E se você tivesse escolhido outro caminho? Será que você seria outra pessoa?

E se você tivesse escolhido outro caminho? Será que você seria outra pessoa?

Causa e efeito, ação e reação, feito, bem-feito, desfeito… a vida é mesmo um nó de caminhos. Uns paralelos, outros que se cruzam, outros que nunca vão se encontrar. E o nosso destino pode ser completamente alterado por uma única, pequena e aparentemente inofensiva escolha.

O fato, é que nenhuma escolha é inofensiva. E se a gente escolhe uma porta por onde entrar, precisa estar preparado para abrir mão de todas as outras que deixamos passar. As portas que não escolhemos, aquelas que rejeitamos, hão de ser abertas por outras pessoas.

Aquelas outras histórias, veladas atrás de outras portas vão morar na parte misteriosa de nossas vidas. Aquela que nunca aconteceu.

A realidade é essa vida que temos nas mãos, é com ela que a gente precisa aprender a lidar. E é por meio dessa aprendizagem que vamos conseguindo reverter algumas perdas em ganhos, olhar para outras perdas como causas perdidas mesmo… e, a partir delas buscar outros caminhos.

Se um projeto não vinga, pode ser que tenhamos errado nas estratégias; pode ser que precisemos lançar mão de novas abordagens; mas pode ser também, e isso não é nada raro de acontecer… que era para não dar em nada mesmo.

Até mesmo os tenebrosos fracassos têm lá a sua função educativa. Eles nos revelam lugares onde não devemos estar, brigas que não valem a pena comprar, projetos que não têm chance de decolar.

Esses “nãos” que a gente leva na cara precisam ser encarados como uma nova oportunidade. Quem sabe não esteja bem na hora de você enxugar o suor e as lágrimas perdidas, tomar um banho de redenção e aprumar-se para um encontro inédito com outras opções; tentar, em vez da porta, uma janela.

Afinal, não há nada de errado em mudar de ideia. Muito menos ainda, em reconhecer uma limitação, um engano, um caminho mal escolhido, um atalho malsucedido. Errar é parte do processo, afinal de contas.

Acontece que muitas vezes entramos numa história com uma carga de fantasia, além da conta, como se fosse um excesso de bagagem desnecessário. E conforme o tempo vai passando, descobrimos que nunca encontraremos ali algo que nos preencha, que se compare à nossa fantasia.

Essa quebra de ilusão é acompanhada de algumas dores, faz a gente ficar meio adoecido pelo sonho desfeito. E tudo bem que a gente se conceda um dia, ou dois, ou três de convalescença.

Apenas não podemos nos apoiar nessa desilusão para lançar em colos alheios a nossa decepção. Não podemos acabar nos aconchegando nessa almofada de vítimas como se fossem coletes salva-vidas. Não são!

No entanto, quando demorar um pouco demais para que o tombo pare de se transformar em ralados pelo corpo, é bom procurar ajuda. Admitir que não se pode carregar sozinho um fardo, não é sinal de fraqueza, é sinal de maturidade. Crescer envolve mesmo algumas escoriações afetivas. Faz parte.

É inevitável ser visitado de vez em quando por essas reflexões: “E se eu tivesse feito outra escolha?”; “E se eu não tivesse aceitado aquele convite?”; “E se eu não tivesse desistido?”… Esse “se” é de lascar mesmo! E se a gente cair nessa armadilha, vai viver atormentado.

As escolhas nos definem, é verdade. Mas até mesmo essas definições são temporárias. Somos inacabados até o último sorriso, ou até a última lágrima. E isso, acredite, é a parte mais maravilhosa de estar vivo!

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme  “De repente 30!”

Ansiedade, um combustível perigoso!

Ansiedade, um combustível perigoso!

Imagem de capa:  pathdoc/shutterstock

A ansiedade põe a gente de pé num piscar de olhos, orquestra movimentos rápidos, pensamento acelerado, curiosidade aguçada, tolerância zerada.

Se ansiosos por uma boa notícia, acordamos positivos, lépidos, energizados. Quando a ansiedade é por uma chegada, tomamos todas as providências possíveis, tratamos de arrumar e organizar, surpreender e adivinhar.

Ansiedade é combustível. Acelera, bota ordem, encadeia, encaminha. Ansiedade bem dosada, é um estimulante, a companhia perfeita da curiosidade.

Mas, como toda matéria inflamável, entra em combustão com a mínima fagulha. Uma incerteza, o menor atraso, um passo fora da linha, um retorno que não estava nos planos…

E a ansiedade vira incêndio, explosão e destruição. Fica fora de controle, do eixo, da respiração. Ansiedade descompensada agride, asfixia, deixa a vida imersa em fumaça, fuligem e sombra. Esconde o horizonte, fecha as cortinas, tranca as possibilidades e faz disparar o coração, até o ponto de explodir.

Como combustível, empurra!
Como explosivo, destrói!

Todo mundo carrega a sua quantidade de ansiedade, e controlar é tão difícil quanto identificar o que faz disparar. Assim como a agressividade, é quase impossível saber a faísca que provoca o fogo. Mas a luta é diária e sem descanso. O que nasceu para ser estímulo, não pode virar obstáculo.

Ansiedade é coisa séria e deve ser tratada como merece. Quem já viveu a menor crise, sabe o poder desse incêndio incontrolável, que consome todas as reações.

Ao menor sinal de que o combustível está fugindo do controle, o melhor é reduzir a marcha, desligar os motores, procurar ajuda e alternativas para manter a respiração na velocidade de cruzeiro.

Moça, cá pra nós, não faz sentido ser sobra de alguém

Moça, cá pra nós, não faz sentido ser sobra de alguém

Moça, reciprocidade não cai do céu. Ele não vai mudar de ideia de um dia para o outro. Ele já tem um cafuné quando precisa e você só faz correr atrás de quem não merece. Presta atenção, não faça isso. Ame-se. Moça, cá pra nós, não faz sentido ser sobra de alguém.

Eu sei que você gosta dele, moça. Eu sei que ele prometeu o mundo já no primeiro beijo. Sei, também, que ele diz o que você quer ouvir. Ainda assim, entre mimos e outras vontades, ele não deixou de estar com quem sempre esteve. Você não é a amante. Esse termo é pobre demais. Mas você é a escolha que não vinga. É o momento prazeroso com prazo de validade. É justo? Claro que não. Então por que insistir?

Ah, moça. Não está vendo que a conta não bate? Onde já se viu dar inteiros e receber metades? Mude isso, agora. Abra os olhos. Pegue o primeiro amor de você e saia em busca de alguém que some, e não subtraia. Deixe-o com a cara no chão quando souber que acabou. Não por vingança, mas por respeito próprio. E mesmo que ele peça uma nova chance, pese nas mãos se vale a pena ceder carinhos em troca de poucos instantes.

Eu sei que o medo faz a gente ficar rendido, mas você consegue. Porque o amor só cabe para quem tem coragem. Anda, moça. Respira fundo. Sorria e atraia o melhor, o saudável e o transparente de uma relação de verdade.

Não se esqueça, do seu coração é você quem permite.

Imagem de capa: O Desprezo (1963) – Dir. Jean-Luc Godard

O orgulho estraga muita coisa, inclusive o amor.

O orgulho estraga muita coisa, inclusive o amor.

Imagem de capa: Iakov Filimonov/shutterstock

Quem nunca sentiu aquela sensação terrível de querer pedir perdão, mas sentir uma “força” maior dentro de si que o impediu de se desculpar?

Que atire a primeira pedra quem nunca ignorou quando, na verdade, queria oferecer atenção. Quem tem dificuldade de dar o braço a torcer em uma briga e de ser o primeiro a confessar que errou.

Acontece que o orgulho estraga muita coisa. O orgulho faz você perder quem ama, faz você perder oportunidades e também pessoas. O orgulho faz você se tornar alguém difícil de ser amado, alguém que, por mais que o outro insista, torna-se cada vez mais difícil de resolver conflitos, de dialogar e de fazer dar certo.

O orgulho estraga o amor, a amizade, o trabalho. Porque nada pior do que lidar com alguém orgulhoso, que não sabe reconhecer quando está errado, que não sabe pedir desculpas, que não sabe olhar nos olhos e dizer que sente nossa falta e que nos ama quando não merecemos ser amados.

É difícil porque, quando estamos mal, chateados, nem sempre temos a coragem de sempre correr atrás, de sempre tentar consertar as coisas, e tudo fica pior quando o outro não colabora – e então a gente cansa. Cansa mesmo de insistir, de pedir desculpas e o outro continuar fazendo joguinhos e oferecendo a nós a sua indiferença.

Tome cuidado, porque o orgulho pode fazer você perder muita coisa: o amor de quem o ama por inteiro, o abraço de quem o acolhe no final do dia, o beijo de quem beija com a alma, o sorriso de quem transforma o seu mundo. Cuidado, porque o orgulho torna você outra pessoa. Alguém dominado pela raiva e pelo impulso. Alguém que não sabe perdoar, não sabe resolver e que, nesses instantes de orgulho, parece não saber amar.

O orgulho pode fazer você evitar dizer coisas bonitas, de soar palavras agradáveis naquele dia cansado em que o outro precisa tanto de um gesto de carinho nosso. Esse orgulho bobo aí pode distanciar você de quem realmente se importa, de quem faria de tudo para dar certo.

E, embora você não tenha a escolha de não sentir isso, você tem a escolha de não permitir agir com orgulho. Você tem a escolha de ouvir quem quer falar, de perdoar quem pede perdão, de se desculpar quando errar, porque, acredite, isso é bonito. Você sempre terá a escolha de não estragar tudo.

Que um dia o amor te encontre

Que um dia o amor te encontre

Imagem de capa:  Kitja Kitja/shutterstock

Que um dia tão grande o amor te encontre como me encontrou. E tomou-me como vilas, esquinas e quebra-mares são tomados por encontros. E amei, como se só te amar bastasse, como se te querer já me deixasse ainda que uma pequena intenção de pensamento mais próxima de você. Como se pudesse te convencer silenciosamente a me amar também, na insistência crédula do meu bem-querer.

Assim, amei por mim, por ti e por nós, para que houvesse um nós conjugado em um lugar qualquer que fosse. Amei sabendo que amava sozinha, como quem doa para a mão direita com a própria mão esquerda. Te amei de fato, tão e bem mais em nome de mim mesma. Ganhando e perdendo sozinha, sonhando e acordando sozinha, sem ter a quem reclamar das escolhas que fiz. Amei porque ainda é melhor ter uma coleção inteira de vazios não preenchidos que não sentir nada.

Que um dia você descubra que quem ama, ama sempre por inteiro. Ama preenchendo as faltas com esperança, as esperas com lembranças, e erguendo-nas de um algo misturado a um punhado inexato e farto de fé. O amor se alimenta bem mais do que poderia ser do que de fato se é. E ele se reconhece mais fielmente no que poderia existir do que no que de fato se há. Por isso nos demos tão bem, como gêmeos docemente delirantes.

Assim, fui me reconstruindo, como um barco que se remenda sem conter a invasão do mar, apenas no esforço de seguir reagindo. Inútil, como quem guarda um segredo que não pertence a mais ninguém se não a si. Assim, te amei até não haver mais forças para continuar amando sozinha por dois. Que um dia tão grande amor te encontre e te entregue todo o amor que preparei para ti. Que um dia tão grande amor te encontre e te faça feliz como eu não pude fazer, nem ser sem ti.

Quer saber quem são seus verdadeiros amigos? Fique doente

Quer saber quem são seus verdadeiros amigos? Fique doente

Uma das melhores coisas de nossas vidas são as amizades que pontuam a nossa jornada, tornando-a mais prazerosa e leve, principalmente nos momentos em que precisamos de alguém ali ao lado, quando escurece de repente dentro de nós. Infelizmente, quando mais precisarmos, parece que menos amigos aparecerão ou terão disposição para ouvir pacientemente o que temos para dizer, compartilhar. A não ser que façamos uma festa.

Na verdade, muitas pessoas estão à procura de oportunidades que lhes favoreçam, que lhes tragam benesses, conforto, retornos majoritariamente financeiros e/ou materiais. Aproximam-se, assim, de quem possa lhes oferecer algum benefício que usufruirão em causa própria, baseando-se tão somente em suas intenções, quem nem sempre são as melhores. Difícil, nesse contexto, haver alguém que nutra relacionamentos que não lhes possam servir como degrau social ou fonte de renda e de status.

Muitas pessoas passarão pelas nossas vidas, desde a infância, porque nunca é tarde para encontrarmos alguém que possa compartilhar uma amizade sincera. Não conseguimos explicar bem o que nos faz gostar tanto de algumas pessoas, a ponto de nos sentirmos bem ao seu lado e confortáveis para contar-lhes nossos sonhos, medos, nossos tesouros. Parece que tem gente que conhecemos há anos, embora tenhamos iniciado a amizade recentemente; é como se tivéssemos encontrado um irmão perdido por aí, tamanha a sensação de proximidade imediata.

Da mesma forma, algumas pessoas fazem parte de nosso círculo de amigos ou de trabalho por muito tempo, sem que consigamos ir além das meras formalidades de convivência. No entanto, nem todos serão amigos de fato, ainda que confiemos plenamente neles, mesmo que depositemos a maior confiança em suas mãos, porque algumas pessoas simplesmente não sabem o valor dos sentimentos alheios, nem dos próprios. Algumas pessoas simplesmente desconhecem a força de um compromisso com o outro que não envolva nada além de afetividade.

Não podemos nos iludir, achando que todos aqueles que sorriem ao nosso lado, em comemorações regadas a cerveja, também ficarão conosco quando nada tivermos a oferecer, quando precisarmos de um ombro amigo que nos console, ouvindo-nos nos momentos de nossas atribulações, caso contrário, a decepção nos machucará ainda mais.

No entanto, sempre haverá alguém, muitas vezes quem menos esperávamos, que nos estenderá as mãos com verdade e amor. Sempre haverá alguém que não desiste da gente. Daquelas surpresas mágicas com que a vida nos abençoa, a fim de que não desistamos de prosseguir, incansavelmente.

Imagem de capa:  Elnur/shutterstock

A triste geração que prefere mentir do que sentir

A triste geração que prefere mentir do que sentir

Chegamos em um ponto crítico da vida. Infelizmente, é mais comum mentir do que sentir. Somos uma triste geração tão acostumada com a negação, que corremos de qualquer possibilidade verdadeira de aproximação.

Na infância, podíamos pensar muitas vezes sobre o constrangimento de demonstrar afeto em público. Principalmente pelos nossos pais e outros parentes. Não é que fôssemos avessos ao carinho, mas era um trato social não expor certas atitudes na frente de estranhos. Com o tempo, na adolescência, ignoramos qualquer protocolo na busca por um alguém que nos completasse. São os hormônios, dizem. Era liberado ter uns momentos a mil por hora com alguém. Os cinemas que o digam. Mas o tempo passou. E passou rápido.

Hoje, somos uma geração de adultos que não sabe lidar com os sentimentos. Gostar é pouco, amar é muito e mentir tornou-se o ideal. Por quê? Por que fingir, mascarar e manipular experiências para um ganho exclusivo? Será que tivemos tantos tropeços ao longo da vida que viramos cascas sem nada para oferecer? Quando foi que o amor virou essa pedra no sapato? Quando, no mais irresponsável dos encontros, decidimos que não valeria a pena sentir, mas sim distorcer a realidade?

Talvez, essa seja história que preferimos contar. Aquela na qual viramos vítimas de outras sensibilidades não correspondidas. Onde, escolhendo o sentir errado, fizemos um voto de não mais permitirmos algo de verdade. Trouxa de novo? Nem pensar. Se fosse assim tão fácil. Se fosse assim tão difícil. No fundo, é tudo sem sentido, mas com sentimento. Trouxa é fingir não querer, querendo. É estipular atitudes, ditar os discursos e anotar num caderno quantos flertes foram entregues. Paremos. Paremos antes que seja tarde. Paremos antes que a mentira fique convincente. Paremos antes que o coração cegue.

É triste uma geração que prefere mentir do que sentir. Chegamos em um ponto crítico da vida, onde nada nos resta a não ser jogar toda essa bobeira de negar para o alto e, finalmente, urgentemente, com gentilezas, apenas sentirmos. De uma vez por todas, por favor.

Imagem de capa: Sonhando Acordado (2006) – Dir. Michel Gondry

A traição é a mais covarde das escolhas

A traição é a mais covarde das escolhas

Supondo que a pessoa seja acometida por um arrependimento monumental, que amargue um tremendo remorso e se afogue num mar de culpa… aquele que traiu jamais terá a dimensão exata do buraco gigante que cavou no peito do outro.

Ser traído é ter a confiança roubada pelas costas. É ter a inteligência subestimada e a auto estima picada em minúsculos pedacinhos.

A dor da traição é extremamente complexa, porque quebra no interior daquele que foi traído os alicerces sobre o qual fora construída a relação.

Ser enganado altera a capacidade de interpretar os sentimentos. Ficamos frágeis, confusos, temos dificuldades em discernir o que é real, do que é ilusão destruída.

Não raras vezes, aquele que é traído acaba buscando em seu comportamento, em suas atitudes a razão para tudo o que aconteceu; torna-se suspeito do mal feito alheio.

E dói. Dói por inúmeras razões. Dói porque é desnecessário, dói porque diminui a importância da história partilhada, dói porque não há nada que justifique a quebra de confiança.

A traição é a mais covarde das escolhas. É a opção pelo caminho mais fácil. É arrastar para dentro de um buraco o que deveria ser honrado e ter valor.

Perdoar a traição é dessas coisas que foge à nossa capacidade racional. E quando acaba acontecendo, muitas vezes é porque existe nessa atitude uma esperança em fazer cessar o sofrimento.

Perdoa-se numa tentativa de retroagir, como se fosse possível apagar os danos. Quase sempre não é. E o tempo acaba revelando fissuras no relacionamento, trincas por onde emergem ressentimentos, mágoas e culpas.

Por mais que pareça triste, no fim das contas o melhor que se pode fazer é cortar os laços mesmo. Deixar que a ferida cicatrize em paz. Seguir em frente e deixar que o outro descubra por si mesmo que havia outra escolha, ele só não foi capaz de fazê-la.

E depois disso, de ter sido capaz de desenhar no fim dessa história um definitivo ponto final, projetar para si mesmo um modelo mais saudável de relação, na qual o compromisso seja partilhado, assumido e respeitado por todos os envolvidos. Porque errar na escolha do parceiro uma vez é humano, persistir na escolha errada é falta de amor próprio mesmo.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Linha de ação”

Uma coisa é certa, essa dor vai passar

Uma coisa é certa, essa dor vai passar

Imagem de capa:  Antonio Guillem/shutterstock

O amor, esse sentimento tão cantado em verso e prosa, tem um lado cruel. Um só não. Tem muitos lados cruéis. Tem vertentes variadas que nem sempre simbolizam alegria e paz. De vez em quando, o amor envereda por uns caminhos sombrios que não dão refresco e nem tranquilidade a quem dele se apropria.

O amor só é amigável quando nos encontra na adolescência, na juventude, na fase em que namorar, beijar, ficar, transar, é permitido por força do estado civil. Depois que mudamos o estado civil é proibido amar outro ser que não aquele com o qual nos casamos.

O problema é que “o proibido” nunca conseguiu impedir ninguém de se apaixonar mais de uma vez na vida. Pelo contrário, “o proibido” parece contribuir para aumentar a natureza desse amor. E é ai que o amor judia e mostra o seu lado cruel. Não por culpa dele, mas por culpa da sociedade.

A mesma sociedade que enaltece o amor, e reconhece as suas características indomáveis e voluntariosas, os seus imperativos de urgência idílica, se volta contra dois apaixonados que não se enquadram na lei sob a égide do estado civil solteiro. Se um dos dois for casado, perde o direito de amar.

Uma impossibilidade dessa anula toda a poesia e não tem Vinicius de Morais que possa modificar a avaliação do senso comum. Todo mundo repele o amor que surge na curva da estrada de Santos, depois do tempo regulamentar.

A mesma humanidade que reconhece a força do amor, pensa poder conte-lo usando regras do estatuto civil, através de parágrafos e artigos que, na prática, não funcionam de jeito nenhum. Quem ama, ama, e que se danem as convenções.

Podem impedir a materialização do amor, a vivência plena, o direito de experiência-lo, mas não podem impedir que ele exista de fato. Ama-se com todas as forças do corpo o amor permitido, e ama-se com todas as forças do corpo e da alma o amor não permitido. Ou seja: ama-se mais insanamente quanto menos lícito for o amor.

O amor é livre, e essa liberdade faz dele um sentimento que não aceita cabresto, e que mesmo sufocado recrudesce em lágrimas sobre o travesseiro, em suspiros profundos, em ausências no meio da multidão, em greves de fome por absoluta falta de apetite, em crises de ansiedade, em crises de depressão, em desinteresse pela vida, em dores profundas que acabam minando a saúde física e mental dos apaixonados.

Aqui e ali escuto as mesmas histórias de pessoas que amam sem ter o direito de amar o ser amado. São pessoas que passam por esse estranho calvário de desejar ardentemente viver, – mas só podem morrer e aceitar passivamente que a morte chegue antecipadamente todos os dias. De tanto que dói.

Elas dizem: “eu quero esquecer, mas não consigo.”

Eu acredito. Ninguém deseja passar por um sofrimento dessa envergadura. Acordar pensando e deitar pensando, sem o benefício do esquecimento. Viver entre a alegria e a tristeza, oscilar como pêndulo entre o amor real e o imaginário sem a possibilidade de experimentar a sua realização, sentir como se estivesse com ele, estando sempre longe dele, alternando momentos de alegria e de culpa extremamente solitárias. Isso é para os fortes! Os fracos adoecem, murcham e morrem.

Mas o amor não se importa com o preço, ele não é bonzinho a ponto de recuar diante de um obstáculo. Ele não diz: “ok, se a sociedade não permite, eu vou embora. Fica bem, fica tranquila, sou generoso, estou caindo fora.”

Nada disso! Ele fica, bate, insiste, persiste, e detona com qualquer possibilidade de vida acostumada. O amor impossível é um tirano com chicote, sem nada do sedutor que aparece no livro “ Cinquenta tons de cinza.”

E o mais grave é que ninguém pode parar a vida e os encargos para sofrer por esse tipo de amor. Nessa altura, as pessoas têm responsabilidade com filhos, com marido, com esposa, com família, com trabalho, com igreja, com a sociedade de maneira geral.

As pessoas sofrem por dentro, enquanto prosseguem por fora no mesmo ativismo desenfreado de sempre. Só param quando adoecem. São encaminhadas para os consultórios médicos e eles lhes receitam medicamentos antidepressivos, ansiolíticos e outras drogas similares, mas nenhuma dessas drogas poderá preencher a falta que “aquele” amor lhe faz.

Não há formula para resolver essa equação. Ela envolve muitas variáveis e nunca se renuncia ao amor simplesmente porque a sociedade fez constar a indissolubilidade do casamento, que aliás, já não é mais indissolúvel. O divórcio já é um direito de todos.

Outros derivativos têm força maior: a amizade com o parceiro(a), os filhos, a família, os julgamentos, a estabilidade financeira, e uma série de elementos racionais que sinalizam o perigo de se jogar uma vida comum no ralo.

Amar é sempre um perigo. Quando se ama corre-se o perigo de deixar de amar ou o perigo de deixar de ser amado. Quando se ama, corre-se o risco de perder. Quando se ama, corre-se o risco de ver o amor transformado na mais pura e perfeita amizade. Quando se ama corre-se o risco de se dissolver no meio de uma relação que começa linda, mas que em algum momento perde força para as eventualidades, para a rotina, para o descuido, para o desencanto.

Uma coisa é certa: “vai passar.” Tudo passa. Se o auge do amor vivido em plenitude passa, o auge do amor impossível também passa.

Um dia, veremos o outro fora da tempestade dos nossos sentimentos, fora da melhor forma, e a passagem inexorável do tempo destruirá boa parte das nossas falsas projeções idílicas.

Um dia, o objeto do amor será um velhinho, ou uma velhinha, sem bunda e com pouco cabelo, pouca musculatura, e pouca beleza, e ainda assim você poderá amá-lo. O amor verdadeiro tem dessas coisas.

Mas, nesse dia, o seu amor não doerá mais. Sabe por quê? Porque será um amor que desistiu da posse. É a posse que judia. Nesse dia, bastará a você fechar os olhos e saber que, em algum lugar, ele ainda existe, vive, respira, se lembra. Não é mais seu e de mais ninguém. Já ganhou a isenção de que são feitas as almas que aguardam o desencarne. É quase espírito. Livre. Ambos são.

O bom do amor é que os seres amados envelhecem e morrem. Tudo passa. Tudo o que nos faz felizes passa. Tudo o que nos faz sofrer também passa.

A necessidade de posse que hoje nos parece tragicamente tão necessária quanto impossível, será parte de uma impossibilidade maior e cósmica: ninguém é de ninguém. Somos eternos. E todo ser eterno não tem certificado de possessão aqui na terra, pertence a Deus, volta para Deus.

Deus, o nosso Amor Maior. Esse nunca nos será tomado.

Gostoso é quando o mundo cabe dentro de um abraço

Gostoso é quando o mundo cabe dentro de um abraço

Imagem de capa: wavebreakmedia/shutterstock

“Só de vez em quando é que você encontra alguém com uma presença e eletricidade que combina com a tua no ato”. Charles Bukowski.

Somos almas perdidas, creio eu. Essa é a resposta que chego sempre que penso sobre o porquê de sermos tão distantes. Estamos próximos fisicamente, muito próximos. Há tanta gente na rua, aos montes. Estamos conectados 24 horas por dia, são inúmeras redes das quais fazemos parte. Mas, ainda assim, somos solitários, uns e outros, como diz um amigo meu. E, talvez, o que nos deixe nessa condição é o fato de sermos almas perdidas, tentando se encontrar e ao mesmo encontrar alguém que nos faça sentir que somos parte de algo maior e mais belo do que essa imensa solidão.

É tão difícil encontrar alguém que seja capaz de produzir esse tipo de sentimento em nós, que acredito verdadeiramente que há algo de divino no pequeno espaço existente entre duas almas que conseguem romper essa barreira que nos separa e, então, se comunicam. Não à toa, o velho safado diz que: “Só de vez em quando é que você encontra alguém com uma presença e eletricidade que combina com a tua no ato”. E, diante de um mundo regido pelo egoísmo, torna-se ainda mais árduo encontrar alguém que seja capaz de fazer a nossa alma despertar.

Alguém que seja capaz de nos mostrar que não somos os únicos a padecer, que consiga humanizar as agruras da vida, já que às vezes parece que fomos escolhidos pelo universo apenas para sofrer. E todo mundo se acostumou tanta a não sofrer, a não deixar que as lágrimas transpareçam, que você se sente envergonhado e fraco por sentir a incomoda dor de existir. Entretanto, quando existe outro ser que olha para você e mostra que também possui feridas, que também chora, que é humano, demasiado humano para não sangrar, você percebe que não há porquê fugir ou se esconder, como se fosse um pecado mortal derramar uma lágrima.

Da mesma maneira, a gente percebe que nem sempre continuar correndo é a melhor solução. Eu sei que a vida não para só porque nós estamos com problemas, todavia, não adianta viver empurrando a bagunça com a barriga. Às vezes, é necessário parar, respirar, pôr a casa em ordem, e só depois continuar. É preciso desacelerar um pouquinho e nos voltar para o caos que urge dentro de nós, porque como diz o poeta – “O caos é uma ordem por decifrar” – e não um monstro que não deve ser enfrentado.

Reconheço que esse encontro é complicado, porque é tudo tão confuso e silencioso ao mesmo tempo, do lado de dentro, do lado de fora. É como se ao nos olharmos pelo espelho, não enxergássemos nada. Apenas um imenso vazio que só faz aumentar. Uma enorme escuridão que emudece todos os sentidos.

E no meio desse turbilhão nebuloso, quando todas as luzes se apagam, de repente aparece alguém, uma outra alma perdida, mas que ao estabelecer uma conexão com a nossa, faz com que frechas de luz sem abram no meio da escuridão e como se voltássemos a enxergar, começássemos a observar o que nos cerca, todas as belezas que os nossos sentidos haviam se desacostumados a absorver e, então, mais do que toda miséria, pensamos na beleza que ainda permanece.

Pensamos, como disse o poetinha, que embora haja tanto desencontro, a arte da vida, a sua maior beleza, o seu traço divino, está nos encontros. No encontro com o outro, que ao mesmo tempo produz o doloroso, mas esplêndido, ato de encontrar-se. O encontro com a humanidade perdida, com o que há de gente em nós e o que há de nós na gente. Algo que recupera o reflexo no espelho, que traz serenidade ao desespero e oxigênio ao respirar.

Ao nos acostumarmos a estar perdidos, a chorar sozinhos e a não enxergar, fechamo-nos como ostras, com todas as nossas dores, gritantes internamente e silenciosas por fora, presas em nossas conchas, sem que ninguém nos toque, nos incomode, nos desperte, que seja capaz de estimular os nossos grãos de areia, que tanto nos incomoda, a transformarem-se em pérolas. Essa transformação, entretanto, só é possível se estivermos abertos para a mão que toca, o olhar que fisga, a alma que dança e o silêncio que fala, porque quando nos abrimos, já não estamos perdidos, já não há escuridão e o mundo, em sua plenitude e vastidão, cabe dentro de um abraço.

Deixe de ser bonzinho!

Deixe de ser bonzinho!

Imagem de capa:  file404/shutterstock

Muitas vezes, ainda que cheios de projetos e ambições, encolhemo-nos por medo de não dar certo. Nos escondemos atrás de um personagem socialmente criado, que muitas vezes não traduz em nada o que somos. Por medo de fracassar, muitas vezes nem cogitamos tentar.

Pelo receio da mudança e do desconhecido, não buscamos sequer descobrir a nossa verdade, o que faz nosso coração vibrar.

Ocorre que, assim, o tempo vai passando, cada vez mais ficamos sem energia e viramos meros telespectadores da nossa própria vida. Não podemos deixar isso acontecer, definitivamente!

Se não der certo, tudo bem, vamos tentar de novo, vamos tentar de outro modo, vamos tentar outra coisa, só não podemos ficar estagnados numa vida que não nos realiza. Precisamos dar nossa cara à tapa!

Precisamos correr riscos (inclusive o de dar mais certo do que imaginávamos)! O que os outros vão pensar? Para onde vai a nossa reputação se fracassarmos? Como vamos ficar conhecidos? Não importa. Verdadeiramente, isso não deve fazer diferença alguma.

Aliás, muito melhor ser lembrado como alguém que sucumbiu aos seus sonhos, cometeu algumas loucuras e foi feliz no fim das contas, do que aquela pessoa boazinha, que fez tudo certinho, mas viveu frustrada e com um sorriso amarelo por medo de ir atrás do que realmente queria.

Quantas coisas maravilhosas foram feitas nesse mundo por pessoas tidas como “com um parafuso a menos”, mas que tiveram a coragem necessária para vencer as barreiras externas e internas e tentar. Talvez não uma ou duas vezes, mas várias. Pessoas que não ignoraram o seu coração, que não silenciaram a sua intuição e deram um pulo no abismo, ainda que sem saber ao certo o que iria acontecer.

Precisamos fazer valer nossa passagem por aqui.

E, com certeza, ser bonzinho para agradar – ou apenas não desagradar – aos outros não é algo que traduza exatamente evolução. Nosso compromisso maior é conosco mesmos, com o nosso aprimoramento, com o nosso despertar. Às vezes, precisamos ser um pouco egoístas. Colaboramos com um mundo melhor quando melhoramos a nós mesmos.

Vamos olhar para dentro, nos sentir, nos autoconhecer, nos cuidar, ver nossas necessidades, o que faz nosso olho brilhar. Sejamos bonzinhos conosco mesmos, ora!

E brindemos os corajosos, os desencanados, os “surdos” e os “loucos”! Temos muito a aprender com eles…

Relacionamento abusivo não é amor

Relacionamento abusivo não é amor

Tenho visto tanta gente confundindo amor com apego, achando que controle, posse, é sinônimo de amor. Não, amor não é isso. Amor não é ciúmes exagerado, não é ditar o que você veste, não é humilhar e fazer você acreditar que não vive sem esse alguém.

Uma coisa são aquelas brincadeiras de casais; outra coisa, bem diferente, por sinal, é ser constrangido o tempo todo na frente dos amigos e da família, com piadinhas do seu parceiro em tom de voz grosseiro.

Tenho visto muitos relacionamentos abusivos sendo confundido com amor. Não entendo e talvez nunca consiga entender por completo, mas compreendo o quanto é difícil enxergar que isso não é amor, o quanto é difícil chutar o balde e dizer adeus.

Mas que fique claro: quem ama não humilha e nem faz com que você se ache o problema de tudo. Quem gosta de você não aprisiona e nem faz pensar que não existe vida para além daquele relacionamento.

Não sei, mas talvez ele(a) a(o) convença de que você não é nada sem ele(a), diz que sente ciúmes e justifica todas as imposições e atitudes grosseiras afirmando amar demais. O “não vai com essa roupa”, ou até mesmo as incontáveis ligações pra saber onde você está, seguem a mesma teoria: é amor demais.

Pera lá, amor é leve e bonito, amor não é esse furacão, essa tempestade toda, não. Parem de confundir amor com controle, fidelidade com estar sempre de olho. Quem ama não despeja a culpa no outro, fazendo com que ele se sinta um lixo, quem ama não quer ver o outro mal.

Manipulação não é amor, controle não é amor, ordens não são sinônimo de cuidado; o nome disso tudo não é um relacionamento feliz, mas um relacionamento abusivo.

Não vale a pena manter um relacionamento que vive a base da desconfiança, de alguém que te manipula o tempo todo e faz você perder a sua autenticidade. Alguém que a proíba de sair com as amigas, mesmo que seja para tomar um café.

Não vale a pena estar com alguém que suga as nossas energias, que não nos oferece respeito e nem cuidado. Não vale a pena estar com quem abusa do seu amor, com quem rouba a sua alegria, as suas amizades.

Não vale a pena estar com quem faz você acreditar que merece gritos, palavras duras, xingamento, ordens, brincadeiras sem graça na frente dos amigos. Não, não vale a pena dividir a vida com quem faz você acreditar que merece pouco.

Muitos parceiros nem se amam mais, mas se acostumaram com a presença um do outro

Muitos parceiros nem se amam mais, mas se acostumaram com a presença um do outro

Existem casais que permanecem juntos por toda uma vida, mesmo que o amor já tenha arrefecido, pois já se acostumaram com a presença, com a companhia do parceiro. Isso porque a gente se habitua a tudo, até mesmo com o que não nos faria falta, e ter a noção exata do tanto de amor que resta pode fazer toda a diferença em nossas vidas.

Talvez pela natureza gregária dos seres humanos, muitos de nós resistimos à ideia de ficar sozinho, sem alguém ao nosso lado, como se fosse inconcebível ser feliz sem um parceiro. E, assim, nos apegamos ao companheiro além da conta, sufocando em nós os sonhos de algo que ele não é mais capaz de nos oferecer. Com isso nos conformamos, agarrando-nos à famosa falácia: “ruim com ele, pior sem ele”.

Da mesma forma, podemos às vezes nos submeter ao convívio sem amor por conta de normas impostas por sei lá quem, que ditam a obrigação de casar, ter filhos, mantendo uma casa que nem mais lar é. Sentimos vergonha de quebrar a ordem das coisas, considerada natural, como se a felicidade dos outros valesse o nosso mergulho numa vida que não mais nos pertence.

Na verdade, desistir de algo ou de alguém é visto como fraqueza por muitos, haja vista a tendência em sermos aconselhados constantemente a continuar, a tentar, a persistir, principalmente quando há filhos em jogo. Quantas vezes não ouvimos alguém comentando que fulano se separou porque só pensa nele mesmo, em mais ninguém, tampouco nas crianças?

Tenhamos, então, a consciência de que, não importa qual atitude tomarmos, seremos sempre alvo do julgamento alheio, uma vez que não poderemos agradar a todo mundo. Ou nos criticarão por manter uma relação sem amor, ou porque resolvemos sair dela cedo demais, e por aí vai. Teremos que viver de acordo com o que alimenta os nossos sonhos, ou viveremos de migalhas alheias.

Precisaremos refletir muito ao tomarmos decisões que envolvem pessoas que caminham conosco, sabendo que toda batalha traz perdas, dor, vazio e lágrimas. Caso estejamos seguindo o nosso coração, então haveremos de nos encontrar e de encontrar o amor verdadeiro, pois o novo sempre vem. E, retomando a felicidade, poderemos enriquecer a vida de quem está ao nosso lado com mais força, porém, caso mantenhamos nosso coração ofegante ao lado do que não nos emociona mais os sentidos, traremos infelicidade ao nosso redor, pois é só isso que teremos a oferecer.

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Mais do que respeitar, o amor é para quem tem interesse em ensinar e aprender

Mais do que respeitar, o amor é para quem tem interesse em ensinar e aprender

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O amor deve ser uma troca. É quando estamos abertos para ouvirmos a pessoa com quem estamos. Porque ninguém sabe de tudo, isso é um fato. E quando existe carinho e respeito entre os amores que estão juntos, conversar é tão natural quanto os abraços dados. Ensinar e aprender com o outro é o que faz do amor algo que vale a pena viver.

Essa história dos opostos que se atraem é discurso para vender relacionamentos encomendados. Assim como também não é tão simples para os amantes cheios de afinidades. Sempre há algo, em algum ponto da relação, que demonstra diferenças. E ter diferenças é completamente saudável. Pensar igual e concordar com tudo o que o outro diz não existe. O problema é quando o respeito funciona em mão única, colocando sentimentos em prol de vontades e opiniões egoístas.

Paciência é complemento no amor. Não pode ser lá um grande sacrifício respirar fundo, ouvir e dizer, com palavras brandas, algo sobre qualquer coisa que a outra pessoa diga e faça. Mas é claro que existem limites. Obviamente, tolerar raivas e atitudes intempestivas não trazem benefício algum para quem quer caber no mesmo afeto.

Sim, mais do que respeitar, o amor é para quem tem interesse em ensinar e aprender. É para quem está disposto a crescer junto. É saber encontrar equilíbrio entre tudo o que você e essa pessoa que você diz amar, quer. Se não é possível, que sigam adiante. Mas, se mesmo nos dias mais ou menos, o coração for tranquilidade para ambos, segure firme. É respeito, é amor. Ensinem-se.

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