Não importa o quanto esteja doendo, nunca se esqueça o quão forte e incrível você é!

Não importa o quanto esteja doendo, nunca se esqueça o quão forte e incrível você é!

Eu sei que já o machucaram tanto e que você diz não acreditar mais no amor. Mas, deixa eu te falar uma coisa? Eu também sei que essa história de não acreditar no amor é só uma maneira de se defender e não criar expectativas.

Você não tem ideia do quanto esse seu sorriso meio tímido faz um coração disparar como uma atleta em plena corrida. Mulher, se você soubesse a personalidade fascinante que você tem e como é admirável ouvir você falar, não iria silenciar sua voz nunca. Se você soubesse como é ver seu sorriso – sim, eu falo de sorriso mais uma vez. Ele traz paz para o coração. Sério, saia dessa cama agora e vá se olhar no espelho. Sim, de pijama mesmo; sim, descabelada mesmo. Está vendo? Consegue ver a mulher incrível que você é? Agora pense por um segundo em tudo o que você já passou. Pronto? Consegue ver o quão forte você é? Eu espero que a resposta para todas essas perguntas seja um sim. Mulher, você não precisa de maquiagem para conquistar ninguém, não precisa de roupas caras e nem fingir gostar de tal música, ou ficar puxando assunto com quem vive colocando pontos finais quando conversa com você.

Preste atenção, porque você não precisa de alguém que cause mais feridas; preste atenção, porque você merece muito. Repare que você é mais forte do que pensa e pode conquistar o mundo com esse seu jeito doido de ser. Essa loucura é fascinante, a tua paixão por comida é engraçada e eu acho apaixonante a maneira como você devora um lanche. Sua simplicidade gera sorrisos e move corações. Essa sua mania de passar a mão no cabelo e de mexer as mãos enquanto fala, esse seu coração enorme que busca acolher o mundo, essa sua sensibilidade e empatia com o outro, tudo isso faz com que a sua alma bonita apareça e eu acho lindo essa sua preocupação com os outros. Eu acho mesmo bonito querer fazer a diferença em um mundo tão acomodado.

Eu sei, você está com medo e eu entendo. Mas, hoje, eu só queria dizer que você é linda. Eu só quero que saiba que você pode ir assim mesmo, não precisa fingir gostar de tal banda, não precisa mudar a cor do cabelo nem perder uns quilinhos. Eu só queria que você soubesse que é capaz de conseguir qualquer coisa, alcançar qualquer sonho e, se lhe disseram o contrário, estavam mentindo pra você. Vai, enche o seu peito de coragem e, se quiser alguém pra ir com você, escolha quem está pronto a aplaudir as suas vitórias, escolha quem está disposto a ser abrigo nas suas derrotas.

Mulher, eu só quero que você saiba que alguém vai gostar de encostar a cabeça no seu ombro e de sentir você passar a mão em seus cabelos. Alguém vai gostar do jeito que você abraça como quem não quer deixar escapar. Eu sei que esse lance de não se apegar é uma maneira de se defender, mas hoje eu só quero lhe dizer o quanto você é incrível, caso tenha se esquecido disso por um descuido qualquer, por uma palavra errada da pessoa errada, por uma crítica que deveria ter vindo como elogio, caso você tenha se esquecido da mulher forte e guerreira que é, por conta de alguém que sugou todas as suas forças, não sendo capaz de lhe abrigar nas tempestades. Não perca a fé, não perca a coragem, não desacredite do amor. Você fez o que fez por ser incrível e nunca se arrependa de ter oferecido a sua melhor versão para alguém.

Viver é um exercício de desapego

Viver é um exercício de desapego

A necessidade de praticarmos o desapego é uma daquelas coisas que todos sabemos ser preciso colocar em prática, mas pouco tentamos ou nem ousamos tentá-lo. Demoramos tanto a obter bens, a conquistar as pessoas, que acabamos nos prendendo emocionalmente a tudo o que pensamos ser nosso. Vã ilusão essa que nutrimos, a respeito de nosso suposto poder sobre o que está ao nosso redor. Nada é, como diz Caye, tudo está.

Existem pessoas que se prendem ao cargo que ocupam, sentindo-se proprietários de poder sobre aqueles que qualificam como subalternos. Do alto de sua pretensa superioridade, mandam e desmandam, ditando ordens, desmerecendo o trabalho do outro, numa atitude autoritária que denota tão somente fraqueza de caráter e insegurança emocional, pois quem é capaz e sabe disso lidera de forma natural e saudável.

Há aqueles que se acham donos da pessoa com quem mantêm um relacionamento amoroso, a ponto de controlar-lhe os passos exageradamente, cerceando-lhe a liberdade de escolha, o respirar pessoal, descaracterizando o companheiro em tudo o que é próprio de sua humanidade, em tudo o que na verdade deveriam valorizar. Não conseguem amar de verdade, pois nada enxergam além do próprio umbigo, perdendo a chance da entrega completa e visceral que renova a alma.

Certas pessoas apegam-se aos bens materiais de maneira doentia, tornando-se mesquinhas, egoístas, de forma a não tolerarem ver alguém utilizando algo que é seu. Possuem casas na praia inabitadas, mesmo no verão, livros empoeirados e nunca lidos, carros impecáveis que não levam ninguém a lugar algum, móveis suntuosos cobertos por lençóis, longe da poeira e do calor humano. São tão pobres, que a única coisa que têm é dinheiro.

Outros se tornam vítimas da própria ignorância, enclausurados que se encontram nas escuridões de ideias e de pontos de vista rançosos, que lhes impedem o avançar natural em meio ao novo que se descortina à nossa frente diariamente, ininterruptamente. Não mudam, não saem do lugar, não se abrem ao diálogo, não se despem de preconceitos e de julgamentos pré-concebidos e excludentes. Perdem toda e qualquer oportunidade de ampliar o espectro de suas visões, diminuindo as chances de assim encontrarem a felicidade.

Há quem viva no passado, negando-se a experenciar o presente e perdendo oportunidades de se preparar com segurança para o amanhã. Agarram-se ao tempo que já foi, à infância que acabou, ao amor que já não é, à juventude que se perdeu, ao amigo que saiu de suas vidas, sem ao menos se permitirem a descoberta do novo que se encontra bem ali ao lado, estendendo-lhes as mãos em vão, todos os dias.

Valorizarmos nossas conquistas e as pessoas que se encontram junto de nós não significa, como muitos tendem a pensar, manter tudo isso numa redoma intocável, na ânsia de preservarmos o que pensamos ser nosso de maneira incólume à passagem do tempo, ao curso da vida. Não controlaremos as ocorrências a que estamos sujeitos, tampouco o que acontecerá com as pessoas e os bens à nossa volta, mesmo que queiramos. É utopia.

Porque a vida tem que seguir, o tempo tem de passar, as coisas têm de acabar, as pessoas têm de partir, assim como nós também um dia partiremos, deixando para trás tudo o que tanto prezávamos. Tudo passa, tudo começa e termina, menos o amor – o amor eterniza tudo o que em nós for humano, for verdadeiro, for invisível aos olhos, porém essencial à beleza mágica de que se constitui o ritmo da vida.

Feito é melhor que perfeito

Feito é melhor que perfeito

Deixe para trás a ideia de que é preciso condições ideais para colocar seus planos em prática. O caminho é se colocar em movimento

Paula Abreu

Se tem alguma coisa na sua vida que está empacada ou paralisada só porque você se considera perfeccionista, chegou a hora de desempacar e seguir. E a melhor forma de eu ajudá-lo com isso é mostrando que o perfeccionismo que paralisa é, na verdade, uma grande mentira. Deixa eu explicar por quê: só é concebível atingir a perfeição (isso quando ela é possível) de um jeito. Aperfeiçoando algo que já foi feito. Assim, você pode ter o melhor plano, mas, quando o coloca em prática, é certo: imprevistos acontecem, pessoas deixam você na mão, o tempo muda, a companhia aérea perde a sua mala. Nenhum plano sobrevive ao campo de batalha. Mas, se a perfeição só é possível quando a gente se coloca em movimento, então o que exatamente paralisa você, que se considera perfeccionista? O grande vilão na vida do perfeccionista é o pensamento de que “ainda não se está pronto”.

Você deve conhecer, não é? É aquela sensação permanente de que ainda falta aprender mais alguma coisa, ler só mais um livro, fazer mais uma certificação, terminar aquela pós, um último treinamento. Se começar agora, não estando pronto, com certeza vai dar tudo errado…

Vou tranquilizá-lo contando um segredo: você nunca estará pronto. E, bem, isso não é tão assustador assim. Você não estava pronto quando nasceu: não tinha dentes, não sabia falar, seu cérebro ainda não estava 100% desenvolvido, assim como uma série de órgãos e funções no seu corpo. Você só nasceu porque simplesmente não tinha mais espaço dentro da barriga da sua mãe para continuar se desenvolvendo por lá.

Do mesmo jeito, haverá tarefas e desa os que você vai ter que se dar permissão para fazer mesmo se não estiver pronto, simplesmente porque chegou a hora, e o lugar confortável e quentinho onde você estava se tornou pequeno e é preciso continuar se desenvolvendo. Ou porque, para ter aquela coisa que você deseja muito, é indispensável seguir em frente mesmo que não se sinta totalmente preparado para isso.

Em 2008, recebi uma ligação do Fórum durante a tarde. Eu estava no meio de um processo de adoção e a assistente social me ligou para saber se eu queria conhecer uma criança de menos de 1 mês de vida. Eu tinha sido habilitada para adotar apenas 15 dias antes e, na ocasião, a mesma assistente social me alertou que o tempo médio de espera por aquela ligação seria de dois anos e meio. Só que não foi isso o que aconteceu. Não, eu definitivamente não estava preparada para adotar um bebê de 20 dias. Mas eu queria muito adotar meu filho. Então eu peguei um táxi e fui ao Fórum. Aparentemente, minha falta de preparo com bebês recém-nascidos não foi fatal porque meu filho sobreviveu. (Tudo bem que ele ficou uma semana sem cortar as unhas dos pés porque eu não sabia que tinha que cortar!).

O autor Paul Arden diz que “a pessoa que não comete erros provavelmente nunca vai fazer nada”. Então coloque-se em movimento. Erre, aperfeiçoe, erre mais e aperfeiçoe até ficar feliz com o resultado. Depois lave, enxágue e repita.

PAULA ABREU é coach e autora do livro Escolha Sua Vida (Sextante). Seu site é escolhasuavida.com.br.

Fonte: Vida Simples

Como identificar e se afastar de amizades tóxicas

Como identificar e se afastar de amizades tóxicas

Os seres humanos são sociáveis por natureza e isso explica por que as amizades são uma parte tão importante de nossas vidas.

Seja para passar alguns momentos agradáveis, para compartilhar segredos ou apenas ter companhia, contar com um amigo nos dá um equilíbrio emocional que, em algumas ocasiões, outras pessoas não podem nos oferecer.

No entanto, muitas vezes entram em nossas vidas pessoas com atitudes tóxicas que alteram o nosso entorno e as nossas emoções, gerando um caos que muitas vezes pensamos não ter explicação.

A verdade é que são amizades muito influentes, cujas atitudes nos desgastam de alguma forma, limitando o que queremos fazer ou gerando sentimentos negativos como o estresse, a angústia e a depressão.

Saber quando uma pessoa não influencia nossa vida de forma positiva e tratar de afastar-se dela é uma forma de manter o nosso equilíbrio emocional. A seguir iremos ajudar a identificar estas amizades tóxicas.

Amizades tóxicas passivo-agressivas

Este tipo de pessoa nunca está feliz com nada. Não tem a capacidade de dizê-lo de forma direta, sempre falando as coisas com rodeios, indiretas ou insinuações.

Elas costumam permanecer caladas e com atitudes estranhas para que o resto das pessoas se desgaste em averiguar o que está acontecendo.

É preciso ter muito cuidado com as pessoas passivo-agressivas, porque costumam se irritar com facilidade, ainda que não expressem isso.

Em algumas ocasiões o seu “mal-estar” se acumula e, no final das contas, elas acabam tendo uma atitude agressiva que pode acabar muito mal.

As competitivas

As amizades competitivas sempre querem estar na sua frente. Se você contar a elas que recebeu uma oferta de emprego única, ela contará que tem algo ainda melhor; se você comentar que algo está doendo, ela responderá que bem na noite anterior teve uma dor pior ou similar.

Estas companhias esperam o momento para vê-lo cair e assim se sentirem superiores. Estão acostumadas a criticar suas amizades pelas costas, em especial as que são tudo o que elas não conseguem ser: com mais confiança em si mesmas, cheias de vitalidade e com o carinho sincero de outras pessoas.

As dramáticas

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Uma coisa é que os amigos se apoiem nos maus momentos e outra muito diferente é que tenham que suportar sempre uma grande quantidade de dramas que não podem ser solucionados.

Estas amizades dramáticas usam os outros como terapeutas, mas quase nunca se deixam ajudar. Todo o tempo elas descarregam seus medos e inseguranças, mas não são capazes de receber conselhos e até podem se sentir incomodadas.

Não importa se o seu amigo também estiver passando por um mau momento, pois o seu é o pior e o primeiro.

Podem chegar a ser tão intensas que, no final das contas, deixam o outro exausto, preocupado ou estressado. O pior é que muitos se desgastam com sábios conselhos para pessoas que sempre encontrarão um “mas” para não colocá-los em prática.

As amarguradas

Sempre andam se queixando porque as coisas vão mal, mas também encontram problemas na vida quando tudo parece ir bem.

A queixa é um hábito e por isso, na maior parte das vezes, as amizades amarguradas estão irritadas com coisas pequenas que não mereceriam tanta atenção.

Em geral são pessoas que não confiam em si mesmas, têm pouca autoestima, e não gostam de ver os outros felizes.

As manipuladoras

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Cuidado com o seu excesso de amabilidade! As pessoas manipuladores costumam tirar proveito daquelas pessoas que preferem evitar confrontos, que fazem favores com facilidade e que poucas vezes dizem “não”.

Sempre querem “se dar bem” e por isso tentam manter o controle através da raiva, da tristeza ou da vergonha.

As invejosas

Tenha cuidado com estas! As amizades invejosas nunca têm nada de positivo para as outras pessoas. Ficam com raiva se algo bom acontece para os outros, se eles se sobressaem ou se têm uma boa sorte repentina.

Elas nunca reconhecerão que os outros obtiveram sucesso por seus próprios méritos, e sempre irão procurar maneiras de desvalorizar a conquista de cada um.

São pessoas hipócritas que não gostam de ver a alegria dos outros e querem sempre contagiar a sua negatividade no dia a dia de todos.

Afaste-se pouco a pouco!

Você se identificou com alguma destas pessoas? Se sim, talvez você deva começar a mudar a sua atitude diante desta pessoa tóxica ou se distanciar para que ela não possa mais influenciar a sua vida.

Coisas tão simples como “dizer não” quando for necessário, estabelecer limites de confiança e cortar as conversas negativas podem ajudar a manter afastada esta negatividade.

No entanto, se nada disso funcionar e a pessoa parece não mudar, você deve simplesmente virar esta página e tratar se ocupar com aquelas pessoas que oferecem coisas boas à sua vida.

Deixe de trocar mensagens com elas, diga que está ocupado ou busque qualquer desculpa até que elas entendam que você não quer mais contato.

O que se diz por aí é a mais pura realidade: quando você se afasta das pessoas tóxicas, até a sua saúde melhora.

Aprenda a se dar trégua

Aprenda a se dar trégua

Nada é tão grave quanto parece!

A gente é que se esquece de se dar trégua.  As coisas têm o tamanho da importância que damos a elas.

Um grampo perdido nada mais é do que um objeto esquecido atrás de um móvel. Mas, para alguns, pode ser a confirmação de um grande defeito: a falta de organização.

Sofre-se pelo grampo perdido ou pela sensação de imperfeição que a constatação da desorganização provoca?

Dar-se trégua não é tarefa das mais fáceis porque envolve um adversário imaginário poderosíssimo: o julgamento do outro.

Em geral, lutamos mais para minimizar “o que os outros vão pensar” do que para ter paz (no dicionário: ausência de conflito).

Consumimos uma energia danada imaginando o-que-será-que- estão-pensando-de-nós e quase não nos damos conta disso.

Quando se trata de um outro relevante, como chefe, irmão, pai, filho, namorado, esposa, marido, mãe, amante ou amigo, aí mesmo é que somos engolidos pelo dragão da nossa imaginação e mastigados pelo receio de que os nossos equívocos e imperfeições os tenham atingido.

Se perdemos uma batalha, automaticamente pensamos no riso de escárnio dos nossos (possíveis) inimigos.

“Eu não devia ter feito aquilo” ou  “eu não devia ter dito isso” não são apenas frases de arrependimento, mas pequenas minas que explodem dentro de nós quando imaginamos o efeito dos nossos erros sobre o pensamento do outro acerca da nossa imagem.

No livroCriatividade – liberando sua força interior (Editora Cultrix), Osho oferece uma ampla reflexão sobre os motivos que nos impedem de sermos criativos e coloca o medo da opinião alheia, bem como a necessidade de aprovação, como alguns deles:

“Que tipo de inteligência é essa, que tem que ser confirmada por pessoas tolas? Que tipo de beleza é essa, que tem ser confirmada por pessoas feias? Isso é completamente falso. É tolo! Mas nós continuamos procurando. Continuamos a procurar no mundo exterior apoio para o nosso ego, alguém para nos dar algum estímulo, para nos servir de esteio. De outro modo, há sempre o perigo de nosso ego desmoronar. Assim, sentimo-nos obrigados desse e daquele lado, e disso resulta a preocupação constante”.

Aliás, surpreendi-me enormemente com a leitura. Por puro preconceito nunca havia lido nada do autor e encontrei nas 203 páginas do livro reflexões interessantíssimas com belas pitadas existencialistas, psicanalíticas e, claro, espiritualistas.

Pois bem, não existe liberdade sem escolha! Não podemos controlar nossos sentimentos, mas podemos escolher para onde desejamos direcionar nossos pensamentos – lembrando que pensamentos geram emoções. Não é tarefa das mais fáceis, mas com um pouco de treino (a meditação é uma ótima ferramenta) é possível.

Podemos, por exemplo, passar uma madrugada inteira de insônia imaginando o-que-pensaram-ou-estão-pensando-ou-pensarão-de-nós e nos remoendo com respostas imaginárias negativas ou podemos usar essa mesma madrugada para ler um bom livro ou assistir a um bom filme.

Dar-se trégua é, entre outras coisas,  abandonar o vício de se querer perfeito em todo e qualquer pensamento alheio, em todo e qualquer olhar, todo e qualquer espelho. É não se importar com o que não tem importância: a escolha dos outros, o julgamento dos outros. É escolher o contentamento, apesar e além de.  É rir dos próprios tropeços.

Quando paramos de pensar obsessivamente em alguma coisa essa coisa perde o efeito sob nós e o que sobra é um imenso espaço vazio de possibilidades – espaço este donde nasce a criatividade. Nas palavras de Osho:

“Quanto mais você pensa, mais você é. O ego não é nada, senão todas as ideias que você acumulou no passado. Quando você não é, Deus é –  isso é criatividade”.

Bora vigiar os próprios pensamentos e se dar um cadinho de trégua?

A prisão que me libertou

A prisão que me libertou

Sempre fui do tipo que tem horror a lugares fechados. A sensação de que vai me faltar o ar é assustadora. Talvez isso se deva ao fato de que sempre tive asma e convivi com a escassez de oxigênio por toda minha infância e boa parte da vida adulta.

Pouco espaço e pouca ventilação são verdadeiros causadores de pânico para mim. E o auge deste pânico aconteceu há sete anos, quando fiquei presa no elevador com nada menos do que oito pessoas.

Ficamos lá curtindo nosso desespero durante quase meia hora. Era carnaval e todos estavam ocupadíssimos em suas folias. Não havia viva alma no prédio. De repente, do nada, alguém ouviu nossos gritos de socorro.

Os poucos minutos que nos separavam da liberdade pareciam horas intermináveis. Eu não aguentava mais dividir o oxigênio daquela caixa com os outros sete presos. Precisava de ar fresco. Precisava de rua. Quando, finalmente, conseguimos sair, jurei para mim mesma que nunca mais vivenciaria algo parecido.

Acontece que nunca mais é muito tempo. Mal sabia eu o que a vida me reservava. Ficar presa no elevador é luxo perto dos desconfortos da radioterapia, quando feita na região do rosto e cabeça. A pessoa precisa ficar totalmente imóvel para que as ondas emitidas atinjam o lugar exato. Qualquer movimento, até mesmo involuntário, pode colocar tudo a perder. Então, uma máscara com o molde do rosto do paciente é presa à face e à maca, a fim de conter os possíveis movimentos da cabeça.

No meu caso, havia ainda um objeto inserido na boca para mantê-la aberta durante a sessão. Só isso já seria motivo de pânico para mim, mas havia ainda um detalhe: minha língua havia ficado mais curta após a cirurgia e eu engasgava com muita facilidade. Então, como eu haveria de ficar deitada com a cabeça reta e imóvel e ainda administrar o abridor de boca e a sensação de sufoco da máscara?

Na primeira sessão, antes de deitar e permitir que me prendessem à maca, sentei e chorei. Era um choro de puro medo. Me apavorava a ideia de engasgar com a saliva e não poder sequer virar a cabeça. Havia também as secreções nasais que descem garganta abaixo quando se deita daquela forma. E se eu não fosse capaz de dar conta? Se não conseguisse engolir tudo que meu corpo produzia? Será que eu seria capaz de arrancar sozinha aquela máscara, sentar e respirar aliviada?

Aos poucos, as pessoas foram me explicando que, embora não houvesse ninguém na sala comigo, eu estaria sendo monitorada pelas câmeras. Ao menor sinal de engasgo, eu deveria erguer a mão que alguém viria me socorrer em poucos segundos. Era possível interromper a sessão e depois continuar de onde foi parado. Saber disso foi acalentador.

Saber que as vinte e cinco sessões de radioterapia reduziriam, consideravelmente, a chance do tumor voltar foi incentivador. Porém, o que me fez deitar, de uma vez por todas, naquela maca e deixar que me prendessem foi a imagem do meu filho, na época com dois anos. Era por ele que eu precisava passar por aquilo tudo. Era para continuar no mundo e vê-lo crescer que eu tinha que me render. Eu não podia me dar ao luxo de escolher. Uma mãe não pode se dar ao luxo de morrer.

Saí da primeira sessão com o rosto marcado pelos furos da máscara. Notei que, ao contrário do que dizia no papel, a sessão não demorava vinte minutos. Eram, no máximo, dez. A partir da segunda sessão, comecei a driblar a tensão com meus pensamentos. Eu procurava pensar no que faria mais tarde quando saísse dali ou no que meu filho estaria fazendo enquanto eu, bravamente, lutava para ficar com ele.

Essa estratégia deu tão certo que, na quinta sessão, nem notei quando tudo acabou. Estava perdida em meus pensamentos quando a porta se abriu. Naquele exato momento, percebi quem é que estava no controle da situação. A máquina, a máscara, a maca e toda essa prisão estavam ali para me servir. Aquele conjunto claustrofóbico estava à minha disposição para me ajudar. Eu era a grande beneficiada. Dependia de mim, encarar da melhor forma possível essa etapa que, como tudo na vida, também ia passar.

Iniciei a contagem regressiva dos dias. Fui riscando, um a um, do meu calendário. O auge do tratamento se deu no final do ano. Passei o pior e o melhor Natal da minha vida. O pior, porque quase não conseguia comer. Não sentia mais o sabor dos alimentos e minha boca estava cheia de feridas. O melhor, porque acabara de escapar da morte.

É como se tivesse recebido uma nova chance de viver. Eu sabia que o paladar voltaria um mês depois da radio. Eu sabia que as feridas não seriam eternas. Então, percebi que era necessário passar um Natal sofrido para poder ter muitos outros alegres. Por muito pouco, eu poderia ter perdido todos os Natais, então, eu devia mesmo tratar de ser grata e não ficar me achando a mais coitada das criaturas.

Coitado é quem não tem mais chance de lutar pela vida. Eu, ao contrário, estava prestes a sair daquela prisão e curtir minha mais nova vida na certeza de que fui abençoada.

Durante todo o tempo em que estive lutando contra a doença, fui prisioneira de mim mesma. O câncer me deu um foco, me ensinou o verdadeiro significado de amor próprio, que nada tem a ver com a vaidade a que eu estava habituada. O câncer me deu condições de respeitar meus limites e de me colocar, pela primeira vez , no topo das prioridades.

Ele me fez lidar com medos aterrorizantes e encontrar maneiras de suportá-los e até vencê-los. O câncer me aproximou da morte. Hoje sei que ela está sempre atenta. Mas eu estou mais. Estou atenta ao que realmente tem valor para mim. Estou atenta ao que eu preciso para ser feliz a cada novo dia. Aprendi a me ouvir. Aprendi a me permitir. Através de um câncer, tive o prazer de me conhecer.

Como pensamentos se transformam em doenças?

Como pensamentos se transformam em doenças?

Nossa mente é tão poderosa que permite influenciar o nosso estado físico. Nos últimos anos temos visto como a porta entre o corpo e a mente se abre, demonstrando que estão relacionados muito mais do que poderíamos supor.

Todos nós, alguma vez, nos sentimos doentes e tivemos a sensação de que, com essa doença física, nossa mente ficava em uma espécie de prisão.

Sentíamos como se tornava mais preguiçosa e desajeitada do que o habitual, fechando-se tanto à recepção de estímulos como à produção de pensamentos próprios.

Por outro lado, as investigações dos últimos anos nos dizem que um estado de bem estar mental se encontra associado a um estado físico melhor, seja o estado real ou a percepção que temos dele.

“Parece que a ordem e a esperança que habitam em nossas ideias têm a capacidade, mediante o funcionamento do nosso sistema nervoso, de se converter em um estado físico melhor.”

Dito de outra forma, estamos mais propensos a contrair doenças quando a nossa mente está desequilibrada. Ou seja, a ansiedade ou a depressão são perturbações mentais que podem contribuir para o aparecimento de sintomas físicos indesejados.

Como ocorre o processo de transformação?

Pensemos por um momento nesses momentos nos quais nos sentimos ansiosos. Nosso coração começa a bater mais forte e mais rápido do que o habitual, nossas mãos podem começar a tremer e facilmente começamos a suar.

Todos estes sintomas aparecem porque a partir da nossa mente estamos colocando o nosso corpo em funcionamento, alterando as nossas constantes de uma forma muito parecida como quando começamos a fazer exercício.

Porém, há uma diferença muito grande: o exercício não ocorre. E o corpo dificilmente pode fornecer uma saída para toda essa energia que começou a produzir, e isto resulta numa pressão enorme sobre o nosso sistema nervoso.

As veias e as artérias que irrigam os nossos músculos apenas começaram a se dilatar e, contudo, o nosso coração está já enviando muito sangue.

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O que acontece então com nossos pensamentos?

Imaginemos que uma imensa quantidade de carros começa a circular por uma rodovia e que, de repente, essa rodovia termina, e o tráfico tem que ser desviado a uma estrada secundária. O resultado é, certamente, a produção de um colapso.

O mesmo acontece no nosso corpo.

Temos um coração enviando carros e carros e o resto do corpo é incapaz de recebê-los. Se esta situação se mantiver durante pouco tempo ou não for muito intensa, tudo não passará de um mero acontecimento.

Porém, quando a intensidade do trabalho cardíaco é muito grande ou muito continuada, podem se produzir sérios danos.

Por outro lado, uma das conexões mais evidenciadas é a que relaciona o funcionamento do nosso sistema cognitivo com a força do nosso sistema imunológico.

Quando a nossa mente não funciona bem é habitual que se vire contra o próprio corpo e potencie internamente qualquer ataque que tenha origem no exterior.

Neste sentido, a nossa mente é como um computador e o nosso sistema imunológico é o antivírus. Se o nosso computador estiver funcionar mal, vai desativar este antivírus, tornando as coisas muito mais fáceis para qualquer tirano que queira nos prejudicar.

Além disso, este enfraquecimento ocorre não só durante o período do estresse, mas também quando este desaparece.

Que papel desempenha o nosso cérebro?

Não esqueçamos que na base de nossas ideias e pensamentos existe uma correlação química no nosso sistema biológico. E uma estrutura fundamental dessa correlação é o hipotálamo, que desempenha um papel muito importante na nossa regulação hormonal.

A peculiaridade desta pequena estrutura é que ela é extremamente reativa perante os nossos pensamentos, estejam estes na forma de recordação, na forma de interpretação de estímulos presentes, ou na forma de antecipação de acontecimentos futuros.

“Assim, o nosso hipotálamo pode “despertar-nos” para estarmos preparados para agir mais depressa, relaxar-nos para darmos espaço ao sonho ou potenciar a sensação de prazer”.

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Que influência tem o nosso comportamento?

Até agora temos falado de como a mente pode influenciar de forma direta o nosso corpo, mas não devemos nos esquecer de algo não menos importante: a influencia que se produz através do nosso comportamento. Daremos um exemplo:

Todas as pessoas têm etapas na vida que não são especialmente alegres e motivadoras. De fato, apesar de não termos passado nunca por uma depressão, algumas das sensações que sentimos nesses períodos se assemelham às que se produzem nessa doença, embora habitualmente não sejam tão intensas nem tão continuadas.

Pois bem, nessas alturas uma das coisas que fazemos é abandonar alguns aspectos do nosso cuidado pessoal. Neste sentido, um dos primeiros aspetos que geralmente é afetado é a dieta.

Sacrificamos aqueles alimentos que gostamos menos, e que habitualmente são os mais saudáveis, por outros que nos proporcionam gustativamente maior prazer.

Por que o fazemos? É uma questão de equilíbrio. Tentamos obter através do paladar o prazer que nos parece perdido em outros aspectos de nossa vida.

Infelizmente, a imagem que aparece em alguns seriados da moça sentada no sofá agarrada a um balde de sorvete depois de uma ruptura amorosa, é real.

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É o nosso modo errado de fazer com que o hipotálamo liberte em nossa mente a sensação de bem estar que tínhamos perdido. É o nosso modo comportamental de evitar que apareçam pensamentos negativos. Uma maneira contraproducente para a saúde do nosso corpo.

Porém, a perda deste equilíbrio não é o único motivo para descuidarmos da dieta. Outra razão importante é que com a tristeza, geralmente, aparece a falta de motivação.

As razões (pensamentos) para nos cuidarmos, que antes nos pareciam tão importantes, podem agora passar para segundo plano em relação àquilo que provocou a tristeza e fez com que permitíssemos que ela se instalasse em nós.

Ações que antes nos pareciam rotineiras, parecem agora nos custar mais. Então, tentamos simplificar a nossa rotina e, em lugar de ir ao supermercado ao sair do trabalho, optamos por pedir uma pizza, porque nos provoca menos esforço.

O outro lado da moeda

Até aqui temos falado de como os pensamentos negativos nos debilitam, mas existe também o outro lado da moeda. Vários estudos realizados com pessoas doentes demonstraram que uma atitude mental positiva fez com que seus prognósticos melhorassem significativamente.

Isso pode se dever a uma atuação direta dos mesmos através da bioquímica corporal ou mediante a ação de outros instrumentos de controle da doença, como a realização de exercício físico ou o cuidado com a alimentação.

Assim, encorajamos você a cuidar o máximo possível de sua saúde mental porque, através dela, cuidará de todo o corpo. Vale a pena!

Apenas amar

Apenas amar

Existem! Sexo sem amor. Amor sem sexo. Sexo com amor. Amor com sexo. Amor com amor, também. Homem que ama mulher. Homem que ama homem. Mulher que ama mulher. Homem que ama mulher que ama outro homem. Mulher que ama mulher que ama outra mulher. Experimenta escrever as variações e a noite acabará antes que você lembre de todas.

Tem gente que ama mais os animais do que as pessoas. Há quem prefira o papagaio ao filho. O cachorro ao vizinho. O porquinho aos alunos. Tem quem ama gente e animais do mesmo jeito. Há quem ame a si próprio acima de tudo. E aqueles, poucos é verdade, que amam mais o outro do que a si mesmos.

amor gratuito, amor comprado, amor vendido. Amor à vista, amor à prestação. Amor que vira amizade. Amor que vira indiferença. Amor que vira ódio. Amor que vira mais amor. Amor que dá em namoro. Amor que dá em divórcio. Amor que dá em filhos. Até amor que dá em morte.

Amar é necessidade. Você sempre encontra a quem dedicar seu amor. Que seja um gatinho – meio rato, meio torto. Que seja um ídolo – perfeito e distante, perfeito porque distante. Pode ser sua sogra, seus sapatos, seu trabalho, seu nariz. Ou mesmo aquela pessoa que você demorou treze anos para enxergá-la em infinito.

Todas as coisas do universo são passíveis de amor. O sujeito que ama ideais e topa se sacrificar por eles. A artista que ama tanto sua arte que aceita morar muito mal por ela. O cão que ama seu dono violento. A dona que ama seu cão velho, cego, surdo. O soldado que ama a guerra. A feirante que ama seus tomates e jilós.

Por tudo isso, tem gente que diz que o amor é uma espécie de milagre. Ele surge de repente, cai do céu, salta de debaixo da terra, aparece do nada. Amor não tem origem previsível, nem destino certo. A matemática, a metafísica, a ciência toda são incapazes de explicá-lo. Nem mesmo a poesia é maior do que amor.

Ninguém toma conta dele. Ninguém pode controlá-lo. Amar é que o há de mais natural no mundo. Pessoas amam. Cachorros amam. Focas, esquilos, macacos amam. Quem sabe até o mosquito da dengue também ame. Alguém vive sem amor?

Sorrir amortece a ocasião: Jean-Yves Leloup nos encoraja a conservar o interior. Entenda!

Sorrir amortece a ocasião: Jean-Yves Leloup nos encoraja a conservar o interior. Entenda!

Não há nada mais difícil do que manter a firmeza de espírito quando dissabores surgem pelo caminho. Ciente disso, Jean-Yves Leloup, no livro Uma Arte de Cuidar (ed. Vozes), nos encoraja a conservar a chama interior acesa mesmo nas adversidades

Estudos sugerem que o simples fato de sorrir pode reequilibrar o sistema nervoso autônomo, que se torna menos sensível ao estresse. Pode aumentar o fluxo sanguíneo do cérebro e estimular neurotransmissores favoráveis – especialmente nas horas mais difíceis, defende o mestre Jean-Yves Leloup. Segundo ele, quando estamos deprimidos – a vida não é fácil todos os dias – é possível fazer um esforço para sorrir até mesmo sob as cinzas. “A propósito de um texto sobre as etapas da meditação, o sorriso de Buda não é falso, é um sorriso que vem através das provações, é uma vitória interior sobre o absurdo”, destaca. “Há ainda outros esforços conscientes para melhorar nossa atitude, que suscitariam respostas favoráveis ao organismo.

Por exemplo falar lenta e docemente pode diminuir o ritmo cardíaco. Pode-se questionar o fundamento científico dessas afirmações, mas há alguns anos eu pude verificar tudo isso no Vietnã, um país onde os rios e a terra foram contaminados por todos os tipos de produto. Como pesquisadores, perguntávamos como um povo tão contaminado pode reagir de uma maneira tão positiva e sobreviver com alimentos que teriam, provavelmente, envenenado fatalmente outras pessoas? Ao viver entre eles, pude vericar a força do sorriso. São pessoas que sabem dizer não com um sorriso. Isso é algo interessante. Trata-se de saber lutar contra seu inimigo, reclamar justiça e ao mesmo tempo não se deixar contaminar pela raiva e pelo ódio”. Para o teólogo, dizer não com um sorriso protege o indivíduo e culmina num resultado mais assertivo. “Lembro-me de um estudo realizado com dois grupos de dirigentes de empresas, que se confrontavam com situações muito estressantes.

Os dirigentes que mantiveram uma boa saúde tinham uma maneira diferente de considerar e enfrentar as conjunturas difíceis. Encaravam as mudanças boas e ruins como elementos inevitáveis da vida, que representavam, para eles, ocasiões de aquisição de novas experiências, ao invés de uma mera ameaça à segurança. Estamos diante de uma antiga palavra grega, Kairós. Existe Kronos, que é o tempo que devora seus fi lhos, que nos envelhece e destrói. Há também Kairós, que quer dizer, literalmente, a ocasião; fazer de tudo o que nos acontece uma ocasião favorável, para desenvolver a própria consciência, para tornar-se mais humano. É como um teste para verificar o que temos em nossas profundezas. Em algumas tradições espirituais, as provações não são consideradas somente ruins; são ocasiões para crescer conscientemente e também em paciência, que é uma forma elevada de amor. Quando falamos da Paixão de Cristo, nos referimos à paciência de Cristo e de como Ele transformou cada uma das provações que encontrou em uma ocasião para salvar a humanidade, para salvar o que havia de mais humano nele.”

Fonte: Bons Fluidos

12 hábitos das pessoas genuínas

12 hábitos das pessoas genuínas

Em geral, nós tendemos a valorizar pessoas genuínas e pensar mal daquelas que percebemos como falsas.

É quase impossível escapar da falsidade em toda e qualquer circunstância, pois, no âmago de sua motivação, há um esforço consciente para se parecer mais capaz, inteligente, atraente ou impressionante e, por isso, é mais difícil encontrar pessoas que se preocupam realmente com nossas opiniões além das aparências.

Somos mais propensos a confiar em uma pessoa genuína do que falsa, pois acreditamos que aqueles que são fiéis a si mesmos são mais suscetíveis de ser verdadeiros com outras pessoas. Essa não deveria ser uma associação óbvia, visto que a crença fervorosa na genuinidade de alguém diminui a sensibilidade para perceber manifestações de falsidade desta pessoa, por mais genuína que ela possa parecer. De acordo com o escritor escocês Oscar Wilde:

“A verdade pura e simples é raramente pura e nunca simples.”

Todos nós mentimos, por múltiplas razões, mas isso não infere que devamos aceitar um status de mentirosos, pois não há alguém totalmente verdadeiro nem falso.

Costumamos associar a genuinidade com características positivas e qualificantes, tais como força de caráter e personalidade, resiliência emocional, fidelidade, tenacidade e, muitas vezes, até a coragem e bravura. Muitas jornadas de autodescoberta envolvem esforços para ser mais autêntico. Autoengano não combina com autenticidade.

Genuinidade, o que faz ser tão atraente, demanda sinceridade, naturalidade. Uma pessoa genuína não precisa esconder sua própria realidade.

Há uma beleza peculiar e irresistível na singularidade de cada pessoa, a qual notamos somente se ela for autêntica e, mais ainda, se for genuína.

O problema é que todas as relações humanas são relativas. Elas estão todas em função de como percebemos uns aos outros através de nossas lentes subjetivas. O nosso foco determina a nossa realidade.

Nós somos bons julgadores das aparências de alguém, mas críticos pobres de seu caráter e de sua personalidade verdadeira. Somos rápidos para julgar alguém a partir de seu comportamento exterior, ao invés de analisar as razões intrínsecas desse agir. Como disse Nicolau Maquiavel em seu magnífico livro O Príncipe:

“Pessoas julgam muito mais pelo que veem do que pelo que percebem. Todos podem ver e ouvir, porém, poucos são capazes de perceber para além das aparências. Veem o que você aparenta ser, mas poucos sabem o que você realmente é.”

Não é fácil diferenciar o ato do pensamento julgador, porque uma impressão é subjacente à ação, e também, há uma linha tênue entre ser genuinamente agradável e magnanimamente falso.

Alguns argumentam que, para se viver relacionamentos mais saudáveis, é essencial se cercar de pessoas genuínas, pois estas exteriorizam suas verdadeiras intenções e atitudes, e agem com uma consistência que as torna previsivelmente familiares e, portanto, são mais passíveis de ser assimiladas, o que facilita o convívio. Outros preferem pessoas mais imprevisíveis e misteriosas, o que também lhes confere um misto de curiosidade e fascinação, apesar da avariada inconsistência praticada.

Voltando a falar sobre integridade, talvez esse seja o traço comportamental mais diretamente relacionado com a genuinidade.

Todos sabem que é louvável alguém conseguir manter sua palavra rotineiramente, mas a experiência mostra que a maioria das pessoas dá uma importância mínima ao cumprimento de suas promessas.

Manter a palavra torna-se um desafio maior na medida em que isso vá contra às exigências e necessidades pessoais. Segundo Nicolau Maquiavel:

“As pessoas se distraem com coisas tão simples e se ocupam tanto com as necessidades diárias, que aquele que estiver disposto a enganar encontrará sempre a quem enganar e, não raras vezes, logo em seguida, encontrará também o perdão ou o esquecimento de quem o enganou.”

Vivemos num mundo composto por uma atmosfera de ilusões que turva nossa visão para as coisas realmente genuínas. As pessoas se deixam levar pelas aparências, porque não querem se dar ao luxo de compreender uma pessoa em toda sua subjetividade e interioridade, uma vez que é mais fácil categorizá-las.

Essa dificuldade de genuinidade tem raízes no aprendizado de que clareza e transparência podem revelar fraquezas e vulnerabilidades ou, ainda, despertar inveja, raiva, mesquinharia ou ganância dos demais. Como consequência dessa atribuição comum, muitas vezes evitamos nos abrir completamente. Evitamos falar toda a verdade, omitindo-a, ou então contando pequenas mentiras para nos proteger.

O escritor George R.R Martin sempre diz que “o homem mais depressa nega uma verdade dura do que a enfrenta”. É o que costuma acontecer.

É claro que a grande massa dos seres humanos ainda se esforça para parecer honesta, íntegra, decente, generosa e justa. Mas sabemos que levar isso ao pé da letra é ingênuo e equivocado, por mais que se possa conhecer pessoas leais e saber que elas praticam essas virtudes com regularidade.

Ainda há outro ponto: não somos sempre genuínos porque sabemos que a verdade pode ofender; sendo assim, fingimos ou disfarçamos. Vivemos em duplicidade. Como disse o jornalista e filósofo brasileiro Jacob Petry:

“Em vez de dizer o que verdadeiramente pensamos, falamos o que o outro quer ouvir, criando um enorme faz de conta, um teatro de aparências. No palco, tudo parece calmo e sob controle, perfeitamente em ordem. Mas no palco, as pessoas deixam de lado quem de fato são para representar determinados papeis. É quando as cortinas se fecham que as emoções negativas emergem. Na escuridão dos bastidores é onde os dramas são armados e a ganância, inveja, o ódio e o desejo de domínio e manipulação reinam quase absolutas.”

Estudos apontam que, num processo de comunicação regular, menos de 20% do que na realidade importa é dito de forma direta, através de palavras. Esse é o reflexo de se perder em distrações e aparências.

É preciso ir além das palavras. Tentar estabelecer empatia e compreender as reais necessidades das pessoas. Mas, na maioria das vezes, ouvimos apenas o que queremos ouvir. Nossa mente está confinada a um canal estreito no qual projeta nossos próprios desejos através do que ouvimos.

Ser genuíno é uma qualidade rara em um mundo cheio de virtualismos e falsificações. E detalhe: poucos querem admitir que a genuinidade está se tornando mais escassa.

12 hábitos das pessoas genuínas

A virtude da genuinidade encontra-se fortemente associada à inteligência emocional (IE). Sem dúvida, as pessoas emocionalmente inteligentes são mais inclinadas a ser bem-sucedidas no trabalho, manter relacionamentos genuínos e saudáveis com parentes, cônjuges e amigos, e ter boa performance nos estudos, entre outras vantagens. Além do mais, por compreender a fundo suas emoções e as dos outros, elas conseguem identificar facilmente as motivações humanas, usando dessa informação para guiar seus pensamentos e ações de forma mais objetiva.

Uma pesquisa americana feita pela Talent Smart testou o nível de inteligência emocional de um milhão de pessoas, e descobriu que isso explica 58% de seu sucesso em todos os tipos de trabalho.

Travis Bradberry, especialista em inteligência emocional e autor de livros sobre o tema, estudou bastante as diversas complexidades e particularidades das pessoas que possuem alto grau de inteligência emocional, e ele descobriu alguns hábitos que elas possuem em comum, de forma não totalitária, é claro, mas que são reais indicadores de sua habilidade em sentir, compreender, categorizar e externar emoções na administração de relações humanas.

Para o autor, a genuinidade é uma condição e também um requisito para que a inteligência emocional seja adequadamente desenvolvida. Segundo ele:

“Basta dizer, a inteligência emocional é uma maneira poderosa de concentrar energia em uma direção, com resultados tremendos. Mas há um porém: a inteligência emocional não vai fazer algo por você se você não for genuíno.”

Um estudo recente da Escola de Negócios Foster e Universidade de Washington descobriu que as pessoas não aceitam manifestações de inteligência emocional em valor apenas nominal. Elas ainda são muito céticas em relação a isso. Segundo Bradberry, essas pessoas não querem ver apenas sinais de inteligência emocional. Na verdade, elas querem saber se a pessoa é genuína, se suas emoções são autênticas. Há uma importância considerável sobre se as pessoas são sinceras ou manipuladoras.

Não é suficiente tentar demonstrar qualidades associadas à inteligência emocional: deve-se ser genuíno.

Alguns atributos distinguem originalidade e falsidade, os quais também ajudam a discernir o grau de genuinidade. Tais pessoas genuínas têm um conjunto de princípios assíduos que se pode perceber em seu comportamento em diferentes situações. Por que é importante identificar esses hábitos? Porque, a partir da consciência deles, conseguimos saber melhor quão genuínos e falsos estamos sendo, e também teremos essa noção sobre as pessoas com as quais nos relacionamos.

De acordo com Travis Bradberry, existem 12 hábitos comumente cultivados por pessoas genuínas:

1. Elas não tentam fazer com que outras pessoas sejam como elas

Pessoas genuínas são o que são. Elas sabem que algumas pessoas vão gostar delas, e outras não. E elas estão muito bem com isso. Não é que elas não se importam que outras pessoas não gostem delas, mas não deixam esse fato impedir que façam a coisa certa. Elas estão dispostas a tomar decisões impopulares e assumir posições impopulares, se for isso o que precisa ser feito.

Como as pessoas genuínas não são desesperadas por atenção, afirma Bradberry, elas não ficam se exibindo sempre. Elas sabem que quando falam de forma amigável, confiante, concisa e sem precisar mostrar que são importantes, os outros ficam mais interessados e atentos em ouvirem-nas. As pessoas genuínas são mais atraídas pela atitude certa, mesmo que esta não faça parte do consenso da maioria.

2. Elas não ficam julgando sempre

Segundo Bradberry, as pessoas genuínas têm mente aberta, o que as torna mais acessíveis e interessantes para os outros. Ninguém quer ter uma conversa com alguém de opiniões formadas e que não está disposto a ouvir. Ter uma mente aberta é fundamental em qualquer lugar, pois a acessibilidade significa abertura à novas ideias e ajuda.

Para eliminar (ou ao menos evitar) preconceitos e julgamentos, deve-se praticar a empatia: ver o mundo através dos olhos das outras pessoas. Essa habilidade crucial é tão socialmente difundida quanto essencialmente rara. Pessoas genuínas nem sempre acreditam ou toleram quaisquer comportamentos alheios; elas simplesmente param de julgar pelo tempo suficiente, durante o qual possam realmente entender o que se passa com os outros.

3. Elas forjam seu próprio caminho

Bradberry ressalta que as pessoas genuínas não derivam seu sentimento de prazer e satisfação das opiniões dos outros (embora isso possa parecer inviável). Elas costumam seguir suas próprias bússolas internas. Elas sabem quem são e não fingem ser outra pessoa. Sua direção vem de dentro, a partir de princípios e valores pessoais. Elas geralmente fazem o que acreditam ser o certo, e não estão seduzidas pelo fato de que alguém possa desaprovar suas ações.

4. Elas são generosas

Todos nós já lidamos com pessoas que preferem manter tudo para si mesmas: conhecimento, recursos e amores. As pessoas genuínas não são desse tipo. Elas compartilham e repartem suas coisas com os outros, quando percebem que senso de fraternidade e espírito de equipe podem contribuir decisivamente para o bem-estar comum. Elas acreditam que seu sucesso também pode ser derivado do sucesso alheio.

5. Elas tratam todos com respeito

Na opinião de Bradberry, as pessoas genuínas são invariavelmente educadas e respeitosas. Não importa o quão desagradáveis ou injustos os outros forem, elas não copiam esses maus comportamentos e mantêm seu nível de educação elevado. Elas tratam todos com respeito, porque sabem que não são melhores do que ninguém.

6. Elas não são motivadas por coisas materiais

Bradberry propõe que pessoas genuínas não precisam de luxos e extravagâncias a fim de se sentir melhor. Não que elas pensem ser errado sair para comprar novos produtos e demonstrar status; basicamente, elas não precisam fazer isso para ser mais felizes. Sua felicidade vem de dentro (direto da fonte), bem como dos prazeres mais simples, tais como amigos, família e um senso de propósito – que tornam a vida rica em sentido.

7. Elas são confiáveis

Como diz Bradberry, as pessoas gravitam para aquelas que são genuínas, porque estas são, em geral, mais confiáveis. É complicado gostar de alguém quando não se sabe quem realmente é ou como se sente. Se as pessoas genuínas assumem um compromisso, tratam de cumpri-lo. Quando elas prometem com sua palavra, é porque acreditam seriamente que ela seja proveniente da verdade.

8. Elas são resistentes à ofensa

As pessoas genuínas têm um forte senso de si mesmas ao ponto de não saírem por aí vendo ofensas onde não há. E também, afirma Bradberry, se alguém critica suas ideias, elas não tratam isso como uma ofensa pessoal. Elas evitam os impulsos de tirar conclusões precipitadas. Não planejam a vingança quando são insultadas. Em suma, elas são capazes de avaliar objetivamente feedbacks negativos e positivos, críticas construtivas e destrutivas, aceitar o que funciona ou não, colocar em prática e deixar o resto para trás, sem desenvolver ressentimentos.

9. Elas se comprometem totalmente em uma conversa

Pessoas genuínas não se rendem facilmente às distrações. Quando elas se comprometem em uma conversa, concentram toda sua energia nessa conversa. Elas descobrem que as conversas são mais agradáveis e eficazes quando se mergulha nelas. De acordo com Bradberry, as pessoas genuínas criam conexão e encontram profundidade mesmo em conversas curtas, todos os dias. Seu interesse genuíno em outras pessoas faz com que seja fácil para elas fazer boas perguntas e relacionar o que é dito para outras facetas importantes de quem está falando.

10. Elas não são movidas puramente por seus egos

Embora seja extremamente difícil de acreditar – e a grande maioria será cética em relação a isso –, as pessoas genuínas não tomam decisões baseadas em seus egos, acredita Bradberry, porque elas não precisam da admiração dos outros a fim de se sentir bem consigo mesmas. Da mesma forma, elas não procuram ser o centro das atenções e nem tentam levar o crédito pelas realizações de outras pessoas. Como o autor pontua, essas pessoas costumam fazer o que deve ser feito sem dizerem ou pensarem: “Ei, olhe para mim”.

11. Elas não são hipócritas

Assim como o décimo hábito acima descrito, este aqui é bem controverso. Na análise de Bradberry, entretanto, as pessoas genuínas praticam aquilo que pregam. Sem contradições. Elas não dizem uma coisa e fazem outra. Segundo o autor, isso se deve, em grande parte, à sua autoconsciência refinada. De fato, muitos hipócritas não reconhecem quando estão sendo hipócritas. São cegos para seus próprios deslizes. Pessoas genuínas, por outro lado, esforçam-se para redimir seus erros em primeiro lugar.

12. Elas não se gabam

Quem nunca conviveu com pessoas que passam o tempo inteiro se gabando, falando sobre si mesmas e enaltecendo intermitentemente suas realizações? Por que essas pessoas agem assim? Bradberry tem uma teoria: elas se gabam dessa forma porque são inseguras e preocupadas com a possibilidade de que, se não apontarem suas obras, ninguém irá notá-las. Pessoas genuínas são menos inseguras, e não precisam obter fama por seus feitos. Consequentemente, elas não se gabam. Na realidade, elas estão propriamente satisfeitas com suas realizações. Percebem que a valorização deve advir, primacialmente, de si mesmas, independente de quantas pessoas notem ou apreciem-nas.


Leia também: Como detectar mentiras e mentirosos

14 caminhos para abrir sua vida a novas oportunidades

14 caminhos para abrir sua vida a novas oportunidades

Por Stephanie Gomes

Eu, você e todo mundo já passou e ainda vai passar por muitas mudanças durante a vida. Mudanças boas e mudanças ruins, altos e baixos, perdas e ganhos, conquistas e renúncias. Nossa história é construída graças a estas oscilações que nos fazem trocar de lugar, transformar ideias, abandonar uma coisa e iniciar outra e, principalmente, crescer.

É difícil imaginar uma vida sem mudanças. Todas as suas escolhas e decisões, por mais simples que pareçam, mudam o rumo da sua vida e continuarão mudando até que ela chegue ao fim. Cada segundo é uma nova chance de você mudar sua vida para melhor, e é nas oportunidades que criamos e que surgem em nosso caminho que nós decidimos quais serão as transformações mais importantes em nossas vidas. Você está onde está hoje graças a todas as decisões que tomou diante das oportunidades que teve, tanto as que aproveitou como as que ignorou.

Não importa o que você fez no passado que te trouxe até aqui, agora é hora de pensar em como você quer dirigir sua vida daqui pra frente. Tudo sempre pode mudar. Mas a mudança precisa começar em você.

Você está sonhando com uma grande mudança? Já assumiu que não está onde gostaria e sabe que quer mudar, mas não consegue enxergar nenhuma chance de isso acontecer? Comece parando de se preocupar com o que você ainda não tem (a oportunidade) e preocupe-se em abrir caminhos em sua vida para que ela chegue até você. Estas dicas vão te ajudar a manter-se atento, descobrir coisas novas, enxergar onde há chances e aprender a transformar coisas pequenas e simples em grandes oportunidades:

1) Escute

Já aconteceu de você se surpreender ao ouvir alguém falar algo que era exatamente o que precisava escutar naquele momento? Isso é bastante comum, mas sempre nos surpreendemos quando acontece. Estas “mensagens” chegam até nós quando estamos com os ouvidos atentos. Elas podem vir de um amigo, um parente, um professor, de alguém falando na televisão, de uma conversa entre desconhecidos ou de qualquer pessoa. Se você está sempre distraído, provavelmente já perdeu algumas destas mensagens. Mas quando está atento ao que é dito ao seu redor, começa a perceber que elas surgem com bastante frequência para te oferecer lições ou estimular reflexões. Procure ouvir mais. Este é um bom início de caminho para descobrir coisas interessantes sobre você mesmo e sobre a vida.

2) Veja

Mais comum ainda do que a falta de atenção auditiva, é a distração visual, que faz com que as pessoas olhem cada vez menos para o que há às suas voltas. Graças aos smartphones, não olhamos mais pela janela do carro ou do ônibus, não olhamos mais as pessoas nos olhos, não apreciamos belas visões e paisagens e perdemos muito em aprendizado. Quanta coisa inspiradora você poderia ter visto se apenas observasse um pouco mais! Mas este é um hábito que você pode adquirir. Faça um esforço para, em alguns momentos do dia, parar e apenas observar. Sem tirar fotos, sem ficar destravando a tela do celular a cada cinco (ou um) minutos. Observar pode ser um grande prazer e, de quebra, você começará a enxergar que há muita coisa interessante nas situações cotidianas que podem acrescentar grandes quantidades de inspiração à sua vida.

3) Faça algo daquela sua lista de coisas-que-eu-nunca-vou-fazer

Lembre-se de todas as vezes que você completou a frase “eu nunca vou…”. Conseguiu lembrar pelo menos algumas? Agora escolha uma delas e vá desafiar suas crenças, se aventurar e se surpreender fazendo algo que nunca se imaginou fazendo! Cante no palco do karaokê, vá a um show de rock’n roll, tente praticar um esporte radical, experimente aquela comida exótica, vá acampar! Tente também escolher uma daquelas coisas que você diz que “não tem jeito pra isso” sem nunca ter tentado, e faça. Um pouco de ousadia não faz mal a ninguém. Você pode se surpreender ao perceber que tem jeito sim, e que, ainda por cima, gostou da experiência. Caso contrário, no mínimo será mais uma história divertida e engraçada para você contar aos seus netos.

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4) Inspire-se com histórias incríveis e improváveis

Não faltam histórias de pessoas que mudaram totalmente suas vidas de forma improvável. Em uma busca rápida na internet é possível encontrar várias. Você já deve ter visto algumas, mas a partir de agora, quando se deparar com uma história de mudança de vida, leia com atenção. Inspire-se. Histórias como a da mulher que criou um negócio bem-sucedido de mini coxinhas vendidas a R$1 ou do mendigo que virou milionário criando bolsas estão aí para te provar que nada é impossível. E há muitas outras para te mostrar que você pode também estar entre elas, se quiser. Se, antes de conhecer estar histórias, uma mulher dissesse para você “vou ficar rica vendendo coxinhas” ou você visse um mendigo costurando bolsas, acreditaria que eles poderiam conquistar o que conquistaram? Se sua resposta é não, provavelmente você também costuma duvidar da possibilidade de suas ideias e projetos. Sempre que desacreditar de si, lembre destas histórias.

5) Transforme aquilo que você sabe em algo real

Você pode até não ser especialista em nada, mas com certeza sabe muita coisa. Você tem aprendizados que saíram de suas experiências (boas e ruins), dos lugares que já foi, das coisas que viu e ouviu, das emoções que sentiu… nunca diga que não tem nada de bom a oferecer, porque todo mundo tem. Olhe para você, encontre coisas das quais se orgulha ou lembre-se dos elogios que já recebeu. Talvez você seja muito bom em ajudar pessoas com conselhos, em escrever críticas de filmes ou em desenhar. Você pode ser super flexível, conhecer coisas interessantes sobre um lugar, ser bom em fazer as pessoas rirem, ter facilidade com uma matéria escolar. E estes seus conhecimentos e habilidades podem se transformar em arte, em conteúdo para ser compartilhado, em um negócio inovador ou em objetos úteis. Comece a se auto-analisar e procurar coisas em que seja bom, mesmo que não te pareçam servir para nada. Comece a usá-las, transforme-as em algo real. Muita coisa boa pode ser criada por você, acredite!

6) Dê-se permissão para falhar

A partir do momento em que você se permite falhar, adquire um dos bens mais preciosos da vida: liberdade. Esquece a vergonha, perde o medo e consegue acreditar na possibilidade daquilo que você deseja dar certo. Quando para de se preocupar com possíveis erros, você finalmente consegue ir além. E “além” é onde quase ninguém vai, por isso é exatamente onde você precisa ir para encontrar oportunidades incríveis.

7) Confie mais na vida

Mantenha-se aberto e confiante. Coloque sua fé acima dos seus medos. Saiba que, por mais que às vezes não pareça, a vida sempre tende para o melhor. Quantas vezes uma situação pareceu o fim do mundo para você e depois de algum tempo tudo acabou se ajeitando? É SEMPRE assim, e estas são as provas de que você pode confiar. Faça das suas vontades os seus guias, escute a si mesmo, preste atenção aos seus desejos e impulsos, porque, partindo de você, a intenção é sempre te levar para um lugar melhor. Tudo passa, tudo se ajeita. Você só precisa confiar.

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8) Procure ajuda para lidar com seus medos

O medo te desencoraja, te limita, te prende e faz você se sentir incapaz. John B. Watson, psicólogo fundador do behaviorismo (estudo do comportamento) afirmou que nós possuímos três emoções primárias: o amor, a raiva e o medo. O medo dá origem a outras emoções ruins como insegurança, angústia e preocupação. Ele pode ser controlado, mas muitas vezes é preciso mais do que trabalho introspectivo para isso. Quando o medo e outros sentimentos limitantes estão atrapalhando a sua vida, procurar ajuda é a melhor saída. Abra-se com um familiar ou amigo de sua confiança que possa te ajudar ou procure um profissional.

9) Seja mais sociável

Faça um esforço para começar algum contato com aquelas pessoas a quem diz “bom dia” todos os dias, mas nunca conversou. Elas estão ali, presentes na sua vida diariamente, e podem ser uma oportunidade de você criar uma nova amizade, ouvir uma história inspiradora, aprender algo ou despertar uma ideia. Todas as pessoas são interessantes e têm algo a transmitir, basta você dar espaço a elas e estar disposto a lhes oferecer atenção. Se você é tímido, pode tentar se aproximar de formas mais fáceis: ofereça ajuda, pergunte algo ou faça um elogio.

10) Explore

Torne-se um curioso, um explorador, um experimentador. Esteja sempre em busca de novos assuntos pelos quais pode se interessar, lugares para conhecer e ideias para colocar em prática. Procure por novas formas de arte, religiões, culturas, profissões, gastronomia, idiomas, livros, filmes, pessoas, costumes. Quando encontrar algo interessante, explore ao máximo, estude, pesquise, leia, vá conhecer. Queira sempre saber mais e conhecer aquilo que ainda não conhece.

11) Mantenha-se aprendendo

Palavras de Fritz Perls, um dos mais importantes estudiosos da psicologia: “Aprender é descobrir que algo é possível”. Não importa se você já sabe bem o que quer ou acha que tem muito conhecimento. Sempre haverá uma imensidão de coisas que você não sabe e sempre poderá expandir mais a sua mente, conhecer e enxergar novas possibilidades. O aprendizado é o caminho. É através do conhecimento que você descobre coisas novas com as quais se identifica, elabora ideias e se torna capaz de ver aquilo que os outros não vêem e de criar as próprias oportunidades.

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12) Deixe o que não te serve mais ir embora

Enquanto você está agarrado a certas coisas, é natural que outras fiquem de fora. Você não pode abraçar o mundo inteiro, mas pode escolher o que cabe dentro do seu abraço. Tenha certeza de que aquilo com que está se envolvendo – seja nos relacionamentos, na carreira, nos momentos de lazer etc – é realmente o que você quer que faça parte da sua vida. Lembre-se de que, ao fazer uma escolha, você está também abrindo mão daquilo que não escolheu. Se houver algo que não te faz mais feliz ou não serve mais para você, deixe ir. Abra lugar para o novo. É o único jeito de fazer com que aquilo que você quer tenha espaço para entrar.

13) Mude seus hábitos destrutivos

Tenho certeza de que você sabe bem quais são os hábitos que pratica e que prejudicam a sua vida. O pessimismo, a preguiça, a procrastinação, o complexo de inferioridade, a necessidade de aprovação, a falta de paciência e muitos outros podem estar travando seu caminho e impedindo que você crie novas oportunidades. Se quer ver mudanças na sua vida, precisa começar por você. Mudar um hábito é mais difícil do que parece, mas conseguir substitui-los por novos comportamentos com certeza fará uma enorme diferença. Vale a pena o esforço.

14) Se é tarde demais para fazer algo, faça!

Se você tem vontade de fazer algo, mas ainda não fez porque em algum momento passou pela sua cabeça que é tarde demais, isso é um sinal de que a vida está querendo te dizer uma coisa: FAÇA! Enquanto estiver vivo, nunca é tarde demais pra nada. Aprenda a tocar guitarra, comece a faculdade dos seus sonhos, matricule-se nas aulas de ballet ou no curso de fotografia. Toda vez que surgir o pensamento de que é tarde demais, lembre-se que a vida está te dando um sinal positivo. Vai lá e faz.

Por qual destes itens você pretende começar?

Fonte indicada: Desassossegada

Faça o que você ama ou morra tentando

Faça o que você ama ou morra tentando

Por Camilo Bracarense

Veterinário. Essa era minha resposta quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse. Mas quando assistia a filmes de luta, eu queria ser lutador. Já quis ser militar também. Na adolescência, advinha! Músico.

Quando cheguei na fase adulta, queria ser bem sucedido. Queria fazer faculdade, pós-graduação e trabalhar em uma grande empresa, talvez. Nem sei bem o que eu queria. Eu estudava, trabalhava e queria melhorar de vida. Mas não sabia bem pra que estudar, que emprego ou patamar almejar e o que seria exatamente melhorar de vida. Só sei que na infância, e talvez na adolescência, eu tinha mais certeza de tudo.

Na verdade, nunca tive uma resposta certeira. E isso já foi problema pra mim. Como assim, não saber o que eu quero ser na vida? O problema não era não saber, mas querer ser várias coisas ao mesmo tempo. E por que eu tinha que fazer uma escolha tão definitiva assim? Por que raios, em uma vida inteira, eu não poderia ser o que eu bem entendesse e mudar de ideia quantas vezes me desse na telha?

As crianças, sim, sabem o que querem, justamente por não colocarem dinheiro, expectativas alheias ou demandas de mercado na frente de suas decisões. Outro dia a Manu estava num dilema enorme, tentando conciliar seus horários pra conseguir ser bombeira e professora de balé. E a gente deu a maior corda pra ela. Dissemos que ela poderia dar aulas de balé quando estivesse de folga no corpo de bombeiros e prometemos ajudá-la com isso. Relembrar a infância tem lá seus benefícios. Quando você olha com olhar de aprendiz, percebe que as crianças traçam metas e objetivos livres de expectativas. Elas apenas querem, apenas fazem, apenas são.

É claro que nós, os adultos, temos outras questões a considerar. Escolher conscientemente um trabalho envolve muito mais do que sonhos de criança. Mas exageramos nessas questões e colocamos o nome de responsabilidade em nossos medos. Além de todas as questões pessoais, ainda cultuamos a necessidade de ter uma resposta satisfatória pra clássica pergunta “o que você faz da vida?”. Então trocamos uma vida por uma resposta pronta.

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Corta pra uma reunião regada a amizade, cerveja artesanal, boa música e crianças brincando em volta. Eu e Chicão, amigo de longa data, falávamos sobre um futuro projeto. E entre uma filosofada e outra, criamos uma diferenciação entre trabalho e emprego. Concluímos que trabalho é fazer algo por amor à causa. Você se coloca em movimento em prol de gerar um ou mais resultados, mas faz isso porque gosta, porque acredita que o mundo estará um pouco mais bem cuidado quando aquela tarefa estiver cumprida. Emprego é você fazer algo somente em troca dos recursos que o dinheiro pode te proporcionar. Você investe seu tempo, aceita regras quase nunca criadas com sua participação e recebe uma grana por isso.

Sinceramente, acho possível uma interseção entre trabalho e emprego. E quando você tem oportunidade de gerar propósito em seu emprego, aí sim ele se torna um trabalho. Mas nossas necessidades externas, aquelas que suprimos pra sermos iguais ou melhores que todo mundo, alimentam relações de servidão. Precisamos de pessoas pra educar nossos filhos, arrumar nossas camas e limpar o lixo que jogamos nas ruas quando saímos pra protestar por um mundo mais justo. Terceirizamos nossa vida enquanto ganhamos dinheiro e corremos em uma roda feito hamsters.

E deixar de correr feito hamster não é necessariamente relembrar sonhos da infância e fazer o que você queria fazer aos 5 ou 10 anos de idade. Há outros sinais que podem indicar o que somos capazes de fazer, unindo talento, amor à causa, grana e geração de valor. Chutar o balde entra na lista, mas o chute precisa ser bem colocado, porque se você chuta com consciência, fazer gol de primeira passa a ser apenas um detalhe. O gol deixa de ser questão de sorte e passa a ser questão de tempo.

Não existe receita pronta pra viver do que se ama. Mas alguns ingredientes precisam estar em todas as receitas, por mais particulares que sejam. É preciso se (re)conhecer, uma boa dose de desapego material e emocional e persistência a gosto. Passe longe do medo de errar. Erre! Erre rápido!

Na minha receita eu coloquei uma exigência: só trabalhar com gente legal. Não me aborreço mais com trabalho. Na minha horta, somos eu e duas das pessoas que mais amo na vida. No trabalho que envolve grana, eu venho colecionando parcerias e amizades. Reuniões, e-mails e mensagens intermináveis, que mesclam compromissos, planilhas e cronogramas com assuntos de família, conversas aleatórias e risadas. Muitas risadas.

Mas essa é a minha receita. E o legal de se reinventar todos os dias é descobrir que o trabalho dos sonhos também pode e deve ser inventado. Não que você precise inventar uma nova atividade. Mas será legal se o fizer! O importante é inventar o seu jeito. Só você é capaz de realizar um trabalho a partir do seu próprio olhar. E é aí que está o estado da arte. Seja lá o que você fizer, faça pensando em beneficiar alguém de alguma forma. Então você deixará de contar dinheiro pra contar agradecimentos. A grana? Ela virá, desde que você deixe de vê-la como objetivo final e coloque pessoas beneficiadas no final dessa linha. E não se esqueça: talento, amor à causa, grana e geração de valor. Este é o mantra diário de quem quer viver fazendo o que ama.

Camilo Bracarense é Designer de Interfaces, Desenvolvedor Front-End focado em WordPress, Blogueiro e Empreendedor Digital. Trocou a carteira de trabalho por um home-office e o trânsito caótico por uma horta orgânica. Só abraça um projeto se for pra transformar pessoas. Só recebe dinheiro se o valor gerado for maior que o preço.

Fonte indicada: Vida Larga

O ciúme é uma âncora (enferrujada)!

O ciúme é uma âncora (enferrujada)!

Tem gente que acha que o ciúme é o tempero do amor. Caso isso fosse verdade, eu diria que o ciúme é o tempero equivocado do amor; aquele negócio que acaba com o sabor original das delícias da vida, porque invade tudo com um gosto esquisito que não agrega nada, apenas estraga. No meu caso – e isso é muito particular – o ciúme seria, com certeza, o coentro. Eu odeio coentro! Odeio coentro com todas as minhas forças! Por mim, o coentro podia desaparecer da face da Terra e que levasse junto com ele esse sentimento travestido de bem-querer, mas que não passa de uma tola ilusão de posse chamado ciúme!

É absolutamente triste supor que o fato de estarmos o tempo todo ligados na outra pessoa, fará com que o nosso vínculo com ela seja fortalecido e ganhe ares de perpetuação do amor. Sinceramente, eu penso que viver em função do outro, tentar ocupar todos os espaços e, pior ainda, temer que esses espaços sejam “roubados” por outro alguém, acaba com a beleza e espontaneidade de qualquer relacionamento.

Isso, sem levar em conta a indispensável necessidade de reflexão acerca dessa tola crença de que pessoas são “roubáveis”. Ora, ninguém rouba ninguém de ninguém. Pessoas não são coisas para serem subtraídas. Acreditar que se tem o poder de permitir, ou não permitir ao outro transitar por outras experiências e viver outras relações de afeto com amigos, familiares, colegas ou quem e o que quer que seja, reduz qualquer relacionamento a uma maluquice completa que leva a crer que essa situação vai durar para sempre.

Nada dura para sempre! Nenhum relacionamento tem a chance de virar uma história que valha a pena ser vivida, se não for uma experiência fluida, cheia de possibilidades de crescimento para ambos e uma vivência que inclua o outro, que permita ao outro ter uma vida própria.

Nenhum relacionamento faz sentido, quando não é construído sobre uma base de confiança e entrega. Obrigar a outra pessoa a abrir mão de conviver com pessoas queridas porque se tem ciúme é, no mínimo, passar atestado de insegurança e de falta de disposição para confiar na lealdade do outro. Esse tipo de ciúme que coloca o parceiro ou a parceira num lugar desconfortável de renúncia forçada, é tosco, é pobre e é literalmente um tiro no próprio pé.

Uma hora ou outra, o ciúme vai perder esse falso encanto de servir como prova de importância. Uma hora ou outra, essa exclusividade artificial vai tirar do convívio aquele frescor que só a leveza de um amor maduro é capaz de proporcionar. Uma hora ou outra, a tensão vai corroer a película de encanto, tão viva, que a paixão inicial pincela no peito de quem teve a bonita sorte de se apaixonar.

O ciúme é uma âncora enferrujada! É um peso que rouba da gente a deliciosa oportunidade de viver a aventura que é ser feliz junto, tendo o direito de continuar sendo quem se é. E, não há nada mais tolo do que iludir-se com um sentimento que engaiola, que aprisiona e imobiliza. Amor é brilho nos olhos, é partilha de sonhos, é poder jogar-se de olhos fechados sem rede de proteção. A rede de proteção numa relação de amor inteiro é a delícia de enxergar no outro um ser que é livre. E, sendo livre, escolhe ter ao nosso lado uma experiência indescritível de afeto que liberta de dentro de cada um a parte mais bela.

O que meu velho cachorro me ensinou sobre todas as coisas.

O que meu velho cachorro me ensinou sobre todas as coisas.

Dezesseis anos atras, Clinton ainda era presidente. Google ainda estava a um mês do lançamento. E um grande e desajeitado cão de caça chamado Clyde nasceu.
Sua vida começou de uma maneira bem ruim.

Até onde eu saiba, ele passou seu primeiro mês amarrado à uma cerca. Um dia, ele cortou sua pata nela. E seus donos o deixaram ali, uma pilha de orelhas e feridas abertas tremendo na sujeira. Por sorte, alguém estava prestando atenção. Mais importante, eles tomaram alguma atitude.

Eu não sei os detalhes de sua fuga. Eu não tenho certeza de que quero saber. É muito doloroso imaginar a crueldade que ele teve que suportar. Eu só sei que, graças a um amigo do mercadinho onde eu trabalhava enquanto estava na faculdade, ele acabou no banco da frente do meu carro, sua pata recém suturada inchada do tamanho de uma bola de baseball.

Eu mudei seu nome para Fletch. Ele nem discutiu.

Durante 15 anos, Fletch e eu tínhamos um ao outro. Dono e cachorro. Andador e andado. Recolhedor e cagão. Eu me formei. Conheci minha esposa. Me mudei de uma casa para outra. Tive um filho. Construí uma carreira. Fiz o que todo mundo faz: eu cresci.

E Fletch? Ele engordou. Emagreceu. Comeu fogos de artifício e 2kg de coxas de frango cruas. Latiu para abelhas. Perseguiu ratazanas. Teve diabetes. Teve câncer. Melhorou. Envelheceu.

Ele se tornou um marcador da passagem do tempo — da minha vida e da dele. Experiência e rugas. Cabelos grisalhos e cicatrizes. Ele e eu tivemos uma boa idéia disso.

Hoje, no seu aniversário de 16 anos — pelo menos é o que seu antigo registro do veterinário diz — Eu estou fazendo o que pessoas fazem quando vêem o final de uma era se aproximando: eu estou fazendo o meu melhor para colocar tudo isso em algum tipo de contexto. Enquanto Fletch sobreviveu 3 anos além do prazo de validade, eu sei que as chances são grandes de que esse seja o último aniversário que terei com ele. Ele esta devagar. Ele está praticamente surdo e cego. Ele fica andando em círculos no chão de madeira durante toda a noite como uma barulhenta alma penada senil.

E mesmo que provavelmente ele não saiba mais onde está, ele me ensinou mais do que a maioria das pessoas. Eu espero que consiga articular as lições tão bem quanto ele conseguiu:

Não faça os outros carregarem suas bagagens.

Fletch foi abusado e esquecido. Mau tratado e abandonado. E mesmo assim ele nunca mordeu ninguém. Ele é gentil e leal. E ele se aproxima de todos como se nunca tivesse sido machucado antes.

Guarde suas energias.

Fletch adora cochilar, como a maioria dos cachorros. Ele entende que a vida é um longo percurso. Existe mais tempo do que você pensa — e não há benefício em exigir de si mesmo até a exaustão. Cochilos fazem aqueles momentos em que você está solto no quintal ou joga um brinquedo para o ar muito mais excitantes.

Seja você mesmo — porque isso é o suficiente.

Fletch não é durão. Ele não é bonito. E ele não é particularmente inteligente. Mas ele está satisfeito. Ele não se envergonha de quem é — ele simplesmente é. E ele amava ainda mais por isso.

Saiba quem te alimenta.

9 em cada 10 vezes, sou eu quem alimentava Fletch na nossa casa. Ele sabe disso. Por isso ele só obedecia verdadeiramente a mim. A sua própria maneira canina, ele é agradecido, eu acho. Eu acredito que podemos todos aprender a sermos mais leais e amorosos e dedicados às pessoas que fazem mais por nós.

Envelheça mas não fique velho.

Fletch não sabe que hoje é seu aniversário. Ele não tem medo de envelhecer. Ele simplesmente vive cada dia, e o próximo, e o próximo. Um cochilo, uma refeição, um peido de cada vez. Meu aniversário é 2 dias após o dele, e pela primeira vez em 37 anos, eu não ficarei obcecado por isso. Anos só tem significado se você continuar contando-os. E a partir de hoje, eu estou parando.

Translated from: What my old-ass dog taught me about everything.

Por Renato Freire, via Medium Brasil

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