Entenda a importância do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

Entenda a importância do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

Hoje em dia o perfil do trabalhador muda frequentemente e, cada vez mais, as empresas demandam a atualização de seus funcionários, independentemente do setor. Em meio à essa correria, muitas vezes deixamos nossa vida pessoal de lado e damos o sangue para o sucesso da empresa. Mas será que a vida pessoal não deveria vir em primeiro lugar? O equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um fator extremamente importante, não só para a saúde do indivíduo, como também para os negócios da empresa, uma vez que, ao melhorar sua qualidade de vida, os funcionários aumentam sua produtividade de forma considerável, que é o que, no fundo, toda empresa busca. Afinal de contas, qual é a empresa que não quer alcançar níveis mais altos de satisfação no mercado. Se isso já virou um problema também para você, separamos abaixo algumas dicas essenciais que irão ajudá-lo a promover o equilíbrio entre essas duas esferas.

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  1. Cuidado com a saúde

Quando o assunto é saúde, logo lembramos das atividades físicas. Elas não são só importantes para o bom funcionamento do corpo, mas também trata-se de um meio totalmente natural e eficaz de aliviar o estresse, visto que durante o exercício físico o corpo libera hormônios do prazer, ajudando a mente a diminuir o estresse e a ansiedade.

  1. Sem trabalho no fim de semana!

Muita gente acaba levando o trabalho para casa pensando que com isso vai conseguir diminuir o amontoado de tarefas pendentes da semana. Porém, o que acontece é muitas vezes o oposto, visto que a mente acaba se sobrecarregando e a falta de tempo livre acarreta uma diminuição de seu rendimento, além de poder trazer doenças físicas e psicológicas devido ao aumento do nível de cortisol causado pela rotina estressante.

  1. Fuja de pessoas negativas

Algumas pessoas podem ser extremamente tóxicas para o local de trabalho, todavia, essas pessoas estão, inevitavelmente, por toda parte. Por isso, é importante manter relações estreitas apenas com pessoas, cuja presença contribua para seu crescimento de alguma forma. Assim, você evita situações desagradáveis e estresses desnecessários.

  1. Invista em si mesmo

Quando falamos sobre qualidade de vida precisamos perguntar-nos: será que estou no caminho certo e respeitando os meus limites? É preciso lembrar que o trabalho é apenas uma parcela de nossas vidas, sendo igualmente importante reservar tempo para família, amigos, hobbies e lazer. Só assim valerá a pena todo o esforço investido no trabalho. Além disso, é importante também fazer check-ups anuais com o médico para certificar-se de que você está em dia com sua saúde e pode continuar se dedicando a sua rotina.

Fotografia de capa: Happy Feet Day, Khánh Hmoong

Viver bem é a melhor vingança

Viver bem é a melhor vingança

Até quando trataremos mágoas e afins como uma extensão do nosso corpo? Até quando permitiremos que a vingança nua e crua seja o principal motivo para seguirmos em frente? Desculpe, mas isso de pagar na mesma na moeda ou fazer pior é um abismo para quem quer tranquilidade no coração. Em vez de sucumbirmos ao não querer, por que não tratarmos da nossa própria cura? Viva bem. Ame bem. Livre-se dos passos penosos e assuma que, viver bem é a melhor vingança.

Se alguém atirou tristeza no seu peito, esqueça. Persistir numa jornada de lágrimas por inverdades ditas por quem quer que seja, pesa. Não limite felicidades de acordo com escolhas alheias. A respiração fica escassa e novas oportunidades podem não ser aproveitadas. Até o amanhã fica comprometido mediante a essa angústia atroz. E defender – mesmo que por um segundo, através de inúmeras justificativas, não leva a lugar algum. Porque paz de espírito é para os dispostos. É para os desinibidos de perdões. Reconheça, mude e atreva-se a iniciar novos capítulos.

Ainda existe o hoje antes do amanhã chegar. Um amor que não ficou, uma perda profissional que dilacerou, um adeus repentino que aconteceu. A dor pode ser paralisante e deixar cicatrizes que duvidamos de uma completa isenção, mas isso não significa termos o alvará para pisar descalços e sedentos de represálias. Retaliação esvazia, esmorece e impede o novo.

Viver bem é a melhor vingança no sentido de ser cristalina, gentil e acolhedora. É um tapa na cara que a vida não espera, principalmente daquele que escolheu ferir no lugar de amar. É a melhor resposta aos injuriados, maltrapilhos e arrogantes absolutos. Viver bem é entregar tudo de si. Sem demoras, sem punhos cerrados e, definitivamente, sem você fechado para balanço.

Seja alguém que você ame e entenda

Seja alguém que você ame e entenda

Liberdade é praticar autoconhecimento todos os dias. É não estar imerso em predicados egoístas ou ausente de arestas caridosas e cúmplices. Na vida, o essencial é perceber o poder de transformação que possuímos e, com isso, o tamanho de sentimento que devemos cultivar e partilhar. Seja alguém que você ame e entenda. Nada de meias palavras, sentimentos e entregas. Tudo o que precisamos é de mais disposição para sermos quem realmente deveríamos. Ou seja, amantes honestos e corajosos do viver.

O tempo de estarmos presos em regras e buscas sem sentido não cabe mais. Simplicidade nos gestos e sonhos é a ordem da vez. Ninguém precisa de muito para ser pouco. Um pouco de amizade, bom senso, carinho e vontade já fazem com que sejamos seres transbordantes. Somos exceção num mundo repleto de asperezas e maldades. E quem vier contando vantagens, medindo ações e julgando favores não poderá encontrar nada além de abraços gentis. Aqui vivem corações resilientes e opostos, mas distraídos pela mesma urgência em tratar lágrimas com sorrisos. Ainda que encontremos injúrias e rostos tortos por experiências passadas, permanecem esses desejos ditosos e expansivos. É vida nos dedos das mãos e paciência nas cavidades do coração.

Por isso, em última instância, façamos votos pelas necessidades raras. Ultrapassemos essas barreiras tolas e pálidas de quem não sabe admirar felicidades alheias e amantes desconhecidos. Porque para estarmos conscientes e atuantes nas nossas melhores versões, precisamos sim, cuidar e olhar dentro de nós. Os reflexos e efeitos do tipo de pessoa que gostaríamos e podemos ser.

Se você quer mais amor, ame. Se você quer mais carinhos, construa. Se você quer ser livre, liberte. Se você quer ser algo novo, recomece. Em outras palavras, seja alguém que você ame e entenda. Esqueça máscaras e fragilidades que impedem fazer de você, nós.

Que os nossos pés criem asas e não raízes

Que os nossos pés criem asas e não raízes

Todas as vezes que abrimos os olhos depois do sono, é como se estivéssemos voltando de uma viagem a outro lugar. Nossa alma passeia por aí, enquanto dormimos. Enquanto o nosso corpo precisa permanecer quieto, silencioso e alheio ao entorno, os sonhos vêm nos visitar e nos liberar das gaiolas em que habitamos.

Livres do peso incômodo das coisas que precisam fazer sentido, que precisam ficar contidas num contexto engessado e cheio de regras, podemos enfim nos encontrar com a liberdade de apenas ser quem somos. Nenhum jeito de ser é proibido, nenhum desejo é descabido.

Os sonhos são as nossas asas benfazejas. São a nossa porta de acesso aos planos que nunca tivemos coragem de colocar em prática, porque temos medo de parecer ridículos, ou porque precisamos parecer maduros, seguros, equilibrados.

Quantas vezes deixamos de dizer algo pelo receio de sermos julgados; ou deixamos de experimentar coisas, pelo pouco respeito que temos às nossas verdadeiras inclinações para sentir, amar ou viver.

E enquanto nos esforçamos para sermos adequados, vamos nos distanciando da semente viva que nos conferia luz aos olhos. Em algum tempo ali atrás, quando ainda não havíamos conquistado a etiqueta de “adultos”, sabíamos muito mais sobre nós mesmos do que sabemos agora.

E se conseguirmos silenciar a boca por alguns instantes e interromper o fluxo das frases automáticas e dos roteiros ensaiados para a encenação da vida, quem sabe não consigamos voltar a nos ouvir. Quem sabe não acabemos por descobrir algum talento que nos foi negado, ou que entregamos de boa vontade, em troca de alguns olhares de admiração ou alguns certificados de conclusão.

Nosso corpo tem uma arquitetura perfeita e harmônica para o movimento. Não fomos feitos para permanecer rijos e imóveis. Se não piscarmos os olhos, ficamos cegos. Se não nos mexermos por muitos minutos, começamos a formigar. E, se teimarmos em engolir o que sentimos, acabaremos envenenados.

É uma enorme tolice, desistirmos de sonhar. Quase tudo o que se torna realidade em nós – as coisas que nos fazem mesmo permanecer vivos -, foram sonhos em algum momento. Uma pena que não tenhamos gravado em cores na alma, o exato momento em que ficamos em pé pela primeira vez. Ver o mundo de outro ângulo, imagine só como deve ter sido maravilhoso!

Uma pena não termos gravadas em nós essas histórias realmente arrebatadoras… O gosto da primeira jabuticaba estourada na boca. O frio na barriga dos primeiros passos com os pezinhos descalços. O abraço do primeiro amigo. A estranheza do primeiro beijo. A primeira vez que sentimos amor.
As coisas mais incrivelmente maravilhosas não são documentadas. Mas ficam diluídas para sempre em nossas histórias não escritas, tampouco ditas em voz alta. Nosso corpo não aprende a ter prazer, sem experimentar o toque. Nossa imaginação não se encontra com o impossível sem alçar voo. Sendo assim, que nossos corações sejam mais íntimos de quem amamos do que os nossos olhos. Que nossos planos para o futuro, incluam a alegria de outros alguéns. E que os nossos pés criem asas e não raízes, porque a felicidade não mora em um único lugar.

Quando a gente ama, mas não gosta mais

Quando a gente ama, mas não gosta mais

De repente não mais que de repente o amigo próximo fez-se distante – ou será que fomos nós que tomamos aquele velho navio?

Diz a canção que a hora do encontro é também a da despedida. Demorei um tempo para entender a dualidade desse verso: pessoas se (re)encontram numa estação ou cais, enquanto outras tantas se despedem e, muitas vezes, quando nos encontramos com nós mesmos nos  despedimos de velhos amigos.

E como é triste reconhecer (e admitir) isso! Dói tanto quanto apartar-se de um grande amor.

Aliás, como reconhecer que uma amizade acabou? As amizades acabam?

Há quem diga que o que é real não tem fim. Que a amizade quando é verdadeira é para a vida inteira. Mas na prática não é bem assim que funciona.

O afeto pode ser para a vida inteira, mas a vontade de estar junto, de trocar, de dividir, não.

O sentimento de amizade pode ser eterno, mas o desejo de manter um relacionamento com um amigo, nem sempre.

Dia desses, tomando dois cafés e uma água com gás com um amigo querido, ele me disse:

– Sabe aquele tipo de amigo que a gente ama muito, muito mesmo, que é capaz de doar um rim caso ele precise, mas que a gente não gosta mais?

Respondi:

– Não! Como é isso?

Foi então que ele me explicou que o amor por um amigo pode ser eterno, mas que para dividir a vida, as alegrias, as dores, os dramas, os cafés, os vinhos, os anos, as belezas e os danos é preciso sentir prazer na partilha, empatia e gostar imensamente da companhia da pessoa.

As amizades contam com uma boa dose compatibilidade – de gênio, de gostos, de pensamentos, de energia – e quando uma das partes muda seu jeito de pensar, sentir e agir no mundo, é natural que a compatibilidade ceda lugar à incompatibilidade e com isso o prazer de estar junto arrefece.

O que o afeto tem a ver com isso? Absolutamente nada! Nenhuma incompatibilidade é capaz de anular o amor que sentimos por um amigo. Nenhuma mudança, evolução ou crescimento de uma das partes é capaz de apagar a importância que certas pessoas tiveram e têm em nossas vidas.

Às vezes acontece de aprendermos a desdramatizar as coisas antes de um amigo, ou a lidar com nossos medos e faltas de maneira mais leve e efetiva, ou, ainda, de mudarmos completamente de ideia acerca de um assunto, tornando os encontros superficiais e chatos. Como trocar com quem não está na mesma sintonia que nós?

Pode acontecer, também, de nos apaixonarmos por alguém e essa paixão nos roubar de nós e de todos que nos cercam; uma mudança de cidade, um insight poderoso na análise, um salto de paraquedas, um tropeço na calçada.

Se tudo pode acontecer a qualquer momento, se nunca somos os mesmos quando acordamos pela manhã, se um homem não se banha no mesmo rio duas vezes, por que teimamos em não aceitar que as amizades também se transformam e que assim como as relações amorosas às vezes terminam?

Talvez meu amigo tenha razão: é possível, sim, amar uma pessoa, mas não gostar mais dela. Constatar isso é mais desconcertante que rever um grande amor. Desorienta. Traz uma sensação incomoda de traição. Mas fingir intimidade (e empatia) é pior que fingir orgasmo, então, o jeito é manter a espinha ereta, a mente quieta, o coração tranquilo e praticar a entrega.

Nada como ter um lar para voltar ao fim do dia

Nada como ter um lar para voltar ao fim do dia
Peaceful woman relaxing at home with cup of tea

Os dias muitas vezes se arrastam, as horas se demoram, o tempo para no tempo e os problemas se avolumam, as saídas não aparecem e a luz teima em escurecer, lá fora e aqui dentro de nós. Não é fácil viver um dia após o outro, não é fácil enfrentar a maldade de gente que não gosta de ninguém, não é fácil enfrentar a nós mesmos e tudo o que fizemos de nossas vidas, e tudo o que deixamos de fazer. Como é bom ter para onde retornar após toda dor, todo cansaço, toda vida de cada dia.

Nada como ter um lar para voltar após passar o dia todo em um serviço extenuante, que mina as nossas forças, que nos obriga a conviver com o pior do que o outro tem a oferecer. Não poderemos pedir demissão quando bem entendermos, precisamos sobreviver. Mas em nossa casa, junto de quem sorri ao nos ver, nosso recanto, nosso conforto, seremos capazes de reabastecer nossa luz e nossa força em continuar tentando. Todo dia.

Nada como ter um lar para voltar após enfrentar o dia que deu errado, as palavras que foram mal entendidas, as discussões que enfrentamos por nada, as decepções que tivemos com quem mais amávamos. O lar então será o nosso porto-seguro, a morada da calma, da clareza, do entendimento do que fica lá fora. O lar será o lugar onde poderemos refletir calmamente sobre nossa parcela de culpa em todas as dores que nos rodeiam. Sempre.

Nada como ter um lar onde encontraremos aqueles que nos amam, nos querem, nos olham, percebem, nos perguntam sobre o que sentimos, o que desejamos, o que sonhamos. Aqueles que nos entendem, que nos dão as mãos firmes, chacoalhando-nos e trazendo-nos de volta à realidade do bem que está em nós e caminha ao nosso lado. Aqueles que jamais desistirão de nós. Nunca.

Nada como ter um lar onde descansaremos, onde choraremos, onde aplacaremos as dores do corpo, da alma, deixando escorrer o gosto amargo da boca, da pele, do coração. Onde nossos medos não nos afundarão na escuridão da solidão, onde haverá para onde fugir, para onde correr, para onde voltar nossos olhos e nossas esperanças. Um lugar nosso, tão nosso que saberemos a preciosidade de quem permitiremos ali residir ao nosso lado, dormindo e acordando junto. Junto.

Teremos muito a enfrentar, teremos muita coisa à frente, muito do que nos orgulhar, do que nos envergonhar, muito a perder, a conquistar, a sorrir e a chorar. O amanhã é uma incógnita, incontrolável, imprevisível, surpreendente sempre. Sabermos, afinal, que teremos para onde voltar ao fim de cada dia, que haverá quem nos esperará com alegria, que haverá repouso e consolo no conforto do corpo e da alma, fará toda a diferença em nossas vidas, seja quando corremos para casa com a intenção de dividir felicidade, seja quando nos arrastamos para encontrar a guarida amorosa de nossos pesares.

Não é que eu não me importe, mas algumas pessoas são esquecíveis

Não é que eu não me importe, mas algumas pessoas são esquecíveis

E não foram embora necessariamente por terem trazido maus-tratos, mas é que, por vezes, algumas pessoas que passam pelas nossas vidas não agregam e tampouco diminuem. Elas são esquecíveis. Chegaram e partiram em um tempo diferente, em um coração diferente.

Quantos relacionamentos já aconteceram pela casualidade dos instantes? Em quantas oportunidades entregamos afetos e recebemos uma descarada indiferença? O caminho natural seria pensar por baixo. Colocar demérito na própria atitude ou culpabilizar quem nada fez para merecer atenção. Mas é besteira atentar-se para isso. É nutrir um sofrimento desnecessário quando, na verdade, tudo o que fizemos foi sermos a nossa melhor versão. Infelizmente, nem todos os carinhos são garantias de reciprocidade. Infelizmente, temos hoje uma horda de almas que diz viver de mais, mas coloca-se de menos.

Não se engane, essas palavras estão bem distantes de serem lamentos embutidos por mágoas. Muito menos tratam-se de uma crítica social por quem deu com a cara no chão ao carregar sentimentos desastrados. Longe disso. Aqui, o que reside é simplesmente a constatação das entrelinhas deixadas durante uns dias, noutras noites.

Estar perto, somar e compartilhar dos mais variados relacionamentos é uma escolha. Sejam encontros efêmeros ou intensos, sempre existirão múltiplas possibilidades de caminhos. O entristecedor é perceber que, para muitos, certas escolhas precisam ser tomadas pelos outros e não por si. É a tal transferência de responsabilidade, sabe? Covardia das mais empobrecedoras desde que um casal qualquer, num século qualquer, decidiram que para terem suas vontades atendidas precisariam jogar entre eles.

É muito fácil falar de solidão e não saber ser só. É muito cômodo viver por amor e não saber amar-se. É, dentre tantas amenidades, pedir empatia e não saber estender a mão. Ainda assim, acenamos, balançamos a cabeça e deferimos outros pequenos gestos imaturos em prol das necessidades mais preguiçosas. Por quê?

Precisamos reconhecer limites. Devemos, o quanto antes, estabelecer algo mais para nós quando se trata de permitir quem fica. Porque muitos pedirão, com jeitinho, para ficarem. Mas desculpe, não me leve a mal. Não é que eu não me importe, mas algumas pessoas são esquecíveis.

Só depois de muito amor eu vou embora

Só depois de muito amor eu vou embora

Quero o seu olhar através do meu querer e que os instantes durem sem medidas e planos. Nesse sentir confiante, o coração na mão. Porque só depois de muito amor eu vou embora. Não antes.

Quero pela existência de você. Por sua cumplicidade que não vacila e pelo afeto que não declina. Na simplicidade, muito mais do que acaso ou destino. Você sorrindo, você dizendo, você vivendo. Parece ser uma questão de sorte. E que sorte a minha.

Quero para uma vida inteira. Dividir escolhas, músicas, filmes e outros momentos contemplados a dois. E mesmo nas dívidas e ganhos, a menor das importâncias. Afinal, estar perto significa algo além das vontades efêmeras.

Quero descaminhos intensos. Fazer de cada depósito amoroso um depoimento sincero de afago. Para sermos, na nossa própria morada, pioneiros do mais amar.

Quero e não é pouco. Só depois de muito amor eu vou embora. Depois de vivermos tudo em diferentes sabores. Ainda assim, acenar o adeus só quando você desistir de transbordar amor.

“Me deixe sim
Mas só se for
Pra ir ali
E pra voltar

Me deixe sim
Meu grão de amor
Mas nunca deixe
De me amar

Agora as noites são tão longas
No escuro eu penso em te encontrar
Me deixe só
Até a hora de voltar…

(…)

É só você que vem
No meu cantar meu bem
É só pensar que vem
Lara rara

Me cobre mil telefonemas
Depois me cubra de paixão
Me pegue bem
Misture alma e coração…” (Carlinhos Brown / Marisa Monte)

Não deposite sua felicidade naquilo que você pode perder

Não deposite sua felicidade naquilo que você pode perder

Não raro, acabamos sentindo como se a felicidade fosse algo longínquo, uma utopia, inalcançável e distante, uma vez que costumamos dar atenção demasiada aos momentos desagradáveis que enfrentamos, enquanto tratamos de nos esquecer rapidamente dos prazeres que pontuam nossos dias. Simplesmente porque a maioria de nós se esquece de prestar atenção em si mesma, ocupando-se com comparações entre o que se tem e o que se deseja sem possuir.

Embora seja lugar comum aquela velha ideia que nos aconselha a tentarmos procurar ser feliz, encontrando dentro de nós o que existe de bom, para que cultivemos a gratidão pelo que somos, por tudo e por todos que já fazem parte de nossas vidas, acabamos por nos desviar de nossas conquistas, lamentando tudo aquilo que não está ao nosso alcance. E, assim, fugimos ao contentamento pessoal, em meio a queixas e angústias, sentindo-nos menos afortunados, menos vencedores, menos felizes.

Da mesma forma, muitas vezes depositamos a fonte de nossa alegria naquilo que se encontra fora de nós, como se nossa felicidade dependesse de tudo e de todos que estão bem longe, como se não fôssemos capazes nem merecedores de felicidade. Com isso, ser feliz passa a ser uma condição que independe de nós, mas sim do parceiro, das roupas, do carro, enfim, do que podemos comprar, de quem nos rodeia, do acaso, menos do que temos dentro de nós.

Infelizmente, quem só consegue ser feliz quando o outro lhe retorna afeto, quando consegue comprar a roupa da moda e o celular de última geração, quando tem sol com praia, dias sem problema algum ou amizade correspondida, tem pouquíssimas chances de sorrir com verdade. Porque a gente vai levar rasteira da vida, a gente vai se decepcionar com as pessoas, a gente vai ficar sem dinheiro, vai levar porrada, sim, não tem como fugir a isso.

Por essa razão, uma das piores coisas que faremos por nós mesmos será ficar esperando que o mundo à nossa volta nos retorne o que queremos para que possamos sorrir, como se fôssemos meros espectadores do que ocorre, como se nossa felicidade não estivesse em nossas próprias mãos. É preciso que sejamos responsáveis por nossas vidas, agindo para que possamos desfrutar dias de sol e de tempestade com coragem e equilíbrio, de mãos dadas com quem for capaz de nos roubar sorrisos sinceros, ou simplesmente acompanhados de nós mesmos, afinal, sempre seremos a nossa melhor companhia.

*O título deste artigo baseia-se em uma citação de C. S. Lewis

O mundo não é mesmo para os amadores. É para os amorosos.

O mundo não é mesmo para os amadores. É para os amorosos.

Já viu quanta gente repetindo por aí que isso ou aquilo “não é para amadores”? Em todo canto tem alguém tagarelando o chavão. Enchem o peito e decretam “o Brasil não é para amadores!”. Pois sim. Não é mesmo. O Brasil, o casamento, a política, o serviço público, o mercado, a paternidade. Nada disso é para os amadores. É para os amorosos! Para aqueles que fazem com amor.

Amadores são voluntários, desobrigados, dispersos, ingênuos. Não fazem isso por mal, mas são vagos, irrefletidos, preguiçosos. Logo, dispensados de responsabilidade “maior”.

Atletas amadores não precisam chegar na frente. Artistas amadores não carecem viver de sua arte. Cozinheiros amadores não têm de vender os seus pratos. Fazem o que querem por gosto, por vontade. Se não “der certo”, tudo bem.

Amorosos, por sua vez, são “profissionais”. Fazem com amor, aprimoram seus métodos, empenham a alma em seu ofício, apuram-se no exercício daquilo que praticam porque amam. Tornam-se peritos em seus fazeres e tudo o que fazem, de alguma sorte, “dá certo”.

Daí não existirem mães e pais amadores. Há mães e pais. Uns são bons, uns são ótimos, outros ruins e outros péssimos. Mas os bons e os ótimos são amorosos obrigatórios, profissionalmente adoráveis. Assim como tudo o que há de importante, a paternidade não é para amadores. É para quem tem amor. Para os amorosos profissionais.

Há mal nenhum em ser um amador. De quando em vez, em alguma instância, todos somos. Quem nunca? Quem nunca agiu feito principiante, trocou os pés pelas mãos, passou a carroça na frente do burro? Acontece com todo mundo. Todos temos o direito de ser amadores aqui e ali, de fazer tipo, de entrar na água só até a canela.

Mas aí uma hora a vida chama na chincha, a porca torce o rabo e não tem jeito: a gente pega o touro a unha e faz o que tem de fazer. Faz do jeito certo. Faz com amor, não como um amador.

Certas coisas não são para os amadores mesmo. São para os amorosos. Amadores não precisam se comprometer. Amorosos vão até o fundo e, de um jeito ou de outro, acertam porque fazem com amor. E com amor, você sabe, não tem erro nunca.

Se não for amor com gosto de quero mais, siga em frente

Se não for amor com gosto de quero mais, siga em frente

Que me perdoem os teóricos de relacionamentos, mas o amor é para chegar invadindo com as duas mãos. É para carinhos sem travas e beijos sem perdões. Porque se não for amor com gosto de quero mais, talvez o melhor seja seguir em frente.

O tempo é curto e o coração não é uma jaula. Não podemos permitir que um sentimento tão extenso seja contido por regras pequenas. Merecemos todo o torpor dos versos vermelhos. Deixemos os medos esparramados pelo chão. Vamos adentrar nesse querer intenso e cafajeste. Sim, pois do amor também surgem epopeias inesquecíveis de prazer. O gosto de quero mais precisa ficar não só na saudade da presença, mas também nas mordidas e outras sentenças distribuídas no corpo despido.

O querer de dois clama por calmaria e também fica de joelhos para conceber tempestades. Dos afagos ditos, dos gestos em ritos. Devagar e a toda velocidade. Juras não serão necessárias. É o agora destilando verdades. E ainda que ações não sejam contadas e os minutos programados, o que restará é a síntese das mais belas trocas. De pernas, conversas e tudo do pouco que faz parte do muito.

Nada de espera. Nada de solidão. Nada na contramão. Apenas sejamos. Do contrário, siga em frente. Aqui o gosto de quero mais é certeiro da mesma forma que um amor pela manhã.

A culpa não é de ninguém

A culpa não é de ninguém

De quem é a culpa pelos fatos desagradáveis que acontecem na sua vida? E pelas pessoas, talvez não tão legais, que surgem na sua jornada? Talvez você mesmo esteja “pedindo” algumas coisas contrárias ao seu interesse?

Há questionamentos que simplesmente não fazem sentido, e compreender isso pode trazer um grande alívio…

Você está frustrado porque o seu trabalho não é nada realizador.
Você está triste porque seus familiares não possuem muitas das qualidades que você aprecia, por mais que você se esforce.
Você está desanimado, ao mesmo tempo, por não conseguir brincar com seus filhos como gostaria, afinal, está sempre na correria.
Você está angustiado por não conseguir alimentar seu relacionamento como o fazia no passado, o cansaço lhe impede de dar (e receber) a atenção devida ao seu parceiro.

Você está aflito por não conseguir atingir muitas das metas de final de ano traçadas, e isso já vem se repetindo há alguns anos.
Você está frustrado por não fazer – por vários motivos – todos os cursos/estudos/atualizações que gostaria.
Você está chateado por fazer muito tempo que não encontra pessoalmente seus amigos de verdade, pra comer uma besteira, tomar um drink e jogar conversa fora.

E, muitas vezes, você para para pensar e se sente um miserável por essas estagnações todas.
E, então, fica ansioso. Deprimido. Confuso. Perdido.
Não sabe nem por onde começar a “ajeitar” as coisas.
E, vez ou outra, acaba culpando os outros pelas situações: os filhos por não serem perfeitos, o companheiro por não ser dedicado, os amigos por serem desinteressados, o chefe pelo trabalho ser maçante…

Mas daí percebe que, culpar os outros (silenciosa ou declaradamente), apenas piora as coisas, o clima começa a ficar pesado, você se arrepende por pensar assim, e nada, de fato, acaba mudando…

Então, passa a culpar a si mesmo: “oh pessoa sem vontade, que não tem jeito, acaba sempre cometendo os mesmos erros, não aprende com eles, não se esforça, está esperando acontecer o que para mudar?!”
Nesse ponto, as emoções, que já estavam fragilizadas, ficam caóticas! Você contra você mesmo, tem cabimento?!

A imunidade cai, o cansaço aumenta, o coração fica triste, a mente fica a mil e a ansiedade toma conta!
Aí se sofre, se sofre e se sofre, até se tentar sair do buraco…
Então se procura um médico, um curandeiro, ou qualquer coisa do gênero…
E a ajuda vinda pode até amenizar a dor por um tempo, mas, cedo ou tarde, ela volta!

E o círculo vicioso começa outra vez!
Por quê? Porque não se exterminou o problema na fonte. Ele continuou ali, latente. E ficará para sempre se você não tomar uma providência efetiva…
E como se faz?
É preciso organizar as emoções. É preciso se autoconhecer. Se investigar. Se estudar e se compreender. Enxergar as suas sombras, para poder afastá-las.

Entender que a culpa, definitivamente, não é de ninguém!
Os outros podem, sim, acionar gatilhos em você. Mas só vai ressoar em seu íntimo o que tiver que ser trabalhado. Se você precisar desenvolver a paciência, o amor incondicional, a serenidade ou a compreensão, as pessoas e as situações da vida lhe darão as oportunidades…

E é fundamental se dar conta de que, evidentemente, você não é perfeito e não vai conseguir ser, por mais que se esforce. Nem deve ser essa a pretensão!
A missão de cada um, ao fim e ao cabo, é evoluir, mas não virar um “deus”.

Então, você tem defeitos, vai falhar e vai, eventualmente, machucar os outros também, mas precisa se compreender, se acalentar e “se gostar”, apesar de tudo.
E não se culpar, se martirizar, se “auto-humilhar”.
Nem fazer isso com ninguém. Entender que os outros, tal como você, também estão envoltos nos seus conflitos e nas suas emoções e, muitas vezes, fazendo o melhor que conseguem no momento, com o entendimento que possuem.

Somos todos aprendizes. Uns auxiliando os outros, ainda que de forma inconsciente. Estamos todos andando na mesma direção, em busca do mesmo objetivo, uns mais à frente e uns mais atrás de um mesmo caminho.

Mas é preciso ter em mente que, a sua primeira missão, é consigo mesmo. Se centrar, se cuidar e procurar a sua luz.
Sem culpar a si, sem culpar as outras pessoas, a Deus, ao acaso, ao tempo, às circunstâncias ou seja lá o que for pelo que surgir em sua jornada.

Aceitar o que vier, enfrentar dando o melhor de si e procurar aprender a lição que cada fato e pessoa lhe oferecer.
A vida fica bem mais leve sem precisar se apontar o dedo a quem quer que seja (principalmente a si mesmo)…

Aproxime-se dos seus filhos, não se distancie

Aproxime-se dos seus filhos, não se distancie

Por Raquel Etérea

Com o estilo de vida que levamos, cada vez nos encontramos mais ocupados e sem tempo para nos dedicar a nós mesmos e às pessoas que mais amamos. Nesse contexto encontram-se nossos filhos, os principais afetados que veem como seus pais vão se distanciando cada vez mais deles.

Quando pensamos em ter filhos, analisar se vamos poder fornecer a eles uma estabilidade econômica e encontrar uma resposta afirmativa é importante na hora de dar esse grande passo. Mas nos esquecemos de que antes da estabilidade econômica temos que analisar se podemos e estamos dispostos a compartilhar tempo de qualidade com eles. Podemos dar um quarto impressionante com muitos e muitos brinquedos, cheios de livros com ilustrações fantásticas, mas se não há com quem brincar ou quem leia para eles, não fará diferença.

Um filho dá um monte de alegrias mas também nos traz muitos desafios. Perguntas e mais perguntas, para as quais por vezes não temos resposta, mas que de alguma maneira temos que responder. Para isso temos que ouvi-los, conhecê-los e transmitir para eles nosso carinho, fazê-los entender que podem contar conosco. Isso pode se dar já com seus avós, com seus irmãos, seus tios, sua babá se houver. Mas o mais importante é o reconhecimento dos pais.

Ter filhos não nos torna pais automaticamente, assim como ter um piano não nos torna pianistas.

 

Falta de tempo ou falta de interesse?

É normal que o tempo com os filhos diminua quando nos encontramos diante de um projeto importante ou com muita carga de trabalho. O problema é que quando temos um tempo livre para aproveitarmos, na realidade acabamos indo para longe do aproveitamento e o jogamos na lata do lixo.

Esse é um problema bastante comum. Acreditamos que nunca temos tempo, quando realmente deveríamos ver como podemos ser mais produtivos e aproveitar ao máximo as horas que temos para nós mesmos.

contioutra.com - Aproxime-se dos seus filhos, não se distancie

Bom, é certo que, como pais, nosso trabalho também se encontra dentro de casa: arrumar as roupas, prepara a comida, dar banho e ajudar os filhos… Tudo isso nos ocupa tempo, mas nos sentimos sempre esgotados e o que queremos é descansar.

No entanto, nossos filhos merecem atenção e devemos fazer um esforço para dar a eles algum pedaço desse tempo que algumas vezes temos para gastar com o que quisermos. É complicado, pois acreditamos sempre que não temos tempo nenhum. Mas se pensarmos bem, às vezes é mais um ‘não querer’ do que um ‘não poder’.

Lembre-se sempre de que o melhor presente dos pais para seus filhos é algo chamado tempo.

A síndrome dos pais ausentes nos filhos

Talvez pensemos que tudo o que falamos até então não seja tão grave assim, ou é isso que queremos acreditar. A verdade é que podemos estar provocando em nossos filhos uma síndrome chamada síndrome do pai ausente, em que ainda que o pai esteja presente, encontra-se inacessível emocionalmente.

contioutra.com - Aproxime-se dos seus filhos, não se distancie

Só nossa presença não basta para nossos filhos. Devemos estar ali para eles, falar, compreendê-los, compartilhar coisas, sonhar juntos. É muito importante ter isso em mente se não queremos que nossos filhos comecem a desenvolver condutas que não nos agradam, como essas a seguir:

  • Problemas para respeitar as regras ou a autoridade em todos os âmbitos.
  • Incapacidade para fazer um trabalho até o fim.
    Indisciplina e falta de iniciativa.
  • Condutas abusivas com os companheiros.
  • Falta de sinceridade.

Ainda que não acreditemos, todos esses problemas que tentamos resolver por meio de gritos ou castigo têm uma só origem: nós mesmos. Estamos fazendo as coisas de uma forma muito ruim, e não nos damos conta. Não devemos ser pais ausentes, devemos ser pais presentes.

Não se mate trabalhando para dar tudo do bom e do melhor para o seu filho. Quando eles crescerem não se lembrarão dos presentes e dos brinquedos, mas sim dos momentos que passaram com você.

O desenvolvimento cerebral pode ser afetado

Os problemas anteriormente descritos já são graves e difíceis de resolver, mas você sabia que o desenvolvimento cerebral de nossos filhos pode ser gravemente afetado por nosso comportamento distante? Isso não é uma afirmação aleatória, é o resultado de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Sichuan.

Nesse estudo chegou-se à conclusão de que as crianças que passam muito tempo sem seus pais, sem manter um contato verdadeiro e próximo com eles, sem estabelecer um vínculo emocional, sem passar tempo juntos de verdade, manifestam um atraso no desenvolvimento cerebral.

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O cérebro permanece imaturo. As áreas relacionadas com as emoções não se desenvolvem do jeito devido e, por isso, há uma resposta deficiente em relação a esses estímulos aos quais as crianças não foram expostas.

Mas podemos pensar que isso só tem a ver com as emoções, quando realmente tem a ver com muito mais. O estudo também descobriu que ter pais ausentes pode provocar graves problemas de aprendizagem, assim como um quociente intelectual muito menor.

“Dê a mão ao seu filho cada vez que tiver a oportunidade. Chegará ao momento em que nunca deixará de fazê-lo”
-H. Jackson Brown-

Em algumas ocasiões, não há nenhuma diferença entre um pai que passa tempo com seus filhos e aquele que quase nunca os vê. O importante é saber se aproximar deles, compartilhar coisas, falar e prestar atenção. O problema dos adultos é que consideramos que nossas preocupações são mais importantes quando, na realidade, não há nada mais importante que estar ali para nossos filhos.

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Não são só os problemas que, como vimos, podem surgir da distância, mas também o valioso tempo que estamos perdendo e a irresponsabilidade que é não estar lá para ensinar aos nossos filhos como dar seus primeiros passos nesse mundo. Pensemos um momento em quando éramos pequenos, não precisávamos de pais presentes?

Santa ironia. Os retiros espirituais tão cheios e os espíritos tão vazios.

Santa ironia. Os retiros espirituais tão cheios e os espíritos tão vazios.

Eu acho bonito, quando chega essa época do ano, ver tanta gente nos retiros espirituais. São pessoas de todo canto, de toda crença, de todo jeito, retirando o espírito para longe dessa loucura que, quase sempre, elas mesmas ajudaram a criar. Eu acho bonito.

Deus queira que essa gente toda não seja daquela espécie que passa o ano inteiro destilando veneno, magoando, pisando, gritando, batendo, e em dezembro fica uns dias no meio do mato ouvindo as cigarras, bebendo água da moringa, comendo fruta no pé, fazendo silêncio, dormindo, caminhando descalça, vivendo no céu mas depois, com o espírito renovado, volta a fazer da vida dos outros um inferno.

Você não me leve a mal, mas de que adianta encher os retiros espirituais nessa época e seguir vazio de espírito o ano inteiro? Sei não. Eu só acho que retiro espiritual não funciona se a gente não põe o espírito para trabalhar.

Retirar o time de campo nessas horas é fácil. Duro é voltar e contribuir. Trabalhar firme, colaborar, pôr em prática o que se aprende na teoria do isolamento. Afinal, por que raio alguém faz um retiro espiritual senão para aprender com o silêncio, ouvir a sua voz interior longe do burburinho e tentar dar jeito nas coisas?

Acontece que, do jeito como tudo anda, tem gente cuja voz interior não grita outra coisa além de “volte lá e acabe com todos eles”. É triste, mas verdadeiro.

Não há retiro espiritual que dê jeito em espírito de porco. Não sozinho. Esse buraco fica mais embaixo e bem mais longe que o retiro mais afastado.

Mas a gente não pode perder a esperança. Tomara que esse ano os retiros se encham de gente e os espíritos se completem de humanidade. Talvez seja esse o espírito da coisa.

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