Somos mulheres inteiras. Raspas e restos não nos interessam!

Somos um tipo misterioso de espécie. Dificílimo nos entender. Extremamente fácil perder-se em nossos intrincados sonhos, desacertos, conquistas e realidades a duras penas conquistadas. Somos capazes de amar e odiar, algumas vezes a mesma pessoa, exatamente na mesma medida.

Nossa pele é mais macia, nossa alma muito mais resistente. Não se engane a partir de nossa aparente fragilidade. É verdade, nos quebramos facilmente. Mas temos a arrasadora capacidade de nos colarmos e nos reinventarmos, numa reconstrução inédita dos milhares de pedaços a que fomos transformadas.

Somos guerreiras e anjos. Somos capazes de renúncias dignas de um ser santificado, mas nunca duvide da nossa diabólica capacidade de reviver inúmeras vezes, tantas quantas forem necessárias.

Há quem ouse acreditar que somos algo assim como um objeto que se possa possuir, usar, estragar e descartar. Há, inclusive, quem se aventure a colocar em prática tão perverso plano, dentro qual somos as vítimas.

Ainda somos vítimas. De maus tratos. De preconceitos. Da ignorância de um mundo que insiste em validar comportamentos de poder, baseado na subjugação de quem estiver mais vulnerável.
Somos meninas, somos mulheres. Às vezes, as duas ao mesmo tempo. Às vezes, uma e outra, intercaladas ao longo das horas do dia.

Somos um firmamento de ideias, um oceano de desejos. Terra firme e mar revolto. Somos chuva fina e tempestade. Somos dias ensolarados e tardes nubladas. Somos um mundo a habitar um único corpo, cuja alma é infinita em possibilidades.

Somos o que bem entendermos ser. Beijos profundos, afagos delicados. Sorrisos tímidos em lábios coloridos. Sorrisos arrasadores em lábios naturais. Doces. Ácidas. Amargas, às vezes.
Somos o colo que embala, os seios que alimentam. Somos curva, reta e laço. Somos o presente da vida para a humanidade.

Não há fórmula capaz de nos decifrar. Não há maneira de nos derrotar, quando descobrimos a força que temos juntas. Somos mulheres inteiras. Raspas e restos não nos interessam!







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"