Não tenha medo, tenha fé, as coisas vão dar certo.

Não tenha medo, tenha fé, as coisas vão dar certo.

Imagem de capa: Yuliya Evstratenko, Shutterstock

A vida da gente oscila de uma forma assustadora: um dia, estamos sorrindo, comemorando alguma conquista e, no outro, choramos ao nos depararmos com alguém que amamos no hospital.

Rimos no final de semana com os amigos e enfrentamos um problema no trabalho na segunda, tecemos inúmeros planos e nos frustramos com a maioria.

Chega um momento, em nossas vidas, em que desanimamos tanto, que nos questionamos se tudo não passa de ilusão. Nossa fé começa a falhar e o medo tenta adentrar nossa casa a todo custo. No meio da tempestade nos perguntamos se Deus está mesmo nos ouvindo. Porque tudo tem dado tão errado ultimamente e, olha, parece que as coisas ruins vêm à tona de uma vez só, até parece que combinam.

Eu não sei se o que tem tomado o seu coração é o medo da solidão, se ele precisa de amor próprio ou se você tem se sentido ultimamente um lixo, diante de tantos fracassos. Eu não sei se o seu problema reside na família, no trabalho ou nos relacionamentos.

Pode ser que todas essas áreas da sua vida estejam bagunçadas e você não vê saída para nenhuma delas, não sabe como recomeçar. Mas eu gostaria de lhe lembrar, caso o tenha esquecido por um descuido qualquer, que você não é um colecionador de derrotas, é um colecionador de histórias, de aprendizados, não importa quantos nãos você receber, quantas despedidas, fins e adeuses. Nunca se esqueça de que você é capaz de recomeçar. Não perca de vista as possibilidades tão lindas, não permita que a dor seja maior.

Às vezes, quando a tempestade vem, os ventos são fortes demais e então a gente teme que tudo será destruído e que não iremos nos “salvar”. Mas Deus está nos dizendo: Tenha fé, eu estou agindo. Por mais que a as coisas fujam ao nosso controle, elas continuam rigorosamente sobre o controle de Deus. Ele sabe o momento certo de acalmar a tempestade, Ele é calmaria. Deus sabe o momento certo de agir, Ele é sabedoria. Deus sabe o momento certo de mudar os rumos da sua vida, Ele é o senhor do tempo. Um tempo perfeito.

Não permita que a ansiedade, o medo e as dúvidas abalem a sua paz interior. Não deixe que tempestade alguma leve embora a sua coragem e, quando não souber para onde ir, lembre-se de que, nos braços do Pai, você encontra proteção. Que ali, toda dor transforma-se em amor e toda ferida é restaurada. Lembre-se de que ali é o melhor lugar para se abrigar.

Não estamos livres das tempestades, mas também não estamos sozinhos. Nos momentos mais difíceis de sua vida, pode até parecer que esteja só, mas Deus cuida de cada detalhe, Ele está com você, sempre.

A tempestade pode ser o momento ideal para lapidar a nossa paciência, para nos dar uma fé inabalável. Pode ser o momento ideal para as oportunidades, para nos transformar e nos fazer enxergar coisas que antes não víamos, devido ao comodismo, ao hábito, à rotina. A tempestade passa, ela vem e vai, mas o Mestre se mantém ao nosso lado todo o tempo. As coisas vão dar certo, não tenha medo, tenha fé. Confie.

Quantos “adeus” você disse querendo ficar?

Quantos “adeus” você disse querendo ficar?

Imagem de capa:  fizkes, Shutterstock

Todo término é difícil. Difícil mesmo! Indiferente da história vivida sempre ficará aquele sentimento de “eu poderia ter tentado mais” ou “onde foi que eu errei?”. Temos a mania de culpar-nos de todo erro, como se estivesse apenas em nossas mãos o sucesso ou o fracasso do relacionamento.

Sabe, algumas histórias não nasceram para dar certo. São complicadas, pesadas, tóxicas e, por mais que você tente, elas nascem com tempo determinado para acabar. A boa notícia é que você sobreviverá. Desapegar-se de sentimentos, pessoas e atitudes que não cabem mais em nossas vidas é caminhar sem bagagens pesadas e permitir ser feliz mesmo que só.

O grande problema do “adeus” é que, nem sempre, ele é dito com sinceridade. Há mais vontade de ficar do que partir quando se diz essa dolorosa palavra. Admita, que não foram poucas às vezes em que você usou o adeus longe do seu sentido literal. Usou na tentativa do outro entender a sua importância e na esperança de ouvir um “eu vou ficar, porque amo você”.

Atrás de um adeus tem mais significados do que o dicionário seria capaz de traduzir: tem um “não aguento mais”, um “tente mais um pouco mesmo que eu diga não” e um “fique aqui e conserte tudo!”. Adeus nem sempre é despedida, às vezes, é um pedido de socorro para salvar o relacionamento.

É difícil ter que desistir quando o sentimento ainda é forte. É difícil ter que desistir quando o que mais você queria era continuar lutando. Mas, algumas vezes, é necessário. Dizer adeus a um amor não é sinônimo de fracasso. Pelo contrário, é um ato de coragem em favor da própria felicidade. É entender que você precisa tirar da sua vida (e de dentro do coração) alguém que não faz questão de ficar.

É difícil partir quando a vontade é ficar. É difícil, mas é preciso, para que você não se perca nos próprios sonhos.É provável que você sofra alguns dias e que a ilusão da zona de conforto te afronte. Mas, nesses momentos, olhe para dentro de si e questione se sua história não estava sendo vivida apenas por um. Se esse sentimento é, realmente, tudo aquilo que você sonhou e se vale a pena abrir mão do melhor que está por vir.

Dizer adeus é dizer sim ao recomeço. Herman Hesse escreveu que “ a cada chamado da vida o coração deve estar pronto para a despedida e para novo começo, com ânimo e sem lamúrias, aberto sempre para novos compromissos. Dentro de cada começar mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver.”

Ninguém sofre para sempre. Um dia a dor passa, a saudade ameniza e o sentimento apaga. Não queria ouvir um “vamos tentar de novo” de quem não deu valor na primeira tentativa. Diga adeus querendo, realmente, despedir-se. Deixe ir o que não te faz bem. Sua vida, sua alma e sua história são importantes demais para que se aloje sentimentos superficiais.

Dizer adeus a quem quebrou sua confiança, seu coração e sua alma é dizer sim para si mesmo. Acredite, é melhor desistir de um relacionamento frio, do que esfriar seu coração e não acreditar mais no amor.

Não tem como amar sem admirar. Não mesmo!

Não tem como amar sem admirar. Não mesmo!

Imagem de capa:  Mikhail_Kayl, Shutterstock

Um grande e recorrente contra senso é a gente achar que ama uma pessoa que a gente nunca admirou ou não admira mais. Como poderia? Como acreditar que o amor pode ser tão incoerente que permanece em um lugar onde não se sente confortável e alimentado?

Claro que há milhões de relações onde a admiração mútua há muito já partiu, mas nesse caso, ao menos nas minha crenças, já não é mais o amor que habita a casa. Pode ser a preguiça, o conformismo, a fragilidade, o cansaço, todos juntos ou só alguns, mas jamais o amor. Esse, se foi.

O que abre as portas para o amor entrar é a admiração. A gente ama o que admira. E admira com orgulho o que ama!

Sem admiração, só sobra a indiferença. E indiferença é um sentimento congelante, que engessa e paralisa a parte boa das relações.

Longe de ser uma crítica às relações ditas acostumadas, eu creio fortemente no amor que acorda todos os dias e busca seus motivos de admiração. Acredito no amor que levanta e se enfeita para ser também o objeto de admiração de alguém. Me desanima a ideia de compartilhar a companhia sem uma faísca de admiração.

E, quando a gente vê a admiração se distanciando, a realidade mostrando outra face onde a gente só enxergava a perfeição, o amor que pretendia se instalar, dá meia volta e sai, para tornar mais suave o processo de desapego.

Pena que muitas vezes a gente não ouve a batida da porta e permanece ali, tentando encontrar a menor pista, o mais fraco sinal de admiração, para reaver a presença do amor.

Mas, se ele der mais uma chance, é bom apressar a admiração, buscar na parceria um motivo para valer à pena.

Afinal, admirar, antes de tudo, é ter uma certeza lá dentro, de que o prazer e o interesse pela companhia, serão sempre sinais confiáveis.

Aprendi a amar o som dos meus passos quando me afasto de tudo que me faz mal

Aprendi a amar o som dos meus passos quando me afasto de tudo que me faz mal

Não é fácil tomar a atitude de deixar para trás coisas e pessoas que já fazem parte de nossas vidas, uma vez que podemos não ter muita certeza se conseguiremos seguir sem eles. Somos, infelizmente, inseguros frente ao desconhecido e, muitas vezes, em vez de abraçar com disposição o que vem com ares oxigenados, prendemo-nos ao que está aqui com a gente, mesmo que em detrimento de nossa felicidade.

A gente acha que não vai conseguir respirar direito sem aquele amor, embora já se tenha tornado tudo o que seja oposto ao amor em si. A gente acha que não conseguirá sobreviver sem aquela amizade, mesmo que amizade de verdade ali nunca tenha existido. A gente acha que não encontrará outro emprego, ainda que nossa atual ocupação seja aviltante, desumana e mal remunerada. A gente se esquece de que existem tantos outros lugares, outras pessoas, outros momentos por aí.

O pior é que muitos de nós ainda nos sentimos na obrigação idiota de ter que dar satisfações a gente que não passa mais do que alguns minutos ao nosso lado e, mesmo assim, não se cansam de nos cobrar um parceiro, um casamento, um filho, uma carreira. Ainda sufocamos o tanto que temos dentro de nós sob as cobranças ultrapassadas de quem viveu conforme tudo o que lhe impuseram, menos de acordo com os próprios sonhos.

Quando tomamos a coragem de viver o que transborda de nossos corações, livrando-nos do que e de quem nos intoxica a alma, ainda que doa, mesmo que nos condenem, embora sintamos o temor do tatear-se no escuro, o gosto saboroso da libertação e do encontro com si mesmo compensará as caras feias e as acusações maldosas que teremos pela frente. Pois então o nosso sorriso espaçoso e verdadeiro nos desviará e nos distanciará de tudo o que for vazio, doloroso e falso.

Viver nem sempre será calmaria e tranquilidade, muito pelo contrário, os dias nos trarão muita decepção, muita dor e muitos obstáculos, tirando de nós inclusive o que nos era essencial, levando embora quem fazia o nosso sol brilhar. Daí a necessidade de não temermos levantar e seguir adiante, de mãos dadas com quem nos ama de volta, sozinhos que seja, mas sempre adiante, ao som harmonioso dos nossos passos nos levando a lugares melhores, a momentos mais preciosos, a encontros arrebatadores, longe de tudo e de todos que são âncoras emocionais. Delícia o som desses passos!

Imagem de capa: Kuba Barzycki, Shutterstock

Felicidade embalada à vácuo

Felicidade embalada à vácuo

Imagem de capa: Copyright paultarasenko/Shutterstock

Não se preocupe em resolver seus problemas, superar suas dores ou aprender empiricamente. A solução para tudo que lhe causa dano vem embalada à vácuo, com nomes estranhos e vendidas em todas as farmácias do mundo. O importante é ser feliz ou, pelo menos, aparentar ser.

Está deprimido? Tome um comprimido da caixa azul. Hiperativo? O da caixa vermelha! Está nervoso? Tome o comprimido que a amiga da vizinha da sua tia está tomando. O que importa é você ser mais feliz que as famílias dos comerciais de margarina.

Atualmente, pensar em ser feliz, sem comprimidos, está fora de cogitação. O medo de sofrer e de enfrentar os próprios monstros permite que os comprimidos substituam o autocontrole e isso é tão preocupante como incômodo. O remédio deixou de ser uma necessidade fisiológica para ser um escudo contra a tristeza.

Claro que não estamos colocando em pauta as pessoas que, realmente, precisam de medicação ou que possuem alguma patologia séria, estamos falando de pessoas que não suportam a própria tristeza e acreditam que a solução de todos os problemas está embalada à vácuo.

Buscam remédios para a instabilidade emocional, para neutralizar a ressaca e para hibernar até o problema acabar, esquecendo que essas atitudes são desenvolvidas através do autocontrole e não vendidos em prateleiras de farmácias.

Uma das experiências mais incríveis da vida se chama: conhecimento empírico. Aprendemos com as experiências, com os erros, com os acertos… esse é o curso natural da vida. Mas as pessoas perderam a noção do que realmente é necessário e do que é ilusão.

Não entendem a diferença entre “estar” triste e estar depressivo, não entendem que a falta de sono nem sempre é insônia e que TOC não é o mesmo que hábitos diários normais.

É realmente preocupante o que essa geração está fazendo com o próprio corpo. Buscam a cura para seus males e não percebem que estão acabando com a própria vida.

Rodeados de informações rápidas e sites de buscas que substituem os médicos, eles se automedicam acreditando que a solução para tudo está ali. É só pesquisar a doença, dar o próprio diagnóstico e se automedicar. Simples assim!

E olha, que a propaganda nem precisa ser boa, é só dizer que o remédio “é bom para tudo” que, em dois dias, esgotam os frascos das prateleiras comerciais.

Engordou? Toma remédio. Emagreceu? Tome vitaminas. Está ansioso? Tome, para o resto da vida, o comprimido da caixinha vermelha. A eficiência da ciência, aliada à facilidade de acesso e à propaganda indiscriminada, leva milhares de pessoas a tomarem remédios desnecessários e permitindo que, essa geração, adoeça sem perceber.

Aos fãs da famosa frase “para tudo tem remédio, menos para a morte”, sinto informar que isso é uma inverdade: bom senso e coerência não são encontrados em cápsulas.

A gente descobre que cresceu quando…

A gente descobre que cresceu quando…

A gente descobre que cresceu quando na nossa agenda telefônica os nomes mudam de Juju, Alê, e Malu para Juliana Brandão, Alexandre Montenegro, Maria Luiza Pereira.

Quando liga para os pais somente para dizer que “chegou bem”.

Quando lava a louça sem ninguém precisar pedir.

Quando abaixa o som para não incomodar o vizinho e marca um café para prosear ao invés de passar horas a fio ao telefone.
Quando aprende a fazer omelete.

Quando não espera que ninguém faça nada por nós – nem mesmo ovos mexidos.

A gente descobre que cresceu quando vê alguém muito jovem – e muito petulante – cagando regra e pensa: “meu Deus, será que já fui assim”?

Quando abre mão de uma balada chata para passar o fim de semana lendo na cama.

Quando entende que pai e mãe são apenas seres humanos como qualquer outra pessoa.

Quando pede desculpas mesmo sem estar errado; troca uma comédia romântica por um filme clássico, corta o açúcar e o carboidrato depois das dez; deixa de comprar sapatos para pagar as contas.

Quando faz o que acha certo sem esperar nada em retribuição e consegue usar a imaginação para construir pontes e não apenas castelos de areia.

Quando faz o que tem que ser feito. Quando aceita os próprios defeitos.

Mas a gente só cresce, mesmo, quando alcança tudo isso e continua mantendo a meninice dos olhos.

O medo de ser livre provoca o orgulho em ser escravo

O medo de ser livre provoca o orgulho em ser escravo

Há no homem um desejo imenso pela liberdade, mas um medo ainda maior de vivê-la. Algo parecido disse Dostoiévski, ou talvez eu esteja dizendo algo parecido com o dito pelo escritor russo.

No entanto, como seres significantes que somos, analisamos as coisas sempre a partir de uma determinada perspectiva e, assim, passamos a atribuir-lhes valor. Dessa maneira, até conceitos completamente opostos, como liberdade e escravidão, podem se confundir ou de acordo com o prisma de quem analisa, tornarem-se expressões sinônimas, como acontece no mundo distópico de George Orwell, 1984, em que um dos lemas do partido – “Escravidão é Liberdade” – é repetido à exaustão.

Não à toa, as boas distopias têm como grande valor predizer o futuro. E em todas elas – 1984, Admirável Mundo Novo, Fahrenheit 451, Laranja Mecânica – há um ponto em comum: a liberdade dos indivíduos é tolhida e, consequentemente, convertida em escravidão. No entanto, através de mecanismos sócio-políticos a escravidão é ressignificada como liberdade, de modo que mesmo tendo a sua liberdade cerceada, os indivíduos entendem gozarem plenamente desta.

Nas histórias supracitadas, embora a maior parte da população esteja acomodada e aceite com enorme facilidade absurdos, existem indivíduos que se permitem compreender as suas reais situações e ousam lutar contra a ordem estabelecida. Esse processo é, todavia, extremamente doloroso, uma vez que é muito mais fácil se acomodar a enfrentar a realidade e todas as consequências dolorosas que enfrentamos invariavelmente quando decidimos sair da caverna, para lembrar Platão.

Posto isso, há de se considerar que ser verdadeiramente livre requer a responsabilidade de encarar o mundo sem fantasias, ou seja, tal como ele é. Dessa forma, existe no homem grande suscetibilidade a aceitar o irreal como real, a fantasia como verdade, a Matrix como o mundo real. Sim, Matrix é um grande exemplo do medo que possuímos de encarar a realidade.

No personagem de Cypher (Joe Pantoliano) encontramos o maior expoente desse comodismo, já que sendo a realidade um mundo destruído, um caos constante, é muito melhor viver na Matrix, onde ele “pode ser o que quiser”, ainda que não passe de uma grande mentira.

Em outras palavras, Cypher representa a ideia de que sendo a realidade algo tão assustador, a ignorância é uma benção, pois sendo ignorante, pode-se comprar mentiras como verdades facilmente, bem como, aceitar a Matrix como realidade e a escravidão como liberdade.

As realidades apresentadas no mundo das artes (ficções, que ironia), refletem a nossa própria realidade, em que, assim como Cypher, temos preferido viver vidas fantasiosas, cercadas de superficialidade e aparências, determinadas pelo hedonismo da sociedade de consumo e, consequentemente, o nosso egoísmo ganancioso buscando galopantemente realizar todos os desejos que impedem de acordarmos de um sonho ridículo.

Apesar de tudo isso, pode-se considerar que de fato é melhor ser um escravo feliz do que um ser livre, triste, inconformado e amedrontado. No entanto, a problemática ganha corpo na medida em que se entende que há coisas que só podem ser feitas sendo o sujeito livre, uma vez que a gaiola é sempre limitadora, sobretudo, aos desejos mais intrínsecos e, portanto, mais latentes e verdadeiros no ser.

Assim, por mais que a escravidão seja ressignificada, fantasiada e “transformada” em liberdade, sempre haverá pontos em que o indivíduo sentirá necessidade de alçar voos mais altos, os quais, obviamente, não poderão ser realizados, haja vista a limitação das gaiolas, o que implica a insatisfação, ainda que tardia, da condição escrava em que o indivíduo se encontra.

Sendo assim, constatamos que “O medo de ser livre provoca o orgulho em ser escravo”*, posto que para gozar a liberdade é preciso coragem para se arriscar no terreno das incertezas e da luta. E, assim, temos preferido permanecer na caverna, orgulhosos das nossas sombras, já que lembrando outra vez Dostoiévski – “As gaiolas são o lugar onde as certezas moram”. Entretanto, como disse, mais hora, menos hora, nos enxergamos e percebemos que o que nos circunda é falso, de tal maneira que desejamos sair, correr, voar, ser livres.

O grande problema nisso é que quando se acostuma a viver em uma gaiola, quando se é livre perde-se a capacidade de voar, pois as correntes que nos prendem são criadas pelas nossas mentes, de forma que mesmo fora da caverna, continuamos prisioneiros de uma mente que se acostumou a ser covarde e preferiu acreditar na contradição de que ser escravo era o maior ato de liberdade.

*A frase que dá título ao texto é de autoria desconhecida. Se alguém souber a real autoria, por favor, avise-nos.

O seu lado sombrio

O seu lado sombrio

Imagem : Copyright Alexander Trinitatov/Shutterstock

Todos temos um lado sombrio, que pode ser cheio de medos, mágoas, ressentimentos, sapos engolidos, invejas, pensamentos e sentimentos ruins. Reconhecer e explorar a parte não positiva da nossa personalidade possibilita nos libertarmos do que não nos faz bem, sermos menos limitados e perfeccionistas, compreendermos melhor as pessoas e evoluirmos como seres humanos.

Todos temos um lado sombrio. Ele pode ser cheio de medos, de mágoas e ressentimentos, de sapos engolidos que foram se acumulando, de invejas e de pensamentos ou sentimentos ruins.

Para alguns, ele é grande e assombroso, para outros, pequeno e facilmente administrável. Todavia, ele precisa ser visto, reconhecido, explorado e constantemente trabalhado.

Ignorá-lo significa conviver conosco sem nos conhecermos por completo, sem conseguirmos nos compreender efetivamente e coordenar de modo eficiente nossas ações, até mesmo sem saber do que somos capazes em momentos adversos.

Necessitamos, primeiramente, aceitar que temos uma sombra. Após, precisamos olhá-la de frente e desvendar suas nuances. Examinar cada detalhe, cada razão, cada efeito. Provavelmente, esta não é uma tarefa rápida, nem simples, por isso precisamos estar dispostos a nos autoconhecer verdadeiramente.

Carecemos nos dedicar a nós mesmos e olhar efetiva e amorosamente para dentro. Não para nos julgamos ou punirmos, mas para nos compreendermos e crescermos.

Especialistas garantem que a simples ciência da situação já possui um efeito terapêutico considerável. Melhor ainda se conseguirmos ir liberando, aos poucos, os excessos do nosso lado sombrio. Para isso, há diversos meios que podem ser adotados, tanto sozinhos como com o auxílio de terapeutas.

Conseguir nomear nossos sentimentos e tomar conhecimento da natureza da nossa sombra nos ajudará, indubitavelmente, a nos tornarmos seres melhores. Poderemos perceber, por exemplo, que a nossa implicância com aquela determina pessoa, na verdade, é uma bela invejinha. Que uma mágoa boba do passado com um familiar, esquecida mas não superada, impede que com ele nos relacionemos de modo harmonioso.

Constatar que certos pensamentos obsessivos e medos sem fundamento só nos fazem sofrer, possibilita que procuremos nos libertar deles. Assim, vamos nos trabalhando para mudar a perspectiva sobre o que não nos faz bem.

Assumir e explorar a parte não positiva da nossa personalidade pode significar, afinal, rendição. Reconheceremos que não somos perfeitos e que precisamos, diuturnamente, buscar meios de nos autodescobrir e, consequentemente, nos aperfeiçoar.

Além de permitir nossa evolução, a assunção do nosso lado sombrio faz com que sejamos seres menos limitados, que compreendem, também, o lado sombrio dos outros.

Sem ser tão perfeccionistas, pois, seremos pessoas mais livres e iluminadas.

“A próxima fronteira não está somente à sua frente, ela está dentro de você.”
(Robert K. Cooper)

Nada como um dia após o outro

Nada como um dia após o outro

Uma das maiores provas de que somos seres gregários e não conseguimos viver isolados de tudo e de todos vem a ser a dor que sentimos quando vemos alguém que amamos sofrendo, seja um amigo, um familiar, o parceiro, seja o filho, mesmo que nada tenha a ver conosco aquela tristeza. Passamos o dia nos lembrando da pessoa, mesmo de longe, torcendo para que aquilo termine. Difícil estarmos felizes quando alguém sofre ali ao lado.

Nesses momentos, queremos ajudar, tentar animar, desejamos ter o poder de tirar aquela dor de dentro do coração de quem chora baixinho na nossa frente. É duro ter que esperar o tempo passar e fazer o que ele tão bem faz: ensinar, acalmar, curar, iluminar. Temos pressa, lutamos contra a tristeza, pois é assim que sobrevivemos. No entanto, muitas vezes, basta ficarmos ali ao lado, em silêncio, confortando com nossa presença, que já vale muito.

Inevitavelmente nos sentiremos impotentes, incapazes de ajudar, pois o reerguimento demora, leva muito tempo, o que nos impacienta. As escuridões que adentramos nos momentos de dor são densas, visto que carregadas de remorso, culpa e aniquilamento da autoestima. Dissipar essas nuvens requer, sobretudo, o enfrentamento de si mesmo, no sentido de se conscientizar da própria responsabilidade sobre o que acontece, pois a vida cobra cada atitude que tomamos, tanto as certas quanto as equivocadas. E como dói.

Enquanto nossos queridos colhem o sabor amargo das escolhas erradas, assistimos alquebrados, solidarizando com a sua dor, pois não conseguimos ficar tranquilos nesses casos. Isso muitas vezes nos leva a querer impedir quem amamos de errar, antecipando-nos às lições que a vida traz, o que raramente significa resultado de imediato. As pessoas devem passar pelas consequências de suas atitudes, pois assim é que aprendem, na prática, na dificuldade, na dor.

E embora seja muito difícil, teremos que deixá-los errar, para que possam refletir sobre o que vêm fazendo de suas vidas. Principalmente quando se trata de um filho, queremos a todo custo poupar-lhe os dissabores e as tristezas, mas também os filhos terão que sofrer, que penar, que levar tombos, porque dessa forma é que se tornarão pessoas melhores e mais fortes. Aos pais, será uma árdua tarefa, mas, com exceção de situações em que os filhos estejam entrando em terrenos antiéticos e violentos, como drogas ou crime, por exemplo, terão que deixá-los fazer a escolha menos acertada, para que a colheita lhes esclareça quanto ao que é digno e correto.

Tudo tem seu lado bom e ruim, assim é com a vida de todos nós. Desfrutarmos de todas as benesses que nos são ofertadas diariamente depende apenas de cada um de nós. Os caminhos que se abrem são infinitos e saber escolher fará toda a diferença na qualidade de nosso viver. Errar, assim como a dor que isso traz, será inevitável, mas aprender com tudo isso será necessário e vital.

Porque ninguém foge à colheita do se plantou, do que se fez ou se deixou de fazer. É assim que a vida pune, presenteia, machuca e cura. É assim que construímos uma vida digna. É assim que o bem acaba por prevalecer sobre o mal de cada dia.

Imagem de capa:  eakkaluktemwanich/Shutterstock

Desde que você foi embora eu não penso em outra coisa que não seja sua ausência

Desde que você foi embora eu não penso em outra coisa que não seja sua ausência

Imagem de capa Kseniia Perminova/ Shutterstock

Desde o dia em que você foi embora, as coisas não são mais as mesmas. Eu tiro do lugar as coisas, com um movimento pincelo a cor da parede, mudo a posição dos quadros. Eu tiro o lugar das coisas, mas elas não mudam. Essa coisa do território é algo que marca, e parece que, elas sabem disso porque me olham com aquele olhar parado de coisa, enquanto eu transfiro do lugar mais um objeto pra ver se a sua ausência fica menos pesada. Há dias, que não é o mesmo café, filtrado naquele coador de pano, com aquelas bordas espichadas. Coloco a dose certa, mas não é o mesmo gosto de quando tomava com você, olhando seus olhos através da xícara e vendo as imagens distorcidas do outro lado. Eu gosto das imagens distorcidas, da estranheza que elas causam, mas você nunca foi estranho pra mim… até aquele dia. Você sempre foi tão quieto, mas o seu silêncio nunca me incomodou… até aquele dia. Eu tento apagar aquele dia, mas eu não sei me desfazer de uma memória tão recente. Ainda tenho na minha pele o seu cheiro e o desenho dos seus lábios margeando os meus poros. Desde o dia em que você foi embora eu não sei pensar em outra coisa que não seja essa que me partiu e espalhou por todo canto. E me junto às coisas pra ver se me importo menos, pra ver se pego essa imparcialidade calada que as coisas têm, mas é só um jeito de sentir mais fundo, de tocar a superfície das coisas que você tocava, com um jeito meu, que é só mais uma forma de lembrar você. Junto as coisas pra sentir que ainda podem ser íntegras e ter alguma serventia, mas estão com uma fissura enorme do lado de dentro. E eu fico nessa de fingir que não vejo que as coisas ocas reverberam um som triste que se liquefaz no vazio da tarde, mas eu sinto tudo gritando, o que é bem pior. Penso em te ligar pra dizer que eu sinto muito, mas você deixou bem claro que foi tudo que era pra ser, como se já soubesse que o futuro omitia o nosso nome de todas as coisas.

Se for amar, não cobre e nem espere recompensas. Voe!

Se for amar, não cobre e nem espere recompensas. Voe!

Imagem de capa:  Alena Ozerova/Shutterstock

Se for amar, ame na presença, derrame-se no instante, não espere recompensas, não projete planos em outra alma, não cobre na mesma moeda, não ostente mais do que o momento.

Se quiser, faça um belo café da manhã e ofereça para o seu bem. Se quiser, ouça o que ele tem a contar. Se quiser, cuide, beije, presenteie, passeie, curta, aproxime-se. Se quiser, receba o choro, o silêncio, os desencontros, a tristeza.

Se quiser fique perto, fique dentro de um amor, fique na sintonia bonita que tocou seu coração. Fique o tempo que quiser, à vontade, sem pressa, intensamente sentindo.

Se quiser se entregue. Entre de cabeça nisso que lhe invade a alma, deixe que afete seus sentidos, deixe que se quebre o controle. Se quiser se jogue no precipício. Ame. Caia. Voe.

Se for amar, faça o que quiser, dê o que quiser, ofereça-se o quanto quiser. Mas não cobre nada! Não espere nada, não calcule as dívidas, não equilibre os sentimentos dados e não recebidos. Não se sinta em prejuízo. Não dê nem um simples sorriso buscando amarrar uma alma, buscando aprisionar uma realidade.

Não faça o café da manhã para outra pessoa, se amanhã você sentir que investiu e não recebeu, que cuidou e não conquistou, que ofereceu o mundo e viu no outro ser os olhos inflados de liberdade.

Não faça o café da manhã, se amanhã você for a vítima do seu próprio sentimento. Se a atitude não foi gratuita, se não foi apenas para celebrar o momento. Se foi pensando em merecer atenção, se foi querendo chantagear e criar culpa.

Não faça nada se por trás do ato houver um jogo de poder querendo controlar e fazer do outro propriedade da sua insegurança. Não faça promessas e não as espere serem feitas.

Você pode se compartilhar, você pode compartilhar seu amor, sua felicidade. Você pode fazer o café da manhã com gratuidade e desprendimento. Você pode entregar-se inteiramente àquele momento. Você pode receber um sorriso e ficar feliz com isso, e nutrir-se do que dois corpos e almas sem segundas ou terceiras intenções são capazes de produzir juntos.

Você pode fazer a eternidade durar alguns minutos. Você pode aprender a amar o passageiro, aprender a desapegar do medo de não ter, de não viver mais, de não possuir. Curtir as visitas que surgem como beija-flores pousando na floreira de sua janela. Deixar as delicadas surpresas colorirem a sua rotina sem aventuras.

Você pode amar, enfim, sozinho ou acompanhado, gratuitamente, livremente, sem medos e sem cuidados. Amar sem escravizar e querer ser escravizado. Perder o medo da chuva e aprender o segredo da vida.

Vem, segura a sua xícara de café fresco enquanto eu seguro a minha. Senta ao meu lado na varanda, respira sem pensar em nada. Somos apenas duas crianças brincando sem culpa.

Talvez a gente deva ficar junto

Talvez a gente deva ficar junto

Não porque precisamos, mas porque sentimos. Não somos a maioria líquida que fica por conveniência. Temos a paciência e a cumplicidade que faltam aos desesperados. Nem mesmo medimos carinhos para saber quem ama mais. Passamos longe no quesito “estou com saudade, mas não posso dizer”. Nada disso funciona para nós. Talvez sejamos inteiros demais, amantes demais.

Não estamos juntos para escancararmos afetos para multidões. Escolhemos, no nosso tempo, onde e como dedicaremos tantas carícias, conversas e afinidades. Somos maduros o suficiente para sabermos que, na maioria das vezes, amar nada mais é do que um encontro de dispostos. Para saber ouvir, falar, receber e doar. Pulamos fora do barco chamado ego. Admiramos silêncios, sorrimos sons. Temos essa habilidade incomum de contemplar momentos ao acaso. Não brincamos com o destino, mas o entrelaçamos em nossas mãos.

Não queremos um relacionamento perfeito. Daqueles que fazem vista para o mundo com muitas fotos, declarações e presentes grandiosos. Para nós, uma relação é pautada na simplicidade. Nos instantes compartilhados em sinceridades, tudo torna-se verdade e inesquecível. É fazer o possível sem uma balança que meça certo e errado. Quando estamos, apenas estamos. Não importa o dia, a hora e o lugar. Nós dois é gosto de quero mais sem querer a toda urgência.

Não brigamos por ausências. Enquanto alguns discutem os simbolismos do amor cabível, dedicamos beijos e transas para o nosso amar visível. Permitimos, durante vários abraços, a vontade de existirmos. Nosso querer é desses capítulos literários nos quais versos riscam pele, coração e alma. Caímos de cabeça. Sem medos. Sem traumas. Com calma. Talvez a gente deva ficar junto, não?

Fotografia por Phil Chester

Não me peça pra ser forte quando eu estiver chorando

Não me peça pra ser forte quando eu estiver chorando

Imagem de capa:  eldar nurkovic/Shutterstock

Não me peça pra ser forte quando eu estiver chorando. Não peça pra que eu segure a lágrima e mantenha a pose quando eu estiver triste. Se não é capaz de aguentar um minuto ao meu lado, em silêncio, enquanto desabo, já não pode me acompanhar. Se for assim, o seu abraço não me cabe. A sua companhia será apenas um vulto breve que não aquece. No mínimo, espero que sinta tanto quanto eu.

Que demonstre a sua loucura quando eu estiver séria demais. Que seja fraco, se for considerado fraco chorar no meu ombro e me abraçar longamente, assim com os cílios sobrepostos, as mãos coladas, como quem faz uma prece dentro do meu coração.

Não me peça postura, quando o que mais quero é me descabelar e me pôr nua, como louca ao pé da cama a reclamar dos seus defeitos. O que espero, é que faça graça e solte o riso debochado de quem tem a louca mais louca e feroz. Não me peça pra ter cuidado quando o que quero é avançar, saltar e correr riscos. O mínimo que você pode fazer, é se aventurar também e desafiar o perigo. E dizer que eu vou chegar lá, e que se por acaso, não der certo, terá uma outra vez. E terá sempre uma próxima vez porque você nunca vai me abandonar.

Não me peça pra ficar quando o que mais quero é ir, desbravar, conhecer o mundo, viajar… o que espero é que me encoraje, e fale que eu vá mesmo pro lugar que eu quiser, e que vai comigo, que topa, que vá fundo, que já é.

Não me peça pra acordar do sonho de ser feliz, mesmo sabendo, que muitas vezes, ser feliz é longe e cansa. Porque ser feliz é perder a hora pra ganhar o instante. Ser feliz, é alcançar o sonho que está lá adiante, na outra estrada. Ser feliz custa, esfola, e às vezes, é preciso andar a pé no deserto. O que espero é que, você não faça tantas perguntas. Apenas fique ao lado, me olhando como quem me admira e confia no que penso. O que espero é que, ao olhar de volta, eu saiba exatamente o motivo pelo qual o seu olho brilha e a próxima palavra que vai dizer, me fará sorrir. Que vai me dizer que o tempo ao meu lado é o melhor vivido. E vai me beijar os olhos e a boca, demoradamente.

Não me peça pra mudar coisa alguma em mim, porque não quero ser de ninguém o espelho, a face de reflexo, molde, ou qualquer outra coisa que o valha, e que pretenda alterar a essência, as coisas de dentro. O que mais espero, é que, me receba sempre como sou, sabendo que posso mudar a qualquer instante, e que a cada mudança, será capaz de me amar pelas diferenças, pelo que descobrir de novo. E que sempre tenha o desejo de descobrir-me pelos detalhes, pelas bordas, pelos flancos, por dentro e por fora, pelo que não falo e mesmo me sabendo pelo avesso, reconheças que tens em mim várias outras que não conhecias, e que, sou àquela, a que você sempre quis.

Brigar com quem a gente gosta é necessário; brigar com quem a gente não gosta é perda de tempo

Brigar com quem a gente gosta é necessário; brigar com quem a gente não gosta é perda de tempo

Muita gente confunde aquilo que sentimos em relação a elas, baseando-se tão somente no que esperam receber dos outros, sem refletir sobre o que vem a ser a causa da forma como estamos nos comportando. Não gostar de alguém não significa que o trataremos mal, da mesma forma que não sorriremos o tempo todo às pessoas que nos são queridas.

Quando gostamos realmente de uma pessoa, estaremos querendo sempre o seu bem, torcendo para que ela alcance sucesso na vida, desejando o seu melhor em tudo. Por isso mesmo, então nos sentiremos na obrigação de alertar-lhe quando estiver caminhando por trilhas perigosas, por trajetos errados. Muitas vezes, inclusive, teremos que ser antipáticos, dizendo-lhe as verdades de uma maneira nada agradável, para que caia em si e se recomponha.

No entanto, essa pessoa poderá nos entender de forma errada, assimilando nossas advertências como se fossem implicâncias, como se não gostássemos dela. Muito pelo contrário, quanto mais amamos alguém, mais estaremos torcendo pela sua felicidade, o que requer que tenhamos que chamar a sua atenção, quando percebermos que seu comportamento a desviará da serenidade que desejaremos a ele.

Normalmente, tendemos a tentar ignorar as pessoas de quem não gostamos, de quem queremos distância. Como se nos preservássemos da maldade alheia, como um instinto de sobrevivência, somos levados a nos afastar daqueles que nos fazem mal, daqueles que nos ferem, não trazem nada de bom, não sabem o que é sorrir e não admitem ver ninguém sorrindo. Gastar energia e tempo com quem não merece equivale a masoquismo, além de ser inútil.

Sim, nós brigamos com as pessoas de quem gostamos, pois é assim que aparamos as arestas, é assim que o relacionamento se torna cada vez mais transparente e verdadeiro. Lutarmos para manter as pessoas queridas por perto requer discutir o que incomoda, o que atrapalha, pois é dessa forma que demoramos perto de quem a gente ama. Por isso é inútil brigar com os desafetos, simplesmente porque com eles não queremos ficar nem melhorar nada, e dificilmente conseguiremos, por mais que tentemos.

Não dá para explicar muito bem as razões de gostarmos ou não das pessoas, ou seja, cabe-nos sorrir sempre junto a quem traz verdade e, na medida do possível, bem longe de quem é atraso de vida.

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