As facilidades nos tornam leves, as dificuldades nos fazem fortes!

As facilidades nos tornam leves, as dificuldades nos fazem fortes!

De tanto acreditar numa coisa, ela se torna real. Acredite que não é digno de ser feliz e não será. Acredite que é capaz de tornar a vida de alguém melhor e tornará. Acredite que a vida é intercalada de desafios mais fáceis e mais difíceis, porque é assim que é.

Alguém sabiamente já disse que quando a água bate na bunda, a gente sai nadando. E isso é absolutamente verdadeiro. Muitas vezes, precisamos ser confrontados com a urgência de uma atitude, para sermos arrancados de uma situação tão cômoda, mas tão cômoda, que vem nos entorpecendo e nos impedindo de evoluir.

Se a vida fosse uma sequência de sucessos, nós acabaríamos por atrofiar o cérebro e ressecar o coração. O sucesso só tem esse gosto de iguaria rara porque, até que ele chegue, o percurso da viagem nos transforma, nos testa, nos impulsiona para experiências inaugurais de uma vida que ainda não havíamos provado.

Se a vida fosse uma sucessão de tragédias, sucumbiríamos à dor da frustração e do fracasso; perderíamos a fé naquilo que há de mais concreto dentro de nós: a nossa capacidade de renascer em uma outra forma, numa alma renovada dentro do mesmo corpo.

É esse intercalado de ápices e vales, apertos e relaxamentos, prazeres e dores que nos torna capazes de inventar, de reinventar, de transmutar cada uma das inúmeras tarefas a que somos apresentados em algo maior, melhor e mais significativo.

Somos seres dotados de habilidade afetiva. Somos instrumentalizados para sermos muito melhores do que temos sido. Somos muito maiores do que as tempestades que nos devastam.

E é a partir dos escombros de uma empreitada que não deu certo que, muitas vezes, reerguemos nossas bases e estruturas cognitivas e emocionais, a fim de criarmos um substrato diferente sobre o qual possa nascer o inusitado, o improvável, o que antes parecia ser impossível.

As maiores descobertas científicas, nascem de um embate devastador, quer seja na origem de uma doença física ou psíquica, quer seja num dilema acerca do universo, para o qual nunca encontraremos todas as respostas.

As ideias mais brilhantes, brotam do caos criativo. Nascem no silenciar de mentes que ousam refletir sobre o que parece absurdo aos olhos da maioria. A maioria que faz muito barulho por nada e cala diante da necessidade de um irmão.

Que sejamos, pois, sábios o bastante para honrar com solidariedade tudo aquilo que nos é oferecido pela vida como oportunidades de evolução. E que sejamos humanos o suficiente para submergir das dificuldades, íntegros em nossa essência e flexíveis em nossas crenças. Porque as facilidades vêm para nos tornar mais leves, e as dificuldades vêm para nos tornar mais fortes. Mas, leveza sem integridade, não faz nenhuma diferença. E força, sem bondade, não é nada.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “A teoria de tudo”.

 

Infelizes ladrões de protagonismo

Infelizes ladrões de protagonismo

Imagem de capa:  g-stockstudio/shutterstock

Eles, os ladrões, ainda que tenham os seus próprios momentos de estrelato, não se conformam nem toleram o protagonismo alheio.

Sabotam de todas as formas possíveis, não medem esforços para ocultar os papéis principais que não são seus, desmerecem, roubam a cena, fazem cena, ateiam fogo no palco.

Os ladrões de protagonismo são os que não sabem bater palmas, são exibicionistas, convencidos, egoístas, egóicos. Querem tudo para si sem se importar com consequências. São atropeladores de quem quer que seja, guiados pela cegueira da vaidade.

Há pais e mães que subtraem o protagonismo de seus filhos.
Há filhos que ignoram o protagonismo de pais e mães.
Há mestres que sonegam o protagonismo de seus alunos.
Há alunos que não reconhecem o protagonismo de seus mestres
Há pares que só são pares porque um dos pares cedeu, ainda que contrafeito, o protagonismo ao outro par, que ficou com tudo.
Há pares que negociam seus protagonismos por esmolas de amor.
Há amizades que disputam protagonismo.
Há colegas de trabalho cuja motivação é tão somente de conquistar todo o protagonismo disponível. Há chefes que fazem o mesmo.

Há de tudo. Há muita tristeza nessas afirmações. Um protagonismo roubado é uma moeda de três reais. Atrai atenção, ainda que nada valha.

O protagonismo é um momento tão poderoso quanto importante, que molda e modela os mecanismos de segurança e autoestima de uma criatura. É o instante em que os olhares convergem para quem, de fato, merece atenção e reconhecimento. Não há nada mais essencial do que se sentir protagonista das próprias escolhas!

Um ladrão de protagonismo não consegue suportar a ideia que não teve, a resposta que não deu, a decisão que não tomou, a criatividade que não brotou. E, quando alguém o faz, não hesita em tentar sufocar, ou, tomar para si.

Não há como adivinhar quando alguém tentará nos roubar o protagonismo, mas há como nos vigiar para não tentarmos, ainda que sem querer, abafar o protagonismo alheio.

E, para o caso de alguma tentativa de assalto, soem os alarmes! Nada mais válido do que chamar a atenção de quem tenta lhe roubar um momento feliz!

As coisa boas vêm com o tempo, as melhores vêm de repente

As coisa boas vêm com o tempo, as melhores vêm de repente

Imagem de capa: Jacob Lund/shutterstock

Mantendo o coração limpo e a mente em ordem, estaremos sempre prontos a abraçar os presentes mágicos que nos chegam, na forma de momentos preciosos e de pessoas especiais, que entram sem pedir licença e nos tornam seres humanos melhores e mais felizes.

Ainda que tenhamos muitas decepções nesta vida, justamente de quem esperávamos o melhor, sempre seremos surpreendidos com atitudes bondosas de gente do bem e com presentes especiais que esse universo não se cansa de nos trazer. Costumamos dar demasiada atenção ao que é ruim, mas um olhar mais atento nos clarifica quanto à quantidade de bênçãos que nos rodeiam diariamente.

É com a passagem do tempo que iremos conseguir entender muito do que nos acontece e não aceitamos, tampouco conseguimos digerir, uma vez que não há clareza suficiente enquanto se está no meio dos redemoinhos que escurecem nossa jornada. Mesmo assim, lá na frente, seremos capazes, inclusive, de sermos gratos por tantos livramentos com que fomos presenteados, embora achássemos que tivéssemos perdido o que era essencial.

A maturidade tem essa característica de acalmar os nossos corações diante dos tombos, de nos conscientizar quanto à real importância de cada acontecimento, de cada pessoa que passa pelas nossas vidas, tornando-nos mais serenos enquanto assistimos a tudo o que vai embora da gente, dia após dia. Ficamos mais acostumados com as perdas, porque aprendemos a guardar o melhor do que vivenciamos, de forma a fazer com que as lembranças do que foi bom nos tragam alento e sabedoria.

E, ainda assim, por mais experiências que tenhamos acumulado, felizmente seremos surpreendidos com momentos mágicos, com acontecimentos luminosos, com estradas coloridas, com gente que abraça a nossa alma, enquanto vivermos, sempre que caminharmos de olhos abertos. Assim, de repente, sem motivo aparente, acabamos vivenciando algo novo, surpreendente, acolhedor, iluminado e que, muitas vezes, cura e nos salva do medo, da solidão e da desesperança.

O que nos fortalecerá, mais e mais, será a nossa capacidade de aprender com tudo o que nos acontece, enfrentando o que vier, sem perder a esperança de um amanhã melhor. Mantendo o coração limpo e a mente em ordem, estaremos sempre prontos a abraçar os presentes mágicos que nos chegam, na forma de momentos preciosos e de pessoas especiais, que entram sem pedir licença e nos tornam seres humanos melhores e mais felizes. Assim de repente.

Procura-se um amor sacana para relacionamento sem validade

Procura-se um amor sacana para relacionamento sem validade

Com todo o respeito e admiração aos casais que duram, persistem e seguem na ciranda de homenagens afetuosas. Não é despeito ou inveja. Mas seria bom, pra variar, que a gente assumisse a vontade louca de um amor sacana, daqueles que são instantâneos e, possivelmente, perecíveis com o tempo.

Por que não um relacionamento sem validade? Por que não um relacionamento sem a pesada preocupação de até quando durará e se durará? Porque cada vez mais tentamos controlar o quanto de amor pode-se ter e ser. E quanto mais o fazemos, mais ele se torna irreconhecível. Sacanagem é medir as relações amorosas em regras e comportamentos. O encontro teve aval de ambos? Desce amor, desce beijos, desce cerveja ou vinho. Em comum acordo, qual é o tabu?

Vamos sorrindo, vamos vivendo, vamos desbravando o que cada um gosta. Um dia depois do outro. Deixemos os planos estocados para um feriado em família. Enquanto isso, toca a música que você diz lembrar da gente. Combina comigo uma aventura de última de hora, um passeio pra admirarmos o nada ou qualquer coisa. Joga intensidade nos meus braços que seguro e ainda multiplico.

Sejamos francos, o pecado é inventado. Está liberado nos perdermos numa noite em casa. É seguro afirmar, esse nó não machuca. Não é o nosso primeiro caso de amor e também não será o último. Deixe a especulação emocional para o dia em que você não tiver mais interesse. Descomplique a alma e vista o seu amar mais bonito.

Procura-se um amor sacana, um que não fique saciado com facilidade. Mas se ficar, tudo bem. É válido mesmo vindo sem prazo. O consumo é no agora, nada de guardar para depois. O amor gostoso é feito na hora e sem embalagem para viagem.

Imagem de capa: Matrimônio à Italiana (1964) – Dir. Vittorio de Sica

Perdoe a ignorância alheia e limpe o seu coração

Perdoe a ignorância alheia e limpe o seu coração

Imagem de capa: alexkich/shutterstock

Ninguém consegue respirar carregando no colo gente folgada. Ninguém consegue receber o novo, enquanto mantém tralha emocional dentro de si. Ninguém há de voltar a sorrir com verdade, sem entender e perdoar a ignorância alheia. Perdoar a si mesmo.

Embora seja um lugar comum, a necessidade de fazermos faxinas emocionais diárias será sempre algo imprescindível nessa nossa caminhada de alegria, mas também de muita dor. Enquanto houver alguma pendência mal resolvida aqui dentro, incomodando, mesmo que bem no fundo, não conseguiremos seguir com leveza, tampouco abraçar tudo o que nos espera ali à frente.

E esse caminho de leveza e clareza depende de nossa conscientização de que não poderemos carregar conosco o que não nos pertence, quem não soma, bem como rancores paralisantes. Prosseguir requer deixar para trás, requer limpar os espaços para o novo poder entrar, requer perdoar e perdoar-se. É preciso entender que muitas coisas e várias pessoas terão que permanecer no passado, pois nem tudo poderemos levar conosco.

Vai doer, vai machucar, vai ter lágrimas, sim, mas tomar as resoluções certas para o fortalecimento de nossos sonhos, livrando-nos de bagagens inúteis, tornará tudo melhor com o passar do tempo. Ninguém consegue respirar carregando no colo gente folgada. Ninguém consegue receber o novo, enquanto mantém tralha emocional dentro de si. Ninguém há de voltar a sorrir com verdade, sem entender e perdoar a ignorância alheia. Perdoar a si mesmo.

É difícil ter que aceitar as derrotas que teremos pela frente, no trabalho, no amor, na vida, mas teremos que nos reequilibrar e procurar outros caminhos, incansavelmente, sem desistirmos de ser feliz – isso, sim, seria imperdoável. Da mesma forma, em muitos momentos, desistir de coisas, de sentimentos e de pessoas nos salvará de ficarmos uma vida toda sem sair do lugar, por medo do novo, do recomeço, do começar do zero.

Nada é nosso de fato, a não ser o que temos dentro de nós: amores sinceros, sentimentos verdadeiros e todas as boas lembranças que carregamos no peito. A vida pode mudar num piscar de olhos, sem mais nem por quê, sem que estejamos preparados. Nossa capacidade de levantar toda vez que a vida ferra com tudo, nossa resiliência, é o que nos reerguerá das escuridões que parecem intermináveis e nunca o são. E por isso é que devemos manter o coração leve: ele é a morada de nossa resiliência!

O que nos falta para darmos certo na vida?

O que nos falta para darmos certo na vida?

Então, em nome da “descontração”, uma escola do Rio Grande do Sul promoveu uma festa com a temática “Se nada der certo”.

Obviamente, não deu muito certo. Fotos de alunos fantasiados de vendedores de cosméticos, atendentes de fast-food, faxineiros, cozinheiros, mendigos, e assim por diante, foram divulgadas e o mundo virtual não perdoou.

Em resposta às duras críticas, a escola pediu desculpas à comunidade e se justificou dizendo que “atividades como essa auxiliam na sensibilização dos alunos quanto à conscientização da importância de pensar alternativas, no caso de insucesso no vestibular e também a lidar melhor com essa fase”.

Assunto encerrado? Não, não. O episódio abre discussão sobre incontáveis pautas que podem e devem ser debatidas, mas a que se evidencia mais fortemente é a influência da escola na educação de nossos jovens.

Que tipo de educação nossas instituições escolares têm promovido? Que tipo de valores têm pregado? Que tipo de pensamento elas têm disseminado?

Eu resumiria o ensino médio das escolas brasileiras – principalmente as particulares – em três palavras: disciplina, competição e sucesso. É tudo bem simples. Se você não tiver a disciplina necessária para competir por um lugar no vestibular, não terá sucesso na corrida por seu curso de Medicina/Direito/Engenharia – os únicos que podem lhe conceder uma vida confortável. Nesse mar de exigências, ansiedade e rivalidades (entre as próprias escolas inclusive), ficam esquecidos, como no exemplo da escola em questão, o respeito, a empatia e a própria consciência crítica.

Pois bem. Quem é educado de forma a respeitar todos, independentemente de classe social, etnia, religião, gênero e sexualidade, não contribui com “brincadeiras” como essa. Quem está em contato com o conceito de empatia não contribui para abusos assim. Quem tem um mínimo de consciência crítica pensa duas vezes antes de propagar e divulgar eventos como esse. Aonde fomos parar, não é?

A verdade é que não temos como apontar concretamente culpados. Nem com relação ao evento na escola do Rio Grande do Sul, nem com relação à educação brasileira no geral. Nossas escolas e os valores que elas pregam são um simples reflexo da sociedade na qual elas atuam: individualista, excludente e indiferente. Tal afirmação não encerra o assunto. Na realidade, ela nos leva a novos questionamentos.

São esses os valores que queremos que se propaguem em nossa sociedade? É esse o tipo de cidadão – individualista, superambicioso e alheio ao resto do mundo – que queremos formar? Aliás, é esse o conceito de “dar certo” que queremos levar adiante?

Educar pressupõe, para além de ensinar e moldar para o sucesso, humanizar. Nisto, temos – todos, no geral – falhado miseravelmente, a nível social, escolar e familiar. A festinha na Instituição Evangélica de Novo Hamburgo é só a ponta do iceberg. Por hora, o que nos resta é remar contra a corrente. Se o conceito de “dar certo” é isto tudo que o mundo tem nos imposto ultimamente, é melhor seguirmos dando errado mesmo.

E por que não no elevador?

E por que não no elevador?

Ela havia acabado de sair de um namoro que já vinha assim meio que se arrastando há alguns meses. Aqueles fins de relacionamento em que nenhum dos dois mais sabe o que é que está fazendo junto, mas tem um pouco de medo – ou será preguiça? -, de encerrar a história e descobrir lá fora na vida o que é que que há de novo.

Naturalmente veio aquela ressaca pós-término. Um pouco era saudade dos bons momentos que ficaram na memória; um pouco era pena porque “é sempre triste no fim”; um pouco era apego ao hábito da vida já conhecida e livre de riscos inesperados.

Mas… se até ressaca de tequila passa… Por que é que ressaca de namoro que não vingou não haveria de passar?! Tanto passa, que passou. E, junto com o fim da ressaca veio a sede e a curiosidade de provar outros sabores. Veio também uma espécie de renascimento; um desejo de resgatar de lá do passado, amigos, festas e noites que ficaram esquecidos no tempo, no espaço de uma vida sem compromisso.

Foi assim que naquela noite ela se arrumou, perfumou e se fez bonita para si mesma. Saiu dirigindo tranquila, com o corpo perfeitamente encaixado em sua nova realidade, e o pensamento solto, dançando ao som de uma música divertida que tocava no rádio do carro.

Era uma festa de aniversário. De uma amiga querida que não via há muitos anos. Uma amiga que sempre fazia festas memoráveis para comemorar a passagem dos anos. Festas às quais “nossa heroína” nunca comparecia porque o tal ex-namorado não gostava de festas. E ela foi cultivando ao longo do relacionamento uma dependência daquelas que fazem um casal não saber ser outra coisa, além de ser um casal.

Enquanto estacionava o carro, “nossa bela recém-solteira” não conseguiu evitar de pensar em como seria estar em uma festa tendo outra vez o coração e a vida livres. Por um instante, quase pensou em ir embora. Mas não foi.

O elevador chegou ao térreo e ela embarcou. Como sempre, distraída, esqueceu-se de marcar o andar. Só se deu conta da distração quando o “veículo” chegou ao subsolo e por sua porta entrou um homem. Um homem daqueles que têm um sorriso de arrasar quarteirões.

Não bastasse o sorriso, o cara era uma mistura de caiçara (uma pele super bronzeada), vocalista de banda de rock (o cabelo comprido e uma barbinha charmosa por fazer), e lobo de Wall Street (estava de terno e gravata – impecáveis por sinal!). Não bastasse todo esse conjunto da ópera, o “príncipe” ainda trazia em uma das mãos um belíssimo arranjo de orquídeas e, na outra, uma garrafa de vinho.

Um pouco em choque pela aparição, “nossa surpresa garota”, balbuciou um “Boa noite” em resposta ao cumprimento do gato e ficou observando a porta do elevador se fechar. Então, percebeu que um dos dois precisaria dizer ao elevador onde ele tinha que ir, e perguntou “Qual é o seu andar?”, e o gato respondeu “Vinte e três, por favor?”.

Foi nesse momento que a noite começou a ficar realmente melhor. Eles iam para o mesmo lugar. Quanto tempo será que um elevador gasta para ir do terceiro subsolo ao vigésimo terceiro andar?! A ela pareceu uma viagem longa… posto que o “deus grego” não tirava os olhos dela. De repente, ele pergunta: “Você não é a Bel?”.

E, sim, ela era a Bel. Bem… pelo menos ela era uma Bel. Mais por espanto do que por curiosidade, a pergunta voa de seus lábios: “Como é que você sabe o meu nome?”.

O fato é que não deu tempo de o gato responder. Nesse instante o elevador se abriu, ele segurou a porta para que ela passasse e tocou a campainha. O apartamento foi aberto por uma sorridente aniversariante que, ao se deparar com os dois juntos à sua porta, dispara: “Nossa Felipe! Não acredito que você encontrou a sua musa!!!”.

E foi a partir daí que uma história de amor teve início. A história entre duas pessoas improváveis que se descobriram num elevador. Ela descobriu que ele a cobiçava há muito tempo, graças a uma foto tirada na adolescência e que morava pendurada no quarto da amiga, em tributo à uma antiga amizade.

Ela descobriu que por trás daquele homem, cuja figura externa impactava, havia ainda um ser humano muito mais belo e interessante. Uma pessoa íntegra, inteligente, curiosa, bem-humorada e gentil. E se a viagem de ida no elevador pareceu interminável…. A viagem de volta, pareceu acontecer na velocidade de um raio; porque afinal de contas, os primeiros beijos costumam fazer as pessoas perderem a noção do tempo, não é mesmo?

Se durou para sempre?! Ahhhhh… eles ainda estão descobrindo.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Drive”

Tenho preguiça de quem tem sempre razão

Tenho preguiça de quem tem sempre razão

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

Conversa boa é aquela em que a gente troca, ensina e aprende na mesma disposição. Conversa boa é aquela em que a gente pode falar de dúvidas elementares e defender teorias espetaculares.
É a conversa que nutre, que a gente sai feliz por conhecer quem participou do bate papo.

Mas, e a conversa com quem tem sempre razão? Com quem vai aumentando a voz e trincando os dentes a cada contrariedade que sofre com o discurso alheio? Essa conversa, na boa, é daquelas de pedir licença para ir ali e não voltar mais.

A conversa com quem odeia tudo o que você diz que gosta. E justifica com argumentos que sugerem que você é uma pessoa inteiramente idiota.
A conversa com quem, na saída, já manda o “você não está entendendo”.
A conversa que se apoia no mau deboche (porque o bom deboche, é divertido).
A conversa com aquela figura que afirma que você não pensa o que acabou de dizer.

Gente, qual o propósito da comunicação, então? Me perdi.

Tenho uma preguiça cataléptica dessas conversas. Deve parecer covardia, falta de argumentos, aceitação da verdade alheia, mas não, é preguiça. É desânimo. É desconforto.

E a dó que a gente sente? Porque dá dó ver uma pessoa tão cega de razão. Ela fica cega mesmo! E brava! Porque defender a sua razão lhe custa batalhar pelo silêncio da plateia. E pelas palmas e ovações, que geralmente nunca chegam.

Eu tenho uma estratégia para essas situações. Nem sempre funciona, porque existem as provocações, as alfinetadas, os cutucões. Mas, na medida do possível, vou me calando, me distanciando, me esgueirando por outros pensamentos e paisagens, até que me faço parte nula da conversa, deixando clara e delicadamente que não tenho interesse em participar.

É bom fazer silêncio para deixar o outro ouvir a sua própria voz. Às vezes, dá certo, mesmo sem razão.

Tem gente que te enxerga de qualquer jeito, mas um dia alguém te enxergará do jeito certo

Tem gente que te enxerga de qualquer jeito, mas um dia alguém te enxergará do jeito certo

Tem gente que olha a cor do teu batom, mas esquece de ler as palavras da tua boca. Que brinca de adivinhar vontades, sem querê-las para si.

Essa gente não vai estar lá se um dia os castelos dos teus contos ruírem. Não estará lá se alguém quiser serrar teus sonhos ao meio.

Essa gente não sabe quantas lágrimas teu travesseiro bebeu. Não percebe o que te encanta. O que te fascina. O que te faz ser exatamente tudo o que é.

Essa gente é aquela gente que olha torto, que torce o nariz. É aquela gente que não entende por mais que você explique. E você já tentou explicar milhares de vezes. Essa gente não está nem aí, porque não sabe estar onde um ego inflado não cabe.

Tem gente que pede um colo, daí você dá. Tem gente que pede um ouvido, daí você escuta. Tem gente que pede uma outra chance. Então, você concede uma nova. Mas a recíproca nunca é verdadeira. É que tem gente que não sabe ser abrigo. Que não sabe fazer caber em si nada além de si mesmo.

Tem até quem te ame desleixado. Que fala que ama, depois volta atrás. Que te trata de qualquer jeito e que deseja te fazer menor para caber no mundo apertado dele. Daí você se encolhe. Você esvazia os pulmões para se fazer pequeno, mas não consegue ficar ali, ao lado de quem faz exigências tolas para te aceitar.

Tem gente que não consegue ler o teu olhar. Que não percebe o grito preso na tua garganta. Que vê você caído no chão e pergunta se precisa de algo, como quem pergunta se você precisa de uma bebida morna em um dia quente. Tem gente que não quer ajudar de verdade.

Ah, mas um dia, um dia assim sem mais nem menos, pelos corredores gelados da vida, teus olhos cruzarão com outros que te dirão risonhos ois, como se te esperassem por uma infinidade de tempo.

E você vai sentir uma ânsia louca de se atirar na beleza desse outro. Desse alguém que sabe das razões, que entende de sonhos, que respeita motivos e ama desmedido.

Um dia assim, sem querer, alguém quebrará os relógios do tempo e te fará eterno. Um dia alguém te enxergará do jeito que você merece ser enxergado e você vai esquecer de todos aqueles que, um dia, te viram tão errado.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

Calma, amor nenhum deve chegar às pressas. Encontre paz antes de qualquer começo

Calma, amor nenhum deve chegar às pressas. Encontre paz antes de qualquer começo

Tirando algumas exceções, não é como se o amor sempre batesse na porta e encontrasse um canto reservado e à espreita para acontecer. Porque colocar tudo de você, esperando e supondo, não fará com que ele chegue mais rápido. Amor nenhum deve chegar às pressas. Encontre paz antes de qualquer começo, antes de ser sorteado nessa romântica loteria.

O idealismo proposto pelo amor é tentador. Você imagina os carinhos e as trocas com alguém especial. As mensagens, as ligações para saber se está tudo bem. Vai levando ao pé da letra o manual da conquista e das etiquetas amorosas. Mas esquecemos do outro lado. Relacionamentos íntimos não são brinquedos de ego. Satisfazer o grande sonho do “amor de uma vida inteira” nem sempre trará a tranquilidade esperada. Talvez seja por isso que, depois de um tempo, amores terminem. Essa urgente expectativa maltrata até os menos sensitivos do encontro.

Em vez de maquinar no coração como estar junto é imprescindível, dê passagem para um pouco de solidão. Gaste um tempo consigo. Receba e admire o mundo de oportunidades apresentadas. Cuide da sua própria serenidade, antevendo uma possível premiação da vida. O amor é um conjunto de responsabilidades. Equilíbrio, entende?

Quem sabe, de repente os espaços de agora sejam motivos para inteiros mais adiante. Não dói ter cuidado. Cansativo é quando você ultrapassa etapas em nome do amor. É bem diferente de entrega, de permitir-se amar. Não pressione os organismos da felicidade. As nuances do romantismo também respiram por aparelhos, se você deixar.

Calma, nada de pânico. Você quer ver, sentir e tocar o amor com a máxima passada pelas novelas e filmes hollywoodianos. O amor não é um abismo no qual você é empurrado, assim, uma única vez. O amor ainda é um bicho indefinido e impreciso. Compreendê-lo leva tempo e saudade. Por isso ser harmonia é tão essencial antes do início de qualquer caso de amor.

Imagem de capa: Before We Go (2015) – Dir. Chris Evans

A vida é o maior dos espetáculos. Ela merece ser protagonizada por você!

A vida é o maior dos espetáculos. Ela merece ser protagonizada por você!

Imagem de capa: sniegirova mariia/shutterstock

Uma queixa recorrente entre as pessoas que já optaram por um tratamento psicológico e, em seguida, desistiram é a de que o profissional não lhes deu nenhum conselho, não resolveu seus problemas, não lhes mostrou um caminho claro para a solução de seus conflitos. Com base neste tipo de argumento, estas pessoas dizem que o psicólogo não lhes ajudou em nada.

Um detalhe importante sobre um tratamento psicológico, de que normalmente as pessoas não são cientes: boa parte dos profissionais em psicologia atuam com base em abordagens não-diretivas.

O que é uma abordagem não-diretiva? É uma abordagem que parte da premissa de que o cliente/paciente é a pessoa mais capacitada para saber e entender o que é melhor para ele. Sendo assim, é normal que o psicólogo se posicione como facilitador do processo em que seu cliente/paciente se descobre, entende-se, assume as rédeas de sua própria vida e, com base nisso, faz suas próprias escolhas e assume suas consequências.

O inconveniente, aqui, é que temos medo da responsabilidade da escolha, temos uma dificuldade imensa no que diz respeito a abrir mão. Pior: temos pavor de ter que assumir as consequências de nossas decisões.

Em terras como essa, reinam os grandes líderes religiosos ou políticos, imperam os livros de auto ajuda e se destacam as figuras que fabricam regras e apontam verdades prontas. Assim, ao menos não precisamos quebrar a cabeça com nossas decisões e, se algo der errado, a culpa não foi nossa.

Ora, que psicólogo o quê! Precisamos é de um YouTuber que nos diga como dar rumo à nossa vida, de um amigo bom de conselhos, que aponte a luz no fim do túnel, de um livro recheado com frases e conclusões de efeito para resolver nossos conflitos.

Augusto Boal – dramaturgo e personagem que merece destaque na luta contra a ditadura – falava muito sobre o protagonismo social. Boal usava o teatro como ferramenta para promover mudanças sociais. Em resumo, a ideia era a seguinte: ao passo que assumimos o protagonismo da peça que é nossa vida, tornamo-nos capazes de transformá-la.

Não é difícil sair da esfera social e aplicar tal conceito à esfera individual. Na peça, que é a vida de cada um, é importante que saibamos exercer nosso papel: o principal. Para isso, a independência e autonomia são indispensáveis. O preço da liberdade e autonomia, no que se refere à nossa caminhada, são as consequências de nossas escolhas.

Por outro lado, o valor que se paga por abdicar dessa independência me parece maior. Isto corresponderia a abrir mão da própria capacidade de trilhar sua estrada, ao seguir cegamente a multidão. Ser coadjuvante na própria história.

É relevante ressaltar que somos todos seres sociais e as pessoas ao nosso redor indubitavelmente exercem influência sobre nossas vidas. Apesar disso, cada ser humano é um universo e, nesse universo, os exploradores mais experientes somos nós mesmos. Quem mais indicado para opinar e decidir sobre seu universo do que você mesmo?

Então, não se aborreça, caso seu psicólogo seja semi ou não-diretivo e não tenha a chave para solução de todos os enigmas do mundo. Simplesmente se deixe levar pelas técnicas que ele usar e protagonize a terapia. Mostre-se, descubra-se, imponha-se. Isso se aplica também ao mundo lá fora, às suas escolhas, a seus conflitos, à sua vida que, por sinal, é o maior dos espetáculos e – aqui me permitirei ser diretiva – merece ser protagonizada por você.

Pão com queijo. O que isso tem a ver com a sua vida?

Pão com queijo. O que isso tem a ver com a sua vida?

Imagem de capa: Aleksandr Markin/shutterstock

Durante anos o meu café da manhã, e o meu café da tarde, foi uma fatia de pão integral torrado com requeijão, e café.

Depois de comer o pão torrado com requeijão, eu comia uma fatia de queijo branco derretido. Como prêmio de consolação.

Até que a Sandra me levou, em Americana, a um misto de restaurante, padaria e doçaria.

Olhei para o cardápio cheio de delícias fotografadas e pedi aquele cuja foto me pareceu simpática. Junto da imagem estava escrito: “o mais pedido no horário das 15.”

É a hora do meu café. Pensei: que saudades do meu café. Nem peço café quando vou por ai, porque ninguém sabe fazer o meu café.

Quando o pedido chegou descobri que nada mais era do que uma baguete de pão integral com requeijão e queijo branco derretido. Deliciosa!

Fez-se a luz: e se eu chegasse em casa e fizesse a minha torrada de pão integral (pão de forma mesmo) com requeijão, e adicionasse o queijo branco, exatamente como havia comido, o resultado seria igual?

Foi o que fiz, e desde então, nunca mais separei a dobradinha. Ganhei em sabor e para ficar mais próximo possível do original, fiz o que eles fizeram: serviram as duas metades separadas.

Usei duas fatias de pão integral, lambuzadas de requeijão com a sua respectiva fatia de queijo quente. Separadas. O queijo por cima.

E animada com o resultado, inventei de colocar dois tomatinhos cerejas previamente esquentados no forno.
No capricho!

Isso me fez pensar: quantas coisas fazemos no automático e nos descuidamos dos detalhes.

Mas o requinte está nos detalhes! E nesse sentido, o sabor melhora com o requinte! Ignorar detalhes é perder sabor. Todo chefe de cozinha sabe disso e -por saber- nos parece tão afrescalhado, com suas exigências que nos soam descabidas.

Resumidos que somos. Mas não é só isso. A questão é mais profunda.

Envolve fundamentos da neurolinguística.
Envolve cultura.
Envolve tradição.
E envolve algum resquício de culpa, de dever, de negação de prazer.

No meu caso, ao comer o pão separado do queijo, inconscientemente, eu estava fazendo uma coisa que sempre faço, desde a infância: escolhendo o que é ruim primeiro, e deixando o gostoso para o fim.

Ao fazer isso, eu engolia o pão seco, levemente lambuzado de requeijão, e pensava: daqui a pouco eu ganho uma fatia de queijo branco derretido.

Daqui a pouco. Agora não posso. Agora ainda não mereço. Primeiro o dever, depois o prazer.

Foi assim que me ensinaram e que fui condicionada a pensar: Deus fez o mundo em 6 dias, e no sétimo, descansou. Só não me falaram que Deus vive tudo ao mesmo tempo, e que o tempo de Deus não tem passado e nem futuro, é um eterno HOJE E AGORA.

Compartimentando a comida em categorias estanques, estendi a mesma ideia para outras coisas da minha vida: a melhor roupa fica para os dias especiais, há roupas para ficar em casa, e há roupas para sair.

De manhã, devo fazer tudo o que não gosto, à tarde fico livre para fazer tudo o que gosto. E como sou essencialmente matutina, o que não faço de manhã, acabo não fazendo a tarde, e deixo para lá o que gostaria de ter feito.

Esses esquemas de sabotagem que montamos para o nosso funcionamento nos fazem totalmente previsíveis e robóticos.
Mas é assim que funcionamos a contento. E a contento significa: fazendo tudo do mesmo jeito que sempre fizemos.

Não passa pela nossa cabeça juntar o pão torrado com o queijo e comer tudo junto.

E só mesmo quando alguém ousa quebrar os nossos paradigmas, a gente engole. Engole e gosta.

E pensa: como não pensei nisso antes?

Não queira de volta quem poderia ter ficado e preferiu partir

Não queira de volta quem poderia ter ficado e preferiu partir

Imagem de capa: Babich Alexander/Shutterstock

Ficarmos presos emocionalmente, de alguma forma, a alguém que já saiu de nossas vidas, será danoso ao nosso seguir adiante, pois o peso do que é mal resolvido atrapalha a nossa clareza quanto às novas possibilidades que existem por aí.

Por mais que desejemos permanência, por mais que nos doemos, que compartilhemos, que nos disponhamos a dividir o nosso melhor com alguém, algumas pessoas simplesmente sairão de nossas vidas, sem motivo aparente. Amigos ou amores, não poderemos estar seguros de que continuarão caminhando conosco por toda a nossa vida. E isso dói.

Dói o afastamento, seja forçado, seja natural, seja por qual motivo for. Seremos obrigados a nos separar de quem amamos muito, muitas vezes porque a vida assim nos obriga, após o término da escola e da faculdade, quando mudamos de emprego, de casa, de cidade, de planos. Somos todos os momentos que nos preenchem e que devem ser sorvidos enquanto acontecem, porque tudo passa, mas o que fica dentro de nós faz toda a diferença em nosso prosseguir.

Por outro lado, também existirão aqueles que irão embora à nossa revelia, que poderiam ficar, pois queríamos que ficassem, mas, mesmo assim, preferirão nos deixar para trás. Ninguém tem a obrigação de ficar onde não quiser, porém, quem fica também não terá o dever de aceitar a partida alheia, a ponto de voltar a receber de volta quem deixou para trás nada mais do que mágoa e decepção. Teremos que aceitar a decisão de quem foi, para que sobrevivamos, mas resguardando, sempre, a nossa dignidade.

Ficarmos presos emocionalmente, de alguma forma, a alguém que já saiu de nossas vidas, será danoso ao nosso seguir adiante, pois o peso do que é mal resolvido atrapalha a nossa clareza quanto às novas possibilidades que existem por aí. Portanto, é preciso deixar ir quem não quiser mais ficar, embora doa, ainda que machuque, mesmo que leve junto um pedaço da gente. Só não devemos ficar esperando voltar quem quis partir, pois isso acaba com qualquer autoestima, emperrando a felicidade de quem quer que seja.

Embora, muitas vezes, haja reencontros que fazem bem, após um tempo de separação em que ambas as partes se aprimoram e maturam os sentimentos dentro de si, tornando-se, então, prontos para se abraçarem com verdade e despidos de rusgas que já se digeriram em favor de uma volta benéfica, a maioria das separações deverá ser encarada como um fim necessário para um recomeço mais feliz. Trata-se, nesses casos, daquela velha história: se não quis sob chuva, que não volte quando houver sol. Porque certas pessoas simplesmente não mudam. Jamais mudarão.

Sabe aquele amor que você tanto procura? Pode estar no espelho que você nunca olha

Sabe aquele amor que você tanto procura? Pode estar no espelho que você nunca olha

Imagem de capa: PANIGALE/shutterstock

Acredita-se tudo está, sempre, nas mãos do outro: a felicidade amorosa, a aprovação do próprio comportamento e o sonho em ser feliz, como se o aval alheio fosse primordial para a nossa liberdade.

Se entendermos que a condição humana é imperfeita e que ninguém tem o direito de nos julgar, seríamos, no mínimo, mais felizes, e não nos sentiríamos inferiores e isolados uns dos outros. Entender que, cabe a nós o desenvolvimento do amor próprio e da autoestima, é se conscientizar do valor que temos, além respeitar a história de vida que construímos até aqui.

Pouco importa se o outro não te acha interessante, se não te considera inteligente ou se acha que você não é bonita suficiente para lhe acompanhar no jantar da empresa. O que importa é quem você É e o que você sabe a SEU respeito e não o que um estranho pensa sobre você.

De todos os sentimentos humanos, dois deles você nunca deve admitir sentir: a autocompaixão e o desamor próprio. Quando a autocompaixão corresponde a um sentimento de ternura e de cuidado próprio, é até aceitável. Porém, na maioria das vezes, o que as pessoas sentem é uma autopiedade misturado a um sentimento de depressão que as fazem aceitar qualquer coisa na vida, como se não fossem merecedoras de nada melhor.

Kristin Neff, uma das principais referências em autocompaixão na atualidade afirmava que não há “autocompaixão não exige que nos avaliemos positivamente ou que nos vejamos como melhores do que outros. Pelo contrário, as emoções positivas da autocompaixão surgem exatamente quando a autoestima cai. Quando não atendemos a nossas expectativas ou falhamos de alguma forma’.

Hellen Keller, escritora e conferencista americana, foi a primeira mulher portadora de deficiência visual e auditiva a conseguir diploma de bacharelado e afirmava que “a autocompaixão é o nosso pior inimigo, e se nos rendermos a ele nunca poderemos fazer nada de sensato neste mundo”.

Entenda que não existe um ponto de referência de beleza, de profissionalismo e de inteligência. Esse ponto é você e o quão é capaz de superar suas dificuldades diárias. A superação é entre o que você é e o melhor que pode ser, e só. Enquanto você não esconder as suas verdades, por medo da opinião pública, não conseguirá encontrará a liberdade e, consequentemente, nunca será completamente feliz.

Olhe no espelho e reflita: quem é você? Que caminhos percorreu até aqui? Que marcas seu corpo traz de superação? Que traços de verdades você carrega no rosto? Quais são as consequências de ter sido tão dura consigo até hoje? Por que deixa seu passado influenciar sua vida? Por que não se acha merecedora de uma vida melhor?

Será que não está na hora de olhar com menos rigor para sua essência e com mais amor para sua história? Você é linda, guerreira, sensata e única. Faça as pazes com o espelho e tenha coragem de olhar com mais frequência para ele. Lembre-se da famosa de Rubem Alves: “Os olhos são pintores: eles pintam o mundo de fora com as cores que moram dentro deles. Olho luminoso vê mundo colorido; olho trevoso vê mundo escuro”.

Seja crítico consigo, mas não cruel. Realista, mas não a ponto de não enxergar as próprias qualidades. Entenda que você só será amada pelos outros, quando for capaz de se amar primeiro.

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