Quanto mais carinho você recebeu dos seus pais, mais atraente você se considera

Quanto mais carinho você recebeu dos seus pais, mais atraente você se considera

Por Felipe Germano

Você se sente um Cauã Reymond? Uma Bruna Marquezine? Deve ser por que sua mãe te amou muito.

Coelhos não são animais lá muito paternais. Depois que os filhotes nascem, a mãe cuida dos bichinhos por menos de um mês; depois é cada um por si. E olha que eles ainda são mais sortudos que as focas. Algumas espécies, como a foca harpa, cuidam da prole por apenas 12 dias. Quando os pais vão embora, as foquinhas não sabem nem se mexer ainda: em geral, elas ficam dois meses presas na neve, sem comer, e vulneráveis a qualquer tipo de predador. Só 30% das crias sobrevivem ao primeiro ano de vida.

A vida desses bichos é complicada – e poderia ficar ainda pior, se eles tivessem consciência humana. Caso esses bichinhos funcionassem como nós, eles se sentiriam feiíssimos. Uma nova pesquisa mostra que o carinho recebido pelos pais é diretamente proporcional a quão atraente você se sente quando é adulto.

O estudo foi conduzido pela Universidade de Åbo Akademi, na Finlândia, e é baseado em respostas de mais de 1200 entrevistados. Todas as 907 mulheres e 337 homens responderam perguntas como: “Com que frequência você e sua mãe conversavam, durante sua infância? ” e “Quão por dentro seu pai estava, a respeito do tempo que você passava, e o que você fazia com seus amigos ”.

As respostas eram sempre dadas dentro de uma escala onde “Raramente/De forma nenhuma” equivaliam a zero, e “Constantemente/Bastante” significavam 100. Paralelamente, os mesmos participantes usavam a mesma escala para responder perguntas como “Comparando com pessoas do mesmo gênero que você, quão atrativo você é como parceiro? ” e “Quão atraente você é, em relação à personalidade, status e inteligência? ”.

Quando os dados foram cruzados, o resultado foi conclusivo: “Colocados juntos, os resultados mostraram uma associação direta entre o investimento emocional que os pais fizeram, e a auto avaliação da atratividade. ” Conclui Jan Antfolk, psicólogo da universidade, e responsável pelo estudo. Os pesquisadores acreditam que as causas para isso podem variar, mas apostam que o carinho familiar pode ajudar, por exemplo, na saúde mental dos indivíduos – o que aumentaria a autoestima do participante.

Outra possibilidade é que, durante essa atenção extra na infância, os pais transmitiam valores para seus filhos, desde valorização de si próprio até a como tratar com respeito um parceiro – o que ajudaria a longo prazo as relações e as percepções de mundo dos participantes.

O estudo ainda apontou que há uma diferença entre a atenção dada por pais e a dada pelas mães. O investimento emocional feito pela mãe tinha uma relação direta com a auto avaliação dos participantes – já o carinho paterno só apresentava efeito quando a mãe também estava presente.

Os próprios pesquisadores admitem que é difícil confirmar essa relação de causa e efeito, por conta do tempo que separa a infância da fase em que alguém começa a se considerar, de fato, um par romântico/sexual, e também por que o estudo ignora a genética dos voluntários. De qualquer forma, não faz mal prestar atenção nos seus filhotes.

Imagem de capa:  AlexMaster/Shutterstock

TEXTO ORIGINAL DE REVISTA SUPERINTERESSANTE

O tornar-se mãe

O tornar-se mãe

O momento da descoberta de uma gravidez gera um turbilhão de emoções que vão aumentando juntamente com o crescimento da barriga. Mulheres que se tornarão mães pela primeira vez sentem um misto de realização, expectativas, ansiedades e medos. O que esperar dessa nova vida?

O momento do nascimento de um bebê é único e geralmente vem acompanhado por uma sensação de completude, felicidade, alívio, realização, entre tantos outros sentimentos bons que podem ser citados aqui. Porém, há também um outro lado da maternidade, que pouco é comentado, mas que precisa de atenção, muito carinho e de acolhimento para a recém mãe. Não é incomum conhecermos histórias de mães que se sentem profundamente tristes após o parto, angustiadas diariamente no puerpério. Apesar dessas sensações de angústia serem pouco verbalizadas publicamente, elas são naturais nesse período.

Se prestarmos atenção na fala dessas mães perceberemos o enorme sentimento de culpa e de vergonha que acompanham toda essa angústia e, por isso, elas acabam guardando para si todas essas emoções. Autocríticas são recorrentes, como: “Como posso estar triste depois de realizar o sonho de ser mãe? Porque estou angustiada se amo muito meu filho? Não tenho direito de reclamar, meu filho nasceu perfeito e com saúde!”

Preconceito social

Verbalizar em voz alta esses sentimentos pode ser muito doloroso. O medo do julgamento e da crítica é muito forte. Há uma pressão social que espera que uma mulher no puerpério, deva se sentir plena, feliz e realizada. Há muitos preconceitos sobre àquelas que se mostram um pouco mais entristecidas ou angustiadas. Essas mulheres são rotuladas como péssimas mães, que não amam seus filhos, ou mesmo como “desequilibradas”. Essas são críticas muito fortes para quem, na realidade, só precisa de atenção e acolhimento no seu sofrimento. Rótulos esses que inibem que as mães consigam conversar com alguém sobre suas questões mais íntimas. Quanto mais elas guardam para si suas angústias, mais difícil se torna a sua resolução.

O tornar-se mãe é um processo muito delicado para as mulheres. Mexe com questões muito primitivas. Nos remonta a nossa própria infância e a forma como fomos recebidos no mundo. É uma enorme mudança na vida da mulher. Rotinas, falta de sono, estranheza com o próprio corpo, insegurança de como cuidar de um bebê tão frágil, alterações hormonais, são algumas dessas dificuldades.

Toda mudança gera angústia, mesmo quando são mudanças planejadas e desejadas! É um momento em que a mãe necessita de cuidado, apoio e carinho. Uma psicoterapia pode ser um bom auxílio, por se tratar de um espaço em que ela pode falar sobre tudo sem medo dos julgamentos ou críticas.

Depressão pós-parto

Apesar de ser relativamente comum surgirem essas tristezas no pós-parto, elas tentem a diminuir com o passar das semanas à medida em que essa mulher vai estabelecendo alguma rotina e ganhando mais segurança na relação com o bebê. Porém, há mães que não seguem esse caminho e, na realidade, os sintomas vão ganhando ainda maior intensidade. O que torna o cuidar um processo praticamente impossível e doloroso. Podemos estar à frente de uma mulher com depressão pós-parto.

A depressão pós-parto uma doença muito séria, que impede que a mãe consiga cuidar do seu filho e, consequentemente, o vínculo afetivo tão importante nesse primeiro momento entre mãe-bebê fica prejudicado, podendo gerar sequelas nessa relação para a vida toda. Nesse caso é muito importante que haja uma terceira pessoa, que pode ser o pai, a avó, ou qualquer outra que esteja disponível para dar afeto ao bebê.

Naturalmente essa mulher também necessita de cuidados. O tratamento adequado para a depressão pós-parto é a psicoterapia associada a um tratamento recomendado por um médico psiquiatra. Além do apoio e acolhimento familiar tão fundamentais.

Respeite o outro

O tornar-se mãe é um momento muito especial na vida de qualquer mulher, geralmente muito desejado e aguardado. Permite que haja uma transformação interna, uma reavaliação de sua própria vida e uma necessidade de fazer diferente, de ser uma pessoa melhor para seus filhos.

O que precisamos ter sempre em mente é que cada pessoa tem o seu próprio tempo de transformação e que é preciso respeitar a individualidade de cada um! Com o apoio adequado, essa nova mãe será capaz de aproveitar cada momento delicioso que a maternidade pode proporcionar!

Imagem de capa: Olya Vusochyn/shutterstock

Merlí, a retomada da liberdade e da ousadia no sistema educacional

Merlí, a retomada da liberdade e da ousadia no sistema educacional
TELEVISION SERIE MERLI

É uma série catalã iniciada em 2016 com três temporadas. Merlí é professor de Filosofia de um turma do ensino médio no Instituo Angel em Barcelona. Ele é o herói sedutor, irreverente e completamente livre em suas ideias pouco ortodoxas que, gradativamente, se torna o tutor desta turma de adolescentes curiosos e desobedientes, amargos com pais tradicionais e infelizes com casas desgovernadas, com pai ausente e mãe problemática.

Neste cenário, Merlí se entrega com paixão ao ensino de Filosofia passando pelas problemáticas da própria classe. Ele faz os alunos sentirem a importância da filosofia e de sua presença no cotidiano. Começando pelo gregos, com Platão, os pré-socráticos, os peripatéticos, Aristóteles, Sócrates, os céticos, passando para a idade Média, o Iluminismo com Beócio e Descartes até alcançar o Modernismo através de Foucault, Freud, Nietzche, Engels e outros.

Merlí se torna o herói da turma, por seu humor, sua especial qualidade de cuidar, amar e acolher estes alunos cheios de conflitos, dores, desavenças e solidão. Há personagens bem marcantes, com uma personalidade forte, como Pol, Marc, Tania e Joan. Seu filho, Bruno também é seu aluno e através da relação com a turma sente-se mais livre quando finalmente declara ser gay e se integra ao grupo.

Toda a narrativa é marcada também com a convivência invejosa e competitiva dos professores adultos que se dividem entre os que admiram Merlí e aqueles que pretendem derrubá-lo. É fascinante sua habilidade de argumentar sem perder a calma, apenas com o uso da ironia e da empatia. Ele sabe que é um sujeito complicado, sem amigos, com uma mãe atriz, um filho gay e uma atração imensa pelas mulheres.

Merlí faz com que nos apaixonemos pela sua ideia de liberdade, de busca constante por uma transformação nos alunos e principalmente na capacidade que eles têm de pensar, conhecer-se e se tornarem independentes. Para isso, muitas vezes, entra em conflito com alguns pais e por outro lado não desiste do seu ideal de curar os solitários, através do confronto e da conversa como o caso do rapaz que sofre de agorafobia, tendo se tornado refém do medo e de suas manias. Ficamos maravilhados com a paciência e a compaixão de Merlí que consegue conjugar respeito com suavidade e humor.

Uma série catalã digna de ser vista com prazer numa torcida grande pelo herói que precisamos em nossas escolas, pela valorização do(a) professor(a) nos dias atuais quando a família está desestruturada e a juventude não vê sentido em seus futuros, alienando-se do presente e das razões porque sofrem. Passam a pensar. Parece fácil, mas muitos estudantes não sabem mais viver sem a cara num celular, trocando a conversa e a leitura por fofocas e prazeres fugazes. Que Merlí vença toda a hipocrisia existente em sistemas escolares medíocres e obtusos.

Imagem de capa: Reprodução

Estamos onde deveríamos estar!

Estamos onde deveríamos estar!

Dia desses, tive que tomar uma decisão em minha vida particular, e essa decisão, não foi uma das mais fáceis, porém, necessária.

Fiquei pensando nos motivos que me fizeram tomar essa decisão, e após uma boa analise, notei que por mais difícil que seja, foi a mais sábia no momento. Tem coisas que a gente não consegue controlar, e que só o tempo é capaz de colocar as coisas no lugar. Por mais que a gente queira que a realidade seja diferente, as coisas nem sempre saem conforme nossas vontades, e está tudo bem. A culpa nunca será nossa. Estamos onde deveríamos estar.

Se algo não saiu conforme o planejado pode ser que não seja o momento. E se não acontecer o que gostaríamos que acontecesse, algo de melhor irá acontecer.

E assim é a vida. Ela tem lá os seus mistérios. Por mais difícil que seja temos que exercitar a paciência. Uma vez que fazemos isso, entendemos que as coisas não acontecem no momento em que queremos, e passamos a apreciar o processo de espera. E nesse processo, nossas convicções amadurecem.

O primeiro passo é sempre plantar as sementes, entretanto, temos que esperar que elas cresçam sozinhas. Não é questão de acomodar-se, mas esperar que coisas aconteçam em seu ritmo natural.

Lembre-se, tudo que for para ser seu, será seu. É preciso entender que nem sempre as coisas vão acontecer no momento em que queríamos, e isso, faz parte da vida de qualquer ser humano.

É preciso enxergar o lado positivo das coisas. Em cada obstáculo percorrido, temos a oportunidade de tirar lições grandiosas. Basta estarmos com o coração aberto para enxergá-las e acreditarmos que o melhor está por vir.

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Sabe de amor quem aprendeu a respeitar

Sabe de amor quem aprendeu a respeitar

Quando conheci a The School of Life, logo de cara, descobri que havia uma possibilidade de aprendizagem e de crescimento intelectual com as técnicas aplicadas pelos profissionais da escola. Com ideias equilibradas, pessoas inteligentes e questionamentos baseados no bom senso, a escola é um verdadeiro presente para quem busca inteligência emocional e soluções práticas para a resolução dos problemas diários.

De forma objetiva, os professores, coaches e consultores, das mais diversas áreas do conhecimento, apresentam temas importantes que levam as pessoas a refletirem sobre o próprio comportamento.

Em uma dessas palestras, o tema “respeito” foi discutido e comecei a refletir sobre tudo o que envolve o tema, sobre o que deveríamos aplicar e não aplicamos e o quanto o respeito está ligado a nossa autoestima.

Falamos de amor, sem oferecer companheirismo. Queremos carinho, mas na primeira discussão as ofensas viram prioridades. Buscamos paz, mas fazemos do relacionamento um verdadeiro campo de guerra. Em outras palavras: lamentavelmente não sabemos respeitar e, consequentemente, não somos respeitados.

O desespero em ficar sozinho é tão grande que muitos esquecem que, antes de qualquer sentimento, o respeito deve prevalecer.

Ele a ofende todos os dias, mas você acredita que esse “é o jeito dele de amar”. Ela não gosta da sua companhia, mas você prefere acreditar que está se fazendo de difícil. Vocês brigam mais que lutadores de UFC, mas encaram isso como normal, afinal, “que casal não briga?”

É importante saber que antes de falarmos em relacionamentos, deveríamos saber a importância do respeito mútuo, já que além de obrigatório o mesmo atinge diretamente a autoestima dos envolvidos. (Isso explica porque algumas pessoas aceitam viver relacionamentos abusivos e acreditam não serem merecedoras de algo melhor).

Em qualquer relação social, mesmo que saibamos do nosso próprio valor, buscamos a valorização do nosso grupo social (amigos, namorados, família) e isso é bem comum. O problema é que, nem sempre, essa valorização acontece e o que deveria ser algo natural torna-se agressões constantes.

Ser sincero é diferente de falar tudo o que pensa. Achar algo incomum não te dá o direito de discriminar. Pensar diferente da massa não te dá o direito de obrigar os outros a pensarem iguais. Lembre-se que sabe de amor, quem primeiro, aprendeu a respeitar.

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Proibido é pisar nos outros. Na grama pode.

Proibido é pisar nos outros. Na grama pode.

Nós estamos juntos. Em última instância, estamos todos unidos em um mesmo tempo. Por mais que aqui e ali um grupo e outro se isolem, ainda que a uns tudo sobre e a outros nada falte, apesar da sanha cega de tanta gente por concentrar renda e latifundiar razão, pertencemos à mesma época. Os que tudo possuem e os que nada têm.

De alguma sorte, estamos atados um ao outro e não há o que fazer a respeito. Enfrentemos juntos o caminho, escalemos em grupo essa subida vertical ou o fim será um só: a corda invisível amarrada à cintura do último da fila vai nos derrubar a todos rumo ao abismo.

Uma hora ou outra, você e eu nos enterraremos nas mesmas trincheiras que cavamos entre nós. Direita e esquerda, ricos e pobres, brancos, pretos e amarelos, mulheres e homens, héteros e homossexuais, protestantes e cristãos, crentes e ateus. Estamos todos juntos. O mal que acometer cada um de nós há de espirrar em todo o resto.

Não há para onde fugir. Só nos resta nos ajudarmos um ao outro. Cabe a cada um de nós descobrir o que fazer. E há tanto, tanto o que fazer por aí!

Chega de briga. Quanto tempo jogado fora! Apesar de nossas discordâncias, somos uma mesma substância. Estamos debaixo do mesmo céu! O chão que nos sustenta sempre foi o mesmo. Você e eu e todo mundo caminhamos sobre ele e sobre ele haveremos de desaparecer um dia.

Até que esse dia chegue, tenhamos a decência de seguir com firmeza, correção e elegância, pelo Amor de Deus! Seja lá por onde formos, não pisemos em ninguém e desviemos em tempo dos pés malvados que encontrarmos no caminho.

E que o vento nos ajude a seguir em frente, um sopro fresco e forte que arranque as roupas do varal, bagunce os cabelos da gente e desarrume tudo quanto for armado e vil. Que esse vento baderneiro atrapalhe os planos dos canalhas, leve embora o que é ruim e traga de longe o perfume de velhas saudades, renovando nossa esperança e limpando nossos caminhos com a força de um milhão de anjos soprando vida longa, amor e festa sobre nós, prontos para seguirmos livres sobre um infinito gramado verde onde pisaremos sem culpa, cada um em seu rumo, juntos num mesmo tempo que amanhã há de ser melhor, muito melhor do que hoje.

Imagem de capa: Monkey Business Images/shutterstock

Sobre valorizar os caminhos da estrada

Sobre valorizar os caminhos da estrada

Envelhecer para alguns é uma dádiva. Para outros, é uma estação non grata. Acho que não vivi o suficiente para uma profunda reflexão sobre a finitude. Chega a soar irônico, pois apesar de não ter experiência suficiente para falar sobre envelhecimento, é justo o que farei, embora saiba que não cabe a ninguém um ilusório encerramento da questão. Não tenho aqui a pretensão de comunicar nenhuma primavera, mas certamente trarei o olhar mais consentâneo para mim, que, aliás, é um olhar que sempre destoou de nosso meio social. Paciência. O senso comum é implacável com a velhice. Apesar disso, fico a indagar quanto tempo a gente passa na vida preocupado com a passagem do tempo. E isso é necessário, vejam bem, o perigo está na intensidade e na forma. Levamos uma vida inteira sem saber lidar com a velhice? Sem aceitá-la e saber que é parte inevitável da vida? Esmerando-se para retardar seus efeitos no corpo e na mente?

Até aqui, sem crises existenciais. Já pensei sinceramente que envelhecimento poderia não ser uma coisa natural e sequer acharíamos mal. Talvez vivêssemos melhor se fôssemos eternos; talvez não. Mas basta. Não dá pra viver a vida elucubrando e queixando-se. Estou degustando com prazer e sem dramas o passar do tempo. Pessoalmente, sinto que psicologicamente a velhice abaterá um pouco diferente, de forma mais natural, mais resignada. Sempre considerei envelhecer uma bênção, ato contínuo de viver. E é bom viver. Quem não suporta a ideia de envelhecer como algo natural deveria ao menos pensar que resta-lhe uma alternativa: morrer. Desculpem ser tão taxativa, mas é ou não é verdade? Interrompemos a vida e assim não envelhecemos. Pronto. Eu dispenso a precipitação. Quero aproveitar cada centelha de vida.

A pedra fundamental, a parte dura disso não é apenas a nossa própria finitude, mas a dos que amamos. É indescritível amar alguém com todas as forças e em dado momento não tê-lo mais aqui. Aí sim o coração amiúda. E como! Vemos muitas pessoas envelhecendo ao nosso redor, presenciamos a perda da saúde delas e até acostumamo-nos a vê-las partir dali a algum tempo. Tudo muda quando vemos nossos pais, avós e tios envelhecerem, pois é como se não déssemos conta de que eles irremediavelmente também perderão o ânimo, a memória, a vitalidade. Eternos imaturos que somos, temos a tendência de achar que eles não mudarão e serão iguais, que apesar dos anos eles não viverão em situação de fragilidade a ponto de precisarem de nossa ajuda. Não é só de experiências que precisamos, mas de fortaleza para lidar com isso. E paciência, e benignidade…

Contanto como tudo que existe, não há só céu ou inferno em envelhecer. Há nuances em tudo. Diversidades, singularidades e a fina mágica da mente humana, que direciona a vida para o alavanque ou o soterro. Sempre fui positiva nesse aspecto. Admiro desde sempre as pessoas mais velhas. Adoro conversar e relacionar-me com idosos. E, para o choque da grande massa, vejo beleza na velhice. Sim, porque na beleza física, além de caber o relativo, cabem as particularidades de cada fase da vida. O tempo corre seus anos, mas algumas pessoas parecem não notar. A minha avó materna, por exemplo, ao que parece envelheceu sem perceber, tal era a sua energia vital – apesar das doenças. Era uma avó-menina, linda como uma azaleia. No caixão ela estava tão bonita e queda que mais parecia dormir. E sonhar. Segurei algumas flores de lírio no caminho do sepultamento e coloquei-as sobre o sepulcro. Da cena e do cheiro eu não esqueço. Será por coincidência que hoje meu perfume predileto tem aroma de lírios? Vai saber.

O passar dos anos pode não trazer apenas rugas, mas altivez. Da infância à terceira idade, cada momento reserva traços do belo e do singelo. As perguntas são: Você gosta da veracidade? Está pronto para ver isso? Ou ainda : Quer ver isso? É preciso criar novos paradigmas e olhar com mais carinho para esse segundo tempo da vida. Assim como para brincar com uma criança é preciso sonhar, para aceitar a finitude é preciso dilatar-se, apaziguar o coração. A cronista gaúcha Martha Medeiros tratou essa fase pós-cinquenta de segunda juventude, e até disse que nela é possível realizar novas aventuras.

É isso ou ser rebanho, caros amigos, supervalorizando a juventude em uma sociedade que valoriza todo tipo de fugacidade. Em uma sociedade plastificada os valores são frívolos, as relações líquidas ( para aprofundar-se , cabe ler o sociólogo e filósofo polonês Zigmunt Bauman). Supervaloriza-se a juventude permanente e pretere-se a velhice como valoroso espaço de existir. Ora, sejamos mais sensíveis ao humano. Mudemos esses paradigmas e assumamos novos padrões. A eterna juventude é utopia. Mas jovialidade é outra coisa. Se o sujeito tem energia, saúde, esperança e disposição para a partilha, provavelmente escutará que parece um jovem, independente do quanto já viveu. Fome de viver é uma característica legada aos jovens, mas ela pode estar em qualquer um de nós, se pararmos para raciocinar bem.

Há poucos dias, um fato engraçado. Pela primeira vez alguém tratou da minha idade como peso. Em uma loja, a vendedora soltou no meio de uma explicação: “ a senhora já está com quase quarenta anos”. Nenhum drama. Confesso que fiquei me segurando para não rir na hora. Não perguntem por quê, embora ache que seja uma daquelas pessoas bobas para rir. Se alguém trata com pesar os meus trinta e poucos anos, imagina como não enxerga quem tem cinquenta ou sessenta anos? Eu, que tenho a felicidade singela do bem-te-vi, uma vida boa e bastante ocupada, sequer parei para pensar nisso até agora. Tenho praticamente a mesma forma física da adolescência, mantenho hobbies desde muito cedo, sou razoavelmente saudável (afinal, ninguém é zero quilômetro), preservo algumas purezas, e apesar de ter vivido algumas experiências duras contrárias a essa fé no melhor, decidi ser crédula, ter esperança. Espero continuar assim.

Dificilmente algo é totalmente ruim e desprezível. Aos que são de amadurecer ( nem todos parecem dados a isso), a maturidade que vem com o tempo é muito boa. Seria perfeito se pudéssemos nascer maduros. Assim diminuiríamos a importância das coisas que já não tinham importância, mas não sabíamos. O filme “ O curioso caso de Benjamin Button”, do diretor americano David Fincher, mostrou com graça na ficção como seria isso. Na Nova Orleans do início do século XX, nasce Benjamin Button de forma curiosa e incomum. Apesar de ser um bebê, tem a aparência e as doenças de um idoso avançado. Ele segue um caminho inverso ao de todos nós, pois ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button rejuvenesce. Delicadezas transbordam o filme, mas nenhuma poesia supera o encontro com o seu amor Daisy, uma criança que Button conheceu quando menino e por quem se apaixona. Ele aguarda que Daisy cresça para tornar-se uma mulher, enquanto ele rejuvenesce para tornar-se um jovem adulto e assim os dois envolverem-se amorosamente.

O fato é que quanto mais vividos, damos mais importância para as coisas que não sabíamos, mas temos que dar. A maturidade ajuda a equalizar a vida. Não tem crise. A alma não envelhece. O pensamento não envelhece. O belo não envelhece. O amor não envelhece! Achar ruim envelhecer significa achar ruim a fatura de viver. Significa só valorizar parte da estrada (a chegada) e esquecer do caminho percorrido. Sentir assim significaria não gostar dos banhos de água doce que tomei, dos sonhos que realizei, dos chocolates que comi, dos beijos que dei, das histórias que li, dos choros de alegria ou dos amigos que docemente somaram-se na minha jornada. Tá tudo ali, na minha fatura. E perdoem-me, mas não acho nada disso ruim. Pago essa conta com gosto.

Imagem de capa: ML Harris/shutterstock

Filhos de pais emocionalmente imaturos: infâncias perdidas

Filhos de pais emocionalmente imaturos: infâncias perdidas

Ser filho de pais emocionalmente imaturos deixa marcas profundas. Tanto que são muitas as crianças que acabam assumindo responsabilidades de adultos e que crescem antes da hora forçados por essa incompetência paterna, por esse vínculo frágil, descuidado e negligente que apaga infâncias e arrasa a autoestima.

Ninguém pode escolher seus pais, sabemos disso, e mesmo que sempre chegue a hora em que como adultos temos pleno direito de optar pelo tipo de tratamento que queremos estabelecer com eles, uma criança não consegue fazer isso. Porque nascer é quase como cair por uma chaminé. Há quem tenha a sorte de ser pego por progenitores maravilhosos, habilidosos e competentes que lhe permitirão crescer de forma segura, madura e digna.

“Não há maior necessidade na infância do que sentir a proteção dos pais.”
-Sigmund Freud-

Por outro lado, há quem tenha o azar de aterrissar nos braços de pais imaturos que determinarão de forma implacável as bases da sua personalidade. No entanto, os especialistas em psicologia infantil e dinâmica familiar sabem que nestes casos podem acontecer duas coisas muito interessantes, e ao mesmo tempo determinantes.

Os pais com uma personalidade claramente imatura e incompetente podem favorecer a criação de crianças tiranas, assim como imaturas. Contudo, também podem propiciar que as próprias crianças assumam o papel do adulto que os pais se negaram a exercer. É assim que alguns pequenos acabam se responsabilizando por seus irmãos menores, se encarregando das tarefas do lar ou assumindo decisões que não correspondem à idade.

Este último fato, por mais curioso que possa parecer, não fará com que essa criança seja mais corajosa, mais madura nem mais responsável de uma forma que possamos entender como saudável. O que acontece principalmente é criar pessoas que perderam a sua infância. Convidamos você a refletir sobre isso.

Pais emocionalmente imaturos, infâncias truncadas

Uma coisa que todos concordamos é que ter filhos não nos transforma em verdadeiros pais. A maternidade, como a paternidade mais sadia e significativa, é demonstrada estando presente, dando um afeto verdadeiro, enriquecedor e forte para que essa criança seja parte da vida, e não um coração partido e vinculado somente ao medo, às carências e à baixa autoestima.

Uma coisa de que toda criança precisa, muito além do simples alimento e da roupa, é a acessibilidade emocional, madura e segura onde se sentir conectada a certas pessoas para entender o mundo e, por sua vez, entender a si mesma. Se isso falha, tudo desmorona. As emoções da criança ficam invalidadas pelo pai emocionalmente imaturo ou pela mãe que, preocupada somente consigo mesma, descuida dos sentimentos e das necessidades emocionais dos filhos.

Por outro lado, cabe dizer que este tipo de dinâmica é mais complexa do que parece à primeira vista. Tanto que é importante diferenciar 4 tipos de mães e pais emocionalmente imaturos.

A imaturidade dos pais

A primeira tipologia faz referência ao tipo de pais e mães com comportamento errante e desigual. São pais muito instáveis emocionalmente, dos que hoje fazem promessas e amanhã não as cumprem. Pais que hoje estão muito presentes e amanhã fazem os filhos sentirem que são um estorvo.

  • Os pais impulsivos, por sua vez, são aqueles que agem sem pensar, que realizam planos sem avaliar as consequências, que vão de erro em erro e de imprudência em imprudência sem pesar suas atitudes.
  • A maternidade e a paternidade passiva constituem, sem dúvida, um dos exemplos mais claros de imaturidade. São os que não se envolvem, os que estão presentes mas ausentes, e os que baseiam sua criação no “deixa acontecer”.
  • Por fim, também é comum a figura de pais desdenhosos, aqueles que fazem seus filhos sentirem que são um estorvo ou indesejados, os que acham que a educação é não é para eles e é algo de que não querem participar.

Estes quatro perfis esculpem a batidas de decepção uma infância truncada, ferida e invalidada. Toda criança que crescer neste contexto vivenciará claros sentimentos de abandono, solidão, frustração e ira.

Crianças que assumem o papel de adultos

Apontamos isso no início: a criança que cresceu assumindo o papel do adulto nem sempre se sente mais forte, mais madura, e muito menos mais feliz. Deixar sobre os ombros de um pequeno de 8, 10 ou mesmo 15 anos a responsabilidade exclusiva de cuidar de si mesmo, de um irmão menor ou de tomar decisões que seus pais deveriam tomar, deixa marcas e potencialmente constitui a raiz de muitas carências.

“Uma rosa obtém sua fragrância das suas raízes, e a vida de um adulto obtém sua fortaleza da sua infância.”
-Austin O´Mally-

As consequências psicológicas que costumam prevalecer nestes casos são tão variadas quanto complexas: solidão emocional, autoexigência, incapacidade de estabelecer relacionamentos sólidos, sentimentos de culpa, contenção emocional, repressão da ira, ansiedade, pensamentos irracionais…

Superar estas feridas por causa de uma infância perdida e de pais imaturos não é tarefa fácil, mas não é impossível. A terapia cognitivo-comportamental é muito útil, assim como a aceitação da existência dessa ferida causada pelo abandono ou a negligência. Mais tarde virá a necessária reconciliação com nós mesmos, onde nos permitimos sentir raiva e frustração por uma infância roubada e onde nos obrigaram a crescer muito depressa e nos deixaram sozinhos muito cedo.

Perdemos a infância, mas a vida se abre diante de nós maravilhosa, livre, e sempre convidativa para nos permitirmos ser aquilo que sempre quisemos e que, sem dúvida, merecemos. Devemos conseguir que a imaturidade emocional de nossos pais não nos impeça de construir a felicidade presente e futura que não conseguimos ter no passado.

Imagem de capa: Haywiremedia/Shutterstock

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

Bem-aventurados os que lutam por aqueles que sofrem

Bem-aventurados os que lutam por aqueles que sofrem

Naquele tempo, 2018 anos D.C, Jesus subiu a um monte, seguido por uma multidão de pessoas pobres e sofredoras, e sentou-se sobre uma pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. A sua mensagem preparava homens e mulheres para transmitir a Boa Nova ao mundo todo. Então, disse Jesus:

“Bem-aventurados os pobres por espírito, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os defensores da paz, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim!”

O Sermão da Montanha é o texto mais esplêndido do Novo Testamento. É um conjunto de princípios que fala de justiça, misericórdia e amor. É a síntese do projeto do Reino dos Céus. Afirmava Mahatma Gandhi que se toda a literatura ocidental se perdesse e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada se teria perdido.

Em nosso País têm homens e mulheres que são bem-aventurados, porque colocam a sua vida, o seu tempo e o seus recursos para lutar pelos brasileiros que sofrem, que não tem vez e voz e foram abandonados pela sociedade e pelo Estado.

Bem-aventurados os que dão de comer aqueles que choram por causa da fome, que adoece e mata, sobretudo, crianças, grávidas e idosos. No Brasil, os 10% mais ricos detêm quase toda a renda nacional, que contribui para justificar a fome, além do clima, da seca, das inundações e da omissão dos governos.

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque no Brasil muitos são contra os direitos humanos e defendem o massacre e a morte de jovens da periferia. Além disso, aplaudem a exibição pública dos corpos das vítimas, desde que não sejam exibidos em áreas nobres.

Bem-aventurados os que lutam contra a crise econômica, que gerou 12 milhões desempregados no País, que são vítimas deste maior medo social. E para piorar a situação – aumentou ainda mais o temor – com a reforma trabalhista, que está reduzindo os valores dos salários, como forma manter os empregos e de aumentar lucros.

Bem-aventurados os que buscam a paz num País destruído pela corrupção e pela crise política, onde o ódio domina o debate político, em que 60 mil assassinatos ao ano se somam 60% de pessoas que confessam que vivem em territórios sob controle de alguma facção criminosa. Medo que impulsiona o crescimento de candidaturas extremistas.

Bem-aventurados os misericordiosos, que acolhem aqueles com doenças mentais, aqueles que tentam se suicidar, aqueles que perderam os seus entes queridos, aqueles com deficiências ou vulnerabilidade, aqueles com dependência química, que sofrem por não terem acesso a rede de assistência médica e social do País.

Bem-aventurados os que se compadecem com o sofrimento dos outros, porque foram tocados pelas palavras de Jesus: “Tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber, estava doente e visitaste-me, estava preso e foste ter comigo”.

Imagem de capa: Dmytro Zinkevych/shutterstock

Você tem um superpoder chamado DECISÃO.

Você tem um superpoder chamado DECISÃO.

Você tem em suas mãos um superpoder esplêndido, que pode mudar sua vida e a forma como você se relaciona com ela. Funciona assim:

Você pode optar por continuar chorando suas mágoas e desventuras do passado. Mas pode decidir-se por curar cada uma de suas feridas e superar esses traumas, com um pouco de amor próprio e uma boa dose de perdão.

Pode, também,  continuar se escondendo atrás do medo que te impede de seguir adiante. Ou pode decidir fazer tudo o que sempre quis e nunca teve coragem, e ir com medo mesmo, porque medo não é gesso e você não nasceu para ficar imobilizado.

Você pode deixar que te digam o que é certo ou errado, o que é melhor, menos ruim ou pior para sua vida. Pode sim. Mas também pode dizer que tem total direito sobre suas escolhas porque sua vida é propriedade privada e quem a comanda é você, e deixar isso bem claro.

Pode deixar que riam de ti, dizendo que seus planos são audaciosos demais, muita areia para o seu caminhão. Mas você tem a possibilidade de dizer que não tem pressa e que não pôs limites à quantidade de viagens que pretende dar. Você pode decidir por demostrar fé em si, ao invés de fazer coro com os que não te consideram capaz.

E permitir que as pessoas te afetem, te desanimem, tirem sua esperança. Você pode servir de tapete ou deixar sua vida ser esmiuçada à sua frente, em conversas maldosas por pessoas que não te consideram tanto como você pensou que consideravam. Mas você também tem o poder de romper com todas as relações que não te respeitem como pessoa, e não te valorizem da forma como você merece.

Mas nunca, jamais, em tempo algum se esqueça de que você detém um poder maravilhoso e determinante, chamado DECISÃO.

Com ele você poderá derrotar todos os vilões que te assombram e te impedem de encontrar um bom lugar no mundo, o lugar que é seu por direito. Também não precisará viver sob a sombra do fracasso e da apatia. Terá domínio sobre seus atos e poderá superar as emboscadas dessa vida, sobretudo as que te impedem de reconhecer o seu próprio valor.

É hora de romper todas as interferências negativas sobre você, sobre seu comportamento, o seu jeito de ser.

Ninguém te conhece melhor que você mesmo, nem sabe dimensionar o potencial que está guardado em você. Decida quem você quer ser, onde quer chegar e a forma como pretende ir até lá. Essas decisões são particulares e têm força para romper as amarras que te limitam.

Use o poder da DECISÃO com sabedoria e ele te levará “ao infinito e além”, numa viagem incrível e sem volta, que certamente será a melhor entre todas as viagens da sua vida.

Imagem de capa: Lolostock/shutterstock

José Saramago é tema de exposição audiovisual gratuita em São Paulo

José Saramago é tema de exposição audiovisual gratuita em São Paulo

A exposição “Saramago – os pontos e a vista”, localizada no Farol do Santander, no centro de São Paulo, será aberta ao público no próximo dia 06 de março e permanecerá disponível até 3 de junho de 2018.

Vida, produção literária e o pensamento do autor são o norte do projeto que tem apoio da Fundação José Saramago.

“A curadoria da exposição é de Marcello Dantas e a produção dos vídeos que a integram é de responsabilidade de Miguel Gonçalves Mendes. O visitante poderá ver alguns objetos pessoais do escritor, como o computador com o qual escreveu Ensaio sobre a Cegueira e a cama dos seus avós, que viajou da sua terra natal, Azinhaga. Sobre ela, José Saramago afirmou no seu discurso ao receber o Prémio Nobel de Literatura em 1998: “No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama”, informa a própria organização José Saramago

SERVIÇO:

Saramago – Os Pontos e a Vista

Local: Farol Santander

Rua João Bricola, 24, centro – São Paulo – SP

De 6 de março a 3 de junho de 2018.

Terça a domingo, das 9h às 19h.

Entrada franca.

O silêncio é indispensável para regenerar o cérebro

O silêncio é indispensável para regenerar o cérebro

O silêncio tem sido fonte de muitas reflexões ao longo de todas as épocas. Ao mesmo tempo, saturamos os locais onde vivemos com tantos barulhos que é cada vez mais difícil encontrá-lo. Isto faz com que cada vez mais pessoas que passam pela experiência de não ouvir barulhos caiam em um abismo dentro delas mesmas.

Temos um barulho que atualmente está hiperestimulado. O mais grave é que quase todos esses estímulos auditivos que recebemos do exterior são mais ou menos alarmantes. Barulhos de carros, burburinho, músicas estridentes, apitos, sinais… enfim… nada que inspire tranquilidade.

“A areia do deserto é para o viajante cansado a mesma coisa que a conversa incessante para o amante do silêncio”.
-Provérbio persa-

Além disso incidir no nosso estado emocional, a ciência também comprovou que afeta o cérebro. Segundo uma pesquisa realizada na Alemanha pelo Research Center for Regenerative Therapies de Dresden, existem processos cerebrais que só podem ser realizados em silêncio.

Até pouco tempo atrás, pensava-se que os neurônios eram incapazes de se regenerar. Contudo, com o desenvolvimento da neurogênese ficou comprovado que isto é um erro. Ainda não está muito claro o que exatamente promove a regeneração neurológica e cerebral, mas já existem pistas valiosas a respeito, e uma delas é o silêncio.

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Por marvent/shutterstock

Experimentando o silêncio

Os pesquisadores alemães fizeram, a princípio, uma experiência com um grupo de ratos. A pesquisa consistia em deixá-los em completo silêncio durante duas horas por dia. Ao mesmo tempo se faria uma observação dos seus cérebros para ver se isto criava alguma mudança.

O resultado foi contundente. Após um tempo sendo submetidos a esta rotina, observou-se que em todos os ratos estudados houve um crescimento do número de células dentro do hipocampo. Esta é a região do cérebro que regula as emoções, a memória e o aprendizado.

Os especialistas também constataram que as novas células nervosas se incorporavam progressivamente ao sistema nervoso central, e que logo se especializavam em diferentes funções. Conclusão, o silêncio provocou uma mudança muito positiva no cérebro dos animais.

O silêncio ajuda a estruturar a informação

O cérebro nunca descansa, inclusive quando em estado de calma, ou quando estamos completamente quietos ou dormindo. Este maravilhoso órgão continua funcionando, mas de uma forma diferente. Quando o corpo descansa, começam a se desenvolver outros processos que completam os que são realizados quando estamos ativos.

Basicamente o que acontece é que se produz uma espécie de depuração. O cérebro avalia a informação e as experiências às quais foi exposto durante o dia. Logo, organiza e incorpora a informação relevante e descarta o que não é importante.

Este processo é completamente inconsciente, mas provoca efeitos conscientes. Por isso às vezes encontramos respostas durante o sono, ou conseguimos ver as coisas a partir de um novo ponto de vista depois de termos descansado algumas horas.

O interessante de tudo isso é que um processo semelhante também acontece quando estamos em silêncio. A ausência de estímulos auditivos tem quase o mesmo efeito que o descanso. O silêncio, em geral, nos leva a pensar em nós mesmos, e isto depura as emoções e reafirma a identidade.

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Por Egor Fomin/shutterstock

Os importantes efeitos sobre o estresse

O silêncio não apenas nos torna mais inteligentes, criativos e seguros, mas também tem efeitos muito positivos sobre os estados de angústia. Os seres humanos são muito sensíveis ao ruído, tanto que muitas vezes acordamos sobressaltados por um objeto que caiu ou por um som estranho.

Uma pesquisa realizada na Universidade de Cornell descobriu que as crianças que vivem perto de aeroportos têm um elevado nível de estresse. E não é só isso; elas também têm uma pressão arterial mais elevada e apresentam altos índices de cortisol, o hormônio do estresse.

Por sorte, também acontece o contrário. Isso foi evidenciado por uma pesquisa da Universidade de Pavia, onde se verificou que apenas dois minutos de silêncio absoluto são mais enriquecedores do que ouvir música relaxante. De fato, evidenciou-se que a pressão sanguínea diminuía e que as pessoas conseguiam se sentir mais alertas e tranquilas depois deste pequeno banho de silêncio.

Como se vê, o silêncio provoca grandes benefícios, tanto intelectuais quanto emocionais. Poderíamos afirmar que manter-se em silêncio, ao menos por pequenos lapsos ao dia, é um fator determinante para a saúde cerebral. E com isso, um elemento decisivo para melhorar o nosso estado emocional, saúde e qualidade de vida.

Por que tudo acontece tão rápido com perversos narcisistas?

Por que tudo acontece tão rápido com perversos narcisistas?

Perversos narcisistas, sejam homens ou mulheres, são pessoas vazias, pois vivem investidas em seu “falso self”, ou seja, seu falso EU. Sentem tanta vergonha e inadequação pela pessoa que são de verdade, que criam um “falso self”, que carregam pelo mundo como se fosse uma pessoa real.

É exatamente por não serem pessoas reais que eles mentem com tanta facilidade sobre tudo. Eles inventam personagens de acordo com a conveniência e vivem como se fossem esses personagens inventados. Nem mesmo a família dessas pessoas a conhece de verdade. Elas sabem que há algo errado ou estranho, mas não sabem 100% do que são capazes. Pelo contrário, por causa do afeto que sentem, com frequência os apoiam e se tornam seus “possibilitadores”.

E é justamente por passarem para o mundo uma personalidade falsa, que os perversos narcisistas fazem tudo com muita pressa. Não é incomum encontrar com esses tipos e, em tempo recorde, ir morar com eles ou iniciar planos de casamento. A pressa se dá pelo simples fato que, por terem total consciência de que estão interpretando um papel, terão enorme dificuldade em manter a máscara.

Não é fácil fingir ser quem você não é e, mais difícil ainda, fingir sentimentos que você é incapaz de sentir. É um esforço enorme e, por isso, frequentemente cometem deslizes que, aos olhos de alguém bem treinado e com boa autoestima, são claros sinais de que estão lidando com um transtornado mental. O problema é que o típico alvo de perversos são pessoas românticas e empáticas, que acreditam nas pessoas, vêm de relações sofridas e nutrem sonhos de amor romântico e, por isso, não enxergam tais sinais com facilidade.

Sabendo disso, apressarão decisões importantes para prender rapidamente o alvo, antes que eles sejam descobertos. Serão incríveis ouvintes com o objetivo de descobrir quais são os seus anseios, para assim poder espelhá-los com exatidão. Fazem uma mímica tão perfeita do que você sonha, que rapidamente os confundimos com a “alma gêmea”. Você nunca teve filhos? Ele sonha ser pai. Você é casado e sua mulher não é boa companheira? Ela será seu ombro amigo e assim por diante.

Precisam prender o alvo rapidamente e na justa medida que essa pessoa for conveniente. Mas saiba: prender-se ao alvo não apresentar nenhuma vantagem, pois o casamento será apenas uma promessa que faz parte da idealização do início e nunca acontecerá “por algum motivo a que VOCÊ deu causa…”

Alguém ser conveniente significa que essa pessoa representa interesses, tais como: patrimônio, um trabalho, um lugar para se encostar, status ou apenas para provar para o mundo que são pessoas adequadas, capazes de ter uma família. Não raro, pasme, se casam com alguém pouquíssimo depois de uma ruptura traumática com outra pessoa com o simples objetivo de mandar um recado como punição!

Parece absurdo alguém ir a essas consequências apenas para ferir, não? Mas para um perverso narcisista este é a apenas um meio para se atingir um fim, não importa o que significa para o mundo ao seu redor. No mundo de fantasia de um perverso narcisista, tudo é justificado para que eles obtenham o que desejam e lhes convém.

Por que alguém incapaz de se colocar no lugar dos outros se preocuparia com as consequências de seus atos?

Decididos ou não a ligar seus alvos a eles, bombardeiam a pessoa de atenção e demonstrações de afeto até o ponto em que esteja completamente viciada naquele tratamento dos sonhos e tiver perdido o discernimento por completo. Usam uma verdadeira pirotecnia amorosa para distrair o alvo, de modo que suas verdadeiras cores não sejam vistas a olho nu (veja nessa animação como isso acontece). É uma sucessão veloz de provas de amor e surpresas que não te permite pensar em qualquer outra coisa. Às vezes, a pessoa tem aquela intuição de que algo não está certo, mas é constantemente distraída e não consegue formar um pensamento lógico. Nesse sentido, devo admitir: são muito habilidosos.

Atingido o ponto em que o discernimento do alvo já está prejudicado, poderão finalmente ser quem são, começando os insultos, silêncio agressivo e tudo que envolve a desvalorização, segunda fase da relação com esses tipos. Pelo tempo que lhes for prazeroso, alternarão tratamento bom com tratamento ruim, levando o alvo ao desespero, confusão mental, dissonância cognitiva e, não duvide, à loucura ou suicídio.

É um erro pensar que o passo seguinte será sempre o descarte. Perversos narcisistas vão arrastar você por essas dinâmicas, com promessas vazias e alternância de tratamento por 10, 20, 30 anos se você permitir. Podem entrar e sair, comprometerem-se com outras pessoas e ainda assim não descartar você. Enquanto você servir de alimento para o seu ego doente, você será útil.

Leia mais sobre o ciclo do relacionamento

Para romper esse ciclo, não há outro caminho: Um corte rápido, limpo e por inteiro em qualquer contato que se tenha com esse tipo. Enquanto VOCÊ não tomar essa atitude, seu vampiro voltará para mais e mais, dizendo tudo aquilo que você deseja ouvir pela enésima vez, até quando não restar mais nada da pessoa que você é. Somente quando chegar a esse ponto você será material descartável.

Imagem de capa: VGstockstudio/shutterstock

Antes eu fazia questão de ser forte, agora faço questão de ser leve

Antes eu fazia questão de ser forte, agora faço questão de ser leve

Dizem por aí que a gente se acostuma com tudo nessa vida. De início, as coisas novas nos pegam de assalto, tiram o nosso chão, arrancam da gente aquele suspiro de prazer da novidade. Arrepio. Frio na barriga. Surpresa.

Depois de um tempo, aquilo que era o diferente – para o bem ou para o mal -, acaba se dissolvendo nas coisas mais antigas e familiares; perde a agudeza da estreia e, tal como todo o resto que já estava ali, vira coadjuvante da rotina. Perde a função de nos tirar do torpor das dores ou delícias conhecidas.

É na hora do susto, naquele tempo curto que dura o choque, que temos a chance de sair do lugar, mudar o enredo dos dias, guardar as certezas numa gavetinha escondida e abrir portas e janelas para os ares frescos de uma vida à qual ainda não havíamos sido apresentados.

A visita do novo é rara, e é inesperada. Muitas vezes, inclusive, corremos o risco de confundi-la com o fim de alguma certeza pela qual já havíamos desenvolvido afeto ou apego. O novo pode vir disfarçado numa perda de emprego, num fim de relacionamento, num bem material que nos foi tirado, num desequilíbrio físico, numa confusão mental ou num distúrbio emocional.

O novo nem sempre vem embrulhado em caixas brilhantes ou envolto em laços vermelhos. E por isso, inúmeras vezes, negamos a sua entrada. Erguemos barricadas à porta, como se fosse possível impedi-lo de existir.

Agarramo-nos ao emprego que já não temos, ao amor que já não está, às “riquezas” que nos foram subtraídas, ao equilíbrio perdido… como se abraçados às sombras de tudo que já não existe mais, pudéssemos evitar que o inevitável se cumpra.

Ignoramos o nosso estado mental confuso e insistimos em compreender o incompreensível. Negamos a nós mesmos o direito de aprender que não saber o que fazer faz parte do processo. É o que não sabemos que nos obriga a sair da anestesia da dor. São as perguntas, e não as respostas, que têm a capacidade avassaladora de nos desconstruir para, depois que passar a tormenta, poder gozar da brisa redentora que vem só depois que somos capazes de desenhar pontos finais, onde insistíamos em traçar eternas reticências.

Houve um tempo – e esse tempo durou o suficiente para que se esculpisse uma vida -, em que fiquei fascinada pelas armaduras, pelos escudos e pelas lanças. Um tempo em que meu mantra de sobrevivência era ter coragem. E foi assim, porque era assim que tinha que ser.

As batalhas foram vividas, umas foram ganhas, outras foram perdidas. Mas todas elas cumpriram o seu papel; foram mestras habilidosas na tarefa de me preparar para a compreensão de que nem sempre é pela luta que se ergue uma vitória. Muitas vezes é na mansidão da paciência que se vê florescer aquilo que se pensava poder possuir à força.

O tempo é o pai da vida; é dele que vem a maturidade do olhar de dentro, é por meio dele que temos inúmeras oportunidades de ver além do óbvio, do superficial e do ilusório. Antes eu fazia questão de ser forte, hoje eu faço questão de ser leve. Porque não importa o destino que tenhamos traçado… onde quer que cheguemos, se estivermos com as mãos livres e as costas libertas do peso de tudo aquilo que não nos serve mais, teremos infinitamente mais chance de abraçar uma vida nova; e por que não?!… dançar com ela por aí, até que o novo nos encontre outra vez.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme Dirty Dancing

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