Perdoar é uma coisa. Conviver com o perdoado é outra completamente diferente!

Perdoar é uma coisa. Conviver com o perdoado é outra completamente diferente!

Viver alimentando rancores por sentimentos feridos, confianças quebradas e corações partidos é tão sem propósito quanto andar por aí carregando uma bola de ferro amarrada ao tornozelo. No começo dói o pé. Aos poucos, a dor vai se irradiando para a perna. De repente, você desiste de ir a qualquer parte, porque o peso ficou insuportável. A dor, agora, é no corpo inteiro. E na alma.

É indiscutivelmente libertador aprender a perdoar. E nem tem nada a ver com ser altruísta e nobre, essas coisas que a gente trabalha na terapia; aquelas que a gente entende mais ou menos, acredita mais ou menos, digere mais ou menos. Nada disso! Perdoar é uma das coisas mais egoístas que existem! Não faz sentido?! Pare só um instantinho para pensar…

Enquanto a gente não perdoa, a pessoa que nos feriu, magoou, ferrou ou destruiu, continua morando dentro da gente. Essa criatura infeliz toma o nosso tempo em pensamentos ruminantes que ensaiam fazer a digestão, mas voltam toda hora à nossa boca com um gosto amargo e persistente.

Não perdoar é uma tremenda cilada. Enquanto não somos livres o bastante para conceder essa valiosa indulgência, o maior prisioneiro somos nós. Não perdoar é uma das mais poderosas formas de dar ao outro o poder de controlar as nossas emoções. O não perdoado vira quase uma obsessão, uma medalha enfiada na carne, um peso no coração.

Ahhhh… Mas eu concordo com você… Há coisas que são realmente quase impossíveis de perdoar. Maldades explícitas e implícitas que roubaram da gente a dignidade ou a vontade de viver. Atitudes traiçoeiras, capazes de fazer a gente ficar duvidando da própria inteligência e percepção da realidade. Comportamentos depreciativos que nos deixaram com uma sensação de inabilidade, falta de valor e de atrativos. Tudo isso é muito doloroso, e desnecessário, e destrutivo.

Inegável assumir que nenhum de nós está livre de cometer injustiças, errar, fazer as mais incríveis bobagens. No entanto, quando se trata de ter “pisado na bola”, de ter cometido uma grande ou pequena sacanagem, mas ser capaz de admitir que errou e fazer alguma coisa – qualquer coisa – para reparar ou, que seja, apenas demonstrar ao outro que percebeu o erro, ainda há alguma chance de diálogo, ou de escuta, ou de xingar mesmo e lavar toda a roupa suja. Ótimo!

Duro mesmo é quando a criatura fez, pisou, aprontou, sapateou e saiu assoviando, com cara de paisagem. Aí, não há alma santa que se garanta. Sem contar aquelas “peças raras” que, além de te sacanear, dão um jeitinho de virar a história e sair de vítima.

A questão é que o verdadeiro sacana, deixa mortos e feridos e não olha para trás. Nem lembra que a gente existe. Então, afinal de contas, qual é a lógica de oferecermos a essa espécie de indivíduo a nossa valiosa energia?

Sendo assim, hoje eu vou tirar o dia para distribuir perdões. Fica assim determinado! Estão perdoados todos e todas, sem distinção de sexo, tamanho, idade, cor, peso, altura e grau de mau-caratismo. Dedico a todos e todas o meu esquecimento. Considerem-se livres para baixar em outro terreiro. Devidamente deletados e deletadas, façam apenas a gentileza de desaparecer. Porque perdoar é uma coisa! Conviver com o perdoado é outra completamente diferente! Nesse nível eu ainda não cheguei!

Não me cure demais; ainda prefiro sentir tudo na ferida viva do meu coração.

Não me cure demais; ainda prefiro sentir tudo na ferida viva do meu coração.

Disse Belchior, cantou Elis. Que sentiam tudo nessa chaga aberta no peito. Olha, a vida fere quase todo mundo. Acerta de alguma forma quase todos os peitos. E a maioria de nós, segue, permanece. Vivo. Com uma ferida que não morre, nem cicatriza. Porque somos essa ferida. Essa coisa viva no peito, que dói, mas relembra quem nós somos e o que superamos. Belchior tá sumido, né? Não voltou. Tá por aí com o coração, com suas dores e alegrias. De vez em quando a gente precisa de gente como ele. Alguém que dá nomes para as feridas que temos.

Aí tem umas dores que dá medo de curar, são essas que nos moldaram. Dá medo de tomar essa pílula da felicidade que os artistas dos comerciais tomaram. Olha a cara deles, olha a cara da Elis. Quem parece mais vivo? Quem passa mais coragem pra encarar a vida?

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A publicidade nessa ânsia de elogiar produtos faz qualquer um parecer um espantalho, hein. De repente tudo que um ser humano é fica embalado num potinho com código de barras.

Eu sinto demais, nem sou o maior de todos os seres, mais sentir demais me deixa tão maior que não caibo numa embalagem mais. Que rótulo irão querer me dar? Definir um pote de margarina é uma tarefa fácil. Mas eu? Mas você? Como querem nos resumir por afinidades políticas, culturais? Acham ser possível encontrar quais ingredientes nos compõem? É impossível. Totalmente. Porque uma hora a gente é de uma coisa, outra hora a gente é de outra. O novo sempre vem. Não tente enquadrar, reduzir, delimitar. Tudo que somos é incontável.

Conhecer uma alma humana é aceitar que não a conhecemos. É solucionar um mistério e imediatamente se ver intrigado com outro mistério.

É achar um Belchior e em seguida se perder dum Caetano.

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Vai sempre faltar alguma coisa a mais, porque somos todos almas humanas. Com feridas vivas no coração. Mal conseguimos achar a nós mesmos.

O dia, não poucas vezes me arrepia, e eu sei que você também já conteve algum choro pra não parecer ridículo. Ou alguma risada, ou engoliu algumas palavras, ou fugiu de algum lugar. Essas são nossas tentativas de curarmos essa ferida viva no coração.

Mas, como ensinou Nise da Silveira, não quero me curar demais, gente curada demais é chata.

E eu, desconfio que ela também disse; gente pra ser curada demais inventa infecção na alma demais e, ironicamente, adoece.

 

Feliz aniversário, onde estiver, Belchior. Obrigado.

Somos todos esquisitos. Ainda bem!

Somos todos esquisitos. Ainda bem!

Estranhos somos todos nós, cada um do seu jeito, de acordo com a sua história, a depender de suas lacunas emocionais ou calombos afetivos. Somos acometidos pelas mais variadas formas de estranhezas, na mesma medida em que apontamos com tanta facilidade as estranhezas alheias.

E, verdade seja dita, a gente vai se especializando em disfarçar o que sente, quando o que se sente não cabe bem direitinho nos padrões de normalidade. Vamos virando peritos em sublimar desejos e aspirações. E fazemos isso troca de uma aceitação pública, em troca de umas migalhinhas de afeto ou uns minutinhos de popularidade.

Eu, por exemplo, amo dias nublados. Sou apaixonada por tempestades. Detesto o Natal – e, não, eu não sou O Grinch. Falo sozinha, pergunto, respondo e discordo de mim mesma. Adoro ficar acordada no meio da noite, quando tudo é silêncio; há anos sofro de insônia porque meu relógio biológico deve ter sido fabricado no Japão. Tenho horror a rotina, não uso nem a mesma marca de sabonete duas vezes seguidas. Sonho acordada e acredito com todas as minhas forças que dizer “eu te amo” tem muito mais poder do que “vai com deus”.

E, para dizer a verdade, talvez eu não faça a menor ideia de quais são, de fato, as minhas bizarras esquisitices. Aquelas que só os outros são capazes de detectar, com seus olhares pouco indulgentes e muito afiados.

Ninguém escolhe ser esquisito. Não. Não mesmo. Mas, todo mundo é! E isso é altamente libertador, quando dito em voz alta ou escrito numa tela de papel virtual. Eu, aqui desse lado, contemplo agora seus olhos que me leem do outro lado, aí no seu lugar, no seu mundo. Nesse momento, meus olhos daqui encontram seus olhos daí e eu tenho uma coisa para te dizer “Abençoado seja o nosso direito de ser esquisito. Porque esquisitos somos todos. Só nos falta coragem para admitir e ser feliz assim, desse jeitinho!”.

 

 

 

Existem pessoas cruéis disfarçadas de boas pessoas

Existem pessoas cruéis disfarçadas de boas pessoas

Por Valéria Amado

Existem pessoas cruéis disfarçadas de boas pessoas. São seres que machucam, que agridem por intermédio de uma chantagem emocional maquiavélica baseada no medo, na agressão e na culpa. Aparentam ser pessoas altruístas, mas na verdade escondem interesses ocultos e frustrações profundas. 

Muitas vezes ouve-se dizer que “quem machuca o faz porque em algum momento da vida também já foi machucado”. Que quem foi magoado, magoa. No entanto,  ainda que por trás destas ideias exista uma base verídica, existe outro aspecto que sempre nos custa admitir: A maldade existe. As pessoas cruéis, por vezes, dispõem de certos componentes biológicos que as empurram em direção a determinados comportamentos agressivos.

O cientista e divulgador Marcelino Cereijudo nos assinala algo interessante. Não existe o gene da maldade, porém há certos aspectos biológicos e culturais que a podem propiciar”. A parte mais complexa deste tema é que muito frequentemente tendemos a buscar rótulos e patologias em comportamentos que simplesmente não entram dentro dos manuais de psicodiagnóstico.

Os atos maliciosos podem ocorrer sem que exista necessariamente uma doença psicológica subjacente. Todos nós, em algum momento da nossa vida, já conhecemos uma pessoa com este tipo de perfil. Seres que nos presenteiam com bajulação e atenção. Pessoas agradáveis, com êxito social, mas que em privado delineiam uma sombra obscura e alargada. Na profundeza dos seus corações respira a crueldade, a falta de empatia, e até mesmo a agressividade. 

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As pessoas cruéis e a molécula da moral

Tal como dissemos anteriormente, até hoje ninguém conseguiu identificar a existência do gene da maldade. No entanto, nos últimos anos aumentaram os estudos sobre um aspecto fascinante: a denominada “molécula da moral”. Para compreender melhor o que é esta estrutura, iremos nos contextualizar a partir de uma história real. Uma história terrível, que lamentavelmente acontece com muita frequência.

Hans Reiser é um programador norte-americano famoso por ter criado os arquivos ReiserFS. Atualmente, e desde 2008, está na prisão de Mule Creek por ter assassinado sua esposa. Ele não teve problema em se declarar culpado e em revelar onde enterrou o corpo de Nina Reiser. Como dado curioso, vale a pena dizer que este especialista em programação dispõe de uma inteligência prodigiosa, ao ponto de ter iniciado os seus estudos universitários ainda adolescente.

Depois de um julgamento rápido e de ter ingressado na prisão de San Quintín, decidiu preparar ele próprio o seu recurso. Através de 5 folhas escritas à mão, argumentou  que o seu cérebro funcionava de maneira diferente. Reiser tinha conhecimento dos estudos que estavam a ser realizados sobre a oxitocina e a utilizou como argumento. Segundo ele, tinha nascido com o seguinte problema: o seu cérebro não produzia a chamada molécula da moral. Carecia de empatia. 

Obviamente, e como era de se esperar, este argumento não o impediu de cumprir a pena perpétua. No entanto, o tema sobre a origem da maldade voltou a entrar em debate. Nos dias de hoje, dá-se pleno valor ao fato de que a oxitocina é o hormônio que faz de nós seres “humanos” na sua vertente mais autêntica. Pessoas educadas e preocupadas em ajudar, cuidar e empatizar com os nossos semelhantes.

Como se defender da crueldade camuflada

No nosso cotidiano, nem sempre nos relacionamos com pessoas tão cruéis como a anteriormente citada. Porém, somos vítimas de outro tipo de interações: as de falsa bondade, a agressividade encoberta, a manipulação, o egoísmo sutil, a ironia mais daninha, etc.

Estes comportamentos podem ser resultado de vários aspetos. Carência de inteligência emocional, um ambiente pouco afetivo onde a pessoa cresceu ou até mesmo um déficit na liberação da oxitocina. Tudo isto talvez determinará essa agressividade mais ou menos encoberta. De qualquer forma, não podemos esquecer que quando falamos de agressividade, não estamos nos referindo exclusivamente ao dano físico. 

A agressão emocional, a instrumental ou a verbal são feridas menos denunciáveis devido à necessidade de serem provadas, mas são mais corriqueiras e por isso temos que nos defender. Explicaremos como.

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Pessoas cruéis: saber reconhecê-las e evitá-las

Todos podemos ser vítimas das pessoas cruéis. Não importa a idade, o status ou as nossas experiências anteriores. Este tipo de pessoa pode ser encontrado no meio da família, em ambientes de trabalho e em qualquer outro cenário. No entanto, podemos identificá-las de várias formas.

  • A pessoa de coração obscuro nos seduzirá com a mentira. Elas irão se camuflar por trás de palavras bonitas e atos nobres, mas pouco a pouco surgirá a chantagem. E mais tarde, a criação do medo, da culpa e da violência mental.
  • Perante estes mecanismos, cabe apenas uma opção: a não-tolerância. Não importa que seja a nossa irmã, nossa parceira ou um colega de trabalho. Os perturbadores da calma e do equilíbrio só buscam uma coisa: acabar com a nossa autoestima para ter o controle.
  • Teremos a sensação clara de que não há saída. De que elas nos têm sob suas redes. No entanto, vale recordar que “é mais poderoso aquele que é dono de si mesmo”. Por isso, é importante acabar com o jogo da dominação e da agressividade com determinação.

Os jogos da dominação e da agressividade encoberta são muito complexos. No entanto, é necessário agir com rapidez para remover armadilhas e reagir a ameaças veladas. No momento em que sentirmos desconforto ou preocupação em relação a certos comportamentos, só existe uma opção: a distância.

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

Um carta para quem precisa demais desabafar: “Estar triste não é imoral.”

Um carta para quem precisa demais desabafar: “Estar triste não é imoral.”

Estou triste. Eu às vezes sinto como se ninguém estivesse se importando comigo.

E como se eu fosse alguém que despertasse incômodos. Talvez eu seja. Talvez seja tudo coisa da minha imaginação.

Tenho medo de me expressar. Quando me expresso eu me julgo.

Digo para mim “Não diga isso.” Eu tenho medo do erro, ter medo do erro é sentir uma insegurança enraizada.

Já pensei em morrer hoje.
Mas não morri, estou vivo.

É um dia difícil como outros dias foram difíceis. Me sinto profundamente sozinho e incapaz de sair de mim. Parece que falo outro idioma. A minha língua me sufoca. Eu inspiro e respiro.

Não passa tão rápido quanto eu gostaria. Tenho dificuldade de confiar respostas a alguém e de me abrir.

É difícil, porque eu acho que do outro lado há um juiz implacável.

Talvez eu esteja me vendo no espelho. Eu sou meu juiz implacável.

Mas a voz de outros também são. Não estou com raiva de ninguém, nem revoltado, estou triste.

Uma tristeza conformada. E escrevo pra alguém. Se você for esse alguém, por favor, aqui estou eu. Também estou triste. E me sentindo sozinho. Posso acompanhar a sua solidão?

É uma dia difícil, como outros dias são difíceis. Não é o primeiro, nem será o último. Não vai dar tudo certo, entenda.

Mas vai dar tudo. Tudo é muita coisa. Tudo é muito mais que certo. É melhor dar tudo do que certo. Porque dentro de tudo há milhares de coisas melhores e mais úteis do que o “certo”.

Se você é alguém que ao ler essas palavras sente pena, essas palavras não são para você.
Piedade a gente tem de quem peca. Sofrer não é pecado. Estar triste não é imoral.
Ninguém precisa sorrir e abraçar o mundo inteiro forçado. É violento exigir alegria. Faz parte o dia ruim, a gente não quer fugir do dia ruim, nem disfarçá-lo.

A gente é feito de carne, osso e memórias.

contioutra.com - Um carta para quem precisa demais desabafar: "Estar triste não é imoral."
Meu peito, meus braços, minhas pernas, tudo é água e saudade. Você sente saudades de você mesmo? De outra pessoa que você foi dentro da pessoa que você é? Não tem volta não. Já somos outros e seremos pessoas inéditas daqui pra frente.

Eu estava triste e desabafei. Não sou mais o mesmo. Nem você é.
A gente é feito de carne, osso e memórias. E quando a carne, o osso e as memórias ficam tristes é um dia difícil, difícil, difícil.

Mas é um dia ainda. É um tempo ainda. E o tempo passa.
Minha tristeza deseja fortemente que a sua tristeza seja forte e consiga descobrir essa piegas, profundamente brega, verdade: Viver é aceitar a morte de uma esperança,
dar lugar ao nascimento de outras esperanças.

Eu estava triste e escrevi esta carta cafona. Mas sinceramente, quem não se permite cafonices ou é feito de pedra ou é feito de besta.

Cisma

Cisma

Se me ponho a cismar em outras eras…
Florbela Espanca

Que perfeição é o ninho de uma pomba!
Os gravetos são tramas perfeitas que suavizam a aspereza dos galhos, dispostos em círculos, formando um côncavo. Tudo muito instintivo e com um único propósito: acolher novas vidas e assim perpetuar a espécie.

E o ser humano, essa criatura, que tem consciência de sua existência, razão e sentimentos, como cuida dos seus, como os recebe?

O colo e os braços de seus pais, os beijos dos avós são ninhos; continentes seguros para a vida que chega e se desenvolve.

Todavia, pergunto: há ninho para quando se está partindo; quando uma vida se exaure; quando se vive o último ciclo?

Como serão os braços, ouvidos e mãos que contêm o peso de uma vida?
Será a bengala o apoio mais certo ou mãos sépticas e cuidadosas que desconhecem a história daquela vida?

Os seres humanos conscientes e responsáveis começam (quando possível) a se preparar na maturidade para a velhice, em termos financeiros.

Porém, não é desse ninho que falo e, sim, daquele que alimentará a alma do idoso em seu último ato. Terá a companhia dos seus e algum desses entrelaçará suas mãos com a dele?

E aqueles que já partiram de coração e, por alguma razão, o corpo ainda não se deu conta e resiste tacitamente? Terão algum acolhimento? E de que natureza?

Será o ninho um recanto de aconchego somente para a vida nascente e prematura e que, com o tempo e com o peso, vai se desmanchando?

Se assim for, como viver a ausência de um continente seguro e confiável no momento em que não há mais forças para ficar e nem partir?

Cabeceiras frágeis ou inexistentes em vidas sedentas de respaldo caem no vácuo.

Assim é a vida?

Pior que a convicção do não é a incerteza do talvez

Pior que a convicção do não é a incerteza do talvez

A pior das torturas psicológicas é conhecida por “e se”. E se o amor da sua vida estivesse a um passo da sua atitude? E se você tivesse enviado aquela mensagem? E se você tivesse realizado seus sonhos de criança? E se… E se… E se….?

O medo da rejeição ou do fracasso faz com que o ser humano viva no “quase” por toda a vida, sem entender que é o quase que fere, que ilude, que entristece. Que faz com sonhos sejam esquecidos, planos não sejam cumpridos e projetos não sejam executados. Por medo, o homem deixa de viver. “De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada” (Shakespeare).

Quase amor não é amor. Quase perdoar não é perdoar. Quase emagrecer não é ficar magra. Então por que as pessoas insistem nesse estado de incertezas? Sempre irá existir a possibilidade da rejeição, a possibilidade de dar tudo errado e, acredite, você não irá morrer por isso. Sabedoria vem com os conhecimentos empíricos adquiridos dia a dia e preferir a comodidade do “não” por medo de tentar, é covardia.

Sarah Westphal afirmava que “sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.”

Acreditar e realizar não é tarefa para muitos. Exige-se coragem e liberdade para possíveis consequências. Uma famosa frase de Freud define bem esse comportamento humano: “a maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.”

É necessário não temer a queda para que se aprenda a levantar. Não temer a vida quando ela se apresentar de forma plena. “Façamos da interrupção um caminho novo. Da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro!” (Fernando Sabino)

De erro em erro construímos nossa sabedoria. De queda em queda aprendemos a voar. De saudade em saudade, criamos a nossa história de vida. Então, separa sua mochila, aperte seus calçados e vá atrás de seus sonhos. Deixe o seu “quase” e sua insegurança pra trás. Há alegrias que só vêem depois de muitas lágrimas mesmo.

8 filmes para cair na estrada

8 filmes para cair na estrada

Viajar é umas melhores experiências da vida. Conhecer novos lugares, novas pessoas, novas culturas, explorar a imensidão do mundo, do homem e de si próprio. Nesta lista, os filmes apresentam de tudo um pouco e cada um ao seu modo, de acordo com o que estivermos vivendo, nos deixará com vontade de arrumar a mochila (ou não) e cair na estrada.

EASY RIDER (1969)

Escrito por Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern e com direção de Hopper, o filme mostra a história de dois motoqueiros: Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper) cortando o sul dos Estados Unidos em busca de libertação pessoal e autoconhecimento. Mostrando com realismo a realidade da geração beat e, consequentemente, do movimento hippie, a obra ajudou na consolidação do movimento cinematográfico da Nova Hollywood. Com uma bela fotografia regada a muito rock e ainda uma ótima atuação de Jack Nicholson, o filme mostra todos os dilemas, questionamentos e contradições desse período histórico, revolucionando o cinema da época e influenciando gerações futuras.

 

 

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THELMA E LOUISE (1991)

Uma das grandes obras do bom Ridley Scott, o filme nos apresenta Louise Sawyer (Susan Sarandon) uma garçonete de saco cheio da forma como é tratada e Thelma (Geena Davis) uma dona de casa submissa a um marido autoritário. Cansadas da vida monótona que levam, as amigas resolvem pegar a estrada a fim de passarem um fim de semana fora das suas cidades, quebrando a rotina. No entanto, logo no início da viagem, elas se envolvem em um crime e decidem fugir para o México, enfrentando uma série de aventuras, descobertas e dificuldades em uma mistura bem pontuada entre drama e humor. Com ótimas atuações das protagonistas e a bela trilha sonora do Hans Zimmer, o filme fala, sobretudo, da alma feminina e da liberdade que esta necessita para fugir dos medos e da opressão do mundo masculino, bem como, fazê-la sentir-se feliz consigo mesma.

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ANTES DO AMANHECER (1995)

O primeiro filme da trilogia Before, conta a história de Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy). Jesse é um americano que está vagando pelo Europa após o fim do relacionamento, buscando de algum modo se reestruturar. Celine é uma francesa que está a caminho da França após visitar sua avó em Budapeste, mas que também está permeada por conflitos existenciais. Esses dois jovens se conhecem num trem de forma episódica, acabando por se envolverem rapidamente e se apaixonarem durante uma noite de andanças pela bela cidade de Viena. Com um roteiro extremamente inteligente e diálogos memoráveis, além é claro de dois personagens apaixonantes, Richard Linklater cria um filme brilhante, em que discussões filosóficas sobre diversos assuntos, inclusive, o amor, são feitas de um jeito poético e belo, tornando o filme único. Sem falar, é claro, no cenário lindo de Viena.

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QUASE FAMOSOS (2000)

Década de 1970, William Miller (Patrick Fugit) é um jovem prodígio de 15 anos. Fã de rock, ele sonha em ser jornalista e cobrir as bandas das quais é fã. Após fazer alguns trabalhos para jornais e revistas locais, ele conhece Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman), um jornalista crítico e incorruptível, e eles passam a desenvolver uma amizade. Então, William recebe uma proposta da bíblia do rock, a revista Rolling Stone, para cobrir uma banda durante uma turnê. Assim, ele embarca em uma viagem muito louca, cheia de descobertas, envolvendo sexualidade, amizade, amor e autoconhecimento em meio ao mundo do estrelato e euforia do rock. O filme é inspirado em experiências reais vividas pelo diretor Cameron Crowe, que na adolescência acompanhou bandas que marcaram época, como Led Zeppelin, The Who e Allman Brothers, formando um filme muito verdadeiro, divertido, sentimental e, sobretudo, muito rock’n’roll.

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DIÁRIOS DE MOTOCICLETA (2004)

Dirigido por Walter Salles, o filme é baseado em um livro de memórias com o mesmo nome escrito por Ernesto “Che” Guevara. A trama percorre a viagem feita por Ernesto (Gael García Bernal), então com 23 anos, e seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de La Serna), um bioquímico, em uma motocicleta pela América Latina, a fim de descobrir o continente além dos livros. A viagem que a princípio parecia uma aventura, aos poucos ganha um caráter mais dramático e político na medida em que novas realidades são descobertas pelos amigos argentinos. O filme ainda conta com uma bela fotografia e um retrato bem fiel da realidade de contrastes da América Latina, demonstrando de que modo essa viagem influenciaria na passagem do jovem estudante de Medicina Ernesto para uma das personalidades mais icônicas do século XX, o líder marxista, Ernesto Che Guevara.

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PEQUENA MISS SUNSHINE (2006)

Um filme libertador, essa é a melhor definição para o filme de Jonathan Dayton e Valerie Faris. A trama percorre a história de uma família pra lá de excêntrica, marcada pelo dilema entre o sucesso e o fracasso. Nesse universo familiar somos apresentados a Olive (Abigail Breslin), uma garotinha que sonha em ganhar um concurso de beleza. A fim de realizar o sonho da garota, a família se desloca em uma Kombi velha (mas, muito maneira) para chegar ao tal concurso, o “Little Miss Sunshine”. Ao explorar a problemática do sucesso/fracasso, o filme percorre muito bem a linha tênue entre o drama e a comédia que forma a vida dos personagens, desconstruindo máximas e padrões impostos pela sociedade. Com ótimas atuações e uma trama muito bem conduzida que te leva do riso às lagrimas com maestria, a obra é uma ode às nossas idiossincrasias, à loucura que nos forma e, sobretudo, um grito de independência aos padrões sociais que retiram nossa beleza e nos deixam engaiolados.

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NA NATUREZA SELVAGEM (2007)

Roteirizado e dirigido por Sean Penn, o filme baseada no livro homônimo de Jon Krakauer, narra a história de Christopher McCandless (Emile Hirsch), jovem americano de família rica, altamente erudito e saudável, que após se formar na faculdade, decide deixar a vida de superficialidade que o cercava para entrar em contato com o âmago da vida. Assim, abandona casa, carro, família e dinheiro, embarcando em uma jornada de autoconhecimento rumo ao Alasca. Com uma fotografia belíssima e uma trilha sonora maravilhosa, o filme consegue ser extremamente filosófico e triste, ao mesmo tempo em que carrega uma leveza poética. Colocando em xeque o modus operandi da sociedade consumista, marcada pela aparência, superficialidade, egoísmo e adequação, a obra nos faz questionar o verdadeiro sentido da vida e de que modo nessa estrutura temos conseguido sentir verdadeiramente as felicidades presentes no mundo.

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NA ESTRADA (2012)

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Também dirigido por Walter Salles, o filme é baseado na obra-prima do escritor americano Jack Kerouac, um dos fundadores do movimento beat, que inspirou o movimento de contracultura dos anos 1960 e o movimento hippie. O filme percorre a vida de Sal Paradise (Sam Riley), um jovem aspirante a escritor que acaba de perder o pai. Ele é apresentado, então, a Dean Moriarty (Garrett Hedlund), um jovem vindo do Oeste com a sua namorada Marylou (Kristen Stewart), que se preocupa apenas em aproveitar a vida ao seu modo. Esse encontro muda a vida de Sal, que decide por o pé na estrada, em viagens de autoconhecimento e libertação regadas a muitas drogas, jazz e sexo. É um filme que expõe a origem de uma geração importante na história, marcada por questionamentos sobre a sociedade e a vida, bem como, as suas contradições e angústias.

Se a vida é feita de escolhas, eu escolho não ser obrigado

Se a vida é feita de escolhas, eu escolho não ser obrigado

Somos rodeados e bombardeados, o dia todo, todos os dias, por regras, preceitos, receitas e conselhos sobre o que fazer ou não. Leis regem nossa conduta em sociedade, no trabalho, no trânsito, até nos procedimentos quando de nossa morte. Obviamente, limites são necessários, quando vivemos em sociedade, no entanto, há que se ponderar acerca do que realmente tomarmos para a nossa vida, ou sufocaremos nossa jornada sob o peso do que esperam que nós façamos.

Não sou obrigado a concordar com aquilo que não condiz com o meu modo de pensar, só para agradar os outros. Tenho sonhos próprios, sentimentos únicos, vontades minhas, ou seja, ninguém me conhece melhor do que eu, portanto terei que tentar viver as minhas verdades da melhor maneira possível, discordando do que me contradiz, ou respiro feito robô, infeliz e frustrado.

Não sou obrigado a engolir a seco quando elevam a voz sem razão, quando me sinto ofendido em minha dignidade, quando me agridem deliberadamente. Para que eu alcance minha autonomia enquanto pessoa, para que eu seja respeitado como cidadão, terei que me impor, que me fazer enxergar. O outro só saberá até onde pode avançar sobre mim, caso eu esclareça os limites de minha paciência.

Não sou obrigado a insistir em um relacionamento já fadado ao fracasso, por medo de desistir, de recomeçar, de me dar novas chances de ser feliz. Minhas desistências são corajosas, são pensadas, repensadas, demandam tempo e muitas lágrimas. Manter-me preso a um vazio de dois que só machuca, por conta dos olhares opressores de quem não mora comigo, nem divide meu arroz e feijão, é uma das piores atitudes que eu posso tomar.

Não sou obrigado a fingir que gosto de quem não me faz bem, de quem não acrescenta, não soma, nem não nada. Desde que eu mantenha o respeito, não distribuirei sorrisos amarelos a gente falsa, hipócrita, interesseira e covarde. Manter-me a uma distância segura de tudo e de todos que exalam negatividade me tornará mais feliz e satisfeito.

Não sou obrigado a viver de acordo com o que os outros esperam que eu seja, a me vestir de acordo com o que as vitrines vendem, a ouvir o que as rádios me empurram. Não me sujeito a padrões arcaicos que só fazem achatar tudo aquilo que vibra o meu coração. Sou alguém que sente, ama e odeia conforme o ritmo de minha essência, do que clama meu íntimo, tão meu, tão necessário, tão vivo dentro de mim.

Não sou obrigado a chorar escondido quando a tristeza toma conta de mim, só porque os outros podem me achar uma pessoa fraca. Minha força vem exatamente da dor, meu fortalecimento se reergue exatamente em minhas tempestades emocionais, ou seja, minhas lágrimas servem ao esvaziamento do que me diminui, para que o vazio se preencha pela vontade de recomeçar.

Não sou obrigado a me sujeitar à grosseria de meus superiores, como se vivêssemos à época da escravidão, como se o pagamento do salário fosse pré-requisito para eu me anular frente ao mundo, para eu me isentar de humanidade, de dignidade e do sentir, que me é inerente. Não posso me permitir aceitar subserviência desumana e assédio diário para ter o que comer.

Não sou obrigado a aceitar tudo o que me acontece de ruim com resignação, contendo minha revolta, somatizando minhas frustrações enquanto castigo meu corpo e minha sanidade mental. Tenho o direito de contradizer, de me defender, de gritar a minha dor, para que me reequilibre e siga em frente, sempre, livre do que passou.

Desde que eu não fira o direito do outro, desde que eu não passe por cima de ninguém, poderei me desviar de tudo e de todos que emperram o meu caminhar sereno, ignorando o que não me cabe, tomando para mim o que me ajude, ficando junto a quem me soma verdades, a quem me traz luz, a quem poderei ser tudo o que tenho, a quem me aceite e me acolha, sem delongas, com inteireza e sorriso sincero. A ser feliz, sim, sou obrigado.

Esse sofrimento não vai durar para sempre

Esse sofrimento não vai durar para sempre

Há momentos na vida, em que a dor é tão pungente e profunda, que temos a impressão que aquilo nunca mais vai acabar. As lágrimas ganham vida própria, o corpo dói, a alma quer ficar bem quietinha no seu próprio canto. Todos nós estamos sujeitos à dor, não importa o quão forte sejamos.

A diferença é que alguns estabelecem relações afetivas com a dor. Outros, talvez menos sensíveis e quem sabe, mais espertos, mandam a desavergonhada ir arranjar o que fazer em outra parte. Recebem-na, conversam com ela e, terminadas as formalidades mandam-na passear. E ela vai, pode acreditar!

A dor não tem medo nenhum de ser descartada. A gente é que, estranhamente, parece ter algum receio de libertá-la. Por alguma misteriosa razão, há quem se afeiçoe à dor. Há quem acredite que falar sobre ela, recordá-la, reciclá-la, é algo natural e até necessário. Como se os momentos de “não doer” só fizessem sentido e tivessem valor, quando comparados e apoiados em alguma experiência que fez sofrer.

A dor física tem uma enorme importância para a nossa sobrevivência e reconhecimento das nossas limitações orgânicas. Se o corpo dói, é porque alguma coisa não vai bem. Há algo errado. Forçamos demais alguma musculatura. Um bichinho traiçoeiro nos invadiu o organismo e nos fez adoecer. Ferimo-nos. Essa dor é palpável. A maioria de nós, age instintivamente em busca de eliminá-la. Quem tem oportunidade e, ou, juízo procura um médico. Os mais afoitos, tomam um analgésico. Outros, mais resistentes, passam dias suportando a intrusa, até tomar uma providência. Mas no fim, todos, de uma forma ou de outra, reagem a fim de buscar alívio.

Já a dor emocional… essa é desprovida de obviedade, é sorrateira, é sedutora. Parece cheia de artimanhas a nos envolver em seus emaranhados braços. É possível que nos sintamos acolhidos ali, há um conforto, uma familiaridade, uma humanidade na dor.

É verdade que algumas vezes, não há jeito de não doer. Há perdas que são irreparáveis. Há abandonos inexplicáveis. Há maldades imperdoáveis. Há situações inimagináveis. Sim, é verdade que às vezes não há jeito de não doer.

No entanto, assim como as alegrias, essas criaturinhas travessas e voláteis, a dor, tão mais sábia e soturna, também ela passa, ou pode passar. Tudo depende do quanto formos generosos acerca do nosso direito de dizer adeus, ainda que não seja um adeus definitivo. Tudo depende da nossa disposição em deixá-la ir. Porque é verdade o que se diz por aí: não há dor que dure para sempre!

Sendo assim, paremos de tratar esse monstrinho disfarçado de bichinho encantador como se ele pudesse ser domesticado. Não pode. A dor é selvagem, livre, indócil. Mas, não é definitiva. Nada é definitivo. Então, aprendamos a saborear as felicidades rasas e fundas, os prazeres efêmeros e duradouros, os sustos benfazejos das surpresas tolas e corriqueiras. Porque é dessas experiências benignas que tiraremos força para lidar com a próxima experiência que doer.

Ter um amigo gay é…

Ter um amigo gay é…

Jamais saberia viver sem meus amigos gays.

Divertidos, elegantes, refinados, sinceros, alegres.

São os únicos amigos que têm coragem de dizer, sem dó nem piedade, “amiga, essa roupa está uó” ou “sai dessa, esse bofe não presta”.

Eles não se sentem ameaçados com a beleza de uma mulher. Pelo contrário, quanto mais linda ela estiver, mais eles adoram – são amantes incondicionais da beleza.

E o melhor de tudo: não são blasés. Recebem qualquer pessoa com um sorrisão, gostam de fazer novas amizades, tratam a todos, sem distinção, com carinho e educação.

Estão sempre bem vestidos e antenados com as últimas tendências do mundo da moda, da gastronomia, da decoração e do designer.

E se quiser saber a última fofoca das celebridades, eles contam tudo!

Além disso, conhecem lugares super descolados para badalar.

Cultos, sabem apreciar um bom vinho, um bom papo, uma boa leitura.

São ótimos ombros amigos para chorar e ótimos pés de valsa para dançar.

Não existe um companheiro de viagem melhor do que um amigo gay: curioso, ele está sempre disposto a conhecer mais e mais (e faz roteiros incríveis).

Se existe uma coisa que os gays conhecem é o famoso “timing”. Sabem a hora de brincar e de falar sério. Sabem a hora de falar besteira e de se jogar numa futilidade, mas também sabem conversar sobre política, economia, artes plásticas, cinema.

É praticamente impossível ficar triste na companhia de um amigo gay.

Animados, estão sempre dispostos a sair e mergulhar em novas possibilidades e possuem um humor ácido, uma fina ironia e um sarcasmo de primeira.

Suas gírias são deliciosas! São extremamente criativos.

Bem informados, geralmente nos colocam a par das estreias, lançamentos e inaugurações que valem o quanto pesam, mas nem por isso deixam de reconhecer o valor da cultura inútil e trash – como o último vídeo que viralizou.

Falam de sexo com naturalidade e vivem sua sexualidade sem drama. Não são pudicos.

Ousados, não se surpreendem nem repreendem quem chama atenção por onde passa. Se você quiser tomar um porre e dançar sobre a mesa de um bar eles entram na festa, dançam junto e ainda tiram fotos maravilhosas.

São verdadeiros gentlemen e quando gostam de verdade de uma pessoa tratam-na como se fosse da família: são capazes de tirar o pão da própria boca para dar a quem precisa.

Desde a adolescência vivo cercada deles e aprendo muitas coisas com esses meus amigos maravilhosos.

Confesso que sinto certa pena dos que alimentam preconceitos, dos que não tiveram a sorte e a alegria de ter um grande amigo gay.

Eu, felizmente, tenho vários! Porque ter um amigo gay é… Muito amor, diversão, babado e confusão (do bem).

*Este texto foi escrito para todos os meus amigos gays, que amo de paixão.

Você está fazendo o teu possível ou o teu melhor? – por Mario Sergio Cortella

Você está fazendo o teu possível ou o teu melhor? – por Mario Sergio Cortella
SP - 22/07/2016 - ISTOE - OS GURUS DA INTELECTUALIDADE BRASILEIRA. MARIO SERGIO CORTELLA - FOTO: FELIPE GABRIEL

Por Mario Sergio Cortella

(Foto: Felipe Gabriel)

Não é o melhor do mundo. É o teu melhor na condição que você tem enquanto não tem condições melhores para fazer melhor ainda. Pergunto de novo, mas não responda ainda, você está fazendo o teu possível ou o teu melhor? Porque se você ou eu podendo fazer o meu melhor, me contento com o possível, eu caio num lugar perigoso chamado ‘mediocridade’. Uma pessoa medíocre é aquela que é morna. Que está na média. Que não é quente e nem fria.

Lembra quando você chegava da escola com o boletim escrito: 6,0 em português, 5,5 em matemática, 4,0 em história… e você dizia: ‘deu pra passar’. Medíocre – ’Deixa, eu toco a minha vida’ – Isso é mediocridade. Porque uma pessoa medíocre é aquela que podendo fazer o seu melhor se contenta em fazer só possível.

Mediocridade é falta de capricho. Capricho é você fazer o teu melhor na condição que você tem. Exemplo: minha mãe e eu moramos na mesma rua em São Paulo e às vezes eu passo na casa dela por volta de cinco da tarde e ela me olha e pergunta: ‘você ainda não almoçou, né?’ – e completa – espera aí que eu vou fazer um negocinho pra você. Ela poderia fazer qualquer coisa, mas faz um talharim, com azeite. Depois corta um tomate cereja e coloca por cima. Isso é capricho.

Eu no Paraná, quantas vezes, caipira, ia até a roça visitar alguém que morava numa casa de pau-a-pique e via o chão de terra todo varrido – capricho: fazer o melhor na condição que tem enquanto não tem condição de fazer melhor ainda para não ser medíocre. Na roça eu pedia para tomar um gole d’água e a mulher pegava uma carequinha de alumínio toda amassada, mas muito bem areada – passava areia em volta. ‘Ah, mas já é pobre mesmo’ – Êpa – É pobre, mas é limpinho. Tem gente que é pobre e limpinho não é. Isso é medíocre.

Tem gente que é medíocre e sua obra é medíocre: ‘ah, mas do jeito que me pagam; mas eu não tenho condição…’. Há pessoas que em nome da condição, degradam a ação. Ao invés de ter um trabalho que é concomitante, luta para melhorar as condições e vai fazendo o seu melhor com aquelas que tem.

Estou te deixando, mas eu não sou o vilão da história

Estou te deixando, mas eu não sou o vilão da história

Sempre que ocorre um rompimento amoroso, tendemos a tomar as dores da pessoa que foi deixada pela outra, de quem foi o sujeito passivo da história. Aparentemente, na maioria das vezes, esta sofre mais, pois ainda acreditava na possibilidade de salvação do relacionamento, enquanto o outro desistiu, deixando-a só, como que sem tentar investir em tudo o que já construíram até então.

Textos, filmes, novelas, vários são os enredos que tratam da viagem dolorosa que implica a perda de um grande amor. Somos inevitavelmente levados a nos compadecer das dores de quem fica, enquanto costumamos retratar quem desistiu como alguém impiedoso, desprovido de compaixão. No entanto, trata-se de uma visão unilateral e muitas vezes injusta de um episódio em que duas pessoas estão envolvidas, sendo que, muito provavelmente, ambas sofrem.

Nem sempre quem desiste do outro deve ser visto como o vilão da história, como alguém que desiste facilmente das coisas, alguém sem sentimentos, sem gratidão pela entrega alheia, afinal, é preciso coragem para perceber que não vale mais a pena investir em um relacionamento que já morreu de vez e partir em busca de um novo rumo.

Desde que a separação não seja pautada por atitudes aviltantes, indignas e desrespeitosas para com o companheiro, às vezes ela é a única saída de uma situação que já não se sustenta e que está trazendo tão somente infelicidade aos envolvidos.

É difícil acreditar em rompimentos repentinos, sem precedentes que indicassem a falência do relacionamento há tempos. A separação é o ponto culminante de um processo que já vinha sofrendo desgastes e desatenções, mesmo que o casal se negasse a enxergar isso, acomodando-se ao não respirar mais juntos.

Tomar a iniciativa de querer quebrar um círculo vicioso e sufocante, nesses casos, é penoso, mas deve ser algo a ser valorizado, pois, na maioria das vezes, está se salvando as vidas que estão em jogo.

A separação é complicada exatamente porque não envolve somente o casal, mas as famílias e amizades mais próximas também. Criamos vínculos com os familiares e amigos do parceiro e o rompimento acabará fatalmente influindo na dinâmica de todas essas relações. Na maioria das vezes, teremos de nos afastar de ambientes e de pessoas de que gostamos bastante, uma vez que muitos tomarão certamente o partido do ex, obrigando-nos a nos distanciar de lugares e de convivências que nos faziam tão bem.

O que não podemos é julgar as pessoas, analisando-as confortavelmente acomodados aqui de fora do redemoinho, sem que tenhamos real conhecimento de tudo o que se passava na intimidade cotidiana do casal. Sabemos muito pouco sobre tudo o que foi feito, dito, acumulado naquelas vidas, ou apenas conhecemos a versão de um dos lados, o que nada mais é do que uma visão parcial e subjetiva. Tudo o que concluirmos, pois, nesses casos, também acabará sendo parcial e limitado.

Quem toma a iniciativa de romper mal sabe o bem que sua atitude acarretará, oportunizando ao outro a possibilidade de se livrar de um peso que o aprisionava a uma situação vazia de sentido, sem que o percebesse, oferecendo-lhe a chance de partir em busca de ser feliz junto de alguém que o amará de verdade, como todos de fato merecemos, por mais que doa e demore.

O tempo então se encarregará de mostrar a quem tanto sofreu a dor de ser preterido que nem sempre o lobo é mau, mas sim faz o papel de fada-madrinha, oferecendo-nos uma nova chance de recomeçar, mais seguros, fortalecidos e prontos para receber amor verdadeiro em nossas vidas.

45 sinais de que você se relaciona com uma pessoa abusiva

45 sinais de que você se relaciona com uma pessoa abusiva

Muitas pessoas buscam terapia por se sentirem deprimidas, ansiosas, esgotadas física e emocionalmente. Chegam aos consultórios com as mais diversas queixas, tais como: “acho que estou trabalhando demais”, “acho que estou envelhecendo”, “acho que estou doente”, “acho que…” Muitas passam longos tempos em tratamento até descobrir ou admitir que aquele estado emocional e psicológico a que chegaram é devido exclusivamente ao tipo de relação que estão vivendo.

O que você precisa saber é que, após algum tempo num relacionamento com uma pessoa perversa narcisista ou qualquer tipo de abusador, a pessoa pode apresentar comportamentos específicos. Se você não tem certeza sobre o porquê de estar tendo a sensação de que a vida perdeu o sentido, observe se alguns comportamentos, características e emoções aqui descritos estão presentes em você. Talvez você esteja numa relação tóxica com alguém bastante abusivo!

Se você é uma pessoa que sempre:

1. Se desculpa por “nunca fazer as coisas direito”, por nunca fazer as coisas “bem o suficiente” ou se culpa por todo mal-estar que se experimenta na relação e por “fazer” a pessoa perversa se sentir do jeito que se sente. Ela está sempre mal e insatisfeita e a culpa é sua.

2. Tenta manter um perfil modesto seja no modo que interage com as pessoas, seja como se veste, para evitar ser notado, pois o parceiro tóxico “não gosta” que você chame atenção ou passou a vestir-se e comportar-se como ele deseja.

3. Ou, ao contrário do item acima, se viu mudando seu modo de ser vestir para se adequar a exigências da pessoa perversa, ou, se você for mulher, sendo solicitada a se vestir de forma exageradamente sensual para ser exibida aos outros.

4. Inventa histórias bonitas para outras pessoas sobre a qualidade de seu relacionamento, de modo a esconder a verdadeira situação em que vive.

5. Sente ansiedade quando a pessoa com quem se relaciona está por perto, pois não sabe como se comportar para não suscitar fúria.

6. Sente ansiedade quando sabe que vai chegar a qualquer momento, pois não sabe em qual humor chegará, se lhe tratará bem ou mal, se não vai gostar de algo que você estiver fazendo no momento de sua chegada como por exemplo estar com amigos, ao telefone com alguém ou algo parecido.

7. Sente medo ou confusão sobre mudanças repentinas no comportamento da pessoa perversa, que vai de ataques de fúria e comportamentos frios a doçura e encenação de que não aconteceu nada segundos antes.

8. Se sente exausta por nunca saber o que esperar e o que vai acontecer logo em seguida, daqui a poucos minutos, poucas horas, poucos dias.

9. Tem a sensação de que tem que “pisar em ovos” para evitar causar conflito, reprovação, julgamento e raiva, evitando discussões ou qualquer tipo de conflito a todo custo, tentando sempre “se esforçar mais” para melhorar as coisas.

10. É frequentemente acusada de ser coisas que refletem na verdade atitudes, comportamentos e características da pessoa perversa. Ex. Mentirosa, egoísta, mal humorada, exploradora, etc.

11. Ao voltar para casa, espera encontrar uma personagem dócil, agradável, feliz e ao invés disso encontra alguém personagem perverso e diabólico, sem nunca saber o que causou a mudança, afinal, vocês conversaram a poucas horas e “estava tudo bem”.

12. Sente que nunca pode confiar completamente no parceiro perverso porque algo em suas palavras não refletem suas ações e porque muda constantemente o que antes foi acordado.

13. Tem uma sensação crônica de que a família e amigos do narcisista, que inicialmente gostava, não gosta mais e você não sabe explicar o porquê, mas desconfia que ele tenha dito coisas negativas e falsas a seu respeito.

14. Nunca se sente respeitada ou igual na relação. É obrigada a se submeter a regras que a outra pessoa não se vê no dever de respeitar, apenas as impõe, como se tivesse mais direitos do que você.

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15. Está constantemente preocupada com o comportamento do outro, seu silêncio passivo-agressivo, sua cara fechada, o que faz com que você lhe pergunte inúmeras vezes em tom desesperado “se está tudo bem” ou o que “você fez de errado”.

16. Nunca sabe se é uma boa ideia atender o telefonema dos amigos ou familiares, pois ele já deixou claro que não os suporta, que “não são bons para você” e quando o faz, se sente observada e não vê a hora de terminar.

17. Sente que tem que pedir permissão ou anuência ainda que indireta para fazer qualquer coisa ou tem medo de fazer as coisas sem permissão, ou seja, nunca faz nada a não ser que seu parceiro diga que é OK fazer ou se a ideia não partir dele.

18. Se sente desmotivada em relação às realizações no trabalho, não tem permissão para conseguir um emprego para começar a se tornar financeiramente independente ou, se empregada, sentindo que sua independência financeira e crescimento profissional o incomoda em demasia.

19. Sente medo de dar a sua opinião e nunca ou quase nunca é capaz de ganhar qualquer argumento. Quando argumenta com coerência ouve coisas como: ” você é boa com as palavras”, “você quer ter sempre razão”, “não dá para falar com você”, entre outras.

20. Se pergunta o tempo se você merecia ser punida ou tratada do jeito que foi tratada pela pessoa perversa por algo que você fez ou deixou de fazer, mesmo você sendo uma pessoa presente, amorosa e cuidadosa com seus interesses.

21. Ajusta sua agenda ao redor da agenda da pessoa, ou melhor, você não tem uma agenda, ela tem e você a segue, sendo que você tem a obrigação de avisar qualquer mudança com antecedência, mas ela pode simplesmente exigir disponibilidade imediata, não cumprir combinados e não dar qualquer satisfação.

22. Está sempre sentindo um vazio crônico, como se algo estivesse constantemente faltando, ainda que materialmente se viva bem.

23. Ocasionalmente chega a ter pensamentos suicidas, pois a vida inteira parece não fazer qualquer sentido.

24. É humilhada pela pessoa perversa diante dos outros e na intimidade, mas ao reclamar, recebe a resposta de que “está exagerando”, que sua intenção não era humilhar, que estava somente “fazendo uma observação” ou “dizendo a verdade” ou simplesmente “brincando”.

25. Está constantemente temendo abandono, rejeição ou negativa de suporte do parceiro e por isso passa a fazer “o que for preciso” para mantê-lo por perto, aceitando o que sempre considerou inaceitável.

26. Faz coisas com as quais se sente desconfortável porque se sente pressionada a fazê-lo porque quer evitar conflito ou abandono.

27. Negocia seus valores, necessidades e crenças para acomodar aquelas da pessoa perversa.

28. Descobre que a pessoa freqüentemente mente, engana e/ou trai.

29. Deseja a chegada de “algum dia” quando as coisas vão mudar, mas este algum dia nunca chega.

30. Segue o conselho da pessoa perversa para tudo, embora seu instinto diga que não, a fim de buscar sua aprovação e apoio, o que, para seu desespero, não ocorre e quando sai algo errado, ainda leva a culpa por não ter feito “exatamente” o que lhe sugeriu.

31. Se sente como se estivesse vivendo uma mentira – o mundo exterior vê de uma maneira, enquanto a realidade interior é definitivamente algo totalmente diferente e sabe que quem criou esta ilusão foi você mesma ao defender ou inventar estórias sobre a boa qualidade do relacionamento e tratamento recebido.

32. É subserviente e tem um sentimento de que é menos, inferior ou mais frágil do que o seu parceiro, mas forte o suficiente para tolerar os abusos pelo bem da relação.
33. Raramente sente que suas necessidades estão sendo atendidas ou até mesmo reconhecidas.

34. Seus amigos e familiares dizem que está sofrendo abuso, mas você simplesmente não consegue enxergar.

35. Sente como se o parceiro fosse seu pai ou mãe, pois a um certo ponto você começa a se comportar de modo muito imaturo ou infantil, incapaz de pensar por conta própria ou sem a aprovação da pessoa.

36. Muitas vezes deseja que nunca tivesse entrado nessa confusão e agora não sabe como sair.

37. Tem a frequente sensação de estar anestesiada, deprimida ou doente. Aliás, idas a médicos e pronto-atendimentos ficam cada vez mais frequentes, seu peso oscila, seus cabelos e unhas enfraqueceram.

38. Já não sabe mais quem realmente é e para muitos passou a parecer ” uma pessoa maluca”.

39. Depois de romper com a pessoa perversa, tudo o que quer fazer é correr de volta para ele. Sente vergonha e vício, como se estivesse diante de uma droga.

40. Inventa repetidamente desculpas para perdoar comportamentos inaceitáveis de seu parceiro, que continua a repetir o comportamento várias vezes, atribuindo a culpa a você. Ex. Traições, agressões verbais, físicas, etc.

41. Frequentemente se pergunta como chegou a esta situação de descontrole e dependência de alguém que nitidamente lhe faz mal e parece não encontrar força ou saída para fora daquele estado de coisas.

42. Passa a sentir que ninguém mais poderia amá-la e portanto deve “investir” mais na pessoa perversa, na esperança que volte a ser tudo como no início do relacionamento, quando se sentia muito amada.

43. Acredita que não pode deixar a pessoa perversa porque ninguém mais a compreenderia ou poderia ajudá-la como você pode.

44. Diz a todos que não deixa da pessoa perversa porque, “na verdade, sente pena dela”, como se fosse responsável por “curá-la” desse comportamento que os impede de serem felizes.
45. Se sente responsável por fazer funcionar a relação, fazendo todo o “trabalho duro” sozinha e assumindo a culpa por tudo o que dá errado.

Se você se identificou com vários itens acima, a ordem do dia para você é: ROMPA IMEDIATAMENTE ainda que a dor de fazê-lo seja TEMPORARIAMENTE insuportável. E esteja certa/o de uma coisa: ninguém que se sente dessa forma pode estar numa relação saudável. Quanto mais tempo você permanecer em negação dessa realidade, mais difícil será se recuperar dos danos deixados por uma relação altamente destrutiva.

Lucy Rocha

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