Há quem queira nos roubar a luz por ter medo da própria escuridão!

Há quem queira nos roubar a luz por ter medo da própria escuridão!

Ao contrário do que possa parecer, ter um propósito de vida não é para qualquer um. É preciso coragem para mirar alguma coisa ainda intangível e despender todos os esforços num processo de longo prazo para alcançá-la.

Haverá obstáculos, incertezas, desafios. Mais incertezas, e obstáculos, e desafios. Haverá o risco de não dar em nada. Haverá o risco do plano se concretizar e a gente chegar à conclusão que não era bem isso que queria.

Haverá aqueles que privarão da nossa convivência e não torcerão por nós, posto que se habituaram a toda uma existência perseguindo a própria sombra, igual aqueles cachorrinhos que correm atrás do próprio rabo.

Ou pior! Haverá quem desperdice sua própria história a cobiçar a nossa. Alguns desses, inclusive, desenvolvem uma espécie de obsessão pelo que é nosso. E tanto faz o que seja, se a gente tem, quer ter também, se a gente faz, quer fazer também.

São dublês da vida real, só que sem correr riscos. Esperam que a gente tente, experimente e se arrisque. Ficam sentadinhos assistindo o desenrolar das nossas aventuras e desventuras. E só desejam para si o que deu certo, o que vingou, o que gerou lucro, notoriedade e sucesso.

São os puxadores de tapete profissionais que, por medo, insegurança ou incompetência, roubam ideias, planos e sonhos dos mais desavisados.

São fracos de caráter e,exatamente por isso, usam da força ou de engenhosas artimanhas para subtrair daqueles que não temem os desafios, suas conquistas.

A boa notícia é que, como se diz por aí “ninguém engana todo mundo por muito tempo”. Até porque, de nada adianta roubar projetos alheios e não ter competência para mantê-los de pé.

A má notícia é que às vezes a gente leva algum tempo para sacar que o outro tem planos escusos a nosso respeito. Às vezes a gente custa a crer que pode haver péssimas intenções por trás de uma suposta amizade. Às vezes, o outro tenta roubar a nossa luz, por ter medo da própria escuridão.

O fato é que “lugares escuros” temos todos nós. E isso já é o bastante para nos deixar espertos acerca de nossas possibilidades e limitações.

Sendo assim, só posso desejar que esses vampiros de energia criativa, amorosa e produtiva tratem de aprender a dar conta de seus próprios buracos. E, se não for pedir demais, que desapareçam dentro deles.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Mulher solteira procura”

 

Tédio! Preciso urgentemente fazer planos!

Tédio! Preciso urgentemente fazer planos!

Imagem de capa:  racorn/shutterstock

A gente trava uma baita luta com as questões da vida, tentando estabelecer uma rotina tranquila, segura, independente… Não é desafio fácil, a todo instante surgem complicações e situações que roubam o tempo planejado para relaxar e se espreguiçar.

Mas, depois de uma avalanche de antecipações e providências, um dia a gente até consegue dominar a tal rotina, pelo menos por um tempo, como prêmio à fiel dedicação.

E então nos sentimos donos do mundo e de todos os relógios que possam existir. O tempo passa a ser obediente e a vida prossegue no passinho cadenciado que lutamos para conquistar.

Sem nos darmos conta, seguimos, e, em algum momento, a orquestra parece destoar, se arrastar, desafinar. É o tédio se aproximando, se arrastando pelo chão, pelas paredes, pela boa e saudável disposição que até então se mantinha presente.

O tédio não chega somente quando temos tempo sobrando. Nem também quando não problemas ou questões urgentes a resolver.

O tédio aparece quando a vida está despida de emoção. E ele nos cobre como uma capa impermeável, pesada, inviolável.

Sentir tédio é sentir uma paralisia de vontade, um congelamento de desejos, um tanto faz pernicioso e indiferente.

Tédio chama mau humor. E mau humor faz a gente ver tudo embaçado. A rotina vira tortura, o tempo se arrasta, até a chuva pela janela, incomoda.

E a gente demora um tempo para entender o que acontece. Na verdade, tudo parece normal. Não fossem uns fracos sinais de alerta, o tédio poderia tomar conta e dormir satisfeito, de conchinha, conosco.

Mandá-lo embora, uma dura missão. Desfazer a rotina perfeita, o sonho perseguido, a segurança do dia dominado, das horas domesticadas e muito bem mandadas. Para uma pessoa que gosta de controlar, quase um ultraje.

Mas, por sobrevivência, chega a hora de fazer novos planos, bagunçar o certo, convidar o incerto, sair à caça de novas emoções, sensações e até algumas confusões. Faz parte do pacote.

Um conselho: organização é uma delícia. Mas de vez em quando, o melhor a fazer é desorganizar a coisa toda, para recomeçar contando com aquele friozinho na barriga de novo!

A ruína é o caminho que leva à transformação

A ruína é o caminho que leva à transformação

Imagem de capa: Photographee.eu/shutterstock

O caos não é algo a ser temido, porque ele é a nossa alma dizendo para onde quer ir. Da mesma forma que a ruína não é o fim de tudo, mas antes, uma estrada que se abre para o novo, ou se preferirem: o caminho que leva à transformação.

Nietzsche diz que “É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante”. Apesar de muito bonito, sabemos que isso na grande maioria das vezes não acontece de modo tão fácil. Por sermos falíveis e finitos, sentimos muita dificuldade em ter uma compreensão mais ampla da vida, entendendo-a como uma sucessão de acontecimentos e ciclos que de alguma forma nos leva ao que somos. E, assim, acabamos por nos afastar ainda mais do nosso eu e, consequentemente, da possibilidade de uma vida feliz e em sintonia com o universo.

Dessa maneira, ao estarmos envolvidos em um problema, ou mais precisamente, em um período ruim das nossas vidas, em que nada parece dar certo, como se nós estivéssemos destinados ao fracasso em todas as áreas de nossa existência; tendemos a mergulhar ainda mais nesse buraco que se abre diante dos nossos olhos. E, assim, quanto mais a situação parece crítica, mais o buraco se abre e, por tabela, nos afundamos nele, buscando de algum modo um refúgio para tudo aquilo que está acontecendo.

O esconderijo, no entanto, se transforma em uma prisão, que nos afasta das outras pessoas, do mundo e, sobretudo, de nós. Nesse processo de “autoperda” vem problemas como depressão, ansiedade, pânico, stress profundo, enfim, tudo que nos afasta ainda mais da busca por equilíbrio e, até mesmo, retira a vontade de continuar vivendo e experimentar o mundo.

Em outras palavras, o que ocorre é que há momentos em que os problemas são tantos que retiram o nosso fôlego e nos sufocam. Enxergamos que a nossa vida é ruim de tal maneira, que ao olharmos para dentro não enxergamos nada. E, dessa forma, a única coisa que queremos é desaparecer nesse vazio.

O que nos falta nesses momentos é um olhar mais perspectivo, isto é, que não esquece todas as possibilidades existentes para ficar preso tão somente a um momento em que as coisas não estão dando certo. Não se trata de não ficar chateado e puto com a vida, e sim, de entender a complexidade e a amplitude da existência. De perceber que momentos ruins, fracassos, decepções, não só são inexoráveis à vida, como também são elementos importantes para o nosso crescimento, amadurecimento e, acima de tudo, aproximação daquilo que somos essencialmente, fator primordial para a felicidade.

Aquilo que somos e que precisamos ser não passa somente pelas escolhas corretas que fazemos e nossos sucessos. Passa, principalmente, pelos erros, pelas quedas, pelas tristezas, pelo caos que se instala dentro da gente. Assim sendo, é preciso que tenhamos um olhar mais contemplativo em relação à vida, não apenas no sentido de educar os olhos para ver e enxergar, mas também para compreendê-la na sua dimensão infinita de ciclos que se iniciam, se renovam e se encerram.

Desse modo, conseguimos perceber que o sofrimento é um sinal que a nossa alma nos manda a fim de demonstrar que as coisas não estão boas e que, portanto, precisamos mudar. Todavia, a mudança não está em nos fecharmos. Ela reside em sair para o mundo e enfrentar o que nos incomoda. Obviamente, esse processo é doloroso, já que ao decidirmos entrar no nosso eu – não para se esconder, como antes – mas para transformar o que já não faz bem para a pessoa que precisamos e queremos ser, muito sangue precisa ser lavado.

Contudo, as dores que enfrentamos nesse processo, que mais do qualquer outra coisa representam uma viagem de autodescoberta, servem com impulso para que caminhemos para novos lugares, novos sonhos e novos prazeres. E, desta vez, muito melhores, porque estamos em muito mais sintonia conosco e com o universo, de maneira que já não vemos uma crise como o fim do mundo, e sim, como a ponte para uma nova estrada, um novo ciclo e uma nova mudança.

Pablo Neruda em um de seus versos diz que: “O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido”. Acredito que Nietzsche concordaria com isso, afinal, de que outro modo podemos dar à luz uma estrela sem que haja sofrimento? O caos, assim, não é algo a ser temido, porque ele é a nossa alma dizendo para aonde quer ir. Da mesma forma que a ruína não é o fim de tudo, mas antes, uma estrada que se abre para o novo, ou se preferirem: o caminho que leva à transformação.

Você sempre valerá pouco para quem não te merecer

Você sempre valerá pouco para quem não te merecer

Imagem de capa: Aleshyn_Andrei/shutterstock

O relacionamento não está como você gostaria, não há diálogos, reciprocidade, respeito e fidelidade. Ele não valoriza seus esforços e você não dá importância às conquistas profissionais dele.

Você fica horas para responder uma mensagem e, quando, responde faz por obrigação. Se essa é a definição do seu atual relacionamento, sugiro que reveja seus conceitos.

Essas atitudes são, infelizmente, a realidade de muitos casais. As pessoas insistem em viverem histórias que já chegaram ao fim apenas por medo da solidão e, isso, é tão patético quanto preocupante. Estar só em um relacionamento é mais cruel do que estar só de fato. Como dizia Caio Fernando Abreu: “a solidão é as vezes tão nítida como uma companhia”.

As pessoas têm medo da solidão. Essa é a grande verdade. Sabe, de tudo o que te ensinaram sobre o amor, o que mais você deve levar em consideração é a máxima “antes só do que mal acompanhado”. Solidão nunca foi ruim, nunca é eterna e nunca traz malefícios. Pelo contrário, é na solidão que descobrimos quem somos e o que queremos para a vida toda. É na solidão que desvinculamos nossa felicidade à outra pessoa e assumimos o rumo das nossas vidas.

De que adianta estar acompanhado fisicamente, se a alma está vazia? De que adianta o respeito se não é recíproco? De que adianta amar e não ser amado?

Quando um relacionamento está desgastado, nada do que os dois fizerem será valorizado. Você pode esforçar-se a máximo, mudar a aparência, virar fitness, aprender a gostar de música clássica mas, se o outro não te amar, ele não irá valorizar nada disso.

Aprenda uma coisa: você sempre valerá pouco para quem não te merecer. Então, pare de se importar com os valores vindos de fora. Antes de pedir fidelidade, você deve ser fiel a você mesmo (e isso inclui não trair os próprios sonhos, nem negligenciar a própria felicidade). Se você não gosta de rejeição, aprenda, primeiro a não se rejeitar.

Às vezes, demora mesmo para percebemos que aquela história não faz mais sentido. Demora para aceitarmos que estamos amando por dois, que estamos traindo nossos próprios princípios e que a nossa dedicação é em vão. Demora mesmo. Porque fechar os olhos para a realidade é mais cômodo do que abrir e ter que tomar uma atitude.

Demora porque, muitas vezes, projetamos no outro uma perfeição que ele não possui e, quando conseguimos enxergar a realidade tal qual ela é, ficamos frustrados e não libertos. Machado de Assis tinha uma visão bem realista do sentimento: “o amor não é mais que um instrumento de escolha; amar é eleger a criatura que há de ser a companheira na vida, não é afiançar a perpétua felicidade de duas pessoas, porque essa pode esvair-se ou corromper-se”.

Quando ouvir um “estou cansado”, “não te amo mais” ou “melhor darmos um tempo”, não queira explicações. Deixe ir. As pessoas nos dão sinais de que não valem nossos sentimentos, nós que, muitas vezes, recusamos entender.

Não alimente esperanças de mudança, não acredite no “foi uma única vez” e pare de acreditar em contos de fadas. Você não precisa de alguém que te pergunte como foi seu dia. Você precisa de alguém que faça dele melhor.

Em tempos de mensagem de texto, ligação é prova de amor

Em tempos de mensagem de texto, ligação é prova de amor

Em tempos de mensagens digitadas, ligações se tornaram um sinal de estima, afeto e até confiança. Você já reparou que costumamos telefonar só para aquelas pessoas com as quais temos maior intimidade?

É lógico que aqui não falo de quem utiliza o telefone de forma comercial fazendo milhares de ligações por dia, mas de quem, em determinada hora resolve telefonar para alguém que o compreende e conhece bem.

Rubem Alves disse certa vez que uma carta de amor é escrita para que duas mãos se toquem através do papel. Para mim uma ligação telefônica é como um beijo ao pé do ouvido com o qual dizemos que nos importamos com o outro. Além do mais existem coisas que só a voz pode nos contar.

Dizem que 38% da nossa comunicação se dá através dela. Através da voz podemos perceber se a outra pessoa está triste, se está aflita ou emocionada. Também através dela percebemos o grau de excitação daquele que nos fala. A voz é capaz de nos indicar através de seu tom e dinamismo muito acerca do estado de espírito de quem está do outro lado da linha.

Um texto certamente comunica muito, mas existem sensações que só a voz expressa. Uma mensagem escrita pode sim levar às lágrimas e emocionar. Mas arrepiar a pele, não. Estudos indicam que ao falarmos com alguém especial a condução de eletricidade em nossa pele aumenta. Todo nosso corpo responde à voz de uma pessoa querida.

A possibilidade de que a comunicação aconteça através de outros meios mais dinâmicos também serve para reforçar o aspecto pessoal da ligação. A opção de ligar por si só já indica que temos maior disposição para interagir. Que estamos dispostos a experimentar o outro de forma mais completa. Indica que aceitamos correr o risco de nos deixarmos desnudar pela fala, sem a possibilidade de editar o que não conseguimos calar.

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Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Photo by Daria Nepriakhina on Unsplash

Fazer amor não é um ato, é uma doação.

Fazer amor não é um ato, é uma doação.

Não faça amor, apenas seja.

Amor não é coisa que se faça, não é uma ação, é um estado de alma. Amor não é algo que se decida e se pratique com a razão, com as mãos hábeis e os corpos performáticos e a alma escondida, adormecida, atrofiada.

O amor se faz quando a gente sai. O amor vem quando a gente deixa de querer trazê-lo, comandá-lo ou evitá-lo. O amor emerge quando a gente fecha os olhos e respira fundo.

Fazer amor não é coisa que se planeje, almeje, deseje.

Sexo não é bunda, peito, vagina, pinto e movimentos. Sexo é entrega, é despir a alma, é energia que transborda e que toma o lugar de tudo: das vergonhas, das diferenças, dos pensamentos, dos medos…

Não prenda ninguém pelo sexo, sexo não é para isso. Não queira seduzir alguém pelo sexo, sexo assim é desperdício. Sexo não é para prender nada, sexo é libertação. Não contenha o choro, o riso, o grito. Não finja mais nem menos. Não queira agir para possuir, não queira se movimentar para dominar, não queira atuar para conquistar.

Me desculpe dizer, mas sexo não é jogo de poder. Egos não deveriam ir para a cama, apenas deuses e deusas, vestidos de energia vital, prontos para um ritual sagrado. A cama deveria ser um canal, um portal, os corpos apenas um instrumento do amor. O quarto deveria ser um barco à deriva nas mentes em silêncio. E o tempo respirando e fluindo, deveria ser desfeito.

Sexo deveria vir do relaxamento, do descansar as almas e deixá-las voar até encontrarem o céu. O quarto não é um palco dos movimentos frenéticos onde mostramos a nossa manjada dança da sedução que segue as revistas de moda e os vídeos pornôs.

Amor não é coisa que se faça, o amor nos incorpora (ou nos volatiza), o amor nos possui, e não o contrário disso. Ele tem movimentos próprios. Os nossos ritmos mecânicos só constroem outras engrenagens que não têm nada a ver com amor.

O tempo do amor não é o nosso. O amor não tem que sair correndo para pegar o ônibus, para ir para o trabalho, para prender um namorado, para construir uma família, para comprar um carro. O amor não tem que ser estruturado. Fazer amor não é um ato, é uma doação.

O amor se move na gente vagarosamente. Mas temos que deixar. Temos que respeitar. Temos que cuidar. Cuidar do nosso corpo e o do nosso companheiro. Cuidar do nosso sentimento e o do nosso companheiro.

O amor não exige nada, não julga, não apressa, não repara, não precisa de viagra. O amor acalma. O sexo acalma, renova, exala luz própria de puro sol em nossos corpos lunares. O amor assim transpassa e perfuma toda casa e a vida.

Amemo-nos!

Tudo na vida pede medida

Tudo na vida pede medida

Imagem de capa: danm12/shutterstock

Tudo na vida pede medida. Quando falta, faz falta, e quando sobra, o excesso também acusa a falta de medida. Tanto na vida real, como nas relações virtuais.

Se você está na graça, comemorando um evento feliz, comemore com medida. Anuncie a sua felicidade, caso queira, mas lembre-se: o anúncio deve ter data certa para começar e para terminar. Depois, silêncio.

Não há nada mais cansativo do que aquela pessoa que fica insistindo em comunicar a boa sorte e a felicidade que teve há 30 dias.

Uma semana, dez dias, trinta dias, tornam todas as notícias velhas.

Não é porque a notícia é boa que os amigos, os colegas, a família, e as redes sociais precisam ficar ouvindo, vendo, e acompanhando a réplica da história feliz dias e dias consecutivos.

Use um dia, ou no máximo dois, para falar sobre o assunto.

Se for uma viagem, fica liberado o boletim diário e as fotos com eventuais explicações sobre os lugares retratados, até o final da viagem.

Todo mundo gosta de viajar, e ter um amigo fazendo turismo nas pirâmides do Egito é quase tão bacana como se estivéssemos também por lá.

Mas, ao terminar a viagem, considere a pauta encerrada.

Vire a página.
Mude o disco.

No máximo, use as fotos mais bacanas para ilustrar a capa do seu perfil no Facebook e cale-se.

A viagem pode ter encantado a platéia no momento em que você viajava. Dias depois, ninguém mais quer saber dos detalhes que você esqueceu de contar quando era para ter contado.

Não contou?
Deixe para a próxima.

O mesmo vale para a desgraça, embora com um pouco mais de flexibilidade.

Se a vida lhe fez vítima de um momento ruim, ficam liberadas todas as formas de compartilhar a dor, conforme o seu temperamento e a sua necessidade exigirem.

Tem gente que fala, tem gente que cala.
Todos sofrem.

Quase sempre as pessoas falam.
A dor precisa de companhia.
A desgraça também.

Todos os seres que sofrem se nivelam através do sofrimento.
Pobre, rico, branco, europeu, oriental.
Se a humanidade precisa de um parâmetro para se nivelar, esse parâmetro é a dor.

Expor a dor de uma tragédia nos humaniza, e leva consolo aos que sofrem.

Quando assumimos publicamente as nossas dificuldades e as nossas fragilidades, prestamos um grande serviço a nós e à humanidade.

Sou super a favor da exposição.
Todas as vezes que passei por uma grande dor me fez bem faze-lo de forma compartilhada.

Mas isso também pede medida.

Embora todos sejamos tolerantes com aqueles de nós que sofrem, o bom senso nos ensina que os sentimentos, os problemas, as angústias e as dificuldades, não podem ser a única pauta dos nossos encontros, das nossas falas, das nossas interações.

Não para sempre.

Caso contrário, cansamos a periferia.

Se insistirmos demasiadamente nisso, quando as pessoas nos virem, o infortúnio será visto primeiro.
A tristeza chegará na frente.
A miséria humana falará mais alto.
Seremos reconhecidos exclusivamente pela dor e não pela superação da dor.

Na vida real, o nosso círculo de relacionamentos nos evitará por puro cansaço, ou nos suportará por misericórdia.
No ambiente virtual curtirão tudo o que postamos apenas por educação, pena, e boa vontade, e na melhor das hipóteses, comentarão banalidades embaixo dos nossos textos repetitivos.

A experiência ensina que a dor compartilhada tem o seu pico máximo de compreensão e acolhimento nos dias próximos ao acontecimento funesto.

Com o decorrer do tempo a dor dos outros, que nos foi emprestada para consolo, diminui consideravelmente.

A partir daí é conosco e com Deus!

Lógico que não há tempo definido para a duração do luto, mas precisa haver empenho para tira-lo da frente, o tempo todo.

Luto, com o tempo, deve deixar de ser paisagem, para ser pano de fundo.

Até mesmo quando as nossas demandas são de outra ordem, quando por exemplo, por força de circunstâncias levantamos uma bandeira em favor de alguma causa, precisamos ter cuidado: tudo o que é demais é excesso.

Confundir quem você é, com a luta que a vida te impôs, faz você perder a sua identidade.

Perder a sua identidade te faz uma pessoa desbotada, uma sombra do teu ser original.

Nós não somos o infortúnio que nos sobrevem, somos o que éramos antes, acrescidos dele.

Tem que haver soma em todo o processo, não diminuição.

Ninguém pode se fixar o tempo todo na luta, falar o tempo todo da luta, levantar a bandeira da luta em período integral, sem oferecer uma trégua a si mesmo e aos outros, sob o risco de perder as suas características individuais.

Quem era você antes de?

É a pergunta!

O mundo, Deus, os homens, a sociedade, todos os sistemas inter-relacionados, precisam de pessoas inteiras para lidar com o infortúnio, e não pela metade, não alijadas de atributos intelectuais, não bitoladas num único tema, não falando sempre a mesma coisa, sempre do mesmo jeito.

A vida pede movimento. Mesmo a vida de quem sofre pede uma sacudida.

Os que assistem um sofrimento estagnado e sem medida ficam penalizados, mas não podem fazer muito por quem escolheu viver o resto da vida carregando a bandeira da dor.

Só nós podemos fazer muito por nós. Na alegria ou na tristeza.

E o que podemos fazer é pedir a Deus que nos conceda sabedoria para aplicar, em todas as circunstâncias, a boa medida.

Ninguém pode te fazer se sentir menos do que bonita

Ninguém pode te fazer se sentir menos do que bonita

Essa mania que temos de dar uma atenção demasiada à opinião dos outros, de ficar levantando hipóteses sobre o que vão dizer sobre nós e de fugir ao que se quer, com medo de olhares acusatórios, acaba nos afastando de reais possibilidades de encontrarmos o nosso melhor e de sermos muito mais do que pensamos. É prudente ponderar o alcance de nossos atos na vida do outro, mas anular-se por conta de ditames e regras insustentáveis neutraliza o potencial de encanto, beleza e brilho que todo mundo tem dentro de si.

E, infelizmente, as mulheres, muito mais do que os homens, parecem se importar em excesso com as opiniões alheias, prestando absurda atenção ao que vestir, como se maquiar, de que forma dizer, de que maneira se comportar. A mídia possui um forte papel nesse comportamento, haja vista os ideais femininos que veicula diariamente, impondo juízos de valor homogeneizantes, nocivos ao fortalecimento do que é próprio de cada ser humano, em suas essências diversas. As mulheres perdem muito com isso; a sociedade também. Todos, enfim, perdemos.

Quem foi que disse que só é bonito ser magra, que perna grossa dispensa roupas curtas, que não é para rir alto, que é feio chegar sozinha aos lugares, que mulher come pouco, que batom tem a cor certa, que chapéu não combina sem sol? Quem disse isso nunca foi capaz de admirar a beleza de uma mulher recém-saída de um banho, naturalmente linda. Ninguém sabe a melhor forma de se sentir à vontade e de bem com a vida, a não ser você mesma. Se não estiver prejudicando ninguém ao seu redor, o que importa é estar feliz – e ser feliz é ser o que você quiser verdadeiramente.

Todos temos uma luz própria que não pode – tampouco deve – ser ofuscada por medo dos julgamentos alheios. Ninguém tem o direito de determinar a forma como o outro vive a sua vida, quando não se prejudica outrem, pois cada um merece caminhar de acordo com o que tem para dar. Todo mundo possui algo a oferecer e jamais agradará com unanimidade; nem por isso haverá de ser desmerecida qualquer forma com que se caminha em busca da felicidade. Ninguém poderá se sentir mal ao seu lado, quando você estiver se sentindo bem consigo mesma.

A vida já nos faz enfrentar muitas dificuldades, ou seja, não precisamos de gente nos tolhendo o respirar transparente e sereno devido a valores que se chocam. Respeito é bom e todo mundo gosta. Temos que nos expor em tudo o que somos para termos a chance de errar e de recomeçar, em vez de nos antecipar diariamente ao que poderia acontecer e assim acumular as covardias dentro de nós. É preciso ousar e se despir de amarras que não são suas, para que você se encontre e possa se entregar ao verdadeiro encontro com a vida, em tudo de bom e ruim que ela oferece. Assim é que existimos, assim é que deixamos de ser invisíveis – e nada pior do que a invisibilidade, a morte em vida.

As mulheres são lindas à sua própria maneira, necessárias, singularmente especiais. São nosso porto seguro, a força no seio da família e o equilíbrio em meio às paixões que nos avassalam. Merecem, portanto, ser admiradas pelo que são, pela verdade de sua essência, pelo sorriso espontâneo e pela inteligência sexy que só as mulheres conseguem transpirar tão sutilmente. Seja alguém real, uma pessoa que esteja à vontade consigo mesma, vestindo o que mais lhe agrada, dizendo aquilo que pensa, dançando como louca no meio da pista ou comendo uma porção imensa de batata frita. Porque ninguém conseguirá lhe roubar o que é verdadeiramente seu. Porque nada pode ser mais encantador do que viver as próprias verdades.

Imagem de capa:  Nastya Nikitina/shutterstock

É impossível ser feliz ao lado de quem reclama de tudo

É impossível ser feliz ao lado de quem reclama de tudo

Por mais que saibamos que a felicidade praticamente depende de nós mesmos, de como encaramos a vida, os fatos, os dias e suas atribulações, tem gente que parece ter o dom de impedir a paz de quem estiver ao seu lado. Se já é difícil mantermos certa serenidade nesse mundo violento de hoje, em que crises econômicas pipocam aos quatro cantos e o trabalho nos toma muito tempo e energia, torna-se quase impossível sorrirmos perto de pessoas que só reclama e criticam, e pior, em voz alta.

Existem pessoas que nunca parecem estar bem, como se nada pudesse satisfazê-las, uma vez que jamais passam um dia sem enxergar problemas pela frente. Se estão em férias, sentem-se entediadas; se estão trabalhando, vivem cansadas; se estão viajando, reclamam do hotel; se estão bem de saúde, alguma preocupação perturba. Sempre se sentem incomodadas com alguém que dizem lhes tratar mal, com o chefe que dizem ser deseducado, com o amigo que dizem ser ausente.

Da mesma forma, nada do que dissermos ou fizermos por elas surtirá algum efeito positivo, nada terá o poder de retirar-lhes do círculo vicioso das lamúrias e da infelicidade constantes. Por mais que tentemos, por mais que mostremos o lado bom das coisas e/ou das pessoas, nada as convencerá de que muitas causas de suas queixas infinitas encontram-se nelas mesmas. Estão por demais acostumadas a olhar somente para fora de si, com olhos negativistas, portanto, voltar o olhar para si será uma tarefa impossível.

Isso não quer dizer que não devamos tentar ajudar quem esteja perdendo o que a vida tem de bom, de tanto que carregam olhares ruins, tampouco nos impede de tentar compreender que aquele comportamento certamente possui um histórico pessoal difícil. Não podemos julgar as pessoas somente pelo que vemos hoje, pois elas já passaram por muita coisa até então, ou seja, conforme o grau de nossa proximidade com elas, cabe-nos orientá-las nesse sentido.

Mesmo assim, caso não consigamos promover mudança alguma no comportamento do outro, caso ele mantenha uma postura pessimista, reclamando e se lamuriando além da conta, isso acabará por interferir na nossa vida, pois é praticamente impossível conseguirmos sorrir ao lado de alguém negativo demais. Daí a importância de mantermos ao nosso lado gente do bem, gente positiva, gente que luta, para que não desistamos de buscar a felicidade, para que nossos sonhos não sejam neutralizados pela negatividade de ninguém.

Imagem de capa: pathdoc/shutterstock

Texto originalmente publicado em Prof Marcel Camargo

Ninguém acorda apaixonado todos os dias

Ninguém acorda apaixonado todos os dias

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Para os dias “não”, a alternativa é pedir espaço. Não há cobrança que funcione, nem truque ou maquiagem. Tem aquele dia que nada impressiona e tudo o que a gente não quer é cobrança.

Todo mundo sofre de enjoos passageiros, de gente, de cheiro, de carinho, de carência.

Enjoo que vem e vai, normal. Naquele dia em que nem a voz está soando bem, melhor segurar a onda e esperar passar. Porque passa. Se deixar passar, passa. Se cobrar, desesperar, entrar em pânico, cria-se justificativa para não passar.

Ninguém acorda apaixonado todos os dias. Há o dia seco, aquele dia que começa com um ponto de interrogação e passa inteiro entre reticências. O dia das catarses, das perguntas, das incertezas. O dia que desestabiliza quem compartilha a rotina, mas que também coloca um tijolo a mais na construção de um sentimento maduro. É preciso passar serenamente por esses dias, porque eles sempre virão.

A dúvida é parte de todos. Basta haver uma certeza para aparecer uma dúvida de igual força. Nada é.

Tem gente que esconde bem seus dias não apaixonados. Tem quem demonstre amor em dobro, por culpa, medo ou remorso. Mas tem quem sirva a questão na mesa e queira a participação conjunta. Tem quem logo acredite ser para sempre. E tem quem espere pacientemente o próximo suspiro.

Quem assiste, sofre. Quem acordou apaixonado, se ressente. Mas é preciso respeitar a vez de cada um. Eu costumo dizer que gosto da verdade, mas inúmeras vezes não soube o que fazer com ela.

Quem me dera houvesse esperado um pouco mais para cavucar, interpretar e concluir as verdades que tanto persegui. Por vezes, foram somente os dias “não”. E ninguém acreditaria no tamanho e profundidade da história que consegui criar, depois que arranquei a verdade daquele dia. Perdi as contas das vezes que fui ao purgatório e voltei, magoada e envergonhada.

Conviver é um exercício não repetitivo e inconstante. É preciso praticar, mas as novidades irão aparecer e nos cobrar adaptação. Um dia mais frio pode ser só um, um inverno inteiro, ou uma dica para se buscar lugares mais quentes e confortáveis.

Não há garantias. Só funciona enquanto for bom para as partes. Ninguém acordará apaixonado todos os dias e a regra vale para todo mundo!

Só permaneça onde existe reciprocidade

Só permaneça onde existe reciprocidade

Imagem de capa: Skapace/ Shutterstock

Em tempos de amores líquidos, reciprocidade é fundamental.

É ela quem diz que estamos no caminho certo ao enviar um “bom dia” carinhoso àquela menina pelo WhatsApp, ou um áudio com uma coletânea bacana pelo Spotify. É ela que autoriza o comentário entusiasmado na foto do crush interessante ou a curtida frequente nos posts da gata fitness.

Mesmo não sendo adepta de estratégias e joguinhos de poder no campo amoroso, acredito no significado da reciprocidade. De só permanecer em relações onde não é preciso insistir para receber uma resposta ou implorar para ser valorizado como deveria.

Muitas vezes é preferível abrir mão de uma relação que julgamos importante do que continuar insistindo sem correspondência alguma.

O que vejo por aí é que tem faltado discernimento para entender onde não se deve insistir. Onde não vale a pena investir tempo, pensamento, vontade e intensidade na vã tentativa de se sentir acolhido por alguém que simplesmente não está nem aí.

Muita coisa é simples, a gente é que complica. Se alguém visualizou sua mensagem e não respondeu em dois dias, é porque não quis. Não faltou tempo, faltou interesse.

A gente sempre arruma tempo para o que está interessado. Para responder um bom dia, comentar uma foto original, curtir uma música, agradecer uma lembrança, desafogar uma saudade. Porém, nem sempre há interesse ou correspondência do outro lado. Nem sempre há vontade ou prioridade. E, mesmo tentados a entender e justificar, deveríamos apenas recuar. Dar dois passos para trás, silenciar, desapegar, desacelerar.

Porque são tempos líquidos. A fila anda muito depressa, formamos laços frágeis uns com os outros, vivemos incertos a respeito do que pensam e dizem sobre nós. Os aplicativos são atualizados constantemente e nos perguntamos em qual versão nos enquadramos. Diante de tudo isso, só estamos seguros onde

existe reciprocidade. Onde nosso afeto não é descartado e sim valorizado. Onde nossa expressão de afetividade e afinidade encontra abrigo e não sucumbe à necessidade de ser “atualizada”.

Encontrar reciprocidade num mundo que gira tão rápido é entender que alguém ainda nos dá a mão no meio de tanto turbilhão. É saber que diante do tempo que acelera tanto, ainda há o que se esperar dos vínculos que construímos e dos laços que firmamos.

Por isso não há o que se esperar dos laços que se afrouxam. Por mais que a gente se empenhe em manter certas amarrações, elas não se firmam. Nesse caso, o melhor é se desligar. Entender o fim de um tempo, a desistência de alguns planos, a frustração de certas expectativas. Não alimentar desejos em cima de terrenos frágeis, nem atribuir sentimentos a quem simplesmente não está do nosso lado.

Exercite o amor próprio e valorize os vínculos que construiu. Não permita que o tempo dissolva relações importantes, e preserve com carinho os novos laços que querem surgir. Porém, só permaneça onde existe reciprocidade. Não insista, não implore, não alimente relações unilaterais. Antes de tudo, seja amoroso com você. A vida é recíproca com quem se trata bem.

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“Ainda sinto falta.” Amor ou cegueira emocional?

“Ainda sinto falta.” Amor ou cegueira emocional?

Imagem de capa: nd3000/shutterstock

Leio relatos de todo tipo de abuso. Os absurdos que se tolera na convivência entre pessoas perversas e abusadores em geral são os mais variados: agressões verbais, acusações, violência emocional, psicológica e, por vezes, física, abandono, escárnio, rejeição, humilhações, ameaças, falta de suporte moral e financeiro, falta de compreensão, companheirismo, paciência, confiança, além de múltiplas traições.

Muitos chegam a arrancar cada centavo do outro, inventando desculpas para tirar-lhe dinheiro e patrimônio. Ouço histórias de gente que foi envolvida de tal forma a ponto de ter perdido, em tempo record, a casa e todas suas economias, outras que tomaram empréstimos que dão cabo de todo seu salário, envolvidas nas teias manipulatórias que esses tipos sabem tecer tão bem.

Ao pensar em tudo o que se passa quando se está dentro de uma dinâmica abusiva, é realmente surpreendente o que ouço ao final da vasta maioria dos relatos: “Eu ainda amo muito essa pessoa. Sinto sua falta.”

Depois de muito estudar, ler, debater, ouvir e viver esta situação em primeira pessoa, concluo que quem acha que AMA uma pessoa capaz de fazer-lhe tanto mal, na verdade se apaixonou pela ideia de estar apaixonado, se apaixonou pelo ser idealizado do começo e viciou-se nas doses cavalares de atenção despejadas sobre suas cabeças no início e continua “amando” essa ficção.

Talvez isso explique o porquê, mesmo sofrendo de tudo um pouco, ser a descoberta da traição o motivo que mais leva a vítima de abuso a querer romper. Em outras palavras, atinge-se um nível tão alto de cegueira emocional diante do manipulador emocional que tudo é tolerável, menos dividir esse abusador com outro alguém!

No afã de realizar nossos desejos infantis, idealizamos príncipes e princesas e nos apegamos a essa figura criada em nossa mente. Ao falar de alguém que nos submete a abuso e descrever suas ações para conosco, descrevemos alguém por quem seria impossível nutrir qualquer tipo de sentimento bom ou admiração. Descrevemos alguém de quem qualquer pessoa normal iria querer escapar correndo.

Mas ao pensarmos na pessoa que criamos em nossa mente, nos distanciamos da realidade e nos apegamos a alguém que não existe e nunca existiu. Daí, todo e qualquer abuso passa a ser pequeno, tolerável ou “não tão mau assim”, “talvez eu tenha exagerado” ou “foi culpa minha…”

Acontece que perversos são ‘experts’ na arte de fazer a mímica daquilo que desejamos. Conseguem descobrir o que desejamos e assim “imitar” esses comportamentos sendo, no início, são bons ouvintes, muito atentos aos nossos medos, anseios e desejos; um perfeito ombro amigo, alguém com uma sensibilidade que você nunca viu antes, que ouve sua história de vida com admiração, carinho e compaixão.

O que não sabemos, porém, é que quando se trata de gente perversa, esse tempo que gastam prestando atenção em seus alvos nada mais é do que o tempo em que “estudam” suas presas. O objetivo desse “estudo” consciente é:

1. Saber qual papel desempenhar para se tornar amado e importante em pouco tempo.

2. Viciar seu alvo na química cerebral que se produz quando alguém se sente amado verdadeiramente.

3. Juntar informações e dados de sua vida (sim, você se abre completamente) para que possa ter algo para usar contra você, humilhar, traumatizar.

Baseado nessas observações, o bombardeamento de amor acontece de forma massiva, constante e sobretudo RÁPIDA, para manter o alvo distraído e não dar tempo ou abertura ao outro para entender com quem está lidando.

Tudo faz sentido, não?

Faz, muito! Assim sendo, preste muita atenção naquilo que está sentindo agora. Preste atenção nesse “amor” e nessa “falta”. Relembre quem foi ou é essa pessoa durante o relacionamento. Relembre as atrocidades as quais lhe submeteu ou submete. Não deixe que as memórias ruins se apaguem ou se dissociem dessa pessoa que você criou dentro de sua cabeça. Uma existe e é real, está na sua vida e não lhe faz bem. A outra é criação, reflexo daquilo que você DESEJA que ela seja. Preste atenção nisso e responda-se:

É realmente possível sentir amor por alguém que só lhe fez ou faz mal?
Do que exatamente sente falta?
Sabe dar a si mesmo aquilo que dá ao outro e dele espera receber?
Seja honesto em suas respostas e conseguirá dar o primeiro passo para fora desta prisão que chama de AMOR.

“Noia”, tô fora !

“Noia”, tô fora !

Imagem de capa: Paulik/shutterstock

É, de fato, um tanto difícil somente ver o lado bom das coisas e apenas cogitar hipóteses positivas. Mas deixar que o lado negativo prevaleça, que as possibilidades mais sofríveis sejam as mais cogitadas e que os medos virem monstros dentro do nosso coração pode acabar com a nossa alegria, a nossa energia e a nossa lucidez…

Segundo o dicionário Priberan, “noia” “é o mesmo que paranoia”. Esta, por sua vez, é a “designação dada a diversas perturbações psíquicas, geralmente associadas a desconfianças patológicas e erros de interpretação da realidade”, ou, ainda, “falta de juízo = LOUCURA, MALUQUICE”. Sério, tudo isso está no dicionário!

Tá bom, é difícil somente ver o lado bom das coisas, apenas cogitar hipóteses positivas e não permitir que uma pulguinha atrás da orelha vire, vez ou outra, um monte de minhocas na cabeça. Muito difícil, de fato. Mas deixar que o lado negativo prevaleça, que as possibilidades mais sofríveis sejam as mais cogitadas e que os medos virem monstros dentro do nosso peito pode acabar com a alegria, a energia e a lucidez. Nos fazer, pois, “pirar o cabeção”.

Quando vemos, estamos lá pensando que um carocinho nas costas pode ser um câncer. Que, se alguém está atrasado, é porque sofreu um grave acidente. Que, se o chefe esqueceu de dar o “bom dia” habitual, é porque vai nos colocar para rua. E, se o nosso companheiro não foi tão carinhoso ontem à noite, é porque não nos ama mais. Isso certamente não é nada saudável.

É claro que as possibilidades mais horrendas existem. Não há dúvidas de que o futuro é incerto e de que amanhã tudo pode mudar.Todavia, elas são ínfimas perto das probabilidades de o mundo continuar girando ainda por bastante tempo, de vivermos muitos anos, termos a saúde necessária para fazer muitas coisas legais, sempre termos uma mão amiga para nos confortar e nunca deixarmos de ter o mínimo para viver razoavelmente bem…

Ademais, possibilidades fantásticas existem diuturnamente, mesmo que não as percebamos e/ou aproveitemos: levantar da cama e prestigiar o nascer do sol; lembrar que somos amado por alguém, com quem se podemos contar para o que der e vier (1, 10 ou 50 pessoas, não importa); ter um trabalho bacana (ou a possibilidade de se reinventar procurando um novo ofício); conhecer pessoas novas que podem se tornar, em pouco tempo, muito importantes na nossa existência; descobrir lugares fantásticos para visitar por esse mundão afora; ter livre arbítrio para, a hora que desejar, jogar tudo para o alto e dar uma guinada na vida, etc…

Nunca é tarde para se dar conta disso. Sempre é o momento certo de adotar uma postura mais leve e alegre. Por tudo isso, ficar se concentrando nas possibilidades ruins é total perda de tempo e energia. E a vida é curta demais para tudo o que podemos fazer de bom, então imagina se ficarmos, ainda, desperdiçando parte dela para, deliberadamente, nos estressarmos…

Logo, não podemos “entrar na noia”. Temos que nos treinar para, a cada possibilidade de “dar uma piradinha”, nos contermos. Não pensarmos nas piores hipóteses, dar-lhes um “olé” assim que tentarem se manifestar, e nos concentrarmos em outra coisa. Vez ou outra acontecerá, é fato, afinal, somos aprendizes. Mas cada vez menos, se nos esforçarmos.

Vamos dar uma “chega pra lá” para o nosso “anjinho do mal” que fica ao lado do ouvido tentando nos incutir pensamentos que vão nos colocar pra baixo. Ele pode até não ter as piores intenções (tipo, quer apenas “alertar” e tal…), mas não vai adiantar de nada, então, então melhor descartar esses pensamentos de cara. Antes que cresçam, criem raízes e virem uma máquina de fazer sofrer nosso coração.

Precisamos nos convencer, de uma vez por todas, de que não precisamos cogitar possibilidades ruins. Estar ciente disso ou daquilo, definitivamente, não vai facilitar nada caso algo venha a acontecer no futuro. Pelo contrário, nos faz sofrer por antecipação por coisas que, muito provavelmente, nunca venham a ocorrer.

Um bom slogan para se adotar, então, é: “Noia, tô fora”. Temos milhares de outras coisas, pessoas e sentimentos com que gastar nossa energia, nosso tempo e nossas possibilidades.
A nossa saúde mental agradece. E os que estão ao nosso redor também..

Não quero presentes, quero sua presença

Não quero presentes, quero sua presença

Quando estamos nos apaixonando por alguém, conquistando e seduzindo, costumamos nos aproximar com todas as nossas forças, com agrados, alguns mimos, mas, principalmente, com a nossa presença, ficando junto sempre que pudermos, até mesmo mais tempo do que dispomos. Procuramos a pessoa, mandamos mensagens, recadinhos bobos, aparecemos do nada, ou seja, ficamos bem junto de fato.

Infelizmente, com o tempo, após termos já conquistado como certeza quem tanto queríamos, muitos de nós acabamos tomados pelo costume – ah, esse acostumar-se. Talvez o costume seja um dos piores problemas do amor, porque se acostumar, a muitos, implica a diminuição do importar-se, do lembrar-se, do demonstrar, o que leva os relacionamentos ao tédio e ao esfriamento da carga afetiva.

Na verdade, o cotidiano nos impõe um excesso de atividades e de compromissos dispostos em cargas horárias por demais extensas, o que extenua nosso ânimo e lota nossa mente com preocupações e responsabilidades. Preocupados com o que não tem a ver com nossa vida afetiva, deixamos as questões pessoais de lado. Assim, o amor nem acaba encontrando espaço em nossas agendas apertadas.

Por essa razão é que muitos casais acabam se separando, distanciando-se mesmo quando ainda havia amor ali, mas sem demonstrações, sem mensagens, sem mãos dadas, sem o “bom dia” e o “boa noite” com olhos nos olhos. A partir do momento em que a cumplicidade se estremece, o sentimento enfraquece, a confiança diminui, as certezas não mais parecem se sustentar. E, então, mais do que os corpos, as almas se afastam e aos poucos se despedem.

Fato é que não funciona tentar compensar presença afetiva com bens materiais, pois nossa essência não se preenche com nada daquilo que o dinheiro pode comprar. O que prolonga e reaviva o amor é tão somente o estar junto, mesmo que por alguns momentos durante o dia, desde que seja verdadeiro, recíproco e intenso. O amor, afinal, não cobra nada mais do que aquilo que temos dentro de nós, do que é sentido, do que é visto emocionalmente, com os olhos do coração.

Imagem de capa: Bogdan Sonjachnyj/shutterstock

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