Ventos de mudança nunca trarão resfriados.

Mudanças podem ser traumáticas, demoradas, nem sempre planejadas nem digeridas como deveriam, mas chegam e literalmente trocam tudo de lugar. Ou trocam o lugar de tudo, conforme o ponto de vista.

Mudanças nos tiram dos eixos, desconcertam a rotina e os hábitos ficam loucos, esquizofrênicos, repetindo o que guardam na memória e, por um tempo, se recusando a receber e arquivar as novas memórias.

Mas uma mudança sempre traz consigo uma nova perspectiva, um desafio para encarar. Querendo ou não, isso nos move, nos acende e nos empurra para um degrau acima, ou, com habilidade, talvez dois.

Mudar de profissão ou trabalho é dos mais valentes desafios. As mais das vezes significa encarar o tempo vivido como não suficientemente válido para a realização dos projetos da vida. Mas agarrar a coragem e ir mudar tudo, compensa cada medo e frustração já vividos.

Mudar de casa, de cidade, de país é mudar de cenário, é provocar as próprias bases para que também se mudem, caso queiram acompanhar o novo projeto. É aprender a viver em outra arquitetura com outras dificuldades, outros hábitos, outro idioma e pessoas.

Mas no final, de qualquer forma e nas mais diferentes expressões, a grande experiência sempre será a pessoal, a forma de adaptação que cada um cria para encarar a mudança.

Mudar a forma de pensar, mudar de opinião, mudar a cor preferida, mudar estilo de vida, simplificar ou complicar, querer mais ou querer menos, buscar finalmente tudo o que estava há anos escrito nos diários e caderninhos. Mudar é dar à inquietação uma solução para seus temores.

Ventos de mudança nunca trarão resfriados. Ventos de mudança trazem a perspectiva de vida sob outro ponto de vista, novo olhar, novos anseios e oportunidades.

Se ainda assim o medo do resfriado for maior, se a resistência for gigante, vista um casaquinho, coloque um cachecol e experimente uma mudança, ainda que apenas de lado da calçada. Já será uma nova experiência.

E, aos poucos, mude o mundo!







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.