Porque a pausa é tão importante como o caminho

Porque a pausa é tão importante como o caminho

Parar.

Descontinuar, desacelerar, pausar.

Porque para dar continuidade, é preciso pausar, senão o fio enrosca, a tinta seca, o elástico arrebenta, a energia finda, o amor se cansa.

O tempo nunca para, mas também não sente, não muda o ritmo, não desiste.

Nós, pessoas que vivemos dentro da dança do tempo, precisamos sim de pausas e descansos para retomar a marcha que sai do planejado. De vez em quando fugimos do prumo, da rota, perdemos a bússola e deixamos a vida à deriva. Não encontramos a motivação, sentimos medo, sofremos temendo que será definitivo, que por fim fomos rendidos pela exaustão. Mas não. A vida só está exigindo uma pausa.

Pausa para retomar as forças. Encher os pulmões e o peito de coragem.

Pausa para encadear os pensamentos. Renovar o que vale, descartar o lixo.

Pausa para sentir saudades de um afeto. E para fazer falta também.

Pausa para estar só e sentir-se só. E estar a sós para refletir.

Pausa para descansar, para relaxar, para delirar, contemplar, descomplicar.

Pausa para entender que as pausas são a reposição do fôlego perdido nas perdas, sejam elas de tempo, energia, dinheiro, esperanças, ilusões, confiança, fé, inspiração.

As pausas renovam e curam. O ritmo se reestabelece, as cores voltam, e com elas, a motivação para encarar o novo. Sim, porque o novo só chega após uma pausa. Porque uma emenda dificilmente se sustenta, porque um remendo será sempre a parte mais frágil de um todo. Porque é preciso romper para recomeçar, findar os ciclos, finalizar pendências, zerar o relógio e fechar a boca por alguns instantes. Deixar o silencio formular as respostas que ainda não temos em palavras nem atitudes.

Pausa não é adeus. É tchau, vou ali em outra sintonia encontrar comigo a sós e então volto com respostas e planos para o futuro.

Dica de livro: Anticâncer, de David Servan-Schreiber

Dica de livro: Anticâncer, de David Servan-Schreiber

O livro sobre câncer mais vendido em todo o mundo.

Em 1992, no decurso de uma experiência realizada no seu laboratório de investigação, um psiquiatra francês, então com 31 anos, descobriu que tinha um tumor maligno no cérebro. David Servan-Schreiber aceitou combater a doença aliando o tratamento médico tradicional (cirurgia, radioterapia e quimioterapia) com uma filosofia e postura proactiva, que abrangia as terapias alternativas, e o que posteriormente veio a confirmar-se o essencial: um estilo alimentar auto-regenerador, eliminando da sua dieta alimentos que faziam mal a si e à sua doença. Assim, David travou o alastramento de uma doença grave durante vinte anos. Ao longo deste período o doutor publicou dezenas de artigos sobre câncer, depressão, EMDR, etc., em revistas científicas, enquanto dividia o seu tempo a proferir várias conferências internacionais.

Nas páginas de “Anticâncer — Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais”, que se tornou um verdadeiro ‘best-seller’ mundial, traduzido para mais de 40 línguas, o autor dá exemplos do que inibe e activa as células imunitárias, ou seja, o que trava e alastra as células cancerígenas. Com propriedades benéficas para o sistema imunitário de pacientes com cancro David nomeia, por exemplo, seguirem uma dieta mediterrânica (que em Dezembro de 2013 foi inscrita na lista do Património Imaterial da UNESCO), potenciarem sentimentos de alegria e serenidade, terem apoio da família e amigos e fazerem actividade física com regularidade. No capítulo 6 intitulado ‘O câncer alimenta-se de açúcar’ o autor escreve um texto bastante interessante advertindo a quem sofre da doença sobre o perigo da ingestão de glucose em demasia. Acrescenta que «o câncer apenas surge se as células cancerosas encontrarem terreno “fértil” para proliferar.» ‘Alimentos Anticâncer’ intitula-se, talvez, o mais esperado capítulo deste livro. São aproximadamente 45 páginas em que o autor aconselha alimentos que evitam a angiogénese (crescimento de um tumor), como os ácidos graxos ómega-3, o chá verde, açafrão-das-índias, etc. Preciosos testemunhos e dicas alimentares que o próprio confirmou serem benéficas, podem ser lidas ao longo das cerca de 400 páginas deste livro. O livro além das reflexões de Servan tem citações de vários e notáveis cientistas. As notas bibliográficas com referência aos textos que o autor cita estão disponíveis na última parte do livro, para que não haja margens para cepticismo, por parte de leitores mais reticentes. Nesta obra, que segundo o ‘New York Times’ «Em muitas casas, este livro vai provavelmente tornar-se uma Bíblia», o autor de ‘Curar’ e ‘Antes de Dizer Adeus’, falecido em 2011, apresenta métodos naturais para cuidar da saúde, que podem contribuir para evitar o desenvolvimento do câncer. Quem, a meu entender, é o público-alvo de ‘Anticâncer’? Quem tem câncer e quem não tem.

Trechos:

«As nossas células imunitárias também são sensíveis às nossas emoções. Reagem positivamente a estados emocionais caracterizados por uma sensação de bem-estar e sentimentos de união com aqueles que nos rodeiam.» (p. 81)

«Existe uma causa para a superprodução de substâncias inflamatórias que raramente é mencionada quando se fala em cancro: o sentimento persistente de desamparo, de um desespero que não dá tréguas.» (p. 91)

A indicação de leitura é do nosso blog parceiro Silêncios Que Falam (Site; Facebook)

O adulto é a criança que cresceu e que passou a responder por suas próprias escolhas.

O adulto é a criança que cresceu e que passou a responder por suas próprias escolhas.

Por Josie Conti

O adulto é a criança que cresceu e que passou a responder por suas próprias escolhas. 

Mesmo após crescermos e nos tornarmos adultos,  nossa história de vida e essência de valores e memórias nos acompanha.

Crianças mimadas podem manter traços mais egoístas na vida adulta uma vez que não treinaram e nem perceberam no momento certo como acontecem as trocas afetivas e as vantagens sociais e emocionais decorrentes de realizá-las. Da mesma forma, pessoas que passaram por restrições e carências emocionais e/ou financeiras podem, mesmo depois de teoricamente sanadas suas necessidades, manter um sentimento forte de vazio e falta que pode prolongra-se indefinidamente.

A colunista da Folha, Mirian Goldenberg, explanou no artigo Tortura emocional sobre como ao longo de sua carreira vem entrevistando pessoas que, mesmo após constituírem famílias e firmarem carreiras de sucesso, permanecem se definindo como “mendigos emocionais” ou mesmo “pessoas farsantes”, pois sabem que mostram uma realidade ao mundo exterior, mas sentem-se sempre como artistas encenando vidas que não são as suas. São exemplos os maridos que não conseguiram lidar com a divisão da atenção do amor da esposa quando nasceram os filhos, pessoas que, mesmo com mais de 60 anos e já com os pais mortos, ainda remoem sobre o carinho e amor que não receberam na infância.

Temos também os avarentos que, mesmo vivendo em meio a riqueza, não são capazes de usufruir dos benefícios do dinheiro. Não conseguem vislumbrar a possibilidade do conforto ou mesmo do prazer de poder dar e receber.

Outro dia ouvi de um “possível avarento” que ele não gostava de ganhar presentes no aniversário, pois depois tinha que retribuir. Outro, não menos egoísta, queria saber o valor do presente que ia ganhar, para não gastar mais com seu presente do que com o que ganharia.

A miséria subjetiva dos exemplos acima são a cobertura de muitos bolos que vemos por aí e que chegam até nós disfarçados de carros de luxo e roupas de grife. Quantas vezes uma estima lastimável não é a real motivação para pessoa ter que se destacar em tudo e aparecer em público com coisas que considera superiores ao que os outros usam?

Quanto maior a armadura criada, mais frágil o seu conteúdo.

Amadurecer envolve a percepção desses mecanismos adaptativos falhos que vão sendo utilizados ao longo da vida para sanar carências e outras deficiências afetivas. Temos que ter em mente que cada pessoa usará os meios que conseguiu para sobreviver, mas quando acontece a percepção de que as escolhas que foram feitas até o momento não trazem real satisfação ou mesmo que elas, mesmo sem ser boas, repetem-se ao longo da vida, é o momento de rever suas origens. Por isso psicólogos e psicanalistas falam da infância e buscam os momentos onde essas fendas começaram a se formar. Afinal, o autoconhecimento precisa respeitar a história e os ciclos de toda uma vida.

David Servan-Schreiber

David Servan-Schreiber

David Servan-Schreiber formou-se em Neuropsiquiatria pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos da América. Venceu o câncer por duas vezes, combinando a medicina tradicional com um estilo alimentar estimulante e auto-regenerador. Esta sua nova filosofia de estar travou o alastramento de uma doença grave durante vinte anos. O médico e cientista francês faleceu em 2011 e deixou um importante legado no que respeita a formas naturais de combater o câncer, doença causadora de cerca de 13% de todas as mortes no mundo.

Nascido em França em 1961 David Servan-Schreiber iniciou os seus estudos superiores na Faculdade de Medicina Necker-Enfants, em Paris, tinha então 17 anos de idade. Concluiu o curso em 1984, no Canadá. Exerceu a profissão de médico e pesquisador na área das neurociências, dedicou-se à investigação em cibernética e criou em 1988 com Jonathan Cohen um laboratório de neurociências cognitivas. Foi professor de Psiquiatria na

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Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh onde leccionou entre 1993 e 1996, e onde criou e dirigiu o Centro de Medicina Complementar. Foi um dos fundadores da delegação dos Médicos sem Fronteiras nos Estados Unidos. Em 1992, David Servan-Schreiber tinha 31 anos quando foi-lhe diagnosticado um tumor no cérebro. Em 1997 o tumor reincidiu-lhe e foi nessa altura que David percebeu que tinha de procurar uma nova maneira de viver sem se submeter à quimioterapia e radioterapia. A sua postura proativa, levou-o a se interessar pelas terapias alternativas e a fazer uma triagem dos alimentos que faziam mal a si e à sua doença. Exerceu a sua profissão de psiquatra até 2002, ano em que foi eleito o melhor psiquiatra clínico da Pensilvânia. Além de ter publicado dezenas de artigos em revistas científicas, David dividiu o seu tempo a proferir várias conferências internacionais. Regressou a França, onde se dedicou à psicoterapia por integração neuro-emocional através dos movimentos oculares: EMDR Eye Movement Desensitization and Reprocessing (este método de cura promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais, e está descrito no livro ‘Curar: o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamentos nem psicanálise’, que o médico escreveu em 2003). David Servan-Schreiber acabou, no entanto, por falecer em Julho de 2011, em França, aos 50 anos, na decorrência do reaparecimento do câncer que lhe foi diagnosticado em 1992, deixando a mulher Gwenaëlle e três filhos. Antes da partida David disse: «Ter a possibilidade de preparar a partida é, na verdade, um grande privilégio», e foi por isso que escreveu o que é descrito como o seu livro de despedida: ‘Antes de Dizer Adeus’.

Além dos dois livros já mencionados David Servan-Schreiber escreveu «o livro sobre cancro mais vendido no mundo», “Anticâncer — Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais” , publicado no Brasil pela Editora Objetiva, que se tornou um verdadeiro ‘best-seller’ mundial, já traduzido para mais de 40 línguas. Na obra, que segundo o ‘New York Times’ «Em muitas casas, este livro vai provavelmente tornar-se uma Bíblia», o autor fala da sua própria experiência com um câncer cerebral, complementando o tratamento convencional – cirurgia, quimioterapia e radioterapia – através da modelação das defesas naturais por controlo emocional e seguindo uma dieta específica.

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Quem ama comete loucuras

Quem ama comete loucuras

O amor arrebata e eleva a intensidade de tudo o que sentimos, exagerando-nos os sentidos, intensificando os prazeres que fazem parte do nosso caminhar, tornando-nos mais felizes e realizados. E isso nos faz tão bem, que não nos furtamos de ousar, arriscar e de quebrar paradigmas em nome da manutenção daquilo tudo em nossas vidas. Há que se perder a razão pelo amor, salvando-se logicamente a dignidade, mas chegando às raias do impossível, pois amor não tem limites, a não ser a manutenção da integridade do amor próprio.

Quem ama respira ares tranquilos, fica de bem com a vida, não se importando com as opiniões de gente negativa e sugadora de energia. O escudo amoroso é imune à inveja, à maledicência e ao mau-humor, pois absorve sempre o lado bom de tudo o que está ali ao seu redor. As coisas tornam-se mais claras quanto à sua importância ou não, ou seja, o amor é filtro do bem, pois reflete nada menos do que a felicidade pura.

Quem ama perde medos bobos, sem fundamento, desprendendo-se de convenções e normas que não se sustentam. Os limites não mais se prendem a preceitos sociais duvidosos, mas se formam a partir da real possibilidade de avançar sem se machucar ou machucar alguém. Caso não haja aviltamentos ou extrapolação de convicções morais próprias, permite-se a libertação das amarras que atravancam a luta pela felicidade.

Quem ama faz o que jamais faria, sonha o que nunca sonharia, age como não agiria, pois avança, transforma-se, renova-se, acordando tudo aquilo que dormia em seu íntimo, clamando por uma saída. Quando vivemos o que nos torna melhores, mudamos nossas perspectivas, percebendo com mais clareza o que realmente vale a pena manter conosco e o que não é digno de atenção. O amor não perde tempo, não se irrita com o que é irrelevante, não gasta energia com o que é inútil.

Quem ama se entrega por inteiro, doa-se sem reticências, sem hesitações, pois não teme a aceleração das batidas do coração, o suor que molha as têmporas, o frio que percorre o corpo, cedendo às necessidades de seus desejos, de corpo e alma. E, por isso mesmo, recebe em troca a inteireza da reciprocidade amorosa, sentindo-se realmente importante na vida do outro, pela profundidade dos olhares que se voltam em sua direção, desnudando-lhe a alma.

Amar é preciso, porque viver é preciso. Vivemos melhor e mais felizes quando amamos, quando compartilhamos sonhos, sentimentos e bagagem com quem é sincero e admira tudo o que temos, somos e queremos. Tornamo-nos mais reais e seguros quando estamos certos de que alguém está ali do nosso lado, torcendo por nós e pronto para amparar as nossas quedas.

O amor nos torna ousados, destemidos, pois se mune de transparência e nos humaniza, equilibrando a luz e a escuridão que todos carregamos, trazendo a dor e o prazer que nos faz viver o que merecemos, na medida exata do que fizemos por merecer.

O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

O amor maduro em 10 filmes imperdíveis

Em comum em todos os filmes listados abaixo está o amor maduro, despido dos delírios românticos da juventude, mas tão belo e tocante quanto. Esse é um amor que acontece na vida enquanto andamos por ela, muitas vezes ligeiramente distraídos. Como cada um de nós lida com ele? Isso depende de tudo que somos. O amor não escolhe seu paradeiro, ele só escolhe ser. Tomei o cuidado de escolher filmes cujas personagens femininas são preponderantes. Em grande parte dos casos o enredo gira, principalmente, em torno delas.

Espero que gostem!

1. Entre Dois Amores / De: Sydney Pollack, EUA, 1985

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Entre Dois Amores é um daqueles filmes que marcam época e emocionam.  Com uma interpretação maravilhosa de Meryl Streep e de Robert Redford e com uma fotografia e enredo primorosos, é um achado na Netflix. Baseado na história real da escritora dinamarquesa Karen Christenze Dinesen (1885-1962), que mais tarde passaria a ter o nome de baronesa Karen von Blixen-Finecke, o filme se passa no começo do século vinte e retrata uma mulher muito à frente de seu tempo que por causa de um casamento por conveniência parte para a África e encontra lá o seu verdadeiro amor. Preparem os lencinhos, pois esse filme emociona.

2. As Pontes de Madison / De: Clint Eastwood, EUA, 1995

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O filme adaptado da obra homônima de Robert James Waller se passa em 1965 e relata a história de Francesca (Meryl Streep), uma solitária dona de casa italiana residente em Iowa, que enquanto o marido e filhos se encontram fora, conhece e se apaixona pelo fotógrafo Robert Kincaid (Clint Eastwood), que chegou ao condado de Madison para fotografar as pontes do local. O filme é inesquecível e está disponível na internet mediante pagamento, mas vale a pena perguntar a um amigo cinéfilo se pode emprestá-lo. Impossível não se emocionar com um dos mais românticos filmes da década de 90.

3. O Encantador de Cavalos / De: Robert Redford, EUA, 1998

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Encantador de Cavalos é um filme inspirado em um livro de Nicholas Evans. O roteiro gira em torno da história de recuperação de uma adolescente interpretada por Scarlett Johansson que junto da mãe (Kristin Scott Thomas) parte com um cavalo, em busca de um treinador talentoso e recluso (Robert Redford) que ensinará a elas muito sobre a vida e o amor ao mesmo tempo em que recupera o animal. Um amor maduro dedilha o coração do treinador e da mãe da adolescente. Imperdível para quem ama filmes cheios de muito romance e de lições de vida.

4. Sylvia – Paixão Além das Palavras / De: Christine Jeffs, Reino Unido, 2003

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Esse filme é uma biografia encantadora da poetisa, romancista e contista norte-americana Sylvia Plath. Interpretada com maestria por Gwyneth Paltrow, a personagem mostra uma Sylvia sensível e loucamente apaixonada por Ted Hughes, poeta de quem foi esposa e com quem teve dois filhos. Um passado conturbado, um presente incerto e um futuro nebuloso marcaram a história dessa mulher apaixonada e sensível. Um filme memorável que mostra um belo panorama da vida conjugal de Sylvia e de como o ciúme, a infidelidade e inúmeras incertezas minaram as expectativas dela com relação à vida.

5. Sob o Sol da Toscana / De: Audrey Wells, EUA – Itália, 2004

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Frances Mayes, interpretada por Diane Lane, é uma escritora que vive em São Francisco até se divorciar. Ela recebe como presente de amigas um pacote turístico para a Itália. Durante a excursão, Frances passa pela Toscana e num momento mágico resolve comprar uma casa com mais de 300 anos. Enquanto ela cuida de sua nova casa acaba conhecendo muitas pessoas e se apaixona. Uma ótima pedida para quem gosta de filmes com personagens maduras e fortes que conseguem dar a volta por cima.

6. Apenas uma Vez / De: John Carney, Irlanda, 2006

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Esse filme é encantador. Uma mulher casada que vende rosas nas ruas se encontra com um músico compositor e a magia simplesmente acontece. A admiração mútua entre ambos faz florir um repertório musical único cheio de muita parceria. É o amor que brota em meio às intempéries, justamente quando não pode ser. Nesse caso a personagem feminina tem tanto peso quanto a masculina e a beleza do enredo está, para mim, no fato de que a vida é retratada justamente como ela é. Além do enredo, a trilha sonora é inesquecível.

7. Meus Dias no Cairo / De: Ruba Nadda, Canadá-Irlanda, 2009

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Esse filme é uma pérola de uma delicadeza sem fim. Fala sim do choque cultural entre ocidente e oriente, mas tem como foco principal um amor maduro, que nasce do desejo e da admiração. Que brota entre as restrições. Um filme extremamente íntimo e pessoal. Juliette (Patricia Clarkson) trabalha como editora de uma revista no Canadá. Ela e seu marido (Tom McCamus), um funcionário da ONU, resolvem se encontrar no Cairo durante as férias, contudo, tendo tido um contratempo, o marido pede para Tareq (Alexander Siddig), um amigo seu, que faça companhia para sua esposa.

8. Comer, Rezar, Amar / De: Ryan Murphy, EUA, 2010

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Impossível falar de mulheres fortes e maduras, sem se lembrar desse filme. Julia Roberts está espetacular interpretando a escritora norte-americana Elisabeth Gilbert que resolve se divorciar e largar tudo, seguindo para a Itália, Índia e Bali. Em sua última parada conhece um brasileiro que faz seu coração bater mais forte. O filme é uma biografia encantadora da escritora e tem motivado mulheres do mundo todo.

9. A Chave de Sarah / De: Gilles Paquet-Brenner, França, 2010

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Esse filme é bastante impactante e diferente dos outros aqui listados, pois não trata do amor romântico. Morando em Paris com o marido francês, Bertrand, e uma filha adolescente a repórter Julia Jarmond (Kristin Scott Thomas) está prestes a se mudar para um pequeno apartamento, pertencente à família do marido, quando descobre que o local guarda uma ligação com a história de Sarah, uma menina judia, vítima da ocupação nazista na França em 1942. Julia busca descobrir a verdade sobre Sarah e sobre sua própria vida, reavaliando suas decisões em um momento delicado no casamento, onde sua vontade pode determinar o fim dele e o começo de uma nova fase.

10. W.E. – O Romance do Século / De: Madonna, Inglaterra, 2011

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A história real de Wallis e Edward – o título do filme vem das duas iniciais – é uma trama extraordinária. Em meados dos anos 1930, o mundo está às vésperas da segunda guerra mundial, e Edward, o herdeiro do trono da Inglaterra e do Império Britânico, apaixona-se perdidamente por uma mulher plebeia, não britânica, casada, já divorciada uma vez e americana chamada Wallis Simpson. Nesse filme, assim como em “A Chave de Sarah”, a trama é contada em dois planos. Um deles diz do passado e da história de Wallis e Edward, o outro fala de Wally, uma mulher infeliz no casamento que admira a história do casal. Novamente temos aqui os holofotes voltados para as duas figuras femininas do filme: Wallis e Wally. Lindo, vale muito a pena.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Não priorize quem te coloca sempre em segundo plano

Não priorize quem te coloca sempre em segundo plano

Por Josie Conti

Nós podemos priorizar pessoas em situações de emergência. Podemos exercer o altruísmo e darmos mais do que recebemos quando é possível fazê-lo. Podemos também ser gentis e receptivos socialmente, entretanto, na rotina dos relacionamentos, priorizar constantemente quem nos deixa sempre em segundo plano não costuma ser uma atitude que traz real satisfação pessoal.

Quando percebemos que isso é uma realidade em nossas vidas é necessário olhar com atenção e entender se o que está acontecendo é algo que faz parte da dinâmica do relacionamento onde, em alguns momentos, um dos pares está mais disponível que o outro ou se estamos falando de uma constante relação de submissão e busca por um retorno profissional ou afetivo que não tem grandes chances de mudança- ou que talvez não tenha os melhores resultados através desse tipo de posicionamento pessoal.

Podemos pensar em alguém com uma estima baixa como, por exemplo, uma pessoa que não se sentiu amada na infância e que pode passar a vida esperando ser reconhecida justamente por aqueles que não a veem como alguém de valor. É como se as escolhas fossem exatamente direcionadas para aqueles que só podem lhe oferecer migalhas de afeto e atenção. Quando a atenção é plena e total é mais provável que surja mais o desinteresse do que propriamente a felicidade. Afinal, como alguém “realmente interessante e desejável” poderia querer alguém com ela? Esse tipo de situação não é incomum em amores platônicos por pessoas hierarquicamente superiores no trabalho ou mesmo por pessoas que não estão disponíveis para amar e realmente se entregar a uma relação.

Também não seria incomum esse comportamento em pessoas que tiveram uma infância muito rígida e disciplinada onde o afeto só acontecia mediante a entrega da perfeição. Pessoas que crescem nesse tipo de ambiente tendem a esconder suas próprias falhas, pois as supervalorizam. Tendem, ainda, a atribuir demasiado valor ao que vem de fora e sujeitam-se a receber menos, assim como acontecia com seus pais, mantém-se em posição secundária e subordinada.

Lembre-se que se existe um escravo na relação  é porque na outra extremidade dela existe um senhor. Entretando, muito do poder que esse “senhor” exerce pode ser fruto apenas do que você lhe atribui. Nesses casos, talvez seja a hora de rever o motivo de você estar sempre em segundo plano e trabalhar para libertar-se.

Imagem de capa: Anna Dittmann

Quer saber mais sobre a psicóloga Josie Conti? Acesse https://www.josieconti.com.br/

Das memórias não tidas

Das memórias não tidas

Algo que as próximas gerações não vão poder nem querer fazer: frequentar locadoras de filmes.

Eu, pessoalmente, acho meio triste. Longe de mim condenar a Netflix e o uTorrent, mas esse pessoal mais novo (ou o da minha própria geração que não o fez), acaba sendo privado de algumas boas memórias.

Nunca vão ter, por exemplo, a oportunidade adentrar aquele recinto e sentir o cheirinho do local (tem sim!), nem de sair satisfeito com três títulos em mãos. Nunca vão poder examinar título por título uma sessão de filmes à procura de algo interessante para assistir. Não vão também ter a frustração de não achar nada que interesse. Nunca serão mirados pelos olhos impacientes dos pais em seus dias mais apressados: “Já escolheu?”, nem prometerão assistir aqueles 5 filmes em único final de semana “porque todos parecem bons!”. Não vão ter que pedir uma indicação do dono ou funcionário do estabelecimento nas horas em que tudo parece chato. Não vão ter a emoção de chegar em casa e ir direto para sala assistir aquele que aparenta ser o melhor entre os filmes escolhidos. Nunca vão sentir o entusiasmo de saber que a continuação daquele filme que você tanto ama finalmente chegou em sua locadora, nem a decepção de descobrir que todas as fitas/DVD’s dele foram locadas. Também não vão ter que passar pelo desespero de perceber que perderam, quebraram ou arranharam uma fita ou DVD. Nunca vão fazer aquela maratona obrigatória, porque a data da entrega é no dia seguinte e por fim, não vão poder descobrir outros mundos a partir daquele mundinho que é aquele espaço cheio de histórias filmadas.

É, a verdade é que parte da minha empolgação com a chegada dos finais de semana se foi junto com a era das locadoras. A da Aprígio Nepomucemo que o diga. Não era a maior nem a melhor de Campina Grande, mas foi a que ficou no coração. Que descanse em paz.

Servidão Voluntária: 1984, de George Orwell, e o poder da ignorância na manutenção do status quo

Servidão Voluntária: 1984, de George Orwell, e o poder da ignorância na manutenção do status quo

Disseram, certa feita, que podem tirar tudo de nós, menos o nosso conhecimento. A capacidade que o ser humano tem de refletir criticamente sobre a vida é o que determinada, em grande medida, a sua liberdade. Dito isso, caso o indivíduo esteja preso a círculos de pensamentos que não seus, isto é, seja tão somente um reprodutor de um discurso que lhe é passado, torna-se impossível ser livre e, consequentemente, será um escravo do sistema.

Na contemporaneidade, a escravidão não se dá nos moldes antigos, baseada na coerção e na força, como também no controle do pensamento, alienando o indivíduo e transformando-o em um autômato incapaz de escrever uma linha da sua vida com suas próprias mãos. Sendo assim, a classe dominante cria amarras invisíveis, a fim de que os indivíduos mantenham-se subjugados, sem que percebam a prisão que os envolve.

Essa cegueira se dá em virtude da falta de reflexão crítica que os indivíduos possuem, de modo que se torna muito fácil moldá-los à realidade que os dominantes julgam como necessária à manutenção do status quo. O enquadramento ao modus vivendus determinado pela classe dominante se dá através daquilo que George Orwell chama de controle da realidade ou duplipensar, que “[…] quer dizer a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias, e aceitar ambas”.

Ou seja, a realidade é construída pelos detentores do poder, nas relações de força na sociedade, de maneira que esta é modificada e ajustada de acordo com os interesses do momento histórico. Os dominados, ou a “prole”, como Orwell prefere, apenas aceita a verdade imposta, ainda que esta seja contraditória e vise à manutenção das discrepâncias sociais.

Como não dá para aceitar duas crenças simultaneamente, os indivíduos confusos não conseguem entender a verdade por trás do que lhes passam como realidade, de modo que permanecem em uma ignorância contínua. Essa ignorância é apresentada como sinônimo de força pelo Partido, na obra 1984. Não é preciso dizer que o lema do Partido realmente produza força, mas apenas para os que detêm o monopólio da força nas microrrelações de poder no âmbito social.

Estendendo à nossa realidade, o Partido pode ser lido não somente como a classe política, mas como todos aqueles que se propõem subjugar as classes inferiores, a fim de manterem-se no poder. Para tanto, fazem de tudo para que sejamos massas de manobra em suas mãos, modelando-nos de acordo com os seus interesses. Somos despersonalizados, para que não consigamos exercer a capacidade reflexiva, o que levaria a questionar as mazelas sociais.

O pensamento, dessa forma, é controlado através de elementos como a mídia e a publicidade. Exerce-se, portanto, o poder da polícia do pensamento, como aparece no livro, mas sem o uso da coerção, como já foi dito. Utilizam-se outros elementos, como a sedução da sociedade de consumo, com as suas inúmeras fórmulas de felicidade e prazer, apresentadas nas propagandas.

Todavia, o controle do pensamento se dá do mesmo modo, sendo, inclusive, mais eficaz, visto que, inexistindo uma coerção física para os que se afastam da linha, há um trabalho muito mais forte de sedução, para que, voluntariamente, os indivíduos tornem-se servos e abdiquem do seu direito de pensar.

Assim, excetuando poucos indivíduos que ousam questionar o sistema e procuram exercer a sua capacidade reflexiva, a grande maioria está totalmente adequada ao sistema, vivendo feliz em sua ignorância. Vivendo vidas mecânicas, são incapazes de tirar as vendas que os dominantes, sob os seus consentimentos, colocam em seus olhos.

Ainda que as condições sejam difíceis, há a possibilidade de não se condicionar a esse sistema opressor. Todavia, cada vez mais facilmente as pessoas têm aceitado as crenças contraditórias da classe dominante, permanecendo imersas na sua pobreza e ignorância, mesmo que não percebam ou não queiram perceber.

Embora livres e pensativos, estamos condicionados a viver de forma servil, sendo oprimidos por um sistema que apenas visa ao bem estar de poucos. No entanto, se mudarmos as condições, podemos mudar as respostas e, assim, tomaremos as rédeas das nossas vidas, podendo pensar por nós mesmos e não sendo meros reprodutores de um discurso opressor e hierarquizante.

Quando aprendermos, como diz Orwell, que a verdade não é questão de estatística, seremos seres pensantes e, como indivíduos capazes de produzir o próprio conhecimento, seremos livres, pois deixaremos de ser condicionados e ignorantes, uma vez que:

“De maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na base da pobreza e da ignorância.”

Não importa “o que”, importa “quem” conquistamos.

Não importa “o que”, importa “quem” conquistamos.
Young couple in love outdoor

Tudo o que nos move tem que ser apaixonante, tem que ter envolvimento completo, verdadeiro e inteiro, entrega suada e isenta de incertezas. Daí necessitarmos da paixão como combustível de vida, como alimento dos anseios de nossa alma, para que nossa jornada se torne, sobretudo, limpa e transparente, pois assim nossas lembranças guardarão momentos mágicos, que nos ajudarão a nos despedirmos tranquilamente das pessoas e do mundo que perpetuarão o nosso legado.

É preciso muito cuidado ao determinarmos os objetos de nossos desejos, principalmente no que diz respeito ao que eles efetivamente nos acrescentarão, ao que embasa nossa busca por determinadas coisas. Caso estejamos pautando nossos sonhos por razões meramente materialistas ou buscando montar um mundinho de aparências hipócritas, nada agregaremos à construção de uma felicidade completa, a qual deve ser nosso norte, em todos os momentos de nossas vidas.

Quando nos cercamos somente de perfumaria, o que temos a oferecer é algo por demais volátil e incapaz de sustentar verdades duradouras. Dessa forma, poderemos até enriquecer nossa conta bancária e inflar nossos álbuns virtuais, no entanto, permaneceremos tão incompletos quanto o que éramos desde o início. Objetos, bens e fachadas suntuosas são incapazes de enriquecer os anseios de nossa essência, pois ela não se preenche materialmente, mas sim com sentimentos verdadeiros.

Nossas conquistas devem ter o sabor da verdade, do contentamento íntimo que maximize nossos sentimentos positivamente, enriquecendo-nos de dentro para fora e nunca o contrário. Estarmos certos quanto à necessidade de nos aprimorarmos enquanto pessoas é imprescindível a que nos lancemos a uma busca ética e corajosa em direção a metas que nos cerquem também de gente que nos ama e acredita em tudo o que somos. Amor recíproco nos liberta e nos resgata sempre que necessário.

Devemos também estar certos quanto ao tipo de pessoa com quem caminharemos ao longo de nossos dias e noites, pois a verdade alheia será extremamente necessária na consecução de nossos objetivos e no direcionamento que daremos às várias escolhas que enfrentaremos. Estruturarmos cumplicidade junto a pessoas éticas e sinceras nos aliviará o peso de todas as dores que nos afligirão durante nossa lida, bem como nos permitirá compartilhar prazeres e conquistas com gente do bem – e isso faz uma diferença imensa, quando chegar a hora do desfrutar, do rememorar, do descansar e partir.

Estaremos constantemente cercados pelos apelos sedutores do glamour inerente ao êxito financeiro e toda felicidade material que ele parece oportunizar, através das roupas de grife, das viagens internacionais, carros importados e praias do Caribe. Logicamente, o conforto material é importante em nossa qualidade de vida, porém, nenhuma quantia em dinheiro será capaz de nos confortar quando atravessarmos as tempestades emocionais que permearão o nosso caminho.

Quando somos amparados por quem nos ama de verdade, por quem conhece nosso melhor e nosso pior, por quem enfrentou o medo junto conosco e, apesar de tudo, jamais desistiu da gente, poderemos contar sempre, a qualquer hora, em qualquer lugar, com a esperança que brilha frente aos nossos olhos e nos reacende os sonhos. Isso é amor verdadeiro. Isso é certeza de que sobreviveremos dignamente às nossas dores e desfrutaremos merecidamente o melhor que a vida sempre terá a nos oferecer.

 

Tem gente que tem talento!

Tem gente que tem talento!

Eu vou lhes confessar, nada é mais chato para mim do que intelectuais acadêmicos e anônimos criticando famosos com o argumento de que são ruins tecnicamente.

Canso de ler que o Paulo Coelho escreve mal, que o Romero Britto pinta mal, que o Dráuzio Varella é um médico medíocre e também, falando especificamente sobre a psicologia e a psiquiatria, sempre ouço e leio colegas criticando o Dr. Flávio Gicovate. Todos os profissionais que citei são muito famosos, muito bem remunerados e suas carreiras são de sucesso. São reconhecidos nacional e/ou mundialmente e têm uma característica em comum: levaram seu trabalho ao grande público, à grande massa.

Pessoas que talvez não conheçam nada sobre arte moderna certamente reconhecem com facilidade uma pintura assinada por Romero Britto. Acredito que há quem tenha lido apenas os livros de Paulo Coelho e estou certa que, em seus programas no Fantástico o Dr. Dráuzio levou informação a quem jamais teve a atenção de um médico. Sobre o Dr. Flávio – cuja carreira como médico psiquiatra e psicanalista é bem longa e sólida: ele ganhou ainda mais repercussão por atuar em um programa semanal em uma grande rádio e manter canais na internet muito acessados. Seus livros e vídeos são de fácil entendimento e levam conceitos importantes ao que chamamos de senso comum. Acredito que a importância do trabalho dele, tal qual da Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, está exatamente em expandir o que antes ficava fechado dentro dos consultórios.

Em minha opinião todos eles têm algo chamado talento e o talento não consegue ficar preso às regras, normas e pré-requisitos acadêmicos de qualquer arte ou profissão. Já ouvi críticas horrorosas ao trabalho deles exatamente porque o talento os fez famosos e aqui deixo a minha reflexão, que vem da história de vida de um famoso maestro que compôs sua primeira obra aos quatro anos. Mozart nunca seguiu regras, era um gênio. Quando se tem uma pequena pitada de genialidade, isso se chama talento, e isso faz com que se saia do usual. Freud foi um gênio, e eu que – mesmo tendo tido formação behaviorista – li quase toda a obra dele, percebi sua genialidade quando percebi quem era aquele homem e o ambiente no qual ele cresceu e viveu. Quando se tem talento, se traça um caminho próprio mesmo que seja para reproduzir a obra de um grande gênio. Quando se é gênio, não existem regras.

Respeito muito e acho de extrema necessidade que o olhar acadêmico exista e permeie as ciências e as artes, porém, talvez tenhamos que pensar que são esses talentosos desobedientes e burladores dos dogmas acadêmicos que levam a muitas pessoas alguns respingos de arte e ciência que eles jamais conheceriam. Eu li alguns livros do Paulo Coelho e acho bem bacana o Alquimista, além de achar fantástica a história da moça que vive cada dia como se fosse o último em Verônika decide Morrer. Muita gente talvez tenha começado a ler através dele e estou certa de que Romero contribuiu para que brasileiros que não sabem nada sobre arte conheçam “sem conhecer” o cubismo. Dr. Dráuzio se dispõe a ensinar conceitos básicos de saúde, usando linguagem simples, coisa que poucos intitulados com pós-doutorado se dispõem a fazer.

Não entendo esse ódio acadêmico a eles, tal qual entendo menos ainda as razões de eu ser criticada ao optar por escrever artigos para o senso comum, sem comprometimento acadêmico algum e somente com a pretensão de promover a reflexão e contar como vejo a vida. Sim, eu daqui da minha confortável insignificância também já recebi críticas por não seguir as tais regras. Que regras? Quem sabe eu não tenho algum talento!

Desde quando eu atuava como psicoterapeuta, eu sou questionada por alguns comportamentos, principalmente por psicanalistas que acreditavam que eu, como behaviorista por formação desconhecesse os mecanismos de defesa e as fases do desenvolvimento descritas por Freud. Como se um caminho apenas levasse a “deus”, e como se a psicanálise fosse método sagrado e único de autoconhecimento e promoção da saúde mental. Dr. Flávio está aí para mostrar que se pode sim ser psicanalista e levar a teoria para fora do divã, para que muitos possam se beneficiar. Somos – enquanto psicoterapeutas, como muito bem disse o mais apedrejado discípulo do Dr. Freud: apenas uma alma humana a tocar outra alma humana. E cá lhes confesso que foi exatamente a terapia analítica de Carl Jung e a fenomenologia de Fritz Perls os meus maiores veículos de autodesenvolvimento durante os meus muitos anos de terapia. E poderia ter sido a psicanálise ou o próprio cognitivismo.

Desde que o mundo é mundo, os acadêmicos presos aos dogmas engessados tem gasto seu tempo criticando os indisciplinados talentosos e talvez a teoria de Freud sirva bem para quem se dispuser a analisar o que os leva a criticar quem optou por trabalhar liberto e tão benéfico quanto o bom e velho divã. No mais, se encanta e ajuda a tanta gente, qual o crime deles? Fizeram algum mal? O caminho pode ser aceitar as diferenças ou procurar a razão de tanta irritação – Dr. Freud explicaria.

 

Os cinco grupos de suicidas

Os cinco grupos de suicidas

De acordo com um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde, mais de 800 mil pessoas cometem suicídio por ano no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. Sabe-se que cerca de 75% dos casos ocorre em países de rendas média e baixa.

Pessoas com idades entre 15 a 29 anos tem o suicídio como a segunda principal causa de mortes em todo o mundo, e, ao contrário do que se pensa, as taxas são maiores entre os que tem mais de 70 anos (percentualmente).

Andrew Solomon, em seu livro “O demônio do meio-dia” secciona os suicidas em quatro grupos. Oras, o título está errado então? Na verdade, não. Ao final do texto irei acrescer um grupo que – ao meu ver – é tão comum quanto os demais.

  • O impulsivo: Tal indivíduo comete o suicídio sem planejamento algum. Frequentemente um único evento desestabilizante (perda de emprego; término de relacionamento; morte de um ente querido) faz com que, sem pensar no que está fazendo, a pessoa tire a própria vida. Uma característica importante deste grupo é que o ato ocorre de forma repentina, sendo muito mais imprevisível do que em qualquer outro.
  • O apaixonado pela morte: Aqui, o foco principal não é fugir de nenhuma circunstância dolorosa, mas sim correr em direção à morte. A morte não é o meio, mas sim o fim. “O desejo não é alívio, mas sim destruição!”
  • O que não vê outra saída: Este grupo comete o suicídio por uma lógica falha, na qual a morte parece ser a única saída para as circunstâncias às quais vem vivendo. O indivíduo costuma planejar todos os detalhes e avaliar a melhor forma de regressar ao estado inorgânico. Aqui existe uma quantia razoável de indícios, sendo eles: Melhora significativa do humor (como se houvesse se livrado de um imenso peso em suas costas); Reconciliações repentinas com familiares e/ou outras pessoas de convívio próximo; Organização de questões burocráticas (pagamento de dívidas; planejamentos referentes à herança); dentre outros. A crença primordial aqui é de que a morte irá melhorar sua condição, assim como a de seus familiares, que se verão “livres de um fardo” (percepção distorcida, na grande parte dos casos).
  • O analista: Existe certa lógica racional por aqui. Tal pessoa – devido a doenças de prognósticos ruins; instabilidade mental; ou até mesmo por mudanças nas circunstâncias econômicas e sociais – realiza uma análise das dores e prazeres que a vida poderá lhe proporcionar neste novo momento. Ao final, chega-se à conclusão de que dar continuidade à existência não tem um custo x benefício que valha a pena.
  • O que utiliza o suicídio enquanto ataque: Em alguns casos o suicídio não ocorre com a finalidade do autoextermínio, mas sim visando destruir alguém que permanece em vida. Frequente em adolescentes (principalmente homossexuais), o ato funciona como uma arma que fere por meio da “culpa”. Pais que rejeitam a condição de seus filhos e os oprimem em excesso costumam ser foco de tais ataques (a culpa pela rejeição). Também é comum em términos de relacionamentos extensos e/ou abusivos, tendo como finalidade a geração da “culpa pelo abandono”. Os danos causados por este grupo são maiores, visto que a desestruturação familiar é muito mais intensa devido à responsabilização que decai sobre um indivíduo em especial. É comum deixar pequenos escritos em locais estratégicos (como pequenos bilhetes, espelhos e etc) que indicam o possível “responsável”.

Imagem de capa:Reprodução

O erro mais comum é presumir que todo mundo quer o que você quer

O erro mais comum é presumir que todo mundo quer o que você quer

Por Josie Conti

A citação utilizada como título é da  professora de Comportamento Organizacional da London Business School, Tamara Erickson que, em entrevista recente à Época Negócios, abordou essa questão relacionando-a ao mundo dos negócios. Trago-a para nosso espaço, contudo, com um olhar mais generalista no que se refere ao comportamento humano.

Leiam a afirmativa abaixo:

“Cada pessoa traz em si seu universo único e é fruto de sua história e escolhas.”

Normalmente não discordamos da afirmativa acima, entretanto agimos de maneira contrária a sua compreensão real cada vez que supomos que as pessoas ao nosso redor deveriam ter visões de mundo e opiniões iguais ou semelhantes as nossas. Tomamos como reais e universais perspectivas particulares, cremos que nossas escolhas são as mais corretas e verdadeiras, julgamo-nos mais espertos e sagazes que os nossos vizinhos de casa ou de bate-papo. E, querem saber? Estamos errados.

O erro, todavia, não consiste em estarmos mais corretos e sim em não nos colocarmos no lugar do outro para entender que o correto de um é o erro do outro, que o início de um é o meio do outro, que o que foi fácil para um é complexo para o outro. Mesmo filhos dos mesmos pais vivem histórias e realidades diferentes. Imaginem então pessoas de núcleos familiares, classes sociais e tantas outras experiências diversas que a vida proporciona. Não seria muita ousadia nossa achar que as concepções e percepções de realidade devem ser iguais?

Uma dinânica que eu costumava usar em grupos era mostrar uma imagem da Mona Lisa de Leonardo da Vinci e pedir que as pessoas dissessem qual a opinião que tinham sobre ela. Era um momento descontraído, onde eu dizia algo assim: Não quero que pensem em quem a pintou, se ela é famosa ou sobre a técnica. O que eu pergunto é “Se hoje essa senhora entrasse com vocês em um elevador, vocês me diriam que ela tem cara de quê?” E, antes de responder, as pessoas deveriam apenas pensar. Quando, entretanto, começavam a dizer sobre o que tinham pensado, todas as respostas possíveis e imagináveis surgiam. Para cada um a Mona Lisa era uma pessoa diferente, com um estado de humor diverso, em uma situação oposta. Assim é também a nossa realidade, mas no cotidiano que nos circunda somos nós as “Mona Lisas” que cruzam pelos elevadores e preenchem as realidades e cenários da vida.

É por isso que para pessoas de bom senso a dúvida é bem-vinda. É por isso que devemos dar uma oportunidade ao diferente. É por isso que aprender a coloca-se no lugar do outro até entender um pouco sobre a sua visão é uma das características mais nobres do relacionamento humano.

O erro mais comum é presumir que todo mundo quer o que você quer. Você não tem que mudar o que quer, mas o outro merece respeito e entendimento por pensar diferente.

Quem encontra maneiras de mediar comportamentos para uma convivência harmoniosa ou se afasta de maneira consciente não precisa falar mal e nem precisa de rancor.

Na próxima vez que se olhar no espelho lembre-se que você e seus pensamentos são a Mona Lisa de alguém. Toda verdade é questionável. As decisões, entretanto, são suas.

Boa sorte no elevador.

O amor é para os atrevidos. Deixe de coisa e vá buscar o seu!

O amor é para os atrevidos. Deixe de coisa e vá buscar o seu!

Então fica assim. Para o bem de todos os amantes, para a saúde de todo ser amado, quem quiser um amor verdadeiro vai ter de ir buscar. Esse negócio de esperar no sofá, a TV ligada, o olhar perdido, a vida em estado de suspensão por longos fios de baba enquanto a pessoa perfeita não vem, tudo isso fica revogado até segunda ordem. Desista que do céu não vai cair.

Quer amor? Levante e vá buscá-lo. Não tem delivery, compra por catálogo, encomenda, disque-pizza. Não se pode pedir pela Internet. Faça por merecer!

Aos distraídos de boca aberta, os encalhados na correnteza, os pesos mortos e os zumbis sentimentaloides só chegam moscas, mariposas, lesmas, vermes e outros pequenos bichos. O amor é para quem sabe o que quer e, sobretudo, para quem sabe o que oferecer.

É para quem se atreve, se arrisca e se lança. Para os que ousam devolver o prato mal feito e o que mais não serve, para os insubordinados e os insatisfeitos, aqueles que procuram e procuram sem fim. Procuram até achar. E quando encontram, cuidam! Se acaso perdem de novo, retomam a busca sem frescura.

Amar é coisa de quem tem coragem de dizer “não”, “sim” e “talvez” quando e como achar que deve. Para os que têm medo, também o amor lhes cabe. Porque só os poços de perfeição, os impecáveis e os soberbos acreditam mesmo que coragem é a ausência do medo. Nós, os imperfeitos confessos, não nos vexamos em borrar as calças de pavor antes de o encarar com coragem. Porque fingir que o medo não existe não é valentia nenhuma. É burrice mesmo.

Se fosse fácil, teria outro nome. Amor dá trabalho. Então deixemos de tanta conjectura, ora essa, e sigamos logo ao que interessa!

Assim seremos, você e eu e todo mundo, como a moça que na infância estremecia quando sua avó a pegava fazendo careta no espelho, “menina, o galo canta, um anjo diz amém e você fica assim para sempre”. Mal sabia ela o que a vida lhe arrumaria. Atrevida, andou de amores por pessoa boa, sorrindo sem mais o quê, quando um arcanjo passou voando baixo, esbarrou no galo e deu-se a profecia da avó: a moça sorrindo de amor ficou assim para sempre. Amém!

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