A culpa não é de ninguém

De quem é a culpa pelos fatos desagradáveis que acontecem na sua vida? E pelas pessoas, talvez não tão legais, que surgem na sua jornada? Talvez você mesmo esteja “pedindo” algumas coisas contrárias ao seu interesse?

Há questionamentos que simplesmente não fazem sentido, e compreender isso pode trazer um grande alívio…

Você está frustrado porque o seu trabalho não é nada realizador.
Você está triste porque seus familiares não possuem muitas das qualidades que você aprecia, por mais que você se esforce.
Você está desanimado, ao mesmo tempo, por não conseguir brincar com seus filhos como gostaria, afinal, está sempre na correria.
Você está angustiado por não conseguir alimentar seu relacionamento como o fazia no passado, o cansaço lhe impede de dar (e receber) a atenção devida ao seu parceiro.

Você está aflito por não conseguir atingir muitas das metas de final de ano traçadas, e isso já vem se repetindo há alguns anos.
Você está frustrado por não fazer – por vários motivos – todos os cursos/estudos/atualizações que gostaria.
Você está chateado por fazer muito tempo que não encontra pessoalmente seus amigos de verdade, pra comer uma besteira, tomar um drink e jogar conversa fora.

E, muitas vezes, você para para pensar e se sente um miserável por essas estagnações todas.
E, então, fica ansioso. Deprimido. Confuso. Perdido.
Não sabe nem por onde começar a “ajeitar” as coisas.
E, vez ou outra, acaba culpando os outros pelas situações: os filhos por não serem perfeitos, o companheiro por não ser dedicado, os amigos por serem desinteressados, o chefe pelo trabalho ser maçante…

Mas daí percebe que, culpar os outros (silenciosa ou declaradamente), apenas piora as coisas, o clima começa a ficar pesado, você se arrepende por pensar assim, e nada, de fato, acaba mudando…

Então, passa a culpar a si mesmo: “oh pessoa sem vontade, que não tem jeito, acaba sempre cometendo os mesmos erros, não aprende com eles, não se esforça, está esperando acontecer o que para mudar?!”
Nesse ponto, as emoções, que já estavam fragilizadas, ficam caóticas! Você contra você mesmo, tem cabimento?!

A imunidade cai, o cansaço aumenta, o coração fica triste, a mente fica a mil e a ansiedade toma conta!
Aí se sofre, se sofre e se sofre, até se tentar sair do buraco…
Então se procura um médico, um curandeiro, ou qualquer coisa do gênero…
E a ajuda vinda pode até amenizar a dor por um tempo, mas, cedo ou tarde, ela volta!

E o círculo vicioso começa outra vez!
Por quê? Porque não se exterminou o problema na fonte. Ele continuou ali, latente. E ficará para sempre se você não tomar uma providência efetiva…
E como se faz?
É preciso organizar as emoções. É preciso se autoconhecer. Se investigar. Se estudar e se compreender. Enxergar as suas sombras, para poder afastá-las.

Entender que a culpa, definitivamente, não é de ninguém!
Os outros podem, sim, acionar gatilhos em você. Mas só vai ressoar em seu íntimo o que tiver que ser trabalhado. Se você precisar desenvolver a paciência, o amor incondicional, a serenidade ou a compreensão, as pessoas e as situações da vida lhe darão as oportunidades…

E é fundamental se dar conta de que, evidentemente, você não é perfeito e não vai conseguir ser, por mais que se esforce. Nem deve ser essa a pretensão!
A missão de cada um, ao fim e ao cabo, é evoluir, mas não virar um “deus”.

Então, você tem defeitos, vai falhar e vai, eventualmente, machucar os outros também, mas precisa se compreender, se acalentar e “se gostar”, apesar de tudo.
E não se culpar, se martirizar, se “auto-humilhar”.
Nem fazer isso com ninguém. Entender que os outros, tal como você, também estão envoltos nos seus conflitos e nas suas emoções e, muitas vezes, fazendo o melhor que conseguem no momento, com o entendimento que possuem.

Somos todos aprendizes. Uns auxiliando os outros, ainda que de forma inconsciente. Estamos todos andando na mesma direção, em busca do mesmo objetivo, uns mais à frente e uns mais atrás de um mesmo caminho.

Mas é preciso ter em mente que, a sua primeira missão, é consigo mesmo. Se centrar, se cuidar e procurar a sua luz.
Sem culpar a si, sem culpar as outras pessoas, a Deus, ao acaso, ao tempo, às circunstâncias ou seja lá o que for pelo que surgir em sua jornada.

Aceitar o que vier, enfrentar dando o melhor de si e procurar aprender a lição que cada fato e pessoa lhe oferecer.
A vida fica bem mais leve sem precisar se apontar o dedo a quem quer que seja (principalmente a si mesmo)…







“Servidora Pública da área jurídica, porém estudante das questões da alma. Inquieta e sonhadora por natureza, acha a zona de conforto nada confortável. Ao perder-se nas palavras, busca encontrar um sentido para sua existência...”