Narcisistas são uma fraude ambulante.

Narcisistas são uma fraude ambulante.

Imagem: Cressida studio/shutterstock

É muito comum, após o término de uma relação com perversos narcisistas e antissociais, descobrir que levam uma vida dupla ou múltipla. Descobre-se que são viciados em prostituição, que suprimem a própria homossexualidade se comportando como homofóbicos, que são promíscuos, que não têm a formação que afirmavam ter, que eram casados, que não trabalham onde diziam trabalhar, que são golpistas vindos de outras situações abusivas, etc.

É preciso estar muito atento aos sinais iniciais para não cair nessa cilada. Um sinal é, com certeza, o fato que, não raro, dentro dessas relações, somos procurados por ex, pessoas desesperadas tentando alertar você, o novo alvo, sobre o que está por vir. É claro que, quase sempre, essas pessoas serão vistas como loucas ciumentas querendo estragar a relação linda que você está vivendo.

A propósito delas, tenho o hábito de dizer que, quando você começa a detectar comportamentos estranhos, saber a versão de alguém do passado quase sempre lhe dá um panorama completo de quem você realmente tem diante dos olhos. Contudo, enquanto procurar alguém do passado pode ser útil, não sugiro que ninguém vá procurar o novo alvo, pois isso será recebido com desconfiança e você será alvo de chacota do “casal” e de todos a quem farão questão de contar que “você veio atrás”. Você não precisa dessa exposição e humilhação. Deixe que a pessoa, quando a começar cair na real, busque contato. Acredite, quase sempre isso vai acontecer.

Voltando a questão inicial, quando se é surpreendido com a realidade sobre esses tipos, a sensação de desespero, engano e injustiça pode ser incapacitante. Eu sei bem como é, mas por mais tentada que esteja a ir tirar satisfação, posso lhe dar apenas uma orientação: ao deparar-se com a realidade dos fatos NÃO adianta tentar desmascará-los. Essas pessoas são capazes de distorcer a verdade a tal ponto que você sairá da conversa se achando uma pessoa maluca, exagerada ou culpada, pronta a entender e perdoar.

Ele negará e inverterá, mas se não tiver como negar, se fará de vitima e dará uma desculpa comovente para as mentiras reiteradas, dizendo que, ou queria “preservar” você de algo ou a culpa foi sua por ele ter escondido aquilo. Se isso não colar, terá ataques de fúria porque você ousou bisbilhotar em sua vida.

Não há coisa mais temida por um perverso narcisista do que ser desmascarado; ser exposto diante de você ou dos outros; ter sua máscara imaculada, moralista e dona da verdade, arrancada. Ele não vai tolerar seu atrevimento e, mesmo que finja que errou e peça uma nova chance, num piscar de olhos se vingará de você por ter ousado a vê-lo como verdadeiramente é. Dar essa nova chance é expor-se para mais abuso, não faça isso.

Não há outra saída: está diante de uma realidade muito feia? ACEITE os fatos. Você se envolveu com alguém maligno, sem escrúpulos. Você se envolveu numa FRAUDE AMOROSA. É isso. As promessas, os planos, tudo faz parte do mundo de faz de conta perverso e grandioso em que esses tipos vivem.

É difícil, dolorido? Eu sei muito bem que é, mas aceitar esse fato sem tentar ir atrás de conserto é o único caminho para cessar o abuso imediatamente. Todas as suas tentativas para consertar um mundo de mentiras vai resultar em mais mentiras, engano, abuso e dor.

E como se faz isso? Da mesma forma que esses tipos fazem: de repente, sem nenhuma explicação, de forma fria, abrupta mas, diferente deles, sem JAMAIS olhar para trás. CORTE tudo o que ligar você a essa fraude. Se tiver filhos, tome todas as decisões em juízo, jamais verbalmente, e minimize ao INDISPENSÁVEL o contato.

Concentre-se apenas em reconstruir sua vida de toda a devastação deixada e ir em busca da felicidade e identidade da qual precisou abrir mão enquanto naquela relação. Somente sua rejeição, indiferença e felicidade são capazes de castigar uma pessoa com esse perfil.

Gostou desse texto? Lucy Rocha está em pré-venda de seu livro O Pequeno Manual do Amor Saudável. Acesse o link e saiba mais.

Somos aventuras, juras e promessas

Somos aventuras, juras e promessas

Essas palavras são do coração, moça. Somos além das incertezas, encantos. Somos maravilhas daquelas que quem não conhece, reconhece. Somos um mundo de possibilidades e verdades. Somos aventuras, juras e promessas. Ah, como somos.

Somos aventuras das mais loucas. Para nós, um dia qualquer é tudo o que precisamos. A preguiça de um domingo não incomoda. Tanto faz e tanto fez se nada estiver passando na programação. Os pés em encontros debaixo das cobertas e um cardápio de vontades no colo é o que queremos. Enquanto o mundo segue correndo para viver, vivemos abraçados no nosso mundo. E sorrimos, dançamos e dormimos na mesma intensidade dos blocos de carnaval. Somos cheios de amor sem cotas afetivas.

Somos juras das mais bobas. Para nós, um carinho qualquer é tudo o que pedimos. A correria da semana não nos afasta. Tanto faz e tanto fez se os trabalhos estiverem amontoados na agenda. Criamos um tempo fora do calendário. Segundos e minutos já sabem os caminhos que levam aos nossos lábios. Enquanto o mundo disputa relacionamentos passageiros, apostamos em quantos beijos perderemos a noção da hora. E estamos, ficamos e fomos na mesma direção. Somos cheiro de cumplicidade e há quem diga que não.

Somos promessas das mais sinceras. Para nós, um até logo qualquer é tudo o que aceitamos. A saudade é motivo para fazer tudo de novo. Tanto faz e tanto fez se os amantes são considerados clichês. Temos orgulho da nossa história. Enquanto o mundo insiste no amor equacionado, escrevemos “eu te amo” sem porquê e explicação. Dizemos, gritamos e escutamos no meio da multidão. Somos gosto de poesia, já aviso de antemão.

Essas palavras são do coração, moça. Somos além dos desencontros, encantos. Somos seres transbordantes de felicidades. Somos românticos, quem não conhece não pode sequer imaginar. Somos instantes de presentes e verdades. Somos aventuras, juras e promessas. Ah, que bom que somos.

Imagem de capa: The Notebook (2004) – Dir. Nick Cassavetes

Pessoas boas nos ensinam a amar. As más a não ser como elas!

Pessoas boas nos ensinam a amar. As más a não ser como elas!

Imagem: andrey_l/shutterstock

Sim, existem pessoas más e elas, meu caro, estão separadas em dois grupos: as que ser orgulham de serem assim e deixam isso explícito em suas ações e as que fingem serem boas pessoas, disfarçando-se de amigos, namorados e familiares que “torcem” para o seu bem.

Provavelmente, você já conviveu com muita gente assim e só percebeu o nível de maldade, depois que saíram da sua vida. O comportamento delas é quase padrão: ficam mal ao verem o outro bem, se deprimem ao saberem que a amiga encontrou um grande amor e quase morrem quando testemunham o sucesso profissional do colega de trabalho.

Pessoas maldosas são tão perigosas quanto veneno injetado na veia. Manipuladoras, interesseiras, invejosas e fracassadas (sim, tudo isso), essas pessoas não conseguem ver a felicidade alheia com naturalidade e entusiasmo. Julgam-se merecedoras de toda a atenção do mundo e, muitas vezes, não medem as consequências de suas palavras ou atos.

Se na vida social conviver com elas é um martírio, na vida sentimental as coisas conseguem ser piores. Elas diminuem o parceiro frequentemente, humilham, traem e jogam no outro a culpa de todos os erros. Além de tentar convencê-lo de que eles possuem sorte em tê-los em suas vidas. Triste, não? Mas é assim que acontece.

Se eu pudesse te dar um conselho hoje seria: afaste-se! Mas, afaste-se muito! Corra na velocidade da luz dessas pessoas. Egocêntricas, elas não sabem o limite entre a falta de respeito e a brincadeira saudável. Utilizam-se das pessoas como marionetes, encontram motivos para denegrir a imagem dos outros e subestimam a inteligência alheia para esconder o mau caráter que possuem.

Muitas vezes não é possível nos afastar fisicamente de quem nos faz mal, às vezes, é necessário suportar a falsidade de colegas de trabalho, de um familiar invejoso ou de um “amigo” maldoso com pele de cordeiro, mas podemos nos afastar psicologicamente e sermos felizes sem elas.

Tomar distância dos conflitos que essas pessoas geram e não compactuar das maldades que praticam já é um bom começo. Einstein dizia que “o mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade” e eu concordo com ele. Não permita que seus princípios sejam corrompidos.

Quando você consegue fazer isso, a vida muda o rumo. Tudo começa a dar certo, os planos saem do papel, a vida financeira flui e o grande amor da sua vida chega. Parece exagero, não é? Mas, acredite, é exatamente isso que acontece! Porque você começa a desintoxicar seu coração e a perceber que a maldade que via nas pessoas, na verdade, era uma distorção da realidade alheia.

Deixe a maldade e a carga da consciência pesada para quem caminha com elas. Mantenha em sua vida pessoas humildes e sinceras. Dessas que carregam em sua essência a generosidade de um coração limpo e de uma alma leve e segue tua vida. Tudo é aprendizagem. Enquanto as pessoas boas nos ensinam a amar, as más nos ensinam a não ser como elas.

O que te faz diferente nesse mundo de pessoas tão iguais?

O que te faz diferente nesse mundo de pessoas tão iguais?

Imagem: Vadim Georgiev/shutterstock

Todos nós desejamos a singularidade de existir, mas de uma maneira que não nos distancie das outras pessoas. De modo algum, na verdade, queremos destoar da humanidade comum.
Não queremos ser príncipes, ou princesas, confinados em castelos, queremos ser plebeus e viver no meio da plebe, mas com um toque de realeza nesse nosso jeito único de existir.

O príncipe Harry do Reino Unido está aí para provar. Sendo diferente, fez tudo igual a todo jovem do seu país. Recusou terminantemente o papel de príncipe que lhe foi atribuído, enfrentou a disciplina comum das academias militares, e foi para a guerra como um soldado qualquer.

Assim somos todos. Queremos ser únicos, desde que essa individualidade não nos faça diferentes, e essa aparente dicotomia entre dois paradigmas revela o que todos nós sabemos: que pertencer é a maior das necessidades humanas.

Toda criança, desde que nasce, deseja pertencer, inicialmente à família de origem, e depois a um grupo social que se amplia conforme o seu desenvolvimento.

É muito estranho quando uma criança não quer contato com outras crianças, quando ela não interage com os primos, ou com os coleguinhas da escola. Caso isso ocorra, os pais irão se preocupar e procurar ajuda especializada.

No entanto, conforme a vida se desenrola, algo oposto precisa acontecer: aquele jovem e aquela jovem cujo envolvimento social era marcado por uma forte presença, não demonstra mais o desejo de pertencer de forma tão efetiva.

Um dia, de repente, o comportamento de manada não lhe agrada mais. Ele desiste voluntariamente do lugar que conquistou no grupo social, e essa desistência não tem nada a ver com rebeldia, mas com algo intrínseco ao seu temperamento recém transformado.

Isso é bom ou é ruim? Isso não é bom e nem ruim, é apenas um jeito de existir diferente dos outros jeitos, mas que é altamente desejável para que possamos encontrar a nossa missão de vida. Quando ocorre, não nos afastamos da sociedade, mas servimos à sociedade com o nosso equipamento individualizado, o que nos faz mais úteis para Deus e para os homens.

C. S. Lewis, autor de vários livros cristãos, disse em seu livro “O Grande Abismo” que “não vivemos num mundo em que todas as estradas são raios de um círculo, e se seguidas por uma longa distância se aproximarão gradativamente para se encontrarem no centro. Na verdade vivemos num mundo em que toda estrada, depois de certa distância, se bifurca em duas, para em seguida, bifurcar-se novamente.”

O que Lewis está querendo nos ensinar é que a partir de uma determinada fase do caminho, é preciso fazer escolhas e dizer ao mundo dos iguais o que nos faz diferentes.

Seria muito estranho que na maturidade as pessoas fossem tão assemelhadas como o eram na adolescência. Seria inconveniente. Talvez até um pouco ridículo.

A vida não caminha em direção à unidade, mas em direção à diversidade.

Por isso, quando você se perceber diferente, trabalhe a favor da diferença e não contra ela. Não tente se moldar ao grupo de maneira a ser diluído nele, antes permita que o grupo absorva algo de você.

O que te faz diferente é a nota explicativa na pintura de um quadro abstrato.

Quando uma pessoa diferente avistar a pessoa diferente que você é, ambas as diferenças se explicarão. Mas, se uma delas esconder a sua diferença, impedirá que o outro a reconheça, escondendo a nota explicativa que jamais será decodificada.

Esse é um grande risco: que os diferentes sejam confundidos com os iguais. E que por causa do disfarce, toda a singularidade seja perdida no meio do rebanho.

Como disse C. S. Lewis no mesmo livro: “ À medida que crescem em perfeição, as criaturas vão se afastando cada vez mais umas das outras. O bem conforme amadurece, vai se tornando cada vez mais distinto, não apenas do mal, mas também de outro bem.”

Isso explica Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, e algumas outras raras criaturas, distintas tanto do mal quanto do bem comum.

Guardadas as devidas proporções, que as nossas singularidades sejam tão significativas que, no final da vida, possamos ter feito a diferença que apenas nós podemos fazer, no lugar que ocupamos no mundo.

Somente quem me ama pelo que eu sou tem o meu melhor

Somente quem me ama pelo que eu sou tem o meu melhor

Haverá sempre alguém incomodado com o nosso jeito de ser, com a nossa vida, mesmo que sejam pessoas com as quais não tenhamos um mínimo de laço afetivo. Porque sempre haverá pessoas infelizes e mal amadas querendo distribuir infelicidade a quem possa, gratuitamente ou por pura maldade, que é a única coisa que possuem dentro de si.

Cada um dá o que tem, já nos ensina a sabedoria popular, ou seja, estaremos sujeitos a acumular dissabores, caso queiramos receber das pessoas aquilo que elas são incapazes de oferecer. Da mesma forma, infeliz de quem queira mudar o outro, para que ele corresponda às próprias expectativas. Ninguém muda por ninguém, a não ser por si mesmo, quando sentir dor por não mudar.

Além disso, existe quem gosta de si mesmo, ama-se o suficiente para não sucumbir a descabidas exigências alheias, mesmo que sejam de pessoas importantes em sua vida. Quem tem a certeza de que caminha em direção à realização de seus sonhos, com integridade, não hesita, não tem dúvidas, não se anula. As certezas que carregamos fortalecem tudo o que nós é verdadeiro, é nosso de fato – e isso ninguém nos rouba, nos tira.

Não podemos abrir mão de nossa essência por nada nem por ninguém, pois somente nós mesmos é que sabemos o quanto custou chegar até ali, o quanto doeu o enfrentamento de nossa escuridão, para fazer valer toda carga afetiva que nos sustenta. O que somos requer lida, suor, noites insones, lágrimas no silêncio da solidão, rompimentos com o que afasta, machuca. Ser o que se é não é fácil, por isso devemos prezar tanto pela nossa integridade.

Por mais que demore, por mais que pareça impossível, alguém gostará de nós desse jeito nosso e nos amará por inteiro, inclusive valorizando tudo aquilo que já foi desprezado por outros. Porque, quando somos e estamos completos, atraímos o que e quem é completo, sem metades, sem migalhas, sem parcelamento afetivo. Sejamos, pois, intensos, para que o amor resida em nossa imensidão, de forma digna e com demora. Para sempre.

Imagem: nd3000/shutterstock

Para abraçar uma nova vida a gente precisa se desgarrar da velha

Para abraçar uma nova vida a gente precisa se desgarrar da velha

Atire a primeira foto rasgada quem nunca teve dificuldades em se despedir de um amor que já tinha dado tudo o que tinha que dar. Dê uma “sambadinha” aí na cara dos mais sensíveis, quem nunca se comoveu no final de seus próprios enredos. Levante a mão, sem hesitar, quem nunca teve receio de se mostrar com medo de ser julgado.

Assim somos nós, seres humanos em infinitos processos de transição, oscilando entre a suposta paz das situações estáveis e o fogo no peito das arrebatadoras paixões inesperadas. É na hora do sufoco que a gente se dá conta do tamanho do fôlego que tem. É na hora do aperto que a gente mede a capacidade de se moldar a novos espaços ou de alargar novas possibilidades.

Sentadinho na sombra é que não dá para viver, certo? Mais cedo ou mais tarde, essa aparente moleza cobrará de nós o despreparo para enfrentar demandas ou, por que não dizer, aguentar o tranco.

O corpo humano é uma estrutura cheia de encaixes, protuberâncias e reentrâncias, projetado para se mexer. A falta de movimento, seja do ponto de vista orgânico ou filosófico, traz como sequela a falta de recursos para abraçar oportunidades, escapar das anunciadas ciladas ou desviar das pedradas gratuitas.

O perigo maior é a gente acabar feito aquelas plantas ornamentais que vivem grudadas em outras, nem tão bonitas, mas cuja anatomia projeta raízes em busca de substrato e “braços” para o alto em busca da ilimitada capacidade de florescer, frutificar ou folhear o ambiente com suas protetoras e afáveis estruturas.

Uma vez assumida essa postura de enfeite e dependência, fica notavelmente mais difícil romper com a preguiça de arcar com os próprios sonhos, com as próprias necessidades e habilidades de fazer a diferença e o diferente.

As descobertas mais incríveis moram no peito de gente destemida, persistente e inconformada. É a não aceitação das imposições que fazem a gente enxergar além do óbvio e ver saídas onde antes só éramos capazes de vislumbrar portas fechadas e ruas sem saída.

Para abraçar uma vida nova a gente precisa se desgarrar da velha. Fazer uma malinha para os desenganos, as limitações e os comodismos, levá-los com todo amor à estação de embarque e acenar de longe até vê-los ganhar outros caminhos. Deixá-los ir.

E assim que a despedida se consumar, dar meia volta no sentido oposto e perder o interesse de olhar para trás. Talvez, bem ali ao nosso lado, logo à frente ou lá no alto, haja alguma missão inteiramente disponível à espera de alguém com coragem e disposição.

Um passo depois do outro, e quem sabe no meio de uma dança, a gente não acabe descobrindo que só o que nos faltava era mudar a música, e ouvi-la, e permitir que ela nos conduza àquele lugar que antes era um sonho, e agora é a nossa própria razão de viver.

Imagem meramente ilustrativa: cena do filme “Estrelas Além do Tempo”.

Como você pode chamar de amor, se você mais chora do que ri

Como você pode chamar de amor, se você mais chora do que ri

Imagem: Viktor Gladkov/shutterstock

Como você chama de amor algo pesado e que tira a sua paz? Se você, no final do dia, tenta conter o choro, ao lembrar daquelas palavras tão grosseiras? O amor é leve, o amor é bonito. Esse amor que a culpa e faz você se achar problema está mais para apego do que para amor.

Como você chama isso de amor, se sofre, se tenta acreditar que as coisas vão melhorar, mas, na primeira oportunidade, vê-se com feridas novamente. Não estamos livres de nos magoar quando amamos, mas temos a oportunidade de não cometer o mesmo erro duas vezes, temos a chance de ser a melhor versão de nós mesmos para o outro.

Você chama isso de amor? O choro engasgado, os disfarces em público para parecer bem. Você acha mesmo que isso é amor? Quem não demonstra se importar com as suas dores e sempre despeja palavras que ferem?

Não, isso pode ser tudo, menos amor. O amor não segue teorias e lógicas, nem tem como defini-lo. Mas, de uma coisa eu sei: o amor acrescenta e faz tudo ficar melhor. Não é fardo, muito menos tempestade. O amor é abrigo.

Você mais chora do que ri, ouve mais desculpas e promessas do que eu te amo. Eu sei que você está tentando acreditar que é uma fase e que vai dar certo. Também sei que cansou de acreditar, muitas vezes, mas que, de alguma forma, não consegue se desligar disso.

A minha pergunta ainda é: desde quando sofrer é sinônimo de amar? Como diz uma música, sinônimo de amor é amar. É reciprocidade.
Não more sozinho numa história de amor, não confunda apego com sentimentos nobres e não permita que o outro a machuque com a indiferença ou que use da sua bondade para lhe ferir.

Desapegue de quem não lhe quer bem, de quem não se importa com o que você sente. Desapegue desse apego que é tudo, menos amor.

Psicólogo afirma que não existe cura para a ansiedade. Leia e entenda.

Psicólogo afirma que não existe cura para a ansiedade. Leia e entenda.

Imagem: Arman Zhenikeyev/Shutterstock

A ansiedade é um mal que pode gerar consequências negativas tanto na vida social quanto na profissional de uma pessoa e ter controle sobre ela pode exigir bem mais do que simples força de vontade.

Em alguns sites foi publicado que 33% da população mundial sofre com transtorno de ansiedade – número que estaria de acordo com suposto levantamento feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, como a reportagem não conseguiu localizar nenhuma informação oficial da instituição, consideramos tal porcentagem incerta até o momento.

O que encontramos de fato foi um relatório indicando que transtornos mentais representam 30% da carga mundial de doenças não mortais.

É importante frisar que, embora depressão e ansiedade se pareçam em muitos aspectos, não são a mesma coisa.

“São dois transtornos considerados irmãos, já que muitas pessoas com ansiedade acabam apresentando concomitantemente sintomas depressivos, e o mesmo acontece com pessoas deprimidas, que apresentam sintomas ansiosos”, explicou o dr. André Pereira, doutor em Psicologia pela UFRJ, em entrevista exclusiva à CONTI outra.

André, que possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em psicoterapia cognitivo-comportamental, atuando principalmente com transtornos de ansiedade e humor, falou sobre as principais características e tópicos que envolvem o transtorno.

Confira abaixo:

DEFININDO UM QUADRO

Sentimentos de ansiedade aparecem quando nos vemos desafiados por uma situação potencialmente perigosa. Nossos ancestrais tinham que se preocupar com a escassez de alimentos, ataques de animais e outras tribos, intempéries climáticas etc. Nos nossos dias, as preocupações são com a perda do emprego, com a violência urbana, com a perda de status social, com a previdência etc… Independente do foco da preocupação, os sentimentos de ansiedade sempre ocorrem quando avaliamos uma situação como ameaçadora e quando percebemos nossos recursos para lidar com estes perigos limitados.

Os quadros de ansiedade considerados patológicos compõe o que se denomina Transtornos de Ansiedade e abrangem transtornos específicos, tais como, Transtorno de Pânico, Agorafobia, Fobia Específica, Transtorno de Ansiedade Social, Transtorno de Ansiedade Generalizada entre outros.

SINTOMAS

Entre os sintomas físicos mais comuns dos transtornos de ansiedade estão: taquicardia, sudorese, rubor, tremor, formigamento, náuseas, falta de ar, inquietação, entre outros. Outros sintomas incluem, preocupação intensa e difícil de controlar sobre determinado assunto, sentimentos de medo, impotência, incapacidade, irritabilidade, tensão muscular, insônia e outros.

Todos os seres humanos em algum momento da vida experimentarão alguns destes sintomas. Isto se dá devido às reações de ansiedade serem adaptativas para lidarmos com situações ameaçadoras.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pode ser feito por um psiquiatra ou psicólogo, que levará em consideração as queixas do paciente, o foco do problema, as maneiras com que a pessoa já tentou lidar com o mesmo, o impacto dos sintomas em sua vida. Podem ser usadas entrevistas, escalas ou inventários específicos para confirmação da hipótese diagnóstica. Entretanto, o diagnóstico é estritamente clínico.

CAUSAS

A etiologia dos transtornos de ansiedade são multifatoriais. Sabe-se que pessoas que apresentam o quadro têm mais chances de terem parentes também diagnosticados com o transtorno. Isso aponta para uma influencia genética. Porém, isto não é tudo. Fatores ambientais podem facilitar o aparecimento ou não do transtorno. Situações de estresse marcantes, problemas familiares, sociais, pais e mães ansiosos, podem favorecer a que seus filhos também desenvolvam um transtorno de ansiedade.

PESSOAS MAIS ATINGIDAS

Em geral, para a maioria dos transtornos de ansiedade, as mulheres são mais acometidas que os homens. Não se sabe ainda o porquê desta maior frequência.

DIFERENÇA ENTRE ANSIEDADE E DEPRESSÃO

Uma diferença importante é que, enquanto a ansiedade é mais voltada para o futuro e para sinalização de ameaça, a depressão se remete mais ao passado, para sinalização de perda. Sintomas comuns entre os dois transtornos envolvem: irritabilidade, agitação, insônia, fadiga, dificuldade de concentração.

Muitas vezes os sintomas de ansiedade são secundários a outros transtornos, como um quadro depressivo, e com o tratamento do último, o primeiro também entra em remissão.

DOENÇA?

Assim como ocorre com a pressão arterial, o fato de termos pressão não é uma doença. Passa a ser considerada uma doença, isto é, hipertensão arterial, quando a mesma, em repouso, atinge uma determinada marca que aumenta muito a chance de complicações cardiovasculares.

O mesmo acontece com a ansiedade. Ela só se torna patológica a partir de um determinado ponto, onde a intensidade, frequência e impacto na vida da pessoa prejudicam de maneira marcante seu funcionamento. Quando uma pessoa, por exemplo, deixa de dirigir, ou de voar de avião, e isso traz prejuízo para sua vida, consideramos um caso de transtorno de ansiedade.

USO DE MEDICAMENTOS

Cada caso precisa ser avaliado individualmente. Porém, casos graves, em geral necessitam sim de medicação. O uso de medicamentos pode diminuir os níveis de ansiedade e facilitar o engajamento do paciente na terapia, trazendo um conforto inicial, até que ele aprenda a lidar de maneira mais eficiente com os gatilhos que lhe provocam ansiedade e possa, então, diminuir e retirar a medicação. Casos mais leves, podem se beneficiar do tratamento psicológico sem que seja necessária a utilização de medicamentos. Algumas práticas como relaxamento e meditação demonstram uma ótima eficácia neste sentido.

CURA

Justamente por não ser uma doença a ansiedade não tem cura. Podemos, sim, diminuir a intensidade da mesma para níveis funcionais, porém não podemos falar em cura. Seria mais adequado falar em regulação da ansiedade.

EQUÍVOCOS

O maior equívoco é buscar eliminar qualquer ansiedade de nossas vidas. Isso não é possível e nem é funcional. Podemos aprender a lidar com níveis moderados de ansiedade e manejá-las para que não nos atrapalhe a conseguirmos alcançar nossos objetivos.

Campanha difamatória

Campanha difamatória

Imagem:  Ollyy/shutterstock

Agora você está em revolta e desespero porque descobriu que a pessoa perversa com quem se relacionou anda espalhando mentiras a seu respeito por aí.

São histórias mirabolantes a seu respeito sobre traição, problemas psiquiátricos, condutas desajustadas, promiscuidade, abuso de álcool e drogas, sujeira, preguiça, desequilíbrio, etc, etc, etc.

De repente essa pessoa decidiu se aproximar de seus amigos e familiares, pessoas das quais ela nunca gostou ou com as quais nunca se importou com o intuito de estreitar amizade para passar a contar os absurdos criados sobre você.

Isso começa acontecer sorrateiramente e você não entende porque algumas pessoas que antes pareciam ter estima por você, de repente passam a te olhar de um jeito estranho, evitar você ou simplesmente virar a cara.

Isso aconteceu com você?

Você pode estar sendo vítima de uma campanha de difamação promovida pela pessoa perversa de sua vida. É bem comum, após relacionamentos destrutivos, ter o nome manchado e a reputação destruída por ex perversos. Recrutam todo tipo de gente e inventam as mais variadas histórias para dar vazão a uma loucura que em pouco tempo se torna coletiva a seu respeito.

O que fazer?

NADA. Não bata boca, não tire satisfação, não se explique, não entre num embate. Quando ouvir lixo a seu respeito mostre o polegar num sinal de “curtir” e siga. Deixe o tempo cuidar disso. E ele cuidará, pois ninguém consegue manter uma máscara por muito tempo.

Se as agressões forem pesadas, guarde as provas e, oportunamente, peça os danos morais com o auxílio de um advogado. Caso contrário, finja-se de morta(o) e aguarde. Nada os incomoda mais do que indiferença a seus ataques mesquinhos. Não os alimente com sua indignação. Caminhe acima disso.

“Ame o que você tem, antes que a vida o ensine a amar o que você tinha”

“Ame o que você tem, antes que a vida o ensine a amar o que você tinha”

Imagem: Margaret.W/shutterstock

Tenho mania de tirar o esmalte das unhas. O esmalte está lá, todo bonito e reluzente, e de repente minhas mãos distraídas riscam a textura cintilante que recobre a ponta dos meus dedos. Absorta em meus pensamentos, só percebo o estrago tempos depois, o que gera arrependimento, constrangimento e alguma tristeza.

Do mesmo modo, muitas vezes estragamos os presentes que a vida nos dá. Distraídos e alheios à alegria de estar onde estamos, rodeados pelas pessoas que amamos, não damos o devido valor ao que deveria ser valorizado. Tempos depois, revendo fotos antigas, ouvindo músicas de um tempo bom ou saboreando delícias que remetem à uma época feliz, murmuramos saudosos que “éramos felizes e não sabíamos…”

É preciso se saber feliz. É preciso se lambuzar de alegria presente e ser grato pelo que se concretizou em nossa vida.

Todos já passamos por sustos que provam que a vida é feita de altos e baixos. Por isso há que ser feliz na varanda dos dias, quando ainda há luz e calor. Não deixar para depois o reconhecimento de nossas dádivas, presentes que querem ser desembrulhados agora, com a euforia de meninos na noite de natal.

Não deixe empoeirar os presentes que você recebe hoje. Não permita que a ferrugem do tempo estrague o brilho de suas realizações ao perceber, tarde demais, que abriu mão de suas maiores riquezas na ânsia de ser “muito” mais feliz.

Tem gente que espera ser feliz no próximo ano, no próximo aniversário, na próxima primavera. Não percebe que a felicidade não obedece calendários nem floresce de acordo com as estações do ano. A felicidade acontece numa fagulha de instantes, e é preciso olhos atentos para não perde-la.

Por isso é primordial fazer pactos com o presente e amar a vida que se tem. Cuidar daqueles que escolheram partilhar a vida conosco e olhar para trás com gratidão, nunca com nostalgia ou arrependimento.

O novo ano nos traz esperança. Porém, mais que pedir, devemos agradecer e cuidar. Agradecer o tempo de descanso ao acordar; agradecer o cheirinho de café nas primeiras horas da manhã; agradecer nosso trabalho; agradecer os amigos com quem dividimos nosso dia (tão próximos ou tão distantes _ a internet nos aproximou tanto…); agradecer nosso lar, nossos filhos, nosso par…

Não adie a oportunidade de ser grato pelo que você tem. Suas possibilidades são dons preciosos, e você precisa saber enxergar e agradecer. Ame o que é seu, e conduza seu barquinho com a fé dos que acreditam navegar em águas mansas e deliciosas.

Não espere fogos de artifício quando a sorte lhe sorrir. A sorte é silenciosa, e você pode deixar passar simplesmente porque não soube enxergar.

Que venha o novo ano, as novas conquistas, cheirinho de roupa nova, esmalte cintilante e perfume borrifado no pescoço. Que haja fé e esperança, alegria e bonança. Mas que, principalmente, não nos falte a gratidão. A capacidade de amar o que temos para que a vida não nos ensine a amar o que tivemos…

A caixa preta da ansiedade

A caixa preta da ansiedade

Imagem: lassedesignen/shutterstock

Deitado na cama sem conseguir dormir, escuto o barulho da chuva que começa a cair. Ouço aquele som das gotas tocando o chão, o teto da casa e sinto como se cada gota daquela estilhaçasse o meu peito.

Como se cada gota que cai do céu fosse como um tiro que destroça a minha cabeça. A cada gota que cai e se perde, escuto o tique-taque do tempo em meus pensamentos, sinto-me finito, vazio, cansado.

Mas, apesar disso, sinto a dor que me aflige e diz que eu tenho que correr, embora, eu mal consiga levantar da cama. E a chuva que cai não lava a minha alma, pelo contrário, afoga-me ainda mais e sufoca-me na ansiedade, na dor silenciosa e escura que me prende no tempo das gotas de chuva.

O mundo é indiferente a mim. Os céus só me mostram nuvens escuras e carregadas. Ninguém me escuta. Ninguém me ouve. Ninguém me responde. Estou sozinho, triste, silenciado, perdido em mim mesmo, procurando um bom motivo para sair da cama.

Entretanto, eu saio, porque, embora viva em um mundo indiferente ao meu sofrimento, ele me cobra, exige performance, rendimento, sucesso e sorrisos. Exige que eu cale a minha dor, que eu aparente alegria e que eu reserve as lágrimas para os meus lençóis.

Você talvez se pergunte se eu não deveria reagir, sair dessa, viver. A verdade é que eu não consigo. Eu quero, não escolheria viver assim, de modo tão miserável. Mas, eu sinto que estou sempre correndo contra o tempo, mesmo que esse tempo só exista na minha cabeça. Não importa.

Ele corre atrás de mim, alcança-me, agarra-me, prende-me, sufoca-me, tira o meu fôlego. Nós precisamos respirar para continuar vivendo, todavia, eu pareço estar respirando por aparelhos que constantemente param de funcionar e me levam para um estado de morte.

Estou sufocado, estou fodido. Até mesmo em meu quarto, na minha cama, com as janelas abertas, não consigo respirar. As paredes parecem vir ao meu encontro, buscando de algum modo me esmagar. Eu tento me proteger como posso, mas estou frágil, cansado demais para lutar.

Pelo medo de não conseguir me proteger, passo as noites em claro e a insônia é uma companheira inabalável. Não há como dormir sabendo que a qualquer momento o teto desaba sobre você, não há tranquilidade, tampouco, paz; muito menos, riso, sequer sono.
O corpo possui tantas dores que já nem sei como se sustenta.

O espelho parece refletir o futuro ou somente mostra-me do avesso. Sou como uma cópia e às vezes tenho a impressão de que sou só uma cópia, de que eu mesmo desapareci. Talvez tenha apenas me escondido, mas isso são devaneios, pouco importa, porque não há como fugir dessa dor que me corta, que retira toda a energia do meu corpo e me impede de respirar.

Não sei mais o que dizer, nem o que pensar, porque estou perdido e não sei se você quer me encontrar. Entretanto, você também pode estar perdido, sufocado, com o peito esmagado, sentindo-se um miserável. Então, esse relato fará mais sentido para você, que sofre ou sabe que um dia poderá sofrer.

Eu não sei direito como começou, mas sei que ela está aqui e me atormenta, assim como, pode atormentar você. Essa é a minha história, é a caixa preta da ansiedade, da minha ansiedade, da sua. Que diferença faz? Amanhã, eu vou levantar da cama mesmo sem conseguir, vou fingir que está tudo bem e tentar me proteger das paredes do meu quarto ou do barulho da chuva.

Você provavelmente fará o mesmo, mas eu também não me importo. Somos todos indiferentes. Somos todos miseráveis. Estamos todos no fundo do poço. Estamos todos no vale das lágrimas.

Não quero mais me prolongar, nem tenho mais o que dizer. Mas, antes de que diga que você não tem a ver com a minha dor, o que é verdade inicialmente, digo que você tem a ver com a minha humanidade e eu com a sua, de tal maneira que na medida em eu a perdi, torna-se obrigação sua encontrá-la.

Todavia, sejamos sinceros: quantos de nós assumimos essa obrigação? Por isso, eu continuo perdido, você continua perdido, somos sufocados pela ansiedade, pelas cobranças de um mundo altamente exigente e na mesma medida indiferente, que nos aprisiona ou nos torna fugitivos, que não conhece o afago, tampouco, o ouvir.

Por isso a chuva cai, o tempo todo, e eu não sei se é real ou coisa da minha cabeça, mas sei que ela cai, grita, machuca, sangra e destrói. E o pior é que existem guarda-chuvas, mas eles nunca serão abertos, porque para que se abram é necessário mais que duas mãos e nós… ah! Nós estamos perdidos.

Muitas vezes, dizer “não” nos salva

Muitas vezes, dizer “não” nos salva

Um dos piores tipos de comportamento que poderemos ter vem a ser o medo de magoar, por não suportarmos pensar que alguém está bravo ou descontente conosco. Essa ânsia de agradar a todos fatalmente acabará por extenuar nossas forças, levando-nos ao enfraquecimento emocional, ao cansaço mental, diminuindo consideravelmente nossas chances de sermos felizes.

Muitos de nós não conseguimos lidar com a ideia de que existam pessoas que possam ter ficado chateadas com o que dissemos ou fizemos, mesmo que tenhamos agido corretamente, ainda que não tivesse como agir de forma diferente, mesmo que somente assim tenhamos nos resguardado. Com isso, caso sejamos esse tipo de pessoa que deseja agradar a todos, raramente – ou nunca – conseguiremos dizer não. Por favor, diga não!

Diga não quando você não tiver como fazer o que lhe pedirem, sem que se esgotem além do permitido suas forças, seja no trabalho, seja em casa, onde quer que esteja. Infelizmente, muitas pessoas são folgadas o suficiente para tentar se aproveitar dos outros, principalmente de quem percebem serem solícitos e bonzinhos demais. Preserve-se, porque quase ninguém fará isso por você.

Diga não quando lhe oferecerem algo que fuja do caminho da ética e da retidão, ainda que o resultado da oferta possa lhe trazer satisfação rápida. Não aos favores que possam lhe por em maus lençóis, a saídas ilegais para problemas quaisquer, a caminhos mais fáceis, porém impregnados de sujeira. Nada como ter a consciência tranquila, sabendo que, mesmo que esteja sendo difícil, sua jornada segue pautada por verdade e transparência.

Digamos não a quem quer sugar, a quem só nos procura como opção reserva, a quem só quer receber, sem a mínima questão de retorno; a quem mente, a quem ilude, a quem nos torna piores, menos, mínimos, detestáveis. Saibamos quem merece o nosso melhor e quem não merece é nada de nós, para que não percamos tempo e energia com gente falsa, infeliz e desnecessária.

Um dos maiores favores que faremos a nós mesmos será dizer não às pessoas certas nos momentos mais apropriados, sem titubear, sem remorso, sem peso na consciência. Negar ajuda a quem realmente precisa é imperdoável. No entanto, negar o que nos fere a quem nos quer feridos acabará por nos salvar, por nos libertar de tudo e de todos que não fazem falta alguma em nossas vidas.

Imagem: HBRH/shutterstock

Você lembra de mim, logo existo

Você lembra de mim, logo existo

Imagem: HBRH/shutterstock

Depois que um relacionamento acaba e passamos pelas cinco fases do luto (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação) é bastante comum aparecer um zunido estranho em nossa mente, o zum zum zum “ele (a) nem lembra que eu existo”.

Mas por que necessitamos da certeza de que somos inesquecíveis?

Vaidade? Não, não creio que seja somente por vaidade, embora gostemos de alimentar a fantasia de que fomos a pessoa mais importante da vida do outro e detestemos a possibilidade de sermos esquecidos.

Talvez o incômodo que sentimos ao constatar que o outro sequer se lembra da nossa existência coloque em xeque a nossa própria existência: quem sou, ou quem posso ser ao deixar de ser o amor daquele alguém?

Quanto menos vivenciamos a nossa realidade de maneira íntegra, realista, completa e verdadeira; quanto menos assumimos nossos medos e erros e deixamos o barco dos nossos pensamentos e emoções à deriva, mais precisamos que o outro – neste caso, um (a) ex – se lembre de nós para que tenhamos um papel em nossa fantasia e criemos uma certa ordem interna e uma pseudo-existência.

Os rapazes costumam ser mais altivos e discretos, disfarçam melhor a necessidade de serem inesquecíveis, mas nós, as moças…

Tendemos a desejar o título de “Miss Universo” – a primeira, única, grande, absoluta e insubstituível dona do coração dos guris, mesmo que eles não representem mais nada para nós.

Não, definitivamente não aceitamos a coroa de “Miss Brasil”, “Garota Primavera”, “Garota Verão”, “Miss Catanduva”: queremos ter a certeza de que fomos (somos!) a “Miss Universo” do mundinho dos gajos.

Existem garotas, aliás, que passam anos sendo espancadas emocionalmente e se autossabotando – mantendo janelas abertas  e nefastas com certos ex – porque precisam desesperadamente desse tipo de título (reconhecimento). Uma perda de energia danada.

Muito melhor do que ser “Miss Universo” de uma galáxia distante chamada “o coração do outro”, é ser desbravadora e conquistadora de si, não?

Muito melhor uma bandeira fincada na autoaceitação do que uma coroa de falso brilhante que só servirá para juntar poeira na estante e poderá ser passada a outra a qualquer momento.

Portanto, fiquemos atentos: se a dor de (possivelmente) termos sido esquecidos estiver muito latente, se a necessidade de ser a (o) top master do universo alheio estiver pulsando, devemos desconfiar! Talvez isso seja um sinal de que NÓS não estamos nos lembrando de nós mesmos.

Antes de querer que não se esqueçam da nossa existência, devemos nos lembrar, nós mesmos, dela. Mais que isso! Devemos criar a nossa existência a cada dia e lutarmos com unhas e dentes para vencermos a necessidade de validação pelo outro.

Espero que você encontre motivos para seguir

Espero que você encontre motivos para seguir

Espero que você encontre um pouco mais de si. Que esses dias pesados passem logo e perceba o quanto é importante não desistir. Porque não existe isso de destino traçado. Você é a única saída para novos recomeços, acredite.

Espero que você encontre o amor. Daqueles que ficam por vontade própria. Do tipo sem timidez. Ousado e sereno. Que faz cócegas durante o dia e não perde intensidade na parte da noite. Porque não existe isso de paixão encomendada. Você é a única entrada para novos princípios, entenda.

Espero que você encontre a liberdade. Uma de poder ir e vir sem precisar pedir permissão. Uma que traga conforto e força para ser algo mais. Porque não existe isso de solidão imposta. Você é a única janela para novos voos.

Espero que você encontre o respeito. Que não deixe de ser quem é por opiniões alheias. Porque não existe isso de mudar sem reconhecer os próprios limites. Você é a única porta que te impede de viver o futuro.

Espero, ainda, que você encontre um pouco mais de todos. Dos abraços apertados, das longas conversas e dos corações trocados. Porque não existe isso de ser você sem ser outro alguém. Você é a única soma que a vida não pode tirar.

Mas, se mesmo assim for difícil encontrar motivos para seguir, tudo bem. Não é sempre que damos de frente com os melhores caminhos, embora existam infinitas oportunidades para que encontremos amores, liberdades e respeitos por nós e por quem queremos ao nosso lado.

Imagem de capa: Na Natureza Selvagem (Into the Wild); 2007 – Dir. Sean Penn

INDICADOS