“Como eu era antes de você” e a nossa capacidade de levar aqueles que amamos em nós

“Como eu era antes de você” e a nossa capacidade de levar aqueles que amamos em nós

Um dia a vida chega e muda todos os móveis de lugar. Abre as cortinas e pede que as vistas caminhem por outros cantos. Um dia qualquer, sem pretensões, podemos ser tocados pelo amor e por todos seus desdobramentos. E o amor é tão imenso e apinhado de significados que mesmo quando aquele que amamos não está fisicamente ao nosso lado, podemos levá-lo conosco naquele avesso particular e infinito que nos habita.

Assim acontece no filme inspirado no romance da escritora Jojo Moyes “Como eu era antes de você”. Louisa é dona de uma espontaneidade marcante e tem um coração que não cabe nela. Precisando de dinheiro, depois de ser despedida de um café, ela acaba aceitando alguns trabalhos nos quais não permanece por muito tempo. Um deles em uma fábrica de processamento de miúdos de frango e o outro em uma clínica de estética como depiladora. Nesse ponto podemos notar que a personagem é incapaz de aceitar ofícios contrários à sua natureza e inclinação, mesmo diante de uma imensa necessidade financeira. Louisa é movida quase que unicamente pela emoção. Sua natureza doce anseia por uma interação mais livre, algo impossível nos dois ofícios citados.

Ao aceitar o trabalho de cuidadora de um jovem tetraplégico, Will, Louise tem sua alegria confrontada com o mau humor do rapaz. Algo que ela tenta contornar fazendo chás ou bolos, pois para ela com amor tudo se resolve e o amor aí é expressado através da comida. Hipoteticamente Will, antes bastante ativo e praticante de inúmeras atividades físicas, se encontra no mesmo ponto em que Louisa. Ela está paralisada, usando muito pouco de sua vasta capacidade, se portando de forma otimista, contudo, conformada com a situação em que vive.

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Louisa diz não gostar de coisas as quais nunca experimentou. Diz não precisar daquilo que nunca ousou ter. Louisa vive sem se desafiar. No filme percebemos que ela se esforça em alguns momentos, à contragosto, para alcançar o namorado que é maratonista e vive correndo e falando de competições esportivas. No entanto, na cena na qual ele vai ao jantar na casa de Lou, Patrick se atrasa por quase meia hora. Nesse momento fica claro que a prioridade do namorado não está em Louisa, mas em vencer competições e mostrar ao mundo o quanto ele é “bom”. Algo que provavelmente serve para balancear um complexo de inferioridade particularmente seu.

Na cena na qual Lou recebe seus presentes de aniversário fica evidente que o namorado quer que Lou o adore e quer que ela exiba ao mundo sua estima por ele. Seu presente é um pingente de coração com seu nome gravado nele.

Por outro lado, Will dá a Lou uma meia similar à que ela usava quando criança. Nesse ponto vê-se a estima arranjada, entre Lou e Patrick, em contraponto à estima real e não simulada que existe entre Lou e Will.

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Fica bastante claro que Lou encontra em Will alguém que a ouve e compreende. Alguém capaz de olhar para ela de forma carinhosa amando-a como é, mas mostrando a ela que existem outras possibilidades que podem ser experimentadas, sem represálias, sem demonstrações de grandeza ou algo que certamente macularia qualquer relação. Patrick não olhava para Lou, olhava para ele e suas limitações.

Will e Lou ao se amarem passam então a viver um no outro.

Isso é possível, pois ao amarmos emprestamos ao outro nosso melhor. E no amor não somos mais só nós, tão pouco só o outro, nos tornamos uma mescla do que há de melhor nos dois.

No filme Will cogita a eutanásia, algo que deixa Louisa transtornada, contudo ela crê que o amor que sente por ele o fará mudar de ideia. Will, é a materialização da razão e como tal não tem a intenção de voltar atrás em sua decisão.

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Esse foi para mim o ponto principal do filme, no qual o amor de Louisa é testado. Ela seria capaz de amá-lo, mesmo tendo ele tomado uma decisão contrária a tudo que ela achava ser o mais certo?

O filme nos passa a mensagem de que não podemos mudar aquilo que as pessoas são em essência, por mais que desejemos isso e que no amor somos capazes de amar e de orientar, sem, no entanto, forçar uma mudança. O amor não impõe, o amor aceita, abraça e indica o melhor, de forma respeitosa.

E quando somos respeitosos com o amor do outro ele perdura na gente até nosso último suspiro. Levamos o outro junto de nós pelo resto de nossos dias. As cenas finais do filme tecem em letras delicadas a palavra “liberdade”: liberdade de amar o outro e suas decisões, independente delas serem contrárias às nossas e liberdade de deixar-se transformar pela vida e pelo amor que há nela, independentemente de qualquer coisa.

Na cena de Paris, não era apenas Lou sentada em um café, mas Lou e Will juntos seguindo rumo a uma nova vida.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Ilustrações de um mundo onde pessoas são tratadas como animais

Ilustrações de um mundo onde pessoas são tratadas como animais

A preocupação com os direitos humanos fundamentais deveria ser proporcional ao zelo com os direitos animais. Mas não é.

Todos os dias, e a qualquer momento, animais são brutalmente maltratados e mortos para fins de consumo humano. Alguns dizem que essa matança generalizada é inevitável para a sobrevivência da espécie humana, enquanto outros consideram a barbárie contra animais um absurdo sem precedentes.

A morte é imprescindível à vida, sim, mas alguns sacrifícios são desnecessários.

Vegetarianos no mundo todo lutam contra a exploração animal como maneira de providenciar alimentos para as pessoas. Essa luta não é de hoje, mas seus efeitos nunca foram realmente produtivos e significativos ao ponto de impedir que animais sejam salvos da aniquilação.

As pessoas precisam comer, e a grande maioria delas não está disposta a deixar de incluir carne em sua alimentação. Isso é compreensível, mas não aceitável.

Moral e ética parecem ser forças invisíveis quando o assunto é sacrificar animais para a nutrição das pessoas.

De fato, há um paradoxo entre a necessidade de matar animais para viver e preservar a vida na morte. O fato é: as pessoas não vão parar de comer carne.

Ativistas ambientais fazem um trabalho elogiável, digno e honroso, mas sua causa é tão impossível quanto impedir um predador faminto de ir atrás de sua caça. É inútil lutar contra a natureza.

Não importa a inviabilidade da causa vegetariana, ela é real e faz parte da vida de muitas pessoas no mundo todo que odeiam ver animais sendo vítimas de um holocausto supermassivo.

Além de devastar uma boa parte da população animal, as execuções em massa prejudicam seriamente o meio-ambiente.

Como mostrou o documentário Cowspiracy: O Segredo da Sustentabilidade (2014), a principal causa de aquecimento global são os gases liberados por animais nos processos da pecuária, e a culpa é atribuída tanto às indústrias pecuaristas (que matam os animais para comércio) quanto às organizações ambientais (que lidam com a questão de forma inconsequente).

Algumas justificativas para se matar animais em prol da subsistência humana são pautadas na biologia. Muitas pessoas assumem que essa dinâmica faz parte da cadeia alimentar, e de fato faz. Afinal, é matar ou ser morto.

A caça, pesca e pecuária são atividades que movimentam bilhões em um comércio global. As instituições ambientais não podem lutar contra esse sistema, apenas minimizar seus efeitos na mídia. Essas organizações agem como boas samaritanas, mas seu código de conduta é ineficaz, pois é certo que muitos de seus funcionários sobrevivem a partir da energia provida por animais.

Nas ilustrações chocantes a seguir, animais trocam de lugar com pessoas: tomam para si mesmos a crueldade que têm de aguentar nas mãos dos seres humanos.

Nessa troca de papeis, o resultado é igualmente desolador, com pessoas sendo tratadas como muitos animais que servem a propósitos egoístas. As imagens são gráficas, mas não deixam de ser reais. Veja:

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Um minuto de suspiro.

Um minuto de suspiro.

Às vezes, um suspiro para voltar a respirar. Sair do sufoco das emoções engarrafadas. Afinal, não podemos sentir em tempo integral, mesmo que o sentimento esteja lá. É imperativo das morais que os deixemos abafados, aprisionados no fundo do quarto, embaixo do colchão, nos fungos da infiltração do teto do banheiro, nas gostas geladas que entremeiam o chuveiro quente, na mala mofada esquecida no porão, nas roupas fedendo a naftalina pelo desuso, nos vinhos envelhecendo na adega esperando pelo dia especial, nas covas abertas esperando pelo corpo. É preciso sentir no momento certo, como se fosse uma prescrição de tóxico para aliviar a tensão.

Não há pausa no tempo de ninguém a não ser pela licença médica ou legal. Nossas emoções condenadas ao quadrado. Até o luto é regulamentado. Dois dias para sofrer a perda – somente a prevista em legislação; 4 meses para ser mãe – nunca sem riscos; 20 dias para ser pai, 5 pelo casamento, algum tempo pela depressão atestada, com sorte um acordo pelo desastre imprevisto em lei a ser pago com juros e correção infinita, também conhecida pelo apelido de “gratidão”. Tudo aceito com um sorriso de compensação. Para sentir, é preciso pedir licença. Mas só nestes extremos, quando é legitimado pela convenção. A todas as outras emoções, temos as horas de sono para perder, os suspiros apertados quando ninguém ouve, um momento de reflexão na privada coletiva. O silêncio. Acidentes de humanidade, do seu ódio, da sua angústia, do seu amor escapolem em letras engarranchadas nas portas dos banheiros juvenis, tão logo, em alguns anos, reprimidas por pílulas no intervalo de almoço. A todos o direito de manifestação contida em sua irônica linha do tempo.

As paixões suprimidas dão lugar à amargura e formam opiniões – todas as frustrações do não vivido tomam forma e força nas opiniões públicas. É preciso lidar com todas as angústias pessoais, é preciso lidar com todas as angústias mundiais, subindo e descendo escadas, atravessando a rua ou esperando o sinal, nos elevadores, nas filas, na mesa de escritório, operando máquinas, fazendo ligações. Alguém consegue, realmente, ignorar? Um espaço na agenda em branco para viver é uma utopia que precisa ser negada. Alguns se refugiam em lazeres ritualísticos, se anulam, se consomem, uma distração qualquer, qualquer coisa que faça esquecer de si mesmo. Os que não conseguem se abandonar tão a esmo podem preferir o sono (induzido), outros recorrem em desespero à busca pelo nirvana ou pela salvação (ou a evolução soberba, ou salve-se quem puder). Qualquer coisa que tire da contramão de ser humano. Ou sucumbir a contramão. A dor anestesiada de ser levado, a dor inevitável de ir de encontro. Dizem os boatos que é apenas uma questão de percepção…

Muitas resistências morrem, frequentemente destrambelhadas, querem se afirmar em violações, contradizem suas próprias convicções, aprisionados pela consciência ou pela falta dela, quando são obrigadas a se encarar percebem que na ânsia de se preservar se perderam – engolidos por grades ou paranoia. Outras se debatem para progredir, quem sabe a sorte de ser apenas um “esquisito” suportável (com mais sorte ainda: necessário), apesar dos sorrisos sarcásticos e das repreensões. Nadar é preciso, não temos mais barcos solitários – navegar é impossível na contramão. Apreendem compreensão, sabem a perturbação que pode despertar esse ser suspiro ou grito – Uivo. Lembram aos outros, confortavelmente esquecidos, dos suspiros e brados que em coma ainda sobrevivem em algum lugar da existência pálida.

Aceitar as próprias cores não é sem dor – elas vêm dos cortes, dos choque e empurrões, dos esfolamentos, das rasteiras, quedas e golpes, tanto quanto vêm dos banhos de chuva, das visões e paisagens, dos abraços apertados, dos diálogos, dos sorrisos, gargalhadas e toques. Não há que se julgar quem as negue, e os que preferem negar, não deveriam também julgar quem se colore. Alguns tecidos foram feitos para cor, enquanto outros são impermeáveis e inaderentes. Somos tecido, de pele e acontecimentos, e cada qual carrega a tessitura das linhas que lhe comporam – e lhe compõem. Alguns são acordes, outros silêncio. Mas não somos assim, tão passado. Não fomos nascidos, somos criados. Um pouco de tolerância.

Para não se aniquilar – dar espaço a um suspiro, para voltar a respirar. Porque o tempo não espera, porque a vida não para, porque ninguém se importa, porque o mundo gira, a lua continua a viver suas fazes, os desastres naturais continuam a acontecer, os humanos nunca cessam – gente nasce, gente vive, gente morre. Um espaço para suspirar, porque respirar é ambicioso de mais, exige tempo, exige ar – o oxigênio está em extinção. Para respirar é preciso pedir licença, mas nem todos têm plano de saúde ou dinheiro para consulta – os diagnósticos são suspeitos, mas quem se importa? Desde que ateste. Licença… Suspirar discretamente, quase em silêncio, até que possa pagar as contas ou pedir conta… porque a vida não espera, ninguém para, o mundo não se importa, o tempo gira, a lua não cessa de acontecer, os humanos continuam a viver suas fazes, os desastres: naturais – gente nasce, gente vive, gente morre. Por cada um, um suspiro.

A escolha é sempre nossa

A escolha é sempre nossa

Não é nada fácil gostar, amar alguém sozinho, em silêncio, esperando sempre o momento propício pra dizer como se sente. Quando nos sentimos atraídos, ligados à outra pessoa que pode não se sentir da mesma forma ou às vezes, nem sabe que a gente existe. Quem nunca se encantou, quem nunca se deixou envolver por alguém que não pudesse ter?
De uma forma ou de outra, em diferentes proporções, mas todos em algum momento desejamos alguém tanto que não conseguíamos pensar em outra coisa, não conseguíamos tirar essa pessoa da cabeça.

Às vezes, nós fantasiamos e nos sentimos atraídos por alguém distante do nosso convívio, como aquele professor da faculdade ou o amigo mais velho do irmão. Nesses casos, deixamos só a imaginação tomar conta e nos divertimos cada vez que encontramos o objeto do nosso desejo e gostaríamos de ser algo mais. Diria que se sentir assim, é quase um rito saudável de passagem para a vida adulta, em algum momento já nos sentimos assim por alguém.

Mas e quando esse lance platônico vai mais além do uma simples atração, do que uma fantasia de criança e nos vemos amando, desejando alguém para ter do nosso lado? Aí, sem dúvida, é mais doído e mais complicado de administrar quando nos apaixonamos por pessoas do nosso convívio, como um amigo de muitos anos, um colega de trabalho, aquele amigo da faculdade que tem namorada.

Não importa porque você ainda não tomou coragem de dar o próximo passo e chamar essa pessoa pra sair ou conversar com ela como você se sente, o motivo é sempre o mesmo, porque é complicado, porque tem muito mais coisa envolvida. Pode ser porque você acha que ele não se sente da mesma forma, porque é comprometido, porque não quer estragar uma amizade de muitos anos.

Entendo completamente a hesitação, afinal se fosse fácil de resolver, não seria platônico, ninguém fica tanto tempo assim no limbo só por insegurança ou medo, existem outras razões também.

Não é nada divertido ser aquele que espera, aquele que aceita, aquele que se conforma com tudo. Quem ama sozinho é como se ficasse de um lado da porta aguardando uma chance, um momento certo, enquanto o outro permanece no escuro, sem saber como realmente nos sentimos, sem ter ideia do que está acontecendo.

E cada momento, cada instante que você tem sozinho com aquela pessoa que você ama é suficiente para transformar seu dia, perfumar tudo ao seu redor. Mas isso é uma faca de dois gumes, quando não conseguimos ter nem por um momento o nosso objeto de desejo, é o suficiente para nos deixar com um humor duvidável e sem paciência. Querer alguém pra si é como uma droga que pode nos levantar, pode nos derrubar e pode sim nos intoxicar mais vezes do que gostaríamos, pois o amor é em si é a nossa kriptonita, nosso calcanhar de Aquiles.

Apesar de nos convencermos que temos vários motivos válidos para o nosso silêncio, a verdade que importa é uma só. Por algum motivo real ou não, achamos que não temos chance, que seremos dispensados e perderemos essa relação, essa aproximação que lutamos tanto pra construir.

Porque ainda não estamos prontos pra abrir mão, pra não termos quem desejamos no nosso universo e pra isso preferimos tê-los de qualquer forma nas nossas vidas, mesmo que seja como amigos. Acabamos então presos em uma situação que parece sem solução, aprendemos a nos contentar com tão pouco, com migalhas, com qualquer coisa que recebemos.

Nos contentamos com uma conversa mesmo que rápida no corredor do trabalho, com uma ligação de poucos minutos no telefone no meio do dia ou com um encontro na hora do almoço com pressa. Eu sei que tudo é melhor quando estamos ao lado de quem à gente quer, mas chega uma hora, por mais que demore, que essa situação cansa.

Chega uma hora que temos que nos libertar da prisão que nós próprios construímos, nos colocamos e jogamos a chave fora. O momento chega de finalmente tomarmos uma decisão definitiva e dar um fim nessa espera sem prazo determinado.

Ou decidirmos arriscar e contar como nos sentimos ou optamos por nos afastar de algo que não vai dar em nada e só nos faz mal alimentar essa esperança, essa expectativa à toa.
De uma forma ou de outra, escolher é necessário, é preciso tomar uma decisão e deixar de ser refém da situação. Porque às vezes na vida, chega o momento de escolhermos quem a gente mais ama, nós mesmos.

Às vezes, o amanhã não traz esperança

Às vezes, o amanhã não traz esperança

O amanhã, na maioria das vezes, pode ser tido como um depósito de sonhos e de esperanças, em que novas possibilidades e oportunidades nos aguardam, para que avancemos em direção à realização de nossos objetivos. No entanto, em determinadas situações, o dia seguinte é um dia que gostaríamos de pular, de protelar, de afastar, um dia em que nem gostaríamos de acordar.

Levamos muitos tombos ao longo da vida, mas algumas rasteiras parecem nos tirar o que tínhamos de mais precioso e, nesses momentos, temos a sensação de que continuar a viver será impossível. Quanta dor sentimos que nos aguarda no dia seguinte a uma tempestade avassaladora, quando teremos que enfrentar, no amanhã, o primeiro dia sem a presença de um ente querido, sem ter um emprego para voltar, sem o amado, sem o amigo, sem a casa, sem uma parte insubstituível de nossos corações. Dói fundo.

A noite sem fim de um dia traiçoeiro escurece lá fora e nos escurece por dentro, retirando-nos qualquer traço de luz, de esperança, de tranquilidade. Deitar-se para dormir, tendo que acordar num dia assustadoramente novo é uma das piores sensações que sentimos, pois ali, naquele instante, nada mais parece ter sentido nem solução, nada mais tem importância, pois estamos imersos na dor lancinante de uma perda que nos assola.

Muito pouco adiantarão quaisquer tentativas alheias de motivação, pois as palavras de consolo então não trarão conforto à dor imensurável que se instalou dentro de quem sofreu um sofrimento irreparável. Dependendo da dor que nos aniquila, será inútil tentar nos convencer de que a vida voltará ao normal, pois o tempo não trará esquecimento, não reparará o que se perdeu, não trará aquela pessoa de volta.

Teremos que continuar, teremos que tentar sobreviver às perdas e viver sem aquilo que tínhamos como certo, com a consciência de que nada voltará a ser como antes, de que renascer é preciso, apesar de tudo. Será necessário reconstruirmos nossa vida, conscientes de que será demorado e doloroso, mas que voltaremos a ter forças, a sorrir, a cantar, a sentir. Seremos outros, às vezes um pouco menos do que outrora, faltando um pedaço que seja, mas respiraremos.

Porque somos feitos de alegria e de dor. Porque só por isso é que somos humanos, imperfeitos, sobreviventes dessa vida incontrolável, que nos testa a fé e a resistência, para que nos reinventemos e acreditemos numa força maior que nos compensará, algum dia, em algum momento, com a imortalidade do amor verdadeiro.

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Acompanhe também a página do autor em Prof Marcel Camargo

Você quer ser mãe ou apenas ter um bebê?

Você quer ser mãe ou apenas ter um bebê?

Há aproximadamente cinco anos escrevi um texto para a Revista do jornal O Globo chamado “Filho é para quem pode”. No texto, eu não fazia nenhum tipo de apologia contra a maternidade, apenas falava sobre a minha opção de não ter filhos, apesar de ser biologicamente saudável e do imenso amor que sinto pelas crianças.

Não imaginava que o assunto fosse um tremendo tabu e pudesse gerar tanta polêmica.

Em dois dias, mais de duzentos e-mails entupiram minha caixa de entrada. A grande maioria deles era de mulheres me agradecendo por ter tomado a iniciativa de falar abertamente sobre o tema – muitas delas relatavam que estavam levando o texto dentro de suas bolsas para ler para amigos e familiares quando se sentiam pressionadas. Já outras preferiram me agredir, dizendo que eu devia ser mal comida, mal amada, que devia ter o útero seco, que devia ter uma péssima mãe, que devia ser proibida de escrever essas bobagens num grande veículo, etc, etc, etc.

Eu poderia ter me dado ao trabalho de dizer que nenhuma das afirmações era correta, que minha mãe é maravilhosa, que tenho um homem incrível ao meu lado há mais de dez anos que me devota amor e me come deliciosamente, que sou plenamente saudável e questioná-las sobre a liberdade de escolha, mas para quê?

Acabei sendo convidada a participar de programas de TV como Fantástico, Sem Censura e Happy Hour e, anos depois, quando a revista Veja fez uma matéria sobre uma pesquisa do IBGE que apontava a queda da natalidade no Brasil entre mulheres com nível universitário, fui convidada a dar minha opinião na matéria, mas declinei.

Declinei porque não levanto bandeiras, não sou contra a maternidade e acho que cada pessoa tem o direito de viver de acordo com seus sonhos e necessidades. Meu texto falava sobre a minha opção pessoal e convidava o leitor a refletir sobre alguns pontos, como:

“Filhos não são pílulas contra a monotonia, pílulas da salvação de uma vida vazia e sem sentido, pílulas “trago seu marido de volta em nove meses”. Penso que antes de cogitar a possibilidade de engravidar, toda mulher deveria se perguntar: eu sou capaz de aceitar que, apesar de dar a luz a um ser, ele não será um pedaço de mim e, portanto, não deverá ser igual a mim? Eu sou capaz de me fazer feliz sem ter alguém ao meu lado? Eu sou capaz de abrir mão de determinadas coisas em minha vida sem depois cobrar? Eu sou capaz de dizer ‘não’? Eu quero mesmo ter um filho ou simplesmente aprendi que é para isso que nascemos: para constituir família?” O texto está no meu livro A Louca do Castelo, mas pode ser lido na íntegra aqui.

Pois bem, esta semana deparei-me com um vídeo de humor no Facebook, do tipo jornalismo fake, que conta com mais de 35.000 compartilhamentos. Conteúdo do vídeo: uma mulher casada há mais de 12 anos, com três filhos e dois empregos, resolve roubar uma loja e acaba sendo presa. O marido envia um advogado, mas ela se nega a sair da prisão porque se sente feliz atrás das grades e alega: “pela primeira vez na vida estou tendo tempo, vou colocar toda a minha leitura em dia e ouvir todos os discos que tenho vontade, estou amando esse silêncio”.

Não consegui rir. Senti um profundo desalento assistindo ao vídeo. Apesar de saber que se tratava de ficção não pude deixar de fazer a pergunta: por que, ou para quê, essa mulher teve filhos?

Tenho observado que apenas 20% das mulheres que conheço e que tiveram filhos nos últimos tempos parecem felizes. A grande e esmagadora maioria, se pudesse, faria como a atriz do vídeo: fugia, ainda que fosse para a prisão. Mulheres que detestam suas novas rotinas que incluem cuidar da alimentação diária, higiene e da boa educação das crianças, levar e buscar em escola, natação, médico; passar noites sem dormir. Reclamam constantemente de suas aparências, não apenas do ganho de peso que não conseguiram se livrar após o nascimento da criança, mas também de olheiras, flacidez, unhas por fazer, cabelo por cuidar. Queixam-se de falta de envolvimento, romance e apetite sexual do parceiro (ou delas próprias).

As que abriram mão da vida profissional para cuidar dos filhos, cedo ou tarde se sentem insatisfeitas (para não dizer deprimidas) com a vida doméstica. As que tentam conciliar filho e trabalho, em geral, parecem bombas-relógios prestes a explodirem e cobram paulatinamente um envolvimento maior dos pais, o que gera muitas discussões e desgasta bastante os relacionamentos.

Ok, os pais deviam (devem!) participar ativamente da criação dos filhos, mas não tem jeito: na hora que o bicho pega a criança grita pela mãe, quer a mãe. Portanto, por mais que os pais sejam presentes e ativos, infelizmente o trabalho da mãe será sempre dobrado.

Assistindo ao vídeo e pensando nas mamães aparentemente infelizes que conheço, penso: elas não sabiam que seria assim? Elas não sabiam que suas vidas mudariam completamente?

Impossível acreditar que, em plena era da informação e da tecnologia, com milhares de revistas e blogs sobre o assunto, algumas mulheres não tenham ciência do quão trabalhoso é criar um filho. É como digo no texto “Filho é para quem pode”: “Dar a luz a um bebê é fácil, difícil é ser mãe da própria vida e iluminar as próprias escuridões”.

Conheço mulheres que detestam crianças, não têm paciência para crianças, mas dizem que querem ter filhos. Confesso que não compreendo isso. Fico me perguntando: elas querem ter um filho ou um bebê?

Sim, porque existe uma diferença enorme entre uma coisa e outra. Bebês são fofos, dengosos, cheirosos. Quem resiste ao sorriso de um bebê e a um quartinho todo decorado com girafinhas e frufrus? E os sapatinhos mimosos? Uma delícia tudo isso, não? Finalmente uma boneca de verdade. Ocorre que a boneca cresce. Torna-se um ser humano com vontades próprias. Desobedece, faz pirraça, adoece, chora, briga na escola, quer a mochila da Pepa, o tênis do Ben10. Cresce e torna-se adolescente. E na adolescência, como sabemos, o trabalho (e as preocupações) triplica. Sem esquecer os gastos que a criação de uma criança implica e lembrando que, para aquele bebê cheiroso e dengoso se tornar um ser humano digno, amável, respeitável, bem educado e de bom caráter, é preciso muito empenho, amor, carinho e dedicação integral. É preciso vigília constante, sobretudo dar bons exemplos, abrir mão de muita coisa.

Não sei, mas tenho pensado a cada dia que passa que, como tudo na vida, a maternidade pode ser uma questão de aptidão. Existem mães plenamente felizes e realizadas com suas escolhas, responsáveis, que criam seres saudáveis para a vida adulta, cercando-os de amor, carinho e compreensão; que não enxergam a dedicação diária como um peso.

Por que isso não acontece com todas as mães? Talvez porque algumas não tenham aptidão! Engravidam somente para atender a cobranças sociais, constituírem família por acreditar que não tiveram uma suficientemente boa e/ou, pior, para ter quem cuide delas na velhice – o que, convenhamos é no mínimo egoísta.

Como tudo na vida, quando estamos cientes de nossas escolhas (e motivações) e de suas consequências, a jornada se torna mais agradável. Portanto, gurias, não deixem de se perguntar nunca: quero ter um filho ou um bebê para fazer fotos engraçadinhas e postar nas redes sociais? E boa viagem, seja lá para que lado for…

Texto publicado originalmente em Obvious.

(imagem: google)

Deixe o passado descansar em paz

Deixe o passado descansar em paz

É extremamente tentador acreditar que somos capazes de dar pequenos pulinhos no passado e voltarmos ilesos à nossa vida atual. As histórias que vivemos lá atrás parecem uma gravura em aquarela, na qual as dores se dissolvem numa tinta perfeita que deixa transparecer apenas o que houve de bonito e doce. Como se fosse possível fazer desaparecer o que nos fez doer, arder, sangrar.

As experiências difíceis mais antigas vão se dissolvendo à medida que outras vêm compor nossas memórias, cenários e vivências. Temos essa mania romântica de permitir que o passado nos leve com ele, de volta a um tempo em que a pessoa que fomos ainda não foi apresentada à pessoa que somos agora.

Encontro às escuras entre a experiência que de quem já leu a história, até a última página e a impetuosidade de quem tem uma folha em branco nas mãos. Um universo de possibilidades de renascimento, refazimento, cura e transformação.

De repente, conjuramos em cores, calores e cheiros, um colo onde já estivemos inteiros e seguros. De repente, estamos encantados diante do mar, maravilhados com a sensação dos pezinhos minúsculos que afundam na areia, com o gosto do vento de sal sendo experimentado pela língua que toca os lábios num experimento maravilhoso de provar um sabor desconhecido. De repente, somos arrebatados pela sensação indescritível e indiscutivelmente profunda que só quem está irremediavelmente apaixonado é capaz de compreender. De repente caímos na armadilha de acreditar que o amor que acabou era perfeito; que todos os erros cometidos são imperdoáveis; que todas as perdas sofridas são irrecuperáveis.

E é sedutor demais permanecer ali, numa história idealizada que suscita no peito da gente uma saudade que é física, palpável e orgânica. Somos capazes de sentir saudades de coisas que vivemos, de coisas que sonhamos viver e de coisas sobre as quais ainda vivemos a tecer imagens vivas, na tentativa de torná-las reais. Ou, ficar ali, paralisado numa situação de fracasso que nos dá uma espécie de “atestado de permissão” para nunca mais nos arriscar outra vez.

Bastaria nunca mais abrir os olhos, para nos manter ilusoriamente seguros numa memória idealizada, onde fomos apenas felizes; ou protegidos de uma situação que foi absolutamente, completamente catastrófica. Nunca fomos apenas felizes! Nenhuma situação é 100% catastrófica. A alegria, a dor, a tristeza, a excitação são estados passageiros, frutos de uma conjunção de fatores que fizeram sentido apenas naquele momento.

Querer voltar no tempo para perpetuar um momento ou se proteger dos desafios atuais é entregar-se a uma ilusão perigosa; é abrir mão de viver coisas novas e descobrir novas pessoas, e conhecer novos lugares, e misturar a alma velha com a alma nova de um jeito forte e real que nos faça ter vontade de abrir os olhos para uma nova vida, de abrir os braços para outros encontros e o coração para experiências surpreendentes e improváveis.

Viver olhando para trás, rouba de nós a chance de estar inteiro nas experiências presentes e vivos para voar nas asas das histórias futuras. Olhemos para o que passou com a gratidão daqueles que sabem fazer do caminho trilhado, um aprendizado acolhido. Sejamos capazes de nos desgarrar de fiapos que já foram tecidos inteiros, de sombras que já foram projetos que não vingaram, de apegos que já foram amores reais. Que o passado descanse em paz. E que sejamos sábios o suficiente para não perturbar o seu descanso.

Ele adotou um labrador e recebeu uma carta misteriosa…

Ele adotou um labrador e recebeu uma carta misteriosa…

Era um dia feliz para o homem que ia adotar Reggie, um labrador preto. Ele estava muito contente por trazer para casa um novo companheiro de quatro patas. Mas quando já ia embora a equipa do abrigo deu-lhe uma carta que o deixou muito comovido.

“Para quem ficar com o meu cão:

Bem, não posso dizer que estou feliz por estares lendo isto (…) Nem
estou feliz por escrevê-lo. Se estás lendo isto, significa que foi a última viagem de carro com o meu labrador depois de o deixar no abrigo.

(…) Então deixa-me falar sobre o meu labrador, na esperança de te ajudar a criar laços entre vocês os dois.

Primeiro, ele adora bolas de ténis (…) Não interessa para onde as jogues, ele vai correr atrás delas, por isso tem cuidado – não o faças perto de estradas. Eu fiz esse erro uma vez, e quase lhe custou a vida”.

“Quanto às ordens (…) O Reggie sabe as óbvias – ‘senta’, ‘fica’, ‘vem’, ‘rebola’. Ele sabe o significado de ‘bola’, ‘comida’, ‘osso’ e ‘biscoito’ como ninguém. Eu treinei o Reggie com algumas recompensas de comida. Nada lhe chama mais a atenção do que pequenos pedaços de cachorro quente.

contioutra.com - Ele adotou um labrador e recebeu uma carta misteriosa...

Horário de alimentação: duas vezes por dia, a primeira pelas sete da manhã, e depois às seis da tarde”.

“Reggie odeia ir ao veterinário. Boa sorte a tentar colocá-lo no carro – Eu não sei como é que ele sabe quando está na hora de ir ao veterinário, mas ele sabe.

Por fim, dê-lhe tempo (…) Ele ia comigo para todo o lado, por isso, por favor, incluí-o nos teus passeios de carro diários, se for possível.

O nome dele não é Reggie (…) quando o deixei no abrigo, disse que o nome dele era Reggie (…) não conseguia aguentar dizer o nome real. Para mim, era como se o fim tivesse chegado (…) admitir que nunca mais o iria ver.

(…) O nome real é Tank.

Eu disse ao abrigo que ninguém podia adotar o ‘Reggie’ até receberem a ordem do meu comandante. Os meus pais morreram, não tenho irmãos nem ninguém com quem pudesse deixar o Tank… e era o meu único pedido para o exército aquando da minha ida para o Iraque, que eles fizessem uma chamada telefónica para o abrigo… em caso de… para dizer que o Tank poderia ser colocado para adoção”.

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“O amor incondicional de um cão foi o que eu levei comigo para o Iraque como inspiração (…) Espero que o tenha homenageado com o meu serviço para com o meu país e para com os meus companheiros.

Eu parto esta noite e tenho de deixar esta carta no abrigo. Mas acho que não me vou despedir do Tank outra vez. Eu chorei muito a primeira vez. Talvez vá espreitá-lo e ver se ele finalmente conseguiu colocar a terceira bola de ténis na boca.

Boa sorte com o Tank. Dê-lhe uma boa casa, e um beijo de boa noite extra – todas as noites – por mim.

Obrigada, Paul Mallory”.

De acordo com um usuário, quem adotou o cão sabia muito bem que Paul Mallory tinha morrido no Iraque no mês anterior e tinha recebido a Estrela de Prata por ter sacrificado a vida por três companheiros. É comovente o amor incondicional que Paul sentia pelo cão. Mesmo depois de partir, deixou uma carta para se certificar que Tank era bem cuidado.

Partilha e dá a tua opinião: farias o mesmo pelo teu companheiro de quatro patas?

FONTE: historiascomvalor

Ventos de mudança nunca trarão resfriados.

Ventos de mudança nunca trarão resfriados.

Mudanças podem ser traumáticas, demoradas, nem sempre planejadas nem digeridas como deveriam, mas chegam e literalmente trocam tudo de lugar. Ou trocam o lugar de tudo, conforme o ponto de vista.

Mudanças nos tiram dos eixos, desconcertam a rotina e os hábitos ficam loucos, esquizofrênicos, repetindo o que guardam na memória e, por um tempo, se recusando a receber e arquivar as novas memórias.

Mas uma mudança sempre traz consigo uma nova perspectiva, um desafio para encarar. Querendo ou não, isso nos move, nos acende e nos empurra para um degrau acima, ou, com habilidade, talvez dois.

Mudar de profissão ou trabalho é dos mais valentes desafios. As mais das vezes significa encarar o tempo vivido como não suficientemente válido para a realização dos projetos da vida. Mas agarrar a coragem e ir mudar tudo, compensa cada medo e frustração já vividos.

Mudar de casa, de cidade, de país é mudar de cenário, é provocar as próprias bases para que também se mudem, caso queiram acompanhar o novo projeto. É aprender a viver em outra arquitetura com outras dificuldades, outros hábitos, outro idioma e pessoas.

Mas no final, de qualquer forma e nas mais diferentes expressões, a grande experiência sempre será a pessoal, a forma de adaptação que cada um cria para encarar a mudança.

Mudar a forma de pensar, mudar de opinião, mudar a cor preferida, mudar estilo de vida, simplificar ou complicar, querer mais ou querer menos, buscar finalmente tudo o que estava há anos escrito nos diários e caderninhos. Mudar é dar à inquietação uma solução para seus temores.

Ventos de mudança nunca trarão resfriados. Ventos de mudança trazem a perspectiva de vida sob outro ponto de vista, novo olhar, novos anseios e oportunidades.

Se ainda assim o medo do resfriado for maior, se a resistência for gigante, vista um casaquinho, coloque um cachecol e experimente uma mudança, ainda que apenas de lado da calçada. Já será uma nova experiência.

E, aos poucos, mude o mundo!

10 filmes que causam forte emoção e abrirão sua mente

10 filmes que causam forte emoção e abrirão sua mente

Esses filmes farão você ver a vida de um ângulo diferente e deixarão uma marca impagável em sua alma para sempre.
Depois de assisti-los, você sentirá uma forte emoção e vai entender o mundo um pouco melhor.

1- Clube da luta

Fight Club

Atormentado por uma insônia crônica, um funcionário que tenta desesperadamente escapar de sua vida extremamente chata conhece um homem chamado Tyler Durden, um vendedor de sabão muito carismático, com uma filosofia pervertida. Após esse encontro, sua vida muda drasticamente.

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2- Ilha do medo

Shutter Island

Dois agentes federais investigam o desaparecimento de um paciente em uma clínica psiquiátrica para infratores. Eles viajam para uma das ilhas no Estado de Massachusetts, onde a clínica está localizada. Em sua pesquisa, terão de enfrentar uma teia de mentiras e alguns dados inesperados. Algo estranho está acontecendo naquela ilha. E todos sabem que …

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3- Camisa de força

The Jacket

Jack Starks, um veterano da Guerra do Golfo, com caráter forte e olhos sinceros, foi internado em uma clínica psiquiátrica acusado de um assassinato que não cometeu.

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4- Mr. Nobody

Mr. Nobody

Uma criança ama seus pais de forma igual, mas deve escolher um deles e, dessa escolha, depende toda a sua vida, da qual ele sabe muito mais do que seus pais. É um presente ou uma maldição? Existe algum significado? Ele sabe o que o espera. Mas estará animado com isso? Não parece.

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5- 13.º andar

The Thirteenth Floor

Um dos principais especialistas no campo das inovações de computador e programação criou um sistema que permite os seres humanos a se submergir à realidade virtual que representa Nova York na década de 30, do século XX. Sem esperar que o sistema seja aperfeiçoado, o criador novato, mas não tão jovem, decide entrar em sua nova realidade para buscar prazeres sexuais.

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6- Fonte da vida

The Fountain

Três histórias em três períodos de tempo diferentes tratam sentimentos desinteressados. Cada uma poderia ser um filme separado, e valeria um Oscar por sua sinceridade e amor.

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7- O show de Truman: o show da vida

The Truman Show

Truman vive em um estúdio de televisão. Em seu mundo não há um traço de crueldade, lágrimas ou cinismo. Mas ele não sabe dessa realidade. Você pode sentir pena ou invejar. Rir ou chorar. Mas esse show ficará em sua memória para sempre.

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8- Amnésia

Memento

O jovem Leonard tem alguma doença pouco comum: perda de memória de curto prazo. Se lembra de tudo até o dia X, o dia em que sua esposa morreu, mas não sabe onde dormiu na noite anterior ou quais pessoas estavam a seu lado. Quem tem este diagnóstico geralmente é tratado em instituições especiais, mas Lenny tem um objetivo: vingar o assassinato de sua esposa.

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9- Matrix

The Matrix

Um clássico. Toda a vida neste planeta é um sonho. Você não pode acordar sem a ajuda de fora, muito menos entender o que está acontecendo. Todos os dias pessoas vivem sem perceber que somente são energia.

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10- O homem que incomoda

Den brysomme mannen

É um filme sobre uma eleição. Sobre os limites que estabelecemos para agir, para seguir o que os outros esperam de nós. A maioria sonha em ter um emprego com uma bela vista da janela, seu próprio escritório, apartamento, relações livres… O povo desta estranha cidade tem tudo isso, à primeira vista não tem problemas. Os habitantes vivem sem emoções, até mesmo sorriem por inércia e não porque querem compartilhar sua alegria com alguém.

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Você nunca será feliz enquanto estiver com as pessoas erradas

Você nunca será feliz enquanto estiver com as pessoas erradas

Todos os dias, vamos construindo a nossa jornada, a partir das escolhas que fazemos. Escolhemos entre ir ou não trabalhar, qual roupa usar, o que vestir, se sorriremos ou não, e por aí vai. Dentre as opções várias que se abrem à nossa frente, uma das mais importantes vem a ser a que se relaciona às pessoas que escolheremos para manter por perto durante o nosso trajeto, pois elas serão o diferencial ao longo de nossos dias.

Um dos grandes entraves à satisfação pessoal de hoje consiste em focarmos exclusivamente nossos propósitos no que traz contentamento rápido, pois queremos que tudo aconteça agora, hoje. A maioria de nós é imediatista e acaba se concentrando nos prazeres mais próximos, sem pensar no longo prazo. Esquecer que o amanhã virá um dia e que ali enfrentaremos a nossa semeadura de vida acaba nos levando a escolher, muitas vezes, o que não dura.

Assim, chegamos vazios ao futuro, acompanhados de coisas e de pessoas que não acrescentam, não enriquecem, enquanto amargamos o peso das escolhas malfeitas. Triste olhar para trás e perceber que, ao optarmos pelo que era mais fácil e bonito, deixamos escapar por entre os dedos muitas riquezas que nos preencheriam os dias com verdade e amor. Escolher sem levar em conta a essência equivale a plantar sementes ocas em terreno estéril.

E, nessa toada, vamos nos arrastando pelos dias, sentindo uma angústia íntima sem explicação, como se faltasse algo aqui dentro de nós, mas, na verdade, o que falta é lá fora mesmo, é alguém que esteja pertinho, juntinho, com dedicação sincera, amor e afeição desmedida. Nada além do amor nos cura e nos reergue. A estética e o glamour até que nos transmitem uma falsa sensação de prazer e de contentamento, mas é a essência de tudo que nos alimentará a alma.

É preciso que preenchamos os nossos dias com as companhias que nos sorriem de volta, que nos oferecem o que possuem sem afetação, sem cobranças, sem miséria afetiva. É necessário vermos o futuro como o lugar em que olharemos para trás com a certeza de que compartilhamos nossas vidas com quem nos proporcionou momentos mágicos e especiais. É disso que a vida deve ser feita e é assim que teremos a sensação de dever cumprido, junto a gente de carne e osso e de alma límpida.

 

4 lições que “Procurando Dory” pode ensinar: olhar psicológico

4 lições que “Procurando Dory” pode ensinar: olhar psicológico

Por Josie Conti

A temática da aceitação do diferente e da inclusão do deficiente sempre é uma constante entre educadores e psicólogos, entretanto, a realidade mostra que a teoria só tem resultados efetivos quando é aplicada de forma multifatorial. Não basta estimular, é preciso amar. Não basta amar, é preciso acreditar. Não basta acreditar, é preciso realmente aceitar e, só então, os progressos virão no tempo possível.

Assim aconteceu com a peixinha Dory que na animação “Produrando Dory”- (Finding Dory, 2016-Disney•Pixar ), dirigida por Andrew Stanton e Angus MacLane, mostra um percurso de reencontro com sua família, consigo mesma, e com o seu valor e potencialidades.

Treze anos após o estrondoso sucesso de “Procurando Nemo” e um ano depois de Marlin encontrar Neno na lógica da animação anterior, Dory começa a ter pequenos “flashbacks” sobre sua família de origem. A vivência dessas memórias a impede de continuar como está e uma busca por eles é inevitável: ela sente saudades, muitas saudades.

Desta vez, Nemo e Marlin entram como coadjuvantes da história, mas nunca como figuras menos importantes uma vez que eles, apesar das dificuldades, amam e acreditam em Dory.

Então surgem as perguntas, contidas na sinopse original do filme, e que serão respondidas pela nova história: O que ela consegue se lembrar? Quem são seus pais? E onde ela aprendeu a falar Baleiês?

Mas, para além disso, ficam as lições que Dory nos deixa através de suas jornada:

1- Se a limitação é real é preciso entendê-la e falar sobre ela para que as outras pessoas também entendam e possam ajudar:

Dory entende que não consegue guardar informações por muito tempo e que, poucos segundos após ouvir algo, já se esquece. A memória recente é responsável pela capacidade de reter, por alguns segundos, um número limitado de informações. São aquelas informações que nós guardamos por alguns segundos apenas para fazer escolhas ou tomar decisões. Para Dory, não conseguir guardar essas informações fazia com que ela se perdesse em caminhos e no fluxo de seus pensamentos o tempo todo.

“Eu sofro de perda de memória recente”

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2- A aceitação é necessária para que se possam encontrar alternativas e se adaptar ao meio.

Uma vez que Dory, sua família e amigos, sabem exatamente quais são suas dificuldades, é possível elaborar estratégias para que ela possa ser “ajudada” a se lembrar. A animação deixa claro o quanto o emocional está envolvido na retenção de memórias que não se perdem (memóricas de longo prazo) e como alguns estímulos podem desencadear as lembranças.

 “Minha mãe gosta de conchas roxas”

“Siga as conchas e chegará em casa”

Em ambas as frases há associação emocional: a figura amada da mãe é associada às conchas assim como conchas são associadas a “voltar para casa”, caso tenha se perdido.

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3- Valorizar as habilidades que são mais desenvolvidas em quem sofre de alguma deficiência.

Assim como cegos possuem o tato e a audição mais apurado, a animação mostra que Dory desenvolveu uma capacidade de se adaptar às situações de dificuldade. Ela é simpática, ela fala com todos, ela procura ajuda, e, em um momento em que Marlin (pai de Nemo) reflete, depois de ter sido injusto com ela, percebe que ela é ousada e valente, pois ela é capaz de achar formas criativas e loucas de continuar.

Dentro de Dory existe a estrutura de ter sido amada e estimulada em seus potenciais quando pequena. Ela sabe que deve continuar e não desistir nunca.

“Tenho certeza de que você vai se lembrar”

“Você nunca vai se esquecer de nós”

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4- Saber que nossa família é quem amamos

Dory está com Marlin e Nemo, mas descobre que falta algo e que precisa encontrar sua família. Quando encontra sua família, percebe que não pode viver sem Martin e Nemo e imediatamente se lembra deles. A família está onde nosso coração está e Dory sabe bem disso. Família é quem amamos e quem nos ama, é quem cuida de nós e com quem nos preocupamos e cuidamos. Família são aqueles que nos ajudam a superar nossas dificuldades e enfrentar o mundo e,  com um olhar diferente, seguir.

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Dory, você consegue!

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Nota importantes para quem ainda vai assistir:

_ Prestem muita atenção no curta de alguns minutos que passa antes do filme começar. Ele também fala de superação de dificuldades de um filhote chamado Piper que inicia sua jornada de independência: é belíssimo.

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__E Não saiam do cinema antes de ver os créditos…tem um extra no final com o “Geraldo”!!!

Aproveitem! Josie

Por um amor Touch Skin

Por um amor Touch Skin

Como é bom a facilidade de encontrar pessoas pela internet! Pessoas que vivem distantes, e que se estivéssemos em outros tempos talvez nunca poderíamos manter contato cotidianamente. Como é bom reencontros que o mundo virtual possibilita, como é bom trocar fotos, mensagens, recados, áudios, vídeos. Percorrer universos com alguns cliques, compartilhar interesses, acompanhar vidas através de uma tela.

Skype, whatsapp, facebook… conectam mundos, preservam amizades, nutrem conversas e laços que poderiam se desfazer naturalmente numa realidade off-line.

São ferramentas demais de boas! E já não vivemos sem elas.
Mas quando o assunto é amor, relacionamento, me desculpe, mas eu ainda acho que 90% tem que ser pele.

O vídeo, o áudio, o teclado nos interconectam, mas só por um lado. Para amar eu tenho que sentir, perceber a comunicação que acontece no silêncio, nos gestos.

Nada substitui os olhos nos olhos, o jeito de mexer as mãos, o cheiro que vaporiza naturalmente e nos liga antes das palavras.
Há uma energia dos corpos que diz mais do que todos os contatos que uma tela oferece.

Por isso eu quero amar uma pessoa tridimensional, 360 graus, que ocupa mais espaço do que o retângulo do monitor.

Quero amar uma pessoa cheia de ângulos e defeitos, cheia de humores e fluidos, cheia de gestos e manias.

Quero o desafio do imperfeito, o cotidiano que mata as ilusões.

Quero uma pessoa de carne osso, sonhos, frustrações, quedas e voos.

Prefiro uma cama cheia e a caixa de e-mails vazia. O telefone mudo e as mãos preenchidas com outro ser humano. Prefiro a casa bagunçada e as mensagens caladas. Prefiro uma voz que fala perto do ouvido a 50 corpos bonitos no tinder.

Quero um relacionamento presencial e sem distância, ao vivo, a cores, a texturas e odores, off-line, orgânico. Quero que os aplicativos sejam as trocas, as risadas e os choros. Que a quantidade de estímulos seja menor, mas mais profunda. Quero tocar com meus dedos as pintas do corpo e não os pontos nas telas.

Quero um relacionamento touch skin

E não é a quantidade que faz a estrutura de um grande amor

E não é a quantidade que faz a estrutura de um grande amor

Como mensurar um grande amor? Será mesmo que em nossos corações temos uma pequena tabela sobre o tamanho dos amores? Dividi-los por categorias e importâncias é justificável? Sempre me foi de curiosidade essas comparações de amores. Obviamente eles são diferentes para cada pessoa que o transborda, mas quando objetificamos seus significados, o resultado pode ser injusto. Injusto com quem sente e com que o recebe. Afinal, se o amor é a máxima da vida, colocá-lo numa medida, restringe suas possibilidades e adversidades. É querer manipular algo descrito na língua, mas que não é cabível de tato.

Seguimos, muitas vezes, o caminho confortável do imaginar esse sentimento como algo a ser constantemente provado. Alguns corações possuem orgulho das provas de amor. E reconhecem-no somente se ele vier acompanhado das mais longas juras, dos presentes mais essenciais e das atitudes que atendam às expectativas. Será isso o amor? Uma constante satisfação das vontades e anseios do outro, ou, sendo mais esperançoso, o amor seria uma troca, uma espécie de desejos compartilhados para o bem de ambos os amantes?

Falam de concessões e sacrifícios em prol do outro. É uma linha tênue aqui, porque confundimos esses gestos com algum tipo de obrigação amorosa. Mas os amores são distintos, e que bom o são. Não há forma específica para explicar as consequências dos nossos amores aos amantes, familiares e amigos, por exemplo. Contudo, insistimos na unidade. Porque centralizar é reconfortante. Não implica risco e podemos administrar e ter em vista todos os ângulos.

Mas o grande amor não dá para ser teorizado. Ele precisa ser violado e desconstruído a despeito dos achismos e vícios emocionais passados. Para quem persiste, talvez o amor realmente possa ser quantificado em pequeno ou grande, mas ao assumir isso se faz necessário um salto de si, uma permissão para o coração desbravar outras direções, onde seja essencial somar quereres e respeitar lados.

 

INDICADOS