O melhor remédio para um coração machucado chama-se recomeço

O melhor remédio para um coração machucado chama-se recomeço

Pois não deve haver quem nunca teve vontade de recomeçar do nada, do zero, dos escombros emocionais em que se encontra, olhando somente para a frente, lá na frente, sem hesitação. Quem não desejou sumir, cair em outro planeta, mudar de pele, de planos, de sonhos, de tudo. Quem não se arrependeu das escolhas, dos amores nutridos, do que se investiu, do que se construiu.

Chega um momento, cedo ou tarde, em que a colheita se torna tão inevitável quanto amarga. Porque não há quem sempre acerte, quem não se decepcione, não se apaixone por gente errada, quem não tenha se equivocado no emprego, em casa, na rua. Embora sempre haja tempo para mudar, para reparar erros, mudar comportamentos, mudar o rumo do que se veio fazendo, muitas vezes as mudanças de que precisamos nos pedem desistências de muito do que esteja em nós.

Nossa salvação, em certos momentos, dependerá de renúncias, de desapego, de conseguir deixar para trás coisas e pessoas que queríamos junto. Muitos de nós acabamos nos prendendo ilusoriamente a muita coisa que nada mais faz do que nos achatar, subtraindo e sugando nossa essência, enquanto confundimos carência com amor, subserviência com amizade, costumes com necessidades. Juntar coragem para nos defender de nós mesmos e de nossas amarras cegas será essencial ao nosso recomeçar.

Quando tudo doer dentro de nós, a ponto de nos retirar qualquer raio de esperança, qualquer faísca de luz, quando já tivermos tentado e tentado além de nossas forças, além do que nosso coração é capaz de suportar, é momento de recomeçar. E recomeçar tanto em alguns setores específicos que nos desgastam, quanto recomeçar em tudo, por completo. Nunca será fácil nos desprender das pedras a que nos apegamos, porém, as recompensas virão e compensarão toda escuridão que tenhamos atravessado nessa nova jornada.

Ninguém está livre de passar por atribulações e ventanias emocionais doloridas, por conta das sementes que equivocadamente semeou enquanto corria atrás de seus sonhos. Todos estamos sujeitos a colher dores amargas, tanto pelo que fizemos, quanto pelo que não fizemos, seja por qual motivo tenha sido. No entanto, todo dia é tempo de recomeçar, de reiniciar a semeadura, de aprender com a dor e se fortalecer, tornando-se mais confiante de si e do que quer ao lado, bem como do que não quer mais junto. Enquanto vida houver, o recomeço estará pronto para nos receber.

Imagem de capa: PHOTOCREO Michal Bednarek/shutterstock

Clichê é fingir que não gosto de você

Clichê é fingir que não gosto de você

Imagem de capa: Kate Kultsevych, Shutterstock

Clichê é fingir que não me importo com você, que não penso em nós todas as manhãs. E seria um clichê ainda maior não dizer que sinto tanto por você e por esse amor que é só calmaria.

Clichê é não confessar que o seu sorriso diminui o peso nos meus ombros. Que, de alguma forma, quando você abre essa boca em felicidades, apenas sei que tudo ficará bem.

Clichê é não permitir te encontrar e estar empolgado com isso. É não deixar de vestir o melhor abraço pra te envolver e o melhor beijo pra te dar.

Clichê é, ainda, não dividir os momentos que podemos. Que dure um dia, que dure uma hora, que dure cinco minutos. Qualquer tempo com você faz valer a saudade que a gente soma.

Em outras palavras, clichê é não assumir – de uma vez por todas, que gosto de amar você.

No amor, Deus ajuda a quem cedo não gruda.

No amor, Deus ajuda a quem cedo não gruda.

Imagem de capa:  Antonio Guillem/shutterstock

Quem ama cuida. Não gruda. Grudar incomoda, aporrinha, atrapalha, estraga, prende. Amar são outras palavras. Quem ama acompanha, ajuda, contribui, favorece, liberta!

Está impresso em qualquer rótulo: cola boa é a que não descola mais. Grudou uma vez, adeus. Tente descolar e o estrago é certo. O dano é garantido. Descolar arranca a pele, maltrata, machuca. Funciona bem na depilação com cera quente e só.

Cá entre nós, por que misturar amor com essas coisas? Amar aproxima as pessoas, não as cola umas contra as outras para sempre. Ninguém precisa grudar em quem ama qual chiclete no cabelo para se fazer presente. O que gruda embaraça, paralisa, amarra. Machuca. Quem ama não precisa disso.

O amor é o que nos torna livres dos sentimentos rasteiros e das picuinhas, do ódio gratuito, da vingança e da inveja que nos amarra os braços e nos embaça os olhos. Amar é um voo livre. Não combina com asas grudadas e movimentos limitados. É um salto de pára-quedas. Ou você puxa a corda na hora certa ou se espatifa lá embaixo.

Gente amorosa deixa a pessoa amada ser quem ela é e também é livre para ser o que quiser. Ama seu trabalho, sua vida, sua família e todos os seus sonhos tanto quanto ama o outro e tudo o que ele conquiste.

Quem ama cuida. Não gruda. Compreende e não julga. Incentiva, não inibe. Liberta e não prende.

Assim, livres, seguimos ligados porque nos parecemos e nos queremos como somos. Unidos num abraço de três horas ou na distância de quem vive em cidades diferentes. Dançando de rosto colado ou aplaudindo de longe quem bem merece nossa admiração, nosso respeito e nosso amor. Libertos, amantes, amados, juntos.

Eu posso esquecer o que você diz, mas jamais esquecerei como você faz eu me sentir

Eu posso esquecer o que você diz, mas jamais esquecerei como você faz eu me sentir

Nossas memórias têm um papel fundamental em nossa vida, uma vez que as lembranças são capazes de nos acalentar, de nos acalmar, trazendo-nos conforto, ao nos transportar junto às pessoas e aos instantes em que a felicidade estava presente. Nos momentos de dor e desalento, rememorarmos sensações de paz e de sorrisos sinceros nos ajuda a atravessar a escuridão com esperanças fortalecidas.

Embora costumemos guardar aqui dentro más recordações, palavras ríspidas que nos dirigiram, comportamentos dolorosos que tiveram conosco, lágrimas que escorreram em determinadas ocasiões, aumentar o espaço das lembranças gostosas, capazes de nos fazer sorrir de novo, fará toda a diferença, cada vez que a vida disser não. Quanto mais enchermos nossos corações de positividade, mais forte ele se torna e cada vez mais imune à demora na dor.

Hoje, principalmente, parece que existe informação demais para ser guardada, haja vista a imensa variedade de assuntos que estão dispostos a qualquer um que tenha acesso à internet. Senhas, compromissos, matérias para a prova, datas de aniversários, contatos, é tanta coisa, tantos dados, que, sem a memória virtual do computador e do celular, ficaríamos perdidos. Nesse contexto, a memória como que vai se tornando meramente estatística, isentando-se de afetividade, uma vez que dados não aguçam os nossos sentidos.

O armazenamento de conteúdo, portanto, não pode achatar, num cantinho ínfimo de nossas lembranças, as memórias relacionadas à forma como nos sentimos em determinadas épocas, junto a certas pessoas, pois somos humanos e necessitamos de alimento afetivo também. O que nos ajudará a não desistir, a não sucumbir frente aos tombos da vida será exatamente aquilo que guardamos em nossas almas, aquilo que tocou os nossos corações.

Dados, números, idéias, tudo isso poderemos obter, recorrendo a pesquisas pela internet ou procurando nas agendas que acumulamos nas gavetas, no entanto, os sentimentos mais especiais e únicos, que preencheram nosso viver, somente estarão disponíveis, caso estejam impressos em nossa alma, enquanto os carregamos dentro de nós. A gente esquece o que já leu, estudou, viu ou ouviu, mas a gente não se esquece jamais daquilo que sentimos, do que nos fizeram sentir, ou seja, mesmo que o cérebro falhe, nosso coração sempre baterá mais forte com o que ficou junto à nossa essência, com verdade e amor sincero.

Imagem: HTeam/shutterstock

Educar nunca deixou de ser uma forma de amor explícito

Educar nunca deixou de ser uma forma de amor explícito

A criança sofre um grande impacto em sua formação, que pode ser positivo ou negativo, a depender das atitudes e comportamentos dos adultos que a cercam.

Quando somos incoerentes, a criança fica muito confusa; não consegue decidir sobre o que é correto ou não.

Quando nosso comportamento é pautado pelo respeito, pela ética e coerência, ela tem a possibilidade de sentir-se segura e amparada; e, assim, terá bons modelos nos quais possa se espelhar e configurar sua maneira de agir.

Muitas vezes, pode-se pensar que pequenas concessões no dia a dia, a favor do conforto e satisfação imediata do desejo, não prejudicarão a formação do caráter e a maneira de atuar no e com o mundo.

Grave engano! Nossos deslizes ou “jeitinhos” são observados com curiosa atenção pelos pequenos. E, mesmo que eles não nos compreendam, ou não tenham ainda recursos para refletir a respeito, irão reproduzir o que fazemos e o que dizemos.

Quando a criança deixa de fazer a tarefa da escola porque ficou até tarde numa festa ou evento, às vezes exclusivamente porque estava acompanhando os responsáveis, estamos passando uma mensagem.

Quando provocamos uma falta às aulas para viajar mais cedo e não pegar trânsito (em várias sextas-feiras e vésperas de feriado), estamos passando uma mensagem.

Quando premiamos a criança por ela ter lido uma quantidade estipulada de livros, estamos passando uma mensagem.

Quando não fazemos questão de que a criança trate com gentileza a todas as pessoas, sob quaisquer circunstâncias ou não somos um exemplo do que preconizamos como regra, estamos passando uma mensagem.

Quando ficamos ausentes, ainda que estejamos presentes de corpo, estamos passando uma mensagem.

Quando somos inconstantes no que elegemos como prioridade na vida, estamos passando uma mensagem.

Portanto, é preciso que se faça uma reflexão profunda acerca de nossas atitudes, porque é por meio delas que os pequenos vão construir seu modo de se expressar e seu caráter.

Se optarmos por trazer as crianças para conviver conosco em nossas vidas, é necessário assumir a tarefa de educá-las integralmente, todos os segundos de todos os dias. Educar nunca deixou de ser uma forma de amor explícito.

As crianças são extremamente vulneráveis e observadoras. Vão aprender conosco sempre, seja o bem ou o mal feito, pensado, expressado, sentido e vivido.

De nada adiantará garantir a frequência em escolas caras, oferecer cursos de Língua Estrangeira, clubes selecionados, viagens extraordinárias, se deixarmos que lhes falte a força que move o mundo e que promove as reais transformações: educação, bons exemplos, ética e generosidade!

Criança aprende pelo exemplo, seja ele bom ou péssimo! Sendo assim, vale demais a pena economizar no discurso e investir nas atitudes verdadeiras. O mundo que receberá as gerações futuras só terá pelo que nos agradecer.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Uma lição de amor”.

 

Um dia você irá entender porque nunca deu certo com ninguém

Um dia você irá entender porque nunca deu certo com ninguém

Imagem: Versta/shutterstock

Você é uma boa pessoa, gosta de animais, trabalha como uma condenada, estuda à noite e seu coração não é um icerberg.

Eu sei que você ouviu várias vezes “amanhã eu te ligo” de quem nunca ligou. “Estou com saudades” de quem nunca te procurou e “o problema não é você, sou eu”, de quem terminou, na mesma semana, em que disse que te amava. Acredite, eu sei.

Eu sei que não foi fácil esquecer aquele amor. Demorou anos para se levantar, e, toda vez que você se curava, ele ressurgia das cinzas igual o Munn-rá dos Thundercats.

Eu sei o quanto doeu ser rejeitada, ver as mensagens visualizadas e não respondidas e ler “fulano está em um relacionamento sério” uma semana depois de terminar com você.Eu sei que você aceitou atrasos que viraram rotinas, que perdoou o imperdoável e que criou expectativas demais com pessoas de menos.

Eu sei que você está cansada e que jurou nunca mais amar. Mas, desculpe te decepcionar, você vai amar de novo sim. E vai amar muito!

Abaixe a guarda, tire essa armadura. Porque, querendo ou não, você vai amar novamente sim! Você vai se apaixonar como nunca, vai sentir saudades, paz, frio na barriga e vergonha de conhecer a família.

Você não vai ouvir um “qualquer coisa eu te ligo”, você irá ouvir seu telefone tocar. Você não irá ouvir um “qualquer dia a gente marca” porque ele estará te esperando na portaria do seu prédio. Você não ouvirá um “eu não estou pronto para me relacionar” porque ele terá medo em perdê-la.

Aproveite esse tempo sozinha e cuide de você. Faça aquele curso que você engavetou, recomece a academia, volte a tocar violão, volte a correr. E esqueça o mal que os outros fizeram. Primeiro porque você não é vítima, nem donzela no castelo. Você é uma guerreira que sabe muito bem o valor que tem. Segundo que sua felicidade não está nas mãos de ninguém, além de você. Faça como Cora Coralina te ensinou no livro do Ensino Médio: “Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.”

Lembra do filme “comer, rezar e amar”? – “ O importante é viver e ser feliz mesmo que isso signifique deixar tudo para trás e recomeçar, pois na vida e no amor as conquistas são feitas todos os dias”. Então, aproveite esse momento e lasque um sorriso nessa alma. Esse é o seu momento.

Um dia, quando você esbarrar com a pessoa certa, vai entender porque nunca deu certo com ninguém.

Quando o passado te ligar, não atenda

Quando o passado te ligar, não atenda

Não conseguiremos passar pela vida sem atravessar grandes tormentas, sem encontrar pessoas maldosas, sem sofrer por amor, por perder, por ser rejeitado. Enquanto caminharmos, estaremos sujeitos a tropeçar, a cair feio, a dar de cara contra o muro da decepção, da traição, e lá vem dor. É assim, não dá para fugirmos às chuvas que cairão sobre nossas cabeças, no entanto, sempre poderemos aprender a nos molhar de forma a não desistir de encontrar o sol, mesmo que demore, ainda que doa.

Na verdade, todo mundo sofre; em algum momento de sua vida, todo mundo passa por alguma dificuldade, porque viver é enfrentar perigos, cicatrizar feridas, colecionar choros e sorrisos, dia sim e no outro também. O que nos diferencia é a forma como lidamos com todas essas porradas que vêm nos machucar enquanto seguimos, a maneira como digerimos o que temos ali à nossa frente, ao qual não podemos fugir.

Cada um possui a sua própria forma de atravessar pelas correntezas pesadas das decepções, seja com mais ou com menos força, seja rapidamente ou de maneira mais demorada. Os sentimentos de cada pessoa tornam cada um de nós especialmente único, por isso é que ninguém sente o mundo exatamente igual a ninguém. Mesmo assim, o que importa é sair de onde não há luz, nem ar, tampouco amor. O que importa é se desprender do que faz mal, libertando-se e prosseguindo.

Muitos de nós passamos por uma infância difícil, uma adolescência conturbada, um relacionamento tóxico, um trabalho aviltante, por experiências doloridas e, muitas vezes, traumáticas. Há quem supere e ressignifique sua essência com ajuda especializada, ou quem consiga ultrapassar cada pedra lidando sozinho com aquilo, talvez com ajuda de um amigo, de um amor, de alguém próximo. Importa mesmo é ir em frente, mais forte, mais gente, mais certo do que não se quer mais.

É preciso ter a certeza de que o que ficou lá atrás não tem mais poder algum sobre nossas vidas. Somos resultados das escolhas que fizemos e, embora muito do que nos aconteça independa de nossa vontade, tomar as rédeas da própria vida sempre será libertador e essencial, para que consigamos caminhar sem o peso de um passado dolorido. Como dizem, caso o passado ligue, não atendamos, pois ele não terá nada de novo a nos dizer.

Imagem: gpointstudio/shutterstock

A poesia inexplicável da vida

A poesia inexplicável da vida

Imagem de capa: frankie’s/shutterstock

Drummond certa feita disse: “Se você procurar bem, você acaba encontrando não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida”.

O poeta estava certo, por mais que tentemos, procuremos, tornemos a procurar, não adianta, não há como encontrar explicação para a vida em sua totalidade. Ela é muito complexa e cheia de nuances, de modo que é impossível compreendê-la perfeitamente, sobretudo, em função da sua dimensão trágica. Esta se encontra na morte. E não há como escapar dessa angústia, muita embora, ela não seja capaz de nos afastar desse cálice.

Um amigo, que passou por uma experiência de quase morte, confessou-me que no momento em que sentia que a morte o espreitava, toda a sua vida passara em um piscar de olhos. Todos seus amores, seus sonhos, seus fracassos, seus desejos mais subterrâneos. E, diante disso, sentiu-se completamente só e impotente. Não existia céu, nem inferno.

Apenas uma solidão que ecoava dentro do seu corpo e gritava em sua mente. Gritava e dizia que a sua vida acabaria ali, do mesmo modo que começou, em um completo silêncio, em um completo vazio. Sem ninguém para abraçá-lo, ainda que quisesse – mais do que em qualquer momento da sua vida – repetir que fosse por um segundo, o amor que tivera por ela. Mas estava só e essa solidão flertava com seu espírito, e ele sentia que não possuía força para resistir.

Após o ocorrido, ele completou dizendo que essa angústia era sufocante e questionou-me de que adianta a vida e tudo que lutamos, conquistamos, amamos, se um dia, sem hora marcada, sem explicação, ela acaba?

Então, retomei para ele e prosseguirei para vocês, o versinho de Drummond do início do texto. Ou seja, a vida não possui explicação na sua dimensão trágica e somos incapazes de ter uma compreensão ou entendimento maior sobre ela. Sendo assim, resta-nos aquilo sobre o qual temos controle: o caminho que fazemos. E neste podemos encontrar (e devemos) a “poesia inexplicável da vida”.

Entretanto, não adianta procurar nas grandiosidades. Temos que procurar com olhos de menino, fazendo descobertas, esmiuçando as miudezas e as pequenezas do cotidiano, pois são nesses lugares que a poesia da vida se esconde. E também não existe fórmula. Cada um tem que criar o seu próprio método, descobrir o seu próprio ritmo, encontrar a sua própria poesia, transver o seu próprio mundo.

A vida pode não ser explicada, mas pode ser poetizada, pois como lembra Ferreira Gullar: “Sei que a vida vale a pena mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena”. No entanto, a vida, o viver, não bate à nossa porta, é preciso sair e convidá-la para dançar. É preciso correr atrás do tempo, já que ele é só um menino danado querendo alguém para brincar.

Por mais que o fim seja triste, quando conseguimos encontrar a poesia inexplicável da vida, parece que o tempo se abre para nós em uma espécie de linha paralela, contendo o agora e o depois simultaneamente, como se fôssemos divinos e capazes de criar infinitudes dentro de instantes e continuidade mesmo no fim.

Quando percebemos que a morte é uma pedra no meio do caminho, percebemos que existe um caminho antes da pedra e que, portanto, é ele que importa, não a pedra. E, assim, nos damos conta de que podemos viver sem a explicação duvidosa, mas jamais sem sentir, mesmo que por um segundo, a inexplicável poesia que existe em cada segundo se soubermos procurar.

Só quem entende isso é capaz de compreender que é possível ser eterno, mesmo sendo finito, porque, como disse, o tempo é só um menino danado querendo alguém para brincar.

Não sabermos o nosso valor pode nos custar caro

Não sabermos o nosso valor pode nos custar caro

Nossa jornada nos promoverá os mais variados tipos de encontros, com pessoas diversas, com quem passaremos mais ou menos tempo, algumas dispostas a somar, outras dispostas a sugar e muitas nem dispostas a uma coisa nem a outra. Estaremos sujeitos a nos decepcionarmos, a sermos ofendidos, mal entendidos, a receber muito menos do que poderíamos e de forma muitas vezes dolorida. Portanto, estarmos seguros quanto ao nosso valor como pessoa, como ser humano, irá nos defender contra os constantes ataques à nossa autoestima.

Um dos maiores favores que faremos a nós mesmos será o fortalecimento de nossas convicções, de nossas certezas, daquilo tudo que constitui as nossas verdades, para que possamos atravessar, com segurança e retidão, as contrariedades que nos empurrarão vida afora. Da mesma forma, essas certezas solidificadas dentro de nós, ainda que passem por abalos de dúvidas durante as tempestades afetivas de nosso caminhar, serão sustentáculos firmes, capazes de nos reerguer e de nos retirar das demoras nas escuridões de nossa essência, quando dos ventos emocionais contrários.

Importante, nesse sentido, não fugirmos ao enfrentamento dos confrontos que se nos impõem pela frente, uma vez que deles sairemos mais fortes e certos quanto àquilo tudo em que acreditamos. Isso porque as arestas terão sido aparadas, as dissonâncias terão sido acomodadas, os incômodos discutidos e as pendências resgatadas. Conversar e expor o que incomoda, o que trava e precisa ser mudado, analisado e superado, é um exercício que nos assegura a manutenção de nossas verdades, de nosso valor enfim.

Embora seja um tema batido, nunca será demais lembrar que o amor próprio, a valorização de si mesmo, manter firmes as certezas que não nos deixam vulneráveis diante das negativas e das contrariedades que questionarão o nosso viver, isso tudo nos poupará de inseguranças e da anulação do que faz parte do que somos, do que temos de mais precioso e único. Abrir mão de nossos sonhos de vida por conta do medo frente aos questionamentos alheios cortará nosso eu pela metade, diminuindo-nos naquilo que necessitamos exatamente expandir e espalhar.

Poderemos estar errados em muitos momentos, o que nos exigirá coragem para deixarmos para trás algumas convicções e construir novas certezas, pois é assim que a gente cresce e segue sem paradas demoradas e inúteis. Portanto, tanto para confirmarmos o que fica, como para abrirmos mão do que emperra, será necessário que tenhamos a segurança necessária para que nosso valor não seja diminuído por quem não sabe fazer outra coisa que não seja menosprezar as pessoas.

Valorize-se: você é único, especial e merece respeito, nada menos do que isso. Assim seja.

Imagem de capa: katielittle/shutterstock

Se não for por amor, nem saio da cama!

Se não for por amor, nem saio da cama!

Amar é prática sem defesa, sem peso, sem ataque. Fazer amor. Morrer de amor. Ter amor à arte. Amar porque sim. E por que não?

Só aqueles que não temem o atrevimento de sentir, e conseguem dedicar parte de seu tempo a olhar para o que sente o outro, são minimamente capazes de vestir o amor em suas vidas.

É… pois é! Amor é algo que se veste, e que não se pode despir. É preciso intenção forte para moldá-lo ao nosso corpo e espírito, ainda que em alguns dias, seja esse mesmo amor aquela saia que nos ajusta em demasia, ou aquela camiseta cuja etiqueta áspera nos corta a pele.

Amor é seda pura que acaricia, mas também é lã acrílica que pinica. E, muitas vezes, nos cabe a seda indefesa em dias gelados, assim como a lã opressiva embaixo de quarenta graus à sombra.

Amar é aceitar o imprevisível e entregar-se às dúvidas. Não cabem certezas no ato de amar, justamente porque ele depende visceralmente da nossa capacidade de acreditar naquilo que não se vê, raras vezes se toca além dos dedos, mas enche a vida de sabores doces, e ácidos, e indescritivelmente perturbadores.

Ama-se apesar de. Ama-se os filhos, e filhas apesar de serem criaturas absolutamente livres e descrentes de nossas mais criativas preocupações. Ama-se os gatos, apesar de sua independência e indiferença concreta acerca de nossas carências. Ama-se a vida, apesar de não se ter quase nenhum controle sobre o seu destino.

Amar é mesmo verbo transitivo direto. Mas haveríamos de encontrar uma outra denominação para seu complemento que não fosse algo tão material quanto o é um objeto direto? Será culpa da Gramática essa nossa falta de jeito para o amor? Será por isso que teimamos em coisificar a quem amamos, como se pudessem ser possuídos como uma peça de coleção, uma joia ou uma recompensa?

Amar só faz sentido se estivermos de fato e completamente envolvidos nessa missão insana e deliciosa de acolher no peito uma outra alma. Proteger sem possuir. Entregar afeto sem passar recibo. Confessar-se atraído sem aprisionar. Dedicar-se sem sufocar. Ligar-se sem depender.

Se não for por amor, nem saio da cama. Se não for amor, nem me mexo… Fico imóvel, inerte e silenciosa. O amor me deixa barulhenta por dentro, me faz querer mais da vida, me dá apetite, força, coragem e gentileza.

Amor, pode até ser essa palavra dissolvida em versos de poetas, em canções fluídas na beira de um lugar qualquer. Mas, no fundo, no raso ou na superfície da nossa pele e alma, amor é tudo! E sem ele, não somos absolutamente nada!

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Desculpa se te chamo de amor”.

Antes só do que se jogar em um amor imaturo

Antes só do que se jogar em um amor imaturo

Imagem de capa: Everett Collection, Shutterstock

Porque nenhum relacionamento sobrevive quando uma das partes está mais interessada em controlar o outro do que ser abraçada por ele. O ciúme, uma vez transformado na posse, impede qualquer possibilidade de um querer ficar. Antes só do que se jogar em um amor imaturo. Pode demorar, mas uma hora você aprende que não dá para ser diferente.

Outro dia desses, um amor foi desfeito. Tinha tantas medidas sobre os comportamentos dos envolvidos que, nem mesmo conversando, o final poderia ser feliz. A relação tratava de tudo, menos de respeito. Com quem falar, com quem andar. Tudo precisava passar por um filtro imaginário e egoísta de quem colocou o coração desprendido da mínima razão. Dessa forma, vontades foram suspensas de imediato. Ninguém quer construir uma relação partindo da premissa de pedir permissão. Não existe meio termo e, principalmente, não existe nada saudável nisso.

Cicatrizes passadas não podem ser desculpas para beijos futuros. A ideia da cumplicidade reside no entendimento de que ambos os apaixonados proporcionem reciprocidades. Confiança não é obrigação somente de quem chega, mas também de quem ali já está. É reconhecer do princípio que metades escolhem estar juntas. O bom senso diz que ouvir e dizer é um exercício de amor.

A maturidade deve vir sem cobranças obrigadas. É por livre e espontânea vontade que os amores acontecem. Perseguir outra definição é andar em círculos de maus-tratos.

De repente, agora, a solidão seja um bom caminho. Do tipo de trajeto que não prejudica, aborrece e cria prisões emocionais. Certos dias, a liberdade é apenas perspectiva.

Antes só do que se jogar em um amor imaturo. Porque o relacionamento vive quando ambas as partes resolvem deixar o amor seguir em frente, sem egos.

Saber dizer adeus também é saber amar

Saber dizer adeus também é saber amar

Chega um dia onde tudo fica pesado demais. Podem ser relações tóxicas, discussões com gente sem respeito, ou, ainda, na falta de reciprocidade daqueles que você mais estima. Quando esse tempo chega, só existe um caminho. Saber dizer adeus também é saber amar.

Assumir que alguns capítulos requerem um desfecho não é desistir. Não é como se você tivesse negado afeto ou como se todo o amor construído até então estivesse indo ralo abaixo. O adeus, no instante certo, é sinal de liberdade. Maior prova de autoconhecimento não há. Porque ter o copo cheio de emoções e gestos prejudiciais e mesmo assim ter a coragem de interromper esse ciclo, torna você e todos a sua volta um recipiente de empatia. E como estamos carentes de seres empáticos.

Sim, no início, talvez o aceno final possa soar egoísmo para quem ficou pelo caminho. Mas esse alguém que foi supostamente deixado para trás, pode não saber que, no fundo, o carinho genuíno acontece a partir da verdade. Nem tudo tem jeito se empurrado com a barriga. Nem tudo é resolvido em conversas através de portas fechadas. Em algumas ocasiões, o que nos resta é seguir em frente, com cada coração no seu próprio ritmo.

Saber dizer adeus também é saber amar. Nenhuma insistência justifica uma presença. Nenhuma chantagem agrega valor a um sentimento. E nenhum amor vai embora sem motivos para buscar ser mais feliz.

Imagem de capa: Sob o Mesmo Céu (2015) – Dir. Cameron Crowe

Essa dor vai passar, isso tudo vai passar e você voltará a sorrir

Essa dor vai passar, isso tudo vai passar e você voltará a sorrir

Redundante que seja, a crença no término das fases nebulosas que pontuam nosso caminhar, a esperança de que o amanhã sempre virá, trazendo o novo, solucionando o que parecia impossível e apaziguando as dores de nossos corações, será o nosso ponto de apoio, um norte capaz de nos vislumbrar focos de luz em momentos escuros e dolorosos. Não dá para sobreviver sem que a certeza de um futuro melhor resida dentro de nós, mesmo que bem lá no fundo.

A vida não vem com manual de instruções e ela nos testa, colocando à prova todas as nossas forças, como que se verificasse o quanto estamos dispostos a lutar até conseguirmos ser felizes de fato. E a gente se decepciona, é traído, é difamado, usado sem dó. E a gente tenta e erra e levanta e dá de cara contra o muro, deixa de ser amado, deixa de ser chamado, deixa de ser importante em algum momento. Nesse frenesi de altos e baixos, sempre quando tudo parece fluir, lá vem mais rasteira e dor.

Quanto mais a gente vive, mais a gente vai se distanciando do que parecia certo, mais a gente vai percebendo que nada é previsível, que quase ninguém se importa e que tudo pode mudar de repente, num átimo de segundo. Porque o que temos de verdade é o aqui e agora, o instante exato em que vivemos é nosso, nada mais do que isso. Um acidente, um telefonema, uma chuva forte, uma crise econômica, uma mera mudança de humor, não há o que não possa acontecer, nem possa ser virado de cabeça para baixo.

Logicamente, nem sempre seremos surpreendidos negativamente, uma vez que várias surpresas mágicas e muitas pessoas especiais farão parte de nossa jornada, tornando-a melhor, tornando-nos melhores. E serão exatamente esses momentos e essas pessoas que nos darão guarida afetiva e abrigo emocional, quando das tempestades carregadas que virão nos quebrar ao meio, colocando em cheque cada verdade que tínhamos como inabalável. Guardar em nossos corações o que é bom nos ajudará a atravessar com mais coragem as escuridões de nossa alma.

Você sofre por algo, por alguém ou simplesmente por você mesmo. Você sente que nada vai dar certo, que você não conseguirá sobreviver, pois isso tudo parece interminável. Mas vai passar, sim, você vai conseguir, porque é bem mais forte do que imagina e Deus olha por você todos os dias – Ele não se cansa, não se esquece e não desiste de ninguém. Fique bem, fique forte, você merece ser feliz – e não ouse pensar o contrário!

Imagem: Kl Petro/shutterstock

O perigo mora na rede social

O perigo mora na rede social

Quanto da vida acontece ou deixa de acontecer por algo que registramos nas redes sociais? Quanto da vida e da morte pode ser determinado pela nossa atuação no Facebook ou no Instagram? Eu desconfio que muito mais do que possamos imaginar.

As mentirinhas sedutoras que contamos, as fotos que postamos, as atitudes que endossamos, ou ainda os links que compartilhamos, podem ser determinantes na hora de conseguir um trabalho e vencer a concorrência.

Já não é mais novidade que os setores de recursos humanos das grandes, médias, e pequenas empresas, recorrem à rede para saber como é o perfil social do candidato e a maneira como ele se apresenta ajuda a decidir quem vai levar a vaga de trabalho.

Recentemente, a Receita Federal admitiu manter um número considerável de perfis anônimos no Facebook apenas para bisbilhotar contribuintes selecionados aleatoriamente para saber se as fotos que foram postadas, exibindo viagens, casas, carros e bens de consumo, condizem com a declaração de renda que foi apresentada. Se não condiz a devassa está decretada e o contribuinte vai para a malha fina.

Mas essas são apenas duas estruturas generalizadas que se valem do nosso exibicionismo inconsequente e não são as piores delas. Há outras que podem nos custar MAIS que dinheiro, MAIS que trabalho, MAIS que uma fatura de imposto de renda.

Ninguém pensa nisso na hora que está mostrando a vida para uma rede de amigos. Só que deveria. Porque entre amigos podem estar inimigos mais sérios, e alguns até mortais.

Via de regra, há uma tendência à banalização, quando se trata do uso da rede. Banalizamos desde as coisas banais até as que nos são mais preciosas. Os valores mais íntimos são banalizados porque a rede social nos parece algo inofensivo do ponto de vista da segurança pessoal. Estamos ali para nos relacionar e nos divertir, imaginamos que todos estejam lá pelo mesmo motivo.

Banalizamos quando escrevemos o que pensamos. Dizemos coisas que não diríamos ao nosso vizinho, ao nosso pastor, ao nosso chefe e nos esquecemos de que pastor, vizinho, e chefe, também bisbilhotam na rede social.

Fazemos piadinhas pela rede que não faríamos diante de uma grande platéia, e nos esquecemos de que esta platéia alcança cifras inimagináveis de pessoas de todos os tipos, com as quais nunca tivemos nenhum contato. Um amigo pode compartilhar o que você escreve, com outros que você nem conhece. Sem falar nos “prints”, sempre tão disponíveis.

Banalizamos quando expomos os nossos sentimentos. Mostramos a nossa dor de maneira mais corajosa do que nos consultórios de atendimento psicológico e nos esquecemos de que não apenas os psicólogos lerão e interpretarão o nosso desabafo, a nossa dor, a nossa perda, mas pessoas insensíveis poderão também interpreta-las segundo a sua insensibilidade, percebendo a nossa vulnerabilidade.

Banalizamos a nossa opinião, a nossa vida, a nossa constelação familiar, as nossas fraturas invisíveis. A alegria então, nem se fala. Tudo o que promove o prazer, de uma refeição saborosa a uma viagem internacional, vai parar no “feed de notícias”, e nos esquecemos de que enquanto a maioria dos olhares são bons, há outros que são maus.

Banalizamos quando mostramos o que vai no nosso interior. Banalizamos a capacidade de “leitura” de qualquer pessoa que tenha um olhar mais atento. É possível discernir o momento que o outro está vivendo, apenas observando as suas postagens.

Recentemente, um homicídio foi seguido por um suicídio. Os veículos de comunicação anunciaram, deram nome, sobrenome, e ilustraram com fotos do Facebook. Os perfis eram abertos. No perfil da mulher há uma grande abertura para desvendar a passionalidade do crime. Num dia bem recente à tragédia ela postou uma matéria sobre a insensibilidade de alguns homens que pensam que dinheiro compra tudo. Poucos dias depois postou outra matéria sobre os motivos que levam uma mulher a se apaixonar por um grande homem.

Pode ter sido apenas um ato falho, uma coincidência lamentável, ou até mesmo nada ter a ver com o desenlace do relacionamento conjugal. Mas pode ter sido a expressão mais pura do seu pensamento, do momento em que vivia.

Muitas vezes não temos coragem de dizer pessoalmente o que pensamos para as pessoas às quais deveríamos, e o fazemos através da rede, de maneira pública. Dói menos? Muito pelo contrário: dói muito mais.

Um elemento como esse nunca é a causa determinante de uma separação ou de uma tragédia, mas pode ser a gota de ira e coragem perversa que faz transbordar o copo.

Se qualquer pessoa consegue efetuar leituras nas linhas escritas no Facebook, certamente, qualquer marido, por mais insensível que seja, conseguirá ler também nas entrelinhas. Qualquer namorado. Qualquer amante. Qualquer ex qualquer coisa.

Muitas vezes as redes sociais são o estopim de tragédias anunciadas, não por culpa das instituições, mas por ingenuidade de seus usuários.

A chacina que vitimou 12 pessoas da mesma família em SP, muito provavelmente teria sido evitada se o assassino não soubesse onde estavam reunidos, comemorando a festa de Natal. Uma providência simples como essa impediria que ele se encontrasse com tantas pessoas no mesmo lugar.

Diante desse quadro, rever os nossos comportamentos é uma providência sábia. Podemos não ter nada a esconder e ainda assim, podemos escolher o que devemos mostrar, o que nos é conveniente revelar.

Não vale a pena perder dinheiro, marido, namorado, emprego, nada nessa vida, principalmente a própria vida, por uma postagem descuidada e infeliz.

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