Nossa religião é aquilo que fazemos quando o sermão acaba

Nossa religião é aquilo que fazemos quando o sermão acaba

Já está mais do que batida a máxima de que exemplos e atitudes é que valem, pois discursos e palavras se perdem ao vento. Podemos dizer frases bonitas e argumentar com propriedade, porém, a forma como vivemos é que determinará o que somos, o que temos dentro de nossos corações.

O mundo anda carente de amor, de respeito, de empatia, de se enxergar o outro, de se perceber parte de um todo. A vida corre também fora da gente e se estende muito além de nossa zona de conforto. Temos, sim, que cuidar do que ocorre dentro de nós, de nossos sentimentos, porém, caso só nos preocupemos com o nosso eu, estaremos negligenciando o nosso papel social, nossa capacidade de nos relacionarmos e de fazermos diferença positiva nas vidas alheias.

Interessante notar que as pessoas procuram diferentes formas de se comunicar com Deus para se sentirem bem. O Brasil é um país bastante religioso, inclusive colocando a religião em setores que deveriam ser laicos. Mesmo assim, apesar de toda essa multidão que frequenta igrejas, cultos, terreiros, ainda assistimos a cenas de total falta de compaixão em relação ao próximo. Nem mesmo crianças e idosos estão sendo poupados de atitudes violentas ultimamente.

E, ao lado dessa violência explícita, ainda há a violência velada, implícita, indireta, mas também extremamente prejudicial. Um simples olhar, o desprezo, o silêncio diante do mal, há várias atitudes que implicam violência e maldade. Muitas pessoas, inclusive, conseguem ser muito melhores na rua do que em casa. Encenam uma figura boníssima na sociedade, porém, transformam os seus lares em verdadeiros infernos, sendo cruéis com seus familiares nas mais variadas formas.

Como se vê, muitas pessoas se contradizem diariamente, fingindo o que não são, tentando expiar suas culpas em locais religiosos, fazendo caridade como obrigação e tentativa de receber perdão, porque, na verdade, têm consciência do mal que espalham. Porém, de nada adianta orar e continuar praticando os mesmos erros. A religião está dentro de cada um e só existe na prática. Porque religião não se discute, pratica-se.

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Publicado originalmente em Prof Marcel Camargo

É impossível uma relação gratificante se você é cheio dos “contatinhos”.

É impossível uma relação gratificante se você é cheio dos “contatinhos”.

Vivemos tempos de amores descartáveis, desses que são substituídos num piscar de olhos. O tempo todo, podemos ver, estampados nas redes sociais, relacionamentos cinematográficos, dignos de filmes hollywdianos. Contudo, dois fatores chamam a atenção nesse contexto: a rapidez com que esses romances são desfeitos e a facilidade com que os ex parceiros são substituídos.

A situação é tão delicada que já não convém perguntar a um amigo como vai o fulano ou a fulana, na condição de parceiro amoroso. Isso pode gerar um grande constrangimento, dependendo do contexto, pois aquela paixão tórrida da semana passada poderá ter se transformado num contato bloqueado nas redes sociais dessa pessoa.

Paralelamente a esse contexto, temos, contribuindo com esse cenário, uma geração que se comporta como se o Universo girasse em torno do próprio ego. Vou explicar: hoje em dia, sem generalizar, as pessoas estão muito focadas no “eu quero e pronto” ou “eu me interessei e foda-se”. É assim: a pessoa entra nas redes sociais, vê uma pessoa que desperta o seu interesse e pronto, isso basta para que ela use de todas as armas para conquistá-la. Pouco importa se a pessoa é comprometida, esse detalhe é algo completamente irrelevante.

Tudo gira em torno do “eu quero”. Mensagens são enviadas, trocadas, nudes também. E daí se o envolvimento com essa pessoa possa gerar a destruição de uma família? Quem liga se esse vínculo venha se desdobrar em uma tragédia? Ah, isso não é problema, importa é que aquele objeto de desejo seja conquistado. Não precisa de sentimento, basta uma atração física para que alguém jogue um relacionamento de décadas no lixo.

Ter um relacionamento confiável em tempos de redes sociais tornou-se um dos maiores desafios para o ser humano. Você se relaciona contando com a possibilidade de haver uma chuva de “contatinhos” fazendo investidas em seu(a) parceiro(a) e precisa contar também com a ideia de ele(a) estar correspondendo. Sim, relacionamentos em tempos de redes sociais é como dar um tiro no escuro, é brincar de roleta russa, é um terreno de areia movediça no que se refere à confiança.

Afortunados mesmo são aqueles que possuem um parceiro fiel e leal. É que eu entendo que a traição não se resume a estar fisicamente envolvido com outro. Um parceiro de verdade evita situações que possam contribuir com a ruína do seu relacioanemto. Ele(a) sabe se colocar no lugar do parceiro ao ponto de perceber que determinados comportamentos o deixariam arrasado se ele(a) tomasse conhecimento. É aquele(a) parceiro que pensa “eu não gostaria que ele(a) fizesse isso comigo porque eu me sentiria traído(a).”

Por fim, uma constatação: nunca houve uma época em que tivessem tantas opções para um relacionamento, o mundo está abarrotado de pessoas carentes e desesperadas por uma suposta companhia, e essas pessoas estão dando sopa nas redes socias. Contudo, ao que parece, essas pessoas não conseguem lidar com tanta oferta. Muitas encontram uma parceria bacana mas, por não querer abrir mão dos “contatinhos”, acabam jogando fora a oportunidade de viver essa relação gratificante. Elas querem tudo ao mesmo tempo, querem alguém que as levem a sério e querem manter uma vida paralela de solteiro(a). E como acabam? Acabam sozinhas e frustradas, vivendo a ilusão de serem desejadas por muitos quando, na realidade, não tem ninguém que se importe de verdade com elas. É preciso ficar claro que toda escolha requer concessões nessa vida. Não é possível ter um relacionamento própero se você não está disposto a pagar um preço por isso.

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Imagem de capa: Banksy

Maria Tereza Maldonado, uma das psicólogas mais conceituadas do Brasil, lança curso sobre parentalidade e perinatalidade

Maria Tereza Maldonado, uma das psicólogas mais conceituadas do Brasil, lança curso sobre parentalidade e perinatalidade

Maria Tereza Maldonado, CRP 1296/05, uma das psicólogas e palestrantes mais conceituadas do Brasil, lança curso “A Tecelagem do Vínculo- da gestação aos dois anos”.

O nome Maria Tereza Maldonado já é a garantia de qualidade do material, uma vez que a profissional acumula algumas décadas de experiência e já possui mais de 40 livros publicados, dentre eles, o “Psicologia da Gravidez”, que já está na quarta atualização e 18a. edição.

No curso, você terá contato com o que estudos recentes mostram sobre a evolução do vínculo entre família, feto, bebê e crianças até dois anos.

Os estudantes e profissionais que se interessam ou atuam na área da perinatalidade e da parentalidade aprenderão ideias práticas para aplicar em seu trabalho. Afinal, é indispensável que as pessoas que estão nessa área estejam preparadas e atualizadas para lidar com as famílias diante dos principais marcos evolutivos nos primeiros mil dias de vida dos bebês, período em que serão consolidadas as bases sólida- ou frágeis-  que influenciarão a construção das etapas posteriores de aprendizagem, saúde e comportamento da criança.

Os primeiros mil dias, portanto, um trabalho de tecelagem de uma nova pessoa e você precisa estar preparado para lidar com isso.

Ouça a autora:

Quem precisa fazer esse curso?

Profissionais da perinatalidade e da parentalidade: psicólogas perinatais, médicos, assistentes sociais, coaches de mães e famílias, doulas, enfermeiras obstétricas.

Como funciona?

Quatro horas de duração: vídeo-aulas, textos online, referências de vídeos, livros e documentos recentes.

Como adquirir?

Os cursos podem ser comprados pelo link

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Se não te faz bem, você tem todo o amor para dizer adeus

Se não te faz bem, você tem todo o amor para dizer adeus

Eu poderia, mas não me desculpei por todos os adeuses que dei. Isso porque alguns deles aconteceriam de uma forma ou de outra. Às vezes é da vida a gente se despedir de certas pessoas. E carregar culpas a cada partida seria não evoluir por dentro dos meus sentimentos, seria desconsiderar cada luta que atravessei com as minhas próprias pernas.

Fazer e estar presente para quem quer que seja, demanda amor. Demanda energia também, diga-se. Não há como concretizar tantas entregas sem antes cuidar da gente. Eu aprendi com o tempo que, a calma que tanto quero, precisa vir acompanhada de um senso de fidelidade pela minha própria pessoa. Ou seja, se não me faz bem, tenho todo o amor que preciso para dizer adeus. O único vínculo no qual tenho uma responsabilidade vitalícia é comigo. No início ou no fim dos meus encontros, o meu amor deve permanecer acima de qualquer pessoa.

O que quero dizer é: eu nunca vou colocar a minha saúde emocional abaixo de ninguém. Pode doer desistir de alguém, pode fazer uma falta absurda abrir mão de uma pessoa que até então, não só compartilhava importantes momentos da minha vida, como também somava nela. Mas, a partir do instante em que a reciprocidade ou qualquer outro sentimento benéfico e mútuo deixe de ser cultivado, dizer adeus será a minha primeira escolha.

Estou bem, estou em paz com tamanha clareza. Eu sei bem dos meus defeitos, das inseguranças que ainda não superei e também das muitas perguntas que ainda não obtive respostas. Mas se tem alguma coisa a meu respeito que não está em pedaços ou perdida, essa coisa é o meu amor. E nele, todos os planos e felicidades que imagino ser ideias, ocupam o mesmo canto no coração.

Então, pense bem nisso. Pense carinhosamente antes de escolher alguém, levando tudo de si e não cuidando das próprias emoções – ignorando o próprio equilíbrio. Se não te faz bem, você tem todo o amor para dizer adeus.

Todas as pessoas podem ser pontes

Todas as pessoas podem ser pontes

Quem já acompanha o blog “Para além do agora” a mais tempo já deve ter percebido que eu sou fã do Paramahansa Yogananda. Escrevi dezenas de textos inspirado nas suas sábias palavras. Porém, uma coisa precisa ser dita. Ele só se tornou o mestre que se tornou porque foi guiado por outro mestre, o grande Sri Yukteswar.

Nesse texto farei uma breve reflexão inspirado nas suas palavras. Leia com bastante atenção…

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 “Aquele que não consegue perdoar os outros acaba por destruir uma ponte pelo qual ele mesmo terá que passar.”
— George Herbert

Em um sentido prático e objetivo, quem nós somos é uma consequência do ambiente em que existimos, influenciados pelos eventos e experiências de relação com “o outro”. Mas somos muito mais do que isso, tudo que aconteceu no universo nos trouxe exatamente nesse momento, somos a consequência inevitável da disposição das leis da física.

Assim como o corpo e tudo que é percebido por ele, a consciência também é um aspecto fundamental dessa existência, já que ela é tudo que existe, só pode replicar a si mesma, portanto tudo é uma extensão da existência em si, e nossas experiências são uma maneira dela explorar a si mesma, dentro de si mesma, consigo mesma.

Essa percepção é a compaixão, é saber que você é o outro e ele é você, estamos todos interconectados, influenciando e reagindo a influencias.

“Quanto maior for a realização que você tiver sobre si mesmo mais você ira influenciar o universo com as suas vibrações sutis, e menos será afetado pelo fenômeno do fluxo.”
— Sri Yukteswar

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Eu fiquei encantado com tais palavras. Elas são relativamente simples de compreender intelectualmente, mas não são nem um pouco simples de serem colocadas na prática da vida diária.

Como nenhum de nós atingiu ainda essa iluminação, é comum no nosso meio existirem essas pessoas que “nos tiram do sério”, que agem de uma forma que consideramos terrível etc.

Todos os grandes mestres são unânimes em dizer que esses indivíduos são Budas disfarçados, que surgem para testar se estamos no caminho certo ou não.

Nas palavras do mestre Sri Yukteswar, todas as pessoas são PONTES, que nos conectam de um estado inferior de consciência para um estado um pouco mais elevado de consciência.

E o que faz essa ligação dessa ponte é o PERDÃO. Inclusive a raiz dessa palavra diz exatamente isso “perdoar” significa “para dar, para doar”. Não é interessante?

Eu só posso dar ou doar aquilo que tenho, aquilo que em mim existe em abundância. Jesus Cristo só doava amor para as pessoas porque ele era puro amor. É dele a conhecidíssima máxima: “Devemos perdoar o nosso irmão 70 vezes 7 vezes”. Ou seja, infinitamente.

Quando de fato buscamos vivenciar isso no dia a dia, acontece essa magia de expandir a consciência e tocar muitos corações. Até hoje, tanto o mestre Sri Yukteswar quanto o Yogananda continuam arrastando milhões e milhões de pessoas para Deus porque suas palavras são de uma verdade e de uma profundidade que é impossível continuar a ser o mesmo após entrar em contato com elas.

O último parágrafo é de enorme impacto. Leia novamente: “Quanto maior for a realização que você tiver sobre si mesmo mais você ira influenciar o universo com as suas vibrações sutis, e menos será afetado pelo fenômeno do fluxo.”
Esse fenômeno de fluxo que ele fala é sobre as pessoas que seguem a boiada, que só repetem o que todo mundo faz, sem inovação, sem transformação, sempre fazendo “mais do mesmo”.

Infelizmente, elas são a maioria, porém, quando pelo autoconhecimento vamos alcançando essa realização interior, todos ao nosso redor passam a sentir essa vibração sutil por nós emanada, até mesmo as pessoas que consideramos mais grosseiras.

Sei que estou longe da sabedoria desses dois, mas consigo perceber a veracidade disso em coisas pequenas no meu dia a dia. Como procuro tratar a todos com amorosidade, com carinho e com gentileza. Muitas pessoas que são conhecidas por serem rudes, grosseiras, estupidas etc. falam comigo de forma branda, de forma respeitosa. Isso tem acontecido muito constantemente na minha vida…

Já pensou essa mudança e transformação sendo levada para toda a humanidade? Nós viveríamos num paraíso.

Internalize essa sabedoria que não é somente do mestre Sri Yukteswar, mas de todos os grandes mestres. Todas as pessoas podem ser pontes. Isso não vai depender delas, vai depender único e exclusivamente de você e de como você age…

Ao sofrimento: Obrigada por ter me feito mais forte

Ao sofrimento: Obrigada por ter me feito mais forte

Assistindo a um vídeo do Dr Rubem Alves no YouTube, me deparei com sua explicação pessoal para a doce frase que intitula um de seus livros: “Ostra feliz não faz pérola”. Ele dizia que só a ostra que sofre é que faz pérola. Porque, para fazer a pérola, a ostra precisa ter alguma coisa que a irrite, um grãozinho de areia que a faça sofrer. Então, ao invés de eliminá-lo, ela envolve aquele ponto agudo cortante por uma substância lisa. E a ostra vai produzir a pérola para deixar de sofrer.

Não defendo a dor nem o sofrimento, mas acredito que, já que não podemos evita-los, devemos aprender com eles. E no fim agradecê-los por terem feito de nós pessoas mais fortes. Por permitirem que, de um jeito inesperado, nos tornássemos capazes de usar a sabedoria a nosso favor, tirando algum proveito da dor. Por nos mostrarem que, em algum lugar dentro de nós existe uma força que nos sustenta quando tudo o mais desmorona.

Uma das orações mais bonitas que existem é a Oração da Serenidade. Criada durante a Segunda Guerra Mundial, fala de aceitação, coragem e sabedoria. Não à toa é recitada em grupos de recuperação de vícios, pois sintetiza de forma muito bonita como podemos encontrar equilíbrio e harmonia naqueles momentos em que a vida nos tira o chão.

A parte mais conhecida da oração diz assim: “Concede-me Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu posso e sabedoria para distinguir uma das outras”. Mas também gosto do trecho da oração completa que fala assim: “Aceitando esse mundo tal como ele é, e não como eu queria que fosse”.

O mundo tal como ele é nem sempre é como a gente desejaria, ou sonharia que fosse. Por isso, é preciso discernimento para entender onde nossa energia e boa intenção podem frutificar ou não. É preciso sabedoria para recuar, para aceitar o que não dá para mudar, para talvez, quem sabe, seguir por outro caminho. Porém, o que vejo por aí é muita gente dando murro em ponta de faca, se enfurecendo com a vida, com Deus, com as pessoas… quando deveria apenas confiar. Outras vezes, me deparo com o contrário: tanta coisa a ser feita, tantas mudanças positivas a nosso alcance, e falta ânimo e coragem para começar.

Aceitar é um gesto de humildade, de reconhecer nossa pequenez diante de Deus, e também um ato de fé, ao admitir que há um propósito maior para a dor, que eu não entendo nem consigo explicar, mas no qual acredito e confio.

Quando uma ostra produz uma pérola, ela entende – e aceita – que não há como expelir o grão de areia que tanto a machuca. Assim, busca dentro dela recursos para que possa vencer a dor dignamente. Buscando uma saída, produz uma pérola. Essa é uma belíssima analogia da sabedoria da natureza que poderia inspirar a sabedoria humana, tão rara nos dias atuais.

Não adianta vivermos ressentidos com o sofrimento que a vida nos impõe. Não somos vítimas de uma conspiração divina para nos punir. Certas coisas acontecem aleatoriamente, e se não aprendemos a entrar no ritmo da vida, sofremos mais. Temos que perdoar os infortúnios, e seguir sem nos sentirmos magoados com a existência.

É preciso aprender a ser forte sem perder a delicadeza. Aprender a tolerar as mudanças de planos, os desvios de rota e a quebra de contratos com paz no coração e absolvição das próprias culpas. É preciso acreditar que, ainda que a vida nos machuque repetidas vezes, temos a possibilidade de desgastar-nos ou afiarmo-nos, tudo depende do metal de que somos feitos…*

*Essa frase é referência á célebre frase de George Bernard Shaw: “A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos.”

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“Pensar é difícil, é por isso que a maioria das pessoas prefere julgar”

“Pensar é difícil, é por isso que a maioria das pessoas prefere julgar”

Dizem que de médico e louco todo mundo tem um pouco. Devem ter esquecido de acrescentar que de juiz também tem. É tanta disposição pra julgar a vida dos outros que chega a surpreender.

Tantas preocupações podem nos rondar a vida, tantos afazeres para serem cumpridos e o que mais se vê por aí são pessoas que preferem se ater ao que acontece na vida dos outros. Chega a ser difícil de compreender.

A verdade é que saber os motivos que levaram essa ou aquela pessoa a tomar uma decisão, mudar de rumo ou de atitude, devem dizer respeito somente a ela mesma. Sendo próximos ou distantes no círculo de convívio, tendo intimidade ou não, a ninguém cabe o direito de dizer o que as pessoas devem fazer ou deixar de fazer da própria vida. Presumir, supor e julgar são ações que não devem ser aplicadas sobre as decisões e comportamentos das outras pessoas. Mas, contudo e todavia, nem todos se dão conta de que deve ser assim. Cuidar da própria vida nem sempre é o comportamento mais adotado.

É como se todos soubessem a receita, os remédios e os métodos para solucionarem os problemas que são das outras pessoas. É muita gente cheia de dicas de como conduzir a vida e que, ao invés de auto aplicá-las, prefere aplicá-las na vida alheia; que não se contenta em cuidar da própria existência e decide dedicar uns palpites à vida do outro, adotando comportamentos que vão desde inconvenientes a maldosos, passando pela certeza de serem desnecessários.

Afeito a analisar o comportamento humano, Carl Jung declarou que “pensar é difícil, é por isso que a maioria prefere julgar.” Tirar conclusões a partir do que se vê apenas, ainda que o que está à vista seja apenas a ponta do iceberg parece ser a “praia” do ser humano. E pior que concluir, é espalhar essa conclusão como certeza, quando não deveria chegar nem perto disso. Existem verdades que são muito pessoais e que precisam e devem ser respeitadas; motivações que pertencem ao íntimo de cada pessoa e que devem ser preservadas dos julgamentos, sobretudo dos superficiais.

Já o escritor Paulo Coelho afirmou: “não devemos julgar a vida dos outros, porque cada um de nós sabe de sua própria dor e renúncia. Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que seu caminho é o único.”

Deveria ser regra, mas é exceção. Sendo assim, e como é quase impossível escapar dos julgamentos e dos seus malefícios, a dica mais importante a ser oferecida é: não se atormente com o que dizem, sobretudo quando as pessoas não sabem sua versão dos fatos. Não dê ouvidos a quem não sabe nada sobre você. Viva em paz com suas verdades, porque o mais importante é como você se sente e lida com elas. Julgamentos são o que são, apenas julgamentos. Eles não devem ter, nunca, nenhum poder sobre você.

Algumas pessoas amam te ter, mas não te amam

Algumas pessoas amam te ter, mas não te amam

Nem os parecidos, nem os opostos. Quero dizer, é relevante sim, mas não é definitivo.

Com certeza estar com alguém que tem os mesmos gostos torna tudo mais fácil: gostarem da mesma banda, dos mesmos lugares, das mesmas comidas, do mesmo time, dos mesmos programas de TV e detestarem as mesmas coisas. É o sonho de muitas pessoas, o nosso lado narcisista amaria encontrar uma pessoa que fosse muito parecida com nós.

Por outro lado, dizem também que os opostos se atraem, que uma completa o que à outra lhe falta, que uma neutraliza a outra, além de lhe mostrar um mundo novo para que a outra pessoa possa se apaixonar. Na prática eu discordo um pouco disso.

A verdade é que ser diferente pode sim ser um complicador quando as duas pessoas não sabem lidar com as diferenças, podem brigar por qualquer motivo, podem desmotivar-se, podem cansar de nunca conseguir encaixar os gostos, mas ter gostos diferentes e ser diferentes não é um fator determinante para uma relação dar certo ou não. Não desista de alguém apenas porque não tem as mesmas preferências que você. Dar certo depende da forma como as duas pessoas lidam com a relação, independente dos gostos.

O mais importante é estar com alguém que tenha a mesma vontade que você, se você quiser vê-la, que ela também queira. Se você quiser viajar no final de ano, que ela também queira (mesmo um querendo ir pra fazendo e o outro pra praia), mas principalmente que se você quiser fazer dar certo, que ela também queira.

Que ela tenha vontade de dar certo no amor, esse é o primeiro passo para dar certo. Sem vontade de amar é impossível alguma relação ser construída beneficamente. É necessário que a vontade de ser feliz na relação e de fazer o outro feliz prevaleça. Só assim o amor vence.

É apenas esta motivação que pode suportar qualquer obstáculo, é desta forma que uma relação se sustenta e perpassa por qualquer circunstância que apareça. Não existe mágica numa relação, mas existe a vontade. Quando você encontra alguém com vontade de você, com vontade de fazer dar certo, não há nada que seja impossível.

Fique com alguém que seja desesperado por fazer dar certo, mesmo que esta pessoa seja calmaria. Fique com alguém que seja louco por te fazer feliz, mesmo que ela seja a mais racional possível. Fique com alguém que nunca te abandona, mesmo que ela viaje para longe três vezes ao mês.

Não precisam ter os mesmos gostos, precisam apenas querer com intensidade.

Amor não se mendiga, amizade não se cobra, carinho não se pede

Amor não se mendiga, amizade não se cobra, carinho não se pede

Existem certas coisas que não precisariam ser faladas, tampouco cobradas, de tão óbvias. Porém, passamos a vida lembrando algumas pessoas daquilo que elas deveriam já ter como hábito e isso cansa, diminui, abalando a autoestima de qualquer um. Se tivermos que lembrar aos outros o óbvio todos os dias, a todo instante, enlouqueceremos.

Amizade não deveria ser cobrada. Ter que correr atrás o tempo todo da pessoa, enquanto ela nem se lembra de que a gente existe, exaure a paciência mínima de um ser humano. Quando temos que, só nós, ficar mandando mensagens, telefonando, convidando procurando, é hora de repensar aquilo tudo, porque, provavelmente, a amizade somente existe em nós. Do outro lado, amizade é que não tem.

Carinho não deveria ser pedido, mas sim espontâneo, verdadeiro, necessário em quem oferta, tanto quanto em quem recebe. Carinho não somente se trata de toque, porque a gente se sente amado principalmente pelas atitudes do outro, pela forma como ele nos faz sentir, mesmo de longe. Ter que ficar cobrando palavras, gestos, comportamentos, ter que lembrar nossa existência a alguém é por demais humilhante. Ninguém merece.

Amor que se mendiga é tudo, menos amor. É o contrário de amor, é o que contraria o amor em si. Sentimentos vêm de dentro e transpiram por todos os poros, materializando-se no encontro que transforma, no calor que motiva, na certeza que acalma, no abraço que reinicia. O amor precisa se expandir, precisa ser expresso, dito, ouvido, vivido, sem melindres, sem rodeios. Se houver carência de um ou de outro lado, não há reciprocidade e, então, amor nem tem.

Nossa sobrevivência em muito dependerá do discernimento entre o que é luta digna e o que nada mais é do que insistência servil. Lutar pelo que queremos não significa implorar por atenção, por amizade, por carinho, por amor. A dor da consciência sobre quem não está mais junto sempre será uma oportunidade de recomeço. A dor da solidão acompanhada, porém, jamais nos tornará dignos de sentimentos verdadeiros e recíprocos. É isso.

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Texto também publicado na página do autor em Prof Marcel Camargo

O mundo está povoado de gente desinteressante

O mundo está povoado de gente desinteressante

Uma amiga reclama, cansei, não suporto mais gente idiota, homem que não sabe conversar, o mundo está cheio de gente vazia, povoado de gente desinteressante, “pra mim chega”.

Minha amiga não aguenta mais tanta gente clichê que faz a mesma coisa, conversa o mesmo assunto, tem a mesma atitude.

Ela diz mais, “os caras não querem te envolver, não sabem se envolver, não sabem escutar, conversar, querem ir direto ao ponto, se conseguem, some, se não conseguem, ficam com raiva, todos idiotas pretensiosos e sexistas”.

Segundo ela as pessoas não sabem mais sentir, querem se exibir, se mostrar, parecem todas iguais, estão todas nas redes sociais se mostrando.

“Ninguém tem mais segredo, mistério, é todo mundo muito comum demais, falta originalidade, autenticidade, alguém que te cative não apenas para fazer sexo, mas pra te envolver, te fazer sentir e te deixar sonhando”.

É tudo fachada, ela diz, quando você pensa que uma pessoa é interessante, quando vai conversar, ter contato, conviver, percebe que é mais um idiota, babaca e arrogante. Chega.

“O cara se mostra pelas redes sociais para construir uma imagem falsa, mas não é nada aquilo que posta, publica, não dá mais, não aguento mais”, ela diz.

Minha amiga vai completar 36 anos, mas diz-se conformada com a solidão, tem muitos amigos, uma vida social normal, mas relacionamento é coisa que não passa pela sua cabeça, não entende mais como ser isso algo possível.

Não é difícil voltar a ser criança

Não é difícil voltar a ser criança

Quando criança, minha vó Izaura costumava trazer do interior cocadas de maracujá feitas por ela. Eram uma delícia e lembro que fazia festa em casa quando isso acontecia, formiguinha que sempre fui. Era um docinho muito simples, feito com coco, açúcar e fruta. Sequer leite condensado ela colocava. Eu preciso dizer que esse é meu doce preferido desde então? E sabem o por quê? Porque ele carrega minha infância. Podem estar certos de que sempre que me virem comendo uma cocada de maracujá é uma criança que lá está.

Mas crescemos e o lúdico vai ficando no caminho. Achamos que certas coisas ficaram para trás e certas emoções não são para nós, pois estão para sempre presas num mundo que não pode mais ser penetrado. Então culpamo-nos se algumas vezes queremos voltar ao quentinho do que parece ser a infância. Por que muitos de nós sentimos às vezes vontade de voltar a ser criança? De onde vem essa vontade, esse saudosismo tão descabido?

É uma saudade que parece boba, mas a falta de um passado visto como bom, repleto de momentos simples e felizes, sem confusões mentais em excesso, sem a preocupação de cumprir compromissos parece ser uma boa desculpa para esse sonhar acordado. Aliás, existe algo mais infante do que o sonho? Se com as experiências e as dificuldades amadurecemos, com os sonhos voltamos a ser criança. Os adultos vivem afogados na própria sobrevivência e parecem estar tão sem sonhos… Então é possível viver sem sonhos, ou melhor, é devido viver assim?

Talvez eu esteja em contato com minha infância mais constantemente. Sei que uma vez adulto, a vida parece mais fixa, imutável, mas é pura ilusão. A vida muda constantemente. Além disso, ela depende muito do significado que a damos, assim como as crianças fazem naturalmente. Volto à infância quando sinto que não guardo mágoa, quando não planejo vingança, quando perdoo com facilidade, quando não percebo maldade em certas situações, quando sorrio à vontade ou quando choro sem pudor, quando não penso em idade e na passagem do tempo, quando não perco tempo com o que não é importante. Existe coisa mais infantil do que despreocupar-se com coisas que não são fundamentais para nossa vida, naquele exato momento?

Quisera eu que todas as quedas fossem as de bicicleta, que os piores problemas fossem os de matemática, que parasse de chorar com um abraço apertado, que a dor passasse com um beijo da minha mãe, que a raiva cessasse após um chocolate quente ou que o coração partido fosse reconstruído uma hora depois. Não nos foi ensinado a como lidar com as decepções que não passam com um chamego.

Nossas regras são mais agressivas; nossas exigências maiores. Somos mais medrosos e armados e vivemos apressado. Adulto apressa-se até sem querer. Andar num ritmo louco sem ao menos saber exatamente o porquê parece ser a marca de que enfim crescemos. Correr atrás de coisas perdidas, de pessoas perdidas, de pensamentos perdidos, do tempo perdido. E assim andamos tão perdidos…

Ser adulto é estar de um jeito querendo estar de outro. É estar num lugar querendo estar em outro. É conviver com alguns querendo estar com outros. É ter ainda que representar constantemente. Aceitar quando quer negar. É esconder as dúvidas, disfarçar os sentimentos, desprezar as próprias dores. Ser adulto é não inventar mundos, mas com alguma boa vontade, ver que os mundos só mudam de nome.

Por isso que renunciar a certos símbolos da vida adulta não faz assim tão mal. Romper barreiras, desprezar preconceitos, criar novas regras, desobedecer a imposições. Quem disse que você não pode amar perdidamente? Que não pode ter um medo inexplicável de alguma coisa? Que não pode afeiçoar-se mais do que a média por seus animais, suas plantas ou seus amigos? Que não pode ter vontade de chorar na frente de qualquer pessoa? Que não pode pedir colo sem receio? Que não pode dizer “não sei” para muitas coisas e nem por isso a vida acabar?

Faz tempo que venho repensando essa vida que levamos, essas tais coisas de adulto que podem estar nos fazendo perder a espontaneidade, a felicidade ou mesmo a dignidade. Por que é tão divertido fazer coisas de criança? Talvez porque criança não esteja preocupada em ser, ela apenas é. Tantas vezes queríamos voltar para brincar só mais um pouquinho, ou simplesmente não se importar com nada, ou experimentar momentos sem seriedade, ou se apaixonar com inocência e rompante, ou sentir os sentimentos passando rapidamente.

Não se trata de um elogio à irresponsabilidade, mas de encarar a vida com a seriedade que uma criança encara uma brincadeira. Ter ciência da nossa existência estupidamente curta ( quando pequenos muita gente querida não havia ido embora, por isso não sabíamos que vamos crescendo e perdendo pessoas, e que também podemos ir embora a qualquer momento), de que seremos criança enquanto o medo do julgamento alheio comandar, do quanto não temos as coisas sob nosso controle, do quanto só o tempo ajuda a notar ilusões e bobagens, de que a vida é uma escola, de que a Arte sensibiliza e questiona, de que a leitura dos livros amplia o conhecimento e liberta, de que absolutamente tudo que é imposto é passível de ser questionado ( e deve sê-lo, aliás), do quanto somos alienados em nosso tempo para trabalhar muito e pensar quase nada, do quanto estamos sendo treinados a achar que enriquecer é mais importante do que estar com a família, de que é egoísmo achar que os que estão ao nosso redor podem estar mal e isso não influenciará em nosso bem estar, do quanto desobedecer pode ser saudável e necessário, do quanto somos afetados pelo bem e pelo mal que fazemos, do quanto o poder não passa de uma abstração – uma ideia boba e um faz de contas que só serve para manipular pessoas a fim de que elas se achem desiguais, de que idade é só um número, de que dinheiro não faz ninguém especial, de que estar com amigos faz a gente feliz, de que mãe é o melhor acontecimento do universo, de que sorrir não é solução mas ao menos deixa a alma mais leve.

A insanidade no ambiente de trabalho

A insanidade no ambiente de trabalho

A sanidade é a qualidade de saúde de uma pessoa. A insanidade é a carência dessa característica e do seu bom funcionamento, já a insanidade mental é a falta do bom funcionamento da psique. Podemos utilizar o conceito de insanidade para analisar doenças e síndromes, que surgem no ambiente de trabalho.

A síndrome de burnout, que assim foi denominada pelo psicanalista alemão Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, na década de 1970. Hoje podemos caracterizá-la com uma insanidade que atinge muitos profissionais, sobretudo, das áreas de saúde, educação e segurança pública, que têm gerado o adoecimento desses trabalhadores.

Essa síndrome ocorre, especialmente, entre médicos, enfermeiros, professores, policiais civis e militares, que se dedicam à vida profissional e sentem-se frustrados por acharem que o seu trabalho não é valorizado.

A síndrome de burnout é um estresse recorrente provocado por excesso de trabalho. É o esgotamento físico e mental da vida laboral. Os principais sintomas são desânimo, dificuldade de sentir prazer e de raciocinar, hipersensibilidade, alterações do sono, sentimentos de inferioridade, falta de motivação e criatividade.

Além disso, essa síndrome se manifesta em sinais visíveis, tais como dor de cabeça, transpiração, fadiga, pressão alta, alteração nos batimentos cardíacos, dores musculares e problemas gastrointestinais. Isso tem levado muitos profissionais a se afastar do trabalho, apresentado um quadro de depressão e até de suicídio.

Outros fatores que acentuam esses sintomas são as condições precárias e as relações humanas deterioradas no ambiente de trabalho, que colocam em risco à saúde mental e física dos trabalhadores. As pressões das chefias também contribuem para gerar a síndrome de burnout.

Essas chefias a revelia dos valores das empresas impõem as suas vítimas um ritmo de situações constrangedoras, acusações, fofocas, humilhações, exclusões e ofensas, que beiram a insanidade. Diante de tantas exigências, os profissionais têm dificuldades de dizer um “basta” a essas situações.

Observa-se nas estatísticas sobre o ambiente de trabalho, que essa realidade está deixando os indivíduos doentes, como sendo um grave problema de saúde pública. Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho apontou que mais da metade dos 550 milhões de dias de trabalho são perdidos por ano no mundo, devido ao estresse.

Em uma recente pesquisa baseada em quase 300 estudos se constatou que métodos danosos no local de trabalho aumentavam a mortalidade. O que se constitui em agressões contra a mente, o corpo e alma dos sujeitos, que começam com menor intensidade, e depois tomam dimensões insanas.

Afinal, uma análise sobre a síndrome de burnout nos indica que o melhor caminho é manter o equilíbrio entre trabalho, lazer, família e atividades físicas. E ainda se recomenda a psicoterapia, pois a nossa sanidade mental se fortalece quando fizemos boas escolhas, a fim de nos tornar pessoas saudáveis e felizes.

Não ignore aquilo que está roubando a sua paz

Não ignore aquilo que está roubando a sua paz

Não ignore aquilo que está roubando o seu sossego, por mais que ninguém o compreenda. Não faça vista grossa ao desconforto que você sente diante de determinada situação. Ainda que você seja tratado(a) como paranoico(a) ou desequilibrado(a). É muito comum, especialmente, nos relacionamentos amorosos, uma pessoa identificar um desconforto ou uma desconfiança envolvendo o parceiro e, diante disso, ser tratado(a) como alguém que está vendo chifres em cabeça de cavalo. Dependendo do poder de persuasão e de manipulação do alvo da desconfiança, é possível que ele(a) reverta o quadro passando a ocupar o papel da vítima.

Como Bombeira, considero muito o provérbio popular que diz “onde há fumaça, há fogo”. Dificilmente a nossa desconfiança é sem fundamento. É óbvio que há casos mal entendidos, sim. No geral, um desconforto dentro de um relacionamento que envolve uma desconfiança, costuma ter, sim, um embasamento que acaba se materializando quando não é ignorado. Particularmente, defendo que um relacionamento precisa de transparência para prosperar, isso é o mínimo que se pode esperar de um vínculo afetivo.

É fato que muitas pessoas preferem ignorar todas as evidências de que algo vai mal na relação. Talvez por receio de encarar uma realidade que vai culminar com a destruição de toda uma idealização, existem pessoas se fingindo de mortas diante de sinais e sintomas bastante graves envolvendo os seus relacionamentos. Essas pessoas optam por colocar o lixo embaixo do tapete em prol da sobrevivência de um suposto amor que, muitas vezes, já nasceu de forma obscura, envolto em mentiras, enganos e ilusões. Uma coisa é fato: você pode enganar o mundo inteiro, contudo, é impossível calar essa voz que a todo instante o incomoda sobre essa questão que tem roubado a sua paz.

Enquanto você der corda, vão puxar a corda

Enquanto você der corda, vão puxar a corda

Não está fácil sobreviver nestes dias. Além das atribulações e dos problemas que temos em nossas vidas, ainda somos obrigados a lidar com chateações e aborrecimentos causados por pessoas que mal nos conhecem, mas que insistem em azucrinar a paciência de qualquer um que estiver por perto.

Além de termos que tentar manter a calma em relação a tudo aquilo que realmente faz parte de nossas vidas, ao que importa de fato, acabamos tendo que perder tempo e gastando energia com dissabores provocados por pessoas que não estão incluídas em nossa jornada. Manter a sanidade, nesse contexto, é uma tarefa hercúlea, pois acumulam-se, em nossos caminhos, lixos que não são nossos.

Infelizmente, embora tenhamos a consciência de que gastar energia com o que e com quem não têm merecimento seja improdutivo, torna-se quase que impossível nos desviarmos dos entraves pelo caminho, sem que percamos a paciência. Dessa forma, comprometemos o bom andamento do que temos que realmente levar adiante, o que interfere, inclusive, na qualidade do tempo de que dispomos junto aos nossos queridos.

É preciso buscar formas de conseguir manter o equilíbrio diário, ou adoecemos. Exercitar o “deixar pra lá”, tentar dominar a arte de ignorar, manter por perto quem torce por você, afastar-se de quem suga energia, escolher com sabedoria as sementes que semearão os seus jardins, são atitudes que em muito concorrerão a uma jornada menos densa, menos triste, menos aborrecida.

Portanto, teremos que recolher a nossa corda, para não dá-la aos urubus que vivem voando por aí atrás de encrenca. Temos que nos resguardar de tudo o que machuca e fere sem razão de ser, protegendo-nos das dores que não merecemos, não procuramos, não provocamos. Como diz a sabedoria popular: enquanto dermos corda, vão puxá-la.

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