6 hábitos que limitam nossa capacidade de raciocínio

6 hábitos que limitam nossa capacidade de raciocínio

Nosso cérebro é como um processador de computador: sua memória é limitada, tem uma capacidade esgotável de armazenamento e recursos específicos que podem ser utilizados em um determinado período de tempo.

O mar de distração que nos rodeia impede que nos concentremos plenamente em uma só atividade pelo tempo devido, já que qualquer tarefa concorrente ocupa mais espaço em nossa capacidade de concentração, foco, resolução de problemas e para ser criativos. Como consequência desse déficit nas habilidades cognitivas, o funcionamento do raciocínio é consideravelmente comprometido.

Embora existam incontáveis atividades secundárias que entram em competição com aquelas que realmente exigem nosso tempo prático e prioridade, grande parte dessas tarefas são frívolas, ou seja, não têm um impacto significativo sobre nosso potencial de agir e pensar. No entanto, elas interferem no nosso pensamento, simplesmente o retardando quando precisamos de velocidade na tomada de decisões.

A maioria de nós pode fazer uma lição de casa, um trabalho de faculdade ou executar determinados projetos ouvindo música, comendo ou conversando paralelamente com outras pessoas, por exemplo. Mas alguns hábitos psicológicos consomem enormes quantidades de recursos intelectuais que diminuem a eficácia de nosso raciocínio.

Poucas pessoas estão cientes de que esses hábitos podem ser prejudiciais, ou nem se importam com isso, porque eles não são suscetíveis de interromper o que estão fazendo ou fazem. Mas esses hábitos incutem um efeito adutivo e, de certa forma, alienante, e podem sim atrapalhar a realização de tarefas simples ou complexas. Alguns desses hábitos são:

1. Ruminação

O hábito de repetir eventos ou pensamentos perturbadores, frustrantes e angustiantes pode estimular a consecução de emoções negativas, e potencializar atitudes autodestrutivas. O ciclo vicioso provocado pela ruminação prende nossa psique em uma armadilha perigosa. Essas desordens psicológicas consecutivas afetam severamente os recursos intelectuais, bem como nossa saúde mental e física.

2. Culpa 

A culpa tem sua origem eventual em questões mal resolvidas do passado. Mágoa e ressentimento acumulados são como o câncer: crescem a cada dia e podem nos destruir física e emocionalmente. É claro que todos nós nos sentimos culpados de tempos em tempos e, quando o fazemos, pedimos desculpas ou agimos para resolver uma situação e sanar esse tipo de sentimento. Porém, a culpa não abordada que retorna periodicamente cria uma distração cognitiva prejudicial ao nosso raciocínio, já que a sensação de estar culpado aprisiona a mente ao invés de libertá-la.

3. Reclamação 

Todos nós precisamos botar para fora frustrações e discordâncias em relação ao mundo e sobre o que acontece em nosso entorno, e fazemos isso na forma de reclamações. Mas muitas delas são ineficazes praticamente, e não levam a nada além de um alívio emocional periódico. É comum externarmos nossas histórias tristes com a intenção de liberar raiva, mágoa, ódio e ressentimento, mas é incomum que façamos esses relatos de forma a encarar os fatos sob uma perspectiva não pessoal, que talvez elucidasse o problema. Raiva e frustração exigem muita energia mental, desgastam, e isso acaba drenando nossa capacidade intelectual, no fim das contas.

4. Rejeição e autocrítica 

A rejeição cria um impacto emocional tamanho que essa tribulação afeta diretamente nosso humor. Lidar com a rejeição, no sentido de entender que ela é factual, corriqueira, é uma vantagem estratégica sobre a frustração ou tristeza. Às vezes, a rejeição pode acarretar em autocrítica demasiada, tão ou mais severa que a própria rejeição. Julgamentos precipitados e falsas atribuições são comuns ao enfrentar uma rejeição, principalmente quando ela vem das pessoas que creditamos as maiores expectativas. Querer eliminar a injustiça no mundo ou suplicar por reconhecimento de todas as pessoas que nos importamos toma muito tempo e esforço mental, o que faz nublar algumas habilidades cognitivas relacionadas ao potencial de raciocínio.

5. Pessimismo 

Assim como remoer o passado (e não aprender com ele) nos impede de raciocinar de maneira íntegra, imaginar futuros catastróficos (hábito comum de pessimistas) é algo degradante para efeitos intelectuais práticos. Resgates mentais malsucedidos não salvam nosso presente, assim como predições negativas facilmente se tornam profecias autorrealizáveis. O poder de raciocínio se intensifica quando nossa concentração está livre de reminiscências vazias e profecias desastrosas.

6. Obsessão 

A maioria das pessoas não considera uma preocupação como sendo prejudicial, pois associam-na a qualquer responsabilidade que se possa assumir. Entretanto, uma simples preocupação pode virar obsessão, e não é um exagero admitir que toda obsessão é corrosiva, de uma forma ou outra. Se estamos preocupados, priorizamos a preocupação em nossas mentes, e mais facilmente a controlamos. Mas se estamos sendo obsessivos, a obsessão é que nos controla. Esse é um problema grave e incapacitante, pois oblitera nosso senso de raciocínio e pensamento.

O que a sua assinatura diz sobre você?

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A sua assinatura é única e autêntica. Ela é um símbolo de sua identidade e é a marca que você usa para se apresentar formalmente ao mundo. Mas além de ser uma ferramenta para assegurar a validade jurídica de documentos, a sua assinatura também pode revelar muito sobre você.

A ciência que determina a relação entre traços de personalidade e uma assinatura manuscrita é conhecida como grafologia. Tendo como base essa ciência, nós aqui da Conti Outra Artes e Afins traduzimos esse infográfico simples que irá ajudá-lo a revelar os intrincados detalhes da sua personalidade através da sua assinatura.

Tradução de Vanelli Doratioto

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Fonte: brightside.me

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Feche os olhos…e abra os braços a toda e qualquer forma de amor

Feche os olhos…e abra os braços a toda e qualquer forma de amor

Não há canto nenhum, de lugar nenhum que seja grande o suficiente para acomodar sentimentos. Sentimentos são coisas descabidas, não levam muito jeito para fazer sentido. Sentimentos são da natureza das águas, escorrem, escoam, contornam, invadem. E, não há muros, paredes ou escudos que possam nos proteger de sentir. Que bom!

Fazemos parte de uma espécie gregária. Precisamos do outro, quer sua presença seja física, espiritual ou não passe de um desejo esperando para ser realizado, ansiamos por contatos que nos acolham, preencham, desorganizem.

De repente, pode ser que esteja nos faltando uma liberdade no olhar. Ser capaz de olhar bem ao redor. Com um pouquinho de ausência de regras, filtros ou exigências, é bem capaz de acharmos alguém solitário ou ansioso por conhecer alguém tão descabido quanto nós. Procuremos por olhares incertos, aqueles de canto de olho, em busca de uma dança na chuva, uma tarde preguiçosa na varanda ou uma noite de histórias partilhadas.

Não há de ter data marcada para fazer caber alguém no nosso espaço. Não precisa de toalha chique na mesa, nem comida com nome difícil, nem um monte de talheres que ninguém sabe para que servem. Convide!

Observe o silêncio daqueles que não se colocam tão facilmente, quem sabe não são incompreendidos, desajeitados, julgados como pouco sociáveis. Quebre o gelo! Faça uma brincadeira doce e leve como pipoca colorida, dessas que provocam sorrisos impossíveis de serem contidos. Conte um mico, um segredo inocente, um desejo meio maluco. Convide!

Abra espaço em sua vida para acomodar gente querida, perdida, solta. Pinte de afeto as paredes da casa, abra um vinho suave e borbulhante, pendure umas redes, aqui e ali. Algum sentimento bom há de se deitar nesse lugar, e, quem sabe, por indolência ou descuido, resolva ficar.

Espalhe umas flores pelo caminho, asse um bolo de fubá, coe um cafezinho fresco, prepare uma limonada. Ofereça um pãozinho quente com manteiga, um colo, um banho, um cantinho para descansar os pés, a alma, o coração.

Convide! Convide a lua para acender o céu da noite. Convide as estrelas para enfeitar o telhado. Convide o vento para trazer esperanças e levar embora dores, rancores, temores. Convide as almas com cheiro de flor. Convide! E então… feche os olhos e abra os braços para toda e qualquer forma de amor.

Acho mesmo que o amor nunca acaba.

Acho mesmo que o amor nunca acaba.

Ele se transforma em outra coisa…

Às vezes vira saudade, em outras, a mais pura amizade. Pode também se tornar raiva, mágoa ou ressentimento, mas nunca indiferença.Ninguém consegue ser indiferente ao que já amou.

Bom mesmo é quando o amor passa de paixão e amor sereno a um bem querer despretensioso, daqueles que, apesar dos pesares, se deseja o bem e a felicidade do outro, ainda que longe de você. Em nome de tudo o que se viveu, em nome do que se construiu, em nome do que não foi possível e que agora, quem sabe, possa vir a ser. Em nome da felicidade dos dois, que já foi compartilhada antes, mas que agora vai trilhar caminhos diferentes. Porque a diferença falou mais alto, Apesar de estar lá desde sempre, ela pôde finalmente ser ouvida. E que isso, necessariamente, não precisa ser ruim.

Por ambos saberem que é melhor estar feliz separados do que menos felizes juntos. Por acreditarem que a felicidade é algo que dá trabalho e não cabe na comodidade. Por isso é preciso seguir, cada um o seu caminho, na torcida pra que haja alguns encontros nesta caminhada, agora só pra dizer um olá e quem sabe (tomara!), constatar que estão melhor assim. Cada um no seu caminho, que por anos foi um só, mas que daqui pra frente se abre em trilhas distintas e, se tudo der certo, mais felizes.

Vida que segue…

Não somos tão importantes quanto imaginamos

Não somos tão importantes quanto imaginamos

Nós, em geral, achamo-nos importantes. Ao longo da vida, criamos bons relacionamentos, estudamos bastante, tentamos ser funcionários exemplares, auxiliamos algumas pessoas, fazemos algum trabalho voluntário, namoramos, casamos, criamos nossos filhos. A vida parece ser bem ativa.

Ao fazer isso tudo, é normal nos acharmos importantes, pensar que o que fazemos é primordial, que a vida de algumas pessoas depende de nós, que sem nós muitas coisas não aconteceriam, que aquele trabalho só é bem feito porque o fazemos, e por aí vai.

Só que o tempo vai passando e você se dá conta de que aquele trabalho que só você fazia pode ser também realizado por outro. Nas suas férias, você é substituído. Talvez a empresa não precise mais de você por alguma razão. Aí você percebe que  não é assim tão importante.

Aquelas pessoas que dependiam de você de certa forma estão se virando, ganhando maturidade e crescendo. Seus pais, seus irmãos, seus filhos e seus parentes têm a vida deles e tudo acontece sem que você tenha que fazer muita coisa ou dar algum suporte. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Muitas vezes, buscamos status, dinheiro e poder, visando satisfazer nossa necessidade de sermos importantes. Caímos nas histórias de que várias pessoas dependem de nós, que somos “chefes” e que fazemos algo realmente importante para todos. Nós pensamos que somos imprescindíveis.

Aquela pessoa que dizia que o amava tanto  e que, muitas vezes, exigia amor, proteção, segurança, carinho, conversa, passeios e encontros, já nem liga mais. Não deseja mais bom dia, não pergunta se você está bem e não se preocupa  com você como antes. Aí você percebe que  não é assim tão importante.

Tem aquela pessoa que lhe despertou interesse, que você tinha pensado em conhecer melhor, que você talvez tenha sentido alguma conexão e que tenha resolvido se importar com ela. Você decidiu dar o seu melhor na tentativa de também ser importante; só que então se dá conta de que nada daquilo aconteceu. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Você, às vezes, não é autêntico e não faz o que quer, com medo do que os outros vão pensar sobre isso. Você quer ser um exemplo, não quer magoar ninguém e nem que os outros pensem algo errado de você. Só que o outro está ocupado, vivendo, realizando suas tarefas e pensando em si – sem ligar muito para você. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Você cuida do seu corpo, compra as melhores roupas, quer estar sempre bonito(a), procura conforto e faz inúmeros planos. Daí se dá conta de que o seu corpo pode falhar a qualquer momento, que a qualquer hora ele poderá deixá-lo e se dá conta de que ele tem um período de validade. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Você para e olha para o universo à sua volta. Vê a imensidão do mar, perde-se no infinito do céu, aquece-se com o sol, para tudo para olhar a lua e aquela estrela - que você não fazia ideia de que estava por ali. Você repara na grandiosidade da criação. Aí você percebe que não é assim tão importante.

A água e tudo o  que vem dela nos dá vida, o sol e tudo o que vem dele nos dá vida, a terra e tudo o que vem dela nos dá vida e o ar e tudo o que está nele nos dá vida. Como nós poderíamos ser mais importantes que qualquer criação? Perceba o tempo de vida de um planeta, de uma estrela, ou mesmo de uma árvore, e constate que eles duram muito mais do que nós (até uma tartaruga dura mais que você). Nós “apenas” existimos, não somos autossuficientes. Nós dependemos de tudo que está à nossa volta. Aí você percebe que não é assim tão importante.

Não confunda importância com valor. Nós temos valor, entretanto, comparados com tudo o que existe, nós não temos tanta importância. Ao apagar das luzes, vamos ganhar um espaço de terra e recordações nas fotos e memórias de algumas pessoas (que um dia também irão partir).

A nossa importância tem a ver com as nossas expectativas em relação à demonstração de amor das outras pessoas. É necessário lembrarmos que as pessoas nos amam, mas, muitas vezes, não sabem demonstrar bem isso e que, de fato, existe uma ligação de amor entre todos nós, independentemente de qualquer coisa. Isso é universal. Isso é eterno. Isso é divino.

Quando você sente que pertence, não tem necessidade de ser importante.

Então, por hoje, podemos perceber que não somos tão importantes assim.

“Toda a evolução do homem é de ser alguém para ser ninguém e de ser ninguém para ser todos“ — Sri Sri Ravi Shankar

Fotógrafo documenta casais fazendo amor em público

Fotógrafo documenta casais fazendo amor em público

Para quem pensou em ver casais transando em público, este não é o lugar certo para isso.

O fotógrafo francês Mikaël Theimer percebeu que muitas pessoas sentem vergonha de compartilhar gestos de carinho em público, e então ele criou uma série de fotos que mostram casais em circunstâncias românticas espontâneas.

As fotos fazem parte de um projeto chamado Street Love, e são suficientes para inspirar amor e ternura em quem as observa.

Ao sair pelas ruas de Paris e Montreal, Theimer se atentou às pessoas que trocam beijos e abraços sem qualquer inibição. Assim que observou os casais em perspectiva, ele tratou de documentar os momentos exatos de paixão compartilhada.

As imagens monocromáticas de Theimer exploram a capacidade das pessoas de se conectar em grandes massas, e destacam frações de segundos de emoção genuína explícita.

Em entrevista para o jornal Huffington Post, o fotógrafo disse:

“Eu apenas gosto de ver as pessoas trocando amor, é algo belo e puro. Por um momento, nada em torno deles importa. Eu gosto de focar no lado bom da raça humana. Quanto mais você vê, mais quer fazer parte disso.”

Demonstrações públicas de amor chegam até a assustar algumas pessoas. Esse tipo de retração é um motivo de desconforto não só para indivíduos que estão sozinhos, mas também para muitos casais, que se veem reprimidos em situações constrangedoras. Para eliminar essa vergonha de expressar amor em público, Theimer surge com suas fotos que quebram o paradigma da timidez e desnudam alguns momentos circunspectos de afetividade.

O fotógrafo francês visitou cafés, bares, metrôs, ônibus, bancos, praças, igrejas, parques e calçadas de Paris e Montreal para registrar sua série de casais apaixonados. Veja as fotos:

contioutra.com - Fotógrafo documenta casais fazendo amor em público

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Lições que eu não aprendi com a minha avó

Lições que eu não aprendi com a minha avó

Sei lá, deu vontade de escrever! Um formigamento nos dedos, uma alergia interna, um infinito de pensamentos confusos e complexos sentindo a necessidade de se organizar, de dar vida a algo. Acho que li demais, é isso! Sempre que leio sinto um fio se desenrolar em minha mente, faço links, amarro aqui, amarro ali, até sentir que não há espaço suficiente para concluir meu bordado, senão no papel.

Minha avó sempre dizia: “– Menina tem que aprender a bordar!”, acho que nunca aprendi, mas, desde então tenho tentado, talvez não da maneira padrão, porém, sem nenhum equívoco na escolha, ela diz: “– Tá bonito minha filha!”. Com orgulho, sim! Mas não por ter me ensinado como dar este ponto, acima de tudo, por eu tê-lo descoberto sozinha, por ter entendido que não há limites na arte, nem mesmo na de bordar, o fio não precisa necessariamente ser do novelo de lã, nem daquela linha cintilante que eu não sei o nome, o fio precisa vir de você! É a sua conexão com o mundo, é a sua expressão da vida.

Tem gente que puxa o fio pro papel, tem gente que puxa o fio do violão, tem gente que usa os fios do pincel, tem gente que faz seus próprios fios com os pés e com as mãos, mas no fundo a gente sabe que esse fio é mais longínquo, que vem lá do imaginário, para além da linha do horizonte que é traçada para os olhos confiantes, é um fio que puxa não sei de onde, e que segue um ritmo desordenado, mas não bagunçado, apenas livre, e quando esses olhos confiantes desconfiarem do que há por trás de toda essa realidade padrão, sentirão o peso de suas linhas caírem e percorrerem ao encontro do novo, do desconhecido.

Eu não acredito em gente que não tece fios, que não borda páginas, que não amplia a visão, não que deva ser tudo à minha maneira, não! Não precisa se encaixar, na verdade, não é para se encaixar, mas, sobretudo se exceder, exalar, sair do cânone, todos precisam sentir essa vontade de transbordar, pois viver é se expressar-se e vice-versa.
Eu senti isso hoje! Assim, sem motivos. E deu vontade de completar meu enxoval, para o meu casamento com a vida, vai demorar, eu sei! Mas eu não tenho pressa.

Amélie Poulain: o propósito da vida

Amélie Poulain: o propósito da vida

Construído em tom de fábula pelo cineasta Jean-Pierre Jeunet, o filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” percorre, através da perspectiva de uma jovem sonhadora, Amélie Poulain (Audrey Tautou), o caminho que leva às belezas da vida. Cheio de nuances, o filme nos leva por uma viagem intimista, lúdica e poética sobre o real sentido da vida e sobre a necessidade de enfrentá-la, por mais que seja dura, solitária e cruel.

Criada sem praticamente nenhum contato social e afeto, Amélie se torna introspectiva e, na tentativa de fugir de uma realidade que se apresenta extremamente cruel e escura, cria um mundo de fantasias, onde as coisas são muito mais interessantes e coloridas.

Esse tom lúdico é reforçado pela bela fotografia criada por Bruno Delbonnel, cheia de cores vivas, sobretudo o verde e o vermelho, assim como a trilha sonora. Outro fator que influencia na beleza e na atmosfera do filme reside nele ter sido filmado em locações parisienses, o que permite mostrar as belezas e idiossincrasias de Paris.

Sendo assim, Amélie sente enorme dificuldade em relacionar-se mais profundamente com alguém, não por falta de afeto, mas por timidez e dificuldade de encarar um mundo diferente do seu. Os traumas causados na sua infância, pelos seus pais, os quais representam o mundo exterior, impedem, portanto, Amélie de encarar a realidade de um mundo que parece lhe assustar.

“Isso se chama encarar a realidade. Mas isso Amélie não sabe fazer.”

Se, de um lado, as dificuldades de relacionamento são um problema para Amélie, de outro o seu isolamento lhe permitiu viver todas as suas estranhezas e “imperfeições”, dando-lhe um caráter único e uma personalidade autêntica, contrariando a padronização a que nos submetemos e que acaba por tolher o que possuímos de único e mais bonito.

A idiossincrasia da nossa heroína permite que ela tenha um olhar mais íntimo sobre o que a cerca, desenvolvendo, assim, uma perspectiva ao mesmo tempo melancólica e poética, que percorre os detalhes mais simples e suaves das situações, bem como a faz percorrer um caminho próprio à sua felicidade, a qual não se constitui em grandes coisas ou lugares comuns e sim em pequenas coisas que, na maioria das vezes, passam despercebidas, mas guardam belezas únicas para quem consegue percebê-las.

“Destino estranho esse de uma moça privada de si mesma. Mas tão sensível aos encantos discretos das pequenas coisas da vida.”

No entanto, por mais que essa constituição torne Amélie uma personagem tão bela e encantadora, a sua solidão e isolamento a impede de viver a realização do que há de mais divino na vida, a saber, as relações humanas, o que só é possível a partir do momento em que estamos dispostos a imergir em mundos diferentes.

Obviamente, criar laços é muito mais difícil para Amélie, já que, ao ser privada do convívio com outras crianças e criar o seu universo, passa-lhe a existir um medo intrínseco de encarar um mundo tão desacolhedor para os sonhadores.

O medo que Amélie sente é o mesmo que sentimos, acima de tudo, se possuirmos uma constituição sonhadora como a sua, a qual, por mais que não se queira, coloca-nos em uma posição de estranhos no ninho. Entretanto, é preciso coragem para romper o medo de encarar um mundo que é duro, principalmente com quem parece não se adequar muito bem a ele, para podermos ir além de nós mesmos e ter laços com pessoas reais, de carne e osso, que fazem parte de um mundo triste e, portanto, podem nos decepcionar, chorar e fazer retornar ao conforto do nosso mundo; mas também fazem parte de um mundo belo, cheio de amor e poesia e, assim, podem trazer muito mais alegria e ternura ao nosso coração.

Dessa forma, é preciso coragem para romper os muros da covardia, pois a vida é sofrimento, a felicidade é apenas lacuna. Todavia, essas lacunas só são percebidas se estivermos atentos às raras oportunidades que a vida nos oferece. Não em grandes acontecimentos, mas nas entrelinhas, nas sutilezas, nos pequenos detalhes, aos quais Amélie era tão atenta, embora lhe faltasse coragem para agarrar as oportunidades, já que:

“Oportunidades são como a corrida da França. Esperamos muito, depois ela passa rápido. Então, quando o momento chegar, é preciso pular o obstáculo sem exitar.”

Faltava a nossa heroína, portanto, coragem. Coragem para encarar o mundo exterior, a realidade, os outros. Coragem para sair do seu mundo e mergulhar em mares obscuros de outros “eus”. Coragem para se arriscar, para cair, para se machucar, para se ferir. Coragem para não ter uma vida que não passe de rascunhos. Coragem para não ter uma vida de lembranças guardadas apenas em uma caixa velha. Coragem para renunciar ao direito inalienável de estragar a própria vida.

O tempo passa muito depressa e, como é dito no filme, de repente, sem nos darmos conta, já temos cinquenta anos. Assim, é preciso estar atento aos pequenos detalhes que guardam a magia de um mundo que, na maioria das vezes, parece tão frio.

Estar atento aos detalhes em que ninguém presta atenção, as pequenas coisas que podem fazer um coração feliz, como entregar uma caixinha com brinquedos guardada há quase cinquenta anos ou ajudar um senhor cego a atravessar a rua, mostrando-lhe cada detalhe que há muito tempo ele não vê.

Amélie nos mostra o lado lúdico e poético da vida, as pequenas belezas que deixamos passar, a ternura que ainda existe no mundo, a essência daquilo que realmente possui valor. Mas, acima de qualquer coisa, mostra-nos que a vida é única e não comporta reprises, de modo que precisamos ser corajosos para vivê-la, para senti-la naquilo que ela possui de melhor, sabendo que não possuímos ossos de vidro e, portanto, podemos suportar os baques que a vida traz, pois, se há magia no mundo, além de enxergá-la, é preciso buscá-la, sobretudo a maior magia de todas, os laços humanos, antes que o coração se torne seco e quebradiço e as emoções do presente sejam apenas pele morta das emoções do passado.

Para você, o meu próximo amor

Para você, o meu próximo amor

Essa carta é para você, o meu próximo amor. Durante muitas noites fiquei imaginando como você seria. O seu jeito, sorriso, gostos. Coisas bobas se comparadas ao mais importante que é amar. Mas não são superficialidades para mim. Nunca foram. Reconhecer você além do sentir é tão importante quanto. Saber dos teus trejeitos, do som da sua gargalhada, dos autores que gosta de ler, das músicas que te aquecem, dos filmes que te fizeram alimentar um novo olhar para o mundo. Tudo isso são potenciais descaminhos para o nosso querer. É disso que tratam os inteiros, a oportunidade de vivenciar essas experiências a dois.

Tenho consciência da realidade. Não dá somente para imaginar as ditas qualidades, afinal, ninguém é perfeito. No entanto, defeitos não me assustam. Sei muito bem sobre não ser um poço de virtudes. Acordo de mau humor se for muito cedo, a minha alimentação não é das mais variadas e tenho pouca paciência para assuntos pequenos. Então não se sinta responsável ou menor por possíveis chatices. De certo que, de algum modo, com ambos querendo, encontraremos uma sintonia torta e engraçada para manter o amor. Daremos muitas risadas no futuro, enquanto tomamos um vinho no parque. Aliás, você bebe? Não é exatamente primordial, mas seria mais interessante em alguns momentos se bebesse.

Sobre riquezas, não tenho e tampouco planejo muitas. Gosto de simplicidade. Mas entendo que é ruim ter percalços na hora de pagar as contas. Não posso prometer, mas posso ser sincero quando escrevo me esforçar para isso não atrapalhar o nosso amor. Espero que também partilhe dessa aventura. Porque apesar da comodidade em ter ótimos benefícios, é nos riscos que encontramos motivos para impulsionarmos o desejo de sermos mais. Quero sempre ser mais. Aceitar a inexistência das mudanças é o declínio de qualquer espírito.

E teremos grandes dias. Viveremos em longas conversas. Aprenderemos quais carinhos agradam mais o outro. Buscaremos essa cumplicidade quando a maioria dos relacionamentos procura exigências. É claro que poderemos vir a ter discordâncias, mas sei que o tempo compartilhado será generoso para o diálogo, pois assim resolveremos lacunas. Nada de aparar arestas para, depois de discursos amenos, o egoísmo fazer morada. Porque o tipo de amor que imagino ser o mais próximo do orgânico inclui ouvir, admirar e respeitar os anseios do outro. Não se trata de estar certo e errado. Amores regidos por essa prática, dizem adeus.

Enfim, estou aqui, despido daquele traje protetor usado quando não se quer ser magoado. Não há imunidade para quem quer sentir. Ou você sente ou não sente. Escolhi o primeiro caminho depois de muito tempo permitindo-me uma jornada sobre autoconhecimento. É importante, sabe? Reservar alguns silêncios para si. Mas está na hora, quero criar novos e intensos instantes com você, o meu próximo amor. Estou esperando. Não tenha pressa. Compreendo caso o relógio não marque o mesmo horário de chegada, mas transbordo sorrisos quando imagino o nosso horário de partida.

Com carinho,
do coração.

As invasões fotográficas do ilustrador brasileiro Lucas Levitan

As invasões fotográficas do ilustrador brasileiro Lucas Levitan

Lucas Levitan, ilustrador brasileiro, tem uma imaginação fértil que inventa situações e histórias alternativas para tudo o que vê. Em sua série de imagens chamada Photo Invasion, ele invade fotos de usuários do Instagram usando ilustrações de desenhos animados criativas e divertidas.

Natural de Porto Alegre, Lucas Levitan saiu do Brasil em 2005 para fazer um mestrado em arte e design na Universidade de Artes de Londres. Ele havia programado ficar um ano no país (o tempo de duração do curso), mas acabou se apaixonando pela cidade e cultura londrina, e lá permaneceu. Desde então, Levitan já trabalhou como cineasta, artista plástico, designer e ilustrador. Hoje, ele atua como diretor de criação freelancer em publicidade.

A inspiração do projeto Photo Invasion surgiu de uma experiência de quase morte. Enquanto Levitan caminhava tranquilamente pelas ruas de Londres, um tijolo despencou do quarto andar de um prédio em construção e se espatifou no chão, passando a 10 cm de sua cabeça. Naquela ocasião, o brasileiro sentiu imensa gratidão pela vida, e concluiu que ainda tinha muitos projetos para pôr em prática antes de morrer. Foi daí que nasceu o Photo Invasion.

Esse projeto, iniciado em março de 2014, une duas paixões de Levitan: ilustração e fotografia.

Em entrevista para o jornal Correio Braziliense, ele afirma:

“Comecei fazendo ‘invasões’ em minhas próprias fotos, mas vi que interagir em fotografias de outros é mais divertido. O Instagram me ajudou a caçar imagens e encontrar ‘vítimas’ de todo o mundo.”

O projeto é simples, mas inquisidor. De maneira lúdica e engenhosa, o ilustrador faz intervenções nas fotos de estranhos que o inspiram. Mas Levitan não é um ladrão. Ele faz questão de creditar as pessoas cujas fotos ele invadiu. Seus objetivos são meramente artísticos, e os resultados, há de se dizer, são extraordinários.

Os contextos das fotos originais que Levitan se inspira fazem ainda mais sentido quando o ilustrador adiciona seus desenhos. Às vezes, as circunstâncias são completamente alteradas, mas, na maioria dos casos, as ilustrações enriquecem o conteúdo.

A interação criada por Levitan em seus personagens dá a impressão de que as fotos são frames de desenhos animados, por sinal, muito engraçados.

De fato, o brasileiro uniu destreza, oportunismo e efetividade para criar essas ilustrações. Veja a seguir:

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Minhas vizinhas

Minhas vizinhas

Não importa! Não importa mesmo quem mora mais perto, em que direção, o quanto de distância, ou qualquer outra coisa do gênero.

O que vale é que elas são minhas vizinhas e, com certa frequência, me visitam. Fico a imaginar a casa delas… Dona Tristeza deve morar em uma casa cinza, apertada, janelas bem trancadas e sem alpendre.
Dona Alegria, por sua vez, deve ter uma casa toda ensolarada, com janelas azuis, vasos de flores nas paredes, amplas varandas. Nas varandas, periquitos, passarinhos, cachorro, gato e uma rede bem rendada.

Dona Tristeza, quando me visita, vem com uma mala pesada e vai entrando sem pedir licença. Pouco fala, pouco se explica. É cheia de rodeios, não se revela. Faz questão de avisar que está chegando, pois arrasta seus chinelos fazendo um barulho irritante. Tem uma peculiaridade: geralmente chega à noite, quando o sol, há muito, já se pôs. É de uma mudez e de uma teimosia…
Prende-me em sua energia, afasta-me de todos e de tudo e leva-me a lugares que sempre evito explorar.

Dona Alegria parece-me mais tímida e é muito respeitosa. Sempre espera por um sinal, um gesto, um convite para se aproximar. Nunca vem sozinha; sempre lhe acompanha um cheirinho de alecrim, um calor gordinho, uma fita de filó que enlaça nossas mãos. Quando percebo, já estou rodopiando na sala, apaixonada por tudo que existe ao meu redor. São muitas horas, dias, meses em que somente falo bobeiras, sorrio à toa, canto bem alto, telefono para os amigos e faço mil planos com o tempo futuro, que sempre é recebido como um querido amigo.

Não sei como chegar à casa delas: se viro à esquerda ou à direita do meu coração, apenas elas é que sabem me encontrar. Confesso que, por muito tempo, quis decifrá-las, conhecer suas origens, compreendê-las para dominá-las.

Conseguiria, assim, levantar muros bem altos, colocar câmeras a fim de detectar e evitar a visita indesejável da vizinha Dona Tristeza. Ansiava, no entanto, por descobrir a casa da Dona Alegria, pois construiria uma chaminé que levasse uma fumacinha branca de boas vindas ou, então, o cheiro de um café passado e coado na hora.

Hoje estou em paz. Recebo-as, igualmente, porque sei que as duas têm muito a me ensinar. Vivo os arredores dessas emoções procurando não afugentá-las, dando a cada visita a maior consideração, pois, somente assim, tenho a possibilidade de me conhecer melhor e ser a pessoa que hoje sou.

Do público ao privado: a “americanização dos espectadores”

Do público ao privado: a “americanização dos espectadores”

Os hábitos e gostos dos consumidores condicionam sua capacidade de se converterem em cidadãos. O seu desempenho como cidadãos se constitui em relação aos referentes artísticos e comunicacionais, às informações e aos entretenimentos preferidos.

O cinema, por exemplo, sofreu mudanças, com a conversão das salas de projeção em templos, lojas de videogames ou estacionamentos e com a disseminação do vídeo, assiste-se filmes em casa. Assim, há uma nova relação entre o real e o imaginário, uma situação distinta do fenômeno fílmico entre o público e o privado, uma reorientação do cinema em relação à cultura nacional e transnacional e o surgimento de espectadores multimídia.

Há uma diversificação de gostos e cidadania com o predomínio da ação espetacular sobre outras modalidades dramáticas ou narrativas e, pela possibilidade de que subsistam cinematografias nacionais em meio a esta reorganização transnacional e multimídia da produção e dos mercados audiovisuais.

Entre muitas mudanças, a transferência da cena política para os meios eletrônicos é o processo que preserva de modo mais apolítico o que a política tem de ação. Porque é uma ação teatralizada.. Há um deslocamento semântico do que se entende por política e o herói político dos meios de comunicação de massa.

Canclini faz uma crítica à incapacidade das políticas para absorver o que está acontecendo na sociedade civil, uma vez que passados quarenta anos da apropriação da cena pública pelos meio eletrônicos de comunicação, hoje em dia, os principais formadores do imaginário coletivo, os ministérios de cultura se dedicam às belas artes, não se preocupando com a cultura popular tradicional – os meios que movem a sensibilidade das massas. São estes cenários de consumo que formam o que poderíamos chamar de bases estéticas da cidadania.

Os aparelhos ideológicos do Estado carecem de áreas institucionais dedicadas ao vídeo e a informática, e o que resta do cinema e da produção televisiva. (…) A cultura contemporânea vive esta tensão entre a modernização acelerada e as críticas à modernidade. “Os questionamentos mais radicais e lúcidos dos anos noventa à sensibilidade, ao pensamento e ao imaginário pós-industriais são hoje formulados principalmente pelos que atravessaram a experiência tumultuosa de rupturas, renovações e desenganos da segunda metade do século XX.” ( p. 249)

As sociedades civis aparecem cada vez menos como comunidades nacionais, i.e. unidades linguísticas, territoriais e políticas, para manifestarem-se como comunidades hermenêuticas de consumidores, ou seja, grupos de pessoas que compartilham gosto e pactos de leitura em relação a certos bens ( gastronômicos, desportivos, musicais), os quais lhes fornecem identidades comuns.

Não se pode todavia, generalizar as consequências sobre a cidadania desta participação crescente através do consumo. “As críticas apocalípticas ao consumismo continuam sublinhando que a organização individualista dos consumos tende a que nos desconectemos, como cidadãos, das condições comuns, da desigualdade e da solidariedade coletiva.” ( p. 262)

Canclini concorda em parte com esta visão, mas não deixa de apoiar a expansão das comunicações e do consumo por gerarem associações de consumidores e lutas sociais, ainda que em grupos marginais, melhor informados sobre as condições nacionais e internacionais.

O autor conclui com uma mensagem otimista de resgatar as tarefas propriamente culturais de sua dissolução no mercado ou na política, a partir de uma reflexão sobre o real e a distinção entre globalização e modernização seletiva, para que se possa reconstruir um multiculturalismo democrático a partir da sociedade civil e do Estado.

Dia dos Namorados é uma merda

Dia dos Namorados é uma merda

Me diz, para que serve o Dia dos Namorados? Quando chega o fatídico dia 12 de junho é uma correria de amores. Amores com pressa de presentear, celebrar e reafirmar os casos do coração. Mas é tudo passageiro. Não passa de um dia no ano para angariar likes e declarações públicas de quem diz saber amar. Sabem mesmo?

Todos já caímos nessas armadilhas consumidoras e repletas de ego. Afinal, é o dia perfeito para massageá-lo. E mesmo os solteiros que dizem não se importarem, sentem uma pequena vontade de terem os mesmos afagos recebidos. É uma merda, vai. Passar 24 horas rodeadas de carícias explícitas sem ganhar um beijo, um abraço ou um bombom que seja, dá dorzinha de cotovelo. A playlist do dia contempla do sertanejo das antigas até baladas pop de décadas atrás. Os comportamentos são variados, claro. Há quem ligue para ex. Há quem vasculhe a lista de amigos em busca daquele relacionamento casual de outrora. Mas por quê? Por que esse dia cretino representa algo quase primitivo nas nossas entranhas? Estamos fazendo certo? Estamos celebrando o amor por outra pessoa e, perpetuando, tempos a fio, o afeto e o respeito? Porque isso sim é romantismo. Não adianta preencher para depois esvaziar. O amor deve transbordar. Já para os solteiros, a lição é semelhante. Carência num dia para uma suposta independência amorosa no outro? Francamente.

Dia dos Namorados é uma merda. Ao invés de presentes, o mercado deveria disponibilizar uma apostila sobre assunto, com níveis básico, intermediário e avançado. Imaginem só:

Básico: Aprenda a lidar com o dia 12. Não é carnaval ou dia do casamento.

Intermediário: Parabéns por passar pelo básico. Você está no caminho certo.

Avançado: Poucos chegam até aqui. O conteúdo é feito em tempo real.

Ah, mas vamos falar sério agora. Independente dos signos, ascendentes e infernos astrais, o dia serve para autoconhecimento. Esteja solteiro (a) ou num namoro, a merda é ser capaz de compreender o próprio emocional. Sem isso, pode ter buquê de flores ou inúmeros flertes nos bares, o dia será nada menos que uma manifestação momentânea da nossa imaturidade de amar.

“O mundo da gente começa a morrer antes da gente”

“O mundo da gente começa a morrer antes da gente”

Dona Fernanda é vizinha de minha mãe e se prepara para mudar-se para um asilo.

Nunca se casou nem teve filhos. Está com oitenta anos e teve poliomielite na infância. Os sobrinhos não podem acompanha-la diariamente e, por isso, a opção mais adequada é o asilo.

Depois de passar pelo luto inicial, ela agora se organiza para deixar sua casa e tudo o que ela representa.

Pouco a pouco vai se despedindo dos objetos que compõem sua vida e abrindo mão da independência que tinha para assumir uma nova versão de si mesma, talvez a última.

O mundo de dona Fernanda aos poucos vai morrendo, e ela tem que ser corajosa para permitir que esse mundo se despeça dela antes do fim.

Enquanto somos jovens, recomeçamos inúmeras vezes, e de repente estamos em outro mundo, bem diferente do anterior, sem nos darmos conta disso. Viramos a página e seguimos com novas histórias, paisagens, amigos, amores. Mudamos o corte de cabelo, fazemos um regime, tatuamos uma frase no antebraço, nos apaixonamos por uma banda que ninguém nunca ouviu falar.

O mundo da gente se transforma, mas também morre. E quanto mais velhos somos, maior a sensação de que esse mundo está se despedindo.

Dona Fernanda sabe que essa é provavelmente sua última viagem. Olha as porcelanas na sala de visitas e decide com quem ficará a sopeira pintada à mão que foi presente das bodas de seus pais. Não queria ter que se desfazer de suas memórias, mas sabe que a partir de agora terá que carrega-las somente no pensamento. Nas histórias que contará aos que forem visita-la. Nas conversas que terá com suas companheiras de asilo. Nos sonhos que a acordarão no meio da noite fazendo-a acreditar que ainda está em casa.

Aos poucos tem aprendido a desapegar-se e aceitado seguir com menos bagagem…

Há uma frase de Eliane Brum que diz: “é preciso dar lugar à morte para que a vida possa continuar. É para isso que criamos nossos cemitérios dentro ou fora de nós. Em geral, mais dentro do que fora.”

Assim, acredito eu, é preciso sepultar nosso mundo que não existe mais, para que a vida flua como um rio abundante, permitindo que o antigo dê lugar ao novo.

Talvez dona Fernanda precise sepultar sua vida anterior para que possa acariciar-se gentilmente daqui pra frente. Para que possa renovar o olhar a si mesma, adoçando com algumas gotas de afeto a relação que tem com a pessoa que se tornou.

Ao perceber que nosso mundo se despede, talvez devêssemos cuidar mais de nós mesmos.

Cuidar de nós mesmos é pisar com delicadeza no solo novo que quer surgir e ser paciente com as plantinhas imaturas que começam a despontar. É regar com carinho as mudinhas recém colhidas e ser grato pela possibilidade de começar um novo jardim.

Que cada um encontre aquilo que acaricia a sua alma, e que o tempo novo traga a esperança de dias regados com tolerância e amor próprio. Que venha o cheiro de café recém coado para nos lembrar que mesmo que a vida recomece o tempo todo, algumas coisas permanecem trazendo conforto independente da dança dos dias. Que venha sabor de comidinha caseira e lençóis limpos sobre a cama. Que venha saudade estampada no porta retrato e motivos para sorrir ao se lembrar daquele sorriso na fotografia. Que haja paz e encontro, fé e aceitação, cuidado e amparo _ na forma de um abraço sincero ou chá de erva doce ao cair da noite.

Torço por dona Fernanda. Em silêncio oro para que aceite sua mudança e acaricie seus pensamentos. Que ela possa continuar caminhando, mesmo que a estrada se apresente mais dura daqui pra frente. Que ela não perca a doçura, ainda que seus dias sejam mais amargos.

E que saiba encontrar recursos para prosseguir, pois o mundo se despede a todo momento, mas a gente tem que continuar…

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