Leandro Karnal – ” As pessoas felizes no Brasil”

Leandro Karnal – ” As pessoas felizes no Brasil”

Trecho da Palesta de Karnal sobre Hamlet (Clássicos do Cotidiano) da CPFL Cultura – Café Filosófico, gravada em 24 de abril de 2015.

Hamlet é aquele personagem capaz de refletir sobre si próprio, na interação com os outros e, a partir daí, modifica sua maneira de pensar e de agir. Hamlet expõe um conjunto de valores marcado pela ironia e pela inteligência apaixonada e nos lança num simulacro de dilemas sobre o que somos.

Leandro Karnal é historiador e professor na Unicamp. Conferencista e autor de diversos títulos, entre os quais, Pecar e Perdoar; Teatro da Fé; Conversas com um jovem professor. Foi curador de exposições e tem sido colaborador frequente em O Estado de São Paulo e na Tv Cultura.

14 frases de O Pequeno Príncipe que só os adultos entenderão

14 frases de O Pequeno Príncipe que só os adultos entenderão


O Pequeno Príncipe chegou ao meu mundo no Natal de 1992, quando eu tinha oito anos. Foi presente de uma amiga do meu pai, veio numa caixa vermelha e com um cartão que dizia assim: “Para que você veja além dos seus olhos!”
Achei bonito, mas obviamente não entendi o que aquilo queria dizer. Nem dei importância ao cartão (desculpe, Gildete, mas eu era uma criança…) e passei um dia inteiro conhecendo os planetas pelos quais o Pequeno Príncipe havia passado…

Longe de ser um livro infantil, só vim entender essa e outras mensagens na vida adulta, quando o reli sabe-se lá quantas vezes.
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1 – “Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso.”

É engraçado como, muitas vezes, não nos permitimos viver coisas legais – e aparentemente impossíveis – simplesmente porque “parecem coisas de criança” e “não são mais para a nossa idade”.
Há quem perca grandes oportunidades de realizar sonhos quando estabelece não mais viajar para Disney, não mais comprar uma revista em quadrinhos, não mais se deixar sujar o cantinbo da boca (ou a boca inteira, no meu caso) ao tomar um sorvete ou não mais andar de bicicleta na chuva…
Olhe para você e lembre-se de quem você é de verdade! Adultos são apenas crianças que aumentaram de tamanho. Os sonhos, lá no fundo, permanecem mágicos!

2 – “Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe.”

Nossas maiores conquistas são alcançadas quando exploramos outras direções além das que nos colocam na nossa zona de conforto. Muitas vezes, faz-se necessário recomeçar a trajetória, pois não nos demos conta de coisas valiosas naquele caminho…

3 – “Elas [as pessoas grandes] adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente é. […] Mas perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai? Somente assim é que elas julgam conhecê-lo.”

Vivemos numa sociedade na qual as pessoas valorizam mais o “ter” do que o “ser”. Apresentamos namorados/amigos/parentes “advogados”, “médicos”, “empresários”, mas nunca “gentis”, “carinhosos”, “pacientes”, “tolerantes”.
Números atraem, mas sozinhos não dizem nada, nem nas expressões matemáticas. Pensem nisso!
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4 – “Nem todo mundo tem amigo.”

Para mim, uma das frases mais célebres do livro. Amigo é algo valioso, que só se consegue por mérito, paciência, gentileza e respeito. Amigo é quem tem a nobreza de aceitar o outro do jeito que ele é. Parar, prestar atenção e perceber que a “verdade” do outro” também faz sentido. Se não for na sua vida, fará na dele.
Há quem tenha a sorte de ter vários! Há quem, no entanto, desconheça a existência de algum…

5 – “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”

Você certamente não se lembra, mas para ficar de pé no seu calçado favorito precisou engatinhar, segurar em paredes, centros e sofás, ensaiar passos – muitas vezes frustrados – para, finalmente, caminhar pela casa.
Foram necessários esforços e abdicações, erros e tentativas, pois crescer é isso! É preciso sair e enfrentar os medos, as angústias, os tropeços. Eles fazem parte da vida e da paisagem linda que ela te dá quando composta pelas borboletas.

6 – “Ele não sabia que, para os reis, o mundo é muito mais simples. Todos os homens são súditos.”

O cenário está longe de ser exclusivo de uma monarquia e o meu post está longe de ser uma reflexão partidária. No entanto, para quem tem – ou almeja – o poder nas mãos, o resto é subserviência. Na verdade, os “reis” precisam bem mais dos seus “súditos” que os “súditos” dele…

7 – “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.”

Não exija dos outros aquilo que eles nunca prometeram lhe dar, nem se obrigue a oferecer algo que não lhe pertence. Um amor, uma amizade, um carinho, um abraço, um reconhecimento, um pedido de desculpas, tudo acontece naturalmente e só tem valor quando é entregue sem cobranças.

8 – “O essencial é invisível aos olhos, e só se vê bem com o coração.”

Uma das frases mais conhecidas de Antoine de Saint-Exupery e talvez, a mais verdadeira. O melhor de um amor, de uma viagem, de um encontro ou de um presente não é o que transmite aos outros, mas o quanto nos toca o coração.
Amores não se tornam mais verdadeiros quando atestados em contratos; Viagens não são mais incríveis pela quantidade de fotos que foram tiradas. Amizades não são mais honestas quando os envolvidos se falam todos os dias.
O essencial a gente sente e, ao sentir, a gente sabe.

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9 – “É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros.”

Muitos sabem que olhar para dentro dói e, se é para machucar alguém, melhor que seja o outro…

10 – “A gente só conhece bem as coisas que cativou.”

Essa frase é engraçada porque define muito bem o que a gente sente no decorrer da construção de uma relação, seja ela de que tipo for. No começo, o outro parece longe, você mal sabe seus gostos e preferências. Mal sente a sua falta.
Depois, é como se tudo ficasse mais próximo e a pessoa se fizesse necessária na sua vida. Daí você para e pensa: “Mas eu nunca imaginei. Era algo tão distante…”
Era, mas criou laços, cativou!

11 – “É bom ter tido um amigo, mesmo se a gente vai morrer.”
Porque amigos verdadeiros nunca, nunca morrem! ♥

12 – “Os homens embarcam nos trens, mas já não sabem mais o que procuram.”

O imediatismo social no qual vivemos nos proporciona viagens que, muitas vezes, nem desejamos fazer.
Jovens de dezessete anos, ou seja, no primeiro quarto da vida, são pressionados a estabelecer uma profissão para uma vida inteira. Mulheres são pressionadas a casar antes dos 25, ter filhos antes dos 30 e, não bastasse, ser bem sucedida antes dos 35. Homens precisam sair da casa dos pais, ter uma carreira promissora, o carro do ano e nunca, jamais, recusar sexo.
Como diria Mafalda, “isso não é vida, é um fluxograma!”

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13 – “A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar.”

Um pouco? A gente chora é muito! E chora pelas conquistas, pelas derrotas, pela saudade, pelos abraços que consolam, pelas palavras que incentivam… E, claro, pela confiança quebrada.
Criar laços é iluminar os olhos, nos dois sentidos.

14 – “E nenhuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tanta importância!”
Nenhuma 🙂

Fonte indicada:Deixe-me contar

10 coisas que sua mãe nunca te contou

10 coisas que sua mãe nunca te contou

1. Você a fez chorar… muito.

Ela chorou quando descobriu que estava grávida. Ela chorou quando te deu à luz. Ela chorou quando te segurou pela primeira vez. Ela chorou de felicidade. Ela chorou de medo. Ela chorou de preocupação. Ela chorou porque se preocupa profundamente com você. Ela sentiu suas dores e suas alegrias e ela as compartilhou com você, mesmo que você não tenha percebido.

2. Ela queria aquele último pedaço de bolo.

Mas, quando te viu com aqueles olhões, lambendo a boca, não tinha como comê-lo. Ela sabia que ficaria muito mais feliz vendo a sua barriguinha cheia, em vez da dela.

3. Doeu.

Doeu quando você puxou o cabelo dela; doeu quando você a agarrou com aquelas unhas afiadas, impossíveis de cortar; doeu quando você mordeu o peito dela enquanto mamava. Você machucou as costelas dela quando chutava ainda dentro da barriga; esticou a barriga dela por nove meses; fez o corpo dela se contrair de dor quando veio ao mundo.
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4. Ela sempre teve medo.

Desde o momento em que você foi concebido, ela fez tudo para te proteger. Ela virou sua mamãe-urso. Ela é aquela mulher que queria dizer não quando a menininha da rua pedia para te segurar e que fez careta quando você estava nos braços dela. Na cabeça dela, ninguém seria capaz de te dar tanta segurança. O coração dela bateu mais rápido quando você deu seus primeiros passos. Ela ficou acordada até mais tarde para ter certeza de que você tinha chegado em casa são e salvo, e acordou cedo para te levar para a escola. Ela estava por perto a cada topada ou tropeção; estava pronta pra te abraçar quando você acordava com pesadelos ou febre. Ela estava lá pra garantir que você estaria OK.

5. Ela sabe que não é perfeita.

Ela é a maior crítica dela mesma. Sabe de todas as deficiências que tem e às vezes se odeia por causa delas. Mas é ainda mais dura consigo mesma quando se trata de você. Ela queria ser a mãe perfeita – mas, como é humana, cometeu erros. Ela provavelmente ainda está tentando se perdoar. Mais que tudo, ela gostaria de voltar no tempo e fazer as coisas de outro jeito, mas isso é impossível, então seja gentil e saiba que ela fez todo o possível.

6. Ela te observou dormindo.

Às vezes ela ficava acordada até as 3h, rezando para você finalmente pegar no sono. Ela mal conseguia ficar de olhos abertos enquanto cantava para você, implorando: “Por favor, por favor pegue no sono”. E aí, quando você finalmente dormia, ela te colocava no berço e todo o cansaço desaparecia por um segundo. Ela ficava ali, olhando sua cara angelical e perfeita, sentindo mais amor do que achasse ser possível, apesar dos braços cansados e dos olhos doloridos.

7. Ela te carregou por muito mais que nove meses.

Você precisava. Então ela te carregou. Ela aprendeu a te segurar enquanto fazia limpeza, enquanto comia, até mesmo enquanto dormia: não tinha outra alternativa. Os braços estavam cansados, as costas doíam, mas ela te segurava pra ter você bem perto. Ela te agarrou, te amou. Você se sentia seguro nos braços dela; sabia que era amado nos braços dela. Por isso ela te segurou o quanto fosse necessário.

8. Seu choro cortava o coração dela.

Não havia som mais triste que seu choro, imagem mais horrível que lágrimas escorrendo do seu rosto perfeito. Ela fez tudo o que era possível para que você não chorasse e, quando não podia impedir suas lágrimas, o coração dela se partia em um milhão de pedacinhos.

9. Ela te colocou em primeiro lugar.

Ela ficou sem comer, sem tomar banho e sem dormir. Ela sempre colocou suas necessidades na frente das dela. Ela passava o dia inteiro cuidando de você e, no fim do dia, não sobrava energia para ela mesma. Mas, no dia seguinte, ela acordava e fazia tudo de novo.
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10. Ela faria tudo de novo.

Ser mãe é um dos trabalhos mais difíceis do mundo, um trabalho que às vezes te leva ao limite. Você chora, você sofre, você tenta, você erra, você trabalha e você aprende. Mas você também sente mais alegria do que achava ser possível e mais amor do que seu coração comporta. Apesar de tudo o que sua mãe passou por sua causa, ela faria tudo de novo, porque você vale a pena. Então, da próxima vez que a vir, diga obrigado. Diga que a ama. Nunca vai ser demais.

Fonte indicada: Awebic traduzido do inglês

A menina que não sabia escrever

A menina que não sabia escrever

Amelinha tinha doze anos. Estudava desde os cinco e era bastante dedicada à cartilha, mas não aprendia a escrever. Lia algumas sílabas, mas escrita, nada.

A escola onde estudava era situada na zona rural de Boi no pasto – cidade pequena nutrida pela pecuária dos grandes criadores – e contava com apenas uma professora já quase aposentada. Eram cinco turmas em uma só. Alunos aprendendo a cobrir as vogais, misturados àqueles que já liam sílabas, porque, daquela escola, não saiam alunos com palavras inteiras,  levavam somente pedaços delas.

A Amelinha, restava a dificuldade no desenhar das letras, e ela bem que tentava: riscava o chão com pedaços de pau, rabiscava com carvão as paredes da casa. Um dia, pegou o único batom da mãe e grafou linhas tortas no espelho da cama, no quadro pequeno com a imagem de Jesus Cristo e no espelho onde o pai se olhava enquanto fazia a barba. Era um emaranhado de traços avermelhados que se cruzavam, ora de aproximavam, ora eram distantes… Da tentativa de aprendizagem, só a surra que levou da mãe e o resto do dia para limpar todo aquele trabalho em carmim.

Mas o que aquela menina mais aspirava era aprender a escrever seu nome. Quando a professora o entregava para que o cobrisse, ficava encantada: A M E L I N H A… delineava devagarmente, sentindo as curvas e o subir e descer do lápis em cada letra. Depois ficava passando o dedo sobre a escrita para tentar levar na lembrança e reproduzir em casa, no chão ou a carvão.

O tempo foi passando e o alfabeto não vinha às mãos da menina. Um final de manhã, quando voltava da escola, sentou-se à sombra de uma árvore, pegou um galho fino e começou a riscar o solo. Riscava, nada saia, apagava, outra tentativa, e mais outra… Uma hora depois, a menina pula feliz e rodopia; está extasiada com seu feito, conseguiu escrever sua primeira letra: um A, com sua curva e haste unindo as pontas.

Saiu saltitante. Sentia-se vitoriosa. Chegando em casa, escreveu vários As pelas paredes, pelo chão, e chamou a mãe para dividir essa alegria. As duas dançavam em um giro. Era a descoberta de um novo planeta.

Amelinha nunca aprendeu a escrever seu nome inteiro, apenas o A, então decidiu que, dali em diante, se chamaria A, assinaria seu nome nos papéis e acordos da sua vida somente com o A. Quando lhe perguntavam seu nome, dizia orgulhosa: “me chamo A, pode chamar assim que atendo, é meu nome de letra”.

Recentemente, A conheceu L e talharam suas iniciais no tronco da árvore onde a menina aprendeu a escrever. Mas não está escrito A e L, somente AL, pois o e já é uma letra que deve nomear outra gente do mesmo lugar e o casal que não quer, e não sabe, roubar alcunha de ninguém.

Como se desperta o pior que há em nós

Como se desperta o pior que há em nós

Por Paul Verhaeghe Tradução Eduardo Sukys

Via Outras palavras

Temos a tendência de enxergar nossas identidades como estáveis e muito separadas das forças externas. Porém, décadas de pesquisa e prática terapêutica convenceram-me de que as mudanças econômicas estão afetando profundamente não apenas nossos valores, mas também nossas personalidades. Trinta anos de neoliberalismo, forças de livre mercado e privatizações cobraram seu preço, já que a pressão implacável por conquistas tornou-se o padrão. Se você estiver lendo isto de forma cética, gostaria de afirmar algo simples: o neoliberalismo meritocrático favorece certos traços de personalidade e reprime outros.

Há algumas características ideais para a construção de uma carreira hoje em dia. A primeira é expressividade, cujo objetivo é conquistar o máximo de pessoas possível. O contato pode ser superficial, mas como isso acontece com a maioria das interações sociais atuais, ninguém vai perceber. É importante exagerar suas próprias capacidades tanto quanto possível – você afirma conhecer muitas pessoas, ter bastante experiência e ter concluído há pouco um projeto importante. Mais tarde, as pessoas descobrirão que grande parte disso era papo furado, mas o fato de terem sido inicialmente enganadas nos remete a outro traço de personalidade: você consegue mentir de forma convincente e quase não sentir culpa. É por isso que você nunca assume a responsabilidade por seu próprio comportamento.

Além de tudo isso, você é flexível e impulsivo, sempre buscando novos estímulos e desafios. Na prática, isso gera um comportamento de risco, mas nem se preocupe: não será você que recolherá os pedaços. Qual a fonte de inspiração para essa lista? A relação de psicopatologias de Robert Hare, o especialista mais conhecido em psicopatologia atualmente.

Esta descrição é, obviamente, uma caricatura exagerada. Contudo, a crise financeira ilustrou em um nível macrossocial (por exemplo, nos conflitos entre os países da zona do euro) o que uma meritocracia neoliberal pode fazer com as pessoas. A solidariedade torna-se um bem muito caro e luxuoso e abre espaço para as alianças temporárias, cuja principal preocupação é sempre extrair mais lucro de uma dada situação que seu concorrente. Os laços sociais com os colegas se enfraquecem, assim como o comprometimento emocional com a empresa ou organização

Bullying era algo restrito às escolas; agora é uma característica comum do local de trabalho. Esse é um sintoma típico do impotente que descarrega sua frustração no mais fraco. Na psicologia, isso é conhecido como agressão deslocada. Há uma sensação velada de medo, que pode variar de ansiedade por desempenho até um medo social mais amplo da outra pessoa, considerada uma ameaça.

Avaliações constantes no trabalho causam uma queda na autonomia e uma dependência cada vez maior de normas externas e em constante mudança. O resultado disso é o que o sociólogo Richard Sennett descreveu com aptidão como a “infantilização dos trabalhadores”. Adultos com explosões infantis de temperamento e ciúme de banalidades (“Ela ganhou uma nova cadeira para o escritório e eu não”), contando mentirinhas, recorrendo a fraudes, rogozijando-se da queda dos outros e cultivando sentimentos mesquinhos de vingança. Essa é a consequência de um sistema que impede as pessoas de pensar de forma independente e que é incapaz de tratar os empregados como adultos.

Porém, o mais importante é o dano à autoestima das pessoas. O autorrespeito depende amplamente do reconhecimento que recebemos das outras pessoas, como mostraram pensadores desde Hegel a Lacan. Sennett chega a uma conclusão parecida quando percebe que a questão principal dos funcionários hoje em dia é “Quem precisa de mim?” Para um grupo cada vez maior de pessoas, a resposta é: ninguém.

Nossa sociedade proclama constantemente que qualquer pessoa pode “chegar lá” caso se esforce o suficiente. Isso reforça os privilégios e coloca cada vez mais pressão nos ombros dos cidadãos já sobrecarregados e esgotados. Um número crescente de pessoas fracassa, gerando sentimentos de humilhação, culpa e vergonha. Sempre ouvimos que até hoje nunca tivemos tanta liberdade para escolher o curso de nossas vidas, mas a liberdade de escolher algo fora da narrativa de sucesso é limitada. Além disso, aqueles que fracassam são considerados perdedores ou bicões, levando vantagem sobre nosso sistema de seguridade social.

Uma meritocracia neoliberal quer nos fazer acreditar que o sucesso depende do esforço e do talento das pessoas, ou seja, a responsabilidade é toda da pessoa, e as autoridades devem dar às pessoas o máximo de liberdade possível para que elas alcancem essa meta. Para aqueles que acreditam no conto das escolhas irrestritas, autonomia e autogestão são as mensagens políticas mais notáveis, especialmente quando parece que prometem liberdade. Junto com a ideia do individuo perfeito, a liberdade que acreditamos ter no Ocidente é a grande mentira dos dias atuais e de nossa época.

O sociólogo Zygmunt Bauman resume perfeitamente o paradoxo de nossa era como: “Nunca fomos tão livres. Nunca nos sentimos tão incapacitados.” Realmente somos mais livres do que antes no sentido de podermos criticar a religião, aproveitar a nova atitude laissez-fairecom relação ao sexo e apoiar qualquer movimento político que quisermos. Podemos fazer tudo isso porque essas coisas não têm mais qualquer importância – uma liberdade desse tipo é movida pela indiferença. Por outro lado, nossas vidas diárias transformaram-se em uma batalha constante contra uma burocracia que faria Kafka tremer. Há regulamentos para tudo, desde a quantidade de sal no pão até a criação de aves na cidade.

Nossa suposta liberdade está ligada a uma condição central: precisamos ser bem-sucedidos – ou seja, “ser” alguém na vida. Não é preciso ir muito longe para encontrar exemplos. Uma pessoa muito bem qualificada que decide colocar a criação de seus filhos à frente da carreira certamente receberá críticas. Uma pessoa com um bom trabalho, que recusa uma promoção para investir mais tempo em outras coisas é vista com louca – a menos que essas outras coisas garantam o sucesso. Uma jovem que deseja ser uma professora de primário ouve de seus pais que ela deveria começar obtendo um mestrado em economia. Uma professora de primário, o que será que ela está pensando?

Há lamentos constantes com relação à chamada perda de normas e valores em nossa cultura. Ainda assim, nossas normas e valores compõem uma parte integral e essencial de nossa identidade. Portanto, não é possível perdê-las, apenas mudá-las. E é exatamente isso que aconteceu: uma mudança de economia reflete uma mudança de ética e gera uma mudança de identidade. O sistema econômico atual está revelando nossa pior faceta.

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O site “Outras Palavras” faz parte do grupo “Outros Quinheiros” e solicita doações para manter um jornalismo de qualidade.

Paul Verhaeghe, é PhD e professor sênior da Universidade de Ghent. Ocupa a cadeira do departamento de psicanálise e aconselhamento psicológico. Já publicou oito livros, com cinco traduzido para o Inglês. Sua mais recente, What About Me? A luta pela identidade em uma sociedade baseada no mercado.

Amigo de verdade é melhor do que bolo de chocolate

Amigo de verdade é melhor do que bolo de chocolate

Amigo de verdade é para toda hora, de qualquer jeito, para sempre um pouco mais. É mesmo, não coloquemos dúvida onde não existe espaço.

Amigo de verdade vira comadre e compadre, vira tia e tio dos nossos filhos, hospeda nosso cachorro quando a gente viaja,  bebe até fazer vexame na nossa casa, na frente dos vizinhos, faz declaração de amor pra gente na rua, pega o que quiser na geladeira e se mete na nossa vida como quiser. Oi? Também isso?

Então esse é um daqueles momentos em que a gente analisa o que é esse tal legado de um amigo de verdade.

Pode um amigo de verdade pedir que você sofra uma dor que é dele? Pode, porque embora o pedido geralmente seja mal feito, o que ele quer é que você o ampare, esteja por perto, e porque com pedidos ou não, não importa em que grau nem por quanto tempo, você já estará fazendo isso, junto com ele.

Pode um amigo de verdade ser tão diferente de você a ponto de discutirem acaloradamente sobre opiniões políticas, gosto musical, time de futebol, questões polêmicas e amenidades? Pode, porque é exatamente desse jeito que se cresce e se ajuda a crescer. Todos juntos partilhando das mesmas certezas, além de ser chato, não é produtivo nem emocionante. E emocionante é ver um amigo bravo com você no dia em que você deixou de ir ao futebol com ele para assistir um filme que ele odeia e, no dia seguinte, surpreendê-lo com pão quentinho na hora do café da manhã. Claro que para aborrecê-lo durante o café, você pode contar o filme inteiro. E pedir para seu amigo te escutar também pode.

Pode um amigo entrar de uma forma tão intensa na sua vida, dar conselhos, ser mediador nas questões que você não consegue resolver, chamar a atenção dos seus filhos quando os vir fazendo algo reprovável, criticar seu cabelo, sua falta de vaidade, mandar você voltar para o quarto e vestir uma roupa decente para saírem juntos? Pode sim, pode e deve. Pode desde o momento em que foi por nós denominado um amigo de verdade. Precisamos aprender a ouvir críticas, a receber suporte quando não estamos dando conta, precisamos deixar que os amigos sejam realmente aquela família escolhida que tanto alardeamos nas redes sociais, precisamos e temos o dever de não fazer restrições aos nossos amigos de verdade. Eles são muitas vezes as primeiras pessoas em que pensamos quando acordamos, não por seus rostinhos lindos, mas pela importância que conquistaram nas nossas vidas.

E enfim, que coisas não devemos pedir aos nossos amigos? Nunca devemos pedir que se afastem por qualquer motivo, nem que nos deixem sozinhos para pensar, nem mesmo que não se importem conosco porque “já vai passar”. Não devemos jamais usar qualquer desculpa com um amigo de verdade. Se há uma coisa garantida em se tratando de uma verdadeira amizade , é que a verdade anda de mãozinhas dadas com a intensidade do sentimento de ambos.

Obrigada a todos os meus amigos.

Dar amor não cansa, decepcionar-se sim

Dar amor não cansa, decepcionar-se sim

A decepção é um sentimento que, se for prolongado no tempo, não apenas cansa, mas também termina por nos apagar por dentro e destruir nossos sonhos.

Ninguém pode se esgotar de oferecer um carinho sincero para quem, por sua vez, reconhece cada esforço e detalhe. Dar amor não cansa. O que obscurece nosso humor são as decepções e cada vazio sentido nas relações.

A clássica frase “dar amor sem olhar a quem” deveria estar presente em diversos detalhes, estes que nós experimentamos por nós mesmos ao oferecermos o máximo a quem nos rodeia, sem saber que existem limites.

Há quem dê como certo que receber atenção, adulação, favores e carinho é algo que não requer esforço, que somente por ter um parceiro é o esperado, sem lembrar que uma relação é um intercâmbio contínuo onde “você me dá e eu te ofereço”.

O amor incondicional é, sem dúvida, algo muito respeitável. É o que sente, por exemplo, uma mãe por seu filho, um pilar inquebrável que entendemos e valorizamos.

No entanto, a incondicionalidade por si mesma é um terreno perigoso para muitas pessoas. Porque nem em todos os casos pode-se justificar o seguir dando afeto e respeito quando já não os recebemos.

Quando somos desprezados ou traídos. É um aspecto comum em nossas relações afetivas que desejamos abordar neste artigo.

A decepção cansa e apaga pouco a pouco o amor
A decepção cansa e nos faz abrir os olhos. No entanto, até que chegue este momento, passamos por uma série de fases complexas e emocionalmente duras que nos fazem questionar muitas coisas.

Cabe dizer que uma decepção não é obrigatoriamente o primeiro passo rumo a um término. Há situações que nos permitem ver as coisas com maior realismo para fazermos mudanças mais maduras.

Vejamos em detalhe.

Quando o amor é cego e a decepção abre nossos olhos
Há algo que costuma ocorrer quando somos muito jovens: viver estas relações afetivas onde idealizamos o parceiro de tal modo que, longe de enxergarmos qualquer defeito, costumamos colocá-lo em um pedestal muito alto.

O dia a dia vai demonstrando que a perfeição não existe, e isso não deve ser bom nem ruim. Ver a realidade das coisas é uma forma adequada – e necessária – através da qual gerir melhor uma relação.

Nosso parceiro, assim como nós mesmos, não é perfeito, e muito menos infalível. Cometemos erros, e todos temos nossas manias e defeitos.

Estas primeiras decepções devem abrir os nossos olhos para nos darmos conta de que para que a relação prospere, ambos devem investir por igual.

As falhas podem ser corrigidas, os erros servem para aprender, e os defeitos se harmonizam com os nossos.

No entanto, também sabemos que “há decepções e decepções” e erros que nem sempre podemos perdoar.

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A decepção que cansa e que fere
Há fatos, detalhes, palavras e atos que nos abrem os olhos e que demonstram, com impacto, que uma pessoa não era como esperávamos.

O mais provável é que nunca tenha sido como nós pensávamos que fosse, já que como falamos anteriormente, o amor tende a idealizar a personalidade e o caráter das pessoas.
O amor nunca deveria ser oferecido com os olhos fechados. O mais complicado de tudo isso é que, na hora de falar de emoções, entramos em um âmbito onde é muito complicado controlar o que sentimos.
Podemos aceitar uma decepção, podemos perdoar um erro, e inclusive cinco. No entanto, no momento em que se reincide sem se importar em absoluto com a dor causada, nos vemos obrigados, sem dúvida, a tomar uma decisão.
A decepção contínua não apenas cansa, mas também fere e destrói nossa autoestima. É algo que devemos ter muito claro.

Cansei de tantas decepções
Não é preciso chegar a estes extremos. Quando o coração se cansa demais diante de tantas decepções sofridas, começa a se apagar ou a aceitar a situação, a se render.

Nunca devemos cair nestas situações em que toleramos as decepções até o ponto de pensarmos que são “normais”, que o melhor é aguentar e ficar calado.
Não importa se é um parceiro, amigo, ou até filhos. Se não há respeito e existe uma vontade clara de machucar, porque não conhece o que é o respeito e o carinho sincero, é o momento de reagir com firmeza.

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O recomendável é saber fazer isso já na primeira decepção. Uma vez que abrimos os olhos diante de uma realidade, é preciso enfrentá-la e deixar claro que nos machucou. Que não é assim que se constrói uma relação.

Se algo o incomoda, dê-lhe um nome e expresse-o. Se algo o decepciona, demonstre e oferece estratégias para que não ocorra novamente.

Se as decepções continuam, será o momento de dar uma resposta mais contundente. Do contrário, ficaremos feridos e fragmentados demais.

Não permita que isso aconteça.

Fonte: Melhor Com Saude

Crise dos refugiados e a nossa solidariedade seletiva

Crise dos refugiados e a nossa solidariedade seletiva

“Sou sírio.” Essa frase tem sido usada em Istambul, na Turquia, por pessoas que pedem algumas liras de esmola. Vim para a cidade para participar de um evento e acabei sendo abordado várias vezes por homens e mulheres, com filhos ou não, utilizando o mesmo argumento. Que diante da comoção internacional envolvendo a fuga de centenas de milhares de sírios em direção à Europa, deixando mortos no meio do caminho, possui um rosário de significados em si mesmo e não precisa de muito mais para chamar a atenção.

Fui informado que parte deles realmente diz a verdade. Outros, não – seriam imigrantes pobres de outras nacionalidades ou mesmo turcos que se aproveitam dessa comoção para com os sírios.

Isso pode gerar uma série de reflexões interessantes para o momento em que vivemos.

Você ficaria irritado se descobrisse que a pessoa em questão mentiu dizendo que era sírio para conseguir uns trocados? Se sim, por quê?

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Criança turca fechando os olhos de sua boneca para que ela não veja a desolação causada pela guerra .. .Essa imagem causou ao mesmo tempo polêmica e comoção, pois ela “caiu” na internet como sendo de uma criança síria. A questão foi, o desconforto de quem viu a foto foi devido a nomenclatura errada ou pelo fato da criança não ser síria?

Você se sente mais na obrigação de doar para um refugiado sírio do que para qualquer outra pessoa em situação de extrema necessidade ou mesmo outros refugiados? Só doaria porque aquela história é a mesma que você tem ouvido na TV e visto na internet nos últimos dias e provocou um sentimento forte em muita gente ao redor do mundo?

E se a pessoa lhe contou uma mentira para lhe arrancar umas moedas? Decerto, há muita gente que esmola sem precisar, quase como uma profissão. Mas como você não tem como saber, vai ter que confiar na palavra alheia. E se essa pessoa estiver passando dificuldade e percebeu que é mais fácil os cidadãos de seu país se compadecerem com determinada nacionalidade? Porque o governo turco, por exemplo, tem sido violento com os curdos, ajudando a aumentar outra grande tragédia e a espalhar mais gente e eles não contam, necessariamente, com simpatia por conta das questões separatistas. Enfim a pessoa em grande necessidade que mente e pede esmola deveria ser punida por entender as atuais regras desse jogo? A mentira não seria, neste caso, socialmente perdoável, tal qual o furto famélico?

Que mundo é esse em que alguém miserável se passa por outra pessoa em situação deplorável no intuito de garantir a sua sobrevivência?

Ou, por outra: o que são favelas e bolsões de miséria senão campos de refugiados econômicos, expulsos do quinhão de direitos que deveriam ser garantidos a todos desde que nasceram simplesmente por pertencerem à humanidade?

É claro que a atual crise dos refugiados é gravíssima, como já disse aqui antes. E refugiados de guerra contam com o agravante de que, se ficarem, em sua própria terra, podem morrer, portanto merecem o acolhimento e a inserção social e econômica urgentes por parte dos Estados. E leia-se por inserção econômica, empregos decentes e não superexploração de mão de obra, como é o costume.

Mas acho pedagógico a dúvida posta neste “dilema da esmola síria”: por que o sentimento de solidariedade muitas vezes é seletivo? Por que há brasileiros que sentem empatia por refugiados sírios e não por refugiados haitianos, que buscam sobreviver em São Paulo? Por que autoridades brasileiras têm aproveitado este momento para dar declarações de boas vindas a determinado grupo, quando deveriam dizer o mesmo para tantos outros que buscam ajuda?

Não estou defendendo aqui que doe ou não uma moeda. Você pode considerar que dar esmolas é uma ação pontual e não estrutural ou que não vai ao encontro do que acredita e se negar sempre. Mas o julgamento que fazemos dessa situação diz muito mais sobre nós mesmos do que sobre ela em si.

Por Leonardo Sakamoto
Fonte indicada: Blog do Sakamoto

O desejo de ser pássaro

O desejo de ser pássaro

Sempre invejei os pássaros com suas asas que cortam o céu e os levam a lugares distantes, altos ou baixos. Tocam o chão, mas não se demoram. Exploram as possibilidades da terra e do ar e fazem das árvores suas casas, onde fiam um lar para os filhotes e descansam em finos galhos. Sempre quis ser pássaro. Quando criança, cheguei a confeccionar asas de papel, que amarrava em meus braços e em seguida pulava de um pequeno muro que rodeava a casa da minha infância. Lá embaixo, um banco de areia me esperava com a certeza da minha queda. Repeti tanto esse ritual, que o papelão envelheceu e ficou frágil.

Um dia, vi um gato perseguindo um filhote de sabiá que caiu do ninho. A mãe, atônita, sobrevoava a cria e fazia barulho na tentativa de espantar o felino e assim salvar o filho. Mas o bichano fez valer sua condição e acabou por devorar o pequeno sabiá. Naquele momento, desejei que as asas fossem mãos para que a mãe pudesse agarrar o filho, mas lembrei que, caso isso acontecesse, ela seria tão gente quanto eu, desejando ser pássaro.

Imagem de capa: David Heger

Por que as mães carregam todas as dores do mundo?

Por que as mães carregam todas as dores do mundo?

Lembro-me de que no auge da minha independência infantil, por volta dos seis ou sete anos de idade, pedia para a minha mãe para ir até à casa das minhas amigas para brincar, mesmo que para isso bastasse apenas atravessar a rua ou caminhar por um pedaço de quarteirão, algo que para mim era simples; minha mãe dizia que era extremamente perigoso e falava sobre os aviões que poderiam despencar do céu a qualquer momento sob a minha cabeça, dos sequestros de crianças, do tráfico de órgãos e, ainda, dos desaparecimentos infantis inexplicáveis, e de todas as outras crueldades que poderiam acometer uma criança inocente e sua família. Qualquer coisa que eu fazia era monitorada para impedir que alguém me arrancasse um rim, uma córnea, um pulmão ou que eu desaparecesse sem deixar vestígios.

E, na minha independência infantil, achava desnecessário tanta preocupação por parte da minha mãe, pois, pensava tratar-se de situações que acontecessem somente no imaginário dela e de outras mães “malucas” e, por isso, discutíamos, pois, queria meu direito e ir e vir tranquilamente pelo mundo. Minha mãe, sabiamente dizia: “Quando for mãe entenderá o que eu quero dizer.” E nunca acreditei, pensava que jamais iria amedrontar qualquer filho meu sobre a fragilidade de existir. E, quando fui mãe, comecei a temer os aviões “descontrolados”, o rapto de crianças, o tráfico de pessoas e todas as outras mazelas da vida. É verdade que não amedronto o meu filho sobre nossa fragilidade existencial, mas, fico atenta e observo tudo o que nos rodeia e também os acontecimentos do mundo.

Um fato que disparou minhas lágrimas e tristeza foi o afogamento do menino Aylan no mar da Turquia. Foi fotografado morto de bruços na areia, com camiseta vermelha, calça azul e com as mãozinhas vazias. Na fotografia, parecia dormir em paz. Essa fotografia comoveu o mundo todo, todavia, posso afirmar que provavelmente tenha doído e sensibilizado mais as mães e pais. De forma alguma, menosprezo a sensibilidade das pessoas que não têm filhos, apenas digo que “sentir” as tragédias, principalmente sendo com crianças, é um pouco diferente.

Nos primeiros meses, a mãe, para conseguir satisfazer as necessidades do seu filho, como fome, dor, angústia, precisa se identificar com o seu bebê, ou seja, ela precisa se ver em seu filho até que ele aprenda a expressar seus anseios.

Dessa forma, a mãe se mistura com o filho para poder atendê-lo e também revive remotas lembranças de sua infância, e, por um tempo, mãe e filho ficam misturados e algumas feridas da infância da mãe, que ficaram abertas, ressurgem através dessa ligação.

E, se pensarmos na tragédia fotografada do menino Aylan, é como se esse menino, fossemos nós e fossem também os nossos filhos. Conseguimos sentir o desespero, nesse caso, do único sobrevivente, o pai que perdeu a esposa e seus dois filhos. E a dor que sentimos diante de qualquer desgraça que se abata sobre uma criança e seus familiares é tão lasciva que nos colocamos no lugar deles. Talvez seja por isso que identificamos facilmente as crianças ao nosso redor que estão precisando de alguma ajuda ou carinho, que somos prestativas com as mães que, por algum motivo, estão meio perdidas, que somos mais pacienciosas e solidárias.

Misturamo-nos com as crianças que estão em sofrimento por alguma questão da nossa própria infância. É como se o fato de recuperarmos ou aplacarmos o sofrimento do nosso filho ou do filho de outra mãe curasse “aquela” velha ferida infantil que há muito tempo tinha sido esquecida. Por isso, vamos tentando consertar o mundo perto de nós, ficamos excessivamente sensibilizadas diante do bebê que vai nascer e por algum motivo sua mãe não conseguiu fazer o enxoval, da criança que é negligenciada ou que passa fome, da criança que volta da escola e é atingida por uma bala perdida e diante da fotografia de um menino que morreu na praia sem saber ao certo qual é o sentido da vida.

Essa sensibilidade nos comove a ponto de ajudarmos as outras crianças que não são nossos filhos, fazermos serviços voluntários, doarmos roupas e alimentos às famílias que precisam, sermos mais atenciosas e caridosas com as pessoas ao nosso redor. Certamente, não consertaremos o mundo todo, mas, fecharemos nossas velhas feridas infantis e criaremos um lugar mais digno para nossos filhos crescerem seguros, solidários, e talvez futuramente eles possam consertar o mundo!

Desintoxicar o coração, desenvenenar a alma

Desintoxicar o coração, desenvenenar a alma

A vida campestre sempre soa mais saudável, calma e relaxante do que a vida numa grande e barulhenta cidade. A paisagem bucólica leva a gente para um mundo do cantar de pássaros, cheiro de café, bolo de laranja, cachorro preguiçoso dormindo na varanda, mas, não é bem assim, e também não é o estilo de vida da maioria de nós. Vivemos a nossa eterna batalha urbana, driblando os outros passantes, comendo e falando ao telefone, enviando e-mails dentro do supermercado, exaurindo-nos e reclamando, ameaçando a tudo e a todos com um sumiço total, férias de tudo e de todos. E seguimos sempre sonhando com dias no campo ou na praia, durante longas horas de engarrafamento diário, prometendo-nos caminhadas em que respiraremos ar puro, muita meditação, alimentação leve e saudável, aquele soninho depois do almoço…

Acorda! Não ouviu a buzina?

Bem, voltando ao trabalho, o sonho não passa. Viver uns dias fora da rotina vira ideia fixa, daquelas que se sentam ao nosso lado e ficam. Mas, cá entre nós, correr para o campo, correr nos campos, na praia, na grama, de bicicleta ou de pés descalços, não é e nunca será garantia de harmonia, de encontro com a paz, se o verdadeiro caos for de origem mais íntima. Muitas vezes, o barulho, a poluição e as sirenes até aliviam as batalhas internas, sufocam as angústias que gritam.

A solução é desintoxicar o coração. Expelir as mágoas. Remover os sentimentos de perda, ciúmes, ódios e ressentimentos. Construir caminhos para escoar as lembranças ruins, descascar as paredes encrustadas de indiferença e desamor. Desenvenenar a alma. Desejar de bom grado a felicidade alheia, até mesmo a que ainda cremos nos fazer qualquer tipo de mal ou prejuízo, fechar os olhos sempre que vier o ímpeto de lançar maus olhares, neutralizar os azedumes das críticas e comentários invejosos que nos escapam, esfregar e bater até que saia tudo o que corrói e envenena.

Uma vez vencida essa parte crucial do detox, o passeio no campo será perfeito, as buzinas serão mais amenas, a rotina terá outra perspectiva. Mas, melhor do que o café fresquinho, a goiaba tirada do pé, ou o cochilo na hora do almoço, teremos uma alma nova em folha para desfrutar e compartilhar momentos mágicos a qualquer hora e em qualquer lugar. Afinal, lugar tranquilo é aquele que recebe bem a nossa paz.

4 maneiras simples de estimular a generosidade entre crianças

4 maneiras simples de estimular a generosidade entre crianças

As pequenas doações do dia a dia contam, e muito, para ajudar o próximo e fazer deste planeta um lugar melhor. E é assim que você tem que lidar com a educação do seu filho. Não se cobre! Dê de pouquinho em pouquinho tudo o que ele precisa para ser uma pessoa generosa.

1. Todos temos algo para dar

Pode ser dinheiro ou bens materiais, que são as associações mais comuns quando pensamos em generosidade. Mas também pode ser conhecimento, coisas que nós sabemos e que podem ajudar os outros. Pode ser um abraço, uma palavra de conforto, um carinho. Afinal, a generosidade é, antes de mais nada, uma inclinação do espírito para fazer o bem. Converse com o seu filho e o incentive a dividir. Este é o primeiro passo.

2. Praticar é preciso

A generosidade é uma virtude mais celebrada que praticada. “Ela só brilha, na maioria das vezes, por sua ausência”, escreveu o filósofo francês Comte-Sponville. Se a generosidade se tornou artigo raro, um pouco da culpa é da sociedade atual, calcada em valores como egoísmo e individualismo. “Pensamos muito em nosso próprio umbigo e pouco no dos outros”, diz o também filósofo Mario Sergio Cortella.

Ou seja, é necessário manter o hábito. Reforce em casa a frequência de atitudes generosas. “Em uma sociedade que pede apenas que você receba, nunca doe, a generosidade é um treino”, diz a terapeuta existencial e professora da PUC-SP, Dulce Critelli.

3. Dê o exemplo

O modelo de conduta é essencial para as crianças criarem uma imagem do que é ser generoso. Elas tendem a imitar o que veem em casa. E se vocês se comportam de maneira diferente do que pregam, isso deixa a criança confusa. E, como consequência, há o medo e a insegurança.

4. Não reprima

Todas as crianças passam por fase egoísta – e isso é normal. Elas não querem dividir objetos, brinquedos, alimentos… Fazem birra e ainda se repelem socialmente. E a dica é não deixa-las com medo ou aflitos. É preciso conversar e explicar o que significa o compartilhar e por que isso é tão importante. Só assim elas pode fixar de vez essa ideia.

Texto Stephanie Bevilaqua
Fonte indicada: Educar para crescer

Tente outra vez

Tente outra vez

Seu Vitório, o jardineiro do meu condomínio, tem os olhos bondosos que denunciam uma alma nobre. É simples, de gestos contidos e fala humilde. Aparenta estar próximo dos setenta anos, e trabalha com uma resignação rara. Hoje pela manhã, diante da ventania que arrastava folhas secas por todo canto, mexi com ele: “o vento tá te dando trabalho, hein seu Vitório! Vai tirar as folhas hoje e amanhã estarão todas aí de novo?”, ao que ele respondeu: “Tenho que tirar. Ontem tinha deixado tudo limpinho, e olha como está hoje. A gente não pode parar…”

Ele continuou seu trabalho, eu segui meu caminho. Mas fui pensando no gesto de seu Vitório. Todos os dias, sob o sol forte ou chuva fina, ele trabalha cuidando de nossos jardins. Todos os dias, com ou sem ventania, remove as folhas secas do gramado e de nossas garagens. Sabe que terá que repetir _ o vento é uma criatura persistente _ mas não desanima enquanto refaz o serviço diariamente.

Talvez ele se ressinta de trabalhar em vão. Talvez _ e eu torço para isso _ ele perceba que seu gesto tem valor, mesmo que o vento estrague tudo outra vez.

Talvez nos ressintamos de viver todos os dias a mesma rotina, para começar tudo de novo no dia seguinte. Mas pode ser que aprendamos que tentar outra vez é um gesto corajoso, que nos impulsiona a viver, pé ante pé, as aventuras e desventuras da existência.

Ventos súbitos podem sujar nossos canteiros com folhas secas de vez em quando. Em vez de reclamar do sopro do vento e nos indignar com a sujeira deixada, o ideal seria pegar nossas vassouras e simplesmente varrer. Não ficar esperando parar de ventar em nossa vida, ou que um milagre venha tirar de nosso caminho o que não convém. A exemplo do jardineiro que se conforma com o mesmo trabalho todos os dias, podemos aprender a lidar com a imperfeição das horas com ânimo novo, nem que isso nos custe algum esforço ou sacrifício.

A vida não está nem aí para o que você considera certo. Assim como as estações mudam, nosso dia pode se modificar num segundo, enquanto nos apegamos ao que julgamos ser o melhor para nós. Aprender a encontrar conforto na possibilidade é um exercício que tem que ser praticado exaustivamente, até que encontremos sentido naquilo que fazemos ou somos impelidos a acatar.

O amor não deu certo? Tente de outro jeito, pode ser a oportunidade de você se conhecer melhor e descobrir outras formas de amar e ser amado. Aquela chance não vingou? Tente outra vez, insista, batalhe, pode ser que seu olhar mude, e passarão a te olhar com outros olhos também. Não foi desta vez? Experimente dar um tempo e com calma, arrisque novamente. Nem sempre a hora prometida é a hora concedida.

Tente outra vez. Tente achar sentido, tente encontrar aceitação. Tente mesmo que seu trabalho seja em vão. Tente se compreender, tente ser você mesmo. Tente buscar seu sonho mesmo quando folhas secas sujam o gramado que você acabou de limpar. Tente buscar uma saída, tente recomeçar. A vida nos oferece uma existência nova, em branco, todos os dias. Mesmo correndo o risco de ter suas folhas riscadas de um jeito indesejado, simplesmente acredite que pode e deve tentar outra vez.

Seu Vitório continua varrendo a frente das nossas casas. Sabe que não pode colar as folhas nas árvores nem impedir o trabalho do vento. Na sua humildade, encontrou sentido. Sabe de seu valor. Sabe que seu trabalho não tem fim, mas que se parar, será um caos. Então continua, dia após dia, simplesmente trabalhando e, acima de tudo, tentando outra vez…

Imagem de capa: NguyenQuocThang/shutterstock

Procrastinação: se você sempre adia as coisas importantes, é hora de ler este artigo. Ou vai deixar para amanhã?

Procrastinação: se você sempre adia as coisas importantes, é hora de ler este artigo. Ou vai deixar para amanhã?

Muitas pessoas não conseguem usar bem o seu tempo para fazer rapidamente o que tem de ser feito. Adiam, deixam para “amanhã” aquele relatório cujo prazo terminará em poucos dias. Em vez de priorizar as tarefas importantes vão ler os posts do Facebook, limpar o armário, lavar o carro ou organizar os e-mails, até que a tarefa se transforme em urgente, gerando estresse e ansiedade, além da correria para terminar. Conhece alguém assim?

Outros tomam resoluções fantásticas para o Ano Novo como iniciar a academia, o curso de inglês, mudar radicalmente a alimentação. Ou nem começam ou a nova atitude dura somente poucos dias ou semanas, mesmo sabendo o quão importante seria manter este novo comportamento, e isto gera culpa e arrependimento. Certamente conhecemos pessoas que agem deste modo, mas, por que o fazem?

Quando este comportamento é repetitivo é a chamada PROCRASTINAÇÃO, um grande mal que atinge um enorme número de indivíduos e pode prejudicar sua carreira, produtividade, relacionamentos afetivos e até mesmo a sua saúde.

Procrastinação é definida como um ‘atraso voluntário de uma ação apesar das visíveis e negativas consequências futuras’. É optar por prazeres imediatos ao invés de ter uma visão e ação de longo prazo.
Não é o caso das exceções que aparecem em nossas vidas eventualmente e nos fazem mudar os planos, como por exemplo uma visita inesperada que nos faz adiar voluntariamente por esta razão o término de um relatório, nos diz o Dr. Timothy Pychyl, psicólogo professor da Carleton University, em Ottawa, Canadá, grande pesquisador neste assunto.

O procrastinador SABE que deveria estar fazendo sua tarefa adiada, e se sente mal por isto, e às vezes faz “compensações morais” para diminuir sua culpa, como por exemplo ir à academia em vez de terminar sua tarefa, o que alivia temporariamente sua culpa.

Psicólogos descobriram que procrastinadores crônicos frequentemente tem concepções equivocadas do por que agem deste modo. Muitos acreditam que não podem começar porque querem fazer a tarefa perfeitamente e em condições ideais.

Mas os estudos mostram que a procrastinação não tem a ver com perfeccionismo e sim com impulsividade, tendência a agir imediatamente nas urgências e também tem a ver com estratégias emocionais inconscientes para fugir de situações estressantes. É o que nos conta o Dr. Piers Steel, professor de comportamento organizacional da Universidade de Calgary.

Pessoas impulsivas se bloqueiam ao sentir ansiedade ou lidar com fortes emoções.
Uma empresa de Hong Kong chamada Saent, com a supervisão do Dr. Steel está desenvolvendo um software que atrasa a abertura de sites como o Facebook por 15 segundos ou mais e também cria a necessidade de uma senha para navegar na web, pois muitas vezes, estes pequenos “dificultadores” são tudo o que é necessário para fazer os procrastinadores desistirem de procurar uma distração imediata.

Outras pessoas alegam deixar as coisas para o último minuto porque funcionam melhor sob estresse ou sob pressão, mas os verdadeiros procrastinadores se estressam pelo adiamento. Além disto é bastante questionável se a qualidade de um trabalho feito correndo na última hora é melhor do que aquele feito com prazo e mais planejamento.

Os efeitos psicológicos da procrastinação já são bem conhecidos: aumentam os índices de depressão e ansiedade e empobrecem o bem estar, ou seja, diminuem nossa saúde psíquica.

Quanto à nossa saúde física, a psicóloga Dra. Fuschia Sirois, professora da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, estuda os efeitos da procrastinação no modo como lidamos com as doenças crônicas e as suas consequências.

Em recente artigo ela descobriu que os procrastinadores que sofrem de hipertensão arterial e doenças cardiovasculares eram menos propensos a se engajarem em estratégias para lidar com suas doenças crônicas, como por exemplo encontrar um sentido para agir, e fazer atividades físicas com amigos. Ao invés, tinham comportamentos mal adaptativos como evitar lidar com a doença ou culparem-se por ela e mesmo tentar esquecê-la (varrendo-a para baixo do tapete).

Também os procrastinadores parecem mais incapazes de ver claramente no futuro as consequências de suas ações e comportamentos do que os não procrastinadores, um fenômeno chamado de “Miopia Temporal”. Sua visão de futuro é mais abstrata e impessoal, ou seja, são menos conectados emocionalmente com sua imagem de futuro. Isto ocorre principalmente por altos níveis de estresse que desviam o foco para objetivos mais imediatos (prazeres) do que mais distantes (escolha saudáveis para cuidar e manter a saúde).
Uma interessante pesquisa mostrou que o modo ‘como’ pensamos em uma tarefa faz com que a adiemos ou não.

Pesquisadores da Universidade Konstanz na Alemanha liderados pelo Dr. Sean McCrea entregaram questionários a estudantes, que receberiam um valor em dinheiro para responder e entrega-los por e-mail no prazo de até três semanas.

As questões tinham a ver com tarefas cotidianas como por exemplo abrir uma conta bancária. O primeiro grupo de estudantes tinha de responder questões subjetivas (e assim pensar de modo abstrato) referentes à traços de personalidade, por exemplo qual tipo de pessoa abriria uma conta bancária enquanto o segundo grupo tinha de responder questões objetivas e práticas (e assim pensar de modo concreto) por exemplo quais atitudes devem ser realizadas para abrir uma conta bancária, como falar com um gerente, preencher formulários e trazer documentos, fazer um depósito inicial etc. e então os psicólogos esperaram pelas respostas.

Os resultados da pesquisa foram publicados no jornal científico Psychological Science, da Associação de Ciência Psicológica e mostraram claramente que, mesmo que todos os estudantes fossem pagos para responder, aqueles que tinham de pensar nas questões de modo abstrato tiveram uma tendência muito maior à procrastinação, (inclusive alguns nunca entregaram as respostas) enquanto os que pensaram de modo concreto no Como, Quando e Onde entregaram suas respostas muito mais cedo, ao invés de adiar sua tarefa.

Os autores concluíram que “simplesmente por pensar na tarefa em termos mais concretos e específicos fez com que (os estudantes) sentissem que deviam completar a tarefa logo, o que reduziu a procrastinação”. Também apontaram que estes resultados tem implicações importantes para professores e gerentes que querem que seus estudantes e colaboradores iniciem logo seus projetos.

Faça as pessoas pensarem em termos práticos e objetivos e isto aumentará muito a probabilidade que ajam e cumpram a tempo suas tarefas.

A Dra. Sirois e Dr. Pychyl ensinam que focar somente no gerenciamento de tempo ajuda parcialmente os procrastinadores. O componente de regulação emocional também deve ser observado. As pessoas devem reconhecer que tem problemas com emoções como a ansiedade no início de um projeto, mas não devem se autojulgar por isto, e sim iniciar passo a passo, com um foco preciso.

Já que devemos ser práticos, eis aqui algumas dicas de atitudes que contribuem para que mudemos nossos hábitos e consigamos exterminar a procrastinação e suas péssimas consequências:
1- Planeje-se no dia ou noite anterior e inicie suas atividades logo pela manhã, antes que novas atividades, compromissos ou mesmo desculpas apareçam para atrapalhar seus planos. E lembre-se como mostrou a pesquisa, de planejar objetivos práticos e concretos, como um passo a passo até a resolução.

2- Quanto mais frequentemente você realizar uma tarefa, como meditar, ir à academia, comer verduras ou escrever seu artigo, mais facilmente você “programa” este novo e benéfico hábito que fará parte de sua rotina diariamente.

3- Tenha uma companhia para compartilhar sua atividade, se for possível, como um amigo ou grupo para fazer atividades físicas, que te darão apoio, força nos momentos em que queira desistir, e também aumentarão a diversão do momento.

4- Esteja bem preparado para a tarefa que se propõe. Isto aumenta a confiança e motivação para atingir o objetivo.

5- Anote seus objetivos, e coloque as anotações onde frequentemente as veja. Mantém o foco no objetivo continuamente.

6- Primeiro as coisas mais importantes (first things first). Mesmo que pareça atraente, evitar iniciar o trabalho quando parecer difícil ou pouco motivador, trocando por outras tarefas, acaba atrasando aquilo que é importante e acabará se tornando urgente. Quando você não se incumbe do que é importante, terá muitos “incêndios” e coisas urgentes a resolver.

7- Visualize-se desfrutando dos benefícios e boas sensações que terá quando tiver terminado suas tarefas. A ciência prova que a’visualização’ tem o mesmo efeito em nosso cérebro do que a prática e acaba nos preparando melhor para atingir os objetivos. Os atletas de ponta utilizam-se muito deste treinamento. Ver-se mentalmente tendo terminado a tarefa e sentindo-se muito bem com isto prepara o caminho e direciona para um bom resultado.

8- Aprenda a lidar com suas emoções. Autoconhecimento, leituras, meditação, psicoterapia podem ser recursos muito úteis para fortalecer o equilíbrio emocional e ajudar a lidar com a ansiedade e o estresse que aumentam a procrastinação.

E para terminar, sempre que tomar uma decisão importante, aja imediatamente e tome atitudes concretas na hora, dando início imediato ao projeto de mudança (por exemplo, se decidir iniciar o curso de idioma que está adiando há tempos, pesquise escolas e ligue ou visite para ter mais informações e poder se matricular e começar).

Fonte indicada: A Tribuna

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