medo do palco é o que torna você bom, como estávamos falando momentos atrás. Ela nunca realmente se sentia confortável com o público, ainda que ela fosse muito boa em entrevistas, ou talvez nem tanto, mas sempre que ela tinha que ir a público fazer discursos, ela tremia.
O – Muitos atores, no que me incluo, são muito introvertidos fora dos palcos.
S – É verdade.
O – Como sua mãe lidava com a própria criatividade? Ela apreciava todas as etapas do processo de filmagem?
S – Eu acho que ela se esforçava muito para encontrar o material certo. Meu pai (o ator Mel Ferrer) teve um papel muito importante nisso, ele era um homem difícil, mas muito educado em Hollywood, um homem que lia muito. Claro que ele costumava fazer os vilões, fora ser um homem difícil, complicado, esse é o motivo dele não ter cultivado um grande legado, não é tão lembrado.
O – Adoro seu pai em “Scaramouche”.
S – Sim. Mas, voltando à sua pergunta, ela fazia todas as etapas, a publicidade que os estúdios requeriam, e então ela botava um ponto final, não falávamos sobre isso em casa, não tínhamos uma sala de projeção, tínhamos cópias dos filmes dela em 16 mm, que foi a forma com que eu descobri os filmes dela, no sótão de casa, no verão, com as janelas abertas, uma toalha amarrada a um dos feixes, e um velho projetor, aquele maravilhoso som característico.
Foi como eu vi todos os filmes dela, na minha própria sala de projeção improvisada, feita a mão. Tínhamos uma pequena TV, em preto e branco, no quarto de brincar. Ela não trazia Hollywood pra casa, ela não cultuava isso, ela era uma pessoa normal, ela adorava ir ao mercado, e, quando eu não podia mais ficar com ela nas filmagens, ela desistiu da carreira de atriz, para ser mãe em tempo integral. Ela era assim.
O – É impossível não abordarmos “Bonequinha de Luxo”, e, acredito, já deve estar cansado de falar sobre ele. A sociedade teve seus valores mudados, o mundo se tornou mais sombrio e cruel, mas o trabalho de sua mãe no filme continua tocante como sempre. Quando escutamos a trilha sonora de Henry Mancini, somos transportados para aquele mundo de sonhos. Você pode falar um pouco sobre a importância do filme no mundo moderno?
A bonequinha de luxo
S – Eu acho que o filme é, sem dúvida, o monstro sagrado dela. E acho que é uma combinação de fatores: um bom timing, as pessoas certas, um bom roteiro e o encaminhamento do roteiro na direção certa, e o fato de que ele tinha um inato senso de estilo, em que ela colocava, naquela época, Givenchy, que era apenas um designer em ascensão, não era como Armani, que colocaria um time de pessoas para fazer a roupa dela para o filme. Naquela época, ela tirava roupas comuns do mostruário de uma loja, tentando compor o que pensava melhor para a personagem, e, quase sempre, acabaria optando pelo preto básico. Então, acho que há o aspecto fashion, uma história clássica, atuações maravilhosas, uma música fantástica, que todos tiveram que lutar para manter no filme, pois, como você sabe, os executivos tentaram tirar a trilha, eles odiavam a canção (“Moon River”), é parte do processo. Chamar de colaboração pode ser bobo, mas, de fato, é uma colaboração, pelo ponto de vista do cinema de guerrilha, uma luta para manter os elementos dentro do projeto, e garantir que ele seja realizado.
Ícone de beleza e estilo
E se ela não tivesse o bom gosto e a educação, ela teria os deixado fazer coisas com o filme que não estavam certas. É interessante perceber que o filme foi composto, praticamente, como uma homenagem a Marilyn Monroe. É, essencialmente, sobre a história de Norma Jean. E se você olhar para os personagens, especialmente quando Buddy Ebsen aparece, como o marido, aquela parte toda é, realmente, a vida de Norma Jean, até o nome real é muito similar. É interessante que eles decidiram que essa homenagem seria bem evidente, bem óbvia, e, em minha opinião, acho difícil que a Marilyn conseguisse interpretar, tivesse o estofo para vários daqueles momentos, digo, não era necessário uma Elizabeth Taylor, uma atriz séria, mas acho que Marilyn teria sido muito light, não atingiria as notas necessárias para contar essa história.
O – Acredito que a música tenha sido um fator importante na mente criativa de sua mãe. Qual tipo de música ela escutava em casa?
S – Nos últimos anos, escutávamos a trilha de “A Casa da Rússia” (composta por Jerry Goldsmith, um filme com Sean Connery e Michelle Pfeiffer), eu dei a ela várias trilhas sonoras, como “A Missão” (composta por Ennio Morricone, um filme com Robert De Niro). Ela adorava trilhas sonoras de filmes e, no início dos anos 70, ela escutava muito Burt Bacharach, The Carpenters, ela amava música clássica e era uma grande fã de Bach. Ela gostava também de Vivaldi e Chopin, claro. E éramos muito próximos de Arthur Rubinstein, que considero até hoje, o melhor pianista daquela era. Um gênio, à sua própria maneira, um gênio no melhor sentido da palavra. Um gênio que viveu uma boa vida e colocou dois filhos saudáveis no mundo, e era uma pessoa maravilhosa de se conviver. E ele era muito parecido com minha mãe, sua maior preocupação era com os ensaios, treinar, estudar. Ele adorava chocolates suíços, então ele treinava e os comia, enquanto conversávamos. Eu devia ter uns 10, 12 anos. Gostava muito dele como pessoa, então, pra mim, até hoje, te digo que tenho poucas coleções musicais em casa, mas, uma delas, é a coleção completa das obras de Rubinstein. Escutar ele me conduz de volta a algo real, e não falo sobre sentar num salão de teatro, falo sobre sentar na sala de estar com o próprio Rubinstein, vestido com um velho paletó de tweed, contando divertidas histórias. Ele era muito caloroso, uma pessoa adorável. Eu valorizo carinhosamente esses momentos.
O – Como sua mãe se sentia com o reconhecimento pelo trabalho? Como ela lidava com seus admiradores? Gostava do assédio, de ser abordada?
A princesa e o Plebeu
S – Ela sempre foi muito humilde e se doava, acreditava que um filme era o resultado de uma corrente de eventos, como ela gostava de se referir, assim como em seu trabalho com a Unicef, que fornecia um resultado valoroso. Se fosse fraco, o resultado não seria interessante. Então ela não pensava muito sobre sua imagem. Tem uma ótima história, de quando ela estava começando em Hollywood, por volta de 1953, 1954, teve um jantar do sindicato dos atores, e colocaram minha mãe sentada ao lado de Marlon Brando. Eles se cumprimentaram, mas ele não falou mais com ela durante todo o evento. E ela sempre pensou que ele não tinha gostado dela, que ele não a tinha achado interessante o suficiente pra trocar umas palavras. E, anos mais tarde, ela manteve o mesmo agente, depois de ter estado com o homem que era o fundador do Universal Studios, um pequeno agente de Hollywood, que trabalhava com grandes estrelas, seu nome era Kurt Frings, ele trabalhou com Elizabeth Taylor, com os Beatles, e mais algumas pessoas, poucas, 6 a 8 eram suficiente pra ele, já garantiam a ele bastante dinheiro. E ele estava vivendo com uma mulher, com duas crianças, Miko e Maya, com quem cresci junto. Na Suíça, após voltarmos pra casa, acho que Marie (mulher de Kurt) e Marlon tiveram uma conversa, E, pelo correio, veio essa carta de Marlon, que dizia: “Eu só gostaria que você soubesse que eu também me lembro daquele evento, e que eu não conseguia falar com você, porque eu estava completamente absorto, admirado com sua beleza”. E minha mãe ficou muito emocionada com esse gesto. Isso ocorreu, talvez, uma semana antes de sua morte, foi um maravilhoso fechamento para algo que ela guardava há muito tempo.
O – Linda história, Sean. Como é para você assistir os filmes dela hoje? Quão difícil é separar a mãe da atriz nessa experiência?
S – Sim e não, quero dizer, algumas pessoas morrem e deixam para seus filhos um restaurante, uma loja de sapatos, um hotel, e a cada vez que o filho passa por aquela porta giratória do hotel, ele enxerga seu pai, esse tipo de coisa. Eu aprendi que posso caminhar por qualquer local do mundo, que haverá uma foto da minha mãe, e tenho certeza que também é assim no Brasil.
O – Sim, no meu quarto, por exemplo, tem uma foto dela, que estou vendo nesse momento.
Nas filmagens de “Além da Eternidade”
S – (risos) Mas esse é um caso especial, você é da área de cinema. Posso entrar num quarto de hotel no Japão e, assistindo CNN, lá está ela, falando. Eu me acostumei com isso. É algo normal. Só se torna mais difícil quando assisto “Além da Eternidade” (filme dirigido por Steven Spielberg, o último trabalho de Audrey). Não dedico tempo a assistir “Amor Entre Ladrões” (1987) e “A Herdeira” (1979), mas “Além da Eternidade” é um filme lindo, porém, quando a vejo nele, aquela é a mulher que eu perdi, a sua aparência, a voz, aquela mulher que morreu nos meus braços em 20 de Janeiro de 1993. Isso dificulta para eu assistir, mas é totalmente aceitável assistir seus primeiros trabalhos.
O – Os meus filmes favoritos dela são, como já disse, “Uma Cruz à Beira do Abismo”, “Sabrina”, “Charada” e “A Princesa e o Plebeu”. Quais são os seus filmes favoritos dela?
S – “Cinderela em Paris” é importante pelo contexto. Tenho muito respeito por “Uma Cruz à Beira do Abismo”, porque ela escolheu um papel que a levou para outro patamar, um desafio como atriz séria, sem o suporte de sua aparência, de seu corpo, no sentido de transmitir emoção, ela tinha apenas uma pequena parte de seu rosto à mostra. Eu sou um apaixonado por “Amor na Tarde”, porque o diretor, Billy Wilder, era estudante de Lubitsch, e o filme tem aquele toque do diretor, que eu amo. Maria Cooper é uma amiga, e Gary Cooper era um homem extraordinário. Assisti muito “A Princesa e o Plebeu”, e, obviamente, “Bonequinha de Luxo” é um filme vital. Um envelheceu lindamente, o outro nem tanto, mas ainda é importante, como quando se assiste “O Rei e Eu”, por exemplo. Talvez eu seja muito criterioso ao julgar, eu estive envolvido na restauração de “Minha Bela Dama”, e fiz uma forte campanha para que fosse inserida a gravação de sua voz cantando no filme. Tentei muito, mas não foi possível, porque, às vezes, ela não atingia a nota de forma exata. Hoje, você assiste “Os Miseráveis” e não pensa duas vezes. Ela era tão boa quanto qualquer um dos atores desse filme, pode confiar em mim.
O – Sean, eu te agradeço demais a gentileza. Você poderia deixar uma mensagem especial para meus leitores, os cinéfilos brasileiros que amam o legado artístico de sua mãe?
S – Eu gostaria de agradecer a todos que mantém esse carinho por ela, porque, de verdade, se ela tivesse mais cinco minutos nesse planeta, ela provavelmente utilizaria tentando fazer algum bem. A situação no mundo está ficando mais difícil, com as crises econômicas que vivemos. Esse carinho das pessoas está nos ajudando para que continuemos contando a história dela, e, essa história, basicamente, é o desejo desesperado de que, algum dia, as vidas das crianças valham o mesmo, não importando onde essas crianças tenham nascido. Todos nós sabemos hoje, a pesquisa já foi feita, que tudo se resume a direitos pessoais, em alguns países funciona, em outros não, alguns países onde a economia é estável, em outros não. É o que se deve fazer para proteger o que é seu, e, claro, antes do direito pessoal, e de propriedade, vem os direitos humanos pessoais, isso estava na essência do que ela acreditava, então, o mais lindo é que esse carinho das pessoas tem tornado mais fácil para nós continuarmos a campanha pelas coisas em que ela acreditava. Isso é, de verdade, o mais importante.
O – Essa é a grande mensagem por trás do legado artístico dela.
S – Exatamente, Caruso.
Sean e Audrey
Nota: O site Conti outra, e com certeza seus leitores, agradece ao nosso querido Octavio Caruso pela autorização da primeira publicação desta entrevista, uma exclusividade do site Devo Tudo ao Cinema.