Desculpe, aqui não trabalhamos com o “felizes para sempre”

Desculpe, aqui não trabalhamos com o “felizes para sempre”

Por favor, esqueça essa história de felizes para sempre. Amores que apelam para isso, não duram. Não existe jeitinho, gambiarra ou recortes que façam um amor durar tanto tempo. Porque para sempre é uma janela inexistente. É querer concentrar esforços para alimentar expectativas irreais e distorcidas do amor saudável. O melhor a se fazer é o seguinte, mergulhe no carinho diário e faça planos, mas ame como se fosse a primeira vez. Não faça contas do quanto esse sentimento pode ser estendido.

O que prejudica a maioria das relações é essa insistência em imaginar um futuro que pode não acontecer. É quando você aprisiona algo que deve ser vivido no hoje em vez do amanhã. A gente tira a beleza do amor romântico e o transforma num conto de fadas pra lá de dramático. “Eu quero você para sempre”, “eu vou te amar por toda a minha vida”, “nós nunca ficaremos separados” e outras declarações que, mais cedo ou mais tarde, encontram uma simples sentença, a realidade. Não é desacreditar que duas pessoas não possam ficar juntas, que não possam construir algo duradouro e digno de um final feliz. Mas acredite, é bem diferente concretizar uma felicidade de mantê-la por um tempo indeterminado.

É só perceber, no primeiro desfecho pós a fala felizes para sempre, o coração vai para beira do abismo emocional. E para quê? Por quê? Para quem? Difícil entender a necessidade urgente de alguns em categorizar suas relações amorosas em lados – deu certo e quebrei a cara. Não é assim. Não é o fim que te faz decepcionar-se com o amor, mas o pensamento criado de que ele nunca acabará.

O amor é legítimo no início, meio e fim. Logo, nada mais justo do que apreciá-lo e sê-lo nas horas, dias, semanas ou anos que lhe couberem. Amor é cuidar dos próprios afetos antes de solicitar permanências. É seguir adiante sem esperar que uma âncora esteja atrelada a quem você quer que fique.

Desculpe, aqui não trabalhamos com o “felizes para sempre”. Preferimos o “felizes de hoje em diante”. Ou, até quando formos felizes juntos.

Imagem de capa: Em Paris (2006) – Dir. Christophe Honoré

Você ainda se reconhece?25

Você ainda se reconhece?25

Imagem de capa: Matva/shutterstock

Quando você se olha no espelho ou nas fotos, ainda se reconhece?

Você ainda vê nos seus olhos aquele brilho que possuía na infância ou na juventude, aquela certeza de que algo muito bom estava por vir, aquela confiança de que iria ser tudo o que desejasse e aquela esperança de um mundo melhor?

Você ainda enxerga no seu semblante aquela inocência de quem ainda não se corrompeu por um mundo fora do prumo, aquela confiança de quem crê em uma força superior e divina, aquela serenidade que apenas as pessoas de fé possuem?

Você consegue perceber no seu sorriso aquela malícia gostosa de quem tem tesão pela vida, de quem está cheio de planos, de quem se empolga com os acontecimentos?

Você consegue sentir naquela sua imagem refletida uma paixão por si mesmo, um senso de autovalorização e autodefesa, um sentimento de quem pode construir todas as oportunidades que quiser, um amor por estar vivo?

Ou você se olha vê uma pessoa que mais parece um estranho, com um semblante cansando, um ar de desilusão, uma falta de energia vital ou um sentimento de indiferença por tudo?

Se você não se reconhece, precisa parar para pensar. O quanto antes. Precisa analisar em que esquina da vida começou a deixar pedaços de si pelo caminho. Por qual razão parou de acreditar, veementemente, na sua verdade, e a defendê-la com unhas e dentes.

Necessita verificar que pessoas, eventualmente, você permitiu que lhe demovessem da ideia de ser você mesmo, de investir tempo e energia para ser tudo o que sempre sonhou.

Carece observar com que fundamento passou a acreditar que é necessário bastante dinheiro para viver bem, que estabilidade é essencial, que precisa responder ao que “a sociedade” espera de você.

Aonde foi que viu que “agora é tarde demais”, que há um tempo certo para as decisões na vida, que precisa se importar com o que os outros vão pensar.

Se você não se identifica bem com a pessoa que é hoje, é preciso parar. Logo. Enquanto é tempo. Enquanto há vida. Reavaliar a sua caminhada. Rever as rotas. Ajustar o prumo. Tentar novas opções. Arriscar-se, enfim.

Porque, no fim das contas, o que vai ter valido a pena é o que fez o seu coração vibrar.

A falta de atenção muda as pessoas. O excesso dela também.

A falta de atenção muda as pessoas. O excesso dela também.

IMagem de capa: BlueSkyImage/shutterstock

Todo excesso é ruim, essa é a máxima da vida. Ninguém gosta de gente boazinha demais, nem romântica de menos. Admira-se o bom senso, o autocontrole, o amor medido. Não a disponibilidade incondicional, a bondade extrema e a carência exposta.

Ser solícito demais assusta, insistência em excesso não gera interesse e carinho demais irrita. Essas atitudes, além de demonstrarem o quão carente a pessoa está, deixam os relacionamentos abalados e frios, já que levam os envolvidos a se distanciarem por medo ou desvalorização do sentimento.

Algo que não aprendemos a diferenciar, no comportamento humano, é o que é considerado razoável (aceitável) e o que é diagnosticado como patológico, visto que muitas síndromes estão disfarçadas de qualidades e bons comportamentos.

O que diferencia um comportamento razoável de um patológico é a intensidade, a repetição em que é cometido e o prejuízo psicológico que isso acarretou no outro. No caso dos bonzinhos existem duas vertentes: o chamado “Transtorno de Personalidade Dependente”, que são pessoas boas que dizem “sim” para tudo, possuem um comportamento passivo e, por medo, são submissas a seus parceiros. Nesse caso, quem sofre é, exclusivamente, o próprio portador da Síndrome, já que seu medo o paralisa de ser independente emocionalmente. E há os “bonzinhos demais” que são pessoas más que, utilizando-se da máscara da bondade, fazem de tudo para conseguirem o que querem. E, claro, um caso é o oposto do outro.

Diferente do que a sociedade prega, entenda: uma pessoa “boazinha demais” não é uma boa pessoa. Sem escolher sexo, pessoas boazinhas demais demonstram desvio de personalidade e, com elas, todo cuidado é pouco.

Há uma frase de Louis Bourdaloue, que diz que “o amigo de todos não é amigo de ninguém” e, convenhamos, é uma das maiores verdades comprovadas. Se profissionalmente, o bonzinho demais é capaz de puxar saco, tapete e o que mais for preciso para atingir seus objetivos, que dirá na vida pessoal.

Sempre românticos, ciumentos e com medo de perder quem dizem amar, consideram-se donos dos parceiros e criam situações que os afastam do convívio familiar, social e profissional. Por não terem os próprios amigos, acreditam que o parceiro também não precisa ter.

Geralmente, pessoas com esse tipo de comportamento são extremamente carentes e possuem pânico da solidão. Fogem de dias nublados, chuvosos e domingos à noite sozinhos como um cachorro foge do banho.

A pessoa “boazinha demais” é emocionalmente instável e procura no outro a validação por seus atos. Com uma compulsão notável em agradar, não medem esforços para ajudar e para solucionarem os problemas alheios. Doam-se intensamente ao relacionamento e, quando não recebem isso de volta, se iram de forma surreal.

Note: todo homem gentil demais, geralmente é um conquistador em potencial e, ao contrário do que aparenta, trata de forma bem agressiva as pessoas com quem convive. Já no caso das mulheres, a bondade excessiva esconde um poder de persuasão assustador.

Lidar com pessoas transparentes, verdadeiras, honestas é uma dádiva. Pessoas verdadeiras possuem um comportamento estável, reto e equilibrado em qualquer situação. Diferente dos impostores que, disfarçados de cordeiros, enganam, trapaceiam e prejudicam quem ousa entrar em seus caminhos.

A verdade é que todos nós estamos à mercê desses “bondosos” de plantão. Até, porque, não vivemos com um colete à prova de pessoas. Mas, saber diferenciar pessoas boas das pessoas “boazinhas demais” já é um grande começo.

Não permita que a ansiedade te cegue para os sinais. Conviver com pessoas assim é tão perigoso quanto devastador e, como em filmes de suspense, você só perceberá o estrago no final. François La Rochefoucauld dizia que : “há pessoas más que seriam menos perigosas se não tivessem nenhuma bondade”.

Seja inteligente. Aproxime-se dos bons e afaste-se dos que aparentam apenas ser. Como dizia Rubem Alves: “Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto (…) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando de penhascos. Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais a gente convive com elas mais pesados ficamos”.

A decepção é inerente ao ser humano e, provavelmente, nos decepcionaremos muito nessa vida. Mas, acredite, é melhor ser decepcionado com a verdade revelada, do que abraçado com um punhal nas costas.

Viva as perguntas

Viva as perguntas

Imagem de capa: ESB Professional/shutterstock

“Quero lhe implorar para que seja paciente com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar as perguntas como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira. Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las. E a questão é viver tudo. Viva as perguntas agora. Talvez assim, gradualmente, você sem perceber, viverá a resposta num dia distante.”
Rainer Maria Rilke

A Gestalt-terapia é uma abordagem da Psicologia pouco conhecida, porém fascinante. Não somente por ser atual, mas muito por sua simplicidade. Fritz Perls, um de seus pensadores, criticava os processos de racionalização e intelectualização, nos quais tentamos (em vão) explicar eventos psicológicos. Para ele, a grande maioria das nossas vivências mais marcantes não carece de uma explicação lógica, ela apenas precisa ser sentida.

A Gestalt-terapia é conhecida, também, como a terapia do aqui agora e sofre muitas críticas, por simplificar uma área da academia que, com os anos, tornou-se extremamente teorizada e elitizada. Para Fritz, o processo terapêutico deve ser acessível, simples e objetivo. Principalmente, ele deve devolver autonomia ao cliente, para que ele possa desenvolver autoapoio e autorresponsabilização ao fazer escolhas, para que ele aprenda a utilizar seus próprios recursos no momento, dependendo cada vez menos da validação do meio ou de um profissional.

“O intelecto é a prostituta da inteligência”, dizia Perls, que condenava a Academia atuando na formação de psicoterapeutas e as áreas de estudo que buscam incessantemente sentido e entendimento racional de tudo. O intelecto se vende fácil ao que faz sentido lógico, mas nem sempre isso combina com nosso entendimento emocional dos eventos. Constantemente, tentamos racionalizar e entender nossas frustrações através da razão e explicá-las, a fim de encontrar paz e conforto e, na maioria das vezes, essas tentativas geram mais conflitos emocionais do que resoluções.

A grande “sacada” de Fritz envolve a validação de nossas emoções. Ele entendeu que os eventos psicológicos não podem (nem devem) ser compreendidos racionalmente. Entender que a morte é uma certeza de quem vive, conhecer as religiões e crenças, acreditar em um plano espiritual além da vida, não fazem a perda de alguém que amamos menos sofrida, tampouco tornam a possibilidade da morte menos assustadora. Mais do que explicar racionalmente, é preciso sentir, lamentar e chorar a dor da perda.

Tudo isso parece muito simples, se não vivêssemos em uma sociedade cartesiana, altamente intelectualizada, onde se busca fazer sentido lógico de tudo, onde é tão difícil falar de sentimentos, medos, frustrações, perdas, fracassos, dores. Para evitar a inconveniência da verdade, maquiamos as partes duras de nossa história, na tentativa de deixá-las “emocionalmente suportáveis”.

É mais fácil dizer que gasto muito do que admitir que sustento meu marido. É mais fácil falar que ele anda muito ocupado e não consegue me responder a admitir que estou sendo rejeitada. É mais fácil apontar culpados para o que vivo de disfuncional do que admitir que sou tão responsável pelas minhas vitórias quanto sou pelos meus fracassos. Esses são exemplos bem simplificados de como construímos as histórias fantasiosas que nos contamos. Geralmente nos contamos mentiras, “enfeitamos” os fatos, porque é muito doloroso encarar a verdade. Ironicamente, é só quando validamos nossas verdades mais duras que encontramos consolo e paz.

Fritz falava de um outro tipo de inteligência, que nada tem a ver com o intelecto. A inteligência que ele reconhecia era uma inteligência criativa e emocional. Ele reforçava que saúde emocional tem a ver com desenvolver uma maneira de viver a vida com autonomia, autoresponsabilização, responsability, ou seja, habilidade de resposta adequada para cada novo conflito que se apresenta (na língua inglesa: responsibility = response+ability).

O propósito do Gestalt-terapeuta é auxiliar o cliente a descobrir suas verdades por si só e frustrar todas as tentativas de racionalização e fuga. É comum que a pessoa chegue ao consultório com a história já ensaiada, racionalizada, tentando fazer sentido de todos os fatos. “A verdade só pode ser tolerada quando descoberta por conta própria”. O Gestalt-terapeuta deve agir como facilitador, nunca como mensageiro da “verdade”.

A Gestalt-terapia me ensina todos os dias que as respostas que buscamos encontram-se em um caminho tão mais acessível que não ousamos percorrer pelo prazer que temos em complicar o que é simples. Mas, para aqueles que se arriscam, o convite é o mesmo feito por Rilke, em seu livro “Cartas a um jovem poeta”: pare de procurar as respostas e comece a viver as perguntas.

Identifique-se, mulher!

Identifique-se, mulher!

Imagem de capa: lassedesignen/shutterstock

Com nós, mulheres, que entramos num relacionamento e/ou que temos um filho, pode acontecer algo que dificilmente se vê acontecer com os homens: a perda da identidade.

Num envolvimento amoroso, quando mergulhamos de cabeça ou estamos profundamente apaixonadas, não é difícil que, com o passar do tempo, acabemos por nos ver apenas em par, somente como casal, e não mais como aquele ser único e cheio de peculiaridades que éramos antes.

E isso é um perigo tremendo, pois ao assim agir, perdemos nossa identidade e podemos deixar ir, aos poucos e sem perceber, nossa autoestima, nossos sonhos, nossos amigos e, até mesmo, aquilo que nos tornava interessante tanto a nós mesmas, quanto aos demais.

Não podemos esquecer que, antes de a esposa do(a) fulano(a), a namorada do(a) sicrano(a), somos nós mesmas, que existimos de forma independente, que somos aquela pessoa cheia de trejeitos, manias e peculiaridades desde pequena, um ser completo e singular, com suas próprias ambições e visão de mundo.

Todavia, quando nasce um filho, a coisa é muito mais intensa. A perda da identidade é um perigo ainda mais concreto. O nosso corpo já está mudado por causa da gestação e, depois, da amamentação. O tempo para dedicação a nós mesmas, logo após o parto, é quase nulo (depois dá uma melhorada, mas nem se compara com o tempo que possuíamos antes do rebento!). Aquele ser divino e encantador que nasceu nos deixa meio que enfeitiçadas, tudo gira em torno e em função dele. Ele é uma parte de nós, não adianta. É um momento mágico, de fato.

Porém, temos que tomar o cuidado para não nos abandonarmos como pessoa, na nossa perfeita singularidade. O tempo passa, os filhos vão se desenvolvendo e conquistando a sua independência, e não podemos ficar na sua margem, à sua sombra.

É claro que logo que um filho nasce a vida dá uma guinada tremenda e levamos um tempo para nos situarmos. Faz parte. O que não pode acontecer é permanecermos com a nossa identidade confusa depois de a poeira abaixar.

Precisamos lembrar que temos amigos, que possivelmente temos uma carreira profissional, que temos (ou podemos vir a ter) um(a) parceiro(a), que temos aspirações das mais diversas ordens, e muitas destas coisas não incluem, diretamente, os nossos filhos.

E está tudo bem. Continuar existindo como pessoa – e não apenas como a companheira e/ou a mãe – não é nenhum crime! Pelo contrário, é importante, é necessário, é vital!

Se não o fizermos, invariavelmente uma hora a vida vai nos cobrar. Vai chegar um dia em que nos olharemos no espelho e talvez não mais nos reconheçamos. Não veremos refletido o mesmo brilho no olhar de outrora. Nos perceberemos confusas, perdidas.

De qualquer forma, sempre é tempo de voltar a se encontrar. Não importa o que aconteceu ou quanto tempo passou. É possível percorrer o caminho de volta para dentro. É possível redescobrir-se.

Porque, não tenhamos dúvidas: faremos nossos(as) parceiros(as) e nossos filhos mais felizes, quando estivermos bem e felizes conosco mesmas!

“O passado é uma roupa que não nos serve mais!”

“O passado é uma roupa que não nos serve mais!”

Um fenômeno interessante que a modernidade trouxe consigo: a idealização do passado.

Pois bem, tentemos exemplificar com um filme: Meia-Noite em Paris. Gil (interpretado por Owen Wilson) é um roteirista americano de passagem por Paris, que acaba viajando no tempo e visitando a Paris em sua “Época de Ouro”, nos anos 20. O protagonista que, de fato, tem uma predileção pelo passado, acaba conhecendo figuras importantes, como o pintor Salvador Dali e o escritor T.S. Eliot.

Sem mais spoilers, o filme de Woody Allen parece ter a intenção de tocar exatamente nessa nostalgia característica do ser humano, nessa tendência que temos a supervalorizar o passado, em detrimento do presente.

Quem nunca ouviu alguém lhe dizer que nasceu na época errada ou que os anos 60, 70 ou 80 eram muito melhores? Essas são falas recorrentes mesmo entre os mais jovens. E este sentimento se aplica também a nossas vidas. Queremos voltar ao nosso tempo de faculdade, ao nosso ensino médio, temos um desejo de reviver a nossa infância e de revisitar nossa juventude. Afinal, o que há de tão especial no passado?

“Nostalgia é negação. Negação do presente doloroso” diz Paul, personagem do filme, em uma das cenas. Seria, então, esse sentimento nostálgico do ser humano uma tentativa de fuga de um presente não satisfatório? Fica a questão.

Parece-me que estamos transformando o passado – que deveria ser uma bagagem histórica e cultural nossa – em um refúgio fantástico, onde nossos sonhos podem se tornar realidade, estratégia esta que nos faz ignorar o presente. Talvez, pior, deixar de construir um futuro.

E não para por aí. O culto ao passado também nos priva da criatividade, da inovação, da mudança. Priva-nos da capacidade de aceitação do novo, do moderno, do diferente e do estranho. Nesta perspectiva, a valorização de antigos hábitos, costumes, paradigmas e valores, por vezes nos estagna e limita nossa capacidade de fazer novas descobertas, de olhar o mundo de uma outra (nova) perspectiva.

Pois é, o novo sempre vem! Apesar de se mostrar um importante professor e indispensável biblioteca de memórias nossas, o passado tem nuances e armadilhas. Fique de olho, pois, como já dizia o queridíssimo Belchior: “precisamos todos rejuvenescer”; e esse tal de “passado é uma roupa que já não nos serve mais”.

Imagem de capa: cena do filme “Meia Noite em Paris”

Para a pessoa errada você não terá valor algum, mas, para a “pessoa certa”, você será tudo.

Para a pessoa errada você não terá valor algum, mas, para a “pessoa certa”, você será tudo.

Imagem de capa: Nestor Rizhniak/shutterstock

Quem nunca levou um pé na bunda e, depois disso, se achou o problema? Quem nunca, depois de uma decepção amorosa, buscou ver onde falhou? Aquela sensação de rejeição dói e faz com que a gente se ache o tal problema muitas vezes, quando o erro nem sempre está em nós, mas na importância e expectativa que depositamos no outro?

Talvez, para aquela pessoa com a qual você se envolveu, a sua roupa não era legal, o seu corte de cabelo era brega e você tentava se encaixar, a todo custo, nos padrões do outro. A sua risada era escandalosa demais; o seu perfume, doce demais, e o seu jeito de ver a vida era viajado demais. Cobranças e mais cobranças, reclamações e mais reclamações. A verdade é que você – literalmente- é demais, para quem era de menos.

Então, pode ser que, depois do fim de uma história, você se veja com raiva, com o coração apertado e sentindo que fez tudo errado. Pode ser que você já tenha passado noites em claro, buscando respostas para as suas falhas e tentando compreender no que falhou. Mas preste atenção no meu recado: você pode trocar o guarda roupa e mudar o seu estilo, rir baixinho e tentar, a todo custo, ser mais razão e menos emoção. Você pode até tentar esconder o quanto você se importa com as pessoas e fazer de tudo para ser o que o outro espera de você, mas uma coisa é certa: sempre haverá algo a melhorar para esse alguém e você pertencerá mais ao outro do que a você mesmo.

Para ilustrar o que quero dizer, pense comigo: alguém que trabalha como garimpeiro irá saber reconhecer quando encontrar uma pedra preciosa, certo? Pode ser que nós, sem ter esse conhecimento, jamais saberíamos reconhecer uma pedra que vale muito, mas que precisa ser lapidada e cuidada. Certamente, em muitos relacionamentos, eu vejo isso: pessoas incríveis que, aos olhos do outro, não possuem tanto valor. Olhos que não conseguem enxergar o que possuem do lado, porque simplesmente não sabem reconhecer uma grandeza. Por isso, para a pessoa errada, você não terá valor algum; os seus princípios, valores e propósitos de vida serão uma bobagem e seus sonhos nunca serão levados a sério.

Para esse alguém, o seu jeito reservado, bagunçado ou complicado de ser, será sempre um impasse para assumir compromisso e, não importa o quanto você se cuide, da sua alma e das suas emoções: isso nunca será suficiente. Mas, para a pessoa “certa”, você será tudo; esse alguém irá saber corrigi-lo com sabedoria, sempre que você falhar; para esse alguém, o seu abraço será abrigo, no final cansado do dia, e os seus sonhos não serão bobagens.

Eu insisto: encontre alguém que o valorize, que goste de você do jeito que você é, mas que, ao mesmo tempo, incentive-o a sempre melhorar. Alguém que não implique com coisas banais, como a aparência, e que saiba olhar para os seus medos. Como é bom encontrar alguém que veja a nossa coragem incrível.

Então, para a pessoa certa, aquela que olha nos seus olhos e que ama até essa sua vírgula na bochecha, vulgo covinha, você será tudo. Mas, para a pessoa errada, você não terá valor algum e, não importa o quanto os outros digam ou o quanto você tente provar isso, esse alguém não irá vê-lo dessa forma bonita.

Só você sabe o tempo que lhe cabe e a felicidade que te completa

Só você sabe o tempo que lhe cabe e a felicidade que te completa

Imagem de capa: g-stockstudio, Shutterstock

A verdade é que, ao longo da vida, muitas pessoas cruzarão o seu caminho e tentarão lhe dizer quais as decisões você deve tomar. Algumas não farão por mal, mas por pura preocupação. Outras, talvez digam o que lhes parecer mais adequado e fácil. E ainda existirão aquelas que dirão “verdades” camufladas em invejas. Você sabe disso, não chega a ser nenhum segredo. Mas, acima de tudo, só você sabe o tempo que lhe cabe e a felicidade que te completa. Não abra mão disso, por nada e nem por ninguém.

Acreditar e correr atrás daquilo que você sempre quis, infelizmente, para alguns desavisados, é uma aposta de alto risco. É um salto para os dispostos e você sabe que não existem mais tantos deles, hoje em dia. Porque é difícil, para quem está de fora, manter o foco e a vontade de mudar. De transformar cada obstáculo e falas invejosas em algo mais. Não há nada de incomum naquelas pessoas que desistem, desacreditam e dizem que você não pode. Me diz, em quantos futuros você já se viu e alguém falou ser perda de tempo? Relacionamentos, trabalho, projetos, sonhos, o que for. Parece haver uma cumplicidade para dividir em vez de somar.

É bem diferente quando, sem nenhum propósito ou mesmo uma encenação, alguém aparece e diz, estou com você. Pode parecer pouco, mas é um tipo de reconhecimento gratuito e nobre. Se fôssemos mais receptivos e crentes nessa postura, de repente seguir em frente não soasse tão complicado, algumas vezes. Mas a realidade não funciona assim. Você luta, quebra a cara, ressurge e evolui a partir das próprias escolhas.

Quem chega na sua vida, precisa entender de respeito. Precisa compreender que empatia é um sentimento a ser conquistado com generosidade e confiança. Sonhar acordado é dar com os pés e mãos no coração de alguém. O tempo que lhe cabe é o tempo que tudo pode e valoriza. E a felicidade que te completa é daquele jeito que o seu amor se sustenta, seja por você e por quem estiver em sintonia.

O poder da observação na sua vida

O poder da observação na sua vida

Imagem de capa: marvent/shutterstock

Todo objeto observado muda o seu comportamento diante do observador. A Física Quântica já provou isso pelo experimento da dupla fenda que registra a mudança de comportamento dos átomos quando são observados.

Mas eu não quero falar de física que pouco entendo. Se você quiser saber mais sobre o experimento da dupla fenda, procure no Youtube.
É bem legal!

Quero falar de gente. Entendo um pouco de gente. De pessoas.
Quando uma pessoa se sabe observada, ela capricha nas ações e nas reações. Ela modifica o seu comportamento primitivo e o elabora de maneira a impressionar favoravelmente aquele que a observa.

Ela -a pessoa- se torna ligeiramente “exibida”. Exuberante. Despachada. Bem resolvida.

Se é um homem, ele se faz gentil, sensível, educado, competente, solícito, desenvolto. Se é uma mulher, ela se mostra amável, parceira, bem humorada, linda, inteligente, e sem frescuras aparentes. Ambos querem mostrar o seu melhor.

Todos os seres que se sabem observados florescem, acentuam a sua sexualidade, destacam os seus pontos positivos.

Todos os seres que não se sentem observados, murcham, se desintegram ainda em vida, e morrem por absoluta falta de observação. E de apreciação.

Relacionamentos bem sucedidos são aqueles em que cada um dos parceiros é um observador atento. Se a mulher corta o cabelo, o observador parceiro nota, e faz a observação. Se o homem usa um perfume, a observadora parceira exercita o olfato, dá um cheiro no cangote, e registra o que observou.

Tem mais essa: não basta observar, tem que registrar. Falar. Anunciar. Relatar. Elogiar. Deixar claro que percebeu.

No trabalho, a mesma coisa. Quando um trabalhador sabe que o seu esforço está sendo observado, ele trabalha com muito mais vigor.
Tudo funciona melhor com observação positiva.

Quem tem fé, como eu, sabe que Deus é o observador dos observadores.

Não há ninguém que observe mais e melhor, tudo e todos, ao mesmo tempo, do que Deus. Se lembrássemos disso, capricharíamos mais nas coisas que dizemos, sentimos, e fazemos. Capricharíamos para Deus!
Daríamos o nosso melhor em qualquer circunstância, seríamos imbatíveis.

No entanto, esquecemos desse Magno Observador. E ficamos dependentes da observação de um ser tão distraído quanto o homem.

Nesse sentido, as redes sociais nos ajudam muitíssimo a chamar a atenção do mundo para nós. Ao mesmo tempo, nós também ajudamos, mantendo a nossa atenção sobre o mundo dos outros.

Observem bem como somos todos maravilhosos, divertidos, lindos, bondosos, atraentes, bem humorados, elegantes, educados, infalíveis!

Muitas pessoas condenam e chamam de exibicionismo, mas não há nada de condenável em mostrarmos o nosso melhor para uma platéia atenta e disposta a nos observar.

Funciona muito bem. Faz bem para a saúde. Melhora a autoestima.
Eleva o astral.

Muitas vezes, vou até à minha filha, que trabalha com imagens, e peço a ela uma nova sessão de fotografias. Capricho na roupa, na maquiagem, e faço as fotos. Para quê?

Para postar na rede. Sei que ali terei centenas de amigos me observando e retornando palavras de carinho.

Nunca ninguém comentará numa foto: “como você é feia!”

Diariamente, escrevo na rede. Escrever também é uma forma muito razoável de captar a observação. Nesse caso, nem sempre será positiva. Algumas pessoas gostam do que você registra, outras desgostam. Mas tá valendo.

Como o fermento que faz o bolo crescer, a observação faz as nossas ideias crescerem e se aprimorarem.

Nas instituições escolares deveria haver uma área da psicologia que ensinasse as crianças a treinar a capacidade de praticar uma observação positiva de alunos para alunos, para professores, para a diretora, para a merendeira, para todos os seres humanos.

Não há pessoa de nenhuma idade que seja imune a essa prática. Faça o teste: de hum a 200 anos, todo ser humano é sensível ao ato de sentir-se observado positivamente. E segundo a Física Quântica não apenas os seres humanos, mas tudo o que existe no Universo reage ao poder da observação.

Vamos tentar observar mais e melhor aquilo que nos cerca, incluindo Deus, as pessoas, os animais, as plantas, as pedras, a natureza, a terra, o mar, o Universo como um todo.

O mundo ficará melhor sob o poder da sua e da minha observação.

As pessoas feridas machucam os demais

As pessoas feridas machucam os demais

Talvez elas tenham te machucado em mais de uma ocasião, mas você já parou para pensar na razão por trás deste tipo de comportamento? Nunca pensamos no que pode ter acontecido com a outra pessoa para agir assim. No entanto, as pessoas feridas costumam agir deste modo.

Às vezes isso acontece porque aguentaram tanto, que tudo o que sentiam se tornou um rancor que não discrimina entre os que as tratam bem e os que não. Outras vezes, simplesmente, tentam se proteger desta forma tão incorreta. Sem perceber, machucam os outros antes que os machuquem.

As pessoas feridas sofreram muito

Mostraremos vários exemplos que ajudarão a entender por que as pessoas feridas procedem desta maneira.

  • Imagine que uma criança vem sendo maltratada desde pequena e também viu como um de seus pais era maltratado. Sem saber, o pequeno acreditará que isso é “normal” e, por isso, reproduzirá o comportamento.
  • Mesmo que chore, apesar de sentir dor, na idade adulta talvez maltrate seu parceiro ou exerça a violência contra quem o contrarie. É o padrão de comportamento que viu desde pequeno.
  • No caso de que este tipo de agressão se reproduza somente na idade adulta, talvez a pessoa tente se comportar da mesma maneira em futuras relações para evitar que isso aconteça com ela.
  • Em seu interior, ela pensa: “melhor o outro do que eu de novo”.

O mesmo acontece com aqueles que tiveram algum tipo de carência afetiva. Em sua relações, se apegarão e sofrerão da terrível dependência emocional. 

De que maneira isso é um problema?

Os ciúmes, a necessidade de controlar nosso parceiro para que não nos abandone, a culpa, tornar o parceiro responsável por nossa felicidade…

No final, a outra pessoa termina desgastada pois se encontra submersa em uma relação tóxica.

O que fazer diante das pessoas feridas?

Realmente não podemos tentar mudar estas pessoas. Às vezes elas sabem que não podem continuar assim e são conscientes do que estão fazendo errado.

No entanto, é uma decisão delas e algo que os demais não podem resolver. Seu comportamento, na maioria das vezes, não é premeditado.

Por isso, o que nós podemos fazer diante deste tipo de pessoa para que não nos machuquem? Eis aqui algumas soluções:

  • Não se aproxime mais do que o necessário. Às vezes tentarão te manipular, em outras você descobrirá seu passado e sentirá pena. No entanto, você é importante e tem que se cuidar.
  • Se desejar, aproxime-se delas, mas não mais do que o necessário. Quando estiver no limite, afaste-se.
  • Evite agir como elas. Elas estão feridas e, se você agir da mesma maneira, favorecerá que sigam se comportando assim, e inclusive que sintam sua autoestima mais danificada.
  • Se notar que tentam te ferir, dê meia volta.
  • Não lhes diga o que fazer. Ninguém pode ajudar a outra pessoa se esta não quer ajuda. Por isso, se quiser evitar se desgastar e se esforçar em vão, não lhes diga para procurar ajuda profissional e muito menos tente dirigir sua forma de ser.

Aceite-as

Sua melhor opção será aceitar as pessoas feridas como são. Todos se machucaram alguma vez e talvez tenhamos até prejudicado alguém sem querer.

Nosso instinto de sobrevivência nem sempre age da forma mais adequada. Ele não conhece valores, nem normas, nem regras. Somente quer que você sobreviva e supere o que ocorreu.

Assim, não olhe torto para aquele menino que aborrece outro na escola, pois este carece de uma grande autoestima e talvez tenha milhares de problemas em casa.

O ideal seria parar este comportamento e tentar corrigi-lo agora enquanto ainda há tempo, já que quando chegamos na idade adulta é mais difícil. Na maturidade, somente nós mesmos podemos abrir os olhos, perceber o que ocorre e pedir ajuda para mudar e deixar de machucar os demais.

Imagem de capa: Shutterstock/samantha cheah

TEXTO ORIGINAL DE MELHOR COM SAÚDE

Quando NÃO se deve fazer psicoterapia

Quando NÃO se deve fazer psicoterapia

Imagem de capa: wavebreakmedia/shutterstock

Como em todos os tratamentos, a psicoterapia também tem contraindicações. É um tratamento que exige investimentos altos, como o financeiro, o mental e relativos ao tempo. Dessa forma, é importante conhecer as contraindicações do processo terapêutico:

  1. Se suas faculdades mentais estiverem muito comprometidas, pois a psicoterapia necessita trabalhar com a realidade, ou seja, se o indivíduo estiver com delírios e alucinações, faz-se necessário procurar um psiquiatra, antes de dar início ao tratamento psicoterápico;
  2. Se deseja mudar o mundo: A PSICOTERAPIA NÃO TEM O ALCANCE DE MUDAR O MUNDO todo, mas de mudar o seu mundo interno e de aperfeiçoar o seu olhar em relação às pessoas e situações que o rodeiam;
  3. Quando se deseja mudar o outro, pois a psicoterapia tem como objetivo mudar o indivíduo que se submete ao tratamento psicológico; entretanto, indiretamente, as pessoas que o cercam podem sofrer mudanças de comportamento decorrente das alterações da sua nova forma de “funcionar”;
  4. Para ajudar alguém: o tratamento psicológico não tem alcance de ajudar alguém que não tem “coragem” de se submeter ao processo, pois ajudará você a entender o porquê de querer ajudar essa pessoa;
  5. Se deseja psicoterapia para se manter numa relação tóxica ou trabalho que lhe traga prejuízos, pois a psicoterapia fará enxergar que, provavelmente, existem aspectos seus que o prendem a essas situações ou pessoas;
  6. Caso queira “aval” do profissional de que o mundo é cruel e você é sempre vítima de pessoas e situações, pois, ao longo do tratamento, certamente aparecerão questões relacionadas às suas “escolhas” de estar em situações de natureza destrutiva;
  7. Para agradar ao outro: muitas vezes, o profissional ouve que foi procurado porque alguém pediu para que fizesse terapia. Geralmente, nesses casos, os encontros entre psicólogo e paciente duram por 2 ou 3 atendimentos, pois fazer terapia necessita de desejo genuíno de se conhecer e de se entregar ao processo terapêutico;
  8. Para mudar sua história: a psicoterapia pode trazer uma compreensão e um “novo” olhar sobre o seu passado, mas não muda sua história de vida, entretanto, tem o poder de mudar seu futuro.

Fazer psicoterapia é indicado somente para os corajosos. Há de se ter coragem para se autoconhecer, entrando em contato com seu pior lado.

Há de se ter coragem para entrar em contato com a dor que ficou em algum canto, para se proteger do sofrimento.

Há de se ter coragem para mudar seus velhos comportamentos e trilhar novos e desconhecidos caminhos.

Talvez, a única indicação para se submeter ao processo terapêutico seja a coragem.

Essa vai pra todas as mulheres livres!

Essa vai pra todas as mulheres livres!

Imagem: acervo pessoal da autora

Essa vai pra todas as mulheres que preferem ser livres e vagar por aí do que ficarem em casa. Pras que já disseram, “Eu gosto de você, mas eu amo mais a minha liberdade”. Pras mulheres que não se contentam com uma vida comum e se recusam a viver assim.

Essa vai pras mulheres que são encaradas quando estão em um restaurante sozinhas, pras mulheres que curtem a sua própria companhia e não precisam de ninguém para se sentirem aceitas. Pras mulheres que não têm medo de comprar uma passagem pra um outro país e irem sozinhas.

Essas vai pras mulheres que procuram o amor, mas ao mesmo tempo se sentem completas sem ninguém, e que nunca vão se contentar com alguém que não as mereça completamente.

Essa vai pras mulheres que se impõem, que não ficam quietas e não abaixam a cabeça. Pras que dizem com o queixo erguido “sim, eu estou viajando sozinha” pros taxistas do aeroporto que te olham estranho. Pras mulheres que sabem o que querem e correm atrás disso.

Essa vai pras mulheres que não dependem de homem nenhum para terem suas coisas. Pras mulheres que vão e fazem. Pras mulheres que – apesar de saberem que serão julgadas – não ligam para opiniões alheias.

Essa vai pras mulheres que preferem um dia escalando uma montanha pra ver um por do sol em cima das nuvens do que um dia de beleza. Pras mulheres que se sentem mais felizes em uma roda de fogueira num camping qualquer do que uma tarde no shopping.

Pras mulheres que preferem as memórias que acumulou viajando do que a certeza de um futuro bem sucedido. Pras que preferem sanar a curiosidade de desbravar o desconhecido do que o conforto de uma rotina. Pras que preferem ir do que ficar.

Essa vai pras mulheres que não se contentam com o que nos impõem. Que, quando mais velhas, não se vêm fazendo bolo pros netos, mas sim lhes contando sobre aquela vez que viajaram pro interior de algum país desconhecido e sobre os perrengues que já passaram.

Essa vai pra todas as mulheres livres: ESSE MUNDO TAMBÉM É NOSSO.

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Uma boa companhia é melhor do qualquer lugar

Uma boa companhia é melhor do qualquer lugar

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Em tempos de ostentação, superficialidade e aparências, em que o parecer se tornou mais importante do que o ser, é extremamente difícil encontrar pessoas que apreciam a companhia das outras em seus mínimos detalhes.

Tudo que gira em torno do “encontro” parece ser mais importante do que as próprias pessoas envoltas nele, e a selfie (ou selfies) assumiu o protagonismo ante às conversas, não raras vezes, superficiais e girando em torno de lugares comuns, sem qualquer grau de intimidade e profundidade. Diante disso, pergunto-me: será que o lugar, a selfie e os protocolos sociais são mais importantes do que a companhia, ou uma boa companhia é melhor do qualquer lugar?

Como diria um poeta português: “A intimidade é o último refúgio”. Estar em um lugar “bacana” com pessoas superficiais não vale a pena. Não é isso que proporcionará felicidade, tampouco, fará com que esses momentos sejam transpostos ao infinito pela memória. Para que isso ocorra é preciso que haja sincronicidade entre as almas, comunicação entre os olhos e ligação entre as falas, coisas que independem de lugar, hora ou dinheiro.

Sendo assim, o que importa é a comunicação estabelecida, seja com palavras, seja com os silêncios, porque são nos silêncios, lembrando Rubem Alves, que a gente escuta, presta atenção nas entrelinhas do coração, na melodia das palavras. Ao mesmo tempo em que a gente se sente acolhido, o coração sereno e os olhos vibrantes.

E isso pode acontecer estando sentando em um banquinho, comendo um “dogão” e bebendo coca, ao mesmo tempo em que as palavras fluem como se direcionassem para um rio caudaloso de tranquilidade, como se cada letra não fosse falada de qualquer forma, mas acompanhasse um tom, uma melodia em profunda sincronia com o universo, de modo que a nossa dimensão finita pudesse, mesmo que apenas por alguns segundos, penetrar a sua infinitude incompreensível.

E os nossos olhos passam a enxergar a obviedade, o cotidiano, as trivialidades, as pessoas indo e vindo, com significado, com beleza, poesia, porque é nisso que reside a beleza inexplicável da vida e não em momentos de grandiosidades vazias. É sentando na ponta da calçada, olhando a sarjeta sendo iluminada pelo céu, se permitindo divagar pela existência, em seus caminhos mais obscuros e sinuosos. Compartilhando uma música, ou simplesmente sentindo a brisa que corre pela noite e vem de encontro ao nosso corpo como se quisesse abraçar a nossa alma.

Pode ser em casa, assistindo Netflix e dividindo uma pizza. Rindo até a barriga doer, até mesmo daquelas piadas completamente sem graça, porque a alegria é tão grande, que a gente fica com o riso frouxo.

Uma boa companhia é melhor do qualquer lugar. Mais do que isso: é o melhor lugar que podemos encontrar para repousar o nosso desassossego, porque quando conseguimos escutar o nosso eu ecoando dentro de outro espaço, percebemos que a nossa existência vai muito além do nosso existir.

Na sua lista de prioridades, qual é a sua posição?

Na sua lista de prioridades, qual é a sua posição?

Imagem de capa: Mamonov Stanislav/shutterstock

Quem nunca abriu mão da própria felicidade em prol de um amigo? Quem nunca engoliu a seco uma ofensa para não ofender? Quem nunca sorriu chorando por dentro? Somos assim: generosos com os outros e cruéis com o próprio coração.

Acreditamos ser mais fácil dizer “não” para os nossos sonhos, do que para os sonhos de um filho. É menos doloroso abrir mão de ser feliz, do que fazer o outro sofrer. É mais bonito trair a própria vontade, do que deixar o outro frustrado. Pelo menos, é isso que nos ensinaram até hoje: toda renúncia em nome do amor vale a pena. Mas, sabe, sinto informar que distorceram a frase em benefício próprio. As renúncias que funcionam no amor, são as recíprocas, não as de mão única.

Há uma música da Oswaldo Montenegro denominada de “A Lista” que descreve bem essa situação. Criada para uma peça de teatro com o mesmo nome, consegue emocionar de forma única quem a escuta. Com uma melodia calma e versos que levam à reflexão das ações do homem durante a vida, o poeta proporciona um momento de interiorização entre alma e ações do próprio ser humano: “Faça uma lista dos sonhos que tinha/ Quantos você desistiu de sonhar!/ (…)Onde você ainda se reconhece/ Na foto passada ou no espelho de agora?Hoje é do jeito que achou que seria/Quantos amigos você jogou fora? (…)Quantas mentiras você condenava? Quantas você teve que cometer? Quantos defeitos sanados com o tempo/Eram o melhor que havia em você?

Soluços e lágrimas a parte, voltemos da viagem interior e foquemos no que importa: o que nos leva a sempre priorizarmos o que não é importante? Por que a dor do outro é mais profunda que a nossa? Por que o boleto a pagar é mais urgente que o café com o amigo?

Priorizar-se não é ser egocêntrico, é apenas entender que a sua dor é tão importante quanto a do próximo. Que os seus sonhos são tão grandes quanto à de seus familiares e que a sua felicidade é tão necessária quanto a de seus amigos.

Colocar-se como prioridade na própria vida é entender o próprio valor e respeitar o caminho que o trouxe até aqui. É respeitar a própria opinião, como respeita a de quem discorda de você. É entender que é merecedor  de uma amizade sem interesse, e não dessas que te enxergam como organização filantrópica.

É saber o valor que se tem, indiferente da opinião alheia. É se cuidar, ser capaz de perdoar os próprios erros com a mesma facilidade que perdoa a do companheiro. É ser capaz de ir ao cinema sozinho e sentir-se completo com a própria companhia.

É amar sem medo de perder. É entender que perfeição não é uma qualidade humana e que erros são cometidos com mais frequência que escovar os dentes. É ser capaz de dar foras sem se condenar. É rir quando tiver que rir e chorar quando tiver que chorar. Livre assim.

Colocar-se como prioridade é ser capaz de se amar antes de exigir isso dos outros. É respeitar o próprio tempo, os conhecimentos empíricos que adquiriu na vida, os princípios morais que te ensinaram quando criança, para que não aconteça de esquecer-se de si tentando agradar os outros.

Como dizia Clarice, in “Carta a Tânia” [irmã de Clarice] (1947), eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias.(…) Ouça: respeite a você mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você – respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você – pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita – não copie uma pessoa ideal, copie você mesma – é esse o único meio de viver”.

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