“A vida é trem bala, parceiro. E a gente é só passageiro prestes a partir”

“A vida é trem bala, parceiro. E a gente é só passageiro prestes a partir”

Imagem de capa: muratart, Shutterstock

Ouvindo a música Trem Bala, de Ana Viela, refleti o quão frágil a vida é e o quanto temos valorizado as coisas e descartando cada vez mais as pessoas.

Vivemos cansados e não conseguimos tirar um tempo para assistir àquele filme que tanto queríamos. Passamos horas e horas em frente ao computador, ao lado de livros, e cada vez menos tempo com quem realmente amamos.

A vida segue a uma velocidade assustadora, que não nos permite pausas e retrocessos, e tudo o que precisamos fazer é avançar. Passamos a vida tentando alcançar o sucesso e nos esquecemos de alcançar as pessoas. Almejamos aprender a tocar algum instrumento, mas nos esquecemos de como é tocar um coração. Lutamos pelo sucesso com unhas e dentes, mas desistimos das pessoas nos primeiros erros. Abraçamos oportunidades e nos esquecemos de abraçar as pessoas.

Se existe algo que aprendi com todas as perdas, de pessoas que tanto amo, é que o hoje é tempo de amar, de pedir perdão e de perdoar. O hoje é tempo de se dizer que está com saudade e correr para um abraço cansado no final do dia, porque o depois pode não chegar e só a saudade não será suficiente para trazer quem amamos de volta, para viver momentos que não vivemos e fazer diferente.

Acreditamos tanto no sucesso e deixamos de acreditar em quem corre do nosso lado, de incentivar os planos e os sonhos de quem amamos. Quanto tempo você tira para ligar para aquele amigo que você não vê há tempo? Há quanto tempo você não aproveita tempo de qualidade para estar com quem gosta? Quanto tempo você tem investido em coisas, compromissos e interesses e não em quem realmente se importa com você?

Quanto tempo você investe em quem não repara no seu riso sincero e não aplaude as suas vitorias? Repare bem, porque a vida é um trem bala e, quando se vê, tudo já passou. O maior tesouro que você pode ter é o amor de quem cuida e se importa com você, pois a vida é muito mais que viagens, dinheiro, sucesso e coisas.

A vida é sobre quem está ao nosso lado, quem segue nessa caminhada conosco e quem não abandona o barco quando a tempestade vem. A vida é muito mais do que carros, jantares caros, é sobre ter com quem contar quando você não tem nada e o outro se dispõe a ser tudo em nossas vidas.

Por isso, reafirmo: o tempo de amar e valorizar as pessoas é hoje, porque, como diz a música, “quando menos se espera, a vida já ficou pra trás”.

Quando eu disse sim ao meu corpo!

Quando eu disse sim ao meu corpo!

Imagem de capa: Igor Sinkov, Shutterstock

O corpo fala, comunica, tanto seduz quanto repele, suplica, ordena, humilha e se submete. O corpo se manifesta de várias maneiras, até quando tenta se esconder.

O corpo ganha voz quando a boca se cala, perde o controle quando se embriaga e os sentidos quando se acovarda.

Tem gente que não aceita o corpo. Convive com ele em estado de tensão e constante conflito. Não é mais um instrumento divino que abriga tudo o que se é. O corpo se torna um inimigo para a toda a vida, e, como castigo, recebe maus tratos e grande desprezo.

Tem gente que deseja o corpo alheio, persegue o modelo dos sonhos com tamanho fanatismo, que distorce o corpo até as últimas forças e dotes naturais.

Tem corpo que parece não ter gente dentro. Tem gente que parece não ter corpo que a prenda.

Eu vivi boa – e bote boa nisso – parte da vida em luta com o corpo. Até os dias de hoje ainda discutimos nossa relação, mas agora em outro nível, um querendo bem ao outro.

O dia em que tomei posse definitiva do meu corpo, não lembro. Mas, sutil e curiosamente, um dia percebi que não era mais tempo de briga. Tinha chegado o momento de fazermos as pazes e nos ajudarmos mutuamente.

O espelho ficou fora da conversa. Um objeto jamais poderia ter voz de comando nessa relação, e ele teve, por décadas. Não só ele, mas as revistas, as novelas, os anúncios e as fotografias. Todos, com intenção ou não, contribuindo para ficarmos “de mal” por muito tempo.

Por isso, nenhum deles foi consultado quando resolvemos nos entender. O corpo parou de lutar para contra minhas investidas e eu, abri mão de tentar faze-lo ser o que jamais será.

Tomei posse do que é de fato meu e dele cuido como achar melhor.
E, juntos, não caímos mais nas manipulações e sugestões que escondem o tempo passando e a vida escorrendo, enquanto corremos em direções contrárias.

De agora em diante, melhores amigos! Saúde!

Não está fácil para ninguém! Mas fica menos difícil para quem arregaça as mangas!

Não está fácil para ninguém! Mas fica menos difícil para quem arregaça as mangas!

Imagem Zadorozhnyi Viktor/Shutterstock

Ela começou vendendo picolés numa caixa de isopor, na pequena cidade onde morava. Aproveitou o fato de que em Itinga (Norte de Minas Gerais), não havia energia elétrica e fez sucesso com seus picolés na saída das missas. Sabrina Nunes não tem medo de desafios. Foi por isso que deixou a pequena Itinga para trás e foi ser cortadora de cana numa outra cidade maior, onde poderia ter mais oportunidade. Cortou cana por pouco mais de um mês, virou secretária na mesma empresa. E é com orgulho que conta: “O tempo que fiquei cortando cana foi difícil. Mas era o que eu tinha para fazer. Lá mesmo eu fiz contatos para conseguir me recolocar. Eu só agarrei a oportunidade, sem coitadismo.” Depois de sete anos trabalhando como secretária, conseguiu uma bolsa de estudos e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi cursar Engenharia. Enquanto estudava, arrumou emprego num escritório, valendo-se da experiência anterior. Decidiu fazer alguma coisa para complementar a renda. Investiu R$50 em material e começou a produzir bijouterias. Batizou o pequeno empreendimento com o nome de Francisca Joias, em homenagem à sua avó. Começou vendendo pela Internet, através de uma plataforma especializada em artesanato. Tudo o que ganhava era reinvestido. Como deu muito certo, decidiu criar sua própria loja virtual. A crise econômica foi vista como uma oportunidade, Sabrina decidiu contratar algumas revendedoras (mulheres que haviam perdido o emprego), e assim, incrementar os canais de venda para seus produtos. Hoje a empresa conta com 620 parceiras de venda, que compram os produtos com 40% de desconto no e-commerce e revendem pelo mesmo preço da plataforma. “Com o desconto, eu perco margem de lucro, mas aumento meu número de vendas. Além disso, dou chance a quem precisa trabalhar”, afirma Sabrina.

Geraldo Rufino é dono da empresa JR DIESEL, especializada em peças usadas para caminhões e tem, hoje em dia um faturamento anual que gira em torno de R$50 milhões. O começo da sua história foi um “negócio próprio” que ele inaugurou aos 7 anos de idade, Rufino catava latinhas. A diferença entre esse homem e outros milhares de catadores de latinhas é a postura diante do problema; enquanto a maioria paralisa diante de um fracasso, Rufino tem aquela garra que só os apaixonados têm: ele aprende, tira uma lição e se transforma. Não deu certo o negócio das latinhas? Segundo ele, deu tão certo que virou uma Kombi velha, que virou um caminhão velho, que virou dois caminhões velhos que viraram um negócio formalizado de peças de caminhão. Enquanto muitos ficam sentados diante das dificuldades e se lamentam, Geraldo Rufino trabalha 12 horas por dia e garante que se diverte muito com isso.

Duas meninas que resolveram desbravar uma área de negócios tradicionalmente masculina: a marcenaria. Letícia Piagentini e Fernanda Amaral são sócias e criam com suas próprias mãos todas as peças de madeira e tapeçaria. A Lumberjills, marcenaria, nasceu de um sonho da dupla em trabalhar com artefatos. Eram colegas de trabalho na área de vendas e hoje tocam, juntas, seu próprio negócio. E o que era hobby virou um empreendimento de sucesso. As garotas investiram R$20 mil para iniciar o negócio, fizeram cursos de aprimoramento em design e marcenaria e apostaram em um nicho promissor: jovens que curtem móveis “descolados”, mas não querem gastar muito. Acertaram em cheio! As vendas, por enquanto, concentram-se entre Santo André e São Paulo; os móveis são feitos por encomenda. Fernanda e Letícia, idealizam, projetam, confeccionam e instalam. Tudo é feito de forma artesanal, sob demanda, por isso elas não têm estoque. “Ao contrário de marcenarias que trabalham em escala industrial, nós não negamos nenhuma peça, nem que seja um abridor de garrafa ou uma única prateleira. Muitas pessoas nos procuram exatamente para isso. Nós tentamos aproveitar cada pedacinho de madeira que sobra”, afirma Fernanda. O projeto para 2017 é investir no e-commerce para ampliar os horizontes de negócios.

Henrique Fogaça, o chef tatuado que compõe o trio de jurados do Programa Mastercheff, não nasceu cozinheiro. Fogaça era bancário, começou e abandonou dois cursos acadêmicos, Arquitetura e Comércio Exterior. Alimentava-se basicamente de pratos congelados, até que cansou de comer comida ruim e passou a arriscar-se na cozinha para produzir suas próprias refeições. O moço contava com a luxuosa consultoria de sua mãe e sua avó, duas cozinheiras de mão cheia. Fazia sua marmita com recheios simples: arroz, feijão, bife empanado, frango assado, nada de comida sofisticada. Incentivado pela mãe inscreveu-se no vestibular para o curso de Gastronomia; passou, cursou e se encontrou. Pediu demissão do banco, comprou e equipou uma Kombi, onde fazia e vendia sanduíches caprichados de hambúrguer, carne louca e linguiça. O negócio acabou não vingando. Mas o cara não se intimidou, não. Passou a vender sanduíches na baguete, bolo de laranja e mousse de chocolate (doces de sua infância), de porta em porta. Trabalhou no D.O.M, restaurante do renomado e premiado chef Alex Atala. Seu primeiro negócio próprio foi um pequeno café na Galeria Vermelho, espaço de arte contemporânea na cidade de São Paulo. Hoje, Henrique é um próspero empresário da área de Gastronomia, toca quatro restaurantes de sucesso e garante que “Comida tem que ter nome de comida. Tem que satisfazer, ser farta. Não pode ser artigo de luxo. Afinal, é algo primitivo, ligado a coisas básicas como a sobrevivência e o prazer.”

O que há de comum entre essas histórias? Qual é o ponto de intersecção entre as trajetórias de Geraldo, Sabrina, Henrique, Fernanda e Letícia? À primeira vista, nada, nenhum ponto de intersecção. O que poderia haver de coincidente entre caminhões velhos, bijouterias originais, móveis descolados e comida boa?! O ponto de encontro entre o sonho dos cinco empreendedores é a capacidade de tirar de um problema, de uma situação de crise, insatisfação ou perda, o combustível para se reinventar e mudar sua trajetória, não apenas profissional, mas da própria vida. Em todos os relatos aparece a ideia do trabalho como fonte de alegria e prazer.

O Brasil passa por uma crise gravíssima que tem em seu cerne, além da questão econômica, a quebra de expectativa, a sensação de desamparo e de descaso. Esse pode ser um ambiente propício para gerar aumento de casos de falência financeira, desemprego e falta de perspectivas. Mas, há quem sobreviva. Há outras tantas histórias de pessoas comuns, gente que não aparece na mídia, homens e mulheres que não ficaram famosos, não são grandes empresários; mas tiveram a coragem de arregaçar as mangas e olhar para a vida como um lugar de oportunidades. Há gente que afunda na crise e há gente que aprende a navegar com ela.

Todo ser humano é um fascista em potencial: Reflexões sobre a Banalidade do Mal

Todo ser humano é um fascista em potencial: Reflexões sobre a Banalidade do Mal

Imagem de capa: Andriy Solovyov, Shutterstock

Theodor Adorno disse que todo ser humano é um fascista em potencial, pois nenhum de nós está isento de cometer atrocidades contra o outro, uma vez que todos podem perder ou deixar-se perder a capacidade de pensar o mundo como uma dimensão de espaços que coabitam.

Ou seja, qualquer ser humano pode deixar de enxergar a dimensão que forma o outro e passar a entender o mundo a partir de um único ponto de vista, sem direito ao diálogo, até porque, como disse, não há um interlocutor para que o diálogo seja estabelecido.

Dessa forma, há de se considerar a força que a estrutura sócio-política exerce para que o indivíduo se torne um fascista, como ocorreu na Alemanha nazista, em que o próprio Estado criou mecanismos para que qualquer pensamento contrário ao dominante fosse exterminado pelo ódio e pela violência. Naquela ocasião, o horror nazista não foi praticado por pessoas “demoníacas”, tomadas por um ente abstrato, como muitas vezes aparenta, e sim, por pessoas comuns, adaptadas e subservientes ao sistema, inclusive, um totalitário.

Analisando por essa perspectiva, percebemos que de fato há no homem uma potencialidade para o mal. Mais que isso, existe uma potencialidade para que o mal seja praticado e banalizado. Em toda prática fascista, portando, há uma banalização do mal, uma vez que ao se tornar parte do cotidiano, algo padrão compartilhado por todos, o fascismo se torna banal, um mal não de “monstros”, mas de homens comuns.

Nesse ponto, o pensamento de Adorno se encontra com o de Hannah Arendt, em que se constata que o vetor do mal praticado em regimes fascistas é o homem comum, destituído da capacidade de pensar. A perplexidade que essa análise traz não está apenas em perceber que responsáveis por milhares de mortes eram indivíduos médios, mas, sobretudo, em entender que qualquer um pode se tornar uma pessoa abominável e externar o monstrinho que somos, lembrando Saramago.

Obviamente, dificilmente teremos a repetição de modelos totalitários como o nazismo, o stalinismo, ou as ditaduras latino-americanas, em que sobressaltaram aos olhos indivíduos como Hitler e Stálin. No entanto, na conjuntura atual, é possível que pequenos reinos totalitários sejam instalados, bem como, o levante de pequenos tiranos. E é exatamente isso que se observa dentro do panorama social contemporâneo.

Discursos de ódio, segregação, culpabilidade dos problemas produzidos socialmente a determinados grupos, isolamento, egoísmo, egocentrismo, competição extrema por todos os espaços, incapacidade de ouvir, enxergar, ver e reparar. Todas essas características, as quais poderiam se relacionar com os regimes totalitários supracitados, na verdade, também pertencem a nossa sociedade. Sendo assim, a banalização do mal em uma nova faceta nos atinge e demonstra que o inferno não está nos outros, em outro lugar, mas em nós, aqui e agora.

A grande problemática, desse modo, reside no fato de, mesmo após tantas experiências negativas para o ser humano, a sociedade insistir em se organizar de maneira autodestrutiva, desintegrada e excludente. Com uma estrutura social que estimula uma concorrência brutal, em uma espécie de luta de todos contra todos, como se fôssemos inimigos, gladiadores no coliseu, no melhor estilo do humanitismo desenvolvido por Machado, não é estranho que tenhamos perdido a capacidade de enxergar o outro como um ser com dimensão própria e diferente da nossa, que mais do que meros julgamentos, deve ser compreendido em sua individualidade e complexidade.

Quando se desenvolve um sistema que cria condições favoráveis ao afloramento do mal e sua prática por todos (banalização), há se entender que os dispositivos possuem problemas e precisam ser corrigidos. Isso não significa estabelecer um determinismo, em que todos, sem exceção, agirão do mesmo modo quando expostos a determinada circunstância sócio-política, mas perceber que os moldes em que a sociedade se constrói são fundamentais para que se tenha indivíduos inclusivos ou exclusivos (autoritários, incapazes de dialogar e, não raras vezes, agressivos).

Se vivemos em uma sociedade pautada no reino do eu, então, somos incapazes de enxergar o outro de forma autônoma e diferente. Pelo contrário, enxergamos o outro somente como um reflexo nosso e na medida em que não conseguimos perceber esse reflexo, vemo-nos na obrigação de por meio da força torná-lo igual ao modelo-padrão.

Trocando em miúdos, não há na base formadora da nossa sociedade elementos que estimulem o diálogo, a capacidade, para lembrar Rubem Alves, de enxergar que o outro possa ver mundos que eu não enxergo. E é justamente essa incapacidade que produz a violência, seja verbal, como discursos de ódio e intolerância nas redes sociais, seja física, quando o indivíduo-tirano não aceita a insubordinação daquele que vive diferente das suas normas.

Posto isso, o mal pode existir e ser banalizado em qualquer época e sociedade, porque, como disse Bertold Brecht – “A cadela do fascismo está sempre no cio” – à espera de sistemas que a copulem e produzam cachorrinhos obedientes a todo comando do pai. Sendo, portanto, o mal oriundo do homem comum, banal, que estava apenas procurando do melhor modo estar adaptado ao sistema, é preciso ressaltar a sua incapacidade de ser diferente e romper com a ordem.

É preciso ressaltar a nossa extrema facilidade em se adaptar e banalizar o mal, mesmo que, no fim das contas, todos sejamos afetados pela violência do totalitarismo, verdadeira tragédia do homem comum.

Gente chata é como unha encravada: só alivia quando a gente corta

Gente chata é como unha encravada: só alivia quando a gente corta

Não é fácil viver em sociedade, uma vez que somos obrigados a ter que conviver com pessoas que não nos agradam nem um pouco, com gente falsa, mal-humorada, mentirosa, agressiva, ninguém merece. É assim mesmo, afinal, muito provavelmente também seremos desagradáveis para muitos, que suportarão a nossa presença por conta das situações que se lhes obrigarão.

Não estaremos livres de encontrar indivíduos com quem não teremos a mínima simpatia, seja na família, na escola, no ambiente de trabalho, seja na roda de amigos. Não dá para explicar muito bem o porquê de gostarmos tanto de algumas pessoas e as razões da nossa antipatia por outros, embora existam aquelas que simplesmente pedem, suplicam, para serem desprezadas, de tão desagradáveis que são.

Quem não conhece alguém que diz que você engordou ou envelheceu, que faz piadas idiotas com alguma característica sua, que diz o que não deve onde jamais poderia, que fala mal de quem não está presente, enfim, alguém chato pra caramba? São aqueles indivíduos que espalham qualquer roda em que aparecem, que todos evitam convidá-los para qualquer evento, que pesam todo e qualquer ambiente que adentram.

O interessante é que, não raro, muitas pessoas que, de início, não nos causam uma boa impressão, com o tempo, após a convivência, passam a ser agradáveis para nós. Isso porque somente o dia-a-dia é que realmente mostra, com propriedade, quem é quem. Da mesma forma, muitos indivíduos acabam por se revelar o oposto do que imaginávamos, pois nenhuma máscara resiste à passagem do tempo – felizmente.

Devemos, ainda, atentar para o fato de que, em alguns casos, nossa antipatia pelo outro advém do fato de enxergarmos nele algum comportamento que também possuímos e não nos agrada, ou seja, é como se o outro fosse espelho de algo em nós mesmos de que não gostamos. E mais, como ninguém está livre de invejar alguém, deveremos tomar cuidado para que não estejamos invejando a pessoa e usando a antipatia por ela como defesa própria.

Mesmo assim, quando já tivermos analisado e ponderado todas as possibilidades de convivência harmônica com alguém e não tivermos conseguido mudar nossa opinião sobre ele, nem com a ajuda da passagem do tempo, é sinal de que ele sempre será um chato para nós. Nesses casos, o melhor a fazer é cortar de nossa vida quem a torna menos agradável, evitando contatos, a não ser os estritamente necessários. Tem gente que não muda, mesmo quando fica muda. Delete, releve, abstraia e finja surdez.

Vida que segue, e bem longe de gente chata.

Imagem de capa: AstroStar, Shutterstock

Prazer, eu sou o EGO

Prazer, eu sou o EGO

Imagem: Reprodução

Aquela imagem de ser especial, aqueles desejos intermináveis que nos cercam, as necessidades de atenção e carinho, as metas para nos tornarmos melhores. Ego - uma palavra tão pequena para algo que toma um espaço tão grande em nós, não é mesmo? É essa a face que nos constrói. Todo o nosso passado o sustenta, todo o nosso presente o alimenta e todo o nosso futuro o desenvolve. Prazer, esse é o EGO.

Podemos dizer que, a todo momento, estamos o exercitando, seja ao nos elevar ou ao nos diminuir. Levamos o ego à academia  –  dos relacionamentos, do trabalho, da família, de toda a nossa vida  –  e, no final, ele sai fortalecido, achando que é tudo o que somos.

Ele domina nossas falas, nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas emoções, nosso corpo, nossos relacionamentos, nossas aparências e tudo mais no entorno. O ego é aquele pecado original, é aquele conhecido, como o bem e o mal, como ignorante, como instinto animal. Ele possui várias faces: pode ser o bom, pode ser o mau; pode ser o inteligente, pode ser o burro; pode ser o rico, pode ser o pobre; pode ser a alegria, pode ser a tristeza  –  ele está em todos esses adjetivos e formatos.

Perceba que o ego trabalha com opostos: ele traz a dor e a alegria, o desejo (a falta) e a sua satisfação, o belo e o feio, a vítima e o vilão. Todos esses opostos são complementares, sendo um o contraste do outro. Ele no mostra a tristeza, por também nos mostrar a alegria; a escassez, por mostrar a fartura; o conflito, por mostrar a sensação de paz.

O EGO TRABALHA COM OPOSTOS, COMO UMA MOEDA QUE, UMA HORA É CARA E NA OUTRA É COROA. UMA HORA É ALEGRIA, em OUTRA É TRISTEZA. UMA HORA É CONFLITO, na OUTRA É PRAZER.

Esse não é um fato novo: todas as religiões ou buscam domar/enjaular o ego, ou matá-lo. Todas as escrituras, testamentos, livros e canções (guita) procuram nos comunicar a verdade, seja por leis morais ou porconhecimento.

Nessa vida, o ego deve ser investigado e conhecido.

É necessário reconhecer onde está o seu ego nesse momento. Sobre quais objetos, pessoas, palavras ou locais ele está lhe indicando para pensar agora.

QUE DESEJO VOCÊ ESTÁ TENTANDO OBTER? QUE NECESSIDADE QUER SATISFAZER?

O ego joga sujo, inventa a perfeição só para você fazer de tudo para alcançá-la. Ele cria a tristeza e promete a felicidade na satisfação do desejo, só para você desejar mais e mais. Ele cria uma autoimagem, só para você fazer de tudo para preservá-la e melhorá-la. Ele inventa conflitos, para você se agitar e buscar paz em algum objeto, pessoa ou lugar.

Ele quer técnicas, práticas, cultos, rituais, curas, cursos, trabalhos, relacionamentos, entorpecentes, filosofias, novidades, livros, filmes, sexo e compras, para acabar com ou minimizar qualquer insatisfação. Ele cria a doença e a sua cura no mundo exterior.

Ele não gosta de olhar para dentro; na verdade, ele não suporta o silêncio. Ele não gosta de se sentir sozinho, por achar que só algo lá fora pode satisfazê-lo. Ele evita uma paz e uma felicidade suprema, a ponto de garantir a si mesmo que é impossível isso existir.

Bem isso tudo é o ego. Mas, e o que não é o ego?

QUEM É VOCÊ? QUEM É VOCÊ SEM ESSA MÁSCARA (PERSONA=PESSOA) DO EGO? O QUE É ISSO QUE É VOCÊ?

A partir do momento em que investigamos e conhecemos melhor o funcionamento do ego, uma porta se abre para o testemunho. O testemunho do que está acontecendo agora, do que se passa dentro de nós. Perceba que, dentro, também, é só um conceito e não necessariamente temos esse limite.

Que pensamentos estão aí? Você está onde agora? Está no passado, futuro ou no presente? O que o ego está tentando fazer? Que imagens ele lhe mostra? que conflitos ele cria? Quem ele diz que é você?

Investigue o que é o ego e como ele funciona. Veja quais são os seus moldes, os seus padrões, as suas heranças. Investigue, também, o que não é ele. Sem o ego e sem o corpo, o que sobra? Essa pergunta é o amor, que desperta, que traz consciência.

FELIZ DAQUELE QUE SUPEROU O EGO (BUDA)

“Um homem disse a Buda:

– EU QUERO felicidade.

Buda respondeu:

– Primeiro retire o EU, que é a sua imagem e vem do seu ego. Depois, retire QUERO, que é seu desejo e também vem do ego. Pronto, agora você é deixado com a felicidade, o que você realmente é.”

Namastê!

Virgilio

Aos 86 anos, senhor usa tempo livre tricotando gorrinhos para bebês prematuros de UTI

Aos 86 anos, senhor usa tempo livre tricotando gorrinhos para bebês prematuros de UTI

Foto: Divulgação

Aos 86 anos, o engenheiro aposentado Ed Moseley chamou a atenção da imprensa americana por um motivo muito nobre. Moseley dedica parte do seu tempo a tricotar gorrinhos para bebês prematuros da unidade de terapia intensiva neonatal do Hospital Northside, em Atlanta.

Vivendo em um lar de idosos, na Georgia, Ed decidiu participar de um programa de extensão para tricotar gorrinhos para os recém-nascidos. Mesmo não sabendo tricotar, topou o desafio. Pediu à filha um kit com lãs e agulhas e, superadas as dificuldades iniciais, deu conta do recado.

Mais de 350 gorrinhos já foram feitos pelas mãos generosas dele, que se diz feliz pela oportunidade de ajudar outras pessoas e se manter ocupado enquanto assiste golfe na televisão – seu passatempo favorito. “Quando alguém aprecia algo que você faz, isso faz com que você se sinta bem”, disse à ABC News.

O altruísmo de Moseley inspirou outros colegas residentes e a equipe do asilo, que o ajudam a tricotar para o projeto. Além disso, as crianças da escola onde sua neta é professora se interessaram em aprender a tricotar.

Segundo o ACJ, Ed também ajudou a montar kits de higiene pessoal para mulheres e crianças carentes e continua fazendo os gorrinhos para atender pedidos da família e de amigos, sem cobrar nada.

Definitivamente, um exemplo a ser seguido!

A intimidade é linda. O que a gente faz com ela, nem sempre.

A intimidade é linda. O que a gente faz com ela, nem sempre.

Imagem de capa:  Jacob Lund, Shutterstock

Ahh… essa vida tem cada uma! Então logo eu, tão afeito a viver só, virar noite no trabalho, acordar cedo e dormir tarde, de repente dei de sonhar com você e eu dormindo agarrados, juntos feito conchinhas.

Sabe Deus por que motivo. Mas aqui comigo eu penso que a razão é simples. Deve ser porque dormir em paz é coisa que a gente faz de consciência limpa, na solidão de cada um ou junto de quem nos faz sentir amor. Dormir pesado em companhia certa é um exercício de leveza e profunda intimidade. Só acontece entre almas que lá pelas tantas, de alguma sorte, se aproximam, se unem, se ajudam e caminham adiante.

Confesso. Eu ando carecido de pegar no sono sob seu olhar amoroso, acordar e encontrar você ali, me esperando para um dia novo. Eu dou conta. Estou pronto. Faço jus ao nosso acordo tácito de bichos íntimos. Prometo amar e respeitar a nossa intimidade, prima-irmã da compreensão e da confiança, filha amada do respeito, companheira da ternura.

Você sabe. A intimidade é tão bonita! Pobre de quem não reconhece. Não sabe o que está perdendo. Há quem a trate com desprezo, atrevimento, abuso. Esses a perdem, enferma, em lençóis manchados de desleixo, sobre camas puídas de descuido e indiferença, atravancando um quarto escuro e empoeirado.

Intimidade não sobrevive sem estima, sem apreço. Como a planta que carece de água e luz e terra boa, intimidade só perdura, floresce e ramifica se for regada de atenção e delicadeza.

Quem diz que a intimidade é o que estraga um namoro, um casamento ou coisa parecida não sabe do que fala. Que culpa tem a intimidade se o casal não sabe usá-la como deve?

Ahh… gente íntima. Ocupa com cuidado o espaço do outro que a intimidade torna seu. Duas almas quando se fazem íntimas se respeitam e se libertam, não se intimidam nem se prendem. Ser íntimo é viver dentro do outro e deixar o outro viver dentro de mim. É preciso apreço e dedicação. Se vivo em alguém, respeito quem me recebe. Se deixo o outro viver em mim, o recebo com gratidão e gentileza. É tão simples. Sejamos íntimos e dedicados. Amorosos e felizes. E que a intimidade nos seja linda para sempre.

Moça, sai dessa de “inimigas”

Moça, sai dessa de “inimigas”

Eu queria tocar algumas polêmicas do feminismo, mas de uma forma leve, sem academicismos, sem muita pretensão. Tentei falar de um jeito que o leitor pudesse chegar até o fim do texto sem ódio no coração. Gerar mais reflexão do que reação. Se não consegui, fica a intenção.

Não menos de uma vez ouvi de algum homem referindo-se a algum ditado ou crença antiga, como o de que duas mulheres dividindo o mesmo telhado é discórdia na certa. Não me lembro bem o dito detalhado, me lembro bem apenas que ouvi muito nesse sentido.

Também já vi, como certamente você também viu, várias piadas que desacreditam a amizade e as relações de cumplicidade entre mulheres.

Fossem apenas os homens crentes e praticantes da discórdia feminina, creio que ela não passaria mesmo de um dito antigo ou de uma piada. Mas é surpreendente o quanto mulheres alimentam entre si, por vezes, creio, sem perceber, esse vício cultural.

Eu não sou lá uma pessoa muito velha, mas desde quando descobri a existência do feminismo até os dias de hoje, algo em torno de uma década e meia, nunca ouvi tanto falar sobre o assunto como agora. Nunca conheci tantas mulheres que se dizem feministas. Nunca vi tantos homens dispostos a conversar e a ouvir sobre o assunto.

Fossem quantidade e qualidade sinônimos e o avanço da nossa civilização no sentido de superar as diferenças biológicas enquanto determinantes, e compreender que gêneros são construções culturais, seria certo. Todavia, como quantidade e qualidade não são sinônimos, eu fico cá com minhas dúvidas.

De uns tempos para cá tenho ouvido dizer que certas celebridades do momento são feministas e fico confusa. De outro lado, assisto a uma rixa tacanha e ranzinza entre bolinhas e luluzinhas que me lembra a época da escola.

Certos comentários sobre o feminismo, utilizando nomes de grandes intelectuais que escreveram sobre esse assunto (e muitos outros, podem acreditar!) que me deixam em dúvida se as li de fato, ou se li alguma outra coisa e a memória me trapaceou.

Felizmente, até agora, a memória vai bem, obrigada. É somente mais uma questão séria encarada de forma superficial em uma sociedade obesa de informação e anoréxica de conhecimento ou sabedoria, palavra esta mais romântica e de muita estima. Nestes tempos, ninguém está completamente a salvo de ser muito (e mal) informado.

Essa informação toda e sua superficialidade pode ter lá suas vantagens, suas potências, sei lá, perguntem ao homem do futuro, ou à mulher do futuro. Eu, humildemente no presente, penso apenas que agora, sem sabermos muito bem no que vai dar essa nossa caminhada humana, podemos ser um pouco mais amáveis e honestos uns com os outros.

Essa febre de chamar outras mulheres de “inimigas”, “invejosas”, “recalcadas” e mais um bocado de adjetivos que não atingem com a mesma violência os estigmas masculinos, me parece bem incoerente com a postura de qualquer mulher que se diga feminista, que se considere liberta dos padrões sociais ou que diga lutar por isso.

Não adianta comprar briga com homens quando nós mesmas, enquanto mulheres, ajudamos a nos diminuir e a nos desvalorizar umas às outras. Atitudes que alimentam o tal ódio feminino, coisa de tempos longínquos demais para dizer que é invenção dessas gênias da cultura de massa.

Acho bem estranho mesmo, que nem tendo muito gosto por certos tipos de composição musical e logo não os ouvindo a não ser pelo acaso, escute por aí, com certa frequência, por tocarem em rádios de diversos lugares públicos ou comerciais, músicas na voz feminina que, se algo mais fazem, pouco mais é do que ofenderem outras mulheres.

Os argumentos são diversos: quase sempre é pela disputa por um macho. E nesse caso, me perdoem, mas a postura é bem de macho e fêmea mesmo, de marcar território, de brigar, ainda que verbalmente, pelo roubo do “amor” ou do sexo do outro enquanto propriedade. Até aí, não está tudo bem, mas fica pior.

Novas formas de ofender uma mulher chamando-a de puta, prostituta e outros adjetivos, como os que já mencionei, são hermeticamente elaborados pelas compositoras para destilar sua amargura em ter sido traída pelo homem com o qual tinham um compromisso, ou alguma situação do gênero.

Eu fico aqui me perguntando, afinal, mais errado é quem assume o compromisso e fura com ele, ou é a outra pessoa que estava livre, leve e solta? De dois erros, o pior, é sem dúvida o primeiro. É uma questão lógica antes de ser uma questão ética. Só se pode cobrar algo de alguém com quem se tem um compromisso, a canalhice não está no feminino, neste caso. Por que, então, é sempre a mulher que paga o pato?

Para ser honesta, não consigo pensar em exemplo melhor do que os casos de “traição” para revelar a incoerência do tratamento entre mulheres e homens. É uma das situações que mais explicita o quanto realmente não damos conta do feminismo. Vou repetir esse exemplo por aí.

Em contrapartida, temos uma porção de músicas melosas falando da beleza de fulana, canções de açougue, dessas que faltam pouco marcar as mulheres como se fossem bois e exaltar a qualidade de suas partes esquadrinhadas.

Todo mundo adora! Ou é romântico ou faz mexer o corpo. É cultura. Afora os exemplos musicais, vemos essa lógica e outras semelhantes reproduzidas em tantos outros meios e, porque não, pelas pessoas em suas redes sociais e relações pessoais.

Tudo bem, tem muita coisa que é cultura sim, para o bem ou para o mal se isso existir. Mas duvido muito que esses exemplares sejam dos melhores da mesma natureza. Há muita gente boa, com ideias mais interessantes por aí, que só não encontra espaço para tornar-se conhecida.

Achar que é uma pessoa politizado porque está ouvindo um rit do momento “não elitizado”, sem questionar ao menos um pouquinho a verdade disso e mais: o que está para além disso, é meio ingênuo.

Mas cada qual com seu qual, não vejo mais quê em delongar as polêmicas do que dizer do que vim dizer. Aquele ditado dito no início, essa visão das mulheres se odiarem entre si, que os homens gostam de cantarolar de forma tão gozada, só se sustenta porque encontra amparo.

Não bastassem tantas questões sociais graves pelas quais as mulheres passam mesmo vivendo no século do futuro, apesar de todas as conquistas que, vamos combinar, vivem ameaçadas; ainda temos que lidar com uma cultura que nos instiga a odiarmos umas às outras.

Só os grupinhos fechados de amigas é que se valem, mas, no geral, critica-se a aparência de outras mulheres por qualquer pormenor. Critica-se a sua vida sexual. Critica-se a sua forma de pensar e de agir. Critica-se o seu comportamento. Critica-se a sua roupa. Critica-se os seus relacionamentos, suas escolhas. Se for bem-sucedida é porque “deu para alguém”, roubou, trapaceou de alguma forma. Infelizmente, não são só os homens que repetem essas coisas por aí…

E falando em homens, todas as mulheres são potenciais inimigas quando o assunto é homem. E, talvez a pior ingenuidade de todas: há aquelas que se pensam superiores por terem identificações e o respeito aparente de seres do sexo masculino, que não raro se utilizam de elogios que exaltam a sua grande diferença e superioridade em relação às outras.

Moça, sai dessa, pense bem: isso é basicamente o mesmo que o cara dizer que “apesar de você ser mulher…” blá blá blá. Não é exatamente um elogio. Enfim, isso te diminui tanto quanto a qualquer outra. Vai chegar uma hora que, conforme a conveniência do assunto e do contexto, o apesar vai sumir e você será como as outras.

Se nós, mulheres, tendemos a nos olhar com olhares maldosos, com desconfiança, com inimizade e tantas outras coisas que vomitam por aí, é muito mais porque, boa parte das vezes, somos criadas para isso (o cristianismo, me perdoem, é um grande contribuinte para essa causa).

Com poucas exceções, reproduzimos uma cultura que dita que nenhuma mulher é completamente confiável, nem homem pode ser amigo de mulher sem um envolvimento sexual latente. Sempre há um risco. Acabamos isoladas em nosso útero.

Temos concursos de beleza para nos rivalizar ainda mais, cultuando uma suposta ideia de que existe uma beleza feminina maior. Já parou para se perguntar por que não tem “mister universo”? Já parou para se perguntar por que as mais importantes competições que envolvem homens (ou nas quais eles são a maioria) englobam grupos ou algo mais do que ter nascido com uma genética favorável à aparência?

Nessa vida, ao menos no que diz respeito ao que culturalmente se arrasta, nada é coincidência. Ir à luta é necessário, é bacana, mas pouco adianta se não mudarmos certas atitudes cotidianas. Defender feminismo no “face” e fazer cara de bunda pra outra mulher porque você acha ela atraente, buscando formas de humilhação e de achar defeitos para desmoralizá-la é incoerência.

Condenar a moça com quem seu namorado te traiu em vez de dar a real nele, cobrar isso dele, e até juntar com ela para falar mal dele, é incoerente. Na boa, presta atenção, é geralmente isso que homens fariam se fosse você a “traidora”. Não é necessariamente o caso agir da mesma forma, mas, no mínimo, agir com razão.

Não podemos continuar justificando com hormônios e TPMs os nossos equívocos quando os nossos argumentos dizem que as nossas distinções biológicas não nos definem social e intelectualmente. Temos muitos paradoxos para lidar no decorrer da vida até fortalecermos a nossa voz, não por gritarmos mais alto, mas por sermos claras e homogêneas o suficiente para sermos ouvidas.

E, por incrível que pareça, precisamos ouvir também… afinal, gênero não é questão de ter pênis ou vagina, mas de uma construção social sobre o masculino e o feminino, que são variáveis conforme épocas e culturas diferentes. Então, a discussão está para muito além de homem e mulher: diz respeito a práticas, a hábitos, a crenças, a costumes, a morais e mais outras questões que podem perpassar por muito mais do que esse aparente binômio.

Já parou para pensar que o que mais ofende um homem, ou o que mais o condena socialmente, é apontar o feminino nele? Por mais de uma vez, e ainda hoje ocorre algumas vezes, o feminismo é confundido com expurgar o feminino a qualquer custo. E, por vezes, essa parece mesmo uma solução, diante dos nervos cansados que não querem carregar o sofrimento desse gênero.

Às vezes parece que a solução é se igualar aos homens, e muitos homens e mulheres entendem erroneamente dessa forma a questão feminista. Não se trata disso. Pode ser que exista alguma teoria aí que diga o contrário, mas de modo algum é essa a questão. Sequer há sensatez em algo assim.

O que precisamos mesmo é amar mais o feminino, é valorizar mais o que é nosso, nossas singularidades (a sua e a das outras), é olharmos com a mente mais aberta para o que é nasce do universo feminino. Decidir o que vai e o que fica, porque temos propriedade para fazer isso.

Precisamos mesmo é nos conhecermos mais, entendermos melhor o que temos em comum umas com as outras e deixar esses ódios de lado. É prestar atenção que tem feminino em muito mais do que nas mulheres e que só falta isso ganhar seu destaque merecido. É tentar encontrar um equilíbrio e não tentar competir com aquilo que criticamos, o tal do machismo, como se quiséssemos tomar seu lugar opressor. Não queremos, acredito, a existência de qualquer lugar opressor.

Não se trata de tomar o lugar de uma atitude conservadora e agressiva que favorece o masculino para colocar o feminino no lugar. É acabar com a ideia de que existe um melhor e um pior, é tirar o conservador e o agressivo da frase, e deixar o masculino e o feminino em interação. É acabar com a dominação de uma coisa pela outra, para que elas possam se potencializar em vez de se anularem.

E se te parece romântico pensar nessa realização enquanto macro, eu concordo. Mas enquanto micro é perfeitamente possível. Sair desse papo de inimigas, de recalcadas, de desleixada, de puta e etecetera e tal para depois vir pedir homens para respeitarem mais as mulheres já é um começo.

Comece por você, mude seu olhar e seu discurso sobre o feminino e já vai desarmar muito machismo por aí. Comece pelas suas amigas, trazendo outros pontos de vista quando o impulso é reproduzir esses discursos. Comece tendo um pouco mais de empatia com a pessoa que é do mesmo sexo que o seu e está sujeita às mesmas pressões que você.

Sai dessa de “inimigas”, pois se não podemos ser todas amigas, no mínimo, podemos ser cúmplices.

Imagem de capa meramente ilustrativa- cena da série “Xena, a princesa guerreira”

Não espere ver o outro sangrar para constatar que machucou

Não espere ver o outro sangrar para constatar que machucou

Imagem de capa: David Prado Perucha, Shutterstock

Não aguarde muito tempo para deixar a consciência falar e trazer as malas pesadas da culpa. Não conte com o esquecimento alheio. Quem é ferido não esquece fácil, porque a dor não deixa.

Se num momento de raiva você machucou alguém, o momento imediatamente seguinte deve ser dedicado ao retorno do equilíbrio, às desculpas e consolo de quem foi injuriado.

Não espere o sangue aparecer para se dar conta que feriu alguém. As feridas secas e sem hematomas são as que mais doem. E as cicatrizes fecham e depois abrem novamente, para se alimentarem de rancor e, muitas vezes, vingança.

Não ouse achar que o perdão já está garantido. Não recolha suas pedras atiradas contando piadas. Não faça pouco caso do que o outro sente quando ferido.

Muitas vezes, ser machucado não é tudo. Ainda pior, é sê-lo por você, de forma inesperada. A confiança despedaçada, a espontaneidade que dificilmente retornará, a má impressão que sempre acompanhará…

Os grandes feridos dão entrada nas emergências de hospitais buscando cuidados urgentes, de quem estiver de plantão. Os profundamente feridos, caem num precipício profundo e cheio de ecos. Caem de susto, de tristeza, de incredulidade e decepção.

Não seja você a criatura que empurra. E, se por infelicidade ou incapacidade o fizer, trate de pular logo atrás, com um corda bem grande e pesada, e traga de volta, nem que seja nas costas, quem foi ferido por suas razões.

Não se iluda ao acreditar que agressões, veladas, silenciosas, vociferadas, enganosas, maldosas, não trazem de volta sérias consequências.

No calor do momento, escolha não ser o agressor. E se esbarrar com alguém sangrando, ofereça um curativo.

Nunca se desculpe por ter dito a verdade

Nunca se desculpe por ter dito a verdade

Em um mundo de aparências líquidas, amizades frágeis e amores fracos, ser verdadeiro tornou-se quase que uma ofensa. Ou andamos de acordo com a onda hegemônica do lugar comum, subjugando-nos ao que a maioria dita como normal, ou sofreremos a incompreensão, muitas vezes violenta, de muitos. Haja o que houver, não se furte de dizer a verdade.

Não se desculpe por ter alertado ao amigo sobre as atitudes que fazem dele uma pessoa pior, chamando à realidade de seu comportamento, toda vez que ele se desviar dos caminhos serenos da ética, enveredando para os descaminhos perigosos e, muitas vezes, sem volta. Amigos não servem apenas para beber cerveja, mas também para ajudarem-se enquanto seres humanos decentes.

Não se desculpe por ter se colocado, ao colega de trabalho, quanto às atitudes dele que lhe desagradam, sobre a necessidade de haver limites de tolerância, para que você não se sinta prejudicado. Sempre existirá quem queira puxar o tapete do outro, de forma a tentar se sobressair às custas das falhas alheias, em vez de se destacar pelo que se é. Sim, a estes deve ficar claro nosso nível de paciência.

Não se desculpe por ter dito aquilo que pedia o seu coração, mesmo que tenha sido um tanto quanto antipático, desde que não tenha sido grosseiro – podemos ser firmes sem ofender, sim. Inevitavelmente, por mais que nos calemos diante do que nos desagrada, necessitaremos por para fora esse nó que engasga o nosso emocional, ou adoecemos. Somente engolir acaba nos forçando a cuspir fogo na hora errada e com quem não merece.

Não se desculpe por ter dito “eu te amo” todos os dias em que estiveram juntos, por ter amado com todas as suas forças, pela entrega inteira, total, integral, pelo mergulho no mar de sentimentos que invadia a sua essência enquanto construía seu relacionamento, por ter desejado invadir a afetividade de quem você amava acima de tudo. Errado não é se lançar por completo e insistentemente ao encontro de quem faz o coração vibrar, mas sim fugir covardemente de alguém por medo do não, da dor, medo do amor.

Todos sabemos, – de tanto ouvir e ler sobre – o quanto a verdade harmoniza, acalma, elucida, fortalece. Tudo o que perdermos em razão de termos sido verdadeiros foi embora como bênção, como livramento, afinal, o que nos alimentará a esperança e a certeza amorosa sempre será aquilo que vier de forma transparente. O resto, dispensa-se por si só.

Imagem de capa: Creative Lab, Shutterstock

Liberdade para sentir

Liberdade para sentir

Imagem de capa: Bogdan Sonjachnyj, Shutterstock

Com o tempo, você aprende que nem todos os laços devem ser mantidos. Você aprende que, algumas pessoas, simplesmente não cabem no mesmo coração. Porque diferenças são respeitáveis, mas a falta de entendimento e compromisso para com elas, não podem ser ignoradas. Algumas pessoas confundem carências com sensibilidades. Colocam no mesmo saco, ego, possessão e amor.

Com o tempo, você aprende que não há nada de errado em dizer adeus. Partidas não podem ser evitadas ou camufladas. Insistir numa relação que flerta com o fim, é fazer do próprio corpo um martírio desnecessário e destrutivo. Gostar não é isso. Admiração não é isso. Trancafiar sorrisos para ajudar quem pouco reconhece, atrofia o seu desenvolvimento. Nada de permanecer sociável por aparências, interesses e outras desculpas frágeis das quais você é induzido.

Com o tempo, você aprende que amizade é escolha. Favores não podem ser postos numa balança, como quem quer estipular valores e pontuar os níveis de fraternidade. Quem adentra nesse caminho não precisa de amigos, mas de autoafirmação. E bem sabemos que o mundo anda repleto de rostos estampados em outdoors, buscando nada menos que a sua atenção e energia.

Com o tempo, você aprende que amor é liberdade. É direito de ir e vir quando quiser, para quem quiser. Fidelidade é você ser honesto a respeito do que sente. Traição é você ignorar o próprio querer para agradar um outro alguém. Quando isso acontece, o carinho passa distante. Se você não está entregue para um abraço, então por que abraçar? Só deposite o que lhe cabe, mas não cobre o que não vier a ficar.

Com o tempo, você aprende que nada é preto no branco. Uma moeda tem de dois lados, mas isso não permite um alvará para um desfile ignorâncias. Conhecimento é perspectiva. Sentimentos, também. Tenha paciência, mas seja audaz. Tenha força, mas preze pelo equilíbrio. Tenha você, mas compartilhe o nós.

Mães e Pais têm licença poética para serem ridículos

Mães e Pais têm licença poética para serem ridículos

Imagem de capa: Rawpixel.com, Shutterstock

Estava eu divagando sobre a vida, sobre o sentido que damos a ela e como, muitas vezes, ela vai se desenhando por si só, e observei que um desses desenhos que ela se encarrega de traçar, rabiscar e colorir, de uma maneira muito singular, é a maternidade/paternidade.

Quando nasce um filho, nascem também uma mãe e um pai. O “nascer” mãe/pai não se dá como a data e horário do parto dos bebês, por exemplo: nasceu dia 04 de fevereiro de 2013, às 15:47 horas. Mãe e pai ficam nascendo o tempo todo, adaptando-se às necessidades do rebento e se transformando para acompanhar as fases de seus filhos. Haja amor para tantos partos de um mesmo filho, primeiro bebês e crianças, depois pré-adolescentes, adolescentes e, finalmente, adultos.

Lembro-me de amigas que me mostravam incansavelmente as fotos de seus filhos que estavam no celular, eram fotos em todas as poses. Que chatice! Eu não era mãe! Além do mais, para mim, recém-nascidos sempre tiveram uma semelhança com joelhos: eram bonitinhos, mas inchadinhos e sem forma.

Desmarcar compromisso de trabalho porque não tinha com quem deixar o bebê ou porque adoeceu, sempre achei antiético e irresponsável. Emocionar-se quando o filho deu o primeiro passo, falou a primeira palavra, era desnecessário, afinal, é isso que se espera de uma criança, que ela se desenvolva. Mãe/pai chorar porque chegou o dia de a criança ir para a escola, qual o sentido? Afinal, todas as crianças precisam se socializar e aprender a ler e a escrever.

Até que meu filho chegou, eu “nasci mãe” e, aos poucos, tudo isso foi fazendo sentido. Mostrar fotos para todos, inclusive para aqueles que não querem ver (não são mães/pais), era quase uma obsessão. Recém-nascidos não têm mais cara de joelho, consigo identificar as características que são da mãe e as que são do pai, mesmo num rostinho tão pequeno.

Se meu filho adoece, desmarco compromissos pessoais, profissionais, e, se no dia tiver um encontro com o papa, infelizmente também terá que ser desmarcado. Entendi perfeitamente o drama de mães/pais que deixam seu filho no primeiro dia de aula, na escolinha, pois hoje eu sei que é a primeira “grande” separação.

Nascer mãe/pai faz com que nos preocupemos com uma possível terceira guerra mundial, com a fome, a Batalha de Aleppo, tsunamis, terremotos, falta de acesso à educação, saúde e segurança; surtos de doenças, acidentes de trânsito, política e economia, enfim, preocupamo-nos com tudo e com todos.

Mãe/pai tem um olhar refinado para identificar a dor do outro, maior disponibilidade interna para perceber crianças ou famílias que precisam de apoio e ajudá-los. De forma alguma digo que quem não tem filhos não seja capaz de se preocupar e se mobilizar para fazer um mundo melhor, mas afirmo que o “olhar” de mãe/pai faz uma leitura diferente de tudo ao redor.

Nascer mãe/pai traz muitas alegrias, damos outros significados para a vida e importância para as pequenas coisas, mas viver dói mais. Tornar-se mãe/pai é se preocupar com tudo que acontece à volta e principalmente com o filho. É consultar a previsão de tempo antes de sair de casa, especializar-se em comidas saudáveis, pesquisar se existe um sequestrador de plantão nos arredores, tornar-se PHD em vacinas, estudar como se deve criar um filho no Google (porque tem horas em que não confiamos no nosso instinto).

Ser mãe/pai também é tornar-se mais sensível: choramos pelos filhos de outras pessoas, pelas crianças inocentes que morrem, sofremos com as mães/pais que perdem seu filho. Mãe/pai são pessoas fáceis de se reconhecerem, choram até em propagandas de margarina, mas são sábios o suficiente para dar importância ao que realmente vale a pena. É apreciar um domingo de sol para passear no parque, é identificar o sorriso das pessoas na rua, é admirar a professora do filho, é conciliar o trabalho com ser mãe/pai, é manter as amizades nessa trajetória da vida.

Talvez sejam coisas singelas, mas, possivelmente, sejam essas coisas que dão sentido à vida: sorrisos, beijos, abraços, momentos e a paz. Ser mãe/pai traz muitos desassossegos, mas refina nosso olhar para enxergar beleza nas coisas pequenas e acreditar no que vale a pena, é ter fé na vida.

E o que seria do mundo se não fossem as mães/pais que fazem outra leitura dele? Que sentem, compreendem a vida com mais ternura? Que transbordam um amor diferente?

Sendo assim, digo que mães/pais têm o direito de mostrarem as fotos de seus filhos para todas as pessoas, de chorarem quando os deixam na porta da escola, de se emocionarem com o primeiro passo e a primeira palavra, de não dormirem às vésperas das vacinas doloridas, de se deprimirem diante das atrocidades que são cometidas com milhares de crianças no mundo, porque tudo isso faz sentido quando se nasce mãe/pai.

Mães/pais estão sempre com lágrimas nos olhos que podem ser de amor ou dor. Estão sempre em estado de alerta para protegerem o filho ou outra criança. Somos bons em ensinar a afetividade e a ternura, mas somos melhores ainda quando se trata de defender nossas crias.

Eu duvido que mães/pais não tenham exercido sua “ridiculez” defendendo com “unhas e dentes” o seu ideal de criar o próprio filho, quando duvidou do pediatra, quando o filho apanhou de um coleguinha, quando algum familiar questionou a educação dada à criança, quando houve critica à comida oferecida ao bebê, enfim, a lista é infindável.

Por isso eu digo: nós, mães/pais, temos licença poética para sermos “ridículos”!

E vamos continuar sendo “ridículos”, pois ainda há muitas coisas a serem feitas para melhorar o mundo para as nossas crianças.

É preciso saber quando é hora de entrar em um relacionamento

É preciso saber quando é hora de entrar em um relacionamento

Imagem de capa: Vitalii Vitleo, Shutterstock

Muitas vezes, queremos guardar os nossos melhores sentimentos para apenas demonstrá-lo em um momento certo. Muitas vezes, medimos a nós mesmos e ao outro para saber o que podemos ou não dizer. Muitas vezes, procuramos apenas trocar, no sentido de que só damos ao outro o que também recebemos dele.

O relacionamento, nessa perspectiva, é como um rio no qual eu não sei se vou ou não pular.

Estamos isolados no alto de uma rocha, vendo tudo do alto e com vontade de apreciar aquele prazer que só um rio pode nos dar. Aquela refrescância da água gelada em todo o corpo; aquele sentimento de estar boiando deixando tudo nos levar; aquele sentimento de nadar e fazer cambalhotas só porque podemos; aquele momento em que muitas coisas fazem sentido ao lado do rio e começamos a ver por outras perspectivas; aquele momento em que não nos preocupamos muito com o que está acontecendo fora dali (nossos problemas não importam, as notícias do jornal não importam, os likes que possamos ter não importam). Um momento único em que você se sente sendo levado.

Então, estamos nós planejando, calculando, raciocinando, problematizando, dificultando e comparando a respeito de pular no rio. Queremos saber a melhor hora, a temperatura perfeita da água para entrarmos, o vento mais favorável, o local mais seguro e a parte mais visível e transparente da água. Imaginamos as probabilidades de o pulo sair errado e de algo de ruim acontecer conosco. Comparamos com os rios que já mergulhamos e com os de que já ouvimos falar, desde conselhos antigos e histórias mal contadas de amigos. A cada momento, problematizamos e descobrimos um novo motivo para não pularmos.

Pensamos tanto, que ficamos ali parados, feito estátuas, endurecidos, como se estivéssemos à espera de um sinal - esperamos por um milagre. Podemos ficar nessa posição por muito tempo. A outra pessoa pode ter pulado e podemos estar ali só disfarçando que vamos também, dando um desculpa boba de que estamos esperando as melhores condições, a temperatura melhorar.

Há um instinto de autoproteção nessa atitude, ao não pular e algo de imprevisível acontecer no rio. Podemos dizer para nós mesmos: “ainda bem que não pulei, ainda bem que não fiz essa besteira, ainda bem que não perdi o meu tempo ali”. Ao fazer isso, nós nos passamos por ganhadores, corajosos e inteligentes.

Mas será que é isso mesmo?

Ao ficarmos à margem, perdemos todo o prazer de sentir como é entrar naquele rio. Vamos voltar para casa com um certo arrependimento de não termos pulado e postergar mais uma vez a dádiva de viver o nosso momento e de ser feliz.

Perceba que não existe um mapa ou um planejamento detalhado sobre como pular no rio. Tome as medidas básicas de proteção (amor próprio) e vá sentir como aquele rio é.

Não estou dizendo que é para entrar em qualquer relacionamento que apareça, isso seria uma grande falta de bom senso. Aqui, o importante é se conhecer e saber se esse relacionamento faz bem - não ferindo e nem diminuindo. Querer algo perfeito é esperar por algo que nunca vai chegar.

O perfeito só existe na sua cabeça. Aceite o que aparece à sua frente e pule nele. Ao pular, você vai poder transformar o seu relacionamento no que quiser.

Saiba que não há nada melhor do que demostrar os seus sentimentos e que isso é ter coragem. Isso é pular no rio. O medo pode estar presente, mas ele não vai lhe impedir de agir.

Demostrar seus sentimentos é ser quem você é - a sua essência. É ser livre de dogmas, culturas, preconceitos e culpas. É saber que: sempre quem dá tudo que tem é quem ganha tudo. Não guarde sentimentos, entregue-os com muito amor. Não faça trocas e nem cobre os sentimentos dos outros, deixe tudo livre e faça tudo por você. A grande diferença é que você mostra quem é  por você , não pelo outro. Você é fiel a si mesmo e não está disposto a se podar para se encaixar em padrões sociais.

“Nós nos complementamos, mas não completamos. Você vê? Seu relacionamento de amor complementa. Não preenche, não é para isso que estamos aqui. Podes pensar assim, e podes viver toda tua vida nisso. Mas, assim que descobres a verdade, então sinto que podes ser um parceiro muito bom. Porque sua parceira será tua guru, e tu serás o guru dela. Porque estão os dois focados dentro, no mesmo, no amor pela verdade. Não afastados. De outra forma, parece que muitos relacionamentos são um obstáculo, por estarem tão enredados em realidade. A maioria dos relacionamentos promovem a dualidade. Poucos intensificam a procura pela verdade, de alguma forma. Pode ser um amigo, um relacionamento, sua conexão, sua relação como amigo, como parceiro, potencializa sua busca pela verdade. Embeleza-a! Mas não é muito comum. Mas, ao mesmo tempo, todos os relacionamentos podem fazer uso disso para encontrar a verdade também. Porque um relacionamento romântico é aquele que pode te levar à situações que outro tipo de relacionamento não consegue. Compreendes? Coloca-te em situações que nenhum outro relacionamento consegue. E te permite dizer: ‘a-ha! Até aqui consigo ver’. (…) Portanto, todos os relacionamentos podem ser úteis. Tudo pode ser útil. Na verdade, à medida que vais mais à fundo na verdade, verás que tudo te reflete.” —  Mooji, em “The Need For A Partner” (2013)

Ame sempre e seja fiel a quem você realmente é.

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