As escolas que (de)formam nossas crianças e adolescentes

As escolas que (de)formam nossas crianças e adolescentes

Tremendo engano supor que crianças e adolescentes não gostam da escola. Eles adoram a escola! Basta observá-los à hora da entrada, quando trocam uma ideia, de forma espontânea, sobre a vida, seus problemas, as fases do videogame; pode até rolar um papo informal sobre o fim de semana, o Impeachment, “os coxinhas e mortadelas”, o terremoto no Japão, a dengue. Ou, quem sabe, ver com que entusiasmo correm para o recreio; batem uma bolinha sob o sol de rachar a cuca; ouvem músicas e cantarolam, partilhando o mesmo fone; dividem o lanche e as incertezas; compartilham pequenos segredos e azucrinam a vida uns dos outros. Tudo no maior engajamento, no maior foco, na maior diversão!

A escola é um lugar maravilhoso para aprender a conviver com as igualdades e as diferenças. É território seguro, onde não se precisa temer a violência lá de fora. É espaço de troca, partilha, exercício de tolerância, oportunidade de trabalhar em equipe, chance de vencer as dificuldades com apoio e respeito. Escola é ambiente propício ao exercício da democracia, onde todos devem ter o direito a falar o que pensa e o dever de exercitar a habilidade de ouvir.

E para que esse lugar de aprendizagens e “ensinagens” seja constituído assim, de maneira tão rica e verdadeira, faz-se necessária uma profunda reforma íntima na essência política dessa escola. Faz-se urgente rever crenças e configurações que, ao contrário de propiciar o exercício do diálogo; atiçar o fogo da curiosidade; alimentar o espírito científico; desenvolver capacidades de interpretação, reflexão e argumentação acerca do mundo, dentro e fora dos muros da escola; acolher eventuais necessidades especiais, adequando o ambiente de aprender e conviver de forma a integrar e, de fato, incluir a todos; as escolas, em sua grande maioria permanecem engessadas e à margem das transformações a que se renderam tantas outras esferas da sociedade.

Uma pena constatar que uma grande parcela das instituições de ensino, sejam públicas ou mantidas por mensalidades altíssimas, ainda adotam estruturas de ensino inchadas, repetitivas, pouco desafiadoras; baseadas em currículos nos quais as áreas do conhecimento não conversam entre si. Estrutura essa que gera nos estudantes uma postura de risco calculado cujo objetivo maior é obter uma nota suficiente para alcançar a média.

Triste demais observar crianças e adolescentes cativos em salas de aula, organizados de maneira rígida, onde ficam fadados a encarar a nuca do colega durante, no mínimo, cinco horas seguidas. Desperdício de tempo, de esforço e de energia. Não pode ser feliz, um professor cuja rotina diária fique resumida a reproduzir conceitos e fatos durante horas e horas, diante de uma plateia cujos interesses estão a quilômetros de distância da sala de aula.

Em pleno século XXI ainda há escolas cuja política educacional sustenta-se sobre um código de valores e diretrizes comportamentais tão arcaicas que pressupõe ser desrespeitoso o fato de o aluno interromper a “aula do professor” para fazer uma pergunta ou tecer um comentário. Prega a escola que “enquanto o professor estiver ensinando, a turma deve permanecer atenta e em silêncio”; assim, questionamentos e contribuições ficam guardados para depois, quando o professor determinar que já concluiu seu raciocínio, fala, discurso ou coisa que o valha.

Ora, essa escola parece desconhecer que uma pessoa em silêncio externo, pode estar vivendo uma avalanche de ideias, e pensamentos, e sonhos bem ali na sua frente, sem que se perceba. Essa escola não entendeu que o pensamento é livre (graças aos deuses!); e que, ao impor tão descabida regra, ensina em seu “currículo oculto” a dissimulação e a falta de honestidade.

Outra não menos lamentável questão advém da equivocada postura de algumas instituições de ensino, pautada na cega ambição de vender ao seu consumidor a ideia de “escola forte”; postura esta que, para sustentar-se, lança mão da simples transmissão de conhecimentos, despejados sobre os alunos, sem qualquer exercício de reflexão! É esse um dos mais estúpidos erros que uma escola pode cometer.

Focadas em resultados, procuram otimizar o tempo dos alunos de forma a fazê-los ingerir a maior quantidade possível de conteúdos programáticos, no menor tempo possível. Sem ter oportunidade suficiente para digerir tamanho tsunami de informações, crianças e adolescentes correm o risco de sofrer importantes deformações em sua relação com a aprendizagem, desenvolvendo desinteresse pelo estudo, comportamento irritadiço e agitado, falta de concentração, ansiedade e depressão.

A educação descontextualizada é caracterizada por propostas descoladas umas das outras, sem nenhuma possibilidade de estabelecer relações entre a teoria que se apresenta, a prática pedagógica que se espera ver desenvolvida e a capacidade de relacionar-se com o que acontece no mundo e além dele, desde seu entorno mais próximo até outros cantos do universo.

E para agravar o quadro, observamos na maioria das escolas uma visível falta de preparo e conhecimento para lidar com situações de conflito. Chega a ser assustadora a maneira como algumas delas são omissas diante de comportamentos abusivos, desavenças no futebol, questões de relacionamento, dificuldades para compreender limites de convivência e questões relacionadas às práticas sociais. A falta de tato para gerir conflitos é tão primária que num caso de desavenças na hora de “bater figurinha”, ou enfrentamentos mais incisivos na hora do futebol, por exemplo, a atitude que se escolhe assumir é proibir as figurinhas e tomar a bola.

O ambiente escolar clama por educadores que estejam preparados a criar espaços que possibilitem o desenvolvimento de habilidades para viver os conflitos, colocar-se no lugar do outro e respeitar o espaço de convivência. No lugar da proibição ou da punição radical, deveria entrar a prática da discussão construtiva, da construção de regras, do estabelecimento de limites e compromissos; assim como a definição de sanções que tenham relação direta com a transgressão praticada, de forma a garantir procedimentos disciplinares justos e real observância aos direitos e deveres de todos os envolvidos na comunidade educativa.

O cenário assustador fica completo quando, perplexos, observamos crianças de 7 anos fazendo provas; meninos e meninas sendo soterrados em quilos de lições de casa mecânicas e desinteressantes; maços de dinheiro gastos em materiais didáticos que não correspondem às necessidades dos alunos; cargas horárias cada vez mais estendidas, a ponto de as crianças passarem mais tempo na escola do que em casa; professores exaustos, atolados em pilhas de provas, fichas, livros, apostilas e cadernos para corrigir; turmas quase inteiras com notas abaixo da média, lotando salas de recuperação, cuja proposta é apenas oferecer um jeito de tentar reverter a situação da nota, nada além disso.

A solução para tamanho descompasso está no que deveria constituir a essência de qualquer escola: o diálogo e a participação democrática. Está nas mãos da sociedade batalhar por uma transformação profunda nas políticas educacionais, e interromper essa prática irrefletida que só faz fortalecer as desigualdades. A escola é terreno fértil para o desabrochar de cidadãos, em cujo espírito se faça brotar o anseio pela ação conjunta em sociedade. Que essa escola, se edifique graças à ação de todas as mãos que compõem uma comunidade educativa: educadores, pais, alunos, funcionários, vizinhos, familiares; todos vivendo a única e insubstituível experiência de pertencer.

Que comece a se constituir dentro das escolas o ambiente favorável à formação político-crítica de nossas crianças. É esse o ÚNICO caminho possível para quebrar o círculo vicioso de uma engrenagem corrompida social e politicamente. É essa a ÚNICA forma de transformar a mentalidade do nosso povo cuja subserviência é fruto da falta de conhecimento e gera, como consequência, um povo oprimido que não se mostra capaz de escolher, eleger e monitorar seus representantes políticos.

Não morra sem viajar sozinho

Não morra sem viajar sozinho

Por Eduardo Benesi

Viajar sozinho é um grito existencial de liberdade. Estar a deriva, jogado ao acaso, se virar na lei global da selva, sorrir quando não se sabe dizer, descobrir espaços em você que até então estavam dormentes.

Deixar bagagens mentais e problemas que vieram junto se diluírem pelo caminho. Você e as nuvens. Não, não é tão difícil assim; vai depender das suas escolhas.

Costumo dizer que quando fazemos um caminho e nos perdemos, se estivermos acompanhados de alguém isso se torna até algo divertido, prazeroso, se perder de dois nunca é tão grave assim. Mas quando se está sozinho, se perder sozinho só é agradável caso você esteja viajando. A coisa que eu mais gosto de fazer quando viajo é isso, me perder.

– One information please? How can i lose my self?

Posso afirmar que tudo que de melhor me aconteceu em minhas viagens foi me perdendo, me entregando a situações que não tinham hora para fechar, que não tinham batalhões turísticos tirando foto, que não tinham no meu guia Frommer’s.

Foi assim que em uma madrugada no Havaí, pulei a cerca de um parque que já estava fechado, atravessei um vale carbonizado por uma hora e me deparei com um lindo vulcão que despejava lava contra o mar, o Kilauea.

Foi assim que em Berlim fui parar em uma cervejada dentro de uma estação espacial desativada toda feita de motivos ufológicos, a beira do rio Spree. Nela haviam senhores loucos falando sobre extraterrestres, vários videos reveladores em projeção, muita piração e cervejas do leste europeu.

Foi assim que em Golden Coast na Austrália, eu fui parar em um parque de diversões de um brinquedo só. O brinquedo era o oposto do elevador do Playcenter. Ele te lançava para o espaço com uma rapidez de querermos vomitar o estômago. E o mais legal, ele tinha duas vagas, e eu fiz amizade com uma muçulmana que topou ir comigo.

Quando viajamos sozinhos não se faz necessário negociar nossa liberdade com o outro. Você se reinventa, você é livre até para ser quem você (não) é, pra decidir cancelar todo o roteiro do dia e sentar numa praça só para ver a vida passar, puxar assunto com gente nativa e saber um pouco mais sobre como é morar naquele lugar. Mas não se entristeça. É possível viajar sozinho, mesmo se estando acompanhado. Os companheiros ideais de viagem são aqueles que te deixam livre, que não pesam com a presença.

Que são capazes de entender quando você não está a fim de ir no Louvre e que aceitam se separar por um dia para que cada um faça o que está a fim, que aceitem “relacionamento aberto” em viagens. Lembrando que isso vale mais para amigos e parentes; em casal isso fica mais difícil de se aplicar.

A última dica para se viajar “sozinho em dois” é quase uma regra: nem sempre o seu melhor amigo é o melhor companheiro de viagem. Às vezes aquela escolha aleatória decidida no meio de uma conversa com um meio amigo pode render uma bela viagem. Sim, é geralmente assim que aparece a pessoa ideal para nos acompanhar.

Um dos melhores lados de viajar sozinho é saber que no seu destino tem sempre alguém te esperando, e geralmente esse alguém ainda não sabe que está. Viajar guarda o lado mais bonito do encontro, ou do reencontro.

A vida seria mais simples se as pessoas não vomitassem felicidade falsa

A vida seria mais simples se as pessoas não vomitassem felicidade falsa

Por Sílvia Marques

A vida seria mais simples se as pessoas fossem mais elas mesmas. Se elas olhassem nos olhos dos outros e falassem sobre seus problemas, seus medos. A vida seria mais simples se a gente não precisasse provar que é bem-sucedido o tempo todo. Seria mais simples se a gente pudesse gostar das pessoas independentemente da vida que elas levam.

Se a gente pudesse dizer sem constrangimento algum que está se sentindo um monte de merda e que a vida pode ser bem complicada sim. Talvez, se admitíssemos mais o caos que é viver, não sofreríamos tanto. Talvez, se desfocássemos mais daquilo que dizem que é importante , mas que não faz sentido para nós, fôssemos mais bem sucedidos num sentido mais amplo.

Sim, a vida seria bem mais simples e espontânea se as pessoas não vomitassem felicidade falsa nem tentassem o tempo todo provar um equilíbrio que elas não têm. Ninguém acorda super bem todos os dias. Ninguém se sente disposto para uma cerveja depois do expediente todos os dias. Ás vezes a gente fica mal mesmo, lembra de um monte de fatos trash e quer chorar na cama que é lugar quente. Ás vezes as coisas não parecem fazer muito sentido e a gente quer ficar fechadinho dentro da gente mesmo.

A gente não é obrigado a ficar feliz e comemorar porque é (determinaram que tal dia é especial). A gente não precisa necessariamente sorrir e querer curtir porque faz sol, porque a gente está na praia ou porque disseram que a vida é simples e é o ser humano que complica.

A gente não precisa rejeitar a tristeza como se fosse uma doença pestilenta. Ela faz parte da vida como a alegria. Só precisamos tomar cuidado para não transformá-la em um hábito ou nos esconder atrás dela por medo de ser feliz ou ainda dar importância demais a problemas e principalmente à pessoas pequenas. Este é um exercício e tanto que pode levar anos ou a vida inteira. Mas me parece que vale a pena.

A vida seria mais simples se as pessoas fossem mais elas mesmas. Se elas olhassem nos olhos dos outros e falassem sobre seus problemas, seus medos. A vida seria mais simples se a gente não precisasse provar que é bem-sucedido o tempo todo. Seria mais simples se a gente pudesse gostar das pessoas independentemente da vida que elas levam.

Se a gente pudesse dizer sem constrangimento algum que está se sentindo um monte de merda e que a vida pode ser bem complicada sim. Talvez, se admitíssemos mais o caos que é viver, não sofreríamos tanto. Talvez, se desfocássemos mais daquilo que dizem que é importante , mas que não faz sentido para nós, fôssemos mais bem sucedidos num sentido mais amplo.

Talvez se mostrássemos mais os nossos rostos demaquilados e nossas almas nuas, se não nos defendêssemos tanto uns dos outros, se não nos importássemos tanto em mostrar que somos melhores do que os outros, pudéssemos ser mais unidos, mais solidários, mais amados, mais amantes.

Se a gente entendesse que todo mundo está no mesmo barco… Rogo pelo dia em que as mulheres casadas se assumam sozinhas e mal amadas. Rogo pelo dia em que as mulheres solteiras confessem que uma companhia faz falta sim e que fazer tudo sozinha pode ser muito triste. Rogo pelo dia em que os homens tanto casados como solteiros afirmem com todas as letras que morrem de medo das mulheres e que nunca deixam de ser meninões. Rogo pelo dia em que as mães gritem desesperadas o quanto estão cansadas e as que não têm filhos lamentem esta lacuna em suas vidas.

Que os (cegados) reclamem dos grilhões da fé (mal direcionada) e que os ateus lamentem não crer. Que todos se assumam meio perdidos, meio sozinhos nesta vida louca. Rogo para que as pessoas assumam como o passado é doloroso e o futuro incerto. E depois de tantas confissões acaloradas, que elas possam respirar fundo, sorrir umas para as outra e seguir em frente cheias de coragem. Que depois de tudo, a gente pudesse cantar juntos I will survive e nos sentir intimamente ligados ao outro por meio da nossa vulnerabilidade, por meio da nossa capacidade irrestrita e desgovernada de dar e receber amor.

Mania de discutir pelo motivo errado

Mania de discutir pelo motivo errado

Não assumimos a real natureza do descontentamento. Procuramos disfarçar o motivo da reclamação, o que confunde quem está ao nosso lado.

Não ensinamos o que não gostamos. Não nos mostramos óbvios, diretos e acessíveis. É ficar magoado por uma situação e encontrar uma próxima para procurar briga.

É não dizer na hora o que dói e achar pretextos absolutamente desconexos e posteriores com o que gerou a raiva.

A escola da dissimulação é estabelecida na infância, quando não revelamos as nossas molecagens, fugimos dos castigos, transferimos a culpa para os irmãos e colegas.

Somos educados a trancar as vontades e despistar os desejos.
Camuflamos, omitimos, nos envergonhamos de estar sentindo algo e procuramos enobrecer com outras justificativas.

A maior parte das brigas é por algo que não foi contado, por isso nunca são resolvidas. Se me bate ciúme da mulher porque ela voltou tarde de uma saída com as amigas, por exemplo, sou capaz de jamais tocar no assunto. Pelo contrário, apresento-me independente e bem resolvido e até inspiro que ela repita os encontros. Mas depois comprarei uma discussão boba pela bagunça do nosso quarto.

Assim não sou honesto com a irritação. Transferi o que me perturbava para um cenário diferente, sem nenhuma correspondência com o verdadeiro. A esposa me entende distorcido: vê que sou extremamente chato com a arrumação da casa, e não que sou ciumento.

Há uma deslealdade ingênua em curso, involuntária e automática, que trará sérias dificuldades de comunicação. A mulher enxerga a ansiedade do ciúme, porém as minhas palavras dizem o oposto. Como me encabulo da insegurança amorosa, não comento o que me enervou, e vou catando conflitos falsos para explodir e desabafar. Ela me interpreta errado pois transmiti a mensagem errada.

Ao esconder a origem da minha angústia, é certo que brigaremos mais vezes. O que explica o quanto casais estouram do nada em restaurantes, em passeios, em bares. Ninguém compreenderá o estopim da guerra. A motivação parece sempre absurda (falar de boca cheia, rir demais).

Só que o nada não é nada. O nada é um desconforto atrasado, um pequeno ressentimento que não foi desfeito no flagrante. A gota d’água costuma vir de uma torneira diferente daquela que encheu o copo.

Publicado no jornal Zero Hora
Revista Donna, p.32
Porto Alegre (RS), 09/08/2015 Edição 18252

Leia mais artigos de Fabrício Carpinejar aqui.

Não fico mais com raiva: só olho, penso e me afasto

Não fico mais com raiva: só olho, penso e me afasto

Para ter força para lidar com situações complicadas devemos aprender a tomar uma certa distância emocional, a questionar o que se apresenta para nós e a pensar antes de tomar qualquer decisão. Como com tudo na vida, para aprender isso é necessário tempo e experiência, muita experiência.

Assim, podemos dizer que a distância emocional é uma regra implícita que nos permite ver e sentir as coisas de uma outra maneira, pois damos tempo para que as emoções como a raiva percam força e podemos então entender melhor nossos sentimentos, os quais nos permitem compreender com mais clareza o que pensamos e como queremos realmente agir.

Ou seja, fazer isso, se distanciar, serve para lidar melhor com nossas emoções e assim conseguir coerência entre nossas opiniões e nossas ações sobre um tema determinado, como por exemplo as atitudes de uma pessoa.

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Como se distanciar emocionalmente de uma situação?

Agora, como fazer isso? Como se distanciar emocionalmente de uma situação? Essa resposta não tem uma fórmula mágica, pois depende de muitos fatores pessoais e circunstanciais, assim como fatores relacionais.
Há pessoas às quais damos enorme importância, e nos distanciarmos das emoções que temos quando estamos com elas é, sem dúvida, uma das tarefas mais complicadas que temos que concluir na hora de montar o quebra-cabeça para compreender o que está acontecendo.
Mesmo assim, e mesmo considerando que não temos uma receita perfeita que nos leve a tomar a distância ideal do melhor modo possível, podemos destacar a maior parte dos ingredientes que acabam nos faltando para conseguirmos nos distanciar emocionalmente nas situações mais difíceis para nós.
Conforme já falamos, é indispensável que respeitemos o tempo, pois tempo é necessário para vermos mais nitidamente nossas emoções. Metaforicamente, podemos ilustrar essa questão com as cores dos semáforos: vermelho, amarelo e verde.
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Diante de uma afronta, provavelmente a luz amarela pisca para rapidamente passar ao vermelho. Ou seja, quando somos invadidos, por exemplo, pela raiva, pela tristeza, pela alegria ou por qualquer outra emoção, nosso semáforo rapidamente se torna vermelho, e nesse momento não devemos tomar decisões.

Com o semáforo vermelho devemos frear nossa reação emocional e esperar um tempo para compreender exatamente o que pensamos, sentimos e o que vamos fazer.

Observe, olhe e afaste-se se for necessário, mas não tome decisões permanentes a partir de emoções que são temporárias, ainda que tenha vontade de dizer muitas coisas em determinadas situações ou de gritar, você pode se manchar para sempre. Dê tempo para que suas emoções se estabilizem novamente, vá dar um passeio, pinte um desenho ou deixe passar uns dias antes de decidir e lidar com a situação ou pessoa que te irritou ou entristeceu.

Quando o tempo passa algumas coisas simplesmente deixam de ter importância, e alguns detalhes que antes eram angustiantes passam a ser amenidades que relativizamos e aceitamos como inerentes às circunstâncias.

Digamos que é graças ao tempo que nos afastamos e deixamos de reagir com intensidade emocional, evitando gerar decepções, expectativas e traições. Conseguir, enfim, não ser controlado por nossas emoções é possível, mas é uma habilidade que se aprende somente com a prática.

A bússola interna, um grande benefício ganho com a distância emocional

No momento em que conseguimos criar uma distância emocional perante uma situação, podemos escutar o que diz a nossa bússola interna que nos dá intuições sobre o que está bem e o que está mal. Essas intuições muitas vezes são certas, posto que se baseiam nos nossos sentimentos, muito mais duradouros que nossas emoções.

Então, as decisões que tomamos a respeito dos demais e do que aconteceu serão muito melhores e mais coerentes com o que sentimos e pensamos verdadeiramente. Aquipodemos saber o que merece atenção e o que pode ser ignorado, fomentando um sentimento bom e impedindo que soframos por aquelas coisas que não podemos controlar.

Resumidamente, é muito importante que diante de situações complicadas ou com muita carga e intensidade emocional criemos uma distância, pois assim teremos sucesso em ver que os aspectos mais passageiros de nossas emoções nos confundem, e então não nos arrependeremos de agir de uma ou outra forma.

Como conquistar aquela pessoa?

Como conquistar aquela pessoa?

Imagem: Iakov Filimonov/Shutterstock

Você já teve alguém na sua vida que você quis muito? Que você pensou meios e mais meios de conquistar essa pessoa? Que você já se desvirou e teve que modificar alguns comportamentos para se tornar mais atrativo para o outro? Você já teve que procurar meios e técnicas de conquista?

Já percebeu que, muitas vezes, queremos mudar algumas de nossas características para nos tornarmos mais atraentes para o outro? É como se fosse um efeito camaleão, mudamos de cor para nos adaptar ao que é o outro – na verdade, a imagem que temos do outro.

Como um camaleão, mudamos características nossas para que o outro goste de nós.

Diante disso, o que poderíamos fazer para conquistar alguém?

  • Arrumarmo-nos da melhor forma possível;
  • Esbanjar objetos materiais;
  • Fazer piadas para o outro rir;
  • Concordar com tudo o que o outro fala;
  • Gostar das mesmas coisas e frequentar os mesmos lugares do outro;
  • Agir carinhosamente e, depois de um tempo, sumir e esnobar o outro;
  • Fazermo-nos de difíceis e sem tempo;
  • E outros jogos.

Acredito que você já tenha ouvido ou lido sobre esses conselhos sobre como conquistar alguém, não é? Será que eles ajudam mesmo a conquistar? Se sim, será que por muito tempo?

Imagine: você ser diferente do que sempre foi para entrar nesse jogo de sedução. Isso soa meio estranho, não é? Eu estou dizendo, basicamente, que eu não sirvo para o outro e que, por isso, tenho que modificar quem eu sou para caber na fôrma do outro. Isso está relacionado com a nossa imaginação/projeção, uma vez que o outro, na maioria das vezes, em nenhum momento exige isso de nós.

Quando tudo é uma novidade, caímos nessa armadilha, cada vez mais comum na nossa sociedade, mas o tempo vai passando e você vai enxergando melhor essa situação. Você fica cansado de ter que mudar de cor feito um camaleão para que o outro possa gostar de você.

Uma coisa a ser dita é que esse pensamento camaleão tem seu fundamento: nós tendemos a gostar do que é semelhante. Gostamos de pessoas que pensam igual a nós, que se arrumam como a gente, que se comportam igual, que usam as mesmas palavras que nós, que vão aos mesmos lugares que também freqüentamos, ou seja, gostamos de reconhecer a nós mesmos na outra pessoa.

Só que tem uma coisa que é esquecida nessa teoria:

O diferente nos cativa

Algo que é diferente nos emociona; o diferente nos surpreende; o diferente nos faz enxergar por outro ângulo; o diferente nos faz pensar; o diferente nos liberta da nossa zona de conforto; o diferente nos apaixona.

Imagine que você vai a um parque de diversões. Lá, você encontra vários brinquedos já conhecidos: montanha russa, roda gigante, trem fantasma, kabum. Só tem aquela atração que é própria do parque. Ela é tão diferente do que você pode imaginar, que é a que mais o impressiona e emociona. Até quem tem medo se emociona de pensar em ir (risos). Assim, o que é diferente e foge às nossas expectativas é que nos atrai. Isso aguça a nossa curiosidade, impressiona e nos faz querer experimentar.

Esse pensamento também pode ser ampliado para pessoas. Já teve aquela pessoa para quem você não dava nada e, quando conheceu melhor, viu o quão diferente era ela e por isso se apaixonou? Viu qualidades que talvez você não tivesse, mas que as valorizava; viu atitudes diferentes das suas que o impressionaram; ouviu palavras diferentes do seu vocabulário, que fizeram você querer ouvir mais; sentiu um gosto diferente naquele beijo, que não era o mesmo dos outros. E isso pode ter encantado você como nenhum outro.

Por que ser você mesmo não é a solução para conquistar a outra pessoa?

Você é uma pessoa agradável para você? Você é interessante para você? Você muda quando tem que mudar por você? Você gosta das suas ideias e dos seus pensamentos? Você se ama?

Se você respondeu sim a uma ou a mais perguntas acima, então está na hora de tomar consciência do quão importante é ser você mesmo. Veja o quão maravilhoso e interessante você é.

O ponto principal aqui é ser autêntico. Inventamos 1001 maneiras para conquistar o outro, só que, no final, acabamos nos esquecendo e nos anulamos.

O que comento aqui é que você não precisa se tornar alguém diferente – você só precisa ser você mesmo. Como ser você mesmo? Sendo, sem medo do que o outro esteja pensando sobre isso. Esse é um dos pontos na nossa vida que não exige esforço. Se você está se esforçando muito para que o outro goste de você, então algo pode estar errado.

Ser autêntico é a oportunidade de mostrar ao outro o quão impressionante e único você é.

Você precisa preencher totalmente a fôrma do seu bolo, sem se comparar com a fôrma do bolo do outro. É ser o que você nasceu para ser. É você se tornar a sua marca, o seu padrão, o seu melhor. O ser único e especial que você é.

Perceba o quão especial foi para você nascer e estar ai onde você está hoje. Quão único é o seu caminho e a sua trajetória. É um direito, dever e necessidade sua ser o Ser Humano único que você é, com diversas qualidades e “defeitos”.

Não se preocupe tanto em agradar o outro, agrade a si e quem lhe pertencer seguirá com você.

Convite

Se você está passando por essa situação, leia abaixo:

Diga ou imagine-se dizendo para aquela pessoa que você não tem como conquistá-la que, na verdade, a única coisa que pode fazer para ela gostar de você é se mostrar como é, sem esforço. Então, se, assim, ela perceber que gosta e quiser conhecer melhor a beleza que você é, vocês ficarão juntos. Entregue para ela o que você é, a sua expressão. É isso que vai fazer você ser diferente de outros.

Porém:

Se ela não perceber isso, também não tem nada que você possa fazer (risos). Nós não temos o controle do outro, sobretudo dos sentimentos. O outro é livre, assim como você; não tente prendê-lo com truques e máscaras. Diga, enfim:

É uma pena, mas, por algum motivo, não teremos uma relação. Você não terá a oportunidade de conhecer o grande que sou e eu também o grande que você é. Saberei que fiz o meu melhor. Deixo você com todo amor. Sou grato.

Perceba a paz que você sente e que qualquer sentimento ruim vai desaparecendo aos poucos. Essa é a real liberdade e você é livre nesse exato momento. Isso não tem preço.

Quando você faz algo sem autenticidade, apenas para mostrar para o outro, é quando sentimos medo, porque nossa ação não é genuína, ela não vem do coração. Mas quando nós fazemos algo autêntico, que vem do coração, então não há medo. Quando nós seguimos aquilo que vem naturalmente e a nós mesmos em nossa vida, isso nos traz abundância e prosperidade – Sri Sri Ravi Shankar.

Brasileiro é o povo mais limpo e cheiroso do mundo (vejam o gráfico)

Brasileiro é o povo mais limpo e cheiroso do mundo (vejam o gráfico)
girl at the shower

Uma pesquisa realizada recentemente pela Euromonitor e publicada pela Super Interessante sobre hábitos higiênicos comprova que os brasileiros estão em primeiro lugar quando o assunto é a higiene pessoal.

A pesquisa foi feita em quinze países e traz alguns números interessantes:

1- Cerca de 80% das mulheres inglesas não tomam banho todos os dias e 30% chegam a ficar até três dias sem;

2- Na maior parte dos países a média é de um banho por dia;

3- Os mexicanos lavam os cabelos todas as vezes que se banham;

4- Os brasileiros tomam cerca de doze banhos por semana, lavam as cabeças em média quatro vezes apenas e se perfumam sempre;

5- Na Índia não foi possível chegar a uma conclusão, pois metade das casas sequer tem banheiro.

Confira o gráfico feito pela Revista Super Interessante:

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A vida é muito curta pra alongar debate inútil.

A vida é muito curta pra alongar debate inútil.

Larguemos mão, minha gente. Pra que essa briga toda? Tanta contenda, peleja, quiproquó. Por que todo esse bate-boca? De que vale tanto argumento jogado fora? Pra que servem mesmo nossos raciocínios e reflexões a esta hora? Tem um tempo em que bom é deixar pra lá. Se não faz bem, mal também não vai fazer. Deixemos estar. Se não tem jeito, rejeite.

Pense bem. Vencer a discussão, destroçar o adversário, arrancar-lhe as vísceras e jogar para o cachorro vai mesmo dar jeito no mundo? Você e eu aqui, entrincheirados, guerreando por razão, defendendo cada qual seu soberano ponto de vista, e os canalhas lá fora decidindo por nós. Vivendo nossa vida enquanto nos odiamos de morte. Não está certo, não.

O que há de se fazer será feito na prática. Por nós ou por alguém. No duro, para além do bate-boca estéril e enfezado que nos leva a nada e nos rouba o tempo. Esse tempo que é tão raro, tão pouco. Tempo em que podíamos pensar novas saídas, outras possibilidades. Juntos, somados, unidos, multiplicando vontades, dividindo tarefas. Fazendo acontecer. Não assim, um contra o outro, inflamados, enfraquecidos. Cegos dessa sanha inútil de mudar a opinião alheia.

A gente devia passar mais tempo sozinhos, sabe? Assim, uma hora e outra, trancar nossas coisas aqui dentro e pensar no sentido de tanta falação jogada fora. De tanto ganhar razão a qualquer custo, o fato é que a gente acaba perdendo o afeto. De tanto alongar pendenga inútil, a gente faz a vida mais curta do que ela já é. Tudo por uma verdade ilusória e boboca. Depois a gente se encontra, resolve o que se pode resolver e esquece o resto. Por ora, chega de peleja inútil.

Se é para investir no que nada vale, que seja a conversa amiga sem utilidade definida, os inofensivos papos furados, a prosa à toa, as horas inocentes de fazer nada, os diálogos sem pretensão, em que ninguém precisa convencer ninguém de nada e cada lado passa a bola ao outro com cuidado, jogando pela vitória comum, a beleza do movimento, a saúde do corpo e da alma.

Como no frescobol jogado em dia de praia e sol, céu aberto, gente passando pra lá e pra cá, gente de todos os tipos e cores, credos e origens caminhando sem medo, os pés na água e os olhos à frente, um jogador rebate a bola e a devolve delicada à raquete do colega. O outro acompanha e a retorna com capricho, empenhado no acerto. E os dois se deixam estar ali, artesãos inocentes e aplicados, passando a bola de um lado a outro, como quem costura com linha invisível uma rede de segurança que haverá de salvar o mundo em sua queda. Dois soldados gentis, cavalheiros seguros, avançando sua conversa pela noite e pela vida em total camaradagem dialogal.

Quem sabe sejamos assim? Quem sabe possamos tentar? Eu digo “vem, pessoa amiga, entra que o feijão tá no fogo”. Você traz um vinho barato e nós bebemos com arroz, feijão e ovo, falando da vida sem medo, sem culpa. Sem pretender razão nenhuma. Alongando essa vida tão curta com esperança e jeito. Quem sabe um dia. Quem sabe.

Leia mais artigos de André J. Gomes aqui.

Nas esquinas do virtual, o encontro com um amigo real

Nas esquinas do virtual, o encontro com um amigo real

Por Josie Conti e Gustl Rosenkranz

Não é difícil conhecer alguém. O mundo está cheio de gente e, num simples “sair de casa”, podemos nos deparar com uma pessoa que nunca vimos antes.

Basta um pequeno imprevisto ou qualquer coincidência para fazer com que duas pessoas, até então estranhas, entrem em contato direto uma com a outra, trocando algumas palavras, sem que nunca se possa saber antes no que esse encontro irá resultar. Pode ser que seja a única vez e que essas pessoas nunca se vejam e se falem novamente, mas também pode ocorrer delas se acharem simpáticas, prolongando a conversa e criando um laço que pode perdurar mais, talvez até pelo resto da vida. E aquela pessoa estranha, que surgiu em nosso caminho de repente, pode se tornar um bom amigo e aquele novo contato o início de uma caminhada comum.

Encontros acontecem o tempo todo e em tudo quanto é lugar: ao virar na próxima esquina, na fila do caixa no supermercado, no ponto de ônibus, no café na praça ou na sala de espera do consultório médico. Muitos desses encontros são rápidos e passageiros, já que simplesmente passam em nossa vida, mas também há os encontros que ficam e que são renovados por reencontros, podendo gerar um relacionamento mais profundo.

É assim na vida real e, por mais incrível que possa parecer, isso também vale para o mundo virtual. Quando “caminhamos”, por exemplo, por redes sociais, nos deparamos constantemente com nova gente, ou melhor, com perfis de gente estranha, que não conhecemos e que normalmente nada ou pouco nos dizem. Mas, às vezes, interagimos com um ou outro porque algo nos chamou atenção: uma foto, um comentário, um post qualquer…

Engana-se quem pensa que o mundo virtual não é real. Por trás de pixels, satélites e cabos de fibra ótica existem pessoas tão vivas quanto nós. São pessoas que experenciam suas rotinas, suas conquistas e seus lutos. São pessoas que sentem a brisa do vento em seus rostos e o calor do sol em sua pele. São pessoas com histórias e bagagens, com defeitos e qualidades e que sentem alegria e dor, emoção e cansaço, orgulho e inveja, aspiram desejos e expiram sonhos. São pessoas tão humanas quanto nós, que estamos do lado de cá.

Nessas esquinas cibernéticas, ter destinos díspares não evita o cruzamento dos seres que passam. Ora mal se veem, ora param para se entreolhar. São segundos em que o mundo para em consideração ao encontro, momentos em que o caminho previsto pode ser profundamente alterado ou magicamente extinto.

Entretanto, não seria correto supor que não haveria nenhuma diferença entre conhecer alguém no mundo real e no virtual, pois diferenças existem. Olhar a foto de um perfil jamais será a mesma coisa que olhar alguém nos olhos, mandar um smile jamais será a mesma coisa que sorrir ao vivo para alguém. Mas ainda assim: encontros verdadeiros e profundos são possíveis em ambos os mundos.

Há máscaras que permitem o fantasiar-se de um personagem mais feliz e realizado. Outras escondem interesses, falam com tom doce, mas ocultam o fel de desejos pouco virtuosos. Existem, ainda, as mais perigosas que são aquelas que já se fundiram com o usuário que não consegue mais discernir onde termina a fantasia e onde começa a realidade. Nesse baile, engano e autoengano podem dançar num mesmo salão. Projeções dão ritmo aos passos e as idealizações podem se apresentar como o ópio daqueles que acreditam no feitiço da perfeição.

E, do encontro inicial, a dança segue para o reconhecimento.

O tempo será o porta-voz da verdade ao derrubar as máscaras da ilusão. Os meses mostrarão se o amigo virtual é aquele que poderá ou não ser real.

Foi assim com nossa amizade, que começou através de um “esbarrão virtual”, quando nossos caminhos se cruzaram por acaso, sem que nenhum de nós esperasse algo mais ou mesmo imaginasse que agora, quase dois anos depois, sentiríamos a proximidade, a profundidade e principalmente o carinho que agora temos um pelo outro.

Berlim, aeroporto Tegel, janeiro de 2016, dois amigos virtuais se tornaram reais.

contioutra.com - Nas esquinas do virtual, o encontro com um amigo real

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Amor não é apego (nem sofrência, por favor )

Amor não é apego (nem sofrência, por favor )

Por Cristina Parga

A questão é simples e complexa (…): amor de verdade não dói. Ele inunda o coração e se basta sozinho. Já o apego traz sofrimento, porque guarda dentro de si o medo da perda. Da rejeição. De “ficar sem a pessoa”, de “ficar sozinho”. O amor não pode ter medo de perder porque não perde nunca – ele existe indiferente da reciprocidade. Existe em si mesmo.

Desde pequenos fomos ensinados a pensar em amor e apego como quase sinônimos, e a encarar com alguma benevolência um ciúme “saudável”, ou o medo de perder o amado(a) como prova de que realmente o que se sente é amor. Séculos de literatura, arte e poesia na nossa sociedade ocidental nos moldaram a pensar assim – isso desde as dores do amor romântico do jovem Werther, passando por Lady Gaga,  até os cantores atuais da sofrência. Os budistas lidam melhor com a questão – recomendo palestras do Dalai Lama e da monja Jetsunma Tenzin Palmo sobre o tema. Fácil de achar no youtube.

É claro, eu, como a maior parte dos mortais, compreendo racionalmente a diferença entre os dois sentimentos – mas daí a separar apego e amor dentro do coração, são outros quinhentos. Lembro de ouvir palestras e ler sobre o assunto e literalmente passar por cima dele – afinal, eu entendia a ideia mas não via como colocar em prática. Era abstrato demais. Algo que só pessoas muito evoluídas espiritualmente ou com décadas de análise talvez pudessem sentir. Mas não. Um dia aconteceu. E foi num sonho.

Parênteses: Alguns dos nossos melhores insights vêm nos sonhos – não levante correndo para engolir um café e correr para o escritório. Tire pelo menos uns 5 minutos para ouvir o que o seu mundo interno tem a dizer quando você dorme e a consciência relaxa.

Anos depois de um término, sonho que recebo uma carta. Uma embalagem com carimbo e selo de algum país distante. Abro o pacote e encontro um casaco cinzento e antigo, com bandeirinhas, selos e brasões de vitórias passadas. Dentro, uma foto minha. E um poema, numa letra e língua que não consigo entender.

No sonho, vestida com aquele casaco de tantas guerras, percebia que era eu quem ele buscava. A pérola invisível, escondida no conteúdo translúcido da concha. E que ele, debaixo de tantos brasões e realizações, de tantas máscaras a que a vida nos obriga a usar para vencer no mundo, também era. The real deal. O czar medroso, generoso e puro que se esconde por trás da armadura, para não doer mais. É, mas não sabe. Nem quer saber. Quando irá acordar, meu deus?

Nunca – diz meu coração. E de repente me sinto aliviada, sem aquele peso. Porque não preciso de mais nada. O que sinto é suficiente – e enorme o bastante para me fazer querer viver muito mais. Ainda no sonho, passo por aquela rua, aquela casa. Fecho as janelas do táxi, fecho os olhos. Deixo ir.

Estou na praia, sozinha. Observo as ondas à noite e contenho meu desejo de me fundir ao céu e mar noturno. Entre os dedos seguro uma, duas, três conchas – as mais bonitas depois da ressaca. Com cada uma delas pesando suave na mão, espero pelo dia em que possa entregar a dele – o amuleto que o protegeria do mundo cão em que ele (sobre)vive. Esse dia não vai chegar, olho para o mar e sei. Mas isso não muda nada. Nem me faz querer nada que não seja pura oferta da vida, do mar. Do mundo.

Querer, querer. Só queremos. Queremos ter tudo – e vivemos presos no medo de perder o que “conquistamos”. Escuto as ondas indo e vindo e me sinto livre – ainda estou inteira. Cada vez mais. Nossas memórias passam pelo espelho das águas como flashes, mas não trazem saudade – o tempo-espaço é acessível a qualquer fechar de olhos. A cada onda que se quebra no horizonte.

Os budistas dizem que o todo sofrimento vem do desejo (não sou budista e ainda não atingi o nirvana para interpretar corretamente essa frase), e que o caminho para sair da prisão do apego e da dor é deixar ir. Aprender a se bastar. E ficar genuinamente feliz com o crescimento do outro – mesmo que ele tenha escolhido viver longe de você.

Fácil falar, não é? Mas eu juro que num segundo, dentro de um sonho, foi fácil – e a partir daí foi ficando cada vez mais natural.

Porque amor de verdade não precisa do outro. Afinal, o outro está sempre contido dentro do amor. Não como um fantasma – mas como uma constância que faz nosso coração bater mais rápido em cada respirar de maresia, em cada linha de um poema. E não, não dói. A felicidade do outro passa a ser sua também, porque é impossível sentir algo que te completa e expande tanto e ser mesquinho, querendo aprisionar o que só existe quando há entrega – e para haver entrega é preciso haver liberdade.

Amor de verdade é gratuito e autossuficiente, eterno no tempo como uma onda sonora que se propaga infinita, repercutindo no espaço. No espaço, em algum lugar, nós. Lembra?

Não, você não lembra. Mas não faz mal. Eu lembro por nós dois.

Saiba mais: Para mais artigos que tratam do tema APEGO clique aqui.

CRISTINA PARGA

Autora de “Furta-cores” (2012, 7Letras, contos) e “Qualquer areia é terra firme” (7Letras, romance, no prelo). Mestranda em Letras, assistente editorial, escritora, redatora, jornalista e insone. Living on coffee and flowers.
Acompanhe a autora no facebook.

Sentimos sua falta, Togu.

Sentimos sua falta, Togu.

Por Josie Conti

Em 2012, após contanto com Estela Bertrami B. Souza, tive a oportunidade de conhecer o trabalho de seu irmão, o artista plástico Togu. O CONTI outra ainda nem tinha site, e, na época, publicamos um álbum com alguns de seus belos trabalhos (reproduzo as imagens no final da matéria).

Na época, eles tinham perdido um dos irmãos e a tristeza e o vazio da falta os assolava. Togu, que era portador da Síndrome de Down, e profundamente amoroso e apegado ao irmão, estava lidando com o ludo da maneira que podia.

Em reconhecimento ao seu lindo trabalho e para alegrá-lo, publicamos suas obras. Segundo Estela, Togu tinha uma tremenda autoestima e ficou imensamente feliz e, na época, a publicação que ele considerou um presente o encheu de orgulho e amenizou um pouco a dor do momento.

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Togu e Estela

Entretanto, como 99% dos portadores da síndrome que chegam até uma idade um pouco avançada para eles, Togu começou a apresentar sintomas demenciais. E, depois disso,  gradativamente foi parando com todas as suas atividades até ficar acamado e precisar ser internado. Faleceu em 15 de novembro de 2015 deixando na vida de todos os que tanto o amavam  uma inexplicável e imobilizante uma tristeza.

Togu era o último dos irmãos homens. Hoje, guardam carinhosa lembrança e saudade todos os que o conheceram, suas irmãs e sua querida mãe de 97 anos.
Permanece conservado seu atelier e seus inúmeros quadros.

Abaixo, alguns de suas lindas e coloridas obras para acalentar nossos corações.

Obrigada, Estela, por me permitir, mesmo que apenas por suas obras, conhecer o Togu e também sentir por sua perda. Obrigada também por enviar o relato que foi base de toda a escrita.

Togu, saiba que o sentimento de perda é proporcional ao tamanho da alegria com que você preencheu os corações que tocou.

Assim como nossas lembranças, suas obras para sempre ficarão.

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Para conhecer mais obras de Togu acesse sua galeria virtual.

Facebook é tranquilizante para tratar nossa solidão e falta de conhecimento, afirma Zygmunt Bauman

Facebook é tranquilizante para tratar nossa solidão e falta de conhecimento, afirma Zygmunt Bauman

A sociologia foi criada com objetivo de servir aos administradores de pessoas; deveria, então, se tornar uma arma para a disciplina, para evitar greves e conluios de operários.

No entanto, a partir dos anos 90 ela perde esta clientela e se desata do mundo corporativo. Um desastre para alguns sociólogos, mas uma bênção para Zygmunt Bauman, que viu a oportunidade da sociologia trilhar seu próprio caminho. Em entrevista por Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, Bauman discute sua profissão, a organização do trabalho, as redes sociais na modernidade líquida, o momento atual da Europa com refugiados e o milagre brasileiro.

O autor, com 35 livros publicados no Brasil e vendagem por volta de 600 mil exemplares, veio ao país para uma palestra no evento Educação 360º. O foco de sua análise são as mudanças que se passaram da modernidade sólida (ou simplesmente modernidade, para o senso comum) para a modernidade líquida (ou pós-modernidade, também no senso comum). A primeira observação se dá sobre a relação dos funcionários com o patrão.

Após os constantes ataques aos sindicatos, a união de trabalhadores para negociação com os patrões se esgotou e uma nova forma de relação se dá entre os trabalhadores. Estamos em um “estado permanente de mútua suspeita e competição. Todos nós estamos em competição potencial uns com os outros”, diz Bauman.

As empresas consideram, e isso é parte da nova filosofia de administração, que as demissões periódicas, a econômica periódica, a reestruturação periódica, em que alguns casos algumas pessoas são demitidas são elementos necessários da boa administração. Por quê? Porque coloca os membros remanescentes da equipe olhando de forma suspeita para seus colegas, não se unem para enfrentar os patrões. Pelo contrário, tentam provar para os seus patrões que quando chegar na próxima rodada de demissões, que o outro deve ser demitido e não eu.

A vida em sociedade fica mais difícil e as pessoas são obrigadas a encontrarem refúgio em locais controláveis. A internet é o exemplo perfeito em que as relações são fechadas numa zona de conforto que ecoa a mesma voz do usuário eternamente. O indivíduo se torna autoridade sobre tudo, “porque é muito simples: é só você parar de responder a algo, parar de visitar os sites que você acha ofensivos. Você os desliga. Você não pode desligar quando você está na rua e encontra pedestres que você não gosta. Você precisa conviver com eles”, diz o sociólogo.

O problema da insegurança generalizada pela competição potencial presente é resolvido pelas redes sociais. Ironicamente, Bauman comenta.

Felizmente nós temos Mark Zuckerberg com o Facebook, nós temos o Google, nós temos outras coisas que nos suprem com tranquilizantes para tratar doenças que sofremos como solidão e falta de conhecimento. O problema de poder adquirir conhecimento completo, de qualquer coisa, é atenuado por esses serviços tranquilizantes.

É claro que o Facebook é um modelo mais geral. O autor assume que, na academia, um artigo pode ser resumido em 200 notas de rodapé bem feitas, já que a intenção do conhecimento profundo do todo é deixada de lado.

O autor pontua que o Google, mesmo sendo a maior biblioteca do mundo, é só uma biblioteca de citações, de trechos. A fragmentação do conhecimento está no próprio resultado da busca, que direciona o usuário para milhares de possibilidades que nunca abordarão a totalidade do problema.

Oferecer milhares de resultados já põe em dúvida o caminho a ser seguido. Se a falta do conhecimento correto era o problema da modernidade sólida, a modernidade líquida precisa confrontar o excesso de informação.

O que eu aprendi com o Google é que eu nunca saberei o que eu deveria saber, tudo está ao alcance dos meus dedos, mas isso não significa que sou mais sábio. Me sinto humilhado ao redor dos outros. Não só por não ser mais sábio do que eu sou, mas também pela impossibilidade de adquirir a sabedoria que nos permite realmente responder a pergunta que está na nossa frente

Por fim, o milagre brasileiro é destacado por Bauman como um processo em andamento, mas que encontrou suas deficiências. Assim como a Europa, em que a utopia da União Europeia se tornou a distopia do fechamento de fronteiras pela Hungria, o Brasil precisará repensar sua situação.

Veja abaixo a entrevista na íntegra.

Livro recria infância de Guimarães Rosa

Livro recria infância de Guimarães Rosa

 

Na pequena Cordisburgo, Minas Gerais, um menino imaginava que sabugos de milho eram boizinhos, passava horas observando as formigas em sua agitação rumo ao formigueiro e brincava de caçar vagalumes. Um dia, porém, descobriu a brincadeira mais divertida de todas: os livros e suas palavras. O nome do garoto? João Guimarães Rosa ou simplesmente Joãozito.

Misturando ficção e relato o livro” João, Joãozinho, Joãozito“, de Claudio Fragata, imagina a infância e o amadurecimento de um dos maiores nomes da literatura brasileira.

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Fragata ainda aproxima a história de Joãozito com a de Miguilim, um dos grandes personagens de Guimarães Rosa, que ganhou, na ficção, lembranças reais da infância do escritor. As ilustrações são de Simone Matias e ajudam a compor o lirismo da obra, que é uma porta de entrada para o legado de Guimarães Rosa para os pequenos leitores.

Mitos indígenas para crianças- Daniel Munduruku

Mitos indígenas para crianças- Daniel Munduruku

Por Daniel Munduruku*

Apresentar os mitos indígenas para crianças é um maravilhoso exercício para reviver as expressões que os povos ancestrais criaram para aceitar a condição humana.

Em tempos antigos, homens e mulheres sentavam-se ao redor do fogo para contar suas façanhas diárias: a luta contra um animal feroz, o susto de encontrar um ser da floresta. Narrar o ocorrido gerava a certeza de um pertencimento ao universo em que se vivia. Naquele momento, todos compreendiam que o universo – contemplado nas noites sem lua – era uma infinita teia.

A vida era um emaranhado de fios tecidos por uma misteriosa mão que pairava sobre toda forma de vida e que era capaz de manipular os acontecimentos naturais (chuva, trovões, nascimentos e mortes), para lembrar a todos sua finitude.

Expectativas de aprendizagem: Ler em voz alta ou recontar mitos de maneira a suscitar o interesse de outros interlocutores; trocar impressões com outros leitores a respeito dos textos lidos; coletar informações sobre os povos indígenas a que pertence o mito lido; traduzir a experiência do mito em diferentes linguagens.

Sabendo-se “criados” e frágeis, homens e mulheres passaram a entoar cantos, criar sons e preces capazes de amainar a fúria natural do Ser Criador. Tinham a convicção que seus poemas, sons, melodias e passos ritmados iriam “manter o céu suspenso” e o mundo não acabaria. Assim, nossos primeiros pais foram criando histórias para que as novas gerações compreendessem e aprendessem como se comportar enquanto faziam sua passagem por esta vida.

A essas histórias o Ocidente denominou Mitos. Essa palavra nem sempre é bem- entendida e algumas vezes se tem a impressão de que estamos falando sobre uma história inventada apenas para “explicar” fenômenos naturais ou justificar uma crença infantil nos fenômenos naturais.

Na verdade, não se trata de justificar crenças se não em aceitar a condição humana que todos possuímos e que não pode ser transformada em fórmulas científicas. A lógica do mito é nos colocar diante do possível para nos levar ao mundo do impossível.

Tem sido assim por toda a história da humanidade. Tem sido essa a “lógica” que tem movido nossos pais primeiros desde os primórdios dos tempos e que nos move ainda hoje, mesmo vestindo outras roupagens para nos encantar. Assim é a linguagem da televisão, do teatro e do cinema. Eles têm feito a magia de atualizar os Mitos que em nós habitam.

Mitos indígenas brasileiros

O Brasil é um celeiro muito abrangente de mitologia. Nosso país é formado a partir da diversidade de mitos criadores de diferentes grupos humanos que aqui se estabeleceram, trazendo consigo narrativas que contavam seus sonhos, seus medos, seus deuses, suas origens.

Esses povos – e todos seus mitos – atracaram em uma terra onde já havia um conjunto de saberes ancestrais mantidos por um gradiente de povos nativos que receberam o nome de indígenas – mesmo que nativo, oriundo, originário.

Eram aproximadamente 900 povos e 1,1 mil línguas distintas entre si. Habitavam todas as regiões desta terra e tinham uma gama de conhecimentos incompreensíveis aos que estavam chegando, como senhores ou escravos.

Como quem estava chegando, sentiu-se no direito de colonizar, ignorou totalmente os saberes nativos e passou a dizimar ou a reduzir a diversidade em um único (pré)conceito que chegou até os dias atuais: os índios.

Precisamos resgatar essa diversidade que ainda está presente em nossa terra. Começar através dos resgates dos mitos ancestrais é uma fórmula que pode dar certo para aproximar os indígenas das crianças brasileiras.

Vale lembrar que o mito é um método pedagógico de narrar os acontecimentos. Os feitos naturais e sobrenaturais que comumente estão presentes em nosso mundo sempre causaram espanto, admiração e a necessidade de uma explicação racional.

O Mito sempre foi uma maneira de explicar esses fenômenos utilizando uma linguagem simbólica e, assim, aproximando os seres humanos dos feitos dos deuses ou seres criadores. Povos do mundo todo usaram esse método em seus primórdios. Conhecemos muitos deles por conta da educação que recebemos ter origem na Grécia Antiga, o berço da civilização ocidental.

Do mesmo modo, nossos povos indígenas brasileiros desenvolveram essa leitura do mundo para explicar o que para eles era inexplicável: a origem do mundo e das coisas, os ciclos da natureza, nossa condição humana de homem ou mulher, os lugares sociais de cada um, a grandiosidade do cosmos, a vida e a morte.

A resposta para cada uma e de outras dessas questões eram dadas em forma de histórias, a maneira mais simples de fazer as pessoas entenderem a complexidade da vida. Essa contação de histórias nunca foi uma forma de iludir as pessoas, mas de oferecer um norte a ser seguido enquanto membro daquele povo. Dessa maneira firmavam um compromisso de cuidado com o Todo que era de todos e se construía a harmonia necessária para a convivência diária.

O Mito é, assim, para os indígenas brasileiros, uma realidade. Mesmo vivendo em contato com uma sociedade dita “desenvolvida”, os indígenas sabem que, no fundo, o que na cidade se chama desenvolvimento, na cultura ancestral se chama Mito.

Ou seja, continua-se submetido aos mitos, mudando apenas os interesses que estão em jogo. O “progresso” é a atualização de uma narrativa que começou desde um tempo que está perdido na memória da humanidade e que une os povos entre si. Essas narrativas podem, e devem, ser um instrumento importante para a educação cotidiana. Como fazer isso? Embora não haja fórmula mágica para esse tipo de evento, vale seguir alguns pontos básicos.

Imagem de capa: ilustração do livro Como Surgiu : Mitos Indígenas Brasileiros

* Daniel Munduruku é graduado em Filosofia e Doutor em Educação pela USP, é escritor de vasta obra voltada para crianças e jovens

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