Acho bonito quem pede desculpa, em vez de arrumar pretexto para ter razão

Acho bonito quem pede desculpa, em vez de arrumar pretexto para ter razão

Talvez a dificuldade em se desculpar com alguém seja uma das características mais comuns a várias pessoas. E, ultimamente, em meio a esse contexto de contendas virtuais, em que muita gente se sente dona da razão, reconhecer o próprio erro torna-se artigo de luxo.

Estamos nos afastando demais uns dos outros, cada vez com menos tempo para cultivar os relacionamentos humanos, assoberbados que estamos com tarefas mecânicas e com trabalhos acumulados. Para que possamos consumir pelo menos alguns itens da lista material que nos cerca, sobra-nos quase que nenhum segundo para conversar com o amigo, com o parceiro, para olhar as tarefas escolares dos filhos, para assistir ao seriado favorito.

Enquanto, lá fora, nós nos distanciamos do que é humano, também aqui dentro tudo vai ficando menos humano, menos sentido, menos gente. É preciso estar com gente para que sejamos mais essência do que aparência, mais sentimento do que ostentação. Porque o tanto de coisas que adquirimos parece que vai coisificando a gente, tornando nosso íntimo mais frio, assim como todas as quinquilharias que nos cercam.

Centrados paulatinamente em nós mesmos, achamos que nosso mundinho é a única verdade que existe. Queremos ter razão, queremos ser melhores, queremos prevalecer sobre os demais. Queremos que nossas vontades sejam satisfeitas, temos pressa em comprar, em ter, somos impacientes. No entanto, relacionar-se com alguém requer demora, desprendimento, concessão e troca. E isso necessariamente necessita de que nos coloquemos no lugar do outro.

Somente quando conseguimos nos enxergar com os olhos do outro é que seremos capazes de perceber os nossos erros. Somente saindo do nosso eu é que conseguiremos perceber o alcance do que fazemos e falamos, compreendendo que nem sempre estaremos cobertos de razão. Por isso é raro quem pede desculpas, enquanto há muitos arranjando pretextos para manter a falsa ideia que possuem de si mesmos. Bonito é gente que se enxerga. Bonito é gente que nos enxerga.

É! A gente não tem jeito de babaca… É! A gente quer viver todo respeito…

É! A gente não tem jeito de babaca… É! A gente quer viver todo respeito…

O termo babaca está relacionado ao comportamento idiota de um homem ou mulher, que gosta de dizer babaquices e de estragar as coisas ao seu redor. E tudo indica que estamos cercados por eles. No entanto, o que precisamos é saber lidar e entender a mente dos babacas, que surgem em nosso cotidiano.

Para a psicanálise os indivíduos babacas são percebidos como perversos, pois têm orgulho extremado de si mesmos e de suas atitudes. Geralmente são paranóicos, apresentam delírios de grandeza e mentiras patológicas. Eles não têm senso de ridículo e bom senso. Aliás, lhes falta empatia, e por isso “azedam” e “minam” as relações humanas.

No sentido literal, os babacas são imbecis e desalmados que expõem sua fraqueza moral. É como bem disse o escritor irlandês, Oscar Wilde: “Os loucos às vezes se curam, os imbecis nunca. ”

Os babacas mais populares sofrem de “egomania”, ou seja, uma preocupação obsessiva com si mesmos, e são irredutíveis aos comportamentos solidários e cooperativos. Adoram ser tratados com bajulação. Além disso, trazem uma visão distorcida dos seres humanos, uma vez acreditam que podem tudo, e que os demais que se “danem”.

O filósofo Platão arguiu que um tirano, por mais poderoso que seja, sofre no final por corromper sua própria alma. Hoje é possível utilizar esse parâmetro filosófico para perfilar os babacas, inclusive em proporções menores, já que transformam a vida das pessoas e das comunidades em um “inferno”.

Catalogamos dez tipos principais de babacas, que cometem imbecilidades em função da prática da desonestidade e da maldade: 1) babacas sádicos; 2) babacas violentos; 3) babacas psicopatas; 4) babacas sociopatas; 5) babacas narcisistas; 6) babacas bajuladores; 7) babacas preconceituosos; 8) babacas sexistas; 9) babacas elitistas; 10) babacas racistas. E tantos outros, que são escandalosamente visíveis, sobretudo, nas redes sociais.

Portanto, as palavras e ações dos babacas têm um efeito corrosivo sobre as pessoas, deixando-as exauridas e desenergizadas. O livro dos Provérbios bíblicos de Salomão já previa isso: “O caráter do perverso é maligno. Caminha de um lado para o outro murmurando atrocidades.”

Os babacas via de regra “se dão mal” por se acharem espertos. Porém, ao toparmos com babacas a melhor saída é ignorá-los, bloqueá-los nas redes sociais e se forem apresentadores de programas de televisão ou rádio é só trocar de canal, visto que os babacas necessitam de audiência ou público para dar os seus “shows” de manipulação e insultos.

As pessoas com autoestima, autocontrole emocional e conduta inteligente enchem a paciência dos babacas e por esses motivos eles acabam desistindo das artimanhas, que levam alguém ao engano, porque como diz os refrões da canção do nosso querido cantor e compositor Gonzaguinha:

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca (…)

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito (…)

Alguns têm um relacionamento, outros têm um amor

Alguns têm um relacionamento, outros têm um amor

Um relacionamento deveria coexistir junto com o amor, mas o amor nem sempre faz parte de uma relação. Isto acontece porque nos criaram com a ideia de que estar em uma relação por si só, traria felicidade.

É por este motivo que muitas pessoas casam, na busca da tal felicidade, e acabam se frustrando por perceber que a felicidade não estava no ato do casamento em si, pois essa felicidade deveria ter vindo há muito tempo.

Alguns têm um relacionamento, dão bom dia de manhã, almoçam juntos, dizem “te amo”, vão para o cinema, para jantar, vão nos aniversários dos amigos, alguns têm filhos e enfim, passam a vida nessa eterna companhia. Tudo protocolado.

O amor está além de um status no Facebook. O amor requer esforços maiores do que fazer parte dos dias, envolve o esforço emocional da outra pessoa para estar aí, inclusive quando não está – e isso faz toda a diferença. Isto significa conseguir criar um vínculo tão grande que a pessoa se sinta totalmente segura e próxima da outra pessoa, em qualquer circunstância da vida ou distância.

O amor envolve admiração, respeito e compreensão. É saber que o outro pode desabar em algum momento e estar pronto para segurá-la firme quando este momento chegar, ou seja, amor é cuidar de si para poder cuidar do outro também, é uma questão de amor próprio, principalmente.

O amor é ajudar o outro a crescer sempre. A admiração é uma parte essencial, pois apenas quando admiramos o outro, podemos enxergar aquilo de melhor que ela tem, inclusive no seu pior momento. E este tipo de apoio emocional é o que as pessoas buscam em uma relação. Todos entram em uma relação para fortalecer-se emocionalmente, porém, a maioria acaba se desgastando ainda mais e tornando-se mais vulnerável.

Ter um amor é fazer planos juntos, sempre respeitando a felicidade de cada um e se preocupando como cada ação pode atingir o outro. É deixar de falar coisas ou fazer coisas que podem machucar a outra pessoa. É colocar-se no lugar dela, mas não apenas isto, senão preocupar-se em entender exatamente como a outra pessoa entendeu alguma situação.

O amor não é apenas ver o por do sol juntos, compartilhar um chocolate, fazer maratona de filme nos finais de semana e viajar de vez em quando, isto é uma relação. Alguém para dormir nas noites frias, para postar fotos no Facebook, para brigar quando os ânimos se alteram, também é uma relação.

O amor é isto e mais um pouco. O amor é quando você encontra alguém que luta para que dê certo, que é o seu fã número um, que apoia, que busca entender, que prefere o carinho do que a briga. Alguém que o tempo todo te ensina a amar.

É alguém que te torna forte, que nunca te deixa cair, que nunca te abandona, que tenta te acalmar, que tenta te animar, que tenta te transcrever dentro dela mesma, que busca compreender a sua alma. É alguém que te dá tanto, mas tanto amor, que chega a ser impossível duvidar dele.

E a única coisa que te resta quando a encontra, é retribuir.

Ele quem mesmo? — Crônica de Martha Medeiros

Ele quem mesmo? — Crônica de Martha Medeiros

Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: “olha, não dá mais”. Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo? Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: “mas agora eu to comendo um lanche com amigos”. Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?

Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta. E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele. Sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito!

Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora. Participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu. Mas eu sou taurina com ascendente em Áries, lua em gêmeos, filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.

Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.

Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris. Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.

O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.

Até que algo sensacional aconteceu …

Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher DEMAIS para ele.

Ele quem mesmo?

– Martha Medeiros.

Há bondade em todas as pequenas coisas do dia a dia

Há bondade em todas as pequenas coisas do dia a dia

Há um bom tempo venho pensando a respeito da bondade humana refletida nas pequenas atitudes do dia a dia, mas até o momento ainda não tinha vindo a devida inspiração para escrever sobre isso, que surgiu a partir de um pequeno texto muito bonito do escritor Gustavo Gitti.

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É só parar e relaxar um pouquinho que a bondade do mundo inteiro aparece.

Quando uma pessoa vem falar algo, quase sempre ela não está nos enganando. É incrível! Ela poderia nos enganar, o mundo poderia nos enganar o tempo todo, mas não. Ela está realmente ali, frágil, viva, aberta, olhando para você, correndo o risco de ser enganada. Não importa o conteúdo da fala, tem uma bondade infinita ali que leva a pessoa a fazer contato. Parece bobo, mas sinto que raramente a gente reconhece isso.

Se essa bondade não fosse nossa natureza, as ruas, os táxis, as cadeiras, os computadores, as hortas, as palavras, os emails, tudo seria feito para dificultar nossa vida. Mas tudo opera a nosso favor, tudo nos sustenta, ainda que com problemas. Mesmo quando opera contra, alguém fez aquilo achando que ia ser melhor, sem clareza do que seria mesmo melhor. Não dá nem para ficar com raiva, so dá para sorrir: “Como é que alguém como eu achou que essa papelada seria uma boa coisa? Onde estava a mente dessa pessoa quando ela teve essa ideia? E onde estavam as mentes das pessoas ao redor quando concordaram?”

Não tem como a confusão vir de uma pessoa inerentemente maldosa. Ela só pode vir de um coletivo não reconhecimento dessa condição natural — livre, relaxada, generosa, ampla, benéfica. O fechamento não é alguma coisa, é só espaço não reconhecido.

Reconhecer essa bondade nos protege de cair em autocentramento. E isso não precisa ser romantizado, como se o mundo relativo fosse bonzinho, como se não houvesse aflição, injustiça, mentira, absurdos no governo, algoritmos e contratos não humanos regendo vidas humanas, propaganda, ideologias… Reconhecer nossa bondade natural é justamente o que nos dá a confiança de se aproximar e trabalhar com a negatividade em nós, nos outros e nas organizações em geral.

Gustavo Gitti

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O que ele fala nessas poucas palavras é que se buscarmos nutrir nossa mente e atitudes com amor, tudo ao nosso redor refletirá isso. Essa é uma das leis universais, aquilo que eu dou, recebo de volta.

É porque nós somos tão distraídos que nem sequer percebemos e agradecemos o quanto estamos repletos de bençãos por todos os lados e que nunca passam pela nossa cabeça. Vou elencar algumas dessas pequenas coisas.

  • Você compra um pão na padaria confiando que o padeiro fez uma massa sem componentes que farão mal à sua saúde;
  • Você compra comidas e produtos nos supermercados confiando que estes foram produzidos com critérios e poderão ser ingeridos sem preocupação e não lhe causarão doenças;
  • Quando você pega um ônibus, confia que o motorista esteja sóbrio e que lhe levará ao seu local de destino em segurança;
  • Quando você faz uma amizade, não acredita que essa pessoa seja alguém que vai matar você em um momento que esteja distraído (Já pensou que loucura? Rsrsrsrs)
  • Ao comprar um remédio ou tomar um chá medicinal, você acredita que nele estão os componentes que vão favorecer a sua cura;
  • Quando você está no trânsito dirigindo, sabe que as pessoas ao redor estão obedecendo às mesmas leis de trânsito que você e que ninguém vai, de maneira proposital e intencional, jogar um carro por cima de você.

São tantos exemplos e tantas pequenas coisas! Você pode pensar que estou exagerando, mas não estou. Todos os exemplos que eu dei parecem absurdos, concorda? Mas por que parecem absurdos? Porque nós NÃO FAZEMOS ISSO de forma consciente e intencional.

O ser humano tem em sua interioridade a predisposição para o bem e para a harmonia. O mundo está desequilibrado porque as pessoas deixaram de se conectar à sua essência e os sentimentos mais grosseiros começaram a tomar de conta.

Porém, trata-se de uma percepção e perspectiva. Se você busca fazer o bem em todas as suas atividades. Se você busca, em consciência, amar e ser um cidadão ético. Tudo ao seu redor refletirá isso. Acredite! É assim comigo em meu dia a dia e seria hipocrisia minha escrever aqui algo que eu mesmo não experiencie.

Repito as lindas palavras do Gustavo Gitti: “É só parar e relaxar um pouquinho que a bondade do mundo inteiro aparece…”.

Veja a bondade que está em toda parte! Concentre todas as suas energias no bem e essa mudança de perspectiva vai levantar uma onda de amor tão grande que dentro de não muito tempo atingirá a todos em todas as esferas. Você acredita nisso? EU ACREDITO, e estou fazendo a minha parte nessa mudança, vamos juntos?

Nossa religião é aquilo que fazemos quando o sermão acaba

Nossa religião é aquilo que fazemos quando o sermão acaba

Já está mais do que batida a máxima de que exemplos e atitudes é que valem, pois discursos e palavras se perdem ao vento. Podemos dizer frases bonitas e argumentar com propriedade, porém, a forma como vivemos é que determinará o que somos, o que temos dentro de nossos corações.

O mundo anda carente de amor, de respeito, de empatia, de se enxergar o outro, de se perceber parte de um todo. A vida corre também fora da gente e se estende muito além de nossa zona de conforto. Temos, sim, que cuidar do que ocorre dentro de nós, de nossos sentimentos, porém, caso só nos preocupemos com o nosso eu, estaremos negligenciando o nosso papel social, nossa capacidade de nos relacionarmos e de fazermos diferença positiva nas vidas alheias.

Interessante notar que as pessoas procuram diferentes formas de se comunicar com Deus para se sentirem bem. O Brasil é um país bastante religioso, inclusive colocando a religião em setores que deveriam ser laicos. Mesmo assim, apesar de toda essa multidão que frequenta igrejas, cultos, terreiros, ainda assistimos a cenas de total falta de compaixão em relação ao próximo. Nem mesmo crianças e idosos estão sendo poupados de atitudes violentas ultimamente.

E, ao lado dessa violência explícita, ainda há a violência velada, implícita, indireta, mas também extremamente prejudicial. Um simples olhar, o desprezo, o silêncio diante do mal, há várias atitudes que implicam violência e maldade. Muitas pessoas, inclusive, conseguem ser muito melhores na rua do que em casa. Encenam uma figura boníssima na sociedade, porém, transformam os seus lares em verdadeiros infernos, sendo cruéis com seus familiares nas mais variadas formas.

Como se vê, muitas pessoas se contradizem diariamente, fingindo o que não são, tentando expiar suas culpas em locais religiosos, fazendo caridade como obrigação e tentativa de receber perdão, porque, na verdade, têm consciência do mal que espalham. Porém, de nada adianta orar e continuar praticando os mesmos erros. A religião está dentro de cada um e só existe na prática. Porque religião não se discute, pratica-se.

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Publicado originalmente em Prof Marcel Camargo

É impossível uma relação gratificante se você é cheio dos “contatinhos”.

É impossível uma relação gratificante se você é cheio dos “contatinhos”.

Vivemos tempos de amores descartáveis, desses que são substituídos num piscar de olhos. O tempo todo, podemos ver, estampados nas redes sociais, relacionamentos cinematográficos, dignos de filmes hollywdianos. Contudo, dois fatores chamam a atenção nesse contexto: a rapidez com que esses romances são desfeitos e a facilidade com que os ex parceiros são substituídos.

A situação é tão delicada que já não convém perguntar a um amigo como vai o fulano ou a fulana, na condição de parceiro amoroso. Isso pode gerar um grande constrangimento, dependendo do contexto, pois aquela paixão tórrida da semana passada poderá ter se transformado num contato bloqueado nas redes sociais dessa pessoa.

Paralelamente a esse contexto, temos, contribuindo com esse cenário, uma geração que se comporta como se o Universo girasse em torno do próprio ego. Vou explicar: hoje em dia, sem generalizar, as pessoas estão muito focadas no “eu quero e pronto” ou “eu me interessei e foda-se”. É assim: a pessoa entra nas redes sociais, vê uma pessoa que desperta o seu interesse e pronto, isso basta para que ela use de todas as armas para conquistá-la. Pouco importa se a pessoa é comprometida, esse detalhe é algo completamente irrelevante.

Tudo gira em torno do “eu quero”. Mensagens são enviadas, trocadas, nudes também. E daí se o envolvimento com essa pessoa possa gerar a destruição de uma família? Quem liga se esse vínculo venha se desdobrar em uma tragédia? Ah, isso não é problema, importa é que aquele objeto de desejo seja conquistado. Não precisa de sentimento, basta uma atração física para que alguém jogue um relacionamento de décadas no lixo.

Ter um relacionamento confiável em tempos de redes sociais tornou-se um dos maiores desafios para o ser humano. Você se relaciona contando com a possibilidade de haver uma chuva de “contatinhos” fazendo investidas em seu(a) parceiro(a) e precisa contar também com a ideia de ele(a) estar correspondendo. Sim, relacionamentos em tempos de redes sociais é como dar um tiro no escuro, é brincar de roleta russa, é um terreno de areia movediça no que se refere à confiança.

Afortunados mesmo são aqueles que possuem um parceiro fiel e leal. É que eu entendo que a traição não se resume a estar fisicamente envolvido com outro. Um parceiro de verdade evita situações que possam contribuir com a ruína do seu relacioanemto. Ele(a) sabe se colocar no lugar do parceiro ao ponto de perceber que determinados comportamentos o deixariam arrasado se ele(a) tomasse conhecimento. É aquele(a) parceiro que pensa “eu não gostaria que ele(a) fizesse isso comigo porque eu me sentiria traído(a).”

Por fim, uma constatação: nunca houve uma época em que tivessem tantas opções para um relacionamento, o mundo está abarrotado de pessoas carentes e desesperadas por uma suposta companhia, e essas pessoas estão dando sopa nas redes socias. Contudo, ao que parece, essas pessoas não conseguem lidar com tanta oferta. Muitas encontram uma parceria bacana mas, por não querer abrir mão dos “contatinhos”, acabam jogando fora a oportunidade de viver essa relação gratificante. Elas querem tudo ao mesmo tempo, querem alguém que as levem a sério e querem manter uma vida paralela de solteiro(a). E como acabam? Acabam sozinhas e frustradas, vivendo a ilusão de serem desejadas por muitos quando, na realidade, não tem ninguém que se importe de verdade com elas. É preciso ficar claro que toda escolha requer concessões nessa vida. Não é possível ter um relacionamento própero se você não está disposto a pagar um preço por isso.

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Imagem de capa: Banksy

Maria Tereza Maldonado, uma das psicólogas mais conceituadas do Brasil, lança curso sobre parentalidade e perinatalidade

Maria Tereza Maldonado, uma das psicólogas mais conceituadas do Brasil, lança curso sobre parentalidade e perinatalidade

Maria Tereza Maldonado, CRP 1296/05, uma das psicólogas e palestrantes mais conceituadas do Brasil, lança curso “A Tecelagem do Vínculo- da gestação aos dois anos”.

O nome Maria Tereza Maldonado já é a garantia de qualidade do material, uma vez que a profissional acumula algumas décadas de experiência e já possui mais de 40 livros publicados, dentre eles, o “Psicologia da Gravidez”, que já está na quarta atualização e 18a. edição.

No curso, você terá contato com o que estudos recentes mostram sobre a evolução do vínculo entre família, feto, bebê e crianças até dois anos.

Os estudantes e profissionais que se interessam ou atuam na área da perinatalidade e da parentalidade aprenderão ideias práticas para aplicar em seu trabalho. Afinal, é indispensável que as pessoas que estão nessa área estejam preparadas e atualizadas para lidar com as famílias diante dos principais marcos evolutivos nos primeiros mil dias de vida dos bebês, período em que serão consolidadas as bases sólida- ou frágeis-  que influenciarão a construção das etapas posteriores de aprendizagem, saúde e comportamento da criança.

Os primeiros mil dias, portanto, um trabalho de tecelagem de uma nova pessoa e você precisa estar preparado para lidar com isso.

Ouça a autora:

Quem precisa fazer esse curso?

Profissionais da perinatalidade e da parentalidade: psicólogas perinatais, médicos, assistentes sociais, coaches de mães e famílias, doulas, enfermeiras obstétricas.

Como funciona?

Quatro horas de duração: vídeo-aulas, textos online, referências de vídeos, livros e documentos recentes.

Como adquirir?

Os cursos podem ser comprados pelo link

Acesse o link e veja as possibilidades de compra.

Se não te faz bem, você tem todo o amor para dizer adeus

Se não te faz bem, você tem todo o amor para dizer adeus

Eu poderia, mas não me desculpei por todos os adeuses que dei. Isso porque alguns deles aconteceriam de uma forma ou de outra. Às vezes é da vida a gente se despedir de certas pessoas. E carregar culpas a cada partida seria não evoluir por dentro dos meus sentimentos, seria desconsiderar cada luta que atravessei com as minhas próprias pernas.

Fazer e estar presente para quem quer que seja, demanda amor. Demanda energia também, diga-se. Não há como concretizar tantas entregas sem antes cuidar da gente. Eu aprendi com o tempo que, a calma que tanto quero, precisa vir acompanhada de um senso de fidelidade pela minha própria pessoa. Ou seja, se não me faz bem, tenho todo o amor que preciso para dizer adeus. O único vínculo no qual tenho uma responsabilidade vitalícia é comigo. No início ou no fim dos meus encontros, o meu amor deve permanecer acima de qualquer pessoa.

O que quero dizer é: eu nunca vou colocar a minha saúde emocional abaixo de ninguém. Pode doer desistir de alguém, pode fazer uma falta absurda abrir mão de uma pessoa que até então, não só compartilhava importantes momentos da minha vida, como também somava nela. Mas, a partir do instante em que a reciprocidade ou qualquer outro sentimento benéfico e mútuo deixe de ser cultivado, dizer adeus será a minha primeira escolha.

Estou bem, estou em paz com tamanha clareza. Eu sei bem dos meus defeitos, das inseguranças que ainda não superei e também das muitas perguntas que ainda não obtive respostas. Mas se tem alguma coisa a meu respeito que não está em pedaços ou perdida, essa coisa é o meu amor. E nele, todos os planos e felicidades que imagino ser ideias, ocupam o mesmo canto no coração.

Então, pense bem nisso. Pense carinhosamente antes de escolher alguém, levando tudo de si e não cuidando das próprias emoções – ignorando o próprio equilíbrio. Se não te faz bem, você tem todo o amor para dizer adeus.

Todas as pessoas podem ser pontes

Todas as pessoas podem ser pontes

Quem já acompanha o blog “Para além do agora” a mais tempo já deve ter percebido que eu sou fã do Paramahansa Yogananda. Escrevi dezenas de textos inspirado nas suas sábias palavras. Porém, uma coisa precisa ser dita. Ele só se tornou o mestre que se tornou porque foi guiado por outro mestre, o grande Sri Yukteswar.

Nesse texto farei uma breve reflexão inspirado nas suas palavras. Leia com bastante atenção…

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 “Aquele que não consegue perdoar os outros acaba por destruir uma ponte pelo qual ele mesmo terá que passar.”
— George Herbert

Em um sentido prático e objetivo, quem nós somos é uma consequência do ambiente em que existimos, influenciados pelos eventos e experiências de relação com “o outro”. Mas somos muito mais do que isso, tudo que aconteceu no universo nos trouxe exatamente nesse momento, somos a consequência inevitável da disposição das leis da física.

Assim como o corpo e tudo que é percebido por ele, a consciência também é um aspecto fundamental dessa existência, já que ela é tudo que existe, só pode replicar a si mesma, portanto tudo é uma extensão da existência em si, e nossas experiências são uma maneira dela explorar a si mesma, dentro de si mesma, consigo mesma.

Essa percepção é a compaixão, é saber que você é o outro e ele é você, estamos todos interconectados, influenciando e reagindo a influencias.

“Quanto maior for a realização que você tiver sobre si mesmo mais você ira influenciar o universo com as suas vibrações sutis, e menos será afetado pelo fenômeno do fluxo.”
— Sri Yukteswar

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Eu fiquei encantado com tais palavras. Elas são relativamente simples de compreender intelectualmente, mas não são nem um pouco simples de serem colocadas na prática da vida diária.

Como nenhum de nós atingiu ainda essa iluminação, é comum no nosso meio existirem essas pessoas que “nos tiram do sério”, que agem de uma forma que consideramos terrível etc.

Todos os grandes mestres são unânimes em dizer que esses indivíduos são Budas disfarçados, que surgem para testar se estamos no caminho certo ou não.

Nas palavras do mestre Sri Yukteswar, todas as pessoas são PONTES, que nos conectam de um estado inferior de consciência para um estado um pouco mais elevado de consciência.

E o que faz essa ligação dessa ponte é o PERDÃO. Inclusive a raiz dessa palavra diz exatamente isso “perdoar” significa “para dar, para doar”. Não é interessante?

Eu só posso dar ou doar aquilo que tenho, aquilo que em mim existe em abundância. Jesus Cristo só doava amor para as pessoas porque ele era puro amor. É dele a conhecidíssima máxima: “Devemos perdoar o nosso irmão 70 vezes 7 vezes”. Ou seja, infinitamente.

Quando de fato buscamos vivenciar isso no dia a dia, acontece essa magia de expandir a consciência e tocar muitos corações. Até hoje, tanto o mestre Sri Yukteswar quanto o Yogananda continuam arrastando milhões e milhões de pessoas para Deus porque suas palavras são de uma verdade e de uma profundidade que é impossível continuar a ser o mesmo após entrar em contato com elas.

O último parágrafo é de enorme impacto. Leia novamente: “Quanto maior for a realização que você tiver sobre si mesmo mais você ira influenciar o universo com as suas vibrações sutis, e menos será afetado pelo fenômeno do fluxo.”
Esse fenômeno de fluxo que ele fala é sobre as pessoas que seguem a boiada, que só repetem o que todo mundo faz, sem inovação, sem transformação, sempre fazendo “mais do mesmo”.

Infelizmente, elas são a maioria, porém, quando pelo autoconhecimento vamos alcançando essa realização interior, todos ao nosso redor passam a sentir essa vibração sutil por nós emanada, até mesmo as pessoas que consideramos mais grosseiras.

Sei que estou longe da sabedoria desses dois, mas consigo perceber a veracidade disso em coisas pequenas no meu dia a dia. Como procuro tratar a todos com amorosidade, com carinho e com gentileza. Muitas pessoas que são conhecidas por serem rudes, grosseiras, estupidas etc. falam comigo de forma branda, de forma respeitosa. Isso tem acontecido muito constantemente na minha vida…

Já pensou essa mudança e transformação sendo levada para toda a humanidade? Nós viveríamos num paraíso.

Internalize essa sabedoria que não é somente do mestre Sri Yukteswar, mas de todos os grandes mestres. Todas as pessoas podem ser pontes. Isso não vai depender delas, vai depender único e exclusivamente de você e de como você age…

Ao sofrimento: Obrigada por ter me feito mais forte

Ao sofrimento: Obrigada por ter me feito mais forte

Assistindo a um vídeo do Dr Rubem Alves no YouTube, me deparei com sua explicação pessoal para a doce frase que intitula um de seus livros: “Ostra feliz não faz pérola”. Ele dizia que só a ostra que sofre é que faz pérola. Porque, para fazer a pérola, a ostra precisa ter alguma coisa que a irrite, um grãozinho de areia que a faça sofrer. Então, ao invés de eliminá-lo, ela envolve aquele ponto agudo cortante por uma substância lisa. E a ostra vai produzir a pérola para deixar de sofrer.

Não defendo a dor nem o sofrimento, mas acredito que, já que não podemos evita-los, devemos aprender com eles. E no fim agradecê-los por terem feito de nós pessoas mais fortes. Por permitirem que, de um jeito inesperado, nos tornássemos capazes de usar a sabedoria a nosso favor, tirando algum proveito da dor. Por nos mostrarem que, em algum lugar dentro de nós existe uma força que nos sustenta quando tudo o mais desmorona.

Uma das orações mais bonitas que existem é a Oração da Serenidade. Criada durante a Segunda Guerra Mundial, fala de aceitação, coragem e sabedoria. Não à toa é recitada em grupos de recuperação de vícios, pois sintetiza de forma muito bonita como podemos encontrar equilíbrio e harmonia naqueles momentos em que a vida nos tira o chão.

A parte mais conhecida da oração diz assim: “Concede-me Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu posso e sabedoria para distinguir uma das outras”. Mas também gosto do trecho da oração completa que fala assim: “Aceitando esse mundo tal como ele é, e não como eu queria que fosse”.

O mundo tal como ele é nem sempre é como a gente desejaria, ou sonharia que fosse. Por isso, é preciso discernimento para entender onde nossa energia e boa intenção podem frutificar ou não. É preciso sabedoria para recuar, para aceitar o que não dá para mudar, para talvez, quem sabe, seguir por outro caminho. Porém, o que vejo por aí é muita gente dando murro em ponta de faca, se enfurecendo com a vida, com Deus, com as pessoas… quando deveria apenas confiar. Outras vezes, me deparo com o contrário: tanta coisa a ser feita, tantas mudanças positivas a nosso alcance, e falta ânimo e coragem para começar.

Aceitar é um gesto de humildade, de reconhecer nossa pequenez diante de Deus, e também um ato de fé, ao admitir que há um propósito maior para a dor, que eu não entendo nem consigo explicar, mas no qual acredito e confio.

Quando uma ostra produz uma pérola, ela entende – e aceita – que não há como expelir o grão de areia que tanto a machuca. Assim, busca dentro dela recursos para que possa vencer a dor dignamente. Buscando uma saída, produz uma pérola. Essa é uma belíssima analogia da sabedoria da natureza que poderia inspirar a sabedoria humana, tão rara nos dias atuais.

Não adianta vivermos ressentidos com o sofrimento que a vida nos impõe. Não somos vítimas de uma conspiração divina para nos punir. Certas coisas acontecem aleatoriamente, e se não aprendemos a entrar no ritmo da vida, sofremos mais. Temos que perdoar os infortúnios, e seguir sem nos sentirmos magoados com a existência.

É preciso aprender a ser forte sem perder a delicadeza. Aprender a tolerar as mudanças de planos, os desvios de rota e a quebra de contratos com paz no coração e absolvição das próprias culpas. É preciso acreditar que, ainda que a vida nos machuque repetidas vezes, temos a possibilidade de desgastar-nos ou afiarmo-nos, tudo depende do metal de que somos feitos…*

*Essa frase é referência á célebre frase de George Bernard Shaw: “A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos.”

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“Pensar é difícil, é por isso que a maioria das pessoas prefere julgar”

“Pensar é difícil, é por isso que a maioria das pessoas prefere julgar”

Dizem que de médico e louco todo mundo tem um pouco. Devem ter esquecido de acrescentar que de juiz também tem. É tanta disposição pra julgar a vida dos outros que chega a surpreender.

Tantas preocupações podem nos rondar a vida, tantos afazeres para serem cumpridos e o que mais se vê por aí são pessoas que preferem se ater ao que acontece na vida dos outros. Chega a ser difícil de compreender.

A verdade é que saber os motivos que levaram essa ou aquela pessoa a tomar uma decisão, mudar de rumo ou de atitude, devem dizer respeito somente a ela mesma. Sendo próximos ou distantes no círculo de convívio, tendo intimidade ou não, a ninguém cabe o direito de dizer o que as pessoas devem fazer ou deixar de fazer da própria vida. Presumir, supor e julgar são ações que não devem ser aplicadas sobre as decisões e comportamentos das outras pessoas. Mas, contudo e todavia, nem todos se dão conta de que deve ser assim. Cuidar da própria vida nem sempre é o comportamento mais adotado.

É como se todos soubessem a receita, os remédios e os métodos para solucionarem os problemas que são das outras pessoas. É muita gente cheia de dicas de como conduzir a vida e que, ao invés de auto aplicá-las, prefere aplicá-las na vida alheia; que não se contenta em cuidar da própria existência e decide dedicar uns palpites à vida do outro, adotando comportamentos que vão desde inconvenientes a maldosos, passando pela certeza de serem desnecessários.

Afeito a analisar o comportamento humano, Carl Jung declarou que “pensar é difícil, é por isso que a maioria prefere julgar.” Tirar conclusões a partir do que se vê apenas, ainda que o que está à vista seja apenas a ponta do iceberg parece ser a “praia” do ser humano. E pior que concluir, é espalhar essa conclusão como certeza, quando não deveria chegar nem perto disso. Existem verdades que são muito pessoais e que precisam e devem ser respeitadas; motivações que pertencem ao íntimo de cada pessoa e que devem ser preservadas dos julgamentos, sobretudo dos superficiais.

Já o escritor Paulo Coelho afirmou: “não devemos julgar a vida dos outros, porque cada um de nós sabe de sua própria dor e renúncia. Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que seu caminho é o único.”

Deveria ser regra, mas é exceção. Sendo assim, e como é quase impossível escapar dos julgamentos e dos seus malefícios, a dica mais importante a ser oferecida é: não se atormente com o que dizem, sobretudo quando as pessoas não sabem sua versão dos fatos. Não dê ouvidos a quem não sabe nada sobre você. Viva em paz com suas verdades, porque o mais importante é como você se sente e lida com elas. Julgamentos são o que são, apenas julgamentos. Eles não devem ter, nunca, nenhum poder sobre você.

Algumas pessoas amam te ter, mas não te amam

Algumas pessoas amam te ter, mas não te amam

Nem os parecidos, nem os opostos. Quero dizer, é relevante sim, mas não é definitivo.

Com certeza estar com alguém que tem os mesmos gostos torna tudo mais fácil: gostarem da mesma banda, dos mesmos lugares, das mesmas comidas, do mesmo time, dos mesmos programas de TV e detestarem as mesmas coisas. É o sonho de muitas pessoas, o nosso lado narcisista amaria encontrar uma pessoa que fosse muito parecida com nós.

Por outro lado, dizem também que os opostos se atraem, que uma completa o que à outra lhe falta, que uma neutraliza a outra, além de lhe mostrar um mundo novo para que a outra pessoa possa se apaixonar. Na prática eu discordo um pouco disso.

A verdade é que ser diferente pode sim ser um complicador quando as duas pessoas não sabem lidar com as diferenças, podem brigar por qualquer motivo, podem desmotivar-se, podem cansar de nunca conseguir encaixar os gostos, mas ter gostos diferentes e ser diferentes não é um fator determinante para uma relação dar certo ou não. Não desista de alguém apenas porque não tem as mesmas preferências que você. Dar certo depende da forma como as duas pessoas lidam com a relação, independente dos gostos.

O mais importante é estar com alguém que tenha a mesma vontade que você, se você quiser vê-la, que ela também queira. Se você quiser viajar no final de ano, que ela também queira (mesmo um querendo ir pra fazendo e o outro pra praia), mas principalmente que se você quiser fazer dar certo, que ela também queira.

Que ela tenha vontade de dar certo no amor, esse é o primeiro passo para dar certo. Sem vontade de amar é impossível alguma relação ser construída beneficamente. É necessário que a vontade de ser feliz na relação e de fazer o outro feliz prevaleça. Só assim o amor vence.

É apenas esta motivação que pode suportar qualquer obstáculo, é desta forma que uma relação se sustenta e perpassa por qualquer circunstância que apareça. Não existe mágica numa relação, mas existe a vontade. Quando você encontra alguém com vontade de você, com vontade de fazer dar certo, não há nada que seja impossível.

Fique com alguém que seja desesperado por fazer dar certo, mesmo que esta pessoa seja calmaria. Fique com alguém que seja louco por te fazer feliz, mesmo que ela seja a mais racional possível. Fique com alguém que nunca te abandona, mesmo que ela viaje para longe três vezes ao mês.

Não precisam ter os mesmos gostos, precisam apenas querer com intensidade.

Amor não se mendiga, amizade não se cobra, carinho não se pede

Amor não se mendiga, amizade não se cobra, carinho não se pede

Existem certas coisas que não precisariam ser faladas, tampouco cobradas, de tão óbvias. Porém, passamos a vida lembrando algumas pessoas daquilo que elas deveriam já ter como hábito e isso cansa, diminui, abalando a autoestima de qualquer um. Se tivermos que lembrar aos outros o óbvio todos os dias, a todo instante, enlouqueceremos.

Amizade não deveria ser cobrada. Ter que correr atrás o tempo todo da pessoa, enquanto ela nem se lembra de que a gente existe, exaure a paciência mínima de um ser humano. Quando temos que, só nós, ficar mandando mensagens, telefonando, convidando procurando, é hora de repensar aquilo tudo, porque, provavelmente, a amizade somente existe em nós. Do outro lado, amizade é que não tem.

Carinho não deveria ser pedido, mas sim espontâneo, verdadeiro, necessário em quem oferta, tanto quanto em quem recebe. Carinho não somente se trata de toque, porque a gente se sente amado principalmente pelas atitudes do outro, pela forma como ele nos faz sentir, mesmo de longe. Ter que ficar cobrando palavras, gestos, comportamentos, ter que lembrar nossa existência a alguém é por demais humilhante. Ninguém merece.

Amor que se mendiga é tudo, menos amor. É o contrário de amor, é o que contraria o amor em si. Sentimentos vêm de dentro e transpiram por todos os poros, materializando-se no encontro que transforma, no calor que motiva, na certeza que acalma, no abraço que reinicia. O amor precisa se expandir, precisa ser expresso, dito, ouvido, vivido, sem melindres, sem rodeios. Se houver carência de um ou de outro lado, não há reciprocidade e, então, amor nem tem.

Nossa sobrevivência em muito dependerá do discernimento entre o que é luta digna e o que nada mais é do que insistência servil. Lutar pelo que queremos não significa implorar por atenção, por amizade, por carinho, por amor. A dor da consciência sobre quem não está mais junto sempre será uma oportunidade de recomeço. A dor da solidão acompanhada, porém, jamais nos tornará dignos de sentimentos verdadeiros e recíprocos. É isso.

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Texto também publicado na página do autor em Prof Marcel Camargo

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