Um carta para quem precisa demais desabafar: “Estar triste não é imoral.”

Um carta para quem precisa demais desabafar: “Estar triste não é imoral.”

Estou triste. Eu às vezes sinto como se ninguém estivesse se importando comigo.

E como se eu fosse alguém que despertasse incômodos. Talvez eu seja. Talvez seja tudo coisa da minha imaginação.

Tenho medo de me expressar. Quando me expresso eu me julgo.

Digo para mim “Não diga isso.” Eu tenho medo do erro, ter medo do erro é sentir uma insegurança enraizada.

Já pensei em morrer hoje.
Mas não morri, estou vivo.

É um dia difícil como outros dias foram difíceis. Me sinto profundamente sozinho e incapaz de sair de mim. Parece que falo outro idioma. A minha língua me sufoca. Eu inspiro e respiro.

Não passa tão rápido quanto eu gostaria. Tenho dificuldade de confiar respostas a alguém e de me abrir.

É difícil, porque eu acho que do outro lado há um juiz implacável.

Talvez eu esteja me vendo no espelho. Eu sou meu juiz implacável.

Mas a voz de outros também são. Não estou com raiva de ninguém, nem revoltado, estou triste.

Uma tristeza conformada. E escrevo pra alguém. Se você for esse alguém, por favor, aqui estou eu. Também estou triste. E me sentindo sozinho. Posso acompanhar a sua solidão?

É uma dia difícil, como outros dias são difíceis. Não é o primeiro, nem será o último. Não vai dar tudo certo, entenda.

Mas vai dar tudo. Tudo é muita coisa. Tudo é muito mais que certo. É melhor dar tudo do que certo. Porque dentro de tudo há milhares de coisas melhores e mais úteis do que o “certo”.

Se você é alguém que ao ler essas palavras sente pena, essas palavras não são para você.
Piedade a gente tem de quem peca. Sofrer não é pecado. Estar triste não é imoral.
Ninguém precisa sorrir e abraçar o mundo inteiro forçado. É violento exigir alegria. Faz parte o dia ruim, a gente não quer fugir do dia ruim, nem disfarçá-lo.

A gente é feito de carne, osso e memórias.

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Meu peito, meus braços, minhas pernas, tudo é água e saudade. Você sente saudades de você mesmo? De outra pessoa que você foi dentro da pessoa que você é? Não tem volta não. Já somos outros e seremos pessoas inéditas daqui pra frente.

Eu estava triste e desabafei. Não sou mais o mesmo. Nem você é.
A gente é feito de carne, osso e memórias. E quando a carne, o osso e as memórias ficam tristes é um dia difícil, difícil, difícil.

Mas é um dia ainda. É um tempo ainda. E o tempo passa.
Minha tristeza deseja fortemente que a sua tristeza seja forte e consiga descobrir essa piegas, profundamente brega, verdade: Viver é aceitar a morte de uma esperança,
dar lugar ao nascimento de outras esperanças.

Eu estava triste e escrevi esta carta cafona. Mas sinceramente, quem não se permite cafonices ou é feito de pedra ou é feito de besta.

Cisma

Cisma

Se me ponho a cismar em outras eras…
Florbela Espanca

Que perfeição é o ninho de uma pomba!
Os gravetos são tramas perfeitas que suavizam a aspereza dos galhos, dispostos em círculos, formando um côncavo. Tudo muito instintivo e com um único propósito: acolher novas vidas e assim perpetuar a espécie.

E o ser humano, essa criatura, que tem consciência de sua existência, razão e sentimentos, como cuida dos seus, como os recebe?

O colo e os braços de seus pais, os beijos dos avós são ninhos; continentes seguros para a vida que chega e se desenvolve.

Todavia, pergunto: há ninho para quando se está partindo; quando uma vida se exaure; quando se vive o último ciclo?

Como serão os braços, ouvidos e mãos que contêm o peso de uma vida?
Será a bengala o apoio mais certo ou mãos sépticas e cuidadosas que desconhecem a história daquela vida?

Os seres humanos conscientes e responsáveis começam (quando possível) a se preparar na maturidade para a velhice, em termos financeiros.

Porém, não é desse ninho que falo e, sim, daquele que alimentará a alma do idoso em seu último ato. Terá a companhia dos seus e algum desses entrelaçará suas mãos com a dele?

E aqueles que já partiram de coração e, por alguma razão, o corpo ainda não se deu conta e resiste tacitamente? Terão algum acolhimento? E de que natureza?

Será o ninho um recanto de aconchego somente para a vida nascente e prematura e que, com o tempo e com o peso, vai se desmanchando?

Se assim for, como viver a ausência de um continente seguro e confiável no momento em que não há mais forças para ficar e nem partir?

Cabeceiras frágeis ou inexistentes em vidas sedentas de respaldo caem no vácuo.

Assim é a vida?

Pior que a convicção do não é a incerteza do talvez

Pior que a convicção do não é a incerteza do talvez

A pior das torturas psicológicas é conhecida por “e se”. E se o amor da sua vida estivesse a um passo da sua atitude? E se você tivesse enviado aquela mensagem? E se você tivesse realizado seus sonhos de criança? E se… E se… E se….?

O medo da rejeição ou do fracasso faz com que o ser humano viva no “quase” por toda a vida, sem entender que é o quase que fere, que ilude, que entristece. Que faz com sonhos sejam esquecidos, planos não sejam cumpridos e projetos não sejam executados. Por medo, o homem deixa de viver. “De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada” (Shakespeare).

Quase amor não é amor. Quase perdoar não é perdoar. Quase emagrecer não é ficar magra. Então por que as pessoas insistem nesse estado de incertezas? Sempre irá existir a possibilidade da rejeição, a possibilidade de dar tudo errado e, acredite, você não irá morrer por isso. Sabedoria vem com os conhecimentos empíricos adquiridos dia a dia e preferir a comodidade do “não” por medo de tentar, é covardia.

Sarah Westphal afirmava que “sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.”

Acreditar e realizar não é tarefa para muitos. Exige-se coragem e liberdade para possíveis consequências. Uma famosa frase de Freud define bem esse comportamento humano: “a maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.”

É necessário não temer a queda para que se aprenda a levantar. Não temer a vida quando ela se apresentar de forma plena. “Façamos da interrupção um caminho novo. Da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro!” (Fernando Sabino)

De erro em erro construímos nossa sabedoria. De queda em queda aprendemos a voar. De saudade em saudade, criamos a nossa história de vida. Então, separa sua mochila, aperte seus calçados e vá atrás de seus sonhos. Deixe o seu “quase” e sua insegurança pra trás. Há alegrias que só vêem depois de muitas lágrimas mesmo.

8 filmes para cair na estrada

8 filmes para cair na estrada

Viajar é umas melhores experiências da vida. Conhecer novos lugares, novas pessoas, novas culturas, explorar a imensidão do mundo, do homem e de si próprio. Nesta lista, os filmes apresentam de tudo um pouco e cada um ao seu modo, de acordo com o que estivermos vivendo, nos deixará com vontade de arrumar a mochila (ou não) e cair na estrada.

EASY RIDER (1969)

Escrito por Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern e com direção de Hopper, o filme mostra a história de dois motoqueiros: Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper) cortando o sul dos Estados Unidos em busca de libertação pessoal e autoconhecimento. Mostrando com realismo a realidade da geração beat e, consequentemente, do movimento hippie, a obra ajudou na consolidação do movimento cinematográfico da Nova Hollywood. Com uma bela fotografia regada a muito rock e ainda uma ótima atuação de Jack Nicholson, o filme mostra todos os dilemas, questionamentos e contradições desse período histórico, revolucionando o cinema da época e influenciando gerações futuras.

 

 

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THELMA E LOUISE (1991)

Uma das grandes obras do bom Ridley Scott, o filme nos apresenta Louise Sawyer (Susan Sarandon) uma garçonete de saco cheio da forma como é tratada e Thelma (Geena Davis) uma dona de casa submissa a um marido autoritário. Cansadas da vida monótona que levam, as amigas resolvem pegar a estrada a fim de passarem um fim de semana fora das suas cidades, quebrando a rotina. No entanto, logo no início da viagem, elas se envolvem em um crime e decidem fugir para o México, enfrentando uma série de aventuras, descobertas e dificuldades em uma mistura bem pontuada entre drama e humor. Com ótimas atuações das protagonistas e a bela trilha sonora do Hans Zimmer, o filme fala, sobretudo, da alma feminina e da liberdade que esta necessita para fugir dos medos e da opressão do mundo masculino, bem como, fazê-la sentir-se feliz consigo mesma.

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ANTES DO AMANHECER (1995)

O primeiro filme da trilogia Before, conta a história de Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy). Jesse é um americano que está vagando pelo Europa após o fim do relacionamento, buscando de algum modo se reestruturar. Celine é uma francesa que está a caminho da França após visitar sua avó em Budapeste, mas que também está permeada por conflitos existenciais. Esses dois jovens se conhecem num trem de forma episódica, acabando por se envolverem rapidamente e se apaixonarem durante uma noite de andanças pela bela cidade de Viena. Com um roteiro extremamente inteligente e diálogos memoráveis, além é claro de dois personagens apaixonantes, Richard Linklater cria um filme brilhante, em que discussões filosóficas sobre diversos assuntos, inclusive, o amor, são feitas de um jeito poético e belo, tornando o filme único. Sem falar, é claro, no cenário lindo de Viena.

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QUASE FAMOSOS (2000)

Década de 1970, William Miller (Patrick Fugit) é um jovem prodígio de 15 anos. Fã de rock, ele sonha em ser jornalista e cobrir as bandas das quais é fã. Após fazer alguns trabalhos para jornais e revistas locais, ele conhece Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman), um jornalista crítico e incorruptível, e eles passam a desenvolver uma amizade. Então, William recebe uma proposta da bíblia do rock, a revista Rolling Stone, para cobrir uma banda durante uma turnê. Assim, ele embarca em uma viagem muito louca, cheia de descobertas, envolvendo sexualidade, amizade, amor e autoconhecimento em meio ao mundo do estrelato e euforia do rock. O filme é inspirado em experiências reais vividas pelo diretor Cameron Crowe, que na adolescência acompanhou bandas que marcaram época, como Led Zeppelin, The Who e Allman Brothers, formando um filme muito verdadeiro, divertido, sentimental e, sobretudo, muito rock’n’roll.

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DIÁRIOS DE MOTOCICLETA (2004)

Dirigido por Walter Salles, o filme é baseado em um livro de memórias com o mesmo nome escrito por Ernesto “Che” Guevara. A trama percorre a viagem feita por Ernesto (Gael García Bernal), então com 23 anos, e seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de La Serna), um bioquímico, em uma motocicleta pela América Latina, a fim de descobrir o continente além dos livros. A viagem que a princípio parecia uma aventura, aos poucos ganha um caráter mais dramático e político na medida em que novas realidades são descobertas pelos amigos argentinos. O filme ainda conta com uma bela fotografia e um retrato bem fiel da realidade de contrastes da América Latina, demonstrando de que modo essa viagem influenciaria na passagem do jovem estudante de Medicina Ernesto para uma das personalidades mais icônicas do século XX, o líder marxista, Ernesto Che Guevara.

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PEQUENA MISS SUNSHINE (2006)

Um filme libertador, essa é a melhor definição para o filme de Jonathan Dayton e Valerie Faris. A trama percorre a história de uma família pra lá de excêntrica, marcada pelo dilema entre o sucesso e o fracasso. Nesse universo familiar somos apresentados a Olive (Abigail Breslin), uma garotinha que sonha em ganhar um concurso de beleza. A fim de realizar o sonho da garota, a família se desloca em uma Kombi velha (mas, muito maneira) para chegar ao tal concurso, o “Little Miss Sunshine”. Ao explorar a problemática do sucesso/fracasso, o filme percorre muito bem a linha tênue entre o drama e a comédia que forma a vida dos personagens, desconstruindo máximas e padrões impostos pela sociedade. Com ótimas atuações e uma trama muito bem conduzida que te leva do riso às lagrimas com maestria, a obra é uma ode às nossas idiossincrasias, à loucura que nos forma e, sobretudo, um grito de independência aos padrões sociais que retiram nossa beleza e nos deixam engaiolados.

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NA NATUREZA SELVAGEM (2007)

Roteirizado e dirigido por Sean Penn, o filme baseada no livro homônimo de Jon Krakauer, narra a história de Christopher McCandless (Emile Hirsch), jovem americano de família rica, altamente erudito e saudável, que após se formar na faculdade, decide deixar a vida de superficialidade que o cercava para entrar em contato com o âmago da vida. Assim, abandona casa, carro, família e dinheiro, embarcando em uma jornada de autoconhecimento rumo ao Alasca. Com uma fotografia belíssima e uma trilha sonora maravilhosa, o filme consegue ser extremamente filosófico e triste, ao mesmo tempo em que carrega uma leveza poética. Colocando em xeque o modus operandi da sociedade consumista, marcada pela aparência, superficialidade, egoísmo e adequação, a obra nos faz questionar o verdadeiro sentido da vida e de que modo nessa estrutura temos conseguido sentir verdadeiramente as felicidades presentes no mundo.

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NA ESTRADA (2012)

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Também dirigido por Walter Salles, o filme é baseado na obra-prima do escritor americano Jack Kerouac, um dos fundadores do movimento beat, que inspirou o movimento de contracultura dos anos 1960 e o movimento hippie. O filme percorre a vida de Sal Paradise (Sam Riley), um jovem aspirante a escritor que acaba de perder o pai. Ele é apresentado, então, a Dean Moriarty (Garrett Hedlund), um jovem vindo do Oeste com a sua namorada Marylou (Kristen Stewart), que se preocupa apenas em aproveitar a vida ao seu modo. Esse encontro muda a vida de Sal, que decide por o pé na estrada, em viagens de autoconhecimento e libertação regadas a muitas drogas, jazz e sexo. É um filme que expõe a origem de uma geração importante na história, marcada por questionamentos sobre a sociedade e a vida, bem como, as suas contradições e angústias.

Se a vida é feita de escolhas, eu escolho não ser obrigado

Se a vida é feita de escolhas, eu escolho não ser obrigado

Somos rodeados e bombardeados, o dia todo, todos os dias, por regras, preceitos, receitas e conselhos sobre o que fazer ou não. Leis regem nossa conduta em sociedade, no trabalho, no trânsito, até nos procedimentos quando de nossa morte. Obviamente, limites são necessários, quando vivemos em sociedade, no entanto, há que se ponderar acerca do que realmente tomarmos para a nossa vida, ou sufocaremos nossa jornada sob o peso do que esperam que nós façamos.

Não sou obrigado a concordar com aquilo que não condiz com o meu modo de pensar, só para agradar os outros. Tenho sonhos próprios, sentimentos únicos, vontades minhas, ou seja, ninguém me conhece melhor do que eu, portanto terei que tentar viver as minhas verdades da melhor maneira possível, discordando do que me contradiz, ou respiro feito robô, infeliz e frustrado.

Não sou obrigado a engolir a seco quando elevam a voz sem razão, quando me sinto ofendido em minha dignidade, quando me agridem deliberadamente. Para que eu alcance minha autonomia enquanto pessoa, para que eu seja respeitado como cidadão, terei que me impor, que me fazer enxergar. O outro só saberá até onde pode avançar sobre mim, caso eu esclareça os limites de minha paciência.

Não sou obrigado a insistir em um relacionamento já fadado ao fracasso, por medo de desistir, de recomeçar, de me dar novas chances de ser feliz. Minhas desistências são corajosas, são pensadas, repensadas, demandam tempo e muitas lágrimas. Manter-me preso a um vazio de dois que só machuca, por conta dos olhares opressores de quem não mora comigo, nem divide meu arroz e feijão, é uma das piores atitudes que eu posso tomar.

Não sou obrigado a fingir que gosto de quem não me faz bem, de quem não acrescenta, não soma, nem não nada. Desde que eu mantenha o respeito, não distribuirei sorrisos amarelos a gente falsa, hipócrita, interesseira e covarde. Manter-me a uma distância segura de tudo e de todos que exalam negatividade me tornará mais feliz e satisfeito.

Não sou obrigado a viver de acordo com o que os outros esperam que eu seja, a me vestir de acordo com o que as vitrines vendem, a ouvir o que as rádios me empurram. Não me sujeito a padrões arcaicos que só fazem achatar tudo aquilo que vibra o meu coração. Sou alguém que sente, ama e odeia conforme o ritmo de minha essência, do que clama meu íntimo, tão meu, tão necessário, tão vivo dentro de mim.

Não sou obrigado a chorar escondido quando a tristeza toma conta de mim, só porque os outros podem me achar uma pessoa fraca. Minha força vem exatamente da dor, meu fortalecimento se reergue exatamente em minhas tempestades emocionais, ou seja, minhas lágrimas servem ao esvaziamento do que me diminui, para que o vazio se preencha pela vontade de recomeçar.

Não sou obrigado a me sujeitar à grosseria de meus superiores, como se vivêssemos à época da escravidão, como se o pagamento do salário fosse pré-requisito para eu me anular frente ao mundo, para eu me isentar de humanidade, de dignidade e do sentir, que me é inerente. Não posso me permitir aceitar subserviência desumana e assédio diário para ter o que comer.

Não sou obrigado a aceitar tudo o que me acontece de ruim com resignação, contendo minha revolta, somatizando minhas frustrações enquanto castigo meu corpo e minha sanidade mental. Tenho o direito de contradizer, de me defender, de gritar a minha dor, para que me reequilibre e siga em frente, sempre, livre do que passou.

Desde que eu não fira o direito do outro, desde que eu não passe por cima de ninguém, poderei me desviar de tudo e de todos que emperram o meu caminhar sereno, ignorando o que não me cabe, tomando para mim o que me ajude, ficando junto a quem me soma verdades, a quem me traz luz, a quem poderei ser tudo o que tenho, a quem me aceite e me acolha, sem delongas, com inteireza e sorriso sincero. A ser feliz, sim, sou obrigado.

Esse sofrimento não vai durar para sempre

Esse sofrimento não vai durar para sempre

Há momentos na vida, em que a dor é tão pungente e profunda, que temos a impressão que aquilo nunca mais vai acabar. As lágrimas ganham vida própria, o corpo dói, a alma quer ficar bem quietinha no seu próprio canto. Todos nós estamos sujeitos à dor, não importa o quão forte sejamos.

A diferença é que alguns estabelecem relações afetivas com a dor. Outros, talvez menos sensíveis e quem sabe, mais espertos, mandam a desavergonhada ir arranjar o que fazer em outra parte. Recebem-na, conversam com ela e, terminadas as formalidades mandam-na passear. E ela vai, pode acreditar!

A dor não tem medo nenhum de ser descartada. A gente é que, estranhamente, parece ter algum receio de libertá-la. Por alguma misteriosa razão, há quem se afeiçoe à dor. Há quem acredite que falar sobre ela, recordá-la, reciclá-la, é algo natural e até necessário. Como se os momentos de “não doer” só fizessem sentido e tivessem valor, quando comparados e apoiados em alguma experiência que fez sofrer.

A dor física tem uma enorme importância para a nossa sobrevivência e reconhecimento das nossas limitações orgânicas. Se o corpo dói, é porque alguma coisa não vai bem. Há algo errado. Forçamos demais alguma musculatura. Um bichinho traiçoeiro nos invadiu o organismo e nos fez adoecer. Ferimo-nos. Essa dor é palpável. A maioria de nós, age instintivamente em busca de eliminá-la. Quem tem oportunidade e, ou, juízo procura um médico. Os mais afoitos, tomam um analgésico. Outros, mais resistentes, passam dias suportando a intrusa, até tomar uma providência. Mas no fim, todos, de uma forma ou de outra, reagem a fim de buscar alívio.

Já a dor emocional… essa é desprovida de obviedade, é sorrateira, é sedutora. Parece cheia de artimanhas a nos envolver em seus emaranhados braços. É possível que nos sintamos acolhidos ali, há um conforto, uma familiaridade, uma humanidade na dor.

É verdade que algumas vezes, não há jeito de não doer. Há perdas que são irreparáveis. Há abandonos inexplicáveis. Há maldades imperdoáveis. Há situações inimagináveis. Sim, é verdade que às vezes não há jeito de não doer.

No entanto, assim como as alegrias, essas criaturinhas travessas e voláteis, a dor, tão mais sábia e soturna, também ela passa, ou pode passar. Tudo depende do quanto formos generosos acerca do nosso direito de dizer adeus, ainda que não seja um adeus definitivo. Tudo depende da nossa disposição em deixá-la ir. Porque é verdade o que se diz por aí: não há dor que dure para sempre!

Sendo assim, paremos de tratar esse monstrinho disfarçado de bichinho encantador como se ele pudesse ser domesticado. Não pode. A dor é selvagem, livre, indócil. Mas, não é definitiva. Nada é definitivo. Então, aprendamos a saborear as felicidades rasas e fundas, os prazeres efêmeros e duradouros, os sustos benfazejos das surpresas tolas e corriqueiras. Porque é dessas experiências benignas que tiraremos força para lidar com a próxima experiência que doer.

Ter um amigo gay é…

Ter um amigo gay é…

Jamais saberia viver sem meus amigos gays.

Divertidos, elegantes, refinados, sinceros, alegres.

São os únicos amigos que têm coragem de dizer, sem dó nem piedade, “amiga, essa roupa está uó” ou “sai dessa, esse bofe não presta”.

Eles não se sentem ameaçados com a beleza de uma mulher. Pelo contrário, quanto mais linda ela estiver, mais eles adoram – são amantes incondicionais da beleza.

E o melhor de tudo: não são blasés. Recebem qualquer pessoa com um sorrisão, gostam de fazer novas amizades, tratam a todos, sem distinção, com carinho e educação.

Estão sempre bem vestidos e antenados com as últimas tendências do mundo da moda, da gastronomia, da decoração e do designer.

E se quiser saber a última fofoca das celebridades, eles contam tudo!

Além disso, conhecem lugares super descolados para badalar.

Cultos, sabem apreciar um bom vinho, um bom papo, uma boa leitura.

São ótimos ombros amigos para chorar e ótimos pés de valsa para dançar.

Não existe um companheiro de viagem melhor do que um amigo gay: curioso, ele está sempre disposto a conhecer mais e mais (e faz roteiros incríveis).

Se existe uma coisa que os gays conhecem é o famoso “timing”. Sabem a hora de brincar e de falar sério. Sabem a hora de falar besteira e de se jogar numa futilidade, mas também sabem conversar sobre política, economia, artes plásticas, cinema.

É praticamente impossível ficar triste na companhia de um amigo gay.

Animados, estão sempre dispostos a sair e mergulhar em novas possibilidades e possuem um humor ácido, uma fina ironia e um sarcasmo de primeira.

Suas gírias são deliciosas! São extremamente criativos.

Bem informados, geralmente nos colocam a par das estreias, lançamentos e inaugurações que valem o quanto pesam, mas nem por isso deixam de reconhecer o valor da cultura inútil e trash – como o último vídeo que viralizou.

Falam de sexo com naturalidade e vivem sua sexualidade sem drama. Não são pudicos.

Ousados, não se surpreendem nem repreendem quem chama atenção por onde passa. Se você quiser tomar um porre e dançar sobre a mesa de um bar eles entram na festa, dançam junto e ainda tiram fotos maravilhosas.

São verdadeiros gentlemen e quando gostam de verdade de uma pessoa tratam-na como se fosse da família: são capazes de tirar o pão da própria boca para dar a quem precisa.

Desde a adolescência vivo cercada deles e aprendo muitas coisas com esses meus amigos maravilhosos.

Confesso que sinto certa pena dos que alimentam preconceitos, dos que não tiveram a sorte e a alegria de ter um grande amigo gay.

Eu, felizmente, tenho vários! Porque ter um amigo gay é… Muito amor, diversão, babado e confusão (do bem).

*Este texto foi escrito para todos os meus amigos gays, que amo de paixão.

Você está fazendo o teu possível ou o teu melhor? – por Mario Sergio Cortella

Você está fazendo o teu possível ou o teu melhor? – por Mario Sergio Cortella
SP - 22/07/2016 - ISTOE - OS GURUS DA INTELECTUALIDADE BRASILEIRA. MARIO SERGIO CORTELLA - FOTO: FELIPE GABRIEL

Por Mario Sergio Cortella

(Foto: Felipe Gabriel)

Não é o melhor do mundo. É o teu melhor na condição que você tem enquanto não tem condições melhores para fazer melhor ainda. Pergunto de novo, mas não responda ainda, você está fazendo o teu possível ou o teu melhor? Porque se você ou eu podendo fazer o meu melhor, me contento com o possível, eu caio num lugar perigoso chamado ‘mediocridade’. Uma pessoa medíocre é aquela que é morna. Que está na média. Que não é quente e nem fria.

Lembra quando você chegava da escola com o boletim escrito: 6,0 em português, 5,5 em matemática, 4,0 em história… e você dizia: ‘deu pra passar’. Medíocre – ’Deixa, eu toco a minha vida’ – Isso é mediocridade. Porque uma pessoa medíocre é aquela que podendo fazer o seu melhor se contenta em fazer só possível.

Mediocridade é falta de capricho. Capricho é você fazer o teu melhor na condição que você tem. Exemplo: minha mãe e eu moramos na mesma rua em São Paulo e às vezes eu passo na casa dela por volta de cinco da tarde e ela me olha e pergunta: ‘você ainda não almoçou, né?’ – e completa – espera aí que eu vou fazer um negocinho pra você. Ela poderia fazer qualquer coisa, mas faz um talharim, com azeite. Depois corta um tomate cereja e coloca por cima. Isso é capricho.

Eu no Paraná, quantas vezes, caipira, ia até a roça visitar alguém que morava numa casa de pau-a-pique e via o chão de terra todo varrido – capricho: fazer o melhor na condição que tem enquanto não tem condição de fazer melhor ainda para não ser medíocre. Na roça eu pedia para tomar um gole d’água e a mulher pegava uma carequinha de alumínio toda amassada, mas muito bem areada – passava areia em volta. ‘Ah, mas já é pobre mesmo’ – Êpa – É pobre, mas é limpinho. Tem gente que é pobre e limpinho não é. Isso é medíocre.

Tem gente que é medíocre e sua obra é medíocre: ‘ah, mas do jeito que me pagam; mas eu não tenho condição…’. Há pessoas que em nome da condição, degradam a ação. Ao invés de ter um trabalho que é concomitante, luta para melhorar as condições e vai fazendo o seu melhor com aquelas que tem.

Estou te deixando, mas eu não sou o vilão da história

Estou te deixando, mas eu não sou o vilão da história

Sempre que ocorre um rompimento amoroso, tendemos a tomar as dores da pessoa que foi deixada pela outra, de quem foi o sujeito passivo da história. Aparentemente, na maioria das vezes, esta sofre mais, pois ainda acreditava na possibilidade de salvação do relacionamento, enquanto o outro desistiu, deixando-a só, como que sem tentar investir em tudo o que já construíram até então.

Textos, filmes, novelas, vários são os enredos que tratam da viagem dolorosa que implica a perda de um grande amor. Somos inevitavelmente levados a nos compadecer das dores de quem fica, enquanto costumamos retratar quem desistiu como alguém impiedoso, desprovido de compaixão. No entanto, trata-se de uma visão unilateral e muitas vezes injusta de um episódio em que duas pessoas estão envolvidas, sendo que, muito provavelmente, ambas sofrem.

Nem sempre quem desiste do outro deve ser visto como o vilão da história, como alguém que desiste facilmente das coisas, alguém sem sentimentos, sem gratidão pela entrega alheia, afinal, é preciso coragem para perceber que não vale mais a pena investir em um relacionamento que já morreu de vez e partir em busca de um novo rumo.

Desde que a separação não seja pautada por atitudes aviltantes, indignas e desrespeitosas para com o companheiro, às vezes ela é a única saída de uma situação que já não se sustenta e que está trazendo tão somente infelicidade aos envolvidos.

É difícil acreditar em rompimentos repentinos, sem precedentes que indicassem a falência do relacionamento há tempos. A separação é o ponto culminante de um processo que já vinha sofrendo desgastes e desatenções, mesmo que o casal se negasse a enxergar isso, acomodando-se ao não respirar mais juntos.

Tomar a iniciativa de querer quebrar um círculo vicioso e sufocante, nesses casos, é penoso, mas deve ser algo a ser valorizado, pois, na maioria das vezes, está se salvando as vidas que estão em jogo.

A separação é complicada exatamente porque não envolve somente o casal, mas as famílias e amizades mais próximas também. Criamos vínculos com os familiares e amigos do parceiro e o rompimento acabará fatalmente influindo na dinâmica de todas essas relações. Na maioria das vezes, teremos de nos afastar de ambientes e de pessoas de que gostamos bastante, uma vez que muitos tomarão certamente o partido do ex, obrigando-nos a nos distanciar de lugares e de convivências que nos faziam tão bem.

O que não podemos é julgar as pessoas, analisando-as confortavelmente acomodados aqui de fora do redemoinho, sem que tenhamos real conhecimento de tudo o que se passava na intimidade cotidiana do casal. Sabemos muito pouco sobre tudo o que foi feito, dito, acumulado naquelas vidas, ou apenas conhecemos a versão de um dos lados, o que nada mais é do que uma visão parcial e subjetiva. Tudo o que concluirmos, pois, nesses casos, também acabará sendo parcial e limitado.

Quem toma a iniciativa de romper mal sabe o bem que sua atitude acarretará, oportunizando ao outro a possibilidade de se livrar de um peso que o aprisionava a uma situação vazia de sentido, sem que o percebesse, oferecendo-lhe a chance de partir em busca de ser feliz junto de alguém que o amará de verdade, como todos de fato merecemos, por mais que doa e demore.

O tempo então se encarregará de mostrar a quem tanto sofreu a dor de ser preterido que nem sempre o lobo é mau, mas sim faz o papel de fada-madrinha, oferecendo-nos uma nova chance de recomeçar, mais seguros, fortalecidos e prontos para receber amor verdadeiro em nossas vidas.

45 sinais de que você se relaciona com uma pessoa abusiva

45 sinais de que você se relaciona com uma pessoa abusiva

Muitas pessoas buscam terapia por se sentirem deprimidas, ansiosas, esgotadas física e emocionalmente. Chegam aos consultórios com as mais diversas queixas, tais como: “acho que estou trabalhando demais”, “acho que estou envelhecendo”, “acho que estou doente”, “acho que…” Muitas passam longos tempos em tratamento até descobrir ou admitir que aquele estado emocional e psicológico a que chegaram é devido exclusivamente ao tipo de relação que estão vivendo.

O que você precisa saber é que, após algum tempo num relacionamento com uma pessoa perversa narcisista ou qualquer tipo de abusador, a pessoa pode apresentar comportamentos específicos. Se você não tem certeza sobre o porquê de estar tendo a sensação de que a vida perdeu o sentido, observe se alguns comportamentos, características e emoções aqui descritos estão presentes em você. Talvez você esteja numa relação tóxica com alguém bastante abusivo!

Se você é uma pessoa que sempre:

1. Se desculpa por “nunca fazer as coisas direito”, por nunca fazer as coisas “bem o suficiente” ou se culpa por todo mal-estar que se experimenta na relação e por “fazer” a pessoa perversa se sentir do jeito que se sente. Ela está sempre mal e insatisfeita e a culpa é sua.

2. Tenta manter um perfil modesto seja no modo que interage com as pessoas, seja como se veste, para evitar ser notado, pois o parceiro tóxico “não gosta” que você chame atenção ou passou a vestir-se e comportar-se como ele deseja.

3. Ou, ao contrário do item acima, se viu mudando seu modo de ser vestir para se adequar a exigências da pessoa perversa, ou, se você for mulher, sendo solicitada a se vestir de forma exageradamente sensual para ser exibida aos outros.

4. Inventa histórias bonitas para outras pessoas sobre a qualidade de seu relacionamento, de modo a esconder a verdadeira situação em que vive.

5. Sente ansiedade quando a pessoa com quem se relaciona está por perto, pois não sabe como se comportar para não suscitar fúria.

6. Sente ansiedade quando sabe que vai chegar a qualquer momento, pois não sabe em qual humor chegará, se lhe tratará bem ou mal, se não vai gostar de algo que você estiver fazendo no momento de sua chegada como por exemplo estar com amigos, ao telefone com alguém ou algo parecido.

7. Sente medo ou confusão sobre mudanças repentinas no comportamento da pessoa perversa, que vai de ataques de fúria e comportamentos frios a doçura e encenação de que não aconteceu nada segundos antes.

8. Se sente exausta por nunca saber o que esperar e o que vai acontecer logo em seguida, daqui a poucos minutos, poucas horas, poucos dias.

9. Tem a sensação de que tem que “pisar em ovos” para evitar causar conflito, reprovação, julgamento e raiva, evitando discussões ou qualquer tipo de conflito a todo custo, tentando sempre “se esforçar mais” para melhorar as coisas.

10. É frequentemente acusada de ser coisas que refletem na verdade atitudes, comportamentos e características da pessoa perversa. Ex. Mentirosa, egoísta, mal humorada, exploradora, etc.

11. Ao voltar para casa, espera encontrar uma personagem dócil, agradável, feliz e ao invés disso encontra alguém personagem perverso e diabólico, sem nunca saber o que causou a mudança, afinal, vocês conversaram a poucas horas e “estava tudo bem”.

12. Sente que nunca pode confiar completamente no parceiro perverso porque algo em suas palavras não refletem suas ações e porque muda constantemente o que antes foi acordado.

13. Tem uma sensação crônica de que a família e amigos do narcisista, que inicialmente gostava, não gosta mais e você não sabe explicar o porquê, mas desconfia que ele tenha dito coisas negativas e falsas a seu respeito.

14. Nunca se sente respeitada ou igual na relação. É obrigada a se submeter a regras que a outra pessoa não se vê no dever de respeitar, apenas as impõe, como se tivesse mais direitos do que você.

contioutra.com - 45 sinais de que você se relaciona com uma pessoa abusiva

15. Está constantemente preocupada com o comportamento do outro, seu silêncio passivo-agressivo, sua cara fechada, o que faz com que você lhe pergunte inúmeras vezes em tom desesperado “se está tudo bem” ou o que “você fez de errado”.

16. Nunca sabe se é uma boa ideia atender o telefonema dos amigos ou familiares, pois ele já deixou claro que não os suporta, que “não são bons para você” e quando o faz, se sente observada e não vê a hora de terminar.

17. Sente que tem que pedir permissão ou anuência ainda que indireta para fazer qualquer coisa ou tem medo de fazer as coisas sem permissão, ou seja, nunca faz nada a não ser que seu parceiro diga que é OK fazer ou se a ideia não partir dele.

18. Se sente desmotivada em relação às realizações no trabalho, não tem permissão para conseguir um emprego para começar a se tornar financeiramente independente ou, se empregada, sentindo que sua independência financeira e crescimento profissional o incomoda em demasia.

19. Sente medo de dar a sua opinião e nunca ou quase nunca é capaz de ganhar qualquer argumento. Quando argumenta com coerência ouve coisas como: ” você é boa com as palavras”, “você quer ter sempre razão”, “não dá para falar com você”, entre outras.

20. Se pergunta o tempo se você merecia ser punida ou tratada do jeito que foi tratada pela pessoa perversa por algo que você fez ou deixou de fazer, mesmo você sendo uma pessoa presente, amorosa e cuidadosa com seus interesses.

21. Ajusta sua agenda ao redor da agenda da pessoa, ou melhor, você não tem uma agenda, ela tem e você a segue, sendo que você tem a obrigação de avisar qualquer mudança com antecedência, mas ela pode simplesmente exigir disponibilidade imediata, não cumprir combinados e não dar qualquer satisfação.

22. Está sempre sentindo um vazio crônico, como se algo estivesse constantemente faltando, ainda que materialmente se viva bem.

23. Ocasionalmente chega a ter pensamentos suicidas, pois a vida inteira parece não fazer qualquer sentido.

24. É humilhada pela pessoa perversa diante dos outros e na intimidade, mas ao reclamar, recebe a resposta de que “está exagerando”, que sua intenção não era humilhar, que estava somente “fazendo uma observação” ou “dizendo a verdade” ou simplesmente “brincando”.

25. Está constantemente temendo abandono, rejeição ou negativa de suporte do parceiro e por isso passa a fazer “o que for preciso” para mantê-lo por perto, aceitando o que sempre considerou inaceitável.

26. Faz coisas com as quais se sente desconfortável porque se sente pressionada a fazê-lo porque quer evitar conflito ou abandono.

27. Negocia seus valores, necessidades e crenças para acomodar aquelas da pessoa perversa.

28. Descobre que a pessoa freqüentemente mente, engana e/ou trai.

29. Deseja a chegada de “algum dia” quando as coisas vão mudar, mas este algum dia nunca chega.

30. Segue o conselho da pessoa perversa para tudo, embora seu instinto diga que não, a fim de buscar sua aprovação e apoio, o que, para seu desespero, não ocorre e quando sai algo errado, ainda leva a culpa por não ter feito “exatamente” o que lhe sugeriu.

31. Se sente como se estivesse vivendo uma mentira – o mundo exterior vê de uma maneira, enquanto a realidade interior é definitivamente algo totalmente diferente e sabe que quem criou esta ilusão foi você mesma ao defender ou inventar estórias sobre a boa qualidade do relacionamento e tratamento recebido.

32. É subserviente e tem um sentimento de que é menos, inferior ou mais frágil do que o seu parceiro, mas forte o suficiente para tolerar os abusos pelo bem da relação.
33. Raramente sente que suas necessidades estão sendo atendidas ou até mesmo reconhecidas.

34. Seus amigos e familiares dizem que está sofrendo abuso, mas você simplesmente não consegue enxergar.

35. Sente como se o parceiro fosse seu pai ou mãe, pois a um certo ponto você começa a se comportar de modo muito imaturo ou infantil, incapaz de pensar por conta própria ou sem a aprovação da pessoa.

36. Muitas vezes deseja que nunca tivesse entrado nessa confusão e agora não sabe como sair.

37. Tem a frequente sensação de estar anestesiada, deprimida ou doente. Aliás, idas a médicos e pronto-atendimentos ficam cada vez mais frequentes, seu peso oscila, seus cabelos e unhas enfraqueceram.

38. Já não sabe mais quem realmente é e para muitos passou a parecer ” uma pessoa maluca”.

39. Depois de romper com a pessoa perversa, tudo o que quer fazer é correr de volta para ele. Sente vergonha e vício, como se estivesse diante de uma droga.

40. Inventa repetidamente desculpas para perdoar comportamentos inaceitáveis de seu parceiro, que continua a repetir o comportamento várias vezes, atribuindo a culpa a você. Ex. Traições, agressões verbais, físicas, etc.

41. Frequentemente se pergunta como chegou a esta situação de descontrole e dependência de alguém que nitidamente lhe faz mal e parece não encontrar força ou saída para fora daquele estado de coisas.

42. Passa a sentir que ninguém mais poderia amá-la e portanto deve “investir” mais na pessoa perversa, na esperança que volte a ser tudo como no início do relacionamento, quando se sentia muito amada.

43. Acredita que não pode deixar a pessoa perversa porque ninguém mais a compreenderia ou poderia ajudá-la como você pode.

44. Diz a todos que não deixa da pessoa perversa porque, “na verdade, sente pena dela”, como se fosse responsável por “curá-la” desse comportamento que os impede de serem felizes.
45. Se sente responsável por fazer funcionar a relação, fazendo todo o “trabalho duro” sozinha e assumindo a culpa por tudo o que dá errado.

Se você se identificou com vários itens acima, a ordem do dia para você é: ROMPA IMEDIATAMENTE ainda que a dor de fazê-lo seja TEMPORARIAMENTE insuportável. E esteja certa/o de uma coisa: ninguém que se sente dessa forma pode estar numa relação saudável. Quanto mais tempo você permanecer em negação dessa realidade, mais difícil será se recuperar dos danos deixados por uma relação altamente destrutiva.

Lucy Rocha

***

PRECISA DE AJUDA?

Você chegou até o final do texto e se identificou com alguma dessas situações?

Um processo psicoterápico pode fazer a diferença na sua vida nesse momento.

Indicamos: Josie Conti- psicóloga. Saiba mais aqui.

Sobre o que Deus tem preparado para mim: o que foi perdido foi, não se compara com o que há de vir

Sobre o que Deus tem preparado para mim: o que foi perdido foi, não se compara com o que há de vir

O que Deus tem preparado para mim supera tudo aquilo com que eu sonhei. Supera os amores idealizados, as paixões frustradas. O que Deus tem preparado para mim é melhor do que os sonhos que alimentei, os amores que perdi, e do que todo amor que dei e não recebi.

O que Ele tem preparado para mim é suficiente para sarar as feridas, para aliviar o peso dos erros. Eu sei que Deus tem algo especial para mim e sei disso porque já provei do Seu amor, já provei da Sua bondade e da Sua graça. Sei disso porque, no deserto, Ele foi o meu sustento, Ele foi o meu abrigo.

Eu sei disso porque, quando a maré tentou me derrubar, Ele foi o meu socorro. Quando o fracasso do passado tentou fazer morada em mim, buscando se abrigar, Ele fez de mim uma casa de sentimentos bons.

O que Deus tem preparado para mim quebra as barreiras do meu coração, quebra o medo e joga fora toda a minha insegurança, devolvendo-me a paz. O que Ele tem preparado para mim vem pra somar, vem para transbordar.

Sei que Deus cuida de mim. Sei disso porque, todas as vezes em que a minha alma estava bagunçada, Ele organizava. Deus sabe a hora certa de colocar tudo no seu devido lugar e o momento certo de colocar o meu coração nas mãos de alguém. Sei que Ele tem arquitetado planos incríveis para a minha vida. Sei disso porque meu coração ferido encontrou paz em Seus braços, porque, mesmo a minha fé sendo pequena demais, eu o via agindo nos pequenos detalhes da minha vida. Como Deus cuida de mim. Como Ele me abraça quando a tempestade vem, tentando me proteger do vendaval, dos ventos fortes, tentando me ajudar a não cair. E, quando eu caio, Ele estende a sua mão e não me deixa sucumbir.

Sei que Deus tem para mim um amor sincero, de alma bonita, um amor que não seja passageiro, que saiba ser casa de sentimentos bons, casa para ser morada. Um amor que saiba ser paciente, que saiba ser bondoso e que não deixe o orgulho falar mais alto. Sei que Deus tem cuidado de todas as áreas da minha vida. Então, rasguei os meus rascunhos e deixei Ele escrever a minha história.

Sei que o que Deus tem preparado para mim é muito melhor do que os meus planos frustrados, do que tudo aquilo que eu achei ser bom e, no fim, me decepcionou. Do que as amizades que eu achei que seriam para sempre, mas partiram na primeira dificuldade; do que o amor que eu insisti em fazer ser amor quando, na verdade, era ilusão, apego.

Deus não me daria qualquer coisa. Antes de alguém chegar, Ele quer preparar o terreno do meu coração, Ele quer que eu seja paciente, que eu tenha bondade, Ele quer que eu não tenha orgulho. Antes de ter um amor sincero e de alma bonita, eu preciso ser isso para alguém.

Sei que Deus se alegra com a minha vida; a tempestade passa, mas Ele permanece. Suas promessas não falham e eu sei que, em Deus, minhas expectativas não são frustradas. Ali, em seus braços, meu coração encontra alívio dos barulhos desse mundo; ali em seus braços, eu tenho a certeza de que Ele me ama. Ali eu entendi que todo o amor derramado numa cruz foi em meu favor.

Então, depois de entender e de provar do seu amor, o verdadeiro amor, eu sei que não importa quantos planos sejam frustrados, quantas vezes eu tenha que tentar, quantos nãos eu tenha que levar, quantas portas se fechem, quantas noites eu passe acordada chorando, quantas vezes o meu coração seja partido, Ele tem poder para restaurar, Ele tem poder para mudar os rumos, Ele coloca tudo no seu devido lugar. O que Ele tem preparado para mim é maior e melhor do que tudo. E o que foi perdido não se compara com o que há de vir.

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” 1 Coríntios 2:9

Vivemos um tempo em que tempo é mais caro do que dinheiro

Vivemos um tempo em que tempo é mais caro do que dinheiro

Precisamos de um tempo. Queremos tempo para escolher o que queremos. Não temos tempo para o que importa. Mal chegamos onde queremos e já temos que dar meia volta e retornar.

Estamos ligados, criativos para produzir dinheiro, maleáveis com as tarefas, perseguidores implacáveis dos prazos, multitarefas, multifacetados, multimídias, multiprofissionais. Mas o tempo não se multiplica. Não atrasa. Nem sequer aguarda.

Temos recursos variados, mas não temos o tempo. Somos seres eternamente atrasados, apressados, assoberbados.

Não há mais tempo para uma conversa sem pretensão, um café da manhã demorado, um passeio no meio da manhã, uma ligação, um suspiro relaxado.

Nossos dedos se adaptaram a digitar em telas minúsculas numa velocidade incrível, mas nosso coração ainda sofre descompassado com a urgência de tudo o que temos para cumprir num único dia.

O tempo não se ressente, nem tem preferências. É justo e passa igualmente para todos. Temos dificuldade em perceber as oportunidades diárias. Se o tempo custasse dinheiro, por certo o valorizaríamos mais, lutaríamos por ele, tentaríamos em vão armazená-lo em cofres e propriedades.

Vivemos para morrer. Sem perceber, a maioria de nós só pensa em construir conforto e estabilidade para enfrentar bem a morte. Enquanto isso, o tempo vai indo, abrindo seu caminho e trazendo de fato as renovações de ciclos e gerações.

Quanto custa uma hora do seu tempo? Por quanto me venderia se eu a quisesse comprar? Quantas horas você se permitiria, sem nada produzir nem lucrar? Só apreciando a passagem do tempo, na companhia escolhida, um pouco mais pobre no banco, um tanto mais cheio de vida…

A falta de tempo é amiga da taquicardia, do bruxismo, dos tiques e espasmos.

A vida moderna assume essa culpa, mas não mostra o antídoto.
Se queremos viver em comunhão com o tempo, está na hora de desacelar e respirar!

Desacomode-se

Desacomode-se

Você está satisfeito com a vida que tem nesse momento? Ou sente que as coisas não se encaixam, que era para ser diferente? Tem sonhos guardados para ver se talvez, um dia, terá coragem de tentar realizá-los? Se acomodou numa estabilidade ilusória e numa alegria forçada? Vamos lá, ainda dá tempo! Não desista de você!

Não se contente com pouco
Você nasceu para ser feliz
E não um pouco feliz: muito feliz!
Não se acomode em um trabalho desmotivador
Num relacionamento “meia-boca”
Com amigos quebra-galho
Nem com uma vida mais ou menos…
Tudo pode mudar, melhorar, brilhar!
Todavia, felicidade é sinônimo de coragem
E antônimo de acomodação
Não desanime, não desista
Não pense “poderia ser pior”
Mas concretize um “vai ser melhor”!

Ser plenamente realizado só depende de ti
De mexer seus pauzinhos
Sair da zona de conforto (desconfortável, por sinal!)
Sonhar alto
Fechar os ouvidos para os pessimistas
E acreditar na sua intuição!
Quantas histórias maravilhosas só foram vividas porque seus protagonistas foram destemidos?!

E tiveram um dia em que pararam e pensaram: não é isso que eu planejei para a minha vida, vou ter que fazer alguma coisa!
E sacudiram a poeira e foram adiante, simplesmente…
Pode não ter dado certo na primeira ou na segunda tentativa, mas não desistiram, e conseguiram!
Alguns, inclusive, de forma muito melhor do que sonhavam
Outros, de modo diferente, mas igualmente compensador!

Pare e se imagine daqui há 10 anos: se estiver na mesma situação de hoje, vai se considerar realizado? Ou vai se julgar um fraco porque não fez nada para melhorar a sua vida?
Se disse sim à segunda opção, porque está perdendo tempo?
Está esperando o que para tomara uma atitude?
Não me venha com desculpas, aproveite a energia e o vigor que possui (mesmo que eles tenham tirado umas feriazinhas) e comece já a transformar a sua perspectiva!

Você não sabe o que lhe aguarda no dia de amanhã, para deixar os seus sonhos de molho, guardados numa gaveta…
E não pode esquecer que o único responsável – e o maior preocupado – para com a sua felicidade é apenas e tão somente você mesmo
Por isso, não espere motivação ou atitude dos outros para começar!
Quantos roteiros incríveis deixam de ser escritos todos os dias por pura acomodação?
Quantos destinos maravilhosos não se concretizam por falta de vontade (preguiça, popularmente) dos seus personagens principais?
E se soubesse que a vida dos seus sonhos estava a um passo da sua caminhada, você não iria querer sair correndo agora mesmo?

É fatal aquela máxima: se arrepender apenas do que não se fez, do que não se tentou…
Pois mais vale lamentar um leite derramado do que nem ter tentado matar a sede…
A vida lhe apresentará as opções, mas apenas se você der espaço… Permita-se!
O problema é como? Começar por aonde?
Fique tranquilo, o universo lhe mostrará o caminho…
Você só precisa dar o primeiro passo rumo à realização, se abrir para a vida e mostrar disposição para ser feliz
E depois? Pague pra ver, lhe garanto que valerá a pena!

Somos mulheres inteiras. Raspas e restos não nos interessam!

Somos mulheres inteiras. Raspas e restos não nos interessam!

Somos um tipo misterioso de espécie. Dificílimo nos entender. Extremamente fácil perder-se em nossos intrincados sonhos, desacertos, conquistas e realidades a duras penas conquistadas. Somos capazes de amar e odiar, algumas vezes a mesma pessoa, exatamente na mesma medida.

Nossa pele é mais macia, nossa alma muito mais resistente. Não se engane a partir de nossa aparente fragilidade. É verdade, nos quebramos facilmente. Mas temos a arrasadora capacidade de nos colarmos e nos reinventarmos, numa reconstrução inédita dos milhares de pedaços a que fomos transformadas.

Somos guerreiras e anjos. Somos capazes de renúncias dignas de um ser santificado, mas nunca duvide da nossa diabólica capacidade de reviver inúmeras vezes, tantas quantas forem necessárias.

Há quem ouse acreditar que somos algo assim como um objeto que se possa possuir, usar, estragar e descartar. Há, inclusive, quem se aventure a colocar em prática tão perverso plano, dentro qual somos as vítimas.

Ainda somos vítimas. De maus tratos. De preconceitos. Da ignorância de um mundo que insiste em validar comportamentos de poder, baseado na subjugação de quem estiver mais vulnerável.
Somos meninas, somos mulheres. Às vezes, as duas ao mesmo tempo. Às vezes, uma e outra, intercaladas ao longo das horas do dia.

Somos um firmamento de ideias, um oceano de desejos. Terra firme e mar revolto. Somos chuva fina e tempestade. Somos dias ensolarados e tardes nubladas. Somos um mundo a habitar um único corpo, cuja alma é infinita em possibilidades.

Somos o que bem entendermos ser. Beijos profundos, afagos delicados. Sorrisos tímidos em lábios coloridos. Sorrisos arrasadores em lábios naturais. Doces. Ácidas. Amargas, às vezes.
Somos o colo que embala, os seios que alimentam. Somos curva, reta e laço. Somos o presente da vida para a humanidade.

Não há fórmula capaz de nos decifrar. Não há maneira de nos derrotar, quando descobrimos a força que temos juntas. Somos mulheres inteiras. Raspas e restos não nos interessam!

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