Mente vazia é oficina do diabo?

Mente vazia é oficina do diabo?

Há um ditado que sempre tive certa dificuldade para entender e acolher. Até hoje fico me questionando sobre a sua veracidade. Infelizmente, esse ditado é considerado verdadeiro para bilhões de seres humanos, principalmente os ocidentais.

O ditado é: “Mente vazia é oficina do diabo”. Será? Por quê? Vamos refletir sobre isso!?

Para embasar a reflexão, compartilho algumas sábias palavras do místico oriental Osho:

“A palavra inglesa empty (vazio) deriva de uma raiz que significa “de folga”, desocupado. É uma palavra bonita se você for até a raiz. A raiz é muito fecunda: ela significa de folga, desocupado. Sempre que você estiver desocupado, de folga, você estará vazio. E lembre-se, o provérbio que diz que a mente vazia é um instrumento do diabo é simplesmente um absurdo. Exatamente o oposto da verdade: a mente ocupada é um instrumento do diabo!

A mente vazia é um instrumento de Deus, não do diabo. Mas você tem que entender o que eu quero dizer com “vazio” – de folga, relaxado, não tenso, sem movimento, sem desejar, sem ir a lugar nenhum, apenas ficando aqui, inteiramente aqui.

Uma mente vazia é uma presença pura. E tudo é possível na presença pura, porque toda a presença deriva da presença pura.

Essas árvores crescem a partir dessa presença pura, essas estrelas nascem dessa presença pura; nós estamos aqui – todos os Budas saíram dessa presença pura. Nessa presença pura você está em Deus, você é Deus. Ocupado, você cai; ocupado você tem de ser expelido do Jardim do Éden. Desocupado, você está de volta ao lar.

Quando a mente não está ocupada com a realidade – com as coisas, com os pensamentos – então existe aquilo que é. E aquilo que é, é a verdade. Apenas no vazio, existe uma reunião, uma fusão. Apenas no vazio você se abre para a verdade e a verdade entra em você. Apenas no vazio você se torna fecundo com a verdade.”

Osho

*****

O grande problema é que quase ninguém entende o real significado da palavra vazio, que tão bem o Osho explica.

Eu falei no início do texto que principalmente entre os ocidentais essa frase é considerada verdadeira. Por quê? Simples. No ocidente, mais do que no restante do mundo, não há praticamente nenhuma valorização para o lado da espiritualidade, mas para o consumismo e o materialismo.

Posso estar enganado, mas acredito que o ser humano que inventou esse ditado seja provavelmente alguém dono de muitos bens materiais, com algum posto de chefia, alguém que tinha poder para mandar nos outros, alguém que tinha servos. Vou explicar.

Se prestar atenção nas minhas palavras e nas do Osho, perceberá que estamos querendo lhe fazer refletir sobre LIBERDADE. Ter uma mente vazia é uma verdadeira dádiva, porque nesse estado de pura contemplação do belo, não há espaço para as preocupações imensas criadas pelo mundo materialista no qual estamos inseridos. A mente vazia é um espaço de paz, de harmonia, de felicidade.

Pense comigo! A maior parte das pessoas tem uma vida atribulada, a agenda lotada até a última gota de sangue, milhares de compromissos, passam o dia inteiro no trabalho etc. e quando chegam em casa. Exaustas! O que encontram? A TV ou a internet, repletas de propagandas de “compre isso, compre aquilo”, e um montão de sites de comédia, para você rir, “espairecer a mente”, e se preparar para o dia seguinte.

Veja só! Sua mente está cheia, e ao chegar em casa. Ao invés de esvaziá-la, você a enche ainda mais com um monte de baboseira! A quem isso interessa? Acho que nem preciso responder, não é mesmo?

Por que até hoje quase todos acreditam nesse ditado? Porque nós, o nosso cérebro, e toda a nossa vida, já se tornou tão condicioada, que se torna realmente difícil compreender a mensagem verdadeira.

Com apenas alguns poucos questionamentos é possível entender que este ditado é “papo furado”. Por exemplo: “Por que eu tenho que trabalhar 8h por dia? Por que eu tenho que cumprir todas as ordens do meu chefe? Por que eu não posso tirar um dia de folga no meio da semana?

E há outros tipos de questionamento também: “Por que quando estou “de bobeira” em casa eu ligo a TV? Por que quando a casa está silenciosa eu tenho que ligar o som, ou tenho que ver minhas mensagens no whatsapp?”.

Ou ainda: “Por que nas práticas religiosas eu tenho que estar em uma comunidade, com várias pessoas, rezando ou louvando, sempre com a boca aberta? Por que eu tenho que estar sempre falando? Por que eu tenho que ir pra missa ouvir o padre falar por uma hora? Ou ao culto ouvir o pastor por uma hora?”

Por que eu não posso parar, descansar, não fazer absolutamente nada? Ficar só comigo mesmo? Por que tanta necessidade de falar? De trabalhar? De se esforçar?

Percebe? Tudo na nossa sociedade não contribue com a quietude, com a pacificação, com o silêncio, com a contemplação.

O que fazer Isaias? Como sair dessa teia?

Só há uma maneira. Você precisa parar. Respirar. Buscar alguma prática meditativa. E conseguindo ficar mais sereno, depois você vai estudar, buscar entender como se comportavam os grandes mestres da humanidade.

O Osho fala no seu texto sobre Buda. Ele era um ser iluminado. Ele compreendia o vazio. O silêncio era um tesouro na vida dele.

Esse caminho é contrário ao que nossa sociedade impõe goela abaixo para nós. Tudo a nossa volta está voltado para o material, para o “compre!”. Porém, a maior conquista que todos nós podemos fazer é a do nosso espírito, crescermos interiormente.

Fazendo isso, você se pacificará. Perceberá depois de um tempo, o quanto estava perdendo um tempo precioso com tolices, com bobeiras.

Isso não se ensina em parte alguma por aqui. Sabe por quê? Por que se cada vez mais pessoas acolherem essa mensagem, as empresas vão quebrar, os trabalhos massacrantes e escravizantes deixarão de existir. E uma nova sociedade muito mais consciente do essencial, daquilo que engrandece o espírito, começará a surgir.

Essa nova sociedade não interessa nenhum pouco aos grandes empresários. Eles querem dinheiro! Eles querem lucro. Eles querem crescer colocando mão de obra barata em suas empresas.

Se você acolher o que estou dizendo aqui e buscar esse caminho, chegará o ponto em que você dirá: “Chega!”. Não vou mais trabalhar para enriquecer o fulaninho (meu patrão)”.

Nesse momento você começará a se esvaziar, e uma nova vida começará. Uma vida verdadeira, repleta de paz e felicidade.

Relaxe! Dá um pouco de medo no começo. Mas passa! Pode ter certeza que passa. Falo isso por causa da minha própria experiência.

Tudo que coloquei nesse texto são questionamentos e reflexões que fiz e alguns levei muitos anos para esclarecer.

Portanto! Pense com carinho nessas palavras. São muitas informações, e coisas que talvez você nunca tenha lido antes. Agora é com você! Torço pela sua alegria e felicidade…

Imagem de capa: pathdoc/shutterstock

Há situações em que nada é tudo o que você precisa saber

Há situações em que nada é tudo o que você precisa saber

Confesso que assumo com naturalidade o fim de uma relação. Não cultuo sofrimento, não entro em torturas psicológicas e não me culpo pelas coisas não saírem como planejado. Mas, claro, nem sempre foi assim.

A duras penas descobri que as relações acabam sem motivos prévios e aprendi a me curar com uma única (e certeira) atitude: não procurar saber da vida de quem resolveu partir. Parece loucura, mas funciona tanto quanto tomar água quando se está com sede.

Acabou. Fim. Vida nova. Paulo Mendes já Campos já ensinou no clássico “O amor acaba” que para chegar o certo, o errado tem que partir: “em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba”.

Amor quando acaba se “metamorfoseia” em outra coisa. Às vezes, vira amizade, outras carinho, outras, até, aprendizagem e a forma como se apresenta pouco importa. O que faz diferença é o modo como lidamos com os términos e como nos deixamos influenciar pelas emoções.

Quando uma relação acaba as pessoas procuram “esquecer a qualquer custo” e não percebem que o processo envolve abdicar de informações irrelevantes. Você não precisa saber se ele voltou com a ex, se ela está saindo ou se vocês ainda se gostam. É uma questão de lógica: sem informações, sem sofrimento.

Um relacionamento depende de muita coisa para dar certo. Atenção, respeito, amor, cumplicidade… Enfim, inúmeros sentimentos que garantem a felicidade do casal. Quando alguns deles se rompem o alicerce da relação fica abalado e, por motivos óbvios, é melhor terminar.

Observando de uma maneira prática, nenhum manual vai conseguir fazer você esquecer, da noite para o dia de quem você amou intensamente, mas algumas atitudes ajudam (e muito) o processo do esquecimento.

Não dá para orar “livrai-me de todo mal” e se envolver com gente tóxica. Não dá se fechar para o mundo, acreditando que não irá amar mais ninguém. Não dá para emendar uma relação na outra e achar isso natural. Na boa? Acorda para a vida! Entenda que para ser curado, você precisa, antes, estar disposto a isso.

Imagem de capa: Viktor Gladkov/shutterstock

A melhor maneira de se desculpar é mudar seu comportamento

A melhor maneira de se desculpar é mudar seu comportamento

É muito difícil enfrentar as decepções que temos em relação às pessoas que amamos, uma vez que costumamos depositar nelas nossa confiança, compartilhando com elas o nosso melhor e o nosso pior, na esperança de que nos retornarão nada menos do que verdade e transparência. E assim, muitas vezes acabamos nos frustrando, pois nem sempre nossas expectativas são correspondidas.

Talvez nosso erro maior esteja no fato de inocentemente acharmos que os outros agirão como nós, como se o coração das pessoas fossem iguais ao nosso. Com isso, aumentamos a probabilidade de receber delas o que menos esperávamos, sentindo-nos traídos e desvalorizados. Da mesma forma, o outro também espera de nós muito do que não estamos dispostos a oferecer, ou seja, acabamos, muitas vezes, machucando aqueles que nos amam.

É preciso que nos conscientizemos de que, ao nos relacionarmos com alguém, necessitaremos sair um pouco de nós mesmos, para enxergar o outro, no sentido de que ninguém é o centro do mundo e devemos, sim, abrir concessões por quem amamos. E, na mesma medida, ao outro também estabeleceremos os nossos limites, para que ambos nos ajustemos harmonicamente, de maneira saudável.

Não podemos aceitar tudo o que vier e de qualquer maneira, em nome do amor, relegando nossos sentimentos a um segundo plano. Tampouco poderemos agir como quisermos, sem pensar em quem caminha ao nosso lado, pois ninguém é isolado do todo. Por isso, é necessário que estejamos atentos ao outro, sem perdê-lo de vista, pois assim percebemos os momentos em que magoamos os sentimentos alheios, para tentarmos nos desculpar.

De nada adiantará, que fique claro, pedirmos desculpas, darmos presentes, enviarmos mensagens, prometermos com veemência que nunca mais aquilo se repetirá, caso continuemos agindo da mesma forma e voltando aos mesmos erros, ali no dia seguinte. Quem se arrepende de verdade passa a agir de forma diferente, pois assume o erro e não deseja mais ferir a quem magoou. Isso é demonstração de que realmente nos importamos.

Muitos não abrem mão de nada, não refletem sobre suas atitudes, não repensam a própria vida, pois se encontram tão perdidos dentro de si mesmos, iludidos pela comodidade de seu egoísmo, que se tornam incapazes de  compartilhar, de viver o que é mútuo. Não perdoam, nem se perdoam. Esses jamais terão a oportunidade de receber o perdão de ninguém, pois se acham perfeitos. Esses não merecem o nosso amor, as nossas verdades, as nossas mudanças em favor de vidas que se trocam e se tocam com intensidade.

Imagem de capa: Sjale/shutterstock

Triste é um mundo que nos cobra felicidade o tempo todo.

Triste é um mundo que nos cobra felicidade o tempo todo.

É que de quando em vez a gente fica triste, sabe? Assim, triste. Macambúzio, cabisbaixo, taciturno. Amuado sem mais o quê. Acontece. Acontece com todo mundo. Quem nunca sentiu tristeza? Há de haver neste mundo quem jamais se viu aborrecido e achou que ia ser para sempre?

Eu fico triste. Quase sempre. Depois passa. Mas eu fico. E acho uma bruta covardia que o mundo nos cobre felicidade o tempo todo. Não dá. Tem horas em que a gente se aborrece. Daí vem alguém nos apontar o dedo, o queixo, o olhar superior e dizer “vai lavar a louça que passa”.

Acontece que talvez eu não queira que passe assim, com a espuma da louça enxaguada. Porque não se faz isso com visita nenhuma. “Senta um pouquinho aí, dona tristeza. Eu vou ali ajeitar a casa e já volto papear com a senhora, tá?”

Então eu demoro um tanto lá dentro e quando volto me dou conta de que a tristeza, cansada de esperar, já foi embora. Pode até funcionar uma vez. Duas. Mas não dá certo para sempre. Uma hora ela agarra na sua perna e vai junto. Vai com você lavar a louça, vai com seus tantos nomes. Agonia, mágoa, dor, desconsolo, pesar, luto. Ficam todos ali, na gordura dos pratos sujos, na superlotação da pia, na esponja envelhecida, no copo que escorrega de suas mãos ensaboadas e se espatifa na vida. No desânimo de estar ali com você. Em você.

Aí não tem jeito. É preciso sentar com ela e olhá-la nos olhos. Ouvir suas histórias, saber seus motivos. Aprender que todo mundo uma hora há de ser triste. E que a tristeza é nada senão uma crise. Crisálida gestando seu tempo de ser borboleta.

Repare. Toda gente feliz já sentiu tristeza em algum grau, de qualquer tamanho, cor, intensidade. Ser feliz é conhecer a comparação. Quem já se viu triste valoriza de fato os minutos de alegria que, somados ao longo da vida, talvez resultem em felicidade.

Tem gente abrindo mão de seu direito sagrado à tristeza. Cheios de medo, damos as costas, fingimos que ela não existe e perdemos a melhor parte da felicidade que nos cabe: o susto de sua chegada, a consciência de sua estada em nós. E isso é o mais triste.

Quer saber? Gente muito feliz o tempo todo me incomoda. Gênios superiores, seres bem resolvidos insistindo em jogar sua alegria na minha cara, escancarar elevação, impor sua felicidade como quem exibe um brinquedo novo. Só para farejar minha névoa e escarnecer da minha incapacidade de ser como eles.

Eu fico triste, sim. Vira e mexe, entristeço. Mas sabe o que é? Isso não faz de mim pessoa infeliz. Ah, não faz, não.

Imagem de capa: Marcos Mesa Sam Wordley/shutterstock

Quando a gente decide tomar um novo rumo na vida

Quando a gente decide tomar um novo rumo na vida

Por Juliana Garcia

Quando a gente decide tomar um novo rumo na vida, acontece um movimento natural de buscar reforços. A gente lê, faz cursos, participa de grupos, se mune de conteúdos que apoiem nossa transformação. Porém chega um momento em que toda essa carga vai transbordando. A gente pode entrar numa ansiedade tremenda, querendo que as coisas caminhem rápido, afinal começa a soar um alarme interno de muito tempo perdido. Quando a gente começa a se aprofundar e a remexer nos baús, parece que a vida virou uma enorme bagunça. A gente quer mudar tudo aqui e agora. Mas não há organização que possa começar por todos os lados ao mesmo tempo, só que a gente não sabe por onde começar. O copo transborda. Nessas horas a gente quer alguma luz, busca respostas por todos os lados, um conselho, uma dica. E vai acumulando mais carga e o copo transborda ainda mais. Daí a gente começa a questionar a nossa capacidade, as teorias e até as pessoas que nos estenderam as mãos. A gente passa a buscar, questionar, debater com tudo que está fora. Mas o turbilhão está dentro.

~ pausa para respirar ~

Quantas vezes ao dia você respira profundamente? Quantas vezes ao dia você sequer percebe a sua respiração? Se hoje, não houve nenhuma pausa assim, que essa seja a primeira. Perceba o ar entrando pelas narinas mais frio, saindo pela boca mais quente, o peito se estendendo depois relaxando. Ocupe seu lugar no momento presente.

Quando a gente quer tomar um novo rumo, na melhor das intenções, a gente começa um movimento. Mas a gente começa, muitas vezes, uma movimentação que só nos consome energia, um movimento que não nos move a lugar algum. Simplesmente porque não ouvimos a nossa voz, não refletimos qual horizonte será o nosso norte, nem sentimos nossos pés pisando o solo que está aqui e agora. Então, respire! Você não está numa corrida ou numa luta contra o tempo. Não! Faça do tempo seu aliado. Você não está atrasada. Você está no exato momento perfeito para saber o que você sabe e os recursos chegaram na hora em que você estava pronta para receber. Essa é a sua hora! Você nunca mais será tão jovem quanto é agora (isso vale se você tiver 17 ou 63 anos), nem nunca teve a consciência que você tem agora. E mais, você só tem oagora. Então, desfrute-o. Não encha seu agora com cobranças pelo que foi, nem com medo pelo que virá. Senão, seu agora vai virar uma ilusão, uma miragem.

Pare, respire. Comece por um ponto. Um pequeno passo. Abra um pequeno espaço na sua agenda e comece a cuidar de você, que sejam 15 ou 20 minutos por dia. Comece a escrever um Diário da Gratidão. Esvazie a mente. Cante ou dance. Faça algo que eleve sua energia e bem estar. Com o tempo, esses 15 ou 20 minutos já serão sagrados. Você conseguirá abrir mais algum tempo, 1 hora quem sabe. Até que você consiga enxergar sua presença em todos os momentos e em todas as escolhas.

Eu sei, você tem fome de vida! Você quer preencher sua existência com tudo de belo que você almeja. Você quer sentir seus olhos brilhando e o coração batendo dentro do peito. E você quer isso agora! Mas se você não desacelerar, o que você vai sentir é só o coração batendo ansioso e a respiração curta e pouco profunda, enchendo seu peito de angústia – o contrário de tudo que você sonha.

Comece pelo seu “porquê”. Por que você quer realizar essa transformação profunda? Qual é o significado disso para você? Por que você quer levantar todos os dias de manhã? Qual é a diferença que você quer fazer? Qual é o seu lema de vida? E também aqui: respire! Comece pelos pequenos “porquês”, não se exija achar a revelação do suprassumo do universo. Podem ser coisas simples, como “eu quero ser colo e aconchego”, “eu quero inspirar as pessoas a serem elas mesmas”, “eu quero ser quem eu sou e me sentir presente na vida” ou alguma outra frase simples que espelhe o seu “porquê” nesse momento, como ele veio para você.

A partir desse “porquê” é que deve se assentar o restante. Dele é que vem o “como”. Como você vai expressar esse “porquê”, seu propósito, seu lema de vida. Depois vem “o quê”, o que você vai fazer, quando, de que maneira. A partir daí, você tem critérios mais sábios (da sua sabedoria interna) para tomar decisões, para comparar as propostas com os seus valores, para planejar ações, para traçar seu mapa e seguir a caminhada.

Enquanto essas bases não se clareiam, não existe super ferramenta de produtividade que aprume as coisas, nem guru que ilumine as ideias. Ah, mas também não espere “se conhecer completamente” antes de dar os primeiros passos. Muitas vezes o seu “porquê” vai se revelar para você no cotidiano, nos acontecimentos corriqueiros, em alguma frase que vai lhe parecer nova, na medida que você diz sim às coisas que lhe acendem. Clareie as bases e vá definindo os próximos passos, com calma e inteireza. Vá pra vida e esteja atent@!

O que acontece é que a gente sai à procura de algo que nem sabe o que é, nem sabe como, muito menos o porquê. Como você vai reconhecer a resposta, se nem sabe qual é a pergunta? Então, se asserene, acolha as perguntas, aprenda a amá-las. Comece procurando as respostas que vêm de dentro, observe seu movimento interno e comece a clarear as coisas. Procurar por respostas para aplacar a sua ansiedade, alimentando mais ansiedade… Bem, assim você só vai ter mais respostas desse mesmo nível. Se a gente quer soluções diferentes, precisa fazer diferente.

 ~ deixe ser fácil ~contioutra.com - Quando a gente decide tomar um novo rumo na vida

Deixe que flua, deixe ser fácil.
Muitas vezes basta que a gente faça um pequeno ajuste no nosso jeito de pensar, que a gente pare de resistir e controlar, que a gente pare de dificultar. E aí, as coisas fluem.
A gente é que complica. Então, a gente também pode simplificar, facilitar, permitir.

Respire, se escute, se acolha. Não se cobre tanto, viu? Você está fazendo um lindo caminho! Reconheça isso!

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Saiba mais sobre a autora e seus textos acompanhando seu blog Juliana Garcia

Imagem de capa: Ollyy/shutterstock

Eu não quero te perder, mas não vou te obrigar a ficar

Eu não quero te perder, mas não vou te obrigar a ficar

Das muitas coisas que a gente aprende com o tempo é que, implorar ou obrigar que alguém fique, não é amor. O sentimento só permanece se houver interesse e serenidade. Porque não é fácil se desfazer do peso das decepções passadas e dos medos futuros. Por mais que você tente, existe uma grande diferença entre estar pronto (a) e estar disponível para alguém.

Há uma enorme quantidade de amores circulando por aí. Mas, honestamente, em quantos deles você enxerga um caminho de bom senso e parceria? São muitas juras de amor e poucas conversas. São amores que perdem tempo disputando território em vez de dividirem conquistas. Mais pra frente, não tarda muito e tudo acaba. Mesmo ciclo, outras dores, velhos costumes. Vale a pena? Eu não quero te perder, mas não vou te obrigar a ficar.

O que sinto não é nenhum segredo. Disfarçar o óbvio não é uma qualidade que possuo. Sempre fiz questão de deixar livre as coisas que sinto – é uma daquelas coisas que a gente aprende com o tempo. Pois, após uma enxurrada de desencontros, você meio que decide colocar pra fora os seus melhores e piores lados. E você não faz isso no sentido de “o mundo que me aceite”, mas porque foi um tratado de paz com o próprio coração – preciso ser sincero (a) comigo para pensar em estar ao lado de alguém. Dá trabalho, reconheço. Amadurecer as feridas do coração não é para amadores.

Das muitas coisas que a gente com o tempo é que, fica quem é bem cuidado. Quem tem retorno e cumplicidade nos bons e maus dias. É amor quando duas pessoas conseguem passar pelo mesmo presente, mas transbordando esforços para um futuro melhor. Porque é leveza se você parar para pensar em quem está te acompanhando. E, por mais que você negue, existe uma grande diferença entre ter sorte e ter vontade ao lado de alguém.

Não me entenda mal, eu te quero. Estou pronto (a) mas, acima de tudo, disponível. Para querer, ser e somar. Trago os mais variados sentimentos de reciprocidade e parceria. Talvez não seja o suficiente para você, entendo. Eu não quero te perder, mas não vou te obrigar a ficar.

Imagem de capa: Movimento Em Falso (1975) – Dir. Win Wenders

Quanto mais carinho você recebeu dos seus pais, mais atraente você se considera

Quanto mais carinho você recebeu dos seus pais, mais atraente você se considera

Por Felipe Germano

Você se sente um Cauã Reymond? Uma Bruna Marquezine? Deve ser por que sua mãe te amou muito.

Coelhos não são animais lá muito paternais. Depois que os filhotes nascem, a mãe cuida dos bichinhos por menos de um mês; depois é cada um por si. E olha que eles ainda são mais sortudos que as focas. Algumas espécies, como a foca harpa, cuidam da prole por apenas 12 dias. Quando os pais vão embora, as foquinhas não sabem nem se mexer ainda: em geral, elas ficam dois meses presas na neve, sem comer, e vulneráveis a qualquer tipo de predador. Só 30% das crias sobrevivem ao primeiro ano de vida.

A vida desses bichos é complicada – e poderia ficar ainda pior, se eles tivessem consciência humana. Caso esses bichinhos funcionassem como nós, eles se sentiriam feiíssimos. Uma nova pesquisa mostra que o carinho recebido pelos pais é diretamente proporcional a quão atraente você se sente quando é adulto.

O estudo foi conduzido pela Universidade de Åbo Akademi, na Finlândia, e é baseado em respostas de mais de 1200 entrevistados. Todas as 907 mulheres e 337 homens responderam perguntas como: “Com que frequência você e sua mãe conversavam, durante sua infância? ” e “Quão por dentro seu pai estava, a respeito do tempo que você passava, e o que você fazia com seus amigos ”.

As respostas eram sempre dadas dentro de uma escala onde “Raramente/De forma nenhuma” equivaliam a zero, e “Constantemente/Bastante” significavam 100. Paralelamente, os mesmos participantes usavam a mesma escala para responder perguntas como “Comparando com pessoas do mesmo gênero que você, quão atrativo você é como parceiro? ” e “Quão atraente você é, em relação à personalidade, status e inteligência? ”.

Quando os dados foram cruzados, o resultado foi conclusivo: “Colocados juntos, os resultados mostraram uma associação direta entre o investimento emocional que os pais fizeram, e a auto avaliação da atratividade. ” Conclui Jan Antfolk, psicólogo da universidade, e responsável pelo estudo. Os pesquisadores acreditam que as causas para isso podem variar, mas apostam que o carinho familiar pode ajudar, por exemplo, na saúde mental dos indivíduos – o que aumentaria a autoestima do participante.

Outra possibilidade é que, durante essa atenção extra na infância, os pais transmitiam valores para seus filhos, desde valorização de si próprio até a como tratar com respeito um parceiro – o que ajudaria a longo prazo as relações e as percepções de mundo dos participantes.

O estudo ainda apontou que há uma diferença entre a atenção dada por pais e a dada pelas mães. O investimento emocional feito pela mãe tinha uma relação direta com a auto avaliação dos participantes – já o carinho paterno só apresentava efeito quando a mãe também estava presente.

Os próprios pesquisadores admitem que é difícil confirmar essa relação de causa e efeito, por conta do tempo que separa a infância da fase em que alguém começa a se considerar, de fato, um par romântico/sexual, e também por que o estudo ignora a genética dos voluntários. De qualquer forma, não faz mal prestar atenção nos seus filhotes.

Imagem de capa:  AlexMaster/Shutterstock

TEXTO ORIGINAL DE REVISTA SUPERINTERESSANTE

O tornar-se mãe

O tornar-se mãe

O momento da descoberta de uma gravidez gera um turbilhão de emoções que vão aumentando juntamente com o crescimento da barriga. Mulheres que se tornarão mães pela primeira vez sentem um misto de realização, expectativas, ansiedades e medos. O que esperar dessa nova vida?

O momento do nascimento de um bebê é único e geralmente vem acompanhado por uma sensação de completude, felicidade, alívio, realização, entre tantos outros sentimentos bons que podem ser citados aqui. Porém, há também um outro lado da maternidade, que pouco é comentado, mas que precisa de atenção, muito carinho e de acolhimento para a recém mãe. Não é incomum conhecermos histórias de mães que se sentem profundamente tristes após o parto, angustiadas diariamente no puerpério. Apesar dessas sensações de angústia serem pouco verbalizadas publicamente, elas são naturais nesse período.

Se prestarmos atenção na fala dessas mães perceberemos o enorme sentimento de culpa e de vergonha que acompanham toda essa angústia e, por isso, elas acabam guardando para si todas essas emoções. Autocríticas são recorrentes, como: “Como posso estar triste depois de realizar o sonho de ser mãe? Porque estou angustiada se amo muito meu filho? Não tenho direito de reclamar, meu filho nasceu perfeito e com saúde!”

Preconceito social

Verbalizar em voz alta esses sentimentos pode ser muito doloroso. O medo do julgamento e da crítica é muito forte. Há uma pressão social que espera que uma mulher no puerpério, deva se sentir plena, feliz e realizada. Há muitos preconceitos sobre àquelas que se mostram um pouco mais entristecidas ou angustiadas. Essas mulheres são rotuladas como péssimas mães, que não amam seus filhos, ou mesmo como “desequilibradas”. Essas são críticas muito fortes para quem, na realidade, só precisa de atenção e acolhimento no seu sofrimento. Rótulos esses que inibem que as mães consigam conversar com alguém sobre suas questões mais íntimas. Quanto mais elas guardam para si suas angústias, mais difícil se torna a sua resolução.

O tornar-se mãe é um processo muito delicado para as mulheres. Mexe com questões muito primitivas. Nos remonta a nossa própria infância e a forma como fomos recebidos no mundo. É uma enorme mudança na vida da mulher. Rotinas, falta de sono, estranheza com o próprio corpo, insegurança de como cuidar de um bebê tão frágil, alterações hormonais, são algumas dessas dificuldades.

Toda mudança gera angústia, mesmo quando são mudanças planejadas e desejadas! É um momento em que a mãe necessita de cuidado, apoio e carinho. Uma psicoterapia pode ser um bom auxílio, por se tratar de um espaço em que ela pode falar sobre tudo sem medo dos julgamentos ou críticas.

Depressão pós-parto

Apesar de ser relativamente comum surgirem essas tristezas no pós-parto, elas tentem a diminuir com o passar das semanas à medida em que essa mulher vai estabelecendo alguma rotina e ganhando mais segurança na relação com o bebê. Porém, há mães que não seguem esse caminho e, na realidade, os sintomas vão ganhando ainda maior intensidade. O que torna o cuidar um processo praticamente impossível e doloroso. Podemos estar à frente de uma mulher com depressão pós-parto.

A depressão pós-parto uma doença muito séria, que impede que a mãe consiga cuidar do seu filho e, consequentemente, o vínculo afetivo tão importante nesse primeiro momento entre mãe-bebê fica prejudicado, podendo gerar sequelas nessa relação para a vida toda. Nesse caso é muito importante que haja uma terceira pessoa, que pode ser o pai, a avó, ou qualquer outra que esteja disponível para dar afeto ao bebê.

Naturalmente essa mulher também necessita de cuidados. O tratamento adequado para a depressão pós-parto é a psicoterapia associada a um tratamento recomendado por um médico psiquiatra. Além do apoio e acolhimento familiar tão fundamentais.

Respeite o outro

O tornar-se mãe é um momento muito especial na vida de qualquer mulher, geralmente muito desejado e aguardado. Permite que haja uma transformação interna, uma reavaliação de sua própria vida e uma necessidade de fazer diferente, de ser uma pessoa melhor para seus filhos.

O que precisamos ter sempre em mente é que cada pessoa tem o seu próprio tempo de transformação e que é preciso respeitar a individualidade de cada um! Com o apoio adequado, essa nova mãe será capaz de aproveitar cada momento delicioso que a maternidade pode proporcionar!

Imagem de capa: Olya Vusochyn/shutterstock

Merlí, a retomada da liberdade e da ousadia no sistema educacional

Merlí, a retomada da liberdade e da ousadia no sistema educacional
TELEVISION SERIE MERLI

É uma série catalã iniciada em 2016 com três temporadas. Merlí é professor de Filosofia de um turma do ensino médio no Instituo Angel em Barcelona. Ele é o herói sedutor, irreverente e completamente livre em suas ideias pouco ortodoxas que, gradativamente, se torna o tutor desta turma de adolescentes curiosos e desobedientes, amargos com pais tradicionais e infelizes com casas desgovernadas, com pai ausente e mãe problemática.

Neste cenário, Merlí se entrega com paixão ao ensino de Filosofia passando pelas problemáticas da própria classe. Ele faz os alunos sentirem a importância da filosofia e de sua presença no cotidiano. Começando pelo gregos, com Platão, os pré-socráticos, os peripatéticos, Aristóteles, Sócrates, os céticos, passando para a idade Média, o Iluminismo com Beócio e Descartes até alcançar o Modernismo através de Foucault, Freud, Nietzche, Engels e outros.

Merlí se torna o herói da turma, por seu humor, sua especial qualidade de cuidar, amar e acolher estes alunos cheios de conflitos, dores, desavenças e solidão. Há personagens bem marcantes, com uma personalidade forte, como Pol, Marc, Tania e Joan. Seu filho, Bruno também é seu aluno e através da relação com a turma sente-se mais livre quando finalmente declara ser gay e se integra ao grupo.

Toda a narrativa é marcada também com a convivência invejosa e competitiva dos professores adultos que se dividem entre os que admiram Merlí e aqueles que pretendem derrubá-lo. É fascinante sua habilidade de argumentar sem perder a calma, apenas com o uso da ironia e da empatia. Ele sabe que é um sujeito complicado, sem amigos, com uma mãe atriz, um filho gay e uma atração imensa pelas mulheres.

Merlí faz com que nos apaixonemos pela sua ideia de liberdade, de busca constante por uma transformação nos alunos e principalmente na capacidade que eles têm de pensar, conhecer-se e se tornarem independentes. Para isso, muitas vezes, entra em conflito com alguns pais e por outro lado não desiste do seu ideal de curar os solitários, através do confronto e da conversa como o caso do rapaz que sofre de agorafobia, tendo se tornado refém do medo e de suas manias. Ficamos maravilhados com a paciência e a compaixão de Merlí que consegue conjugar respeito com suavidade e humor.

Uma série catalã digna de ser vista com prazer numa torcida grande pelo herói que precisamos em nossas escolas, pela valorização do(a) professor(a) nos dias atuais quando a família está desestruturada e a juventude não vê sentido em seus futuros, alienando-se do presente e das razões porque sofrem. Passam a pensar. Parece fácil, mas muitos estudantes não sabem mais viver sem a cara num celular, trocando a conversa e a leitura por fofocas e prazeres fugazes. Que Merlí vença toda a hipocrisia existente em sistemas escolares medíocres e obtusos.

Imagem de capa: Reprodução

Estamos onde deveríamos estar!

Estamos onde deveríamos estar!

Dia desses, tive que tomar uma decisão em minha vida particular, e essa decisão, não foi uma das mais fáceis, porém, necessária.

Fiquei pensando nos motivos que me fizeram tomar essa decisão, e após uma boa analise, notei que por mais difícil que seja, foi a mais sábia no momento. Tem coisas que a gente não consegue controlar, e que só o tempo é capaz de colocar as coisas no lugar. Por mais que a gente queira que a realidade seja diferente, as coisas nem sempre saem conforme nossas vontades, e está tudo bem. A culpa nunca será nossa. Estamos onde deveríamos estar.

Se algo não saiu conforme o planejado pode ser que não seja o momento. E se não acontecer o que gostaríamos que acontecesse, algo de melhor irá acontecer.

E assim é a vida. Ela tem lá os seus mistérios. Por mais difícil que seja temos que exercitar a paciência. Uma vez que fazemos isso, entendemos que as coisas não acontecem no momento em que queremos, e passamos a apreciar o processo de espera. E nesse processo, nossas convicções amadurecem.

O primeiro passo é sempre plantar as sementes, entretanto, temos que esperar que elas cresçam sozinhas. Não é questão de acomodar-se, mas esperar que coisas aconteçam em seu ritmo natural.

Lembre-se, tudo que for para ser seu, será seu. É preciso entender que nem sempre as coisas vão acontecer no momento em que queríamos, e isso, faz parte da vida de qualquer ser humano.

É preciso enxergar o lado positivo das coisas. Em cada obstáculo percorrido, temos a oportunidade de tirar lições grandiosas. Basta estarmos com o coração aberto para enxergá-las e acreditarmos que o melhor está por vir.

Imagem de capa: AndreyUG/shutterstock

Sabe de amor quem aprendeu a respeitar

Sabe de amor quem aprendeu a respeitar

Quando conheci a The School of Life, logo de cara, descobri que havia uma possibilidade de aprendizagem e de crescimento intelectual com as técnicas aplicadas pelos profissionais da escola. Com ideias equilibradas, pessoas inteligentes e questionamentos baseados no bom senso, a escola é um verdadeiro presente para quem busca inteligência emocional e soluções práticas para a resolução dos problemas diários.

De forma objetiva, os professores, coaches e consultores, das mais diversas áreas do conhecimento, apresentam temas importantes que levam as pessoas a refletirem sobre o próprio comportamento.

Em uma dessas palestras, o tema “respeito” foi discutido e comecei a refletir sobre tudo o que envolve o tema, sobre o que deveríamos aplicar e não aplicamos e o quanto o respeito está ligado a nossa autoestima.

Falamos de amor, sem oferecer companheirismo. Queremos carinho, mas na primeira discussão as ofensas viram prioridades. Buscamos paz, mas fazemos do relacionamento um verdadeiro campo de guerra. Em outras palavras: lamentavelmente não sabemos respeitar e, consequentemente, não somos respeitados.

O desespero em ficar sozinho é tão grande que muitos esquecem que, antes de qualquer sentimento, o respeito deve prevalecer.

Ele a ofende todos os dias, mas você acredita que esse “é o jeito dele de amar”. Ela não gosta da sua companhia, mas você prefere acreditar que está se fazendo de difícil. Vocês brigam mais que lutadores de UFC, mas encaram isso como normal, afinal, “que casal não briga?”

É importante saber que antes de falarmos em relacionamentos, deveríamos saber a importância do respeito mútuo, já que além de obrigatório o mesmo atinge diretamente a autoestima dos envolvidos. (Isso explica porque algumas pessoas aceitam viver relacionamentos abusivos e acreditam não serem merecedoras de algo melhor).

Em qualquer relação social, mesmo que saibamos do nosso próprio valor, buscamos a valorização do nosso grupo social (amigos, namorados, família) e isso é bem comum. O problema é que, nem sempre, essa valorização acontece e o que deveria ser algo natural torna-se agressões constantes.

Ser sincero é diferente de falar tudo o que pensa. Achar algo incomum não te dá o direito de discriminar. Pensar diferente da massa não te dá o direito de obrigar os outros a pensarem iguais. Lembre-se que sabe de amor, quem primeiro, aprendeu a respeitar.

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Proibido é pisar nos outros. Na grama pode.

Proibido é pisar nos outros. Na grama pode.

Nós estamos juntos. Em última instância, estamos todos unidos em um mesmo tempo. Por mais que aqui e ali um grupo e outro se isolem, ainda que a uns tudo sobre e a outros nada falte, apesar da sanha cega de tanta gente por concentrar renda e latifundiar razão, pertencemos à mesma época. Os que tudo possuem e os que nada têm.

De alguma sorte, estamos atados um ao outro e não há o que fazer a respeito. Enfrentemos juntos o caminho, escalemos em grupo essa subida vertical ou o fim será um só: a corda invisível amarrada à cintura do último da fila vai nos derrubar a todos rumo ao abismo.

Uma hora ou outra, você e eu nos enterraremos nas mesmas trincheiras que cavamos entre nós. Direita e esquerda, ricos e pobres, brancos, pretos e amarelos, mulheres e homens, héteros e homossexuais, protestantes e cristãos, crentes e ateus. Estamos todos juntos. O mal que acometer cada um de nós há de espirrar em todo o resto.

Não há para onde fugir. Só nos resta nos ajudarmos um ao outro. Cabe a cada um de nós descobrir o que fazer. E há tanto, tanto o que fazer por aí!

Chega de briga. Quanto tempo jogado fora! Apesar de nossas discordâncias, somos uma mesma substância. Estamos debaixo do mesmo céu! O chão que nos sustenta sempre foi o mesmo. Você e eu e todo mundo caminhamos sobre ele e sobre ele haveremos de desaparecer um dia.

Até que esse dia chegue, tenhamos a decência de seguir com firmeza, correção e elegância, pelo Amor de Deus! Seja lá por onde formos, não pisemos em ninguém e desviemos em tempo dos pés malvados que encontrarmos no caminho.

E que o vento nos ajude a seguir em frente, um sopro fresco e forte que arranque as roupas do varal, bagunce os cabelos da gente e desarrume tudo quanto for armado e vil. Que esse vento baderneiro atrapalhe os planos dos canalhas, leve embora o que é ruim e traga de longe o perfume de velhas saudades, renovando nossa esperança e limpando nossos caminhos com a força de um milhão de anjos soprando vida longa, amor e festa sobre nós, prontos para seguirmos livres sobre um infinito gramado verde onde pisaremos sem culpa, cada um em seu rumo, juntos num mesmo tempo que amanhã há de ser melhor, muito melhor do que hoje.

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Sobre valorizar os caminhos da estrada

Sobre valorizar os caminhos da estrada

Envelhecer para alguns é uma dádiva. Para outros, é uma estação non grata. Acho que não vivi o suficiente para uma profunda reflexão sobre a finitude. Chega a soar irônico, pois apesar de não ter experiência suficiente para falar sobre envelhecimento, é justo o que farei, embora saiba que não cabe a ninguém um ilusório encerramento da questão. Não tenho aqui a pretensão de comunicar nenhuma primavera, mas certamente trarei o olhar mais consentâneo para mim, que, aliás, é um olhar que sempre destoou de nosso meio social. Paciência. O senso comum é implacável com a velhice. Apesar disso, fico a indagar quanto tempo a gente passa na vida preocupado com a passagem do tempo. E isso é necessário, vejam bem, o perigo está na intensidade e na forma. Levamos uma vida inteira sem saber lidar com a velhice? Sem aceitá-la e saber que é parte inevitável da vida? Esmerando-se para retardar seus efeitos no corpo e na mente?

Até aqui, sem crises existenciais. Já pensei sinceramente que envelhecimento poderia não ser uma coisa natural e sequer acharíamos mal. Talvez vivêssemos melhor se fôssemos eternos; talvez não. Mas basta. Não dá pra viver a vida elucubrando e queixando-se. Estou degustando com prazer e sem dramas o passar do tempo. Pessoalmente, sinto que psicologicamente a velhice abaterá um pouco diferente, de forma mais natural, mais resignada. Sempre considerei envelhecer uma bênção, ato contínuo de viver. E é bom viver. Quem não suporta a ideia de envelhecer como algo natural deveria ao menos pensar que resta-lhe uma alternativa: morrer. Desculpem ser tão taxativa, mas é ou não é verdade? Interrompemos a vida e assim não envelhecemos. Pronto. Eu dispenso a precipitação. Quero aproveitar cada centelha de vida.

A pedra fundamental, a parte dura disso não é apenas a nossa própria finitude, mas a dos que amamos. É indescritível amar alguém com todas as forças e em dado momento não tê-lo mais aqui. Aí sim o coração amiúda. E como! Vemos muitas pessoas envelhecendo ao nosso redor, presenciamos a perda da saúde delas e até acostumamo-nos a vê-las partir dali a algum tempo. Tudo muda quando vemos nossos pais, avós e tios envelhecerem, pois é como se não déssemos conta de que eles irremediavelmente também perderão o ânimo, a memória, a vitalidade. Eternos imaturos que somos, temos a tendência de achar que eles não mudarão e serão iguais, que apesar dos anos eles não viverão em situação de fragilidade a ponto de precisarem de nossa ajuda. Não é só de experiências que precisamos, mas de fortaleza para lidar com isso. E paciência, e benignidade…

Contanto como tudo que existe, não há só céu ou inferno em envelhecer. Há nuances em tudo. Diversidades, singularidades e a fina mágica da mente humana, que direciona a vida para o alavanque ou o soterro. Sempre fui positiva nesse aspecto. Admiro desde sempre as pessoas mais velhas. Adoro conversar e relacionar-me com idosos. E, para o choque da grande massa, vejo beleza na velhice. Sim, porque na beleza física, além de caber o relativo, cabem as particularidades de cada fase da vida. O tempo corre seus anos, mas algumas pessoas parecem não notar. A minha avó materna, por exemplo, ao que parece envelheceu sem perceber, tal era a sua energia vital – apesar das doenças. Era uma avó-menina, linda como uma azaleia. No caixão ela estava tão bonita e queda que mais parecia dormir. E sonhar. Segurei algumas flores de lírio no caminho do sepultamento e coloquei-as sobre o sepulcro. Da cena e do cheiro eu não esqueço. Será por coincidência que hoje meu perfume predileto tem aroma de lírios? Vai saber.

O passar dos anos pode não trazer apenas rugas, mas altivez. Da infância à terceira idade, cada momento reserva traços do belo e do singelo. As perguntas são: Você gosta da veracidade? Está pronto para ver isso? Ou ainda : Quer ver isso? É preciso criar novos paradigmas e olhar com mais carinho para esse segundo tempo da vida. Assim como para brincar com uma criança é preciso sonhar, para aceitar a finitude é preciso dilatar-se, apaziguar o coração. A cronista gaúcha Martha Medeiros tratou essa fase pós-cinquenta de segunda juventude, e até disse que nela é possível realizar novas aventuras.

É isso ou ser rebanho, caros amigos, supervalorizando a juventude em uma sociedade que valoriza todo tipo de fugacidade. Em uma sociedade plastificada os valores são frívolos, as relações líquidas ( para aprofundar-se , cabe ler o sociólogo e filósofo polonês Zigmunt Bauman). Supervaloriza-se a juventude permanente e pretere-se a velhice como valoroso espaço de existir. Ora, sejamos mais sensíveis ao humano. Mudemos esses paradigmas e assumamos novos padrões. A eterna juventude é utopia. Mas jovialidade é outra coisa. Se o sujeito tem energia, saúde, esperança e disposição para a partilha, provavelmente escutará que parece um jovem, independente do quanto já viveu. Fome de viver é uma característica legada aos jovens, mas ela pode estar em qualquer um de nós, se pararmos para raciocinar bem.

Há poucos dias, um fato engraçado. Pela primeira vez alguém tratou da minha idade como peso. Em uma loja, a vendedora soltou no meio de uma explicação: “ a senhora já está com quase quarenta anos”. Nenhum drama. Confesso que fiquei me segurando para não rir na hora. Não perguntem por quê, embora ache que seja uma daquelas pessoas bobas para rir. Se alguém trata com pesar os meus trinta e poucos anos, imagina como não enxerga quem tem cinquenta ou sessenta anos? Eu, que tenho a felicidade singela do bem-te-vi, uma vida boa e bastante ocupada, sequer parei para pensar nisso até agora. Tenho praticamente a mesma forma física da adolescência, mantenho hobbies desde muito cedo, sou razoavelmente saudável (afinal, ninguém é zero quilômetro), preservo algumas purezas, e apesar de ter vivido algumas experiências duras contrárias a essa fé no melhor, decidi ser crédula, ter esperança. Espero continuar assim.

Dificilmente algo é totalmente ruim e desprezível. Aos que são de amadurecer ( nem todos parecem dados a isso), a maturidade que vem com o tempo é muito boa. Seria perfeito se pudéssemos nascer maduros. Assim diminuiríamos a importância das coisas que já não tinham importância, mas não sabíamos. O filme “ O curioso caso de Benjamin Button”, do diretor americano David Fincher, mostrou com graça na ficção como seria isso. Na Nova Orleans do início do século XX, nasce Benjamin Button de forma curiosa e incomum. Apesar de ser um bebê, tem a aparência e as doenças de um idoso avançado. Ele segue um caminho inverso ao de todos nós, pois ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button rejuvenesce. Delicadezas transbordam o filme, mas nenhuma poesia supera o encontro com o seu amor Daisy, uma criança que Button conheceu quando menino e por quem se apaixona. Ele aguarda que Daisy cresça para tornar-se uma mulher, enquanto ele rejuvenesce para tornar-se um jovem adulto e assim os dois envolverem-se amorosamente.

O fato é que quanto mais vividos, damos mais importância para as coisas que não sabíamos, mas temos que dar. A maturidade ajuda a equalizar a vida. Não tem crise. A alma não envelhece. O pensamento não envelhece. O belo não envelhece. O amor não envelhece! Achar ruim envelhecer significa achar ruim a fatura de viver. Significa só valorizar parte da estrada (a chegada) e esquecer do caminho percorrido. Sentir assim significaria não gostar dos banhos de água doce que tomei, dos sonhos que realizei, dos chocolates que comi, dos beijos que dei, das histórias que li, dos choros de alegria ou dos amigos que docemente somaram-se na minha jornada. Tá tudo ali, na minha fatura. E perdoem-me, mas não acho nada disso ruim. Pago essa conta com gosto.

Imagem de capa: ML Harris/shutterstock

Filhos de pais emocionalmente imaturos: infâncias perdidas

Filhos de pais emocionalmente imaturos: infâncias perdidas

Ser filho de pais emocionalmente imaturos deixa marcas profundas. Tanto que são muitas as crianças que acabam assumindo responsabilidades de adultos e que crescem antes da hora forçados por essa incompetência paterna, por esse vínculo frágil, descuidado e negligente que apaga infâncias e arrasa a autoestima.

Ninguém pode escolher seus pais, sabemos disso, e mesmo que sempre chegue a hora em que como adultos temos pleno direito de optar pelo tipo de tratamento que queremos estabelecer com eles, uma criança não consegue fazer isso. Porque nascer é quase como cair por uma chaminé. Há quem tenha a sorte de ser pego por progenitores maravilhosos, habilidosos e competentes que lhe permitirão crescer de forma segura, madura e digna.

“Não há maior necessidade na infância do que sentir a proteção dos pais.”
-Sigmund Freud-

Por outro lado, há quem tenha o azar de aterrissar nos braços de pais imaturos que determinarão de forma implacável as bases da sua personalidade. No entanto, os especialistas em psicologia infantil e dinâmica familiar sabem que nestes casos podem acontecer duas coisas muito interessantes, e ao mesmo tempo determinantes.

Os pais com uma personalidade claramente imatura e incompetente podem favorecer a criação de crianças tiranas, assim como imaturas. Contudo, também podem propiciar que as próprias crianças assumam o papel do adulto que os pais se negaram a exercer. É assim que alguns pequenos acabam se responsabilizando por seus irmãos menores, se encarregando das tarefas do lar ou assumindo decisões que não correspondem à idade.

Este último fato, por mais curioso que possa parecer, não fará com que essa criança seja mais corajosa, mais madura nem mais responsável de uma forma que possamos entender como saudável. O que acontece principalmente é criar pessoas que perderam a sua infância. Convidamos você a refletir sobre isso.

Pais emocionalmente imaturos, infâncias truncadas

Uma coisa que todos concordamos é que ter filhos não nos transforma em verdadeiros pais. A maternidade, como a paternidade mais sadia e significativa, é demonstrada estando presente, dando um afeto verdadeiro, enriquecedor e forte para que essa criança seja parte da vida, e não um coração partido e vinculado somente ao medo, às carências e à baixa autoestima.

Uma coisa de que toda criança precisa, muito além do simples alimento e da roupa, é a acessibilidade emocional, madura e segura onde se sentir conectada a certas pessoas para entender o mundo e, por sua vez, entender a si mesma. Se isso falha, tudo desmorona. As emoções da criança ficam invalidadas pelo pai emocionalmente imaturo ou pela mãe que, preocupada somente consigo mesma, descuida dos sentimentos e das necessidades emocionais dos filhos.

Por outro lado, cabe dizer que este tipo de dinâmica é mais complexa do que parece à primeira vista. Tanto que é importante diferenciar 4 tipos de mães e pais emocionalmente imaturos.

A imaturidade dos pais

A primeira tipologia faz referência ao tipo de pais e mães com comportamento errante e desigual. São pais muito instáveis emocionalmente, dos que hoje fazem promessas e amanhã não as cumprem. Pais que hoje estão muito presentes e amanhã fazem os filhos sentirem que são um estorvo.

  • Os pais impulsivos, por sua vez, são aqueles que agem sem pensar, que realizam planos sem avaliar as consequências, que vão de erro em erro e de imprudência em imprudência sem pesar suas atitudes.
  • A maternidade e a paternidade passiva constituem, sem dúvida, um dos exemplos mais claros de imaturidade. São os que não se envolvem, os que estão presentes mas ausentes, e os que baseiam sua criação no “deixa acontecer”.
  • Por fim, também é comum a figura de pais desdenhosos, aqueles que fazem seus filhos sentirem que são um estorvo ou indesejados, os que acham que a educação é não é para eles e é algo de que não querem participar.

Estes quatro perfis esculpem a batidas de decepção uma infância truncada, ferida e invalidada. Toda criança que crescer neste contexto vivenciará claros sentimentos de abandono, solidão, frustração e ira.

Crianças que assumem o papel de adultos

Apontamos isso no início: a criança que cresceu assumindo o papel do adulto nem sempre se sente mais forte, mais madura, e muito menos mais feliz. Deixar sobre os ombros de um pequeno de 8, 10 ou mesmo 15 anos a responsabilidade exclusiva de cuidar de si mesmo, de um irmão menor ou de tomar decisões que seus pais deveriam tomar, deixa marcas e potencialmente constitui a raiz de muitas carências.

“Uma rosa obtém sua fragrância das suas raízes, e a vida de um adulto obtém sua fortaleza da sua infância.”
-Austin O´Mally-

As consequências psicológicas que costumam prevalecer nestes casos são tão variadas quanto complexas: solidão emocional, autoexigência, incapacidade de estabelecer relacionamentos sólidos, sentimentos de culpa, contenção emocional, repressão da ira, ansiedade, pensamentos irracionais…

Superar estas feridas por causa de uma infância perdida e de pais imaturos não é tarefa fácil, mas não é impossível. A terapia cognitivo-comportamental é muito útil, assim como a aceitação da existência dessa ferida causada pelo abandono ou a negligência. Mais tarde virá a necessária reconciliação com nós mesmos, onde nos permitimos sentir raiva e frustração por uma infância roubada e onde nos obrigaram a crescer muito depressa e nos deixaram sozinhos muito cedo.

Perdemos a infância, mas a vida se abre diante de nós maravilhosa, livre, e sempre convidativa para nos permitirmos ser aquilo que sempre quisemos e que, sem dúvida, merecemos. Devemos conseguir que a imaturidade emocional de nossos pais não nos impeça de construir a felicidade presente e futura que não conseguimos ter no passado.

Imagem de capa: Haywiremedia/Shutterstock

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

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