Ter um filho pode te envelhecer até 11 anos

Ter um filho pode te envelhecer até 11 anos

A matéria abaixo, escrita por Felipe Germano, para Superinteressante, não é um ataque contra a maternidade. Ela traz o resultado de pesquisas relacionadas ao genoma de mulheres que tiveram filhos. Antes de criticar, pedimos que leiam com atenção, pois é informação, e, como tudo o que aprendemos, devemos usar para construir coisas boas e aprendizagem, assim como alternativas mais saudáveis de vida para reduzir danos.

“Para as mães, ter filho é um parto. Além do ato de dar à luz em si, o corpo feminino passa por dezenas de mudanças: alterações de peso, novas taxas hormonais, só pra citar alguns fatores. Agora, uma pesquisa americana está mostrando que os efeitos da gravidez no corpo de uma mulher são ainda mais intensos: ter um filho, envelhece seu corpo em 11 anos.

Para chegar a essa conclusão, o estudo analisou o sangue de mais de 1.900 mulheres americanas, e olhou com bastante atenção para o DNA das voluntárias. Acontece que nosso genoma muda conforme envelhecemos: nossos cromossomos são protegidos por estruturas chamadas telômeros, filamentos microscópicos de proteína que funcionam como uma capa que preserva nosso material genético – o ponto é que, com o tempo, os telômeros se desgastam e, como uma borracha escolar, diminuem de tamanho. Na prática, eles são um indicativo de envelhecimento. Telômero grande = jovem; telômero pequeno = velho.

O fato é que quando compararam o tamanho dos telômeros de mães, com o de mulheres sem filhos, a diferença era gritante. As mamães tinham, em média, 116 bases pares (unidade do telômero) a menos. Como, naturalmente, a estrutura tende a perder 9 ou 10 bases pares anualmente, uma gravidez equivalia a um processo que normalmente só ocorreria em um período de 11 anos.

Para ter uma base de comparação, de acordo com o mesmo estudo, fumar causava um desgaste de “apenas” quatro anos – mesmo a obesidade encurtava os telômeros em, no máximo, oito anos.

“Nós ficamos surpresos em encontrar um resultado tão impressionante”, afirmou à New Scientist Anna Pollack, bióloga da George Mason University e responsável pela pesquisa. Ela, porém, não conseguiu entender porque isso acontece. A hipótese mais provável é que o stress causado pela gravidez e criação da criança ataque diretamente a proteção do DNA, porém, como não houve uma medição dos telômeros antes, durante e após a gravidez fica difícil cravar qualquer tipo de diagnóstico definitivo.

Até por não saber a causa do envelhecimento genético, a pesquisadora faz um alerta “Nós não estamos dizendo para as pessoas pararem de ter filhos”. De qualquer forma, fica o aviso: telômeros curtos são associados à uma maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas, e até mesmo, à uma taxa de mortalidade mais elevada.”

Imagem de capa: DONOT6_STUDIO/shutterstock

Pedir amor não é amor. É chantagem emocional.

Pedir amor não é amor. É chantagem emocional.

Amor a gente não pede, não. Amor a gente dá. Se receber amor de volta, muito bem. É a vida nos sorrindo escancarada. A gente agradece e aproveita. Isso é só o que nos cabe. Aceitemos. Agora, quem dá amor com uma das mãos e estende a outra pedindo amor em troca está mais para o comércio do que para o amor. É um comerciante. Não um amante.

É claro que você e eu amamos esperando que de alguma sorte nos amem de volta. Em algum lugar dentro de nós, arde a chama miúda e azulada da esperança. Quem sabe o fulano ou a beltrana nos goste também? Quem sabe o sicrano corresponda? Quem sabe?

Mas ahhh… essa vida é caprichosa! Pode ser que a gente ame e o amor não venha de volta. Pode ser que a reciprocidade se perca no caminho e não apareça. Pode ser. Quando isso acontece, vergonha na cara! A nós só nos resta aceitar. Não se pega ninguém pelo colarinho e se determina “eu amo você e você vai ter de me amar de volta nem que seja amarrada”. Não! Quem acha isso justo não entendeu nada ou não tem nenhum pudor de praticar chantagem emocional, sadismo e mendicância.

Meu sentimento de amor por alguém, amor de verdade, já devia me fazer bem de qualquer maneira. Gostar de uma pessoa, pensar nela à noitinha, admirar-lhe o jeito, ser grato por ela existir, amar a sua presença no mundo provocam em mim um gosto novo pela vida. Só aí o amor já deu certo. Já cumpriu o seu papel. A energia amorosa que nasce em mim e que eu envio a alguém já é um presente raro e bonito pelo qual eu devia agradecer.

O amor é a energia mais poderosa da vida. Você e eu amamos para continuarmos vivos! E quando amamos alguém e esse alguém não fizer o mesmo em relação a nós, se lá dentro dele não nascer também um sentimento parecido em relação a nós, paciência! É assim que é. Se não estiver bem assim, passemos a mão em nossas coisinhas e partamos para outra, amar outro alguém noutro lugar, em outro tempo. Até encontrarmos o que esperamos.

Não há outro jeito. Amar e ser amado é um ofício. Como todo trabalho, começa em nossa disposição para a labuta, em nosso ímpeto de oferecer. Na lida, no esforço. Na vida que se constrói todos os dias. O amor é doação. A gente dá, não pede. Pedir amor não é amor. É chantagem emocional.

Imagem de capa: Motortion Films/shutterstock

10 sinais de que você está levando a vida muito a sério

10 sinais de que você está levando a vida muito a sério

“Não leve a vida muito a sério; ninguém nunca sai vivo de qualquer maneira.” – Van Wilder

A seriedade e o foco são importantes para que tenhamos a persistência e a rotina necessárias para alcançar objetivos, entretanto, se olharmos nossas vidas apenas com os óculos da responsabilidade, corremos o risco de levar uma vida séria demais. E, onde sobra seriedade, pode faltar felicidade!

Abaixo, estão listados 10 sinais de que você está levando a vida muito a sério. A lista é parte do artigo originalmente publicado por Erika Strassburger no site Família. Confira!

 

1- Desvalorização de momentos de descontração

Você tem dificuldade para descontrair e não acha mais graça nas coisas. A situação está bem crítica se você não dá mais valor para os momentos de lazer e diversão, e passa a achá-los perda de tempo.

2- Tensão muscular constante

Seus músculos dos ombros, da testa e do maxilar ficam tensos, podendo até doer.

3- Imediatismo

Você está sempre com pressa, quer resolver tudo logo. Acha que não pode se dar ao luxo de parar para respirar e descansar.

4- Tempestade num copo d’àgua

Você vê seus problemas através de uma lente de aumento. Por isso qualquer pequeno contratempo é motivo de reclamações, irritação, cobranças e acusações exageradas.

5- Mágoa

Se você leva muito a sério tudo o que é dito e feito, vai certamente magoar-se à toa.

6- Insatisfação

Nada acaba sendo bom o bastante.

7- Dificuldade para delegar

Você tem dificuldade de delegar algumas tarefas e responsabilidades, e acaba ficando sobrecarregado.

8- Dificuldade para dormir

Pensar demais nos assuntos pendentes pode fazê-lo perder o sono ou ter um sono ruim.

9- Sintomas de doenças relacionadas ao estresse

Taquicardia, dores no estômago, ansiedade são outros sinais de que você precisa maneirar na forma como encara suas responsabilidades.

10- Irritabilidade

O humor afetado, a dificuldade de relaxar e de dormir, a tensão muscular e o acúmulo de responsabilidades geram irritabilidade. Ela acabará afetando seu rendimento e o seu relacionamento com as outras pessoas.

Imagem de capa: stockfour/shutterstock

A linda falsa vida que muitos sentem a necessidade de mostrar.

A linda falsa vida que muitos sentem a necessidade de mostrar.

Há pessoas tão preocupadas em se mostrar bem e agradar, que acabam se perdendo de si mesmas. São tantos que vivem iludidos por espelhos de pequenas ilusões e escondidos atrás de cortinas de grandes mentiras, que com o passar do tempo, perdem a noção da realidade: já não conseguem viver sendo verdadeiros. E existe uma cobrança coletiva por baixo disso. Somos cobrados pelo sucesso alheio e incentivados a sermos iguais. Mal sabemos que, em algumas situações, por detrás de uma foto postada, quase sempre há máscaras. Quase sempre há pessoas com a alma ferida tentando se mostrar fortalecidas. Quando a pessoa se deixa seduzir pelas tentações de ego e de vaidade, acaba entregando a vida para uma viagem só de ida. Só na tela. Tentar competir com o mundo é a melhor e mais rápida maneira de ser derrotado.

Existe um enquadramento entre as redes sociais e sua fábrica de ilusões. Parece absurdo, mas, na maioria das vezes, só postamos aquilo que queremos que os outros vejam. Postamos aquilo que queremos ser (e muitas vezes não somos). A verdade nem sempre é mostrada. Poses e mais poses, filtros e mais filtros para se chegar na foto perfeita. Quantas são as vezes que, em busca de aprovação de outras pessoas, pintamos um quadro totalmente disforme da realidade. Nem sempre é o que parece, vemos pessoas que estão prestes a cair num precipício, mas querem que todos pensem o contrário. A busca doentia por “likes” transforma fulanos e fulanas em reféns de suas próprias mentiras. A postagem dos outros se torna uma provocação e é preciso se mostrar melhor. Mudar a aparência não é mais suficiente, é preciso fingir outra vida.

Na verdade, há casos em que a diferença de aparência entre a pessoa real e a pessoa mostrada na tela do computador é tão grande que, em grande parte das vezes, é algo inacreditável. São figuras distintas, quase que irreconhecíveis quando colocadas lado a lado. A sociedade se reconfigura quando se projeta uma imagem vitoriosa. Há uma aceitação maior. Há uma glorificação da figura do ser bonito, rico e perfeito. E não se enquadrar nisso é dolorido para pessoas (em sua maioria) com a autoestima abalada demais ou elevada demais. Umas de um lado, outras de outro. Paradoxos difíceis de compreender. Um sonho de consumo que faz muitos se sentirem inseguros e tristes. Um sonho de consumo que faz muitos se mostrarem alegres e bem-sucedidos. Um sonho de ser além do que as outras pessoas comuns aparentemente são. Os perfis são tão perfeitos, as pessoas tão alegres, as fotos tão bonitas, as comidas tão gostosas, as selfies mais incríveis, as festas mais chiques, os amigos tão sorridentes, as famílias tão impecáveis, empregos poderosos, romances maravilhosos, viagens inesquecíveis, as roupas mais caras: A melhor vida possível! Depois desse prazer dos diversos likes, essas ações viciam e tendem a se repetir. Quando tudo isso é verdadeiro e realmente vivemos e temos essa vida, é bom demais expor as conquistas, ostentar sucesso e trabalhar o marketing pessoal, pode fazer parte, saudavelmente, do dia a dia do vaidoso, quando é sem muitos exageros, melhor ainda. O perigo é quando muita parte do que é exibido não é real, é montado, disfarçado, é fake. Existe o risco de ser descoberto e o castelo cair. O prazer pode virar dor, a luxuria pode virar amargura, aplausos viram vaias, beleza vira vergonha e sorrisos viram choro.

É complicado pensar que atualmente os níveis de felicidade, realização e sucesso das pessoas são calculados pelo número de likes e coraçãozinhos em seu perfil. Cliques esses, muitas vezes feitos por pessoas que nem se conhecem. Fica mais difícil saber que isso também nos atinge. Essa falsa prosperidade que encontramos na vida dos outros, nós tentamos concretizar na vida da gente também e nem sempre conseguimos. A vida não nos cobra perfeição, mas a sociedade sim, os amigos sim, a família sim e, com isso, projetamos uma imagem de vencedor para agradar. Esse limite entre o real e o virtual, nos traz para uma reflexão sobre o que fazemos e o quanto ficamos invejosos sobre o que os outros fazem melhor do que nós. É como se a felicidade interior só tivesse alguma serventia se as outras pessoas vissem e curtissem. Como se a felicidade alheia fosse algo para incitar inveja.

Muitas vezes a gente se sente assim, não sendo suficiente. Sentimos inveja. Sentimos que não chegamos lá. Mas não queremos assumir e não pretendemos nos esconder. Mas, se você precisa mudar seu jeito e esconder suas verdades para caber no mundo, saiba que jamais nada disso o deixaria mais feliz. E nem mais aceito. E nem mais bonito ou bem-sucedido. Quando você se mostra grande em cima de algo que você não construiu, a queda é certa e sua pequenez será exposta algum dia. Não existe quem não precise de melhorias, sempre deve haver uma inspiração que nos guie aos acertos, mas é preciso repelir os erros, é preciso aceitar quem somos. Se a gente tiver um coração do bem, ele se abrirá e criará espaço para receber energia positiva. Somente um coração cheio de alegria e verdades pode fazer uma alma repleta de felicidade. A alma é que deve se mostrar feliz e não aquela foto maquiada da rede social. Só por isso já vale a pena a gente lutar para se mostrar como é. Não deixe que as vaidades te impeçam de andar somente pelos caminhos da verdade. Somente a verdade deve ser mostrada, mesmo que ela não te enobreça, mesmo que ela não te cresça, mesmo que ela não te coloque em palanques e palcos, não te traga prêmios e palmas. Mas, entenda que só ela importa. Só ela é nobre. Só ela interessa. A imagem verdadeira é a única coisa que a gente deve ter de melhor e mais belo a se mostrar.

Imagem de capa: sergey causelove/shutterstock

Solteira, sou um desastre

Solteira, sou um desastre

Eu solteira sou um desastre.
Talvez porque eu fique plantando rosas em solos aquáticos. Ou talvez eu seja a única a despir a alma no meio do quarto. E a mostrar quão complexamente simples é uma pessoa que se recusa a vestir a fantasia dos jogos.
Talvez, em certo momento, tudo em mim vire um presente muito facilmente desembrulhável e então é deixado de lado depois de algumas brincadeiras.
Talvez eu seja peteca em terras de jogos digitais: tão singela, tão inútil, tão difícil de entender o uso nos dias de hoje… sem sentido, talvez, mas de alguma forma despertando alguma nostalgia nos corações.
Solteira, eu sou um desastre.
Fico pisando em ovos para não ser atingida por irresistíveis investidas. Fico cheia de dedos, tateando o escuro das almas desconhecidas. Fico fora do meu coração, tentando captar sentidos e significados nos gestos, antes de deixar um alguém criar em mim frestas.
Fico fechada, buscando mais paz do que amor.

Até que… até que bate uma atenção cuidadosa, até que olhos parecem chegar perto, até que, pela posição da lua, pelas garrafas de vinho vazias, pela necessidade de arejar o mofo das minhas paredes de pedras, eu, sem perceber, decida escancarar minhas portas, devagar, mas completamente.
E aí meu filho, não é pouca gente que não queira quase que de imediato sair correndo.
Alguns vão de fininho, outros bruscamente, tem gente que ainda fica, vez ou outra traz uma marmita.
E eu fico mal, fico bem, ligo o foda-se, fico zen. Orgulhosamente remendando meu coração com consolos.
Eu solteira, uma hora caio, uma hora entro, outra hora já nem tento.
Mas sempre desastradamente saindo nada ilesa, talvez mais lesada e desentendida dos funcionamentos alheios.
Fico gastando tempo me recompondo e criando truques para o meu pensamento parar de aportar naquela ilha inventada.
Fico gastando energia para criar, depois destruir; para entrar e depois sair; para amar e depois ignorar.
Comicamente dramática. Desabando lágrima para ver se o oceano de dentro seca de uma vez e para ver se a calmaria pós-ressentimento dá logo as boas-vindas.
É muito desprendimento, é muito dilúvio, são muitas estações chegando nessa minha terra antiga, numa alma que teima em preservar o acreditar.
Eu solteira… penso que qualquer assunto é assunto para uma prosa poética.

Imagem de capa: ESB Professional/shutterstock

Mulher independente, esse ser insondável

Mulher independente, esse ser insondável

Em certa ocasião, estava apresentando um trabalho em um evento científico da faculdade, quando um rapaz do curso aproximou-se para ouvir a exposição. Ele observou tudo com interesse e disse-me, com certa intimidade de colega de turma: “Acho você uma mulher maravilhosa”. Ora, mulher… Era uma menina. Entrei na universidade quase adolescente ainda. Fiquei toda sorrisos e sem um pingo de graça. Agradeci rápido e logo retomei a explicação, como que tentando desviar do assunto. Era absurdamente tímida. Ele então insistiu: “Acho que teria receio de namorar contigo: você é muito independente, mas acho que vale a pena tentar, porque você é meiga”. Àquela altura tive que desenterrar-me para prosseguir com o trabalho. Na faculdade aprendi como os rapazes são insistentes e vão à luta quando querem alguém de fato.

Os dias passaram, eu e esse rapaz não namoramos, mas o que ele falou naquele dia ecoou e recordo até hoje. Fiquei a refletir: Por que falou aquilo? Por que julgou uma moça de dezoito ou dezenove anos independente? Por que julgou que independência e meiguice não podem conviver (supondo que de fato eu seja isso)? Em que eu seria mais independente do que outra menina? Bem, eu estudava, passava o dia na universidade envolvida com muitos compromissos além das aulas, além de trabalhar, viajar, sair. Entretanto, muitas mulheres eram e são assim também. A maioria das que eu conheço são. Trabalham, estudam, conquistam o próprio sustento, algumas moram sozinhas e têm a liberdade no gene, são bem resolvidas, comunicativas e inteligentes.

Algumas são casadas e têm filhos, não gostam de sair sozinhas ou de postar fotos desacompanhadas da família na capa do Facebook. Eu mesma passei muitos anos com uma foto familiar assim no perfil, mas não me importo de ir ao cinema ou de viajar sozinha. Faço com constância. É fundamental gostar da própria companhia e sempre fui assim. Já morei de todas as formas possíveis. Trabalho. Estudo. Faço o que dá na minha telha e não agride os outros. Sou independente? Sim, sei que sim. Mas sinto que há limiares, não julgo nada fora do razoável. A independência não tem teias tão intangíveis, e a minha não me parece suficiente para amedrontar ninguém. E se houver de afugentar algum homem mais inseguro ou imaturo, que bom! Penso que seja uma espécie de seleção natural muito oportuna.

Durante séculos, a mulher foi sustentada pelo marido ou pelo pai, e devia a eles total obediência. A quem não colocou atenção sobre a História, é importante saber que houve épocas em que não lhe era permitido estudar (em muitos casos, sequer ler), e isso consequentemente levava a uma má reputação social. A mulher era considerada incompetente e incapaz. Foi há poucas décadas que tal realidade passou a mudar, pois a partir dos anos 1960 a mulher passou a adquirir mais liberdade, a paulatinamente libertar-se de submissões. Isso levou a sociedade a prodigalizar novos valores.

Hoje, algumas contradições e incompreensões nublam um caminho que, a meu ver, deveria ser de mais clareza. Imagino que essa “mulher independente”, segundo alguns, pareça ser mais distante de uma mulher digna do amor, que seja uma pessoa fria, autossuficiente, que dispensa os afetos, que despreza os relacionamentos, que não tem fragilidades, que não se contradiz, que não clama por ajuda, que não chora de decepção, que não se magoa, que não é romântica, que não sente o coração acelerar e as pernas tremerem quando está com o menino por quem se encantou, que não se apaixona avassaladoramente, que não morre de amores com um simples beijo, que não valoriza um cheirinho no cangote. Que… Que… Calma, baby! Quanto pré-julgamento. Não é assim que a banda toca. Existe quem não seja tão sentimental? Existe sim. Existem solitárias convictas? Existem sim. Aliás, existem mulheres e homens assim. Não há chipe de gênero para isso. Tem para todos os gostos quando estivermos falando de humanidade. Por favor, nunca podemos perder de vista que somos complexos. O humano não cabe em caixinhas deterministas.

Lembro que desde muito novinha – criança ou pré-adolescente mesmo – tinha sonhos de independência, e isso pra mim significava ter um cantinho só meu, com privacidade, longe da presença dos pais. Pode parecer precoce e de fato o é, mas a falta de privacidade e de conforto que se costuma ter em casebres faz a gente sentir auspícios de uma vida livre e independente. O fato é que só consegui cumprir a sina já adulta. Aos vinte e quatro anos precisei me mudar para uma cidade no interior do meu Estado, por necessidade de trabalho.

Foi aí que novas camadas de uma Denise apareceram e revelaram-se novidade. Num contexto de total precariedade, mudei-me para essa cidade e fui parar pela primeira vez em uma casa só pra mim. O sonho de morar só finalmente estava se realizando, entretanto as condições não estavam favoráveis: não consegui locar um imóvel mobiliado, e como não podia pagar uma pensão ou mobiliar a casa, o jeito foi alugar uma casa sem nada. Além disso, os vizinhos logo informaram-me que parte da minha vizinhança era bastante complicada e perigosa.“ Tinha até criminosos”, advertiram. Bem, sugeriram que eu fosse morar com uma moça que residia com sua filha, uma criança de cinco anos, em troca de ajudar nas despesas da casa e do aluguel. Nada mais justo. Aceitei e assim fizemos durante um ano. Durante esse tempo residi nessa cidade, convivendo em um ambiente familiar. Não era bicho solto como julgava, vejam só. O fato é que eu estava errada sobre mim. Desenvolvo apego por pessoas, não sou desprendida como pensava.

Experiências como essa mudam radicalmente a cabeça. Novos padrões se formam. Daí por diante passei a aceitar minha natureza totalmente dependente (ou social?) e relacional. Há uma necessidade real, sem a qual não há felicidade possível. Preciso me relacionar com pessoas. Então se morar sozinha significar independência, fico comprometida. Mesmo que more só e goste disso (realmente gosto de momentos sozinha), busco sempre o refúgio da família. E não se trata do conforto de depender da alimentação ou do pagamento de contas pelos pais, pois no meu caso é o contrário, já que sou responsável pelo aporte financeiro maior da família. É uma dependência quase holística: humana, amorosa e até fisiológica, eu diria.

Embora saiba que precisamos de equilíbrio, que é importante abrir mão de tutelas exageradas e tardias e a se colocar na vida com autonomia, não é salutar perder a sensibilidade, a afetividade e os largos sonhos, como o de viver um grande amor, por exemplo. E não há nada de corrida por príncipe ou pela princesa aqui, embora as idealizações insistam em acompanhar-nos.

Ser independente é uma delícia, meus caros. A independência é nada mais do que uma veracidade do ser, um poder interno de gerir as coisas, de determinar escolhas, de fazer o que quer, de estar com quem se quer, de ser o que se quer. Ela não é sinônimo de rigidez ou de gosto pelo isolamento. É triste se percebemos que essa representação tão errada do que seja uma mulher independente (sim, somos múltiplas mulheres independentes) amealhe uma parte da sociedade que escolhe conscientemente a via do preconceito, e não aceita que nós voemos. Ficam, então, as perguntas: A quem interessa que não voemos? Por que mulheres sem muito conhecimento e muita oportunidade sofrem ainda mais essa opressão? Ameaçamos alguém? Há vantagens em ser um ser submisso e com a aparência frágil?

Se algumas de nós mulheres são frágeis, que sejamos com autenticidade e verdade, que isso não seja – nem de longe – a sombra da nossa essência. Afinal, bibelôs são lindos de doer, mas quebram com uma facilidade inacreditável. É bom que sejamos assim ou que tentemos juntos ser mais potentes? Que tenhamos empatia para nos fortalecer no encontro com o outro?

O amor é por natureza gregário. Não há perigo de ninguém tirar nada de ninguém, se amor houver. E não se enganem, nada nos tira a capacidade de amar. “Eu te amo”, “Eu preciso de você” e “Eu me envolvi profundamente com você” talvez sejam frases que os homens quase não estejam ouvindo de nós, mulheres. Certas verbalizações fazem falta em nossas vidas, embora demoremos a saber disso ou a admitir. Mas lá no fundo, no mais profundo recôndito dos nossos sentimentos, amor e carinho fazem falta. Enquanto for a verdade do meu coração, não vou me incomodar de falar essas frases quando necessário. Resta controlar orgulhos e vaidades de ambos os lados para o amor florescer e a independência feminina ser uma realidade estimuladora, um sinal da evolução social dos nossos tempos, e não uma ameaça.

Imagem de capa: Natalia_Grabovskaya/shutterstock

Tudo requer manutenção, do chuveiro à paixão.

Tudo requer manutenção, do chuveiro à paixão.

Há dias, vinha planejando dar uma faxina caprichada na minha cozinha. Mas, estava sempre protelando, então, fazia a limpeza básica e ia deixando sempre para um “próximo fim de semana”. Daí, fazendo o almoço, acabei derrubando, acidentalmente, uma panela de óleo que estava na beirada da pia. Um verdadeiro desastre, aquela lambança, sorte que o óleo estava frio. E, sabe o que aconteceu? Acabei tendo que fazer a faxina naquela hora. Eu não tive como “deixar pra depois,” a coisa ficou feia, literalmente. Arregacei as mangas e limpei tudo, deixei a cozinha impecável.

Enquanto limpava, me pus a pensar nas coisas do cotidiano e a fazer analogias. Me veio à mente aquelas situações que vamos empurrando com a barriga até chegar num ponto insustentável. Querem exemplos? Tome este: aquela ida ao médico que a pessoa evita, mesmo quando o corpo sinaliza que algo não vai bem, daí, tempos depois, uma doença grave se manifesta obrigando o sujeito a ficar internado num hospital, inclusive numa UTI. Nem vou lembrar dos casos fatais.

Outro exemplo? Aquela reeducação alimentar que a pessoa precisa fazer, por prescrição médica, que é negligenciada. Chega num ponto em que o organismo não aguenta mais, e ela, numa consulta de emergência se vê obrigada a abrir mão de quase tudo o que ela comia. Nessa hora, ela vai obedecer, já não é mais possível fazer vista grossa às recomendações médicas. É uma questão de sobrevivência. Pois é, se ela tivesse sido cuidadosa desde o primeiro alerta que o médico fez, possivelmente, estaria tranquila. Mas, brincou com coisa séria, então, as consequências serão mais severas.

É sempre assim, quando negligenciamos a manutenção, teremos que nos desdobrar na reconstrução, isso quando é possível. Diante da possibilidade de reconstruir, tudo acaba saindo mais caro e desgastante. Nos contextos em que a reconstrução está descartada, resta-nos a frustração da perda irreversível.

As negligências nas manutenções acontecem em quase tudo que podemos imaginar. No carro, na casa, na conta bancária, na saúde, na atenção aos filhos, nas amizades…no casamento. Como Bombeira, conheço esse lema: o incêndio ocorre quando a prevenção falha. Fato.

Especialmente nos relacionamentos, quem não cuida, quem não se importa, quem não valoriza o parceiro está assumindo o risco de ficar sem ele. Chega uma hora em que a estrutura vai ruir e, talvez, nada mais poderá ser feito. Os descasos, os “tanto faz,” a indiferença são as intempéries das relações. Eles acabam deteriorando a beleza do vínculo. São ferrugens que minam o encantamento, a libido, o respeito.

É uma questão de inteligência e economia, sai muito mais barato cuidar daquilo que conquistamos, do que consertar os estragos. Porque depois que o leite derramar, já era.

Então, é melhor não pagar para ver certas consequências. As pessoas espertas aprendem com os erros alheios, elas não esperam acontecer com elas. Elas são atentas, elas enxergam longe.

Imagem de capa: Wallenrock/shutterstock

Abençoados sejam os amores distantes.

Abençoados sejam os amores distantes.

Responda-me com sinceridade: Você acha mesmo que a distância pode sustentar um sentimento a ponto de manter aceso o amor? Ou acha que a saudade pode causar o esquecimento?

Dizem que, quando o amor é de verdade, torna-se forte o suficiente para fazer com que a distância seja uma aliada. E que, ao ponto de vista de um apaixonado, passa a ser um detalhe insignificante. É claro que gostaríamos sempre de adormecer, e sim, acordar todos os dias, junto à pessoa que amamos, mas a alegria que sentimos em saber que, em algum lugar, existe alguém louco o suficiente para aguentar a tristeza de não estar ao nosso lado a cada manhã, alguém que suporta a saudade que às vezes, faz chorar, mas com a certeza de que distância nenhuma vai fazer com que o amor diminua, faz com que tenhamos coragem para suportar a dor. Sim, porque a distância separa os nossos olhares, mas une os nossos corações.

Quando falamos de amor, falamos de um sentimento excepcional, que supera todas as diferenças, e que traz à tona aquilo que existe dentro da gente, um sentimento que resiste ao próprio tempo. Falamos de um sentimento abençoado, que se fortalece com a distância e faz com que aquilo que é que traz saudade, seja apenas uma renúncia para que possamos viver dias de felicidade. É um sentimento do qual é difícil fugir, e quando se trata realmente de amor, digo com certeza que é impossível esquecer!

Talvez não exista amor à primeira vista, mas acredito na inspiração que o amor traz. E viver essa inspiração parece até cena de um filme, baseado naquilo que vivemos como uma história. Depois do carinho, das flores, do chocolate, ai então vem as palavras carinhosas, floridas e adocicadas, terminando muitas vezes, num “eu só quero você”. Tá, mas ai vem o momento da separação. E então, estando ambos distantes vem a saudade. As lágrimas vêm, ouvindo as músicas preferidas, vendo as fotografias ou lendo uma cartinha de amor. E como é precioso um telefonema com as palavras: “só liguei para ouvir tua voz”. E nos entristecemos por não ver aquele sorriso, por não ouvir uma gargalhada apaixonante. Pensamos então, que vamos morrer de saudades, ou que vamos perder o juízo, mas nos lembramos das juras de amor, e por um momento pensamos em pular de alegria, pela certeza de um amor, que mesmo distante, nos faz ser pessoas especiais.

Chegamos então à conclusão de que já fizemos nesse tempo, um amor eterno. Já choramos e sorrimos o quanto podíamos. Agora o que queremos mesmo, é proteger esse amor, e não permitir que morra o desejo de mantê-lo, mesmo que, longe dos olhos, bem juntinho ao coração. Para que uma gota desse amor abençoado, venha a transbordar como um rio que leve a tristeza e traga a alegria num tempo determinado.

E assim, todas as lamentações da saudade, saudade da praia, do céu estrelado, das risadas ao vento, das flores pelo caminho, da voz presente, e de tudo que traz lembranças, estarão eternizadas na ausência momentânea da pessoa amada. E serão, com certeza, um presente para um amor que está distante.

Imagem de capa: mlasaimages/shutterstock

Hoje eu já sei quem me faz bem, quem me faz mal e quem não me faz falta alguma

Hoje eu já sei quem me faz bem, quem me faz mal e quem não me faz falta alguma

Creio que a maturidade requer muitas coisas de nós e, dentre elas, desponta a necessidade de sabermos exatamente qual é o papel, em nossas vidas, de cada pessoa que nos rodeia, uma vez que termos consciência da importância ou não de quem caminha conosco nos livrará de perder tempo com quem não merece. Nossa felicidade dependerá também desse discernimento.

Sei quem me faz bem. São aquelas pessoas que transpiram verdade, sem rodeios e sem grosseria, fazendo com que nos sintamos melhores, apoiando e alertando para os perigos de nossas ações, porque não querem nos ver infelizes. Ficam contentes ao nos verem conquistando nosso espaço, nosso lugar no mundo, sem um pingo de inveja. São gratas e por elas somos extremamente gratos também.

Sei quem me faz mal. Tem gente que só de estar presente já deixa o ambiente pesado, carregado, como se sugasse as energias à sua volta. Existe, por outro lado, quem tenta enganar com sorrisos que escondem inveja e falsidade. Mesmo que demore, acaba-se sempre sabendo quem falou por trás, quem não traz verdade, enfim, quem é perda de tempo. Distanciar-se desse tipo de pessoa nos salva, sempre.

Sei bem quem não me faz a menor falta: quem foi embora, mas poderia ter ficado; quem me ignora, porque não vê em mim nada que lhe possa ser útil; quem usou o meu melhor da pior forma possível; quem nunca soube perceber que eu precisava de ajuda. Incrível como ficamos mais leves quando certas pessoas param de nos procurar, de caminhar ao nosso lado. Porque tem gente que é como nuvem: faz sol após sua partida.

O tempo sempre nos mostrará as verdades de cada um, o tanto de sinceridade que cada pessoa carrega e a real importância que as pessoas possuem para nós. Nós nos enganamos muito com os outros, investindo inutilmente em gente à toa. Mesmo assim, sempre teremos a chance de nos livrar de quem faz mal e de manter quem agrega sorrisos, ou seja, é preciso agarrar essas chances, para que o caminho de nossa felicidade fique cada vez mais límpido e possível.

Imagem de capa: g-stockstudio/shutterstock

O encontro emocionante com a menina que fui um dia

O encontro emocionante com a menina que fui um dia

Querida menina, eu precisei vir ao seu encontro. Tantos anos nos separam, não é mesmo? Hoje, sou uma mulher independente, sou vista como bem sucedida, alguém que venceu na vida. Conquistei e venho conquistando os meus objetivos. Mas, confesso, cada vez que alguém me parabeniza por algo, é você que me vem à lembrança, inevitavelmente. É como se eu tivesse recebendo os méritos que, na realidade, são seus. Me dou conta de que estou colhendo os frutos do seu plantio.

Quando alguém me chama de forte, sinto-me constrangida, como se eu fosse uma impostora. Não sou forte como as pessoas pensam. Comparada a você, sou frágil demais. Sabe por quê? Eu tenho recursos, você não tinha nada. Tudo o que você tinha era a cara e a coragem. Eu tenho um carro bacana para ir à faculdade, você ia à escola à pé, naquela distância toda.

A mulher aqui pode comprar os materiais didáticos que ela quiser, eu tenho um notebook super moderno. Você, ás vezes, tinha que usar um lápis partido ao meio, porque éramos oito irmãos e nosso pai era muito pobre. Lembro-me que você sonhava em ter uma caixa de lápis de cor, mesmo que fosse pequena, e nunca teve. Um dia desses, meu filho me disse que, todas as vezes que ele entra numa papelaria, você vem à mente dele. Ele disse que, se fosse possível, te daria uma coleção de lápis de cor, e tudo o mais que você desejou. Ele ficou muito comovido quando ouviu a sua história.

Eu tenho as roupas que eu gosto. Você, só tinha um vestido de chita para usar enquanto coubesse em seu corpo, era a sua roupa para todas as ocasiões: missa, festa, casamento, etc. E você era tão vaidosa, menina! Confesso que sinto um quê de remorso quando olho para os meus frascos de perfume. É que você nunca teve, sequer, uma colônia, nem xampus, nada disso. Mesmo assim, seus cabelos eram muito lindos.

Eu penso muito em você, minha guerreira! Lembro-me do dia em que saiu da sua casa deixando sua família e seu mundo, e veio à Brasília morar com a nossa tia Maria, para continuar estudando. Lembro-me de você chorando de saudades de casa, no banheiro, e lavando o rosto em seguida, para ninguém perceber. Sinceramente, a mulher de hoje não teria aquela força. Lembro-me da saudade que você sentia, aos domingos, relembrando as vezes em que ia do nosso sítio à Alvorada do Norte na garupa do cavalo Roxão com o nosso pai.

A saudade saía pelos poros… escorria pelos olhos. Saudades do rio Buriti, dos cachorros Volante e Tiziu, dos gatos, da liberdade, do mato, do cheiro de fumaça do fogão à lenha, dos berros das vacas no curral, do barulho da chuva no telhado cheio de goteiras. A saudade tornou-se sua companheira fiel na capital do Brasil.

Na cidade grande, tudo era diferente e desconhecido para você que, muitas vezes, pensou em desistir de tudo, mas, resistiu bravamente, agarrando-se com unhas e dentes ao sonho de ter um futuro melhor, que é, exatamente, o presente que vivo hoje. Tudo o que tenho e sou devo à sua determinação e à oportunidade que a tia Maria Magalhães de Brito deu para você continuar os estudos.

Inevitavelmente, quando me sinto desanimada e insegura, penso: “como eu queria ter a força daquela menina que fui um dia”.

Vejo você, com o nosso pai embaixo de um pé de manga, escrevendo cartas. Ah que cena linda! Você toda concentrada, sentindo-se poderosa por ter sido promovida à “escrevedora” de cartas do melhor pai do mundo, o “seu Nezim”.

Você sempre dava um jeito de achar uma brechinha para sonhar. Sei que muita gente zombou de você e dos seus sonhos e, que, por isso, tornou-se uma sonhadora silenciosa.

Lembro-me da sua mania de sempre olhar o nome do(a) autor(a) na capa dos livros. Então, você atribuía, àquele nome, um rosto, uma voz e uma personalidade. Isso começou com o nome da Branca Alves de Lima, na capa do primeiro livro que você teve na vida, a cartilha de alfabetização Caminho Suave.

De vez, em quando, você imaginava o seu nome na capa de algum livro, e chegava a sentir-se constrangida, como se não fosse digna daquele sonho. Mas, foi aprendendo, com os livros, que sonhar não é pecado. Então, guardou, numa gaveta da alma, o sonho de ser escritora.

Lembro-me também do seu encantamento na primeira vez em que teve contato com a psicologia. Foi quando uma psicóloga foi dar uma palestra na sua escola, quando você tinha 13 anos. Naquele dia, outro sonho nasceu. E, como não sabia o que fazer com um desejo que morava a anos luz da sua realidade, guardou as sementes dele em alguma gaveta da alma. Você tinha essa característica: fazia o que estava ao alcance e guardava as sementes daquilo que não podia realizar

Menina, me dê um abraço bem apertado, preciso dele. Eu trago surpresas para você. Eu descobri onde você guardou as sementes dos seus dois maiores sonhos. Eu as encontrei dentro da minha alma, e confesso que cheguei a duvidar que elas ainda germinassem, devido ao longo período em que ficaram guardadas. Apesar da dúvida, plantei-as e dediquei-me a regá-las com fé, otimismo e atitude. Elas reagiram de forma sobrenatural, elas nasceram, transformaram-se em mudas viçosas, com raízes fortes, e, para a minha grata surpresa, já estão frutificando.

Os seus sonhos de ser escritora e psicóloga se realizarão.O seu nome, menina, vai estar na capa de um livro em abril de 2018. E você será intitulada Psicóloga em dezembro de 2019. Eu devia isso a você, eu sempre desejei que sentisse orgulho da sua versão adulta. Eu sempre quis recompensá-la por tudo o que enfrentou. Ah, pode chorar à vontade, vamos chorar, juntas, abraçadas. Esse choro, merecemos chorar. É choro de contentamento e de gratidão. Perdoe-me pela demora, menina, só tive condições de me dedicar às suas sementes quando fiz 40 anos.

Imagem de capa: Esin Deniz/shutterstock

Você conhece a belíssima fábula do “Mundo das Velas”?

Você conhece a belíssima fábula do “Mundo das Velas”?

Era uma vez um mundo onde viviam muitas velas… Mas quase todas estavam apagadas.

Nesse mundo prevalecia a escuridão… Era um mundo sombrio, onde tudo era incerto, apagado, frio, onde prevalecia a cegueira, a confusão e os conflitos.

A maioria das velas desse mundo estava apagada. Por esse motivo, a escuridão as impedia de enxergar as coisas. As velas acesas existiam, mas eram em número muito reduzido.

Cada vez que uma vela acesa aparecia, ela era disputada por todas as outras, muitas vezes com agressões, desentendimentos, ofensas e caos.

Havia velas de todos os tipos, tamanhos e cores. As velas apagadas desse mundo adoravam expor seus pavios e o brilho de sua cera. Eram vidradas na beleza da cera uma da outra; gostavam de admirar as formas do pavio e a textura da cera. O pavio quase sempre era adornado, pintado e embelezado. A cera era conservada a todo custo. Quanto mais bela a cera, mais valorizada socialmente era a vela e mais admirada ela se tornava.

Certo dia, as velas acesas foram embora dali e o mundo das velas ficou ainda mais escuro e confuso. Uma das velas resolveu então que deveria sair em busca das velas acesas. A luz era uma necessidade para todas, pois sem luz no mundo o resultado não seria outro senão mais confusão, mais conflitos e mais cegueira. Essa vela foi chamada de “vela aventureira”.

Depois de muito caminhar, a vela aventureira conseguiu chegar ao desfiladeiro das velas acesas. Encontrou-se com as outras velas e perguntou como ela poderia levar a luz ao mundo das velas apagadas. Uma das velas acesas disse: “Você precisa acender a chama de seu pavio e deixar que ele seja consumido”. A vela aventureira ficou transtornada com essa informação, pois o pavio representava beleza, status, conhecimento, etc. De certa forma, todas as velas eram apegadas ao seu pavio e a cera de seus corpos, por isso, deixar que tudo isso se tornasse chamas era algo quase impensável para ela. “Essa é a única forma de você se transformar em luz” – disse uma das velas acesas – “Você precisa deixar que a chama vá consumindo seu pavio até atingir a cera, que vai derretendo aos poucos”.

A vela aventureira decidiu então que aceitaria renunciar a tudo para poder se transformar em luz. Nesse momento, uma das velas inclinou-se sobre ela e colocou sua chama em contato com o pavio. A vela aventureira sentiu uma dor imensa, pois a chama começou a consumir seu pavio e foi aos poucos a derretendo sua cera. A dor era física, mas muito mais emocional e psicológica. Ao mesmo tempo em que sentia uma dor lancinante, ela olhou a sua volta, e percebeu que podia ver tudo… Para sua surpresa, ela podia agora enxergar o mundo e cada coisa tal como era. A escuridão foi dissipada e agora ela via a verdade de cada coisa.

A vela aventureira agradeceu a vela acesa que havia lhe transmitido à chama e voltou para o mundo das velas apagadas, contando tudo o que havia acontecido consigo. Contou ainda sua descoberta sobre a chama e todas as instruções que lhe foram transmitidas. Explicou que, para que todas elas pudessem ter sua própria chama, era imprescindível abrir mão do seu pavio e deixar sua cera derreter. Uma das velas disse: “Você está louco? Jamais vou abrir mão do meu pavio. É ele quem me garante a sobrevivência aqui”. Outra vela bravejou “Despojar-me da minha cera? Nem pensar… ela tem belas formas”. Outra ainda reagiu “Nada disso é verdade. Se queimarmos nossa vela, deixamos de ser quem somos. Além disso, me dá medo essa mudança”.

Depois de tanto insistir, pouquíssimas foram as velas apagadas que abdicaram de seu pavio e cera para permitir que a chama brilhasse nelas. O mundo das velas apagadas continuou na escuridão e no caos, pois quase nenhuma delas aceitou desfazer-se de seu apego ao pavio e a cera.

Enquanto isso, a vela aventureira, que foi buscar a luz entre as velas acesas, vivia agora em permanente claridade. Ela descobriu que, apesar de existirem velas de diferentes tipos, cores e formas, a chama que brilhava nelas era sempre a mesma. Agora ela não esbarrava mais em nada, enxergava tudo plenamente e estava liberta da confusão e dos conflitos. Com sua chama acesa, ela vivia em paz…

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Imagem de capa: India Picture/shutterstock

Quanto mais tentamos nos explicar, mais somos incompreendidos

Quanto mais tentamos nos explicar, mais somos incompreendidos

Não existe quem nunca acabou sendo mal entendido, sentindo-se injustiçado por algo que não disse ou não fez, enquanto sofre tentando esclarecer em vão o que realmente houve. Essa é uma das piores sensações que existem, porque acabamos colhendo coisas que não plantamos, bem como acabamos machucando pessoas que nos são muito caras.

Infelizmente, algumas pessoas sempre distorcerão o que falarmos e/ou fizermos, descontextualizando as situações, a fim de nos colocar em maus lençóis. Seja por maldade, por inveja, seja para nos prejudicar em algum setor de nossas vidas, certos indivíduos ouvirão e interpretarão tão somente da forma que melhor lhes convier, que melhor servir aos seus escusos propósitos.

Então, de repente, acabamos nos vendo enredados em situações absurdas, acusados do que jamais partiu de nós, simplesmente porque algum infeliz espalhou inverdades a nosso respeito. Muitas vezes, a pessoa atua tão bem, que acaba por convencer até quem nos conhece um pouco mais de perto, plantando dúvidas a respeito de nossa integridade, de nossa postura, de nossa competência profissional.

Ainda que seja penoso, em certas ocasiões, quanto mais tentarmos nos explicar, menos seremos acreditados, uma vez que o circo já se armou com maldade tamanha, que contaminou a opinião de muitas pessoas. Será, então, inútil tentarmos provar o contrário insistentemente, no calor das emoções, inclusive porque estaremos alterados e o nervosismo transmite nada menos do que insegurança.

O importante, nessas horas, sempre será tentar manter a calma e aguardar a passagem do tempo. Tudo acaba sendo esclarecido, por mais que se minta, por mais que se fofoque, por mais que se espalhe o ódio. A verdade tem uma força descomunal e consegue se reerguer e tornar tudo claro e justo, por mais que o tempo passe. Se tivermos a consciência tranquila, ninguém conseguirá sujar a verdade que alimenta a nossa essência.

Imagem de capa: VGstockstudio/shutterstock

Há certos nós em nós que só mesmo nós podemos desatar

Há certos nós em nós que só mesmo nós podemos desatar

A roda da vida nos ensina a seguir em frente. Em inúmeras circunstâncias dolorosas é muito comum que os outros – e muitas vezes os outros somos nós -, tenham apenas uma coisa a nos dizer: “Vai passar!”. E vai mesmo.

É fato que há passagens que duram um tanto a mais para ir fazer parte de nosso acervo de memórias. Viram uma lembrança, uma imagem congelada no tempo. E às vezes, viram cicatrizes.

As lembranças são formadas pelos capítulos de nosso livro da vida, escritos por meio de palavras mistas. Mistas de prazer, orgulho, revolta, vergonha, alegria, dor, superação… e mais uma infinita cartela de aspectos diversos que carregam de cor as nossas vivências.

E as lembranças, de tão misturadas, viram borrões de tinta. Muitas vezes não nos é possível separar num mesmo momento vivido, aquilo que fez sorrir ou fez chorar; justamente porque é essa aglutinação de sentimentos que nos nutre da maneira mais completa. O mel da alegria, misturado ao sal da lágrima é o nosso “soro emocional”. Aquele néctar capaz de nos restaurar da dor insuportável e, ao mesmo tempo, a seiva que nos apazigua num estado recuperável de amor. Amor por si, pelo outro, pelo mundo inteiro.

As imagens congeladas em nosso repertório de experiências configuram um álbum de fotos queridas. Aquelas cenas, que de tão pungentes ou significativas, precisaram arranjar um jeito de garantir que não serão descartadas, ou esquecidas.

Basta fechar os olhos e conjurar em nossa mente aquele instante preciso de paz. O momento, por exemplo, em que nos sentimos seguros no colo de alguém, depois de ter superado um perigo, uma dor, um ferimento.

Basta desmanchar o véu do esquecimento, para trazer de volta à tela das memórias aquele minuto exato em que se venceu uma limitação, um vício ou uma teimosia insana. Fotos de restauração mental, física e espiritual… guardadas dentro de nós.

Já as nossas cicatrizes… ahhhhh… essas são pequenas obras de arte a serem amadas por nós, até o nosso último suspiro. Desenhos benditos. Ilustrações na pele ou na alma. Registro de nossas histórias benditas. Símbolos da nossa capacidade de sobreviver, transformar e renascer.

As cicatrizes, visíveis ou invisíveis, são os nós necessários para nos manter fiéis à nossa missão. Aquele amarradinho de ervas que dá sabor ao chá, ou ao alimento, sem se misturar a ele. Nós abençoados de nós mesmos. As cicatrizes são conquistas nossas, de mais ninguém. Cabe a nós honrá-las e respeitá-las. Porque essas marquinhas únicas, pessoais e intransferíveis são apenas um sinal de coisas que vivemos e pelas quais, em algum momento, acreditamos serem dignas do nosso esforço, empenho e dedicação.

É apenas e unicamente da nossa conta, mostrá-las ao mundo, a um grupo seleto de escolhidos ou a ninguém. Porque há certos nós de nós mesmos, que somente nós somos capazes de desatar.

Imagem de capa: cena do documentário “Precisamos falar do Assédio”

Novo golpe: Mensagens inbox pedem seu número de telefone

Novo golpe: Mensagens inbox pedem seu número de telefone

Hoje apareceram na internet inúmeras mensagens solicitando o número do telefone, tudo inbox. Para quem lê, e dependendo de quem mandou, pode parecer que é um pedido legítimo, mas não é!

Existem programas maliciosos que entram dentro das plataformas e fazem isso para captação de dados. As pessoas nem sabem que a mensagem foi enviada.

Se um pedido, como da imagem abaixo, aparecer para você, não envie seu número e marque a mensagem como spam.

Compartilhe essa mensagem e avise seus amigos.

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