Noiva em confluência

Noiva em confluência

Noiva em Fuga (Runaway Bride) é um longa de comédia romântica que recheia a lista de clássicos românticos da década de 90, foi pouco aclamado pela crítica, e traz pouca novidade para um gênero onde sobram clichês e falta originalidade de roteiro.

Protagonizado por Richard Gere e Julia Roberts, conta a história da jovem Maggie que fica falada em sua pequena e pacata cidade por fugir do altar três vezes consecutivas. Ike Graham, é um repórter de Nova York que quer salvar sua decadente carreira e resolve escrever a história da famosa “noiva em fuga”. Dentro dos exemplos de mecanismos de evitação de contato na Gestalt-terapia, podemos dizer que Maggie faz confluência.

A confluência foi um dos primeiros mecanismos de evitação de contato descritos por Perls, ele a explicou como sendo o tipo de interação em que o indivíduo não sente haver uma barreira entre ele e seu meio, quando sente que ele próprio e o meio são um só. Em estado patológico de confluência, a pessoa não consegue fazer contato consigo mesma, nem distinguir-se do meio. Em termos mais simplificados, confluir é perder-se no outro, portanto sua polaridade é o “isolamento”.

Um indivíduo quando conflui é aquele que sempre se esforça ou muda para agradar ao outro, que tem dificuldade de se posicionar ou agir quando suas ideias destoam do todo e prefere sempre evitar conflitos. A cena clássica do filme é quando Ike confronta Maggie sobre como ela gosta de comer ovos no café da manhã. Ao estudar seus relacionamentos passados ele descobre que ela gosta ovos de acordo com o que cada noivo prefere. “Você é a mulher mais perdida que conheço, tão perdida que não sabe nem como quer comer ovos! Com o padre, eram mexidos; com o hippie eram fritos; com o outro, eram escaldados, e agora, só com claras!”

Uma metáfora clássica para pessoas em confluência, que geralmente perdem-se mais ainda quando se apaixonam. Relacionar-se certamente inclui o movimento de moldar-se ao outro, faz parte de um bom contato e do crescimento da relação mudar, ceder, negociar. Mas, existe uma dose saudável para isso, que depende de cada pessoa e relação. O que não é saudável é tornar-se igual ou o que o outro deseja para agradá-lo. No fim das contas ninguém (em sanidade mental) gosta do que não é autêntico. Na maioria das vezes os relacionamentos com pessoas confluentes acabam justamente porque é cansativo e entediante relacionar-se com alguém que não tem opinião própria, nem firmeza de querer. A mesmice não gera crescimento nem mudança, só fazemos contato com aquilo que nos é diferente.

A jornada da “Noiva em Fuga” é interessante do ponto de vista da psicologia, pois no decorrer da historia ela se dá conta que precisa conhecer melhor sobre si antes de relacionar-se. Trata-se daquele antigo clichê, que merece ser revisitado. Para amar o outro, ela precisa antes descobrir quem é, o que gosta, o que quer. Conhecer suas fronteiras, e tornar-se inteira. “Queria dizer a você sobre porque fujo, às vezes, corro das coisas, quando eu caminhava até o altar, era para alguém que não fazia ideia de quem eu era realmente. E só a metade da culpa era dele, pois fiz todo o possível para convencê-lo de que eu era exatamente o que ele queria. Então, foi bom eu não ter levado adiante, porque teria sido uma mentira. Adoro ovos mexidos! Odeio todos os outros!”

Como todos os mecanismos de contato, a confluência também pode ser funcional, é importante e nobre cedermos em prol do outro, e muitas vezes evitar conflitos e discussões que não são importantes. “Escolher nossas batalhas” (pick your battles), mas para isso antes precisamos descobrir quais são nossas batalhas. O convite ao padrão confluente é aprender sobre si, experimentar coisas novas, pensar e decidir sem a interferência de outros ou a preocupação excessiva em agradar. Começa passando por gostos simples, como preparo de ovos, mas inclui também questões importantes como estilo de vida, sonhos, desejos, valores e crenças.

Imagem de capa: Reprodução

O amor nasce nas pequenas coisas.

O amor nasce nas pequenas coisas.

Bonito é vê-la acordando, vestindo minha velha camiseta amarela e suas meias cinza, grossas e quentinhas aquecendo os pés. Bonito é perceber o abrir de seus olhos, vê-los me encontrar e ganhar seu sorriso meio sem graça porque está despenteada. Nos dias frios ela se aninha em mim, ganho seu calor, sinto seu cheiro, um do outro, assim que é. Bonito é vê-la levantar cheia de preguiça boa e ela tem um espreguiçar tão bonito, mãos pra cima ganhando o céu, um gemidinho dengoso de mocinha tímida, mas um ajeitar de cabelo sexy que só vendo. Bonito é seu pé com chinelo e meia, é minha camiseta amassada em sua pele, é seu rosto natural, é a vida sendo normal. Bonito é viver a dois, assim “feijão com arroz”, mistura, sabor, harmonia. A gente divide o café, a gente divide o pão, divide o coração, a gente divide a vida. Pois um dia se descobre que é a simplicidade que rega o amor, que é na conquista bonita de cada dia que ele cresce, que é em cada pequeno detalhe, em cada pequeno toque que ele se renasce.

Precisamos de alguém assim, que nos equilibre na balança das relações. Dois corações. Nem mais, nem menos. Nem muito, nem pouco. Quando encontramos alguém que nos espelha, tudo que nos rodeia se torna cor, tudo que brota na alma é amor, todo toque é quente, fervor. Quando nos vemos refletidos em outros olhos, é sinal de que nossa aliança espiritual foi encontrada. O amor sempre vem. Nunca procure, nunca se faça buscar. É nas curvas do mundo e nas certezas do tempo, que aquele que vai te flamejar a vida vai te descobrir e, da mesma forma, você o descobrirá. Quando esse amor nascer, não haverá cicatrizes, nem lembranças, nem passado. Haverá você e ele, um futuro, um do outro, lado a lado.

Bonito mesmo é essa beleza crua, exposta, sem retoques. A gente se apaixona mesmo é pelo olhar que nos procura, pelo sorriso que nos encanta, pela voz que nos cativa. Roupas e maquiagens até atraem, mas o que faz ficar é essa essência do ser belo no simples, do ser cativante na rotina, do ser apaixonante toda vida. A beleza do corpo pode até ser o convite, mas é na beleza da alma que a gente faz moradia, é nela que a gente entra e quer ficar. O que está dentro é o que conquista, é o que agarra, é o que brilha, é o que faz cada história se eternizar.

Imagem de capa: George Rudy/shutterstock

Quando somos mais frágeis do que queremos admitir

Quando somos mais frágeis do que queremos admitir

Embora distintas, a fragilidade é frequentemente confundida com a fraqueza, já que ambas envolvem sentimentos intensos e cautela em sentí-los. Porém, ser frágil é muito diferente de ser fraco. O primeiro significa ser capaz de experimentar sentimentos nobres, mas não ter coragem de vivê-los por diversos motivos. Pessoas frágeis geralmente criam uma espécie de “couraça” com o objetivo de não sofrerem nunca mais e por mais ninguém. Já as pessoas fracas são pessoas perigosas que, com medo de enfrentarem situações cotidianas, colocam no outro as culpas que deveriam carregar.

Todos nós somos frágeis por natureza. Tememos perder as vidas de quem amamos, choramos em despedidas necessárias (e desnecessárias) e nos desesperamos quando nos tiram da nossa zona de conforto. Porém, envolvidos pelo medo, muitas vezes, deixamos de valorizar o essencial e esquecemos o que, realmente, importa.

Dostoievski, escritor russo, trata do tema com maestria em O Idiota (1869). No romance de 700 páginas, que narra a história do retorno do jovem Míchkin à Rússia, após vários anos de internação na Suíça (para tratamento da epilepsia), e de seu envolvimento em um triângulo amoroso, o leitor é levado a refletir sobre a fragilidade que envolve a própria vida.

As reflexões ficam mais evidentes em dois momentos da obra. O primeiro quando o protagonista fica frente a frente com a morte, ao ser condenado por fuzilamento e, isso, é o bastante para levá-lo a refletir sobre tudo o que fizera na vida até então. O segundo momento acontece quando, no último instante, as autoridades mudam a pena de morte para prisão e serviços forçados na Sibéria. Perante a situação, o protagonista percebe que ganhou uma segunda chance de vida e começa a vê-la de outra forma: “tudo será meu! Eu transformarei cada minuto em outras tantas eternidades! Não desperdiçarei um segundo sequer! Contarei cada minuto que for passando, sem desperdiçar um único!”.

De uma forma literária, Dostoievski nos leva a refletir sobre como a vulnerabilidade e a fragilidade humana refletem em nosso comportamento. Por que esperamos a perda para valorizar um amor? Por que esperamos a doença para valorizar a saúde? Por que esperamos a ausência para valorizar a presença?

Perguntas difíceis, respostas piores. Acredito que a maioria delas encontram-se dentro de nós mesmos, já que somos reflexos daquilo que acreditamos e reféns daquilo que fazemos.

A vida exige coragem, mas também exige percepção. É preciso enxergarmos além do óbvio, valorizarmos o dia de hoje e sermos gratos pelas pequenas (que se tornam grandes) bênçãos. Se é verdade que somos frágeis por natureza, é verdade, também, que somos fortes por opção.

Imagem de capa: Angelo Cordeschi/shutterstock

A mensagem que Jorge Luis Borges nos deixou sobre a amizade

A mensagem que Jorge Luis Borges nos deixou sobre a amizade

“Existem pessoas em nossas vidas que nos fazem felizes pela simples casualidade de cruzarem nosso caminho. Algumas percorrem esse caminho ao nosso lado, vendo muitas luas passar, mas outras acabamos vendo apenas entre um passo e outro. A todas essas pessoas chamamos de amigos, e há muitos tipos deles.

Talvez, cada folha de uma árvore caracterize um de nossos amigos. O primeiro que nasce do broto é aquele tipo de amigo que nos mostra o que é a vida. Depois vêm os amigos irmãos, com os quais dividimos nosso espaço para que possam florescer conosco.

Passamos a conhecer toda a família de folhas, as quais respeitamos e queremos bem. Mas o destino nos apresenta outros amigos, os quais não sabíamos que cruzariam nosso caminho. Denominamos muitos deles como amigos de alma, de coração. São sinceros, verdadeiros, sabem quando não estamos bem, sabem o que nos faz felizes.

E às vezes um desses amigos da alma estala em nosso coração, e então é chamado de amigo apaixonado. Esse faz nossos olhos brilharem, é como música em nossos lábios, um salto, como se nossos pés flutuassem. Mas também existem aqueles amigos que ficam só um tempo, talvez em uma viagem de férias ou por alguns dias, ou horas. Esses costumam colocar muitos sorrisos em nosso rosto durante o tempo que estão próximos.

E falando em proximidade… não podemos nos esquecer daqueles amigos distantes, que estão na ponta dos ramos de nossa árvore e que quando o vendo sopra, sempre aparecem entre uma folha e outra.

O tempo passa, o verão se vai, o outono se aproxima e perdemos algumas das folhas, algumas nascem no próximo verão e outras permanecem por muitas estações. Mas o que nos deixa mais felizes é que as folhas que caíram continuam próximas, alimentando nossa raiz com alegria. São lembranças de momentos maravilhosos de quando essas pessoas cruzaram nosso caminho.

Te desejo, folha de minha árvore, amor, saúde, sorte e prosperidade. Hoje e sempre… simplesmente porque cada pessoa que passa por nossa vida é única. Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.

Haverá aqueles que levarão muito, mas nunca haverá alguém que não nos deixe nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente de que duas almas não se encontram por acaso. ”

A árvore dos amigos, de Jorge Luis Borges.

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Se não me quis sob chuva, não apareça quando fizer sol

Se não me quis sob chuva, não apareça quando fizer sol

É tão fácil ser feliz e gostar das pessoas quando tudo vai bem, quando não há problemas, quando a grana não está curta, ou seja, muito da calmaria interior tem a ver com o tempo lá de fora. Por isso é que poucos relacionamentos, sejam eles de amizade, de trabalho, de amor, conseguem atravessar os piores momentos que toda e qualquer vida irá apresentar.

Nós não estamos acostumados a sofrer, pois, desde pequenos, vamos sendo poupados das dores físicas e emocionais, por parte, principalmente, de nossos pais. Nosso choro, desde a mais tenra idade, é entendido como uma poderosa força que nos livra de problemas. Vamos crescendo sob a proteção, muitas vezes exagerada, daqueles que nos guardam sob suas poderosas asas.

No tempo atual, principalmente, há muita superproteção em torno das crianças, muito provavelmente porque essa vida corrida obriga pais e mães a passarem muito tempo fora de casa, o que lhes deixa com sentimento de culpa, mesmo que inconscientemente. E, então, vão mimando os filhos exageradamente no pouco tempo juntos que lhes resta, preparando os adultos mimados que serão.

Muitas pessoas acabam se tornando adultos intolerantes com qualquer frustração com que se deparam, não conseguindo lidar com os inúmeros “nãos” que a vida se encarrega de nos trazer, inevitavelmente. Em vez de tentar digerir a dor, com os sentimentos que se tem, recorre-se a pílulas, a bebidas ou a qualquer outra substância que amorteça os sentidos. Infelizmente, isso jamais será capaz de trazer amadurecimento e fortalecimento interior a qualquer pessoa.

Por isso é que, em vez de enfrentarmos a dor e a frustração com a cara limpa e a coragem de nossas verdades, muitos de nós acabamos por fugir ao que se coloca à nossa frente, desviando-nos do que deve ser encarado e resolvido, seguindo por outros caminhos, que apenas camuflam os problemas que continuarão ali, minando nossas forças e nos impedindo de crescer.

E é assim que muitos relacionamentos acabam terminando, mesmo quando ainda existe amor, mesmo quando há tanta coisa boa a ser partilhada, ainda que houvesse soluções que pudessem manter as pessoas juntas. Muita gente prefere cair fora, desistir, partir para outra, porque dói manter as mãos entrelaçadas enquanto chove torrencialmente sobre nossas cabeças. E a gente rompe, anda para trás, deixa o outro sozinho, enquanto inutilmente acaba levando o problema, aqui dentro, aonde quer que estejamos indo.

Caso sejamos nós deixados para trás por conta da covardia do parceiro, que não ficou para enfrentar junto o que poderia ter sido feito, teremos que esquecer e continuar, sem esperar de volta quem optou por seguir pelo outro lado, sozinho. Já era, já foi. Então será o momento de nos recompormos e de, novamente inteiros, partirmos em busca do verdadeiro amor de nossas vidas, um amor que nos acolherá com verdade e reciprocidade, faça chuva, faça sol. E assim será.

Imagem de capa: Ben Horder/shutterstock

10 sinais de que você não está feliz

10 sinais de que você não está feliz

Existem inúmeras maneiras de pedir socorro, sendo que apenas algumas são claras.

Todos nós podemos passar por momentos mais difíceis , mas quando esses momentos passam a ser uma constante em nossa vida e se arrastam durante a maior parte do tempo -e por várias semanas- pode ser a hora de pedir ajuda. Abaixo, segue uma lista que aparece em um dos textos do site A Mente é Maravilhosa e que transcrevo para vocês.

Leiam com atenção:

1 – Você sente que as outras pessoas são muito melhores do que você: pode ser no trabalho, na sua família ou na faculdade. Não acha que você é tão bom quanto eles em vários aspectos ou mesmo em todos os casos?.

2 – Anseia “estar em serviço”: ou seja, você quer entrar em ação, fazer algo diferente, servir para alguma coisa, mas não tem a menor ideia sobre como você pode contribuir para a sua cidade, seu país e por que isso é importante.

3 – Luta para alcançar a perfeição: que obviamente é impossível de alcançar, pois está cada vez mais distante. Sua meta pode ser, por exemplo, ter o corpo como as atrizes da televisão, conseguir o emprego que tem o seu irmão, conquistar um salário como o do seu amigo, ter uma casa parecida com a das revistas de decoração, e a lista continua…

4 – Seus medos o impedem de viver “bem”: pode ser que você tenha medo de criar a sua empresa, de apresentar a sua iniciativa, de dar o grande salto e conversar com seu chefe para que lhe dê um aumento, ou com a garota que você ama tanto. Você tem mais medo do que poderia acabar perdendo do que alegria pelo que poderia ganhar.

5 – Está sempre preocupado: você não é inteligente ou bom o suficiente, você não está exatamente magro ou jovem, não sabe o que vai acontecer com a economia, o que vai acontecer se perder o emprego, o que poderia acontecer se for viajar, etc.

6 – Você se sente uma vítima das circunstâncias e tudo está fora de seu controle. Esta postura, que poderia ser chamada de “confortável”, não lhe permite avançar ou moldar o seu próprio destino.

7 – Acha que sua vida cotidiana não tem sentido: a rotina lhe prejudica profundamente, você odeia fazer sempre o mesmo, odeia o caminho que você faz todos os dias para ir trabalhar, comer na casa de seus sogros aos domingos, nos sábados ir ao mercado, etc. Comece por mudar algo dessa “agenda” auto-imposta e dedique-se a desfrutar algo diferente.

8 – Você é pessimista: ou não tem esperança em nada. Por que vou me esforçar, se a economia é um desastre? Para que vou estudar se os graduados não conseguem bons empregos? De que me serve sempre chegar cedo? Estas podem ser algumas das suas frases de cabeceira.

9 –Tenta encaixar e pertencer: pode ser ao grupo de colegas do trabalho ou da faculdade que não “combinam” com as suas preferências ou seus gostos, mas mesmo assim você se esforça para estar ali entre eles. Você vai começar a ouvir uma música da qual você não gosta, vestir-se como não quer (ou não pode pagar) ir a lugares dos quais você não gosta… como resultado, acabará sendo alguém muito diferente de quem você era.

10- Sofre com uma grande variedade de sintomas físicos: pode ser fadiga, dores musculares ou articulares, insônia, perda de apetite, acne excessiva, sono, dor de cabeça, falta de energia ou de vontade de fazer algo, sintomas gastrointestinais, etc. O corpo de alguma forma tem que “expor” o que acontece. Preste atenção a estes sinais.

Imagem de capa: Aleshyn_Andrei/shutterstock

Alerta! Jovens com acne têm 63% mais chances de ficarem deprimidos

Alerta! Jovens com acne têm 63% mais chances de ficarem deprimidos

Nem sempre o que parece “só uma fase” pode ser algo inofensivo.

O que diz a ciência

Em matéria publicada em seu blog na Uol, o psicólogo Cristiano Nabuco apresentou os resultados de um estudo feito a partir de uma série de fontes, incluindo também uma consulta a uma ampla base de dados do Reino Unido (The Health Improvement Network – THIN), dentro de um intervalo de análise de 26 anos.

Com dados bastante relevantes, o estudo foi publicado pelo The British Journal of Dermatology e os resultados indicaram que pessoas com acne possuem um risco bem mais acentuado de desenvolver depressão, principalmente após um ano do diagnóstico da acne.

Os pacientes com acne, segundo os resultados das pesquisas,  apresentaram, nesse período, um risco 63% maior de ter depressão, em comparação com indivíduos sem acne.

Como são os jovens nessa fase

É importante que tenhamos em mente que a adolescência é o período onde acontecem significativas mudanças corporais decorrentes da influência hormonal que permeia a transição da infância para a juventude. Somado a isso também é a fase onde os jovens buscam identificação entre seus pares e uma melhor definição de sua própria personalidade. A acne, então, poderia intervir como um dificultador da integração desse jovem que passa a ser menos aceito esteticamente tanto por si mesmo quanto pelos seus pares, o que certamente poderia ampliar seu sofrimento.

O que fazer

Os pais devem estar atentos para as mudanças de humor dos adolescentes e não considerar todas as suas oscilações simplesmente como uma fase (é sempre necessário cuidado antes de generalizações). É importante que os pais estejam atentos ao tempo em que o jovem permanece mais deprimido e em seus comportamentos e falas, de maneira geral. Se o comportamento deprimido (evitar amigos, evitar fotografias, queda no rendimento escolar, dormir demais, choro fora de contexto ou explosões acontecer com frequência por várias semanas, é necessário uma avaliação especializada). Também é importante que os pais estejam atentos e ajudem os jovens a tratar a acne, caso isso os incomode, uma vez que existem tratamento que podem minimizar bastante os seus efeitos estéticos que influenciam na socialização e na autoaceitação pessoal.

Imagem de capa:  surowa/shutterstock

O conceito de uma vida boa foi substituído pela de uma vida a ser invejada.

O conceito de uma vida boa foi substituído pela de uma vida a ser invejada.

O psicanalista inglês Adam Phillips, analisa que hoje as pessoas têm mais medo de morrer do que no passado, manifestando uma preocupação descomunal com o envelhecimento, com acidentes, doenças, etc, como se o mundo pudesse existir sem essas coisas. Phillips também descreve que o conceito de uma vida boa foi substituído pela de uma vida a ser invejada. É por isso que temos muitos programas sobre a vida das celebridades, pois existem pessoas que necessitam viver a vida dos outros, uma vez que não conseguem lidar com a sua própria existência.

Na questão da sexualidade todo mundo fala de sexo, mas ninguém diz nada saudável. Uma conversa estereotipada atrás da outra, como expõe a grande mídia, exibindo até mesmo um reality show que apresentou cenas incestuosos entre os participantes, como se fosse uma coisa a ser invejada. Como diz o sociólogo Zygmunt Bauman: “A incerteza diante do futuro pode explicar o aumento do uso de antidepressivos e a intensa busca por entretenimento como formas de afastar essa sensação. ”

Na mesma linha de raciocínio de Bauman, o psicanalista inglês constata que estamos cada vez mais infelizes, com o estilo de vida que levamos, sendo por isso que nos consultórios, qualquer tristeza é chamada de depressão. Isto é, sentimentos que deveriam ser lidados com parte da natureza humana. Assim difunde-se a ideia de que existe um “gene” que poderia explicar o alcoolismo, o sofrimento psíquico, a infelicidade, a falta de atenção, a tristeza, etc, que transformariam os pacientes em portadores de distúrbios de comportamento e de aprendizagem.

No século 14, se as pessoas fossem perguntadas sobre o que queriam da vida, diriam que buscavam a salvação divina. Hoje a resposta é: ser rico e famoso. Por essa razão que a teologia da prosperidade lota os templos de fiéis, que são sugestionadas acreditar que Deus dá cura imediata das doenças, dá carros, dá casas e dá o sucesso aos crentes. Uma riqueza invejada, que se evapora, porque não está alicerçada nos ensinamentos e na vida de Cristo.

Podemos entender isso, utilizando uma metáfora de Bauman, que diz quando a utopia passa a ser deixada de lado na sociedade líquida, o caçador volta a tomar lugar do jardineiro e as regras fixas do equilíbrio da natureza voltar a produzir formas variadas e variantes, em que a condição humana volta a ser dominada por uma angustia e insegurança insustentáveis. Então, busca-se as respostas, aqui e agora, nos modelos de vida a ser invejados.

No entanto, os pais e a escola têm inteligência para criticar esse conceito de vida a ser invejada, como propõe Phillips: “Precisamos educar as crianças a interpretar a cultura em que vivemos, ensiná-las a ser críticas, mostrar que as propagandas não são ordens e devem ser analisadas. Uma coisa precisa ficar clara de uma vez por todas: embora reclamem, as crianças dependem do controle dos adultos”.

Imagem de capa: Shutterstock/Mila Supinskaya Glashchenko

20 dicas que mostram que Minimalismo não é radicalismo e você pode aderir

20 dicas que mostram que Minimalismo não é radicalismo e você pode aderir

Uma das palavras da moda, o minimalismo, é uma resposta à cultura dos excessos e busca um equilíbrio saudável onde a pessoa tenha uma quantidade menor de coisas sem se apegar aos exageros do consumismo. Ser minimalista não significa passar necessidade e sim aprender a priorizar o que realmente é importante. O movimento também é derivado de uma retomada interna do questionamento sobre o que traz felicidade em detrimento do que nos escraviza materialmente.

1. Entenda o conceito e como ele pode contribuir em sua vida. Você acha que sua vida seria melhor se você conseguisse ser mais seleto em suas coisas e acumulasse menos coisas física e emocionalmente?

2. Se você se identificou com a frase acima, identifique onde estão seus exageros: tenho certeza que você já é capaz de saber a diferença entre uma roupa que você usa e outra que você está guardando para quando um dia emagrecer.

3. Dê passos graduais: se você comprar uma roupa nova, doe uma antiga. Assim você já não acumulará mais. Depois atente-se ao que você tem e não usa, depois ao que você usa pouco e assim por diante.

4. Encontre o que é essencial: descubra sua essência e a priorize. O essencial pode não ser uma roupa e nem um móvel da casa. O essencial pode ser a eliminação de dívidas e prestações que você vem acumulando ao longo do tempo. Identifique a SUA prioridade.

5. Faça listas: compras, tarefas, o que gosta, não gosta. Listas ajudam a valorizar o que gostamos, preferimos e precisamos. As listas também nos ajudam a não comprar por impulso porque existe uma racionalização na hora de fazê-las. Já quando compramos só pelo olhar tentemos a ser mais compulsivos e emocionais.

6. Não radicalize: ser radical só te ajuda a ter dificuldades nos processos, perder a motivação e desistir. Se perder o foco, pare, repense e recomece. Pense no minimalismo como um projeto de vida mais saudável e não como uma dieta da sopa onde você passa fome, enjoa dos ingredientes e depois não suporta mais.

7. Organize como deseja agir segundo diferentes seguimentos: comece pelas roupas, depois pela casa, trabalho, vida pessoal.

8. Evite pessoas negativas: elas sempre existirão, mas você está disposto a aguentar? Selecione o que você quer para a sua vida. Escolher as relações também faz parte do minimalismo.

9. Guarde suas metas para você: dessa forma a cobrança passa a ser somente sua. É a sua vida, lembra? Lembre-se também de comemorar quando conseguir novas vitórias.

10. Esteja mais presente: seja você e o que a sua essência diz. Aproveite mais o tempo com as pessoas e valorize isso.

11. Abra seu coração: perceba novas experiências, novas pessoas, novas opções. Mas isso só pode acontecer se estiver com o coração aberto e interessado em um mundo novo.

12. Descarte coisas duplicadas: coisas com a mesma função, porém diferentes? Escolha a melhor e descarte a outra. Simples!

13. Pense bem antes de adquirir novos produtos: mantenha o foco na sua lista e não saia dela. Se não está na lista, não é necessário.

14. Diminua as coisas da sua bolsa: faça uma faxina geral. Tudo que tem ali é necessário? Te garanto que não! Limpe e tire tudo que é desnecessário.

15. Vista-se com menos: se encontre na moda. Lembre-se que para que tenha menos coisas é preciso que elas conversem entre si. Pense neste contexto.

16. Simplifique suas refeições: faça menus semanais, aprenda a fazer pratos únicos e receitas práticas.

17. Conserte o que estiver estragado: rasgou, quebrou, entortou? Leve em um especialista e descubra se tem conserto. Nada de ir descartando tudo de uma vez só ou comprando coisa nova!

18. Descarte o que não tem mais utilidade: venda, doe, empreste sem prazo de devolução… Se livre do que não é mais útil.

19. Não seja tão multitarefas: preste atenção nas suas obrigações e as execute com atenção. Nada de querer ser um canivete suíço!

20. Respire: parece loucura, mas é importante se lembrar que você precisa respirar. Fundo, devagar. Respire e siga em frente.

Imagem de capa: Masson/shutterstock

Pesquisa revela 9 curiosidades sobre os beijos que você deve conhecer melhor

Pesquisa revela 9 curiosidades sobre os beijos que você deve conhecer melhor

Certamente você já passou por essa experiência: beijar alguém e perceber que o que achava sentir no começo não era tão intenso assim. Biólogos e psicólogos dizem que um beijo é mais do que a união de duas bocas, mediante este simples, mas simbólico gesto as pessoas se reconhecem, às vezes de um modo inconsciente. Um pequeno lapso de tempo no qual se ativam milhões de estímulos, de processos biológicos, psicológicos e neuronais, tão interessantes que é quase inevitável terem estudado milhares de vezes o assunto.

Um destes estudos é precisamente o publicado nas revistas “Human Nature” e “Archives of Sexual Behavior”. Trata-se de uma profunda análise guiada por Rafael Wlodarski e sua equipe na Universidade de Oxford (Reino Unido), através de diversas entrevistas e testes realizados com 900 pessoas na faixa dos 18 e 63 anos. Quer conhecer os dados obtidos? Sem dúvidas surpreenderão você.

1- As mulheres dão mais importância aos beijos que os homens e necessitam mais deste gesto.

2- Os beijos servem, conforme estes autores, como meio para avaliar a qualidade genética dos possíveis parceiros com os quais nos relacionamos. Assim, de repente, pode parecer uma insensatez, pois ninguém dispõe de uma máquina interna que analisa a compatibilidade. Mas o que na verdade sentimos é que algumas pessoas nos excitam mais do que outras com o beijo. Escolheremos,então, essa pessoa que mais emoções e sensações nos produz.

3- Os beijos são o primeiro contato físico com o qual tendemos a valorizar a outra pessoa. É a culminação da atração física.

4- As mulheres são mais seletivas na hora de encontrar um parceiro. E os beijos são muito importantes, básicos e necessários. Aliás, podemos até dizer que são quase mais importantes que o sex0, é aquele gesto que elas esperam diariamente para encontrar intimidade na outra pessoa e para reforçar laços e alimentar a relação.

5- Os homens não dão tanta importância assim ao beijo, mas admitem que os casais mais estáveis e felizes beijam-se com frequência.

6- Os beijos unem as pessoas e causam súbitas emoções. Realizaram-se vários testes nos quais os casais que não se conheciam tinham que se beijar. Os experimentos começavam pelos casais com alguma timidez e incômodo, mas uma vez que começavam a se beijar, a intensidade se elevava tanto que o olhar deles depois disso era diferente. Beijar quase sempre é um interruptor direto a milhares de emoções.

7- Para as pessoas que ainda não estão namorando, o beijo classifica-se como algo mais importante que as posteriores relações sexuais. O beijo é a união antes do sex0, como o primeiro degrau para a seguinte fase.

8- Para os casais estáveis, os beijos são tão importantes quanto o sex0. Entendem, além disso, que é algo necessário no dia a dia, ainda que em determinadas ocasiões seja descuidado.

9-Em casais já estabelecidos, os autores explicam que a frequência dos beijos está relacionada diretamente com relacionamentos mais satisfatórios, mesmo não estando necessariamente vinculado com mais sex0. Assim, resulta curioso comprovar a relevância essencial que os beijos têm para o ser humano. Concorda?

Fonte indicada: Melhor com Saúde Imagem de capa: mexanichp/shutterstock.

Quando nossos pais se divorciam

Quando nossos pais se divorciam

Gosto de grifar frases em livros. Enquanto leio “Patrimônio”, de Philip Roth_ um dos escritores que mais admiro_ na página 29 encontra-se marcada a frase: “Mas, na verdade, os entrelaçamentos mais íntimos entre uma mãe e um pai, as dificuldades, frustrações e tensões duradouras, permanecem para sempre um mistério, sobretudo, talvez, se a gente cresce como um bom menino num lar seguro e bem organizado.”

O livro chegou em boa hora. Cheio de emoção e comovente verdade, o autor aborda a história (real) dos últimos dias de seu pai, enquanto recorda sua mãe e o amor dos pais _ uma relação nem sempre fácil, mas que de forma indireta conduz a narrativa dos filhos.

O amor nos torna vulneráveis. E sentimos isso desde muito cedo, naquela sensação incômoda que as crianças têm quando descobrem que pai e mãe não são eternos. Daquele instante em diante, tudo muda. Ficamos vulneráveis ao afeto que recebemos e oferecemos; ao encantamento que vem e vai; à incerteza de querer e ser querido.

Nos tornamos vulneráveis à relação de amor que nossos pais construíram entre si também. Porque é esse amor, o primeiro que vivenciamos _ como espectadores_ que nos dará parâmetros para todos os outros, aqueles que iremos experimentar em nossa própria história, diminuindo, acrescentando, modelando, adicionando e subtraindo, a partir da matéria prima de nosso primeiro lar.

Gosto de caminhar ouvindo Chico Buarque. A trilha sempre traz “João e Maria”, ao vivo, numa versão linda que baixei na internet. Algo na letra, ou melodia, me toca de maneira inexplicável.

Chico Buarque faz parte da geração de meus pais. Meu pai, de gosto musical apurado, colecionava LPs e tinha fascínio especial pela canção “O que será…”, sucesso na década de setenta.

“João e Maria” nunca foi tema deles, mas talvez minha memória tenha filtrado a realidade como bem quis, juntando o refrão “E pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz…” aos bons momentos que observava em nossa casa, num tempo em que ainda não entendia nada acerca das relações amorosas entre adultos.

Jamais entenderemos por completo os entrelaçamentos mais íntimos entre uma mãe e um pai. Para os filhos, isso será sempre um mistério. Mas em algum momento que não sei precisar, imaginamos que entendemos. E que fazemos parte. E quando esse amor tropeça _ porque todo amor oferece riscos _ ficamos vulneráveis também.

Porém, é preciso coragem para amar e ser amado. Coragem para desbravar e permitir ser desbravado, estando sujeito a quebrar-se e rearranjar-se além de si mesmo.

Em qualquer narrativa, torna-se necessário perdoar nossos pais. Isso inclui aceitar suas falhas como parte do processo natural de qualquer pessoa, mesmo que ainda carreguemos a concepção infantil de que sejam nossos heróis.

Lidamos muito mal com o envelhecimento. Quando se trata de nossos pais, é ainda pior. Não temos como impedir a morte e o sofrimento. Mas achamos que podemos. E mais ainda, achamos que eles, nossos pais, podem.

Do mesmo modo que temos a tendência a acreditar que eles podem seguir se amando mesmo quando desistiram do compromisso que firmaram. Algo em nós, mais do que neles, se ressente dessa desistência.

O que se quebra não é o amor, mas o que nossos olhos quiseram enxergar nesse amor…

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Imagem de capa: Yulyazolotko/Shutterstock

O amor, quando genuíno, nos impulsiona a ser pessoas melhores!

O amor, quando genuíno, nos impulsiona a ser pessoas melhores!

Ontem sai com alguns amigos para comemorar o aniversário de um deles. Enquanto jantávamos, uma de nossas amigas disse que dorme no sofá por não suportar mais seu esposo.

Sabemos que casamentos passam por tribulações, entretanto, o fato de não suportar mais a pessoa mostra que, além do amor ter acabado, ela não está mais disposta a lutar em prol da união. E, se já não existe motivação, quer dizer que não há nada que ela possa fazer para reacender a chama.

A questão é que ninguém é obrigado a conviver com alguém a força, porém, se ela realmente estivesse disposta, lutaria para que o casamento se reerguer.

Após a declaração de minha amiga, me questionei “O que faz uma pessoa manter uma união durante anos se não existe mais amor?” E essa pergunta ficou ecoando em minha mente.

É engraçado como as pessoas caem no comodismo e simplesmente empurram algo com a barriga como se tudo estivesse andando perfeitamente bem. E, perante os filhos, permitem que eles presenciem brigas constantes como se isso não ferisse o sentimento dos que assistem.

Todos nós merecemos dar e receber amor, contudo, não adianta ficar com alguém apenas para manter as aparências. É desgastante para ambos.

Não diferente da esposa, o esposo cruza os braços e finge que a situação não o incomoda.

É triste ver duas pessoas que poderiam ser felizes individualmente viverem algo onde já não encontram paz.

O casamento passa  por altos e baixos, mas, quando os envolvidos mais choram do que sorrirem, é hora de ambos repensarem se isso está agregando na vida de cada um.

O amor, quando genuíno, nos impulsiona a ser pessoas melhores, e consequentemente, dividimos nosso melhor com quem está ao nosso lado, entretanto, se não nos amarmos e mantivermos uma relação de fachada, não faremos bem ao parceiro, muito menos a nós mesmos.

Imagem de capa: olgashevtsova/shutterstock

Os amigos são os guardiões do nosso ser

Os amigos são os guardiões do nosso ser

Título original: Patrimônio sagrado

Achei muito interessante a colocação do professor e psicanalista, Gilberto Safra, de que os amigos guardam a nossa memória; são guardiões do nosso Ser.

Concordo, plenamente! Quantas vezes, surpreendemo-nos com a fala de um(a) amigo (a) de infância, que relata um acontecimento onde estávamos presentes e do qual não nos lembrávamos mais? Como é bom! Resgatamos, ganhamos de volta algo precioso sobre nós e que havíamos perdido.

Porém, no dia a dia, vivendo tão preocupados com as tarefas assumidas, não há tempo para uma conversa, no meio da tarde, com as pessoas que amamos. Postergamos esses mo- mentos para quando tivermos um pouco mais de folga. No en- tanto, somos guardadores de inúmeros rebanhos de memórias de pessoas queridas e, se não as narramos ou não damos a devida escuta à fala do outro, quando uma delas vem a falecer ou se distancia, é que percebemos a perda desses patrimônios vividos.

Posso dizer que tenho uma experiência triste a esse respeito.

Após um tempo da morte de meu pai, arrumando alguns de seus documentos, a frustração foi enorme ao constatar que o conheci tão pouco… Muitas perguntas ficaram no vazio… Quais eram seus sonhos, seus medos, suas alegrias… Quem era esse homem que me carregou no colo e que foi o meu chão por tantos anos?

Sei quando ele nasceu, porém não sei quais eram as circunstâncias em que seus pais viviam; sei que se casou com minha mãe, que teve quatro filhos, entretanto não sei o que ele pensou naquele exato momento em que viemos ao mundo. E assim acontece com aquelas pessoas amigas que conviveram amor que mandei, dos bilhetinhos deixados nas casas de minhas amigas, dos álbuns que trocávamos umas com as outras, para que se deixasse escrito algo sobre nós, acrescido por uma bela poesia.

Porém, quase mais nada existe! As cartas, quei-mei-as; os diários, num determinado momento, pareceram infantis, rasguei-os e joguei fora; o álbum, felizmente, tenho guardado com muito carinho.

Crescer tem dessas bobeiras! Acreditamos que a primazia tem de ser a racionalidade, o afeto é coisa pequena e, assim, não mais o valorizamos.

Iniciei, recentemente, um diário e quero nele marcar todos os momentos vividos e os sentimentos que me acompanham.

Que insensatez seria deixar passar sem registro certos tesouros!

Como não registrar o céu azul deste mês de maio, a lua cheia que despontou toda orgulhosa nesta noite? E que bem cedinho ela ainda permanecia no alto, com toda a sua majes- tade?

A vida é bela, os amigos são valiosos e não quero ficar impassível frente a esses patrimônios.

Assim me decidi…

Imagem de capa: Dima Aslanian/shutterstock

Ninguém consegue entrar na casa do outro mantendo suas portas fechadas

Ninguém consegue entrar na casa do outro mantendo suas portas fechadas

Esses dias li um texto que me tocou profundamente e me fez refletir sobre o quanto nós temos resistências internas ao florescimento do amor. Um texto de autoria de Juliana Santin que falava sobre a maior de todas as revoluções, que é a revolução do amor. Transcrevo abaixo o trechinho dele que me inspirou a escrever sobre esse tema.

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“Os adultos normais não gostam de si mesmos, não gostam de seus casamentos e não gostam do seu trabalho”.

Patch Adams resolveu que ia criar um hospital onde imperassem as seis qualidades que ele considera fundamentais: feliz, engraçado, amoroso, cooperativo, criativo e pensador – que, no final das contas, resumem-se mesmo em amor.

“Mas percebi o quanto era difícil chegar perto das pessoas em um mundo muito suspeito com relação ao amor”. Assim, ele decidiu vestir-se de palhaço como uma forma de poder dar amor sem receber resistência das pessoas.

Patch Adams busca criar uma relação com as pessoas que ajuda, ou seja, uma troca. Não é um trabalho voluntário aleatório, uma coisa para cumprir tabela. É a vida dele, pois ele percebeu que o amor é uma via de mão dupla. É necessário que haja um caminho de ida e volta do amor. Ninguém consegue entrar na casa do outro mantendo suas portas fechadas.

Juliana Santin

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Achei lindo quando ela citou as palavras do Dr. Patch Adams dizendo que as pessoas suspeitam do amor dedicado por outrem, como se fosse algo falso ou com segundas e terceiras intenções, parafraseando o mestre Cazuza.

Por esse motivo que ele se fantasia de palhaço, para conseguir expressar seu grande amor pelos pacientes sem correr o risco de ser mal interpretado ou ter sentimentos de aversão da parte deles.

Fiquei um bom tempo refletindo sobre o quanto nossa sociedade está adoecida e precisando dessa revolução de amor. É possível compreender esse adoecimento, já que notícias desastrosas e amedrontadoras nos são transmitidas diariamente pelas grandes mídias, dessa maneira ficamos todos meio pé atrás na hora de expressar o que sentimos.

Quero inclusive citar uma experiência marcante que tive no ano passado. Participei de um evento gratuito com atividades de Psicomotricidade, que é um dos diversos ramos da Psicologia, e nesse evento foi realizada uma atividade lúdica maravilhosa, difícil de descrever num texto como esse (na realidade nem me atrevo, porque ninguém entenderia). Nessa atividade todos que estavam presentes correram, pularam, deram altas gargalhadas, alguns até se pisotearam por descuido. Mas calma! Ninguém se machucou OK?

No final houve um momento de relaxamento tão bonito e profundo que as pessoas, na maioria desconhecidas, foram se aproximando e aproximando cada vez mais, de modo que no final estávamos todos abraçados cheirando o suor uns dos outros.

No momento de partilha final, algumas pessoas relataram que ficaram impressionadas de como uma atividade simples fez com que retirassem de dentro de si todas as barreiras, todas as cascas e carapaças para evitar o contato mais próximo com desconhecidos. Foi lindo! Todos saímos de lá nos sentindo leves e com o coração cheio de amor e carinho, que foi transmitido sem reservas ou resistências.

Esse foi um dos meus melhores dias em 2017, porque foi uma experiência absolutamente surpreendente, fui pra lá sem a menor noção do que aconteceria e se deu essa maravilha, capaz de curar alguns corações gélidos.

Você certamente já escutou pessoas dizendo que o amor é algo que só cresce à medida que o oferecemos aos outros não é? Mesmo sendo clichê é a mais pura verdade. Nossa sociedade está adoecida como está porque estamos economizando nossos afetos. Estamos com medo de expressar nossos sentimentos mais puros e nobres, e o resultado disso são pessoas cada vez mais tristes e doentes, o que foi amplamente explanado pela querida Juliana Santin no texto compartilhado acima.

Olhe para você! Será que também não está deixando as portas do seu coração trancadas à setes chaves? Desse jeito não existe a possibilidade de ninguém entrar. Só atravessam paredes os fantasmas! E mesmo que pareça brincadeira, na realidade acontece algo mais ou menos assim. Se você fecha o seu coração, abrirá espaço para que receba influências obsessoras, e saiba que não estou falando apenas de espíritos viu? A obsessão vem da própria atração energética de pessoas e situações que lhe obrigarão a jogar fora todas essas camadas de medo, de receio, de fuga etc.

A vida por si só já se encarregará de lhe proporcionar as experiências certas para retirar todas essas resistências, talvez de forma meio dolorosa, para que possa aprender.

Venho com esse texto lhe levar a refletir para que siga por um caminho mais simples. Não crie essa resistência tão grande, porque o amor é algo que só cresce à medida que o espalhamos. Escancare as suas portas e deixe que esse amor toque muitos corações, e claro! Que o amor dos outros também chegue até você.

Paz e luz…

Imagem de capa: Reprodução

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