Pare de estender discussão inútil. Você não achou seu tempo no lixo.

Pare de estender discussão inútil. Você não achou seu tempo no lixo.

Imagem: Ollyy/shutterstock

Saia da frente do touro, do meio da rua, da alça de mira, da linha de tiro. Discutir com quem comprou a verdade é desperdício de tempo. E você não achou seu tempo no lixo.

Aqui entre nós, tem coisa que não tem jeito. Quanto mais a gente explica, mais difícil fica. Deixe estar.

Não dê ouvidos a gente cretina. Não responda, não retruque. Ignore. Faça como se estivesse no zoológico: não alimente os animais.

Tem gente demais por aí jogando sujo, mentindo, esperneando pra fazer valer sua vontade mesquinha. Quanto mais a gente discute com um palerma, mais engorda a idiotice do mundo. E o mundo não suporta mais tanto idiota.

Bater de frente para quê? Desvie! Respire fundo, siga em frente. Repita consigo: “eu tenho mais o que fazer”. Então vá e faça!

A alegria de todo canalha é a tristeza alheia. E jogar fora o seu tempo por nada é triste! Não faça isso. Proteja-se. Preserve-se. Ignore. Passe longe de uma discussão inútil. Cuidar de si mesmo ainda é um bom jeito de amar o próximo.

Não é o amor que sustenta o relacionamento, é o modo de se relacionar que sustenta o amor.

Não é o amor que sustenta o relacionamento, é o modo de se relacionar que sustenta o amor.

Imagem:  Pressmaster/shutterstock

Amar é tão simples. As pessoas é que complicam, as pessoas é que idealizam demais e se esquecem de viver a realidade que, por mais complicada que possa parecer, continua linda de viver.

As pessoas se esquecem de que o amor precisa ser alimentado, não com presentes e jantares caros. Não, o amor não precisa ser financiado para se manter.

O problema é que as pessoas se esquecem do chocolate favorito quando vão ao mercado, esquecem-se de que aquela camiseta do Star Wars vai fazer o coração do outro bater mais forte e de que o sorriso vai ser desenhado aos poucos em seu rosto, como quem diz obrigada.

As pessoas se esquecem da cor favorita, da sobremesa preferida, esquecem-se de que um filme de comédia romântica, em um final de tarde no domingo, faz bem. As pessoas se esquecem de elogiar aquele vestido novo, de dizer o quanto o outro está lindo naquele pijama velho que o deixa ainda mais bonito.

As pessoas se esquecem da importância de assistir a um jogo de futebol com o parceiro, de gritar com ele, quando o seu time faz um gol, e de vibrar com os “quase” gols. As pessoas se esquecem de tirar um tempo de qualidade para escutar o outro. As pessoas se esquecem de dar uma flor, dessas que a gente rouba do quintal dos outros (risos). De elogiar o perfume novo e de dizer, aos pés do ouvido, o quanto ama esse alguém.

Não precisa de buquê no trabalho, não precisa levar para jantar em restaurante caro, não precisa encher de jóias, comprar presentes caros. Não precisa disso para manter a chama do amor acesa. Não é isso que faz pegar fogo.

Um beijo na testa faz o coração de qualquer mulher se acalmar; um abraço, quando as coisas não estão bem, faz com que a gente se sinta protegido, e assistir àquele filme que o outro tanto quer, também significa agradar.

Beijos ao pé da orelha causam arrepios e o toque sincero faz o corpo balançar. O problema é que as pessoas são intensas demais no começo de um relacionamento e fazem de tudo para conquistar o outro, mas não sabem como lidar com todo o sentimento que, às vezes – na maioria das vezes –, parece não caber dentro da gente.

E, então, vêm os inúmeros presentes, os inúmeros agrados, os inúmeros elogios e, depois de um tempo, a insegurança vai embora e a gente se esquece de que é preciso conquistar todos os dias. Mas isso, ao contrário do que muita gente pensa, não é um fardo, obrigação, e está longe de ser um sacrifício.

É a simplicidade que emociona, é o beijo de bom dia, é o “sonhei com você”, é o elogio sincero e inesperado, é o cuidado, é fazer aquele mousse de maracujá, preparar uma janta em casa mesmo e dizer: “Só tinha ovos, fiz um omelete delicioso pra nós dois. Espero que goste”. Um recado deixado no meio dos livros é o suficiente para fazer o nosso coração sorrir.

Vai, manda um SMS no meio da tarde, dizendo que não consegue parar de pensar nele, compra o seu chocolate favorito e aparece de surpresa. Vai, compra uma rosa – não um buquê – e deixa um bilhete dizendo o quanto você a ama.

Não deixe cair na mesmice, continue fazendo aquele belo sorriso brotar, aqueles lindos olhos brilharem. Vai, continua fazendo aquele corpo balançar com o seu toque. Vai, mantém essa chama acesa e deixe incendiar.

O amor se alegra com a simplicidade e são as pequenas coisas que fazem o nosso coração sorrir sem medo, como quem tem alguém ao seu lado querendo fazer morada.

A vida fica mais leve quando a gente prefere florir, em vez de ferir

A vida fica mais leve quando a gente prefere florir, em vez de ferir

Viver é um exercício/ diário de calma, paciência e tolerância, uma vez que nossos dias são compostos por muitas dificuldades e nossos relacionamentos encontram vários entraves ao longo dos dias. Embora já estejamos cansados de saber, nunca será demais lembrarmos que é necessário que nos tranquilizemos, que apaziguemos as lutas travadas em nosso corpo e em nossa alma, caso desejemos sobreviver com mais serenidade e qualidade de vida.

Também não poderemos esquecer de que grande parte de nossa calma e de nosso equilíbrio deverá partir sempre de dentro de nós. O exterior, as pessoas de fora, os acontecimentos à nossa volta, tudo o que independe de nossas vontades, enfim, causarão muitos dissabores, trarão quebras de expectativas, tomarão de volta o que pensávamos ser nosso, ou seja, às vezes cairemos por rasteiras do que foge ao nosso controle. A gente ferra muito com a própria vida, mas tem muita gente que acaba nos ferrando também.

É muito comum dizerem que a felicidade depende somente de nós, que somos nós os causadores de nossas mazelas, no entanto, muita coisa que vem nos derrubar e contrariar parte de outras pessoas, ou mesmo vem num redemoinho de acontecimentos incontroláveis dessa vida improvável. Mesmo que tenhamos um propósito absurdo de sermos felizes, nosso caminho jamais estará isento de pessoas e de acontecimentos que teimam em nos empurrar para baixo. E isso esgota, cansa, escurece a nossa alma.

Por essa razão, o melhor que temos a fazer é manter uma postura positiva, um comportamento ético e solidário, sem cair na tentação de trilhar os caminhos mais fáceis da desonestidade, da corrupção, da degradação moral, da desconsideração pelo outro, do egoísmo que passa por cima de qualquer um. Porque ninguém consegue ser feliz tornando o outro infeliz; ninguém consegue sorrir causando lágrimas nas pessoas; ninguém há de ficar tranquilo ferrando com as pessoas à sua volta.

Já temos tantos aborrecimentos com os quais precisamos lidar diariamente, são tantos tombos acumulados ao longo de nosso caminhar, tantas decepções, lágrimas e dor. De que, então, servirá qualquer atitude maldosa de nossa parte? O que ganharíamos nos tornando amargurados, rancorosos e sementes de dores a serem espalhadas por aí?

Sejamos nós o equilíbrio em meio às tempestades, a luz que vence a escuridão, o amor que conforta e acolhe. O bem que disseminarmos, afinal, também se refletirá em nossas vidas e na vida de quem caminha conosco e é dessa forma que não nos demoraremos nas noites frias que virão.

Imagem: OBprod/shutterstock

Se você está com dúvidas se deve ou não continuar esse relacionamento. Já tem sua resposta.

Se você está com dúvidas se deve ou não continuar esse relacionamento. Já tem sua resposta.

Imagem: Kiselev Andrey Valerevich/shutterstock

A todo tempo estamos tomando decisões. Decidimos nosso almoço, nossos cursos, nosso carro, nossa roupa e, sim, nossos amores. O problema é que o coração não obedece à razão e o conflito sentimental começa a partir daí.

Somos acostumados a viver um amor verbalizado: preferimos ouvir um “eu te amo” do que alguém que demonstre isso. Preferimos um “sou fiel” do que alguém que que deixe o celular desbloqueado. E, para piorar a situação, a filosofia romântica diz para aceitarmos tudo por amor, esquecendo que somos humanos e temos nossos limites (que, diga-se de passagem, são bem curtos).

Quando um amor acaba dentro de nós, nem sempre conseguimos perceber, pois o comodismo o encobre. Procuramos justificativas que nos façam permanecer naquele relacionamento vazio, sem perceber que estamos emocionalmente exaustos e com a sensação de que não dá mais.

Como toda separação vem acompanhada de dor, as pessoas insistem de todas as formas tentar preservar a relação que já chegou ao fim. Insistem, viajam, fazem jantares maravilhosos, declarações, mas esquecem do mais importante: o amor já acabou.

Às vezes, o amor acabou sem motivo, sem culpa de ninguém. Talvez a relação tenha passado do estágio de euforia para o de amizade, outras a relação passou a ser conduzida por sentimentos excessivos: insegurança, ciúme, medo, ou talvez, acabou porque ambos projetaram no outro a responsabilidade em serem felizes. Não importa. O que importa é como será daqui em diante.

Enquanto na vida cotidiana tomar decisões parece simples, na sentimental parece que travamos e ficamos em estado de inércia. Talvez porque decisões implicam renúncias e nem todos têm maturidade para abrir mão do que vivem.

Marla de Queiroz dizia que “ não é a vida que dificulta as coisas, são as pessoas que têm muito medo de mudar para arriscar uma felicidade que não é garantida. Todo mundo tem um trauma, um medo, algo que paralise, mas transformar isso em espaço para crescer, pouca gente faz”.

O pior do fim de um relacionamento não é ausência do parceiro. É o fim do “para sempre” dito no calor da emoção que assusta. É desistir de sonhos e planos feitos com a outra pessoa. É o medo da obrigação de seguir em frente carregando as lembranças do passado.

Como dizia Rubem Alves: “Toda separação é triste. Ela guarda memória de tempos felizes (ou de tempos que poderiam ter sido felizes…) e nela mora a saudade”.

Francamente, é preciso focar na felicidade e caminhar. Nenhuma dor é permanente. Nem a sua! Então, permita-se desistir e, simplesmente, siga em frente. O que acabou foi esse relacionamento e não seu sonho em ser feliz.

Perfeitinha era sua bisavó!

Perfeitinha era sua bisavó!

Chega de engolir passivamente essa ditadura da perfeição feminina. Essa forma de nos fazer sentir sempre devendo alguma coisa, sempre aquém do modelo estético e nunca boas o suficiente para sermos desejadas, está nos adoecendo.

Tudo começa quando ainda somos meninas e, apesar de termos sido precedidas por inúmeras de nós que se insurgiram em oposição à  violência que se pratica contra as mulheres em todo o mundo – inclusive aí na sua vizinhança -, somos embaladas em roupinhas cor de rosa, muitos lacinhos e babados que só servem pra pinicar mesmo.

Aprendemos o que pode e o que não pode, conforme vamos tentando aqui e ali dar conta do que nos aguça a vontade ou nos protege de entrar em encrencas maiores do que podemos bancar.

E uma breve observação ao redor do mundo comum nos leva a uma simples, porém preocupante constatação: há ainda muito mais “zonas proibidas” às meninas do que aos meninos; as meninas são criadas com muito mais regras o que os meninos; há muito mais “não senhoras” do que “não senhores”.

Por incrível que pareça, ainda caem na conta das meninas expectativas muito mais rigorosas do que aquelas que caem na conta dos garotos. Ainda há famílias que criam seus meninos abastecidos de liberdade, cheios de possibilidades de se sujar, ralar e experimentar; e suas meninas andando sobre a ponta dos pés, contidas, regradas, elegantes e obedientes.

Em pleno curso do século XXI ainda há meninas que são criadas a partir de paradigmas morais muito mais rígidos e expectativas menos brilhantes sobre seus futuros. Meninas criadas para satisfazer um estereótipo enferrujado e tosco de perfeição.

A realidade das coisas é que nós, as meninas, acabamos por vestir uma falsa capa de super-heroína que nos verga os ombros e não nos dá nenhum poder, porque ainda acreditamos que é o máximo darmos conta de jornadas múltiplas de trabalho.

Vestimos essa fantasia surreal todas as vezes em que achamos normal ter uma jornada infinita de obrigações diárias: ser linda, ser magra, ser equilibrada, ser bem-sucedida, ser doce, ser apimentada; ter talento, uma paciência infinita e mil e uma utilidades.

Tudo isso numa mulher só não há de caber, nem mesmo se formos capazes de incorporar uma deusa da mitologia grega. Uma hora a gente acaba espanando. E o preço é muito, muito alto!

Há inúmeras de nós que amargam sozinhas a dor de uma depressão pós-parto, porque o bonitão que ajudou a fazer o bebê não está preparado para nos ver assim desorganizadas emocional e externamente.

Há uma porção de mulheres como nós que sofrem as agruras dos descontroles hormonais da meia idade, mortas de medo de serem abandonadas por seus parceiros pelo simples fato de estarem tentando aprender a lidar com ondas de calor, melancolias inexplicáveis e uma libido que resolveu funcionar de um outro jeito – ainda incompreensível para nós mesmas.

Por mais que nós já tenhamos dado inúmeros passos na direção de uma convivência menos desigual e mais humanizada, é preciso que não fechemos os olhos para o fato de que ainda temos muito pelo que lutar.

E o começo de uma vida mais possível, mais liberta e menos estigmatizada passa por nossas próprias mãos. A perfeição é um mito, e como tal deve ficar nas histórias fantásticas.

A perfeição não nos serve, é um espartilho medieval que aprisiona nossas almas num corpo espremido que não consegue respirar.

Ser mulher é delicioso, e deve ser delicioso sempre, mesmo quando a gente não está a fim de ser “a gostosa”, “a garota exemplar” ou a “Vênus encarnada”!

Brindemos então ao direito de sermos imperfeitas, livres e soltas! Brindemos à nossa estranha capacidade de sangrar todos os meses, ainda que ninguém nos tenha ferido. Brindemos a nós! Somos mulheres e não deusas!

Queremos o mundo, desejamos o imensurável! Nosso corpo de carne, osso, músculos, curvas e emoções não foi feito para ficar sorrindo num altar, foi feito para se lambuzar da vida, em todas as suas possibilidades! Perfeitinha era sua bisavó, você é rigorosamente o que lhe der na cabeça! Portanto, tome posse de si mesma, antes que alguém o faça!

Imagem de capa:  Cena do filme A Escolha Perfeita 2
 

“Não se mede caráter por aparência e nem felicidade por sorriso”

“Não se mede caráter por aparência e nem felicidade por sorriso”

Com o tempo a gente aprende que o valor de uma pessoa está muito além das camadas de roupas que ela usa ou dos quilos de maquiagem que ela abusa. Que não é possível medir sua generosidade, bondade e amizade apenas observando o clube que ela frequenta ou o sapato que ela ostenta. Que jamais poderemos calcular seu caráter observando apenas seu cabelo engomado ou seu closet lotado.

É preciso não buscar na aparência aquilo que só uma alma nobre pode oferecer. Não buscar no charme de um olhar aquilo que só um coração livre de rancor pode dar. Não procurar no número de likes do Facebook aquilo que só um bom caráter pode proporcionar.

Com o tempo a gente também aprende que algumas dores podem ser escancaradas numa boa, enquanto outras não; que nem toda tristeza tem permissão de ser exibida; e que nem todo sorriso encerra uma alma feliz.

Descobrimos então que a fachada de uma pessoa abriga muitas outras coisas além daquelas que poderíamos supor; que ao nos depararmos com um sorriso, nem sempre estamos diante de uma alegria verdadeira; e que a beleza não é requisito para julgarmos a nobreza ou o caráter de alguém.

A frase do título é da atriz e cantora Taylor Momsen. Me deparei com ela na internet e imediatamente me identifiquei. Porque a gente tem mania de julgar demais. Avaliamos o livro pela capa, o shampoo pelo frasco, o jeans pelo preço da etiqueta, o crush pela popularidade. E esquecemos que caráter e conteúdo não vêm com rótulos. Ao contrário, é preciso ultrapassar a barreira da aparência se quisermos conhecer a essência.

É claro que uma  embalagem bonita atrai olhares. Mas depois que o presente é aberto, e o papel amassado é deixado de lado, resta somente aquilo com que teremos de lidar de fato. E popularidade, moedas no cofrinho ou vestido novinho não significam nada quando se trata de caráter e bondade.

É preciso romper a barreira da aparência. Desvendar o que há por trás do sorriso constante ou da vestimenta arrogante. Descobrir que de uma aparência inadequada podem surgir grandes surpresas, e que um sorriso doce pode esconder algumas tristezas.

Ouse acreditar que há o que ser descoberto por trás das cortinas da aparência. Talvez seja hora de aceitar aquele convite para um chopp com o mocinho desengonçado do trabalho, ou parar de sonhar acordada com o viciado em selfies da faculdade. Nem tudo é o que parece ser, e a gente tem que aprender a olhar nos olhos e acreditar que, mesmo que faltem argumentos, o essencial mora no lado de dentro…

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “A Bela e a Fera

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A carência é o maior alucinógeno que existe

A carência é o maior alucinógeno que existe

Você pode estar aí cheio de amor próprio, com uma vida bonitinha, com momentos de prazer no trabalho, com encontros divertidos com os amigos e viagens nos feriados. Você pode estar aí de barriga cheia, cabelo bem cuidado, roupinha caindo bem num corpo não tão mal assim.

Você pode ter aprendido faz tempo como se dar bem consigo mesmo, como curtir muito ficar na sua, sozinho, vendo um filme, lendo artigos como este na internet. Você pode ter desenvolvido um conhecimento profundo sobre o seu íntimo, entendido o que te faz feliz, o que te deixa irritado. Já sacar quais qualidades em outra pessoa se encaixam bem com você, e saber o que você simplesmente não suporta.

Você pode ter a vida cheia de atividades e momentos de socialização. Você pode já ter se envolvido com muita gente e hoje em dia querer só que o que chega pra fazer bem, pra trazer boa energia, nem que seja só por uma noite.

Você pode ser tudo isso, mas meu amigo, quando bate aquela carência, você deve saber bem, aquela carência que mistura o hormonal – o sangue que borbulha naquele dia santo e diabólico do mês –, o emocional – aquela vontade quase infantil de abraçar algo que tenha pele e osso, menos pelo do que seu cachorro e mais vida do que seu travesseiro –, o sentimental – aquela vontade de que alguém chegue um pouco mais perto do seu coração, da sua vida e do seu corpo do que um grande amigo ou a sua mãe.

Aí então, parece que tudo é motivo para criar uma dessas ilusões de ótica que faz o nosso coração transformar uma abóbora numa carruagem.

Aí a gente vê declarações de amor num bom dia, sente a química maior do mundo num beijo no rosto, a gente vê o amor das nossas vidas naquela pessoa que a gente ainda não conhece bem. A gente encontra uma pessoa que quase só tem qualidades, que fecha com nossos sonhos, que salva a nossa rotina tediosa.

Ah, como é boa essa droga! Pode ser paixão, encantamento, pode ser que depois de um tempo, algumas noites e encontros bem sucedidos, pode ser que esse ser encantado vire um companheiro, um amor, um amigo. Mas é também muito provável que depois da primeira ou segunda transa, da terceira ou quarta conversa, da quinta ou sexta manhãs acordando juntos, que o efeito alucinógeno da droga acabe e você esfregue os olhos e se pergunte: ‘que que eu to fazendo aqui?’

Mas, carentes ou não, somos humanos, e vez ou outra precisamos mesmo de colo, de tato, de ouvido, ou de nada disso, mas de uma boa ilusão que abra nossos corações, desestruture nossas verdades e nos faça enxergar um pouco mais outros canais de sentido.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Casablanca“, 1942.

Não aceite migalhas. Alguém vai te amar da forma que você merece.

Não aceite migalhas. Alguém vai te amar da forma que você merece.

Imagem: Dmytro Zinkevych/shutterstock

Eu não sei você, que está lendo esse texto, mas eu adoro comer, sou aquela que muda de humor quando está com fome e que nunca consegue fazer dieta.

Então, talvez você, assim como eu, deva saber bem o que é estar com muita fome e alguém lhe oferecer uma salada, por exemplo. É quando você deseja devorar uma pizza com borda de chedar e, de brinde, uma pizza doce. Você sabe que uma fruta, uma barrinha de cereal, ou qualquer coisa do tipo, não irão satisfazê-la.

Da mesma forma, isso se aplica ao amor. Não aceite um amor pela metade, não aceite migalhas. Vejo muita gente se contentando com pouco, achando que aquilo é suficiente. Quanta gente infeliz, em um relacionamento, por medo de ficar sozinho.

O primeiro passo para o amor é reconhecer as suas necessidades e estar ciente de que você não merece pouco; o primeiro passo é se amar e entender o que você deseja para sua vida. Não merece alguém que não se importa quando você está doente.

Você não merece alguém que não te liga pra saber se está bem, mesmo depois de ter dito o quanto a sua semana está ruim e de como você tem se sentido mal ultimamente. Você não merece alguém que a esconda, que não a apresenta para os amigos e que não se importa quando você diz que as coisas não estão bem.

Não aceite pouco, você sabe que isso não vai fazê-la feliz, sabe o que quer e o que merece. Não aceite desculpas, por medo de ficar sozinha, ou por achar que alguém nunca irá amá-la da forma como merece. Você merece um abraço que seja abrigo, um amor que seja paz e alguém que se preocupe com os seus problemas.

Você pode, sim, querer alguém que a leve para casa depois de um encontro, que diz o quanto foi bom estar com você, e que, no dia seguinte, lembra-se de tudo e a procura só para dizer que sentiu saudade.

Você merece alguém que a assuma, que saiba o que quer e o quanto lhe quer. Merece alguém sem medo, sem receio de ser feliz e que embarque nessa viagem de amar junto com você. No fundo, você sabe que ligações, só para ganhar um beijo, e que dizer incessantemente ‘estou com medo de me apegar” ou “tenho medo de me apaixonar”, é pouco, muito pouco para essa sua ânsia de amar e de ser amada.

Você merece alguém que dance na chuva com você, que a aqueça no inverno, alguém que ame sem receio, alguém resolvido e disposto a enfrentar as batalhas dessa vida ao seu lado. Sim, alguém que decida estar com você, quando tudo estiver caminhando mal, e que não a abandone na primeira dificuldade.

Então, não espere que alguém enxergue o seu valor, comece essa tarefa por você, decida por se ver com olhos de amor e não de pena e entenda que você não merece qualquer coisa. Você não merece migalhas. Queira muito e queira por inteiro.

Você não precisa de alguém para completa-la, porque não há vazios, não há espaços para migalhas e incertezas. Você já é inteira. Queira alguém que a transborde.

Para quem quiser julgar meu caminho, empresto meus sapatos

Para quem quiser julgar meu caminho, empresto meus sapatos

Imagem de capa: Romanova Anna/shutterstock

Dizer que isso simplesmente não nos afeta pode, às vezes, não ser verdade.

Fazer ouvidos surdos a esses comentários, que ousam julgar nossas ações, nem sempre é fácil. Sobretudo se vêm da boca de pessoas importantes para nós: nossa família, amigos, professores, chefes, pessoas que consideramos autoridades e cuja opinião respeitamos.

Um verdadeiro amigo ou familiar não se atreveria a nos julgar sem conhecer a fundo nossas emoções ou todos os momentos vividos que carregamos sobre os ombros e em nosso coração.

Empreste seus sapatos, porque ninguém melhor do que você para conhecer a dor dos caminhos percorridos, os rios que teve que atravessar, as dificuldades que precisou enfrentar, às vezes sem pedir ajuda a ninguém… Hoje, convidamos você a refletir sobre isso.

O caminho que construímos e que nos definem
Você não é apenas essa pessoa que vê refletida no espelho. Não é apenas sua forma de vestir, ou as palavras que profere às outras pessoas.

Você é o seu caminho percorrido durante a vida, todas as suas experiências vividas e integradas no fundo do seu ser… Ninguém melhor do que você para saber o que motiva suas ações.

A própria pessoa apenas sabe o que teve que superar, suas decepções, dores, derrotas ou vitórias e o preço que pagou por cada uma. Então, por que algumas pessoas ousam, às vezes, a nos julgar sem saber, como se fossem donas de uma sabedoria universal?

Dois motivos comuns:

— As pessoas acostumadas a julgar os outros geralmente são as mais frustradas na vida.
— São pessoas insatisfeitas consigo mesmas que projetam sua necessidade de controle e intervenção nas vidas alheias.

É comum que muitos de nossos familiares tenham o hábito de nos julgar: “Você é muito ingênua, por isso que essas coisas acontecem com você”; “Você precisa amadurecer e enfrentar a vida como ela é”.

Julgam-nos com a intenção de nos ajudar e nos oferecer ensinamentos, mas na realidade nos desejam “encaixar” na maneira como eles pensam, de acordo com o que acham certo, errado ou mais adequado para nós.

Às vezes, quem julga seu caminho busca justificar a sua própria vida, desacreditando as outras pessoas. Diminuindo as escolhas dos outros. Infelizmente, isso é muito frequente.

Crítica construtiva sim, julgamento, não

Na realidade, quando essas pessoas nos julgam, não usam argumentos válidos, que sejam construtivos. Quase sempre buscam o ataque, a afronta ou o desprezo. Seus raciocínios são muito limitantes.

O que falta a esses “juízes” que adoram julgar os outros é a autocrítica. Não são capazes de valorar os seus próprios atos, suas palavras, para perceber que também cometem erros e que são capazes que causar danos a outras pessoas. Limitam-se a projetar suas críticas em outras pessoas.

Em geral, pessoas acostumadas a julgar nosso caminho não têm uma vida autêntica, com sonhos, paixões, amores e afetos que as ajudem a relativizar as coisas e abandonar o hábito de focar tanto na vida dos outros.

Como se defender dos julgamentos alheios

contioutra.com - Para quem quiser julgar meu caminho, empresto meus sapatos
Ilustração: Christian Schloe

Frequentemente, dizemos a nós mesmos: “isso não me afeta”. Pode ser verdade, sobretudo quando o julgamento vem de um colega de trabalho ou de alguém com o qual não temos um vínculo mais íntimo. Esqueceremos com facilidade.

Mas o que acontece quando um amigo, seu companheiro ou um familiar julga o seu caminho?

Nestes casos, é comum que nos sintamos ofendidos e até mesmo feridos. A primeira coisa a fazer é manter a calma e refletir a respeito das seguintes afirmações, que servem para proteger nossa autoestima:

— “Eu sei quem eu sou, sei o que já superei e tenho orgulho por cada passo do caminho, por cada aprendizado que obtive a partir de meus erros”.

— “Apenas eu tenho o direito de me julgar, porque somente eu sei como me sinto e o quanto sou feliz com minha maneira de ser e com tudo o que consegui até hoje”.

Após haver reafirmado sua autoestima, evite revidar com comentários hostis, prejudiciais, vingativos. Se demonstrarmos desprezo ou raiva, será mais difícil superar os sentimentos negativos, e eles farão ainda mais dano.

Expresse sua decepção. Deixe claro que ninguém tem o direito de julgar você assim e que o simples fato de fazê-lo demonstra que não o conhecem bem. Portanto, é como se fosse uma traição, nos casos mais abusivos, quando a outra pessoa tem o objetivo de controlar, manipular ou usar você de alguma maneira.

Liberte-se de relacionamentos opressivos

contioutra.com - Para quem quiser julgar meu caminho, empresto meus sapatos
Ilustração: Christian Schloe

Quem se atreve a criticar seus caminhos e suas experiências sem uma intenção pura de realmente desejar o seu bem, prova que não é um bom companheiro de viagem. E não importa que seja sua mãe, irmão, irmã, marido ou esposa.

Quem não aceita que, em alguma ocasião, você cometeu um erro e o julga por isso sente na verdade muita falta de amor por si mesmo e não se perdoa por seus próprios erros. Quem se vê como alguém que nunca comete erros ou toma decisões ruins carece de autocrítica e de empatia.

Se no dia a dia você apenas recebe julgamentos das pessoas ao redor, no fim, se sentirá escravizado pelas opiniões alheias. Não permita isso.

Nesses casos, será bom refletir se não vale mais a pena se distanciar de quem é incapaz ou não quer ver o seu valor, a luz que você transmite e a inteireza de sua vida.

Não espere que algo dê errado quando tudo estiver bem

Não espere que algo dê errado quando tudo estiver bem

Talvez a felicidade seja um estado de espírito, ou esteja presente enquanto procuramos por ela, quem sabe se encontre dentro de cada um. Fato é que ser feliz, a muitos, parece uma tarefa inglória, uma utopia, o impossível, o inalcançável. Ninguém é feliz o tempo todo – isso, sim, é utopia -, mas nunca se sentir bem ou satisfeito soa a uma patologia.

A vida é uma gangorra emocional, cheia de surpresas, tanto alegres quanto avassaladoras, porém, olhando bem, todo mundo pode ter a chance de passar por momentos alegres e especiais, por mais breves e ínfimos que sejam. Saciando a fome, sendo elogiado, terminando uma tarefa, saindo com amigos, ser visto com ternura, existem motivos que possam nos trazer algum alento reconfortante, mesmo quando a vida insiste em dizer não.

Alguns de nós, inclusive, teimamos em afastar qualquer possibilidade de nos sentirmos bem, como se estar contente não fosse algo a que temos direito. Basta nos sentirmos alegres e felizes, para começarmos a pensar que aquilo não pode estar acontecendo de verdade, que certamente algo ocorrerá e levará aquilo embora. Quanto medo de ser feliz, quanta resistência em abraçar tudo o que vem para deixar a vida mais doce e sossegada…

Parece que temos uma carga de culpa tão densa dentro de nós, que não concordamos com a ideia de que a felicidade pode fazer parte de nossa jornada. Amargamos de tal forma os erros que nos levaram até aqui, que enterramos no esquecimento o bem que já pudemos estender a outras vidas, anulando em nós qualquer merecimento de alguma coisa além de sofrimento. Sentimo-nos, assim, na obrigação de sermos punidos, sem parada, pela vida – isso é autoestima machucada, devastada, alquebrada.

Não fujamos, portanto, ao senso comum e passemos a nos valorizar, a nos amar, a praticar o “bem-me-quero”, o sou feliz porque eu posso, mereço, porque sou grato, saudável e tenho muitas qualidades. Sou feliz porque sim. As tempestades virão, mas nada poderá nos impedir de continuar acreditando, remando, nadando e seguindo em frente, trilhando o nosso caminho, vivendo as nossas verdades, sorrindo quando a vida assim nos pedir.

Temos que enxergar os nossos defeitos e assumir os nossos erros, sim, mas isso jamais poderá diminuir nossas chances de manter a esperança de uma vida melhor junto a quem vale a pena, onde os ares ventem sempre em nosso favor. Não podemos é desistir, simplesmente porque desistir de sorrir é como desistir de viver.

Imagem: Dark Moon Pictures/shutterstock

Gente que já acorda jurando que não fará concessões

Gente que já acorda jurando que não fará concessões

Imagem:  bomg/shutterstock

E começa o dia quebrando a promessa, porque a rotina é feita de cessões, concessões e negociações, para que, minimamente, se consiga algum êxito.

De nada adiantam a atitude superior e a carranca fechada, as exigências descabidas, as vias sem saída e as vontades mimadas. No máximo, cansam e afastam quem poderia contribuir para algumas soluções do dia.

Gente que se enxerga como o ponto focal, que desconsidera o espaço e valor alheios, que pega a primeira cadeira de qualquer lugar sem se incomodar com quem vem atrás. Gente que acha que conceder é sinal de covardia, que confunde arrogância com personalidade forte, e apresenta total falta de cortesia como seu cartão de visitas.

Gente que crê merecer sempre mais e melhor… do que os outros.

Tem gente que vive desse jeito, que não para para observar os movimentos e mudanças do mundo, das pessoas, dos comportamentos e relações. Gente que parou no tempo da realeza, que embora nada tenha de nobre, insiste em viver como tal.

A vida é dura para toda essa gente. Sem nenhuma noção colaborativa nem solidária, se perdem no oceano de reclamações e protestos quanto ao seu direito de exclusividade e prioridade. Sofrem com a ideia de compartilhar espaços, direitos, ideias e conquistas.

Se trancam na fortaleza reforçada de certezas e asperezas, solitários e mal humorados, prometendo em vão que jamais farão concessões.

E a vida vai passando, por vezes sorrindo, outras nem tanto, mas mudando sempre o caminho e as possibilidades dos encontros e uniões.

Por detrás das grades, gente que até queria seguir a vida, mas, por não fazer concessões, não encontra mais meios de se encaixar nem de seguir o ritmo. Gente que engessou as chances de ir adiante, por conta de um orgulho infantil.

E, por fim, para mudar essa história, só mesmo arrebentando as correntes, quebrando as juras, se misturando no mundo e perdendo o medo de ser gente como a gente. Qualquer gente.

Seu filho estuda numa escola desafiadora, ou apenas numa boa escola?

Seu filho estuda numa escola desafiadora, ou apenas numa boa escola?

Em torno dos 4 anos de idade seu filho estará matriculado numa escola pública ou particular, de acordo com a sua conveniência. Tudo o que se espera dele, é que seja aprovado nas várias matérias ofertadas pelo ensino regular até que o ensino médio esteja concluído.

São os anos de ouro. A criança vai para a escola, estuda meio período, e volta para brincar em casa, durante o outro período. Quem não se lembra do gostinho bom da liberdade, de chegar em casa e jogar sobre o sofá a bolsa pesada? Até o dia seguinte, dificilmente tínhamos que pegar em livros de novo.

Dos 4 aos 17/18 anos, o jovem gasta 14 anos da vida sem preocupações seletivas, não se compara com ninguém, estuda para passar de ano, e nem se importa caso precise eliminar uma matéria com a nota mínima exigida.

Mas, ao concluir o ensino médio, por volta dos 18 anos, esse estudante será confrontado com o sistema brutal de seleção das universidades e se fará esta pergunta: por que ninguém me falou sobre isso?

Pois é. Por que ninguém fala sobre isso? Por que se escolhe ignorar o funil pelo qual o estudante terá que passar aos 17, 18 anos? Por que não monitorar o sistema de ensino que a criança recebe desde sempre? Por que não otimizar o tempo?

A resposta, talvez, seja essa: porque a nossa cultura empurra com a barriga tudo o que pode ser deixado para o dia seguinte. Salvo exceções, as crianças são matriculadas na escola mais próxima de casa, e ali recebem o ensino que lhes é ofertado.

Sem mais. Não há acompanhamento por parte das famílias que nem sequer sabem o currículo que compõem as matérias escolares. Presume-se que a escola saiba o que ensinar. Nem sempre.

Em boa parte das escolas – e aqui incluo também as escolas particulares – a excelência cumpre o seu papel contemporizador, de maneira que se prepara o estudante para ser bom no que recebe, e não no que poderia receber.

Não há desafios, e sem desafios, o aluno não se destaca, a não ser em áreas que requisitem a criatividade.

Por pior que seja uma escola, a criatividade sempre se destacará, mas não se vence a concorrência nos vestibulares com criatividade, senão com método, técnica, didática, razão, conhecimento, e raciocínio lógico bem desenvolvido por horas extras que elucidem dúvidas, e forneçam instruções adicionais.

Algumas famílias vivem um paradoxo: creem estar oferecendo ao seu filho o melhor que podem, e ficam tranquilos com isso, mas se esquecem de perguntar se o que seus filhos estão recebendo é o máximo que podem receber, se estão sendo “aproveitados” em sua capacidade máxima, sem a qual todo estudante estará em desvantagem em relação àquele que foi desafiado em plenitude.

Eu arrepio sempre que vejo escolas que perdem tempo com programinhas culturais e festinhas que só desenvolvem o lado lúdico e social em detrimento do ensino de qualidade. Eu arrepio sempre que vejo adolescentes desocupados em casa sem preocupação com as exigências que a vida vai lhes cobrar, assim que terminem o curso médio.

Enquanto o menino ou a menina passam a tarde jogando na web há um aluno desafiado dando um extra para o seu intelecto, andando a segunda milha na companhia dos seus livros e cadernos.

Quem vencerá a concorrência? Certamente, o que se preparou melhor.

É questão de intelecto? Nem sempre. Os melhores nem sempre são os mais bem dotados intelectualmente, mas aqueles que forem desafiados, esses serão os melhores.

É questão de poder sócio econômico? Nem sempre. Os melhores nem sempre são alunos oriundos de classes economicamente privilegiadas, mas aqueles que forem desafiados, esses serão os melhores. Tudo é uma questão de desafios.

Se o seu filho vai para casa, dia após dia, sem que o colégio ofereça aulas de reforço, sem tarefas adicionais pesadas para o contra turno, de modo que, em resposta a esse desafio, o estudante se dedique 5 horas pela manhã e 3 horas adicionais à tarde, pode saber e pode ter certeza: seu filho não está sendo desafiado, e sem desafios, ele não será um adulto competitivo, nem no vestibular e nem na vida.

O que é uma pena! E vou além: é uma perda de tempo irreversível.
Nunca mais terá uma fase como essa com tempo totalmente livre para se dedicar aos estudos, sem nenhuma preocupação adicional.

Essa é a fase do aprendizado por excelência. Na infância e na adolescência, o menino ou a menina não têm outra obrigação que não seja estudar, e se forem desafiados por um colégio que leve a sério a missão de prepara-los para enfrentar a concorrência, responderão positivamente a esse desafio.

A escola que não desafia o seu filho não é uma boa escola para o seu filho. Não importa o nome da escola. Não importa o sistema de ensino que ela adote. Não importa se é da rede pública ou da rede privada. Não importa quão religioso lhe pareça o seu método e quanta ética lhe inspire a sua conduta.

Nada disso importa. O que importa é: quantas horas o seu filho estuda por dia? Ele tem a percepção de que sabe pouco e precisa saber mais? Ele escolhe voluntariamente estudar em casa como parte da consciência de que a vida é marcada por processos seletivos não apenas no vestibular, mas para sempre?

Se a resposta for “sim”, parabéns, seu filho está preparado ou está se preparando de maneira efetiva para concorrer com milhões de outros jovens que nasceram no mesmo ano em que ele nasceu.

Se a resposta for “não”, mesmo que ele estude no colégio mais caro da cidade, mesmo que ele tenha ótimas notas, será preterido por outro jovem que foi desafiado, e compreendeu que o desafio do vestibular e da vida depende unicamente dele e das respostas que der às demandas da concorrência.

Nesse caso, não tenha medo de mudar. Por mais que o colégio onde seu filho estude a vida toda lhe pareça um lugar muito seguro, por mais que tenha nome, por mais que ali estejam matriculados todos os seus colegas, ele ficará muito mais feliz ao ser desafiado do que permanecendo na zona de conforto até o limite em que será confrontado com o tempo que perdeu.

O desafio começa com você, pai, com você, mãe. Desafie o seu medo, o seu conforto, e o matricule numa escola que o desafie até o limite das suas potencialidades. Sem desafios não há crescimento. Com desafios, o crescimento será a única alternativa.

Mas não espere que a iniciativa parta do seu filho, porque são os pais quem devem antecipar-se às dificuldades, para que elas não sejam limitadores da vida de seus filhos.

Cuidado com a carência: ela costuma ver amor onde não tem.

Cuidado com a carência: ela costuma ver amor onde não tem.

Às vezes, sentimos falta de ter alguém ao nosso lado, que acompanhe essa caminhada da vida com a gente. Alguém que seja apoio nos dias ruins e que nos encoraje quando precisamos de coragem.

Por mais que nos declaremos suficientes e que tenhamos certa independência, no final do dia, no fim da noite, ou ao ver a foto de um casal estampada nas redes sociais, sentimos aquele desejo de ter alguém não para completar, mas para transbordar.

Eu entendo que, depois de tanto acreditar, a gente cansa de se recompor e de achar que agora irá dar certo. Cansa de fazer morrer os sentimentos que brotaram e de tocar a vida depois de uma decepção.

Mas a carência, aquela ânsia de ser amado(a) e de dividir a vida com alguém, pode nos levar a ver amor onde não existe. Ela pode confundir um simples oi com interesse. Uma ignorada com joguinhos, como se o outro de fato estivesse interessado, quando, na verdade, é só desinteresse mesmo.

Sempre que alguém diz que não quer namorar, de fato, ele(a) não está fazendo jogos para testar a sua paciência ou provar o quanto você gosta. Quando aceitamos a realidade, não nos deixamos guiar por hipóteses que não nos levam a nada, a não ser a frustrações.

Cuidado, porque alguém pode estar só interessado na sua aparência e não veja a sua alma bonita, não reconheça o quanto você é forte e não irá segurar sua mão nas tempestades. Não se iluda com a ideia de que alguém pode, de fato, “mudar de ideia” em relação a se comprometer e que, talvez, conhecendo-o melhor, convença-se de que assumir um compromisso é a melhor opção.

Não se envolva com quem oferece metades, com quem não se compromete em nada e que vive dando desculpas. Não tente achar o amor nas entrelinhas que só você consegue enxergar. Não veja amor no “oi sumida”, não veja como um tempo para conquistar as falas que esbanjam “esse não é o meu tempo, mas você é incrível”; não se prenda a isso, não, porque é cilada.

Quem quer dá um jeito, quem não quer dá desculpa. Cuidado, porque a carência transforma amizade em amor. A atenção – mesmo que mínima – em cuidado. Ela vê graça em falas que não refletem nenhum sentimento. A carência faz você acreditar que merece muito pouco, quando de fato você merece muito.

Imagem:Kseniia Perminova/shutterstock

Quem puxa saco também puxa tapete

Quem puxa saco também puxa tapete

Ninguém há de negar que muitas pessoas são adeptas da ideia de que os fins justificam os meios, não importando quais meios sejam usados, se éticos ou não. Numa busca desenfreada por seus objetivos, os quais tão somente envolvem aquisição de bens materiais e grau alto na hierarquia do trabalho, muitos passam por cima de valores morais, atropelando quem quer que pensem se encontrar no meio desse caminho.

É como se não pudessem fugir à máxima de que “a ocasião faz o ladrão”, uma vez que a vaidade e ambição então se aliam, em prol da realização daquilo que se quer, a todo custo, a qualquer preço. Para esses indivíduos, não existe outra forma de subir na vida a não ser focando exclusivamente seus esforços no objetivo, o qual deve ser a meta única e final de suas vidas, ainda que se machuquem ou se distanciem da vida de outras pessoas nesse caminho.

Esse tipo de gente parece não se apegar emocionalmente a ninguém, uma vez que qualquer um é visto como um concorrente, ou seja, um inimigo potencial. Assim, fica mais fácil mentir, trair, envolver o outro em fofocas, passando por cima de suas cabeças, sem dó, sem pensar duas vezes e sem olhar para trás, nem ao menos para checar os estragos deixados no rastro de suas ardilosas falcatruas.

Por essa razão, jamais possuirão um comportamento minimamente coerente, pautando suas ações pelas máscaras que lhes servirão aos escusos propósitos, aparentando cordialidade somente com quem possa lhes trazer algum privilégio na contrapartida. Não raro, cortejarão seus superiores, mostrando-se extremamente solícitos e competentes, leais e transparentes, até o momento exato em que possam derrubá-los, pois querem o seu lugar.

É preciso, pois, muita cautela com os bajuladores de plantão, visto que muitos deles estão esperando apenas o momento mais apropriado para usar contra nós tudo o que fizemos e/ou dissemos, principalmente aquilo que eles ouviram às escondidas e espalharam por aí, pelos ouvidos das pessoas mais mexeriqueiras com quem convivem.

Fato é que nosso coração, no fundo, sabe bem quem nos estima com verdade e intenções positivas, e serão estes que não medirão esforços para nos ajudar, não importando a posição que estivermos ocupando. E serão estes que deveremos manter junto, sem receio, sem hesitação, todos os dias.

Imagem: Tanya Zabula/shutterstock

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