Bohemian Rhapsody: a música dá sentido às nossas vidas

Bohemian Rhapsody: a música dá sentido às nossas vidas

Muito se fala sobre Bohemian Rhapsody, diversas são as vistas e muitos apontam para questões da vida de Freddie que estiveram no ar, que não foram abordados ou possuem alteração. A verdade é que o mundo da música e, em especial, a rocha predominante de meados do século XX, esteve profundamente ligada ao excesso, às drogas e à destruição. Nós nutrimos a figura do rockstar cercada de excessos; nós catapultamos essas estrelas ao nível de gênios obscuros e mal compreendidos, que mataram o tempo com orgias, álcool e qualquer tipo de droga.

Parece impossível quebrar a associação entre rock star e excessos, embora sempre haja exceções, alguns como Bruce Springsteen ficaram à margem. Mas, sem dúvida, parece que pensar em rock é pensar em sexo desenfreado, festas loucas e extravagantes. Talvez seja o que algumas pessoas esperavam quando viram o Bohemian Rhapsody. Da mesma forma, seria de esperar uma visão mais profunda da doença de Mercury: o HIV; como esta doença o fez perder um pé e levou-o a um sofrimento que não é visto no filme .

Neste ponto, pode-se perguntar se a fita deve ser interpretada como um filme biográfico de Freddie ou Queen; e a única resposta possível é que é uma cinebiografia do grupo britânico. Sim, é verdade que na maioria das cenas o foco é Freddie, mas também é verdade que ele é a figura mais reconhecível no grupo. Sua voz espetacular, sua conexão com o público, suas extravagâncias e sua morte prematura fizeram dele uma figura que, imediatamente, associamos ao talento e ao gênio. Portanto, não é de estranhar que seja a alma do filme.

Além do Freddie

Se o que quer é ver um filme totalmente fiel e detalhado da vida de Freddie Mercury, então é melhor não ver o Bohemian Rhapsody. Como qualquer adaptação, parte de uma história é construir algo totalmente diferente. Não devemos esquecer que o cinema, por mais fiel que seja à realidade, não deixa de ser uma narrativa, uma criação artística que, por sua vez, é profundamente limitada pelo tempo. Por esta razão, a cronologia é deixada um pouco à imaginação e certas licenças criativas são tomadas. Tudo isso pode se tornar um grande sucesso ou cair na catástrofe.

Deixando de lado as questões cinematográficas, estamos diante de um filme que nasce em um momento totalmente necessário. A música, como toda a arte, está em constante mudança desde o nascimento. Muitos artistas são reavaliados ao longo dos anos, enquanto outros caem no esquecimento. E, no final, o que sobrevive são os clássicos; aquelas obras que, por qualquer motivo, marcaram um antes e um depois .

Nos últimos anos, a música se tornou, mais do que nunca, um objeto de consumo; onde a quantidade é mais importante do que a qualidade. Os jovens conhecem Freddie? No caso de uma figura tão popular, pode-se pensar que a grande maioria conhece; no entanto, a realidade é bem diferente. E se pedirmos a um de seus contemporâneos, ouso aventurar que a resposta será, em sua maioria, negativa.

Bohemian Rhapsody é uma ode à música, onde o autotune não era o protagonista e criatividade do artista era essencial. A imagem diabólica do registro também está presente na fita, a sociedade de consumo estava progredindo muito e ninguém estava interessado no estilo musical ópera, muito menos uma canção cuja duração era superior a 3 minutos. Contra todas as probabilidades, Queen conseguiu cativar o público mais heterogêneo, mostrando que a qualidade não tem que ser antônimo de vendas.

Música como um fio comum

Música é aquela disciplina que, se você entende, você sabe o que está acontecendo, você desfruta de um nível difícil de explicar. A música tem a capacidade de transmitir emoções, sensações e evocar memórias .

Dependendo do nosso estado emocional ou da hora do dia, estaremos mais predispostos a ouvir um certo estilo. Quando assistimos a um concerto, as sensações se multiplicam e, diante de um grupo como o Queen, deve ser uma experiência sensacional. Nos últimos anos, uma padronização está sendo produzida, a inovação não é recompensada, o foco é a venda. Isso, na realidade, não é novidade, mas aumentou com o passar dos anos.

A música não entende fronteiras … Algo que vemos com total clareza em uma cena em que Mercury mostra a Mary um vídeo de um show no Rio. Mercury expressa a incerteza de tocar diante de um público que não entende suas letras e, no entanto, fica surpreso ao descobrir que a platéia canta “Love of my life”. E é que a linguagem da música vai além das palavras, às vezes, não é necessário entender o que uma música diz para poder transmitir.

Bohemian Rhapsody resgata aquela torrente de emoções que desencadeia a música . Ele nos convida a cantar, a dançar, a celebrar a vida, sem pensar demais, esquecendo os problemas. Portanto, a música cria unidade, nos move … E é isso que sentimos quando assistimos ao filme, onde Malek e Live Aid se destacam.

O amor

Bohemian Rhapsody é amor pela música, pela arte; mas também amor pelas diferenças, família e amigos . A unidade do grupo, as discussões, as diferenças e a família estão muito presentes ao longo do filme. Nem deixa de lado a relação única entre Freddie e Mary Austin (ou com gatos), o principal herdeiro da fortuna do músico e uma das pessoas mais importantes de sua vida.

Vindo de uma família de tradições profundamente enraizadas, que contrastava com o estilo de vida britânico da época, Mercúrio adotou uma nova identidade, dissociando-se do que precede. No entanto, assistimos a um momento verdadeiramente emocional quase no final do filme: a reconciliação com o pai e a aceitação das diferenças. A homossexualidade do cantor é tratada com naturalidade, embora observemos uma imprensa predatória que anseia mais saber com quem Freddie divide sua cama do que com assuntos musicais.

Sem muitas palavras, o mundo homossexual é mostrado como obscuro, escondido em bares, na mais escura das cidades … E isso é algo que, infelizmente, não mudou muita coisa. Sendo algo normativo, algo que tem sido perseguido e criticado, foi, de alguma forma excluído.

O filme também oferece a oportunidade de desfrutar de alguns dos shows mais emblemáticos, como o Live Aid, para aqueles que não puderam vê-lo em seu tempo. Ao mesmo tempo, é uma descoberta para as novas gerações, algo que se reflete na quantidade de reproduções que a banda britânica obteve desde a estréia do filme. Com muitas cédulas para ganhar uma indicação ao Oscar 2019, especialmente, graças ao desempenho de Rami Malek como um Freddie excepcional, Bohemian Rhapsody não é um filme para pensar demais, é um filme para celebrar a vida e, finalmente, a música e tudo que isso evoca.

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Tradução feita pela CONTI outra, do original de La Mente es Maravillosa

Criar seus filhos sem limites pode ser perigoso: a grande importância de um “não.

Criar seus filhos sem limites pode ser perigoso: a grande importância de um “não.

Ninguém disse que educar uma criança seria uma tarefa fácil, uma vez que essa tarefa pode ser extremamente difícil e desgastante. Uma das principais razões para isso é a falta de imposição de limites aos pequeninos.

A palavra “limites” em si pode ser entendida como algo negativo, como uma forma de dominação sobre as crianças. A realidade é que com eles estamos orientando nossos filhos no caminho certo e facilitando seu desenvolvimento e crescimento pessoal, nos basta apenas ensiná-los.

Como aplicar os limites?

Ninguém nasce sabendo educar ou criar um filho, e o simples fato de ser pai ou mãe não o torna um educador de excelência; é por isso que apresentamos abaixo algumas dicas simples para impor limites às crianças.

1. Seja objetivo.

Marque as regras mais concretamente. Em vez de dizer “comportar-se”, diga-lhe exatamente o que você quer que ela faça com frases curtas e comandos precisos, como: “Fale em voz baixa na biblioteca” ou ” Pegue minha mão para atravessar a rua”.

2. Dê opções.

Dê a eles a liberdade de decidir como obedecer às suas ordens. Por exemplo, quando for hora de se vestir diga-lhes: “Você quer escolher suas roupas ou quer que eu faça?” . Desta forma, você faz a criança sentir que tem controle, mas ela acaba fazendo exatamente o que quer.

3. Seja firme

Não significa gritar quando ele não obedece, mas sim falar com uma voz firme e um rosto sério. Por outro lado, ser firme também significa que as regras importantes não estão abertas à discussão, se o tempo para dormir for às 20 horas, tente fazer com que seja o mesmo todos os dias.

4. Enfatize o positivo.

Ao dizer “Não”, a criança sabe que não deve fazer o que está fazendo, mas não entende qual é a maneira correta de se comportar. Por exemplo, em vez de dizer “Não grite na biblioteca”, diga “Fale tranquilamente na biblioteca” ou, em vez de “Não corra”, diga “Ande devagar”; desta forma, será mais fácil para ele entender o que você quer.

5. Explique porque.

Quando uma criança entende as razões para seguir uma ordem, ele se sente mais seguro e mais propício a obedecer. Não dê explicações longas e complicadas, mas curtas e simples como: “Não morda os outros, você vai machucá-los”. A famosa desculpa: “Porque eu sou sua mãe!” não é uma boa razão.

6. Desencoraje o comportamento, não o seu filho.

Não se trata de mostrar rejeição em relação a eles; antes de dizer “Você é mal” ou “Você é irritante, diga ” O que você está fazendo está errado”.

7. Controle suas emoções.

Quando estamos muito zangados, somos mais propensos a ser verbal e fisicamente abusivos para as crianças. Conte até dez, acalme-se e enfrente a situação.
Lembre-se, não ceda às birras e caprichos do seu filho, porque no final será ele quem manda. Seja paciente, e você verá que, com amor, regras claras e um exemplo amoroso, conseguirá criar uma criança bem comportada, autoconfiante e auto-suficiente.

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Tradução feita pela CONTI outra, do original de Gutenberg

Nasce uma estrela: uma história de amor que nunca envelhece

Nasce uma estrela: uma história de amor que nunca envelhece

Um artista renomado se apaixona por uma aspirante ao estrelato e acaba por levá-la à fama, enquanto sua vida pessoal e sua carreira entram em franca decadência, devido ao seu vício em álcool e drogas. Na versão mais recente, os amantes chamam-se Jackson e Ally. Este é o mote que embala o enredo de “Nasce uma estrela”, filme que já teve quatro versões, sendo a mais recente, de 2018, estrelada por Bradley Cooper e Lady Gaga.

Interessante notar que todas as versões da história obtiveram êxito, cada uma a seu tempo. As versões se revestem do contexto e da roupagem do momento em que são filmadas e todas conseguem alcançar os corações do público, ontem e hoje. Isso porque se trata de uma história de amor atemporal, cujas características sempre serão contemporâneas. O amor, aliás, nunca sai de moda.

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Vários elementos com que nos identificamos se encontram ali: a paixão à primeira vista, um talento escondido, a conquista do sucesso profissional, a perda de si mesmo, o não conseguir lidar com tudo o que a vida traz, amar e não conseguir ficar junto. A trilha sonora primorosa só vem contribuir com a força desse encontro, que se vai tornando desencontro, distância e sofrimento, enquanto Jackson não se liberta de seus fantasmas, apesar do sentimento arrebatador que lhe toma os sentidos.

O público se identifica com a história e seus desdobramentos de imediato, em grande parte porque relacionamentos amorosos, na vida real, também são assim: difíceis, complicados, embora surpreendentes. As personagens são humanas como nós, sofrem como nós, sonham e amam como nós, sem perfeição intacta. Vícios e paixões humanas, em seu estado bruto, encontram-se ali, desnudados: ambição, inveja, cobiça, egoísmo, fraqueza, competitividade. O que se vê na tela é o que se vê na vida.

Jackson não consegue digerir sua história, não faz as pazes com seu passado, não perdoa, não se perdoa e, dessa forma, perde-se de si, sem volta. Por mais amor que sentisse por Ally, por mais que fosse amado por ela, acabou percebendo que não poderia mais ajudá-la, após ser catapultada ao estrelato. Percebendo-se um entrave, um obstáculo à vida de Ally, então desiste.

Certamente, o que cativa mesmo é a capacidade que o amor tem de mudar vidas para sempre, de transformar as pessoas, tornando-as melhores e mais confiantes de tudo o que possuem e podem fazer. Nem todas as histórias de amor possuem um final feliz, mas todas elas possuem momentos felizes e inesquecíveis, todas elas nos trazem aprendizado, força e novos olhares sobre o mundo.

Tudo passa, mas algumas pessoas, mesmo ausentes, ficam para sempre.

Vingança – Um olhar psicológico e filosófico

Vingança – Um olhar psicológico e filosófico

De todos os sentimentos negativos, a vingança é, sem dúvidas, o mais controverso e rende os debates mais acalorados nos ramos da filosofia, sociologia e psicologia. Isso porque, mesmo tendo um objetivo destrutivo, ele desperta o sentimento empático de muitas pessoas ao redor, enquanto tantas outras repudiam a mesma atitude.

O sentimento de vingança surge quando passamos por alguma espécie de trauma e sentimos que houve um desequilíbrio dentro de alguma relação. Esse desnível resulta em um sofrimento considerado pelo vingativo como injusto, e este quer responsabilizar o outro pelo que sente, com aquele frase “Ah, mas isso não vai ficar assim, não”. Desse modo, começa a elaborar alguma espécie de “acerto de contas” para que haja um ressarcimento emocional dos danos causados.

De acordo com um estudo realizado por pesquisadores suíços, há uma recompensa neural quando a vingança é concretizada. Essa conclusão veio quando cérebros de pessoas que tinham sido prejudicadas durante um jogo de laboratório foram escaneados quando elas decidiram punir a outra pessoa por um minuto como uma vingança.

No entanto, a mesma pesquisa concluiu que, por mais que haja efeitos benéficos de curto prazo, foi descoberto que o sentimento de hostilidade oriundo do desejo de vingança não acaba quando concretizamos o que queremos. Pelo contrário, ela prolonga o dissabor da infração e acaba funcionando como uma bola de neve: quanto mais você se vinga, mais vontade de vingança tem e mais raiva vai sentir. Ou seja, a satisfação pretendida pela vingança tem uma duração muito pífia.

Isso porque o desejo por esse sentimento revive as feridas emocionais do passado, como se você não deixasse o seu corpo cicatrizar um ferimento no seu corpo, já que você “futuca” sempre aquele machucado, o que aumenta cada vez mais a sua dor. No entanto, se ela é tão negativa, por que parece ser boa?

Um outro estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Miami em parceria com a da Pensilvânia, concluíram que a vingança desencoraja um potencial agressor, já que ele pode ser retaliado, além de dar o sentimento de “poder” a aqueles que querem se vingar.

Tanto que a vingança não é exclusiva dos seres humanos. Foi descoberto que leões, elefantes, coiotes e várias espécies de primatas também utilizam a vingança como uma forma compensatória numa tentativa de dominar a situação. Isso indica que há um componente biológico para a retaliação quando nos sentimentos ofendidos, lesados ou injustiçados.

O problema, segundo a psicóloga Ghina Machado é que a vingança “Não têm limite moral e pode realmente perseguir esse desejo de vingança até a última consequência. Um exemplo muito comum são os crimes passionais, em geral cometidos por homens, quando a mulher pede a separação ou encontra um novo parceiro”

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Segundo a filósofa Martha Nussbaum, o sentimento de vingança está diretamente relacionado ao instinto de justiça, mas ambos são coisas diferentes: “O senso primitivo do justo — notadamente constante de diversas culturas antigas a instituições modernas  . . . — começa com a noção de que a vida humana. . . é uma coisa vulnerável, uma coisa que pode ser invadida, ferida, violada de diversas maneiras pelas ações de outros.

Para esta penetração, a única cura que parece apropriada é a contra invasão, igualmente deliberada, igualmente grave. E para equilibrar a balança verdadeiramente, a retribuição deve ser exatamente, estritamente proporcional à violação original. Ela difere da ação original apenas na sequência temporal e no fato de que é a sua resposta em vez da ação original — um fato freqüentemente obscurecido se há uma longa sequência de ações e contra-ações”.

Se a retaliação só piora as coisas, a melhor solução é usar essa poderosa energia de raiva e rancor para outra finalidade, e é uma energia que precisa ser bem conduzida, já que em casos mais graves nenhum evento externo, nem mesmo ganhar na mega sena hoje, fará apagar esse sentimento. Quer ficar com um corpo sarado na academia? Use essa energia pra malhar mais “pesado”; quer enriquecer com o seu trabalho? Desconte o máximo dessa força na sua produtividade. A ideia é que você se auto reconstrua

Também ressignifique a situação, que basicamente é entender o que você pode tirar de positivo daquela circunstância. As pessoas que conseguem administrar seus sentimentos negativos possuem o que chamamos de “Inteligência Emocional”, ou seja, aquela “puxada de tapete”, por exemplo, pode ser uma oportunidade de você ir atrás dos seus verdadeiros sonhos, ou ter outros objetivos em mente.

Perdoar aquela pessoa que te fez mal não é, necessariamente, algo romântico e “bondoso”, como se fosse algo religioso. Você não será bobo se perdoar alguém, mas a renúncia a esse desejo é algo que traz benefícios a aqueles que desejam a vingança. Já diria William Shakespeare: “O desejo de vingança é um veneno que tomamos com a vontade que o outro morra”.

Você é uma pessoa que odeia abraço? A ciência descobriu por que você é assim.

Você é uma pessoa que odeia abraço? A ciência descobriu por que você é assim.

De acordo com especialistas, se você gosta ou não de abraços depende de como seus pais o trataram.

Há pessoas que mal conhecem alguém e já abraçam sem qualquer problema. Enquanto para os outras, a pior coisa que poderia acontecer é ter que abraçar alguém que elas não conhecem. Porque é assim que o mundo é, ele é basicamente dividido entre aqueles que gostam de abraçar e outros que não gostam. E, de acordo com especialistas, a razão pela qual uma pessoa pode ou não gostar reside em quanto amor e abraços eles receberam como filhos de seus pais.

“Nossa tendência a participar do contato físico, seja nos abraçar, dar tapinhas nas costas de alguém ou ser carinhoso com um amigo, é muitas vezes um produto de nossas experiências infantis”. – Suzanne Degges-White,  conselheira na University of Northern Illinois at Time .

De acordo com Dogge-White, quando as famílias não são muito demonstrativas de seu afeto na forma física, é muito provável que, quando a criança crescer e tiver seus próprios filhos, ela os trate da mesma maneira. Mas também podem crescer e atuar de forma totalmente contrária:

“Algumas crianças crescem e sentem ‘fome’ por contato e se tornam “cuddlers “sociais que não podem cumprimentar um amigo sem um abraço ou um toque no ombro”. – Suzanne Degges-White, conselheira e conselheira da University of Northern Illinois.

E as razões vão além de simplesmente ter sido abraçadas ou não, mas também tem a ver com fatores biológicos das crianças. Darcia Narváez, da Universidade de Notre Dame, explica que existem duas características fundamentais presentes em uma criança que recebeu pouco carinho.

Primeiro, é possível que você tenha a região responsável pela transmissão de impulsos emocionais menos desenvolvida, fazendo com que a capacidade de ser carinhoso e sentir compaixão seja diminuída. A segunda característica é a menor liberação de oxitocina, o “hormônio do amor”, responsável por formar laços com outras pessoas.

Mesmo assim, Narváez insiste que é bom encorajar o contato físico quando são crianças, porque “as pessoas que estão mais abertas ao contato físico com os outros tendem a ter níveis mais altos de autoconfiança”.

Então você sabe, abrace todas as crianças que puder!

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Tradução feita pela CONTI outra, do original de UPSOCL

Como não conquistar alguém

Como não conquistar alguém

Manhã de segunda-feira. Os dois no trabalho. Ele tenta, mas não disfarça que gosta dela. Do nada o cara começa a disparar perguntas consecutivas para a moça, que sequer acordou direito ainda. Pergunta quais livros de determinado autor ela leu. Detalhe hediondo: enquanto isso ele checa o assunto no Google para certificar-se de que ela está correta. Em seguida, mais indagações. A mesma pergunta, mas agora sobre outro autor. E continua até chegar em uns dez autores.

Ele é exigente. Sua taxa de amostragem é alta. Em momento algum desconfia que está abusando. Após isso, cansa-se da Literatura e parte para obras filosóficas e períodos históricos. Ela começa a sentir-se mentalmente cansada. Muito conhecimento recrutado em pouco tempo. É como se ela estivesse fazendo uma prova discursiva.

Não consegue cortá-lo depois que as horas de inquérito avançam, mas não esconde o incômodo de ter uma conversa que não gostaria de ter, que não flui. Ficou a pensar se haveria uma punição caso interrompesse a chatice, dissesse “agora não” ou mesmo respondesse um seco “não sei”. Como tem dificuldade em dizer “não” ou cortar pessoas inconvenientes, ela sofre desnecessariamente.

Ele não discorre bem sobre nada, mas tenta bravamente. Solta palavras ao vento e pergunta o que ela acha sobre aquilo. Se não concordar, começa a azucrinar e usar os argumentos que aprendeu no Facebook. Ela que aprendeu sobre argumentação e retórica há tanto tempo na faculdade saca o quanto ele é raso e pueril. É bom não aprofundar nada com ele, pois quer respostas e soluções fáceis para tudo. No dia anterior disse a ela que não era humanista, sem mais nem menos. Agora eu pergunto: para que alguém vai dizer isso, meu pai? Ele quer convencer, todos estão notando, mas como se perde!

Pergunta quais livros de outras áreas ela leu (uma garota inteligente lembraria disso?), bem como quais de sua área de formação ela mais gostou de ler. Como assim quais livros de sua e de outras áreas já leu? Será que ele desconfia da abrangência dessa pergunta? Ou que, modéstia à parte, a moça já leu tantos livros que não saberia sequer por onde começar?

Hora do almoço. Higiene dentária. Retocar a maquiagem. Novo turno à tarde. Os dois voltam ao trabalho. Ele, impiedoso, começa a recitar trechos de poemas decorados para todos da sala ouvirem, além de fazer a interpretação, claro. As palavras são tão profundas quanto um pires. Ela envergonha-se por ele.

O tempo não passa. O expediente está apertado, todos muito atarefados e ele a tagarelar. Não há percepção nenhuma da inoportunidade, impressionante. Essa é a autêntica chatice. O chato não percebe quando é inconveniente, não enxerga os sinais de que o outro não está querendo a conversa e ainda assim insisti em continuar. Não há percepção do outro, só de si. O outro afasta-se, o papo não ecoa, a sintonia nunca chega. Ninguém pergunta nada, mas para o chato está tudo bem.

Todos em volta parecem constrangidos em chamar a atenção dele ao trabalho. Ele descreve-se conservador, enquanto a moça é afinada com modernidades. Ele franze a testa e parece desaprová-la. Começa a digredir sobre as principais áreas humanísticas numas afirmações bem superficiais. Uau! Quanto tempo falta para ir embora?

Ele se inspira e elogia a área da menina, assim como diz que seria um profissional apaixonado caso fosse da área dela. Ah, enfim uma gentileza! Finalmente ele lembrou que precisava ser gentil ou agradá-la em algum momento, depois de tanta amolação. Fim de expediente. Ufa! Ambos seguem para casa. Ela, com uma tímida enxaqueca e fadigada do dia. Ele, não se sabe. Certamente devia estar admirado consigo depois da performance. Tantos conhecimentos verbalizados alhures! Ele pensa ser intelectual.

Meados da noite, passado o cansaço mental, a moça não leu um dos tomos de filosofia política de Hobbes ou o Decameron de Boccaccio. Foi cuidar dos seus gatinhos, assistir ao canal de humor no Youtube e ler o livro de contos que está devorando no momento (Rubem Fonseca é o maior!). A vida é mais simples do que supomos. Saldo do conquistador: nefasto. Acaso uma moça gosta de se agarrar com quem não tem pudor de mostrar-se soberbo competidor dela?

Diálogos intelectuais forçados definitivamente não são a melhor forma de conduzir uma paquera, dar uns beijinhos ou conquistar o coração de alguém. Chegar na moça sem afeto ou gentileza é um tiro no pé. Deixar uma primeira impressão de pessoa sem humildade e levar até as conversas que poderiam ser mais leves num tom professoral acabam por afastar pessoas.

Decerto que nesse jogo de conquista há outras qualidades também importantes – a leveza, a educação, o charme, por exemplo. É uma equação de difícil resolução, pois mulheres têm consciências diferentes, o humor influencia, a beleza do menino também conta … Enfim, a vida é um prêmio, mas viver não é fácil.

Tantas são as pessoas no mundo que as relações precisam de algum critério para iniciar e permanecer. Quando elas acontecem e duram, dão-nos força e felicidade, fazem valer a nossa rápida existência. Além disso, pessoas podem não ser grandes intelectuais, mas terem outras inteligências e sabedoria em suas formas de vida, algo que parece bem mais interessante. Portanto, é bom ficar tranquilo na hora de ganhar um amor. Devagarinho é melhor. Se a coisa prosperar, o outro terá tempo para conhecer as qualidades, o intelecto e haverá mais trocas saudáveis no seu devido tempo. Em tempo: no seu devido tempo significa tempo futuro.

9 sinais de que você trabalha em uma empresa tóxica

9 sinais de que você trabalha em uma empresa tóxica

Ao longo de sua jornada profissional, você já trabalhou em um ambiente onde parecia que nunca se encaixava?. Você chegava de manhã animado, batia o ponto cheio de ideias e, ao longo do dia, sofria frustração atrás de frustração. Quando o relógio finalmente batia 18 horas, dava graças a Deus que o dia tinha acabado e ia pra casa cansado, desmotivado e sem energia.

Fica tranquilo, todo mundo já passou – ou ainda passa, ou vai passar – por isso. E é provável que o problema não esteja em você, mas sim na organização. Veja 9 detalhes que indicam que sua empresa não é um ambiente saudável.

1. O simples “bom dia”

Quando você chega, você cumprimenta as pessoas gentilmente por onde passa. Essas pessoas retribuem com um sorriso ou com um simples “bom dia”? Se não, provavelmente elas já começam o turno cheias de problemas e mal se lembram das pequenas gentilezas. Irritadas desde os primeiros minutos, não prestam atenção quando os colegas passam.

2. Os projetos nunca saem do papel

Idéias todo mundo tem, mas parece que na sua empresa elas nunca são executadas. Vocês pensam, planejam, criam cronogramas para cada etapa mas, quando saem da sala e alguns poucos dias passam, aquilo que foi conversado sai da lista de prioridades e todo mundo vai deixando pra depois. Um depois que nunca virá.

3. Reuniões improdutivas e intermináveis

A palavra “reunião” treme a espinha de qualquer um, mas na sua empresa ela te dá úlcera. São horas infinitas de discussões desconexas, ofensas nível hard dos colegas de equipe sendo jogadas na mesa, nenhum respeito pelo próximo, zero decisões a tomar. Falam de problemas, apontam dedos na cara e o foco está sempre em encontrar o culpado e não a solução. O dia termina, você vai pra casa e não tem nem vontade de jantar com a família, de tão estressado que está. O pior: você nem sabe direito o porquê, só quer ir pra cama, abrir o Netflix e dormir.

4. Mais fofoca que salão de cabeleireiro

Essa é clássica. Você vai no banheiro e encontra a tia da limpeza. Ela te pára pra comunicar que fulano não veio porque brigou com a mulher. Você tenta driblar a situação, sorri e vai saindo pela tangente quando ela te olha diferente e pergunta “Mas e você, está gripado?” Impressionado com a sensibilidade, você concorda e se despede. Quando chega no refeitório no almoço, todo mundo te pergunta se você melhorou, se quer um chá com limão, se não é melhor ir pra casa descansar. Você nem lembrava mais da gripe mas, quando pensa em responder, vê que na mesa do fundo o porteiro já lançou outra novidade: ciclana engravidou de novo.

5. A comida

Já que estamos no refeitório, repare na comida que é servida aos funcionários. Não precisa ter variedade, nem ter o melhor corte de carne, mas precisa ter carinho, atenção e cuidado. Alguém na sua empresa já passou mal por causa da comida? Teve intoxicação? Muito cuidado com o julgamento aqui: a culpa não é exclusivamente da cozinha. Uma corporação com clima organizacional ruim não coloca amor no que faz, só liga o automático e vai na banguela. Detalhes como checar se o salpicão azedou na geladeira são uma consequência de um time que está sendo coordenado nas coxas.

6. O “superpoder” da chefia

Suspira fundo, fecha os olhos e pensa em como são os líderes e gestores da sua empresa. Eles são exemplo de como agir ou saem por aí aos gritos dando ordens? Você se espelha neles ou você foge deles? Quando recebe uma ordem do seu superior, a mensagem chega clara até você? E quando você erra, como as pessoas te tratam? Elas te ajudam ou te criticam e vão embora batendo a porta? Lembre-se sempre que líderes inspiram, chefes cobram. E nenhum deles tem o direito de te diminuir.

7. A microgestão

Ainda cutucando um pouco mais o assunto da gestão. Como sua empresa é gerenciada? Você recebe suas tarefas e as conclui com tranquilidade (mesmo que com um timing curto) ou sempre tem alguém dando pitaco durante sua produção? Esses comentários são evolutivos ou depreciativos? Você se sente motivado e aprendendo cada dia uma coisa nova ou tem a sensação de que está sendo boicotado e que sua criatividade e background não servem para absolutamente nada nesse ambiente?

A microgestão é um clássico assassino de talentos. São pessoas que querem ter total poder sobre sua gaiola e fazem isso impedindo seus passarinhos de voar. Curioso é que, se você quer crescer, é preciso que todos os seus funcionários também queiram e se esforcem para isso. Então, é crucial que você os guie e os deixe em paz para produzir, confiando em seu expertise e profissionalismo. O sucesso do empreendedorismo inclui saber trabalhar em equipe.

8. O relacionamento com os clientes

A forma como uma organização se relaciona com o seu bem mais precioso – os clientes – fala muito sobre ela, seus valores e crenças. O consumidor final sempre importa, afinal é para ele que a firma abre as portas todos os dias para trabalhar. Mas, será que esse relacionamento é saudável? Uma dica simples: veja as redes sociais de onde você trabalha. Elas estão atualizadas? Os comentários em geral são elogios ou reclamações? Em ambos os casos, a empresa responde e interage com os clientes ou simplesmente ignora e segue o jogo? Aqui está a chave sobre o caráter do lugar que te contratou: se eles não respeitam o cliente, não espere que se respeitem internamente. E nesse “internamente” eu incluo você.

9. Você sente vergonha

Você já viu alguém sendo punido no seu ambiente de trabalho? O motivo era justo ou deixou todo mundo de boca aberta assistindo ao show de horror? Se os funcionários são desligados injustamente, sem motivo aparente, se são acusados de atos que eles não cometeram, se são maltratados com palavras ou ações, sinal de que a empresa cortou a ética do dicionário.

Se não há envolvimento social, se eles não se importam se estão poluindo o mundo, se não fazem reciclagem de lixo, se não ajudam nenhuma entidade beneficente porque querem todo o lucro apenas para si, o buraco é mais embaixo: eles deletaram a empatia também.

E se a organização não respeita os animais, se trata diferente os homens e as mulheres, se acha que requisito pra ser bom profissional é ter diploma em cidade grande ao invés de competência comprovada e portfólio impecável, meu amigo, sai correndo: esse lugar está recheado de preconceitos.

Tem textos que são suaves, mas tem outros que são um verdadeiro tapa na cara. Se você se identificou com alguns dos sinais descritos, sinto dizer que sua empresa não vai mudar – pelo menos não tão cedo. O que importa é o que você vai fazer com a sua vida. O trabalho ocupa um pedação do nosso tempo. Se você não está feliz, não se sente produtivo e sabe que onde trabalha não te valorizam nem te permitem crescer, é hora de atualizar seu currículo e procurar um novo caminho.

Mudar dá medo, eu sei, mas já imaginou continuar o resto dos seus dias infeliz trabalhando 40 horas por semana para realizar sonhos que não te representam? O ano se encerra em breve e renova as esperanças de um futuro mais promissor, desde que você mesmo abra as novas portas. Nada cai do céu, então não espere que as boas oportunidades e as vagas em ambientes éticos batam na sua porta. Escolha você a direção que quer seguir, aponta e vai. E, se você não sabe pra onde ir, encerro esses pensamentos com uma frase do eterno Steve Jobs: “Para se ter sucesso, é preciso amar de verdade o que se faz”.

10 sinais que o seu corpo emite para forçar você a realizar mudanças em sua vida

10 sinais que o seu corpo emite para forçar você a realizar mudanças em sua vida

O nosso corpo é um verdadeiro mapa da nossa alma. E, muitas vezes, ele praticamente GRITA para nos alertar de que algo não vai nada bem.

Acontece que vamos sendo engolidos pela demanda do dia-a-dia e, mesmo sem perceber, acabamos ignorando as mensagens do corpo.

Portanto, preste atenção a estes sintomas; seja mais afetivo e carinhoso com seu corpo… a alma agradece!

1 – Desconforto na região abdominal, na altura da cintura: significa que você precisa rever a sua relação com o dinheiro; ou você ganha menos do que merece ou até ganha o suficiente, mas está com a energia da prosperidade bloqueada e fica numa situação estranha, na qual parece que o seu dinheiro vai pelo ralo.

2 – Tensão nos ombros: este é o sintoma clássico daqueles que literalmente carregam o mundo nas costas; preocupam-se com os problemas de todos e carregam em si a ilusão de que são capazes de resolvê-los. Pare de brincar de super-herói!

3 – Queimação ou pontadas nos tornozelos: este é o mal físico daqueles que têm muita dificuldade em acreditar em seus sonhos; são pessoas que têm medo de ousar e, por isso, correm o risco de passar muito tempo estagnadas em uma situação que está longe de ser a mais feliz. Desapegue-se da segurança exagerada!

4 – Mãos doloridas: quem sente este tipo de dor sabe o quanto pode ser incômodo! Este é um sintoma que aflige aqueles que sentem abandonados pelos amigos; sentem-se solitários com seus problemas e parecem pouco importantes aos olhos dos outros. Valorize-se antes de tudo! Amigos são transitórios… seu amor próprio, não!

5 – Dores de cabeça com hora marcada: esta dor é uma bênção, pode acreditar! Ela aparece como um verdadeiro despertador, para lembrar você de que é impossível ter o controle de tudo e de todos. Você não é onipresente, onisciente e onipotente! Aprenda a dividir tarefas e responsabilidades! Aprenda a delegar!

6 – Dor nos joelhos ou joelhos rangendo: os joelhos são o nosso ponto de equilíbrio, são eles que amortecem o peso físico e também garantem a nossa firmeza ao caminhar. Joelhos doloridos indicam que você anda precisando exercitar a humildade e aprender que ter paz é muito mais importante do que sempre ter razão. Relaxe!

7 – Pescoço enrijecido ou dolorido: o pescoço é a nossa estrada entre a razão e a emoção. Pescoço dolorido indica ressentimentos e mágoas acumuladas. Lembre-se… a falta de perdão ancora você à pessoa que lhe causou mal. Perdoar não significa querer ter a pessoa por perto, significa tirar a pessoa de dentro de nós! Deixe ir! Liberte-se!

8 – Aquela dor que anda pelo corpo: sabe quando parece que você levou uma surra, ou que foi atropelado por um caminhão?! Pois é… este é um sintoma de que você vem assumindo coisas demais; vem querendo abraçar o mundo com as pernas! É hora de olhar para suas atribuições e aprender a priorizar! O que é MAIS IMPORTANTE para você neste momento? Pois foque nisso… o resto é o resto.

9 – Câimbras ou dores na batata da perna: este é desconforto daqueles que andam muito rígidos em suas ideias. Nem tudo é preto no branco, meu amor! Há inúmeros tons de cinza. Aprenda a relativizar as coisas; ser radical rouba de você a chance de conhecer coisas novas, gente nova e principalmente, rouba de você uma vida nova!

10 – Dor nas costas: nossas costas são um verdadeiro termômetro emocional. Se a dor for na parte de cima – na região cervical -, indica carência afetiva. Dor no meio das costas é medo de ser traído ou enganado – tipo uma facada pelas costas. Já a dor na região lombar, indica preocupação com os bens materiais ou medo de não dar conta de todas as atribuições.

O fato é que, se fôssemos um pouco mais atentos a estes sinais, evitaríamos que uma série de problemas e até mesmo doenças mais graves se instalassem em nossas vidas. Cada parte do nosso corpo tem relações estreitas com as emoções e eles – corpo e emoções -, dialogam com muita intimidade. Aprendamos a fazer parte dessa linda conversa!

Filho que apanha pode ter até 13 problemas mentais e se tornar agressivo

Filho que apanha pode ter até 13 problemas mentais e se tornar agressivo

Por: Stael Ferreira Pedrosa

No Brasil, a Lei da Palmada está em vigor desde 2014, proibindo qualquer tipo de castigo físico e agressão contra as crianças. Não apenas porque elas são menores que seus agressores – o que já é uma covardia, e nem porque estão aprendendo e têm o direito de errar sem serem punidas fisicamente, também tampouco porque a violência só gera violência, mas também pelos efeitos emocionais em curto e longo prazo. Um novo estudo traz resultados surpreendentes e assustadores sobre o efeito da agressão física sobre crianças, ainda que seja “apenas a palmada”.

O Journal of Family Psychology trouxe o resultado de uma pesquisa da Universidade do Texas e de Michigan – EUA, em que se constatou que crianças que apanham dos pais possuem mais chances de apresentar, na vida adulta, comportamento antissocial e agressivo. A psicóloga Elizabeth Gershoff tem estudado a questão por mais de 20 anos, avaliando o comportamento de crianças que receberam palmadas na infância (não se trata de espancamento, mas da chamada palmada pedagógica) e constatou não haver qualquer relação entre bom caráter ou bom comportamento e a palmada. No entanto, a pesquisadora concluiu que existe uma estreita ligação entre violência contra crianças e isolamento social, comportamento agressivo, além de doenças físicas e mentais na vida adulta.

Anteriormente, um estudo da Universidade de Manitoba, em Winnipeg, no Canadá, ao analisar os dados de saúde pública fornecidos pelo governo de mais de 34 mil adultos entre 2004 e 2005 constatou que aqueles que sofreram algum tipo de agressão na infância, como tapas ou empurrões, tiveram chances aumentadas de desenvolver obesidade, artrite e doenças cardíacas que os outros que não sofreram qualquer tipo de violência.

As desculpas dos agressores

De maneira geral, os pais sabem quando erraram com seus filhos, quando foram agressivos, ou exageraram na punição. Agressão traz mágoa, tristeza profunda, sensação de injustiça, humilhação e perverte as relações de poder. A criança começa a pensar que quem é maior pode (ou deve) bater no menor quando este fizer algo errado. Afinal, pai faz, filho faz, diz o ditado.

Os pais agressores costumam dizer “eu apanhei e hoje sou uma pessoa de bem”. Se assim fosse, todos os que não apanharam seriam pessoas do mal. Provavelmente a pessoa que diz isso aprendeu que a violência é a maneira de educar. Agora, ela irá repetir o mesmo com os próprios filhos ou qualquer um que esteja “abaixo” dele (ainda que somente em sua mente) na relação de poder, o que inclui o cônjuge ou companheiro. Afinal, a violência é meio educativo em suas mentes. Outros ainda repetem a velha história bíblica da “vara”. (Neste artigo, a questão da vara é abordada). Uma desculpa que não cabe, já que os pastores não usavam a vara para bater nas ovelhas, mas para conduzi-las gentilmente ao redil.

Mudança de paradigma

Há muito tempo era considerado normal ter escravos e bater neles. Hoje é considerado absurdo. Certamente chegará o dia em que as pessoas olharão para trás com horror ao saber que crianças eram agredidas fisicamente por aqueles que deveriam protegê-las e zelar por sua integridade física, mental e emocional.

Aqui estão alguns malefícios causados pela “palmada educativa”

Desenvolvimento de problemas de saúde.
Sensação de injustiça, medo, mágoa e afastamento dos pais.
Eliminação da possibilidade do diálogo.
Percepção pervertida das relações de poder e de limite (quem tem o poder pode agredir, é normal agredir, se eu não consigo o que peço, agrido o outro).
Geração de estresse que provoca angústia, baixa autoestima e depressão.
Dificuldades para obedecer a ordens e perda de referências sobre escolha/consequências.
Sentimentos contraditórios dos filhos em relação aos pais.
Agredir, gera futuros agressores.

O que fazer, então?

Segundo especialistas, a melhor maneira de educar é através do exemplo, do diálogo, da paciência e do limite. Para o psicanalista Francisco Daudt da Veiga: Para aprender, seu filho precisa entender a relação entre o que fez e a consequência. A punição deve acontecer no mesmo momento em que houve o mau comportamento, pois as crianças têm uma visão imediatista: ainda não aprenderam a pensar a longo prazo. […] seu olhar sério e quieto vai ser suficiente para fazê-lo entender que aquilo que ele fez não foi legal. Isso, sim, é educar!

Fonte: Familia.com Via Bem mais Mulher

Sobre o ano que tive: não mudaria nada mas, se eu pudesse, viveria em tudo.

Sobre o ano que tive: não mudaria nada mas, se eu pudesse, viveria em tudo.

Porque não teve nada que eu não tenha passado que não foi sinceridade, que não tenha tido uma importância no meu crescimento emocional. Todas as vezes nas quais eu quis mudar a direção e seguir por conta do coração, eu consegui externar e bancar os meus sentimentos.

Eu fui coragem quando eu não fazia ideia de como amadurecer. Eu reconheci os meus erros e aprendi a não repeti-los quando o mais fácil era fingir não tê-los. Eu mereci as minhas vitórias, pois plantei os meus melhores cumprimentos quando eu poderia simplesmente ter esperado que algo de bom caísse do céu. Mas também precisei engolir as minhas derrotas porque, sem elas, talvez ignorasse injustamente quem estava torcendo e me apoiando ao longo do caminho.

Eu fui compaixão para quem pediu ajuda e também para quem foi silêncio e não sabia como reagir. Eu fui amor quando o dia estava bom e também quando ele não estava. Tive essa paciência para abraçar e agradecer os dias nublados – eles também são dias a serem experimentados.

Eu fui muito das trocas que combinei e também daquelas que surgiram do acaso, da sincronicidade. Eu fui além do recíproco, ou pelo menos tentei. Eu não permiti não encarar as minhas escolhas. E é por todo esse intenso viver que, se eu pudesse, ainda assim teria vivido em tudo.

Porque sempre falta alguma coisa. Sempre fica/tem um espaço para uma dor, uma alegria, uma chegada, uma partida. A vida inteira é feita disso: breves lacunas, intervalos momentâneos.

Eu sei que fui forte. Eu sei que posso ser mais. Eu não me arrependo do ano que está indo embora, do ano que tive. Eu e ele tivemos a nossa história. Agora a leveza que habita em mim precisa continuar.

Ciência diz que lutar com seu irmão é bom para sua saúde. Ouviu, mamãe?

Ciência diz que lutar com seu irmão é bom para sua saúde. Ouviu, mamãe?

Anos de lutas tiveram sua razão de ser.

Não é que somos seres violentos ou agressivos, mas apenas pequenas lutas que ocorrem quando se é pequeno.

E de acordo com um estudo da Universidade de Cambridge, essas lutas são boas para a sua saúde e nos tornam boas pessoas.

A longo prazo a rivalidade entre irmãos pode ajudar a melhorar o desenvolvimento mental, emocional, além de aumentar a maturidade e promover habilidades sociais em crianças. Portanto, o estudo conclui que ter rivalidade entre irmãos é algo positivo para o desenvolvimento das crianças a longo prazo.

“Quanto mais combativos os irmãos são e mais eles discutem e quanto mais eles rebaixam os mais jovens, eles aprenderão lições mais complexas sobre comunicação e as sutilezas da linguagem. Quanto mais eles ficarem chateados um com o outro, mais eles aprenderão a regular suas emoções e como eles podem afetar as emoções dos outros “. -Dr. Claire Hughes em entrevista ao The Guardian .

 

É claro que não é por isso que é bom que as crianças sejam violentas e agressivas, mas é uma questão de brigas infantis e superficiais, porque, do contrário, isso poderia ter consequências devastadoras para as crianças.

“A visão tradicional é que ter um irmão ou irmã leva a muita competição pelo cuidado e amor dos pais. De fato, o equilíbrio de nossas evidências sugere que o entendimento social das crianças pode ser acelerado pela interação com os irmãos em muitos casos. ” -Dr. Claire Hughes em entrevista ao The Guardian .

O estudo foi realizado seguindo 140 crianças por cinco anos, com alguns apenas dois anos de idade quando eles começaram. Os pesquisadores passaram as crianças através de vários testes e, acima de tudo, analisaram suas interações com pais, amigos, irmãos e desconhecidos. Eles também tiveram que realizar entrevistas, preencher questionários e avaliar suas habilidades linguísticas.

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Tradução feita pela CONTI outra, do original de UPSOCL

O mau humor do pai afeta o desenvolvimento intelectual de seus filhos

O mau humor do pai afeta o desenvolvimento intelectual de seus filhos

Um pai irritado, na maioria das vezes, reflete não apenas a falta de controle de suas emoções; também gera um efeito negativo no desenvolvimento cognitivo e emocional de seus filhos. Embora esse comportamento seja mais comum em homens, vale lembrar, ele é tão prejudicial quanto se for feito por mães. E, pior ainda, se aparecer em ambos.

Os gritos, por exemplo, independentemente da causa, por causa da violência intrínseca que carregam consigo, têm um efeito muito forte nas crianças. A euforia manifestada com gritos porque um time de futebol acaba de marcar um gol pode ter o mesmo efeito negativo que gritar durante uma discussão do casal. A criança olha mais para a forma do comportamento do que para a causa ou o fim que ele persegue. Além disso, comportamentos carregados de ansiedade têm efeitos similares em crianças.

“Eu não consigo pensar em qualquer necessidade na infância tão forte quanto a necessidade de proteção de um pai .” -Sigmund Freud-

O estágio de maior vulnerabilidade das crianças frente a esse tipo de comportamento ocupa a faixa etária de zero a três anos. Mas olhe: isso não significa que, se forem mais velhos, as crianças não se sintam afetadas. O mau humor de um pai é geralmente traduzido por um sentimento de culpa nas crianças. Isso significa que as crianças podem se sentir responsáveis ​​pela falta de controle emocional de seus pais.

Os efeitos de um pai rabugento

Os filhos de um pai mal-humorado desenvolvem, com o passar do tempo, problemas de insegurança , angústia e estresse . Isso também afetará sua evolução cognitiva, emocional e linguística, bem como suas habilidades de socialização. Infelizmente, o mau humor age como uma epidemia e logo se espalha para toda a família. Torna-se um “estilo de vida” que se repete na forma de um círculo vicioso.

A ansiedade não é uma condição que facilita o aprendizado. Há um “excesso” nas emoções e isso impede que se concentre a energia psicológica para outros aspectos, além do estresse também supõe um obstáculo para a continuidade da atividade. O habitual é que quem sofre torna-se instável perante as suas responsabilidades.

O mau humor do pai cria tensão adicional na criança . As demandas acadêmicas também são uma fonte de pressão para a criança, então ela terá que lidar com duas fortes demandas simultaneamente. De um lado, com o conflito de culpa e confusão que se origina no mau humor do pai. Por outro lado, com a necessidade de responder às suas obrigações.

Agressividade como um exemplo

Um pai rabugento e perturbado envia mensagens agressivas e assustadoras para seus filhos. Por esta razão, não é incomum encontrar tantos adolescentes quanto adultos fracassados ​​e, em alguns casos, vítimas de algum tipo de vício. Eles são almas tão atormentadas quanto seus progenitores e vagam pela vida sem esperança.

Sem perceber, a criança também aprende a ser descontrolada com suas emoções. Estes simplesmente o atacam e acreditam que sua resposta deveria ser exatamente o que ele sente. Portanto, é muito provável que ele acabe também vivendo conflitos na escola. Ele se torna tão descontrolado quanto seu pai e tem reações irracionais quando recebe alguma demanda do ambiente.

O clima escolar é fundamental no desempenho acadêmico. Então, se o garoto transformar as relações na escola em uma nova fonte de angústia, provavelmente prejudicará ainda mais sua capacidade de tirar proveito disso. É uma corrente que se estende e, na pior das hipóteses, leva ao fracasso escolar, e esse fator aumenta sua culpa, suas dúvidas e sua angústia.

Por outro lado, o pai que está positivamente envolvido na educação de seus filhos cria as condições para que eles desenvolvam autoconfiança . Esta segurança é manifestada através de habilidades sociais superiores e melhores resultados acadêmicos. Aprender é visto como uma aventura interessante e os objetivos são desafios assumidos com entusiasmo.

Algumas recomendações

As alterações mentais dos pais, como raiva, tristeza e estresse, inibem o desenvolvimento da criança. Os filhos de pais com essas características replicam esse comportamento com efeitos nocivos a longo prazo . Eles podem causar depressão e sérios problemas de aprendizado e de linguagem.

Para evitar tudo isso, se você é pai, vale a pena levar em conta algumas recomendações:

  • Fortalecer o seu relacionamento. Expresse seus sentimentos. Fale sobre o que você gosta ou aborrece. De suas preocupações, anseios, medos e sonhos. Isso não só cria um clima de confiança, mas também promove o diálogo e tem um efeito terapêutico para você.
  • Responsabilidades de trabalho e filhos são fundamentais, mas não são a única coisa. Você também deve separar um espaço e um tempo para si mesmo. Você também merece atenção. Faça atividades que você possa desfrutar. Divida-se e aprenda a libertar sua mente das pressões, do relaxamento ou da prática de um esporte.
  • Fique atento a qualquer sinal de desestabilização do seu humor, como estresse, depressão, angústia ou raiva. Em qualquer caso, é aconselhável estabelecer limites e manter o autocontrole. É melhor agir na hora certa, não permitir que os conflitos aumentem. Então não haverá nada para se arrepender depois. Se você não conseguir fazer isso sozinho, procure um profissional para obter suporte.

Nós, pais, queremos que nossos filhos sejam felizes. Certamente você também quer isso. Tente oferecer-lhes tempo de qualidade, aproxime-se deles e não se esqueça de dizer o quanto você os ama. Não tenha medo de pedir desculpas se você “saiu do seu caminho”: é muito positivo que eles saibam que esse é um comportamento inaceitável, e que todos que o fizerem devem se desculpar e tentar não repeti-lo.

Tradução feita pela CONTI outra, do original de La Mente es Maravillosa

As crianças que crescem com os avós são mais seguras e felizes

As crianças que crescem com os avós são mais seguras e felizes

Publicado originalmente em Sou Mamãe

As crianças que crescem com seus avós são sortudas. Graças a esse vínculo, elas têm contato com mais experiências de afeto, mais reforços emocionais e mais lembranças que vão estar sempre presente.

É claro, isso não quer dizer de forma alguma que nossos filhos vão ser menos felizes caso cresçam sem os avós por perto.

Trata-se apenas de entender que a infância é essa oportunidade única na qual a maior quantidade de estímulos, atenção e vínculos baseados no amor incondicional são sempre traduzidos em uma maior maturidade emocional.

Por outro lado, um aspecto interessante e de grande valor é que, segundo uma pesquisa, as crianças que ficam sob os cuidados dos avós recebem mais influência na aquisição da linguagem e são emocionalmente mais seguras.

É claro que, às vezes, nem todos os casais têm os pais morando por perto para favorecer esse laço “avós-netos”.

No entanto, se você tiver, não hesite. Permita que seus filhos e seus pais desfrutem dessa relação no dia a dia.

A infância é uma fase que passa muito rápido. Assim, e com o objetivo de proporcionar a consolidação de uma personalidade mais forte e feliz aos nossos filhos, é muito positivo poder aproveitar esse tipo de vínculo do qual nós também nos aproveitamos um dia.

Como já sabemos, os avós possuem muito carinho dentro de si, magia nos bolsos e aquele sorriso sempre pronto e persistente que consegue tirar o melhor das crianças.

A partir dos 3 anos, as crianças se beneficiam mais da proximidade com os avós

De 0 a 3 anos de idade, a criança precisa da mãe e do pai por perto. Esse primeiro círculo social e afetivo de qualquer criança consolida seu desenvolvimento cerebral e a relação de apego.

Uma vez que nosso filho já começa a interagir com o ambiente, manipulando objetos, andando, tocando e iniciando o processo comunicativo, a presença dos avós é um tesouro de benefícios.

“O desenvolvimento comunicativo-emocional é superior nas crianças que crescem com os avós”

Nós devemos admitir que os avós possuem uma energia incrível.

Além disso, eles enxergam na chegada dos netos um modo de rejuvenescer ao adquirir um novo papel do qual gostam muito.

O papel de fornecedores de carinhos, histórias, doces, presentes inesperados e longos passeios pelo parque na velocidade de uma tartaruga.

Ficou para trás a fase de criação, de imposição de regras e normas. O papel dos avós não é esse, e eles não o desejam.

Não desejam ter a autoridade dos pais. A criação deles é permissiva e envolvente. Com cheiro de baunilha, com o calor das tardes de primavera e com o sabor das comidas favoritas das crianças.
Todas essas dinâmicas com reforços maravilhosos agem estimulando a linguagem dos nossos filhos. Isso é algo que não se obtém da mesma forma quando as crianças ficam em creches.

Os avós interagem com os pequenos constantemente. Quase sem perceber, eles se transformam em poderosos arquitetos das capacidades comunicativas das crianças.

Deixam uma marca emocional permanente nas crianças

Nesse mudo de correria, caótico em alguns momentos, e cheio de obrigações para mães e pais, os avós possuem uma vantagem excepcional. Eles vivem sem pressões e sabem aproveitar o “aqui e agora”.

Uma coisa que não podemos esquecer é que os avós de hoje em dia são pessoas de espírito jovem. Pessoas com boa saúde, bom estado físico e com vontade de experimentar, de viver e de continuar acumulando experiência.

O aprendizado de vida dos avós os ensinou o que é importante. Eles sabem que o legado que oferecem aos netos está acima dos bens materiais. O mais importante é deixar nos pequenos uma maravilhosa marca emocional positiva.

As crianças e os avós andam no mesmo ritmo. Eles apreciam como ninguém o momento, o “aqui e agora”. Assim, admiram como um inseto sobe em um flor. Como as gotas de chuva escorrem pela janela. Ou, por exemplo, como aquele pedacinho de chocolate derrete no copo de leite quente.
Tudo é mágico! Todos esses momentos são compartilhados com uma cumplicidade maravilhosa que concede às crianças um aprendizado único. O aprendizado da simples felicidade, sem artifícios nem falsidades.

Crianças amadas, crianças mais felizes e seguras

Esta é a chave e o segredo da equação: as crianças que são amadas, valorizadas e respeitadas se transformam em pessoas mais felizes porque desenvolvem um bom autoconceito e uma melhor autoestima.

Sem dúvida, os avós vão contribuir de maneira essencial nessa fórmula. São pessoas fortes e otimistas. Pessoas com sabedoria e discernimento capazes de inflamar os corações de todos aqueles que os rodeiam.

Assim, não duvide! Se seus pais são feitos desse material, desse afeto inoxidável e desse amor resistente, permita e favoreça esse vínculo, esse dia a dia no qual avós e netos compartilham momentos, detalhes, piadas e histórias das quais nunca vão se esquecer.

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Via Revista Pazes

A caleidoscópica Clarice Lispector

A caleidoscópica Clarice Lispector

Estou publicando esse texto exatamente no dia em que se faz a memória do aniversário da brilhante escritora Clarice Lispector (10/12). Eu sou apaixonado pelos seus escritos e sempre que leio algo se sua autoria minha mente viaja para mundos fantásticos. Esse texto é uma pequena homenagem a essa mulher que tanto me inspira.

Estava lendo uma de suas frases e fiquei refletindo por bastante tempo. Confira!

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“Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.”

Clarice Lispector

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Muitas pessoas não entendem quando ela fala sobre ser caleidoscópica, talvez porque não conheçam bem os caleidoscópios.

Eles são instrumentos bem pequenos no qual você olha através de um orifício e dentro dele se formam diversas imagens muito bonitas que vão mudando à medida que você muda a posição ou inclinação dele.

Ou seja, os caleidoscópios são instrumentos que se mostram com diversas facetas, mas nunca deixam de ser eles mesmos. Essa é a principal reflexão. A Clarice se compara com os caleidoscópios porque ela se apresenta de “n” formas diferentes sem jamais deixar de ser ela mesma!

Essas mutações faiscantes lembram as imagens hipnotizantes dos caleidoscópios.

Lendo essas palavras também lembrei de uma pequeno texto do querido Rubem Alves do seu livro intitulado “Ostra feliz não faz pérola”, no qual ele também fala dos caleidoscópios.

*****

“O caleidoscópio nasceu na Inglaterra, nos primeiros anos do século passado. Seu inventor foi Sir David Brewster. Deve ter sido num momento de vagabundagem que a ideia do caleidoscópio apareceu na cabeça de Sir David Brewster. Como era homem culto e conhecia o grego antigo, uniu as palavras gregas kalos (= belo), eidos (= imagem) e scopéo (= vejo). Caleidoscópio quer dizer “vejo belas imagens”. As belas imagens do caleidoscópio se fazem com caquinhos de vidro, clipes, tachinhas, pedrinhas. O mesmo acontece com os artistas. Eles têm a capacidade de produzir o belo com o insignificante. Esse livro está cheio de caquinhos que podem, eventualmente, produzir belas imagens.”

Rubem Alves

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Tanto o Rubem quanto a Clarice foram geniais em suas escritas e conseguiam a partir das coisas mais simples ou insignificantes escrever produzindo belíssimas imagens.

Infelizmente, parece que a nossa sociedade tem um fascínio pelo convencional, pelo que não gera espanto, pelo imutável. Quando surge alguém que muda muito ela já é tachada de inúmeros adjetivos como: inconstante, bipolar, camaleão etc. etc.

No entanto, é no mínimo estranho pensar que seja errado mudar constantemente, porque nós somos uma eterna mudança. Nada no nosso corpo ou nas nossas emoções e sentimentos permanece imutável. Inclusive eu tenho a impressão de que as pessoas que mudam com bastante frequência são as mais inteligentes, saudáveis e felizes!

Esse discurso bate de frente com quase tudo que nos é ensinado desde a mais tenra infância. Somos ensinados a buscar a estabilidade financeira, a casarmos e ficarmos com a mesma pessoa até que a morte nos separe. Aprendemos que se temos valores adquiridos pela família ou pela religião eles devem permanecer conosco a vida inteira. Se mudo de religião sou visto com maus olhos. Se me afasto de determinados parentes sou visto como uma espécie de “traidor”. Se mudo a forma de me vestir ou se quero encher o corpo de tatuagens tem sempre alguém para fazer críticas e mais criticas. Você já parou pra pensar nessas coisas? Até que ponto buscar essas mudanças é algo positivo ou negativo?

O mais interessante é que somos realmente como caleidoscópios. Por mais que mudemos por dentro ou por fora, a nossa essência jamais mudará. Ela é o que há de mais belo e puro no nosso interior.

Expandindo essas reflexões não tem como não lembrar do maluco beleza Raul Seixas. Ele era um cara que na sua maluquice sabia viver intensamente. Uma de suas mais belas frases diz: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

É maravilhoso viver essas metamorfoses. Essa metáfora é ligada às borboletas, que passam pela metamorfose de lagarta rastejante até borboletas coloridas que voam livres pelo céu. Nós, ao contrário das borboletas, passamos por diversas metamorfoses sem jamais deixarmos de ser nós mesmos!

Enquanto escrevia esse texto pensei no quanto esses três autores citados tem uma ligação em termos de pensamento. Todos eles escreveram sobre metamorfoses e borboletas. Não é incrível isso? Eles escreveram sobre isso porque amavam ser caleidoscópios.

Que essa breve reflexão também lhe incentive a ser caleidoscópico também. Nada é mais bonito na vida do que não ter medo das mudanças. Quando as encaramos de mente e coração abertos a nossa vida se torna espetacular…

Um viva à querida Clarice Lispector. Essa linda borboleta que nos fascina através do seu belíssimo legado que são seus livros e sua história de vida…

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