A loucura em Cisne Negro

A loucura em Cisne Negro

Obras de arte podem ser interpretadas de várias maneiras, dependendo do conhecimento e experiência de cada espectador. Existem maneiras diversas de interpretar de fato o enredo do filme.

Através do uso de símbolos e significados, no entanto, o filme alude claramente ao lado escuro e oculto da fama, a dualidade, o controle mental baseado em trauma, a criação forçada de um alter persona e muito mais. O personagem principal, Nina, passa por uma mudança metafísica – por entrar em contato com o seu “lado negro” – a fim de ter um melhor desempenho.

Essa mudança é imposta a Nina pelo seu manipulador, neste caso, seu diretor de balé. Cisne Negro tem neste artigo uma interpretação junguiana devido à riqueza do arquétipo da sombra sobre a jovem que se identifica com sua sombra, por pressão materna e inveja de outra bailarina.

Os chamados arquétipos,são originários da espécie humana e se encontram em toda psique. O inconsciente coletivo é o grande reservatório da libido, ou seja,a energia psíquica e está muito ligado à nossa fonte biológica.

Deste estado germinal infantil é que se desenvolve o ser adulto completo; por isso, o estado germinal é não menos exclusivamente sexual do que a psique do adulto. Nesse estado, estão escondidos não só os inícios da vida adulta, como também toda a herança que nos vem da série ancestrais, e é de extensão ilimitada.

Nina, uma mulher jovem tímida e frágil é escolhida para desempenhar o papel de a Rainha dos Cisnes e deve, portanto, incorporar tanto o Cisne Branco puro e o Cisne Negro. Sua busca pela perfeição como uma bailarina leva à experiência, em seu cotidiano, a transformação experimentada pelo Cisne Branco na história do balé.

Os acontecimentos da vida diária de Nina, portanto, espelham a história do personagem que ela assume como uma bailarina, levando à confusão e, enquanto borra a linha entre realidade e ficção à insanidade.

O filme de Darnen Aronofsky (2011), considerado um thriller psicológico, é um tanto conturbado, e tenso; até mesmo enlouquecedor já que os dois cisnes representam dois personagens diferentes, mas ao mesmo tempo, os dois lados de uma mesma pessoa; mostrando que nem todos são bons ou maus por inteiro.

Todos têm os dois lados. Mas no caso da protagonista, ela não sabe lidar com esse outro lado, e por isso acaba enlouquecendo. Ao ver em sua rival, tudo que ela gostaria de ser, ela acaba conhecendo um lado que não conhecia: competitivo, agressivo, e até mesmo cruel em alguns momentos. Assim ela vai se transformando e incorporando o personagem mais difícil que ela já teve que interpretar; afinal podemos ver isso, como um reflexo dela

O uso de espelhos e reflexos em inúmeras cenas são um lembrete constante da percepção alterada da realidade de Nina. Espelhos no filme são muitas vezes enganosos e os reflexos de Nina parecem ter uma “vida própria”.

Enquanto Nina fica assombrada pelo Cisne Negro, essa persona suplente toma uma vida própria e age fora do controle consciente de Nina. A infância, por conseguinte, é importante, não somente porque várias atrofias dos instintos dela se originaram, como também porque ela é o tempo em que surgem, terrificantes ou encorajadores, diante da alma da criança, aqueles sonhos e imagens da ampla visão, a condicionar-lhe a procura no inconsciente envolve o confronto com a sombra, a natureza escondida do ser. A anima/animus, um gênero oposto escondido em cada indivíduo é o arquétipo do significado. Esses arquétipos são suscetíveis de personificação.

Os arquétipos de transformação que expressam o processo de individuação são manifestos. Como os arquétipos penetram a consciência, eles influenciam a experiência percebida de pessoas normais e neuróticas.

Um arquétipo é sempre muito poderoso e pode totalmente possuir o indivíduo e causar psicose. No caso de Nina há uma quebra e ela desenvolve a psicose não aceitando ser o Cisne Branco nem se reconciliando mais com sua sombra.

É observável que, desde que o ser humano moderno tem uma habilidade altamente desenvolvida para dissociar e para diminuir dissociação, procura se reconciliar com os aspectos da personalidade que foram negligenciados. Mas Nina não consegue unir-se com seus opostos.

Nina, para conseguir o papel principal no Ballet, começa a fazer de tudo, desesperadamente, para consegui-lo, e com isso começa a enlouquecer e confundir a vida real, com o personagem. Ao mesmo tempo em que ela quer se manter correta, certa, pura, perfeita como o Cisne Branco; ela acaba aprendendo a se soltar, ser livre, e conhecer um lado dela que nem sabia que existia, um lado que quebra regras, vive, e não se importa, faz o que quer e o que bem entende, e o que é bom somente para ela, sem se importar com os outros, como o Cisne Negro.

Aqui tem-se uma ruptura em sua psique que se identifica com a personagem, revelando sua sombra – a parte da personalidade que foi reprimida em benefício do ego ideal. Como tudo inconsciente é projetado, encontramos a sombra na projeção, i.e., na visão de outra pessoa. A sombra representa o que consideramos indesejável em nós e/ou o que ainda não temos consciência dentro de nós.

Através da identificação com a sombra podemos verificar sua bipolaridade, passando a reintegrá-la para o desenvolvimento como também procurando confrontá-la pois ela também pode guardar nossas melhores qualidades. Mas a ruptura de Nina é psicótica e ela começa acreditar que Lilly, sua rival, esteja perseguindo-a em todos os lugares, ficando completamente desorientada.

Além disso, existe toda aquela pressão por parte do Thomas Leroy (o diretor da companhia de ballet), que cobra mais dela espontaneidade, agressividade e sensualidade para a interpretação do cisne negro. Nina só queria ser perfeita, percebemos que toda a fantasia que Nina monta e cria na sua cabeça, é por que na verdade Lilly é tudo aquilo que ela não é, pois ela tem tudo aquilo que o cisne negro precisa, ela é uma perfeita personificação(representação) do cisne negro.

Pode-se perceber uma forma de esquizofrenia pós-moderna, condutora a uma forma de integração criativa. Este caminho é induzido nitidamente pelo professor ao beijá-la e ser mordido por ela, mas como a integração autoerótica não estava pronta, ele lhe sugere que ela se masturbe.

Outra lembrança importante é a dificuldade de integrar a sensualidade devido à ação repressiva da mãe quanto à sexualidade. É interessante registrar que a condição básica para ser a escolhida foi sua agressividade ao papel do cisne negro. Neste momento, a criatividade intuitiva do diretor do filme faz essa integração passar para nível homossexual.

Estamos, portanto, diante de outra situação que dificulta muito o entendimento geral devido à trama complexa do preconceito basicamente moral. Entretanto, se deixarmos de lado as tramas morais preconceituosas, essa passagem fica bem clara, com a poderosa cena da relação homossexual da bailarina com a rival, o que a leva a um orgasmo integrador como descrito acima.

Neste caso específico podemos entender melhor essa poderosa vivência como uma experiência de integração com o duplo anímico erógeno que nela existia apenas como potencialidade.

Mas no caso da protagonista, ela não sabe lidar com esse outro lado, e por isso acaba enlouquecendo. Ao ver em sua rival, tudo que ela gostaria de ser, ela acaba conhecendo um lado que não conhecia: competitivo, agressivo, e até mesmo cruel em alguns momentos. Assim ela vai se transformando e incorporando o personagem mais difícil que ela já teve que interpretar; afinal podemos ver isso, como um reflexo dela mesma, que para ela era inexistente.

“Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira”

“Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira”

“Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira” Legião Urbana

Todos mentimos, por variadas razões, às vezes mais, outras vezes menos. Mentimos no trabalho, no bar, na entrevista de emprego, para os amigos, para os filhos, para os pais, para quem quer que seja. E assim vamos enganando a todos, menos a nós mesmos, porque a nossa verdade estará sempre aqui dentro de nós, lembrando-nos de que aquilo que estamos vivendo é consequência direta do que estamos ou não fazendo de nossas vidas.

Às vezes, mentimos aos colegas de trabalho sobre nossas reais potencialidades, omitindo o quão desgostosos estamos com aquela rotina de serviços que não têm nada a ver com o que pretendíamos ser. Engolimos nossa frustração, desviamos nossos olhares, fugimos ao enfrentamento do que poderia – e deveria – ser mudado, por medo e insegurança, pois temos a mania de nos sentirmos bem mais incapazes do que na verdade somos.

Outras vezes, mentimos no círculo de amigos, mostrando-nos simpáticos com todos, como se gostássemos de cada um deles, assim como são. Fingimos não ouvir os comentários descabidos, não ligar para as gracinhas desagradáveis, atuamos dolorosamente para não dizer o quanto aquela pessoa é chata, pois não queremos que ninguém pare de gostar de nós, iludindo-nos com a ideia equivocada de que somos amados por todos.

Não raro, mentimos aos familiares, sorrindo sempre, o tempo todo, como se vivêssemos uma vida perfeita, como se nossos filhos não dessem problemas, como se a lua de mel fosse eterna, todas as noites, no quarto de casal. Não nos sentimos no direito de dividir as tristezas com quem cresceu no mesmo lar, não queremos incomodar, não queremos expor os fracassos com que somos devastados continuamente.

Muitas vezes, mentimos ao parceiro, fingindo que está tudo bem, que nada mudou desde que nos conhecemos, como se não tivéssemos sido expostos às fraquezas e ao pior de cada um, como se não tivéssemos nos ofendido com palavras ofensivamente cruéis, como se não vivêssemos culpando um ao outro pela grana curta, pelo filho rebelde, pelo tédio que se instala nas noites de sábado, pelo silêncio ensurdecedor que tira o nosso sono.

O pior de tudo é aquilo que não sai de nós, aquilo que se acumula na forma de ressentimento e impotência, tudo aquilo que não fizemos, não dissemos, não fomos ou deixamos de ser. Tentamos inutilmente nos iludir com as mentiras escapatórias que criamos, pois bem sabemos, no fundo, da nossa imensa parcela de responsabilidade sobre o curso que tomam nossas vidas.

Por mais que doa, por mais que resistamos, é preciso assumir as próprias fraquezas, a falência dos sonhos, a tristeza, a decepção e o incômodo que intranquiliza os nossos dias, conscientizando-nos de que depende tão somente de nós mesmos a mudança de rumo, de postura, de pensamento que será capaz de nos tirar de onde nos sentimos tão desconfortáveis.

Ou agimos contra tudo o que nos diminui, ou manteremos a mentira, a dor e a infelicidade de uma vida vazia e totalmente deslocada do que realmente queremos para nós. Porque viver sem sorrir é como morrer e continuar respirando, com sufoco, entre lágrimas, com um coração vazio, sem amor e sem amar de fato.

O amor é livre, não?

O amor é livre, não?

Infelizmente, o mundo caminha a passos largos rumo ao desamor. Mas ainda há quem acredite na forma mais sublime do sentir, como a única arma recorrente para tantos desafogos. Perceber que, em pleno século XXI, a humanidade seguidamente vai demonstrando doses de intolerância e desrespeito contra o amor livre é preocupante. Qual é o problema de entregar o coração para alguém do mesmo gênero? Argumentar religiosidade e fatores culturais tradicionais não justifica a lástima ignorante que é reprimir, humilhar e tirar vidas. Ao mesmo tempo em que a tecnologia e a ciência permitem um maior entrelaçamento entre as pessoas, elas também estão afastando. Com doses de ódio, descabimento e egoísmo.

O momento é delicado politicamente em diversos países no globo. A economia mundial capenga cada vez mais desigual nas mãos de administradores duvidosos, e ainda assim, quando deveríamos encontrar um ponto em comum para união, escolhemos desbravar a desunião. Qualquer assunto a ser debatido, seja na mesa de bar, ou, na tribuna das redes sociais, encontra-se achismos, desvios de conduta e, até mesmo, discursos premeditados. Como achar normal alguém dizer que fulano, ciclano ou beltrano merece morrer? Do crime mais mundano ao mais estapafúrdio, confessar uma empatia selecionada dá no mesmo que abraçar o desamor. Nenhuma religião prega isso. Nenhuma fé compartilhada abraça tanto ódio. Somos nós, indivíduos agrupados em diversos convívios diferentes que, acostumados por preceitos próprios, desvirtuamos, manipulamos e disseminamos atrocidades. Não é passar a mão na cabeça de quem fez algo errado. A justiça, elaborada da forma que foi, é responsável por julgar culpados. E ainda que não fosse, onde começa e termina o nosso direito de punir e perdoar? Sério, qual é o problema de entregar o coração para alguém do mesmo gênero? Educação é uma formação por meio de vivências e leituras a serem consumidas não apenas nas instituições de ensino, mas também em casa e nas ruas. Não concordar com relacionamentos de pessoas de outros gêneros que não sejam entre homens e mulheres, pode até ser um direito intransferível, mas, a partir do momento no qual isso é manifestado, por meio de ações, gestos e palavras, é errado – mas pasmem, os relacionamentos são heterogêneos desde muito tempo antes da concepção de religiosidade conforme conhecemos hoje. Isso é fato. Escrito e comprovado por meios históricos e científicos.

Paremos por alguns minutos. Não é o amor, o direito universal da própria escolha em transbordar livremente? Se não for, paremos de abraçar a poesia por aqui mesmo. Somos efêmeros.

A arte de ir embora

A arte de ir embora

É estranho como, às vezes, mesmo contra nossa vontade temos que partir. Seja de um lugar, seja de uma situação, seja de dentro de alguém… percebi então, de quantas coisas, lugares e situações eu tive que ir embora mesmo sem querer.

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Seja porque era hora, seja porque existia um motivo relevante ou mesmo não tendo motivo algum aparente. É quando se tem a sensação de que é hora e não da mais pra ficar ali, mesmo querendo. É quando a gente quer ficar, mas o cansaço nos impulsiona a seguir novos rumos e alçar novos voos. Só quem já passou por situações semelhantes sabe do que estou falando: a arte de ir embora quando se quer ficar, de abrir mão quando se quer muito ainda, de deixar pra lá quando insiste em estar bem aqui. E quando eu digo arte é bem no sentido literal da palavra mesmo. Porque nem sempre as pessoas entendem quando você se vai. Aliás, elas quase nunca entendem…  Não é qualquer um que é artista. E por isso, fica difícil explicar.

É difícil fazer as pessoas entenderem que nem sempre quando se quer é a hora certa. É difícil elas entenderem que a gente tira o time de campo, mas o pensamento ainda joga o tempo todo. E que, lidar com essa ambiguidade é também muito difícil. É difícil pra elas entenderem que a gente segue a vida porque a vida também sempre segue, mesmo que a gente não queira.

Mas isso pouco importa. Eu só vim mesmo aqui pra te dizer que eu não queria ter ido, mas fui. Pra te fazer entender que eu teria escolhido ficar se você tivesse me dado essa opção. Pra te contar que eu só fui porque você me permitiu ir embora. A gente sempre vai embora não é?

Encerrando Ciclos

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, apaixonados que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração – e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Como saber a hora de partir?

Chega um instante em que você tem que decidir o seu destino. Permaneço no meu querido sofá rasgado que já tem a forma do meu corpo? Ou pego a mochila, umas mudas de roupa, e saio de fininho antes do amanhecer? Todos passam por momentos de decisão onde um passo pode levar tanto para a glória, quanto para a beira de um abismo.

A sensação que tenho é que quanto mais amadurecemos, mais precisamos tomar as rédeas da nossa vida. Quando somos crianças sempre existe alguém que decide por nós; o que vamos comer, aonde ir, o que vestir… Com o passar do tempo o fato de ser pessoa começa a nos cobrar decisões. Vem bem de mansinho e sem que a gente se dê conta passamos a decidir com quem nos relacionar, que profissão escolher, fazer um plano de carreira.

Vamos pouco a pouco tomando o controle da nossa existência, conduzindo nossos caminhos, até que, num piscar de olhos, somos pilotos de Fórmula 1 disparados na carreira da vida, entre ultrapassagens e colisões lutando para chegar ao pódio. Você é o piloto, o condutor, quem tem a posse da direção.

A vida é representada pelo carro. Os seus adversários e companheiros de equipe são as pessoas que você interage. Todos buscam a vitória. A vitória afetiva, a vitória profissional, o reconhecimento, a recompensa. Mas cuidado, porque o percurso é escorregadio, chuvas torrenciais surgem sem trovoadas. Preste atenção quando houver neblina e tente não se dispersar com a paisagem.

Na vida a gente só muda diante do novo. Livros já lidos, músicas que a letra se sabe de cor, receitas que não precisamos mais espiar… Isso faz parte da nossa essência, do que construímos, são parte de nós e da nossa estrutura como indivíduo. No passado nós já arriscamos ao ler aquele livro, escutar aquela canção e preparar aquela receita.

Na maioria das vezes o que nos mantém em pé diante das dificuldades não é o que temos, mas sim, o que queremos ter. Temos quem nos ama, temos amigos. Essas pessoas são pivôs na nossa existência, pilastras que nos ancoram e nos escoram. Gratidão a parte, mas para exercer o ofício do novo é fundamental arriscar. O que nos faz sair do lugar é exatamente a busca pelo desconhecido, perseguir a melhoria, vislumbrar a mudança. É sonhar.

Como saber que é hora de mudar? Pergunta difícil, cheia de possibilidades. Ir ou ficar? Se ir, para onde? Esquerda, direita, em frente? Ficar é mais fácil porque não exige nada de nós. Entretanto é provável que, mais adiante, você terá que conviver com as dores do reumatismo por ter ficado tanto tempo no sofá da vida.

Eu costumo dizer que a hora de soltar as correntes e dar o primeiro passo é justamente quando se sentir incomodado. Atenção à luz amarela do semáforo. Quando ela começar a piscar e você se descobrir enfadado, molestado na situação na qual vive é hora de mudar o trajeto. O incômodo gera infelicidade, frustração, te sucumbe à sensação de incapacidade. Ele é como a febre que denuncia quando algo vai mal no organismo. É o pisca-alerta da vida.

Esse peso faz enxergar que aquilo que andava bem e te fazia feliz, já não te completa mais. O que era bom transformou-se em algo penoso, enfadonho, inoportuno. Chegou a hora de botar mais combustível, trocar o óleo, calibrar os pneus, ou talvez só mudar o trajeto para evitar um acidente de percurso lá na frente.

Portanto, segure firme o volante. Derrape, mas ultrapasse lá na frente. Esbarre, mas faça a curva com segurança. Tenha precaução em tempos de chuva, mas acelere nas retas quando o sol brilhar!

“Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.

Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
– a melhor parte de mim”.

Cecília Meireles

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Imagem de capa: Babich Alexander/shutterstock

Escreva “Amá-la” em todas as páginas de sua agenda, de janeiro a janeiro

Escreva “Amá-la” em todas as páginas de sua agenda, de janeiro a janeiro

“Diga, lembre e lembre-se, explicite, olhe fundo nos olhos, pergunte, dê as mãos, mande mensagens, deixe bilhetes, convide, sorria, abrace, beije, declare-se, discuta, chore, grite seu o amor, viva seu amor, ele tem que ficar nítido, certo, pois é somente assim que ele sobreviverá.”

Corremos o dia todo, o tempo inteiro, tentando juntar bens, buscando alcançar uma realização pessoal tão somente baseada no sucesso profissional e no status material, na maioria das vezes. Estamos, assim, apressados e cegos frente a tudo o que está ali ao nosso alcance, bem na frente de nossos narizes, afastando-nos de pequenos prazeres, de encontros reais, pois deixamos de lado aqueles que fariam toda a diferença em nossas vidas.

Focados que estamos na aparência, na estética visível, naquilo que pode ser adquirido em suaves prestações, passamos por cima das oportunidades de compartilhar sentimentos e afetividade que a vida coloca diariamente à nossa volta. Vamos, nesse ritmo, esvaziando os nossos sentidos da capacidade de valorizar o que de mais humano e especial a vida tem a nos presentear, tudo o que não se vende, não se compra, mas se conquista e se partilha com doação e verdade.

Não podemos nos deixar seduzir pelos apelos materiais de uma vida em que o consumo sobrepõe-se à afetividade, ao demorar-se junto às coisas e pessoas que nos reverberam os sonhos, junto aos momentos que nos multiplicam os sentimentos mais nobres, junto a quem nos alimente a alma. É preciso amar, ser amado, trocar energias de paz e de amor sincero com gente que nos coloca em primeiro plano.

Triste permitir que a dureza do cotidiano nos desumanize aos poucos, retirando de nós a nossa porção mais humana, alargando a distância entre os corações de quem ama com devoção e entrega. Amar é necessidade, manter o amor vivo é urgente, voltar inteiro todos os dias para o amor é vital, é o que nos impedirá de não ter forças para ressurgir incansavelmente, é o que nos possibilitará renascer depois de cada vendaval.

Temos que deixar claro às pessoas o quanto elas são importantes em nossas vidas e o quanto nos importamos com elas. Diga, lembre e lembre-se, explicite, olhe fundo nos olhos, pergunte, dê as mãos, mande mensagens, deixe bilhetes, convide, sorria, abrace, beije, declare-se, discuta, chore, grite seu o amor, viva seu amor, ele tem que ficar nítido, certo, pois é somente assim que ele sobreviverá. E é somente assim que você sobreviverá, rico ou pobre, na cidade, no campo, sob chuva ou sol escaldante, sempre ao lado do amor de sua vida..

Nota da Página: A Imagem de capa é do casal Kendrick Brinson e David Walter Banks que, ao longo de vários anos, têm documentado o seu amor tirando fotos na mesma pose – um beijo mega apaixonado – em diferentes partes do planeta. Esse é o jeito que eles encontraram de registrar seu amor no mundo inteiro. Fonte da foto.

Na cidade cinza sem afeto, amar colorido é um protesto.

Na cidade cinza sem afeto, amar colorido é um protesto.

Outro dia eu entrei no ônibus, sentei ao lado de uma senhora e disse;

-Bom dia! Tudo bem?

Ela com uma cara de surpresa/acuada, meio sem saber o que fazer, respondeu;

-Por quê?

Eu insisti em recuperar a conversa e consegui algumas palavras dela. Desci do ônibus me perguntando como a cidade aglomera pessoas, mas as mantém distantes.

A confusão de carros e prédios, o aperto dos congetionamentos, o enlatamento dos ônibus; centros urbanos estão mais cinzas. Não há tantos edíficios amarelados, rosados, falta cor! E toda essa aparência externa vai nos afetando por dentro, sem perceber estamos também mais parecidos com o concreto acimentado.

Sabe aquela sensação de conexão e descoberta quando entramos num jardim? A variedade de flores costuma me despertar pra ideias e sentimentos que eu não cogitava ter. Deveria ser assim nas cidades! Cada prédio uma margarida, cada construção um girassol.

Ainda assim, vez ou outra, digo que algo me encantou. Sempre, mesmo, tem alguma crítica pronta por aí. Tentam tirar as cores de qualquer sentimento que não seja cinza.

Como tem gente incomodada, hein.

Se eu disser que amo porque vi ontem e achei a coisa mais cheia de graça da semana, vão dizer que é cedo demais. Se eu falar que apaixonei porque estou esse tempo todo perto, vão dizer que posso estar confundindo as coisas. Se eu falar que me amo na solitude e está tudo bem me amar, vão dizer que não existe amor solteiro.

E quanto mais pintado o amor fica, mais críticas. Há muitas pessoas que se incomodam com a menor aparência de arco-íris, porque de alguma forma também estão necessitadas de gradientes e aquarelas. É por isso que você e as pessoas que você gosta, devem se juntar. Não podem recuar diante das tentativas de apagarem o tanto de cor já conquistada. É preciso se manifestar, por nós e por todos que só receberão mais vida, se não desistirmos de colorizar a vida.

Vamos seguir em frente por namorarmos dias de paz

Na cidade cinza sem afeto,

amar colorido é um protesto.

“Amarração” é sadomasoquismo. Amor é coisa de gente livre.

“Amarração” é sadomasoquismo. Amor é coisa de gente livre.

“Faço amarração de amor”, diz o cartaz colado no poste. Você já deve ter visto coisa parecida por aí. Se já viu, também já deve ter se perguntado: que tipo de gente é capaz de requisitar esse serviço?

Em quem oferece tal especialidade eu prefiro nem pensar. Evita pesadelos. Melhor deixar isso com a polícia e os exorcistas. Agora, as pessoas que necessitam desse expediente me cutucam a curiosidade.

O que acontece a um sujeito para pedir a alguém que “amarre” a pessoa que ele diz amar? Por quais caminhos esburacados passou até chegar ao lugar sombrio onde está? Que substâncias ilícitas consumiu? O que, afinal, estraçalhou a sua dignidade, sua autoestima, sua inteligência e seu juízo para chegar a esse nível?

Sim, porque se o ser amado é escorregadio a ponto de ter de ser “amarrado” para não escapulir, é melhor deixá-lo ir de uma vez. Ele não serve para você! Aliás, ninguém pertence a ninguém para ser condenado à prisão domiciliar sem ter cometido um crime. Assim como ninguém é dono de ninguém, exceto os animais de estimação, para lhe enrolar uma corrente e mantê-lo sempre perto.

Quem ama uma pessoa de verdade só o faz porque quer. Logo, fica junto se quiser! Quando deseja alguém por perto, é porque ama e o amor o faz livre. Livre de tudo a ponto de recusar outras ofertas, outros caminhos, outras propostas da vida. Livre para se deixar estar ao lado de seu amor. Sem amarras, sem cordas, sem limites, quem ama se deixa estar junto. Livremente agarrado a quem o merece.

Essa conversa de “amarrar o amor” é nada senão perversidade, fixação, posse ilimitada. Caso de cadeia! Alguém de fato interessante e amoroso não precisa acorrentar o ser amado. Tem decência, bondade e amor próprio suficientes para saber quando acabou e seguir adiante.

“Amarrar” o outro não é amá-lo. É odiá-lo a ponto de cortar-lhe as asas, reforçar as grades da gaiola, controlar seus passos via localizador, queimar-lhe a pele como gado. Fazer de tudo para torná-lo invisível a outros olhos, intocável por outras mãos. Como se ele fosse um objeto correndo o risco de ser roubado por outro ser. Não alguém livre que só irá embora se quiser, quando bem entender.

Tem gente tão equivocada, tão temerosa de perder o que jamais lhe pertencerá, que chega ao cúmulo de desejar a morte do ser “amado”. Assim, tomado pela inacreditável lógica do “se não é meu, não será de mais ninguém”, tira-lhe a vida. Seja de forma simbólica, amarrando-o, seja literalmente, disparando uma arma contra ele.

Definitivamente, amar não é amarrar. É deixar o outro voar solto, livre, generoso. E é voar com ele se for o caso. Quem ama não aceita “amarração”. O amor é a mais pura, bela e santa libertação!

No fundo, tudo o que a gente quer é encontrar alguém que se comprometa

No fundo, tudo o que a gente quer é encontrar alguém que se comprometa

Em tempos de louvor ao sexo casual, essa invenção maravilhosa para juntar a gente com outra gente que naquele momento só quer isso mesmo, unir boca, pele e corpo numa dança sem compromisso, durante a qual partilha-se a urgência do desejo e atende-se o apetite físico, almejar o prazer da intimidade parece ser um sonho extremamente ambicioso.

Um bom encontro sexual entre duas pessoas depende apenas de que aconteça uma conexão química, tipo fogo sobre um campo de trigo que não vê chuva há meses. O incêndio é rápido, toma tudo, invade os espaços, queima, produz calor. Depois, de alguns minutos, ou horas (se tivermos bastante sorte), ele apaga. Deixa-nos apaziguados, indolentes, soltos.

A necessidade de sexo nos acompanha desde que ainda nem sabíamos nada de nada dessa vida e de nossas intrincadas relações com o outro. O tom afetivo de nossos pais, desde os nossos primeiros dias de vida, vai contribuir para nossa modulação emotiva e sexual. O nosso comportamento erótico, enquanto adultos, teve sua estrutura estabelecida em nossos primeiros anos de vida; e, é isso que vai configurar a nossa sexualidade.

Ainda bem pequenos, começamos a explorar o universo das sensações a partir do nosso corpo. Nossas primeiras experiências de prazer estão intimamente ligadas ao toque, ao cheiro, ao gosto, aos estímulos visuais e auditivos. É dessas experimentações que nasce o nosso comportamento sexual, nossas preferências nosso diálogo com as fontes de prazer.

Aqueles que cuidaram de nós lá atrás tiveram um papel fundamental e básico na constituição das formas de nos relacionarmos. A depender do vínculo que se estabeleceu, seremos mais ou menos sensíveis e receptivos aos toques, mais ou menos disponíveis para nos entregar e acolher, mais ou menos confortáveis em relação às nossas necessidades de afeto e prazer.

O aprendizado afetivo na infância define a origem da nossa capacidade de amar, quer sejam amores passageiros, temporários ou para a vida inteira. E, acredite, mesmo quando nos dispomos a um encontro de sexo casual, pode haver amor ali. Não se trata desse amor estereotipado que cabe em expressões absolutamente vazias do tipo “eternos namorados”.

Amor depende da disposição de despir-se de relacionamentos idealizados, para acomodar na pele e no peito algo de bonito que pode vir da partilha do nosso corpo, alma e sonhos, com alguém igualmente disposto a partilhar. Amor pode ser essa maravilhosa sensação de estar voltando para casa, depois de uma eternidade perambulando por aí. Amor pode ser a percepção de que aquele toque, em especial, era tudo o que precisávamos para nos reconectar de volta.

Descobrir uma conexão erótica e afetiva com alguém é uma experiência das mais avassaladoras. De repente, o som daquela voz nos tira do eixo das coisas desimportantes e nos lança num mundo cheio de horinhas descuidadas nas quais nos surpreendemos a sorrir absolutamente à toa. De repente, um riso que se mistura com o outro, é mais perfeita música que poderíamos ouvir para nos levar a um lugar de afetos que libertam, aquecem e curam. Sexo, apenas ele, já é uma espécie de comunhão. Sexo, com intimidade e afeto é dessas coisas que nos fazem acreditar na beleza inquestionável de estarmos vivos.

8 filmes surpreendentemente belos e que falam de amores reais

8 filmes surpreendentemente belos e que falam de amores reais

Às vezes, a vida real é a melhor inspiração para o cinema quando o tema é amor. Romances incríveis aconteceram na vida de muitas pessoas e alguns acabaram virando filmes.

Pensando nessas histórias de amor surpreendentes, elaborei uma lista com oito filmes baseados em amores da vida real.

Então, que tal conhecermos mais sobre esses filmes românticos e biográficos e as pessoas especiais que os inspiraram?

1._ No Amor e na Guerra

contioutra.com - 8 filmes surpreendentemente belos e que falam de amores reais

O filme: Ernest Hemingway (Chris O’Donnell) é o responsável por dirigir uma ambulância na Primeira Guerra Mundial. Durante o combate ele é gravemente ferido, sendo transferido para um hospital onde ganha cuidados da bela enfermeira Agnes (Sandra Bullock), por quem se apaixona.

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Na vida real: Durante a guerra o escritor Hemingway, que trabalhava como motorista de uma ambulância, foi atingido por estilhaços de uma bomba e internado em um hospital de Milão, onde apaixonou-se pela enfermeira Agnes von Kurowsky. Hemingway tinha apenas 18 anos, e Agnes, 26.  Sua experiência na guerra foi contada no livro “Adeus às Armas”, lançado em 1929. No livro de Hemingway, Agnes inspirou a criação da heroína Catherine Barkley. Após o fim da guerra, com o retorno de Hemingway para os Estados Unidos, Agnes escreveu-lhe uma carta terminando o relacionamento e pondo fim aos planos de se casarem, pois estava envolvida com um oficial italiano.

2._ Johnny & June

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O filme: A história do cantor Johnny Cash é contada desde sua juventude em uma fazenda de algodão até o início do sucesso em Memphis, onde gravou com Elvis Presley, Johnny Lee Lewis e Carl Perkins. Sua personalidade marginal e a infância tumultuada fazem com que Johnny entre em um caminho de autodestruição, do qual apenas June Carter, o grande amor de sua vida, pode salvá-lo.

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Na vida real:  Johnny e June formaram um casal que encantava pela sincronia e pela intimidade dentro e fora do palco. Ele foi um dos protagonistas do Rockabilly e fez parcerias com cantores como Carl Perkins, Eric Clapton, Elvis Presley e outras lendas do Rock. Johnny se envolveu com drogas e encontrou no amor de June a força para enfrentar o vício.  Foram 35 anos de casamento e parceria. June faleceu um pouco antes do início das filmagens do filme “Johnny e June” e Johnny faleceu quatro meses depois.

3._ Comer, Rezar, Amar

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O filme: Elizabeth é uma escritora de sucesso que, de repente, percebe que não está vivendo a vida que sempre sonhou. Ela decide largar tudo e viajar ao redor do mundo para se conhecer. Na Itália, ela se delicia com a gastronomia, na Índia ela se dedica ao seu lado espiritual e em Bali ela encontra seu verdadeiro amor.

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Na vida real: O filme é baseado em uma autobiografia escrita por Elizabeth Gilbert. O livro foi escrito em um estilo altamente íntimo, o que torna possível notar que o amor entre Elizabeth e José (no filme seu nome é Felipe) é muito parecido com aquele que foi retratado no filme “Comer, Rezar e Amar”. No filme Elisabeth e José não se casam, mas na vida real eles se casaram e divorciaram. Elizabeth continua escrevendo seus livros.

4._ Como se fosse a primeira vez

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O filme: Henry Roth é um veterinário paquerador, que vive no Havaí e é famoso pelo grande número de turistas que conquista. Seu novo alvo é Lucy Whitmore, que mora no local e por quem Henry se apaixona perdidamente. Porém há um problema: Lucy sofre de falta de memória de curto prazo, o que faz com que ela rapidamente se esqueça de fatos que acabaram de acontecer. Com isso Henry é obrigado a conquistá-la, dia após dia, para ficar ao seu lado.

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Na vida real: A personagem de Lucy foi inspirada na americana Michelle Philpotts, que sofre de uma forma rara de amnésia: depois de uma série de incidentes, o tempo parou para ela e por mais de vinte anos ela vive em 1994. Seu marido conta para ela, todas as manhãs, que eles são casados, mostrando fotos e notas que registram os acontecimentos mais importantes da vida dos dois. A diferença em relação ao filme se dá pelo fato de que na vida real o casal se conheceu antes do acidente. O marido de Michelle cola pequenas notas na geladeira lembrando os eventos importantes que aconteceram na vida do casal desde 1994.

5._ A Massai Branca

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O filme: Uma empresária suíça comprometida passa férias no Quênia. Um guerreiro da tribo Massai torna-se seu guia. No continente selvagem os dois vivem uma arrebatadora paixão, que transpõe a barreira da língua, da má alimentação e das doenças. Um filme inspirado na autobiografia “A Massai Branca” que conta, com delicadeza e bom humor, uma tocante história de amor.

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Na vida real: A história de Corinne Hofmann, foi descrita em seu livro autobiográfico “A Massai Branca” que serviu de base para a composição do filme. Corinne encontrou seu amor queniano, Lketinga Leparmoriyoin, em 1986, durante uma viagem ao Quênia com o namorado. Ela terminou com o namorado, vendeu seu negócio na Suíça, e se casou com seu novo amor em 1988. Em seguida, ela experimentou uma série de problemas: não só com doenças perigosas, mas também relacionados às diferenças culturais do marido – Lketinga era um homem muito ciumento e duvidava da fidelidade de Corinne. Mesmo amando muito o marido, depois de alguns anos ela decidiu voltar para a Europa.

6._Para Sempre

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O filme: Paige e Leo iam comemorar o quarto aniversário de casamento quando acabam sofrendo um acidente de carro e Paige fica em coma. Seu retorno à consciência é marcado por uma sensação de perda: ela não reconhece seu marido e não se lembra de seu relacionamento. Então Leo decide conquistar o coração de Paige novamente.

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Na vida real: Um casal chamado Krickitt e Kim Carpenter serviu como inspiração para Paige e Leo. A amnésia causada por um acidente de carro apagou as memórias dos últimos quinze anos da vida de Krickitt. Isto incluiu a época em que se conheceram e que se casaram. Kim não desistiu e ficou ao lado de sua esposa, mesmo quando ele percebeu que ela não o amava como antes. Com o tempo Krickitt se apaixonou novamente pelo marido. Mais tarde, Kim Carpenter escreveu um livro chamado “Para Sempre”, que se tornou base para a composição do filme. Atualmente Krickitt e Kim continuam casados e têm dois filhos juntos.

7._Antes do Amanhecer

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O filme: Jesse (Ethan Hawke), um jovem americano, e Celine (Julie Delpy), uma estudante francesa, se encontram casualmente no trem para Viena e logo começam a conversar. Ele a convence a desembarcar em Viena e gradativamente vão se envolvendo em uma paixão crescente. Mas existe uma verdade inevitável: no dia seguinte ela irá para Paris e ele voltará ao Estados Unidos. Com isso, resta aos dois apaixonados aproveitar o máximo o pouco tempo que lhes resta.

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Na vida real: O filme “Antes do Amanhecer” foi filmado tendo como base o encontro real entre o diretor Richard Linklater e uma jovem chamada Amy Lehrhaupt no ano 1989. Os dois se conheceram em uma loja de brinquedos na Filadélfia, quando ele tinha vinte e nove anos e ela vinte e um, e resolveram passar uma noite juntos, assim como o casal do filme. Linklater relatou ter dito a Amy, a moça que o inspirou durante horas de conversa, que faria um filme sobre o encontro que tiveram. Com a estreia do filme ele tinha esperança de reencontrar Amy, algo que não aconteceu, infelizmente, pelo fato de meses antes do início das filmagens de “Antes do amanhecer” ela ter sofrido um acidente de moto, aos vinte e cinco anos, e falecido. Foto acima: Amy Lehrhaupt.

8._W.E. – O romance do século

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O filme: Anos 30. O Duque de Windsor, Eduardo VIII (James d’Arcy), é o primeiro na lista de sucessão da coroa britânica. Ele conhece e se apaixona por Wallis Simpson (Andrea Riseborough), uma americana casada. Quando Eduardo assume o trono passa a sofrer pressão para que não se case com Wallis, devido ao fato dela não ser inglesa e ter dois divórcios no currículo. Para ficar com seu grande amor, ele renuncia ao trono, que passa a ser ocupado por seu irmão Bertie (Laurence Fox). Em 1998, Wally Winthrop (Abbie Cornish) é obcecada pela história de amor entre Eduardo e Wallis. Ela trabalha na preparação de um grande leilão de objetos do casal e costuma fantasiar como seria a vida deles. Entretanto, na vida real Wally enfrenta vários problemas no casamento com William (Richard Coyle).

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Na vida real: Após reinar por menos de um ano, Eduardo VIII tornou-se o primeiro monarca inglês a abdicar voluntariamente do trono. Preferiu abdicar após o governo britânico, a opinião pública e a Igreja Anglicana terem condenado sua decisão de casar-se com Wallis. “Considerei impossível carregar tão grave responsabilidade e desempenhar os deveres de rei, como gostaria, sem a ajuda e o apoio da mulher que amo”, explicou ele em uma declaração pela rádio. Em 1945, o casal retornou a Paris. Eduardo fez bem poucas visitas à Inglaterra até sua morte no ano 1972. Em 1986, morreu Wallis, e seu corpo foi enterrado ao lado do marido em Windsor.

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Curtindo a Vida Adoidado – 30 anos

Curtindo a Vida Adoidado – 30 anos
FERRIS BUELLER'S DAY OFF, Matthew Broderick, Mia Sara, Alan Ruck, 1986 FILM STILL

Dirigido, escrito e produzido por um dos maiores ícones de uma geração, John HughesCurtindo a Vida Adoidado completa 30 anos de existência em 11 de junho de 2016. Clássico pulsante da Sessão da Tarde, o longa protagonizado por Matthew Broderick era a máxima de grande parte dos adolescentes na década de 80 e 90 – o simples desejo de matar aula e viver experiências inesquecíveis. Quem nunca orquestrou o plano perfeito para ficar em casa em pleno dia de semana? Aquilo que pode ser considerado uma falha de caráter, na verdade, era um resumido apelo e também um convite para curtir a vida.

Hughes criticou o modelo datado e rotineiro do qual caminhamos em nossas vidas. Cheios até o pescoço das responsabilidades e pressões sociais, esquecemos muitas vezes a graça que é partilhar momentos únicos. Ferris Bueller curtiu a vida adoidado num único dia e carregou nos braços e sorrisos jovens espalhados mundo afora. É mais do que um filme de entretenimento. O roteiro mescla crítica e intensos goles esperançosos. Dialogando com todos os públicos, a produção ainda permanece no imaginário e no coração. Uma narrativa celebradada ano após ano. Twist and Shout dos Beatles virou um hino por causa de Ferris. Para quem ainda desconfia da capacidade da sétima em trazer ao espectador educação, sentimentos e sonhos, Curtindo a Vida Adoidado é o remédio certo para a desconstrução dessas barreiras.

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Poderia escrever inúmeras linhas para salientar a importância do filme, mas quer saber?

“A vida passa muito rápido, e se você não curtir de vez em quando, a vida passa e você nem vê.” (Bueller, Ferris)

É preciso deixar ir o que não te serve mais

É preciso deixar ir o que não te serve mais

Imagem: Igor Salcov/shutterstock

Quantas vezes nos apegamos a sentimentos antigos? Quantas vezes nos culpamos por algum fato no passado? Quantas vezes não aceitamos o que está acontecendo neste momento? Quantas vezes sonhamos com um futuro diferente? Quantas vezes tentamos fugir de tudo que está à nossa volta?

Imagine que você tem um armário do tamanho do seu quarto, que esse armário lhe pertence desde que você se conhece por gente e que você tem a liberdade de guardar qualquer coisa e também de retirar qualquer coisa dele.

Imagine que o tempo foi passando e você foi guardando tudo lá: o que era bom, o que lhe servia, o que era importante, o que você ganhou, o que você passou, suas vitórias, suas descobertas, os seus gostos. Você também guardou o que fez sofrer, o que era ruim, o que não lhe servia, o que não era importante, o que você perdeu, o que você não gostou, suas derrotas, suas tristezas e suas preocupações.

Imagine que você foi guardando tudo sem uma organização e sem analisar se o que você guardava era realmente necessário, ou se isso hoje ainda seria útil a você. Que, por alguma razão, você guardou tudo o que o deixa triste nas primeiras prateleiras, na porta do armário ou em outro lugar fácil de lembrar. Você simplesmente não sabia que poderia organizar e, de certa forma, como gerenciar o seu armário, você só fazia o que foi lhe ensinado e o que viu todos fazendo, por repetição.

Ao saber que você é a única pessoa capaz de mexer em seu próprio armário, o que você poderia fazer?

Você pode entrar ali e olhar com compaixão, pode organizar tudo que está guardado, pode limpar, jogar fora o que não é mais útil — o que não cabe mais em você, na sua vida. Não é bom esconder tudo em um armário onde não está cabendo mais nada.

Ao longo da nossa vida, nós guardamos várias recordações, vários sentimentos, vários conceitos ou preconceitos, várias máscaras, vários “Eus”, vários gostos, várias histórias, várias mágoas, várias alegrias e várias tristezas em nossa mente. Nossa mente é rondada por esses pensamentos, sentimentos e sensações em todos os momentos. Qualquer acontecimento pode desencadear uma série de memórias ligadas ao nosso passado.

Para que hoje possamos ser livres do que nos aconteceu em outros tempos, é necessário deixar ir pensamentos, emoções e sentimentos. Não que tenhamos que procurar o prazer e fugir da dor, mas sim que possamos viver baseados no que está acontecendo no momento e não no que acontece agora em comparação ao nosso passado.

O PASSADO JÁ SERVIU AO SEU MOMENTO. É PRECISO DEIXAR IR EMBORA, SOLTAR-SE DISSO, DESPRENDER-SE.

É necessário deixar ir o que prende, o que o assusta, o que entristece, o que angustia e aceitar o que o momento está te trazendo. É preciso deixar ir o que não serve mais.

Tome consciência disso e deixe ir aquela pessoa, aquele conflito, aquela angústia, aquele vício, aquele prazer, aquele conforto, aquela estabilidade, aquela mágoa, aquela certeza, aquele falso você, aquele quem você já foi um dia.

Assim, você vai se descobrindo, criando-se e remoldando a sua verdadeira essência.

Diga a si mesmo que é preciso encerrar um ciclo para estar livre para um outro; que o que passou jamais voltará; que, a cada momento, tudo está mudando e que você não tem o controle. Que certas coisas não cabem mais na vida da pessoa que você é hoje e que é necessário soltar. Essa é a real mudança, de dentro para fora.

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram. As coisas passam e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto, às vezes ganhamos e às vezes perdemos. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo — nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. 

Pratique o Desapego, de Fernando Pessoa.

A beleza exótica das pessoas com sardas

A beleza exótica das pessoas com sardas

A beleza exótica das pessoas com sardas foi bem retratada pelo fotógrafo inglês Brock Elbank em seu projeto Freckles, que, em português, significa “sardas”.

Quando Elbank morava em Sydney, na Austrália, ele se encontrou com John, filho de seu amigo Eddie, durante um jogo de futebol. Elbank pediu permissão a John para tirar um retrato, fascinado que ficou pelas sardas do garoto. Foi dessa primeira foto que nasceu a ideia de fazer uma série.

O projeto Freckles foi iniciado em meados de 2015. Desde então, Elbank já fotografou mais de 90 pessoas com sardas, todas elas personalidades distintas com algo em comum. O fotógrafo pretende coletar, ao todo, 150 retratos até o início de 2017, quando ele planeja organizar uma festa de celebração do fim do projeto.

Enquanto trabalhava com seus personagens sardentos, Elbank ouviu muitas histórias sobre como eles odiavam suas sardas na infância. Esse déficit na autoestima é uma sequela do bullying sofrido no colégio. Algumas das garotas que ele fotografou escondiam suas sardas com maquiagem, tamanha era a vergonha que sentiam ao ouvirem os comentários depreciativos de seus colegas sobre sua aparência incomum. Talvez fosse inveja, talvez fosse admiração ocultada na inveja.

Em entrevista para o Buzzfeed, Elbank comentou:

“Eu sempre adorei sardas. O que eu achei interessante sobre os caracteres individuais que tive a sorte de fotografar foi que muitas dessas pessoas lutam contra as próprias sardas e odeiam-nas até hoje.”

Essa insatisfação gritante chocou o fotógrafo, para quem o perfil dos sardentos é espetacularmente apaixonante. Nota-se que ele tem um bom gosto.

Sempre que viaja pelo metrô de Londres, Elbank se depara com dezenas de indivíduos que gostaria de fotografar, sejam eles sardentos ou não. Para ele, as pessoas em geral são o tema fotográfico mais fascinante que se pode encontrar.

Sobre o processo produtivo, Elbank diz que é simples. Ele não usa truques secretos nem técnicas especiais para tirar suas fotografias, e afirma que leva de quatro a cinco horas para finalizar cada uma delas.

O projeto fotográfico Freckles externaliza um atributo estético específico de pessoas que, muitas vezes, não estão totalmente cientes de como sua beleza é rara, estonteante e diversificada.

Apesar de muitos odiarem suas próprias sardas, outros as consideram um privilégio proporcionado pela genética.

Elbank espera que essa série de fotografias inspire pessoas com sardas a se sentirem mais confortáveis com suas marcas que as tornam tão especiais.

Cada uma das pessoas sardentas retratadas por Elbank possui, em si, uma espécie de selvageria, tanto no olhar como no semblante em geral. Algumas expressam soberba e agressividade, outras, calma e pacificidade, mas todas elas parecem intensas e brilham como se estivessem sob influência de magia. Veja os retratos:

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*Instagram e Facebook de Brock Elbank

Feliz é o amor que deixa saudades

Feliz é o amor que deixa saudades

Porque aquele que recebe todos os dias as maiores orações para ser esquecido, este ainda carrega feridas abertas e uma boa dose de dor.

O amor que deixa saudades é o que já passou pela prova do desapego e do tempo. O que invoca somente os momentos felizes, que conseguiu perdoar e ser perdoado. Esse amor foi feliz enquanto foi amor. E depois pode ter virado amor de outro amor, mas se eternizou nas lembranças e no tempo.

Enquanto a gente se esforça para banir um amor, nada é saudade e toda memória é sacrifício. Esse amor entra na conta do “não valeu”, como nos jogos de criança.

Sem saudade nenhum amor foi de verdade. O esforço que vale não é o de esquecer, de repelir lembranças nem distorcer o tempo passado. O esforço que vale é analisar, torcer e espremer até entender que não foi um amor. Caso contrário, deixaria as saudades. Seria digno de um momento de lembrança, um risinho no canto da boca, um cheiro, um sabor, um calor.

A morte leva os amores mas deixa as saudades. A vida faz o mesmo. A diferença entre as duas é a nossa participação. Enquanto a primeira dispensa, esta outra vai deixando a gente escolher e ser escolhido. Pegar e largar. Manter ou perder.

Mas se por um mínimo instante da vida o amor esteve presente, a saudade vai confirmar um dia.

Saudade não dói. O que dói é a ideia da separação de um amor. Mas tantas vezes é preciso… tantas outras é inevitável…

A saudade aparece para nos da enorme capacidade de amar, dos momentos mais vividos, ainda valendo ou não na contagem, mas preservados, etiquetados e arquivados, ao alcance das mãos da saudade. E quando ela puxa um deles, nos mostra satisfeita que foi um amor feliz.

Cuidado! Tem gente usando a crise para levar seus sonhos embora.

Cuidado! Tem gente usando a crise para levar seus sonhos embora.

Se a gente deixa, eles usam a crise como a desculpa perfeita. Prendem as nossas mãos, amarram os nossos pés, fecham a nossa boca e abrem a jaula dos nossos medos.

Mal a gente percebe, atiçam nossas inseguranças contra nós mesmos, até elas rosnarem feito cachorros loucos, babando raiva em nossa cara.

Porque a gente deixa, eles levam todos os nossos sonhos embora e os usam para fazer sabão.

Nos governos, uns aumentam os impostos que o povo paga, outros reajustam os próprios salários para cima.

E a gente deixa.

Nas ruas tem os que agridem, os que roubam, os que matam. E todos põem a culpa na crise.

Nas empresas, uns são demitidos e outros não. Mas os que ficam aceitam a condição de trabalhar por dez.

Só porque a gente deixa.

Deixa porque a crise quando se instala no coração da gente faz estrago. Faz de nós máquinas de sentir medo e moer sonhos.

Então a gente deixa. Deixa e aceita o emprego que nos escraviza e que mal paga as nossas contas.

Por medo, a gente aceita ganhar mal, comer mal, dormir mal, amar mal, viver mal porque “antes assim…”

A gente aceita qualquer desculpa fácil, cínica e vil para uns pagarem menos e outros trabalharem mais. A gente aceita e deixa.

Deixa porque tem medo.
Deixa porque não quer perder.
Deixa porque mal percebe que já perdeu.

A gente deixa. A gente deixa.

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