Bem-aventurados os que lutam por aqueles que sofrem

Bem-aventurados os que lutam por aqueles que sofrem

Naquele tempo, 2018 anos D.C, Jesus subiu a um monte, seguido por uma multidão de pessoas pobres e sofredoras, e sentou-se sobre uma pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. A sua mensagem preparava homens e mulheres para transmitir a Boa Nova ao mundo todo. Então, disse Jesus:

“Bem-aventurados os pobres por espírito, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os defensores da paz, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim!”

O Sermão da Montanha é o texto mais esplêndido do Novo Testamento. É um conjunto de princípios que fala de justiça, misericórdia e amor. É a síntese do projeto do Reino dos Céus. Afirmava Mahatma Gandhi que se toda a literatura ocidental se perdesse e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada se teria perdido.

Em nosso País têm homens e mulheres que são bem-aventurados, porque colocam a sua vida, o seu tempo e o seus recursos para lutar pelos brasileiros que sofrem, que não tem vez e voz e foram abandonados pela sociedade e pelo Estado.

Bem-aventurados os que dão de comer aqueles que choram por causa da fome, que adoece e mata, sobretudo, crianças, grávidas e idosos. No Brasil, os 10% mais ricos detêm quase toda a renda nacional, que contribui para justificar a fome, além do clima, da seca, das inundações e da omissão dos governos.

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque no Brasil muitos são contra os direitos humanos e defendem o massacre e a morte de jovens da periferia. Além disso, aplaudem a exibição pública dos corpos das vítimas, desde que não sejam exibidos em áreas nobres.

Bem-aventurados os que lutam contra a crise econômica, que gerou 12 milhões desempregados no País, que são vítimas deste maior medo social. E para piorar a situação – aumentou ainda mais o temor – com a reforma trabalhista, que está reduzindo os valores dos salários, como forma manter os empregos e de aumentar lucros.

Bem-aventurados os que buscam a paz num País destruído pela corrupção e pela crise política, onde o ódio domina o debate político, em que 60 mil assassinatos ao ano se somam 60% de pessoas que confessam que vivem em territórios sob controle de alguma facção criminosa. Medo que impulsiona o crescimento de candidaturas extremistas.

Bem-aventurados os misericordiosos, que acolhem aqueles com doenças mentais, aqueles que tentam se suicidar, aqueles que perderam os seus entes queridos, aqueles com deficiências ou vulnerabilidade, aqueles com dependência química, que sofrem por não terem acesso a rede de assistência médica e social do País.

Bem-aventurados os que se compadecem com o sofrimento dos outros, porque foram tocados pelas palavras de Jesus: “Tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber, estava doente e visitaste-me, estava preso e foste ter comigo”.

Imagem de capa: Dmytro Zinkevych/shutterstock

Você tem um superpoder chamado DECISÃO.

Você tem um superpoder chamado DECISÃO.

Você tem em suas mãos um superpoder esplêndido, que pode mudar sua vida e a forma como você se relaciona com ela. Funciona assim:

Você pode optar por continuar chorando suas mágoas e desventuras do passado. Mas pode decidir-se por curar cada uma de suas feridas e superar esses traumas, com um pouco de amor próprio e uma boa dose de perdão.

Pode, também,  continuar se escondendo atrás do medo que te impede de seguir adiante. Ou pode decidir fazer tudo o que sempre quis e nunca teve coragem, e ir com medo mesmo, porque medo não é gesso e você não nasceu para ficar imobilizado.

Você pode deixar que te digam o que é certo ou errado, o que é melhor, menos ruim ou pior para sua vida. Pode sim. Mas também pode dizer que tem total direito sobre suas escolhas porque sua vida é propriedade privada e quem a comanda é você, e deixar isso bem claro.

Pode deixar que riam de ti, dizendo que seus planos são audaciosos demais, muita areia para o seu caminhão. Mas você tem a possibilidade de dizer que não tem pressa e que não pôs limites à quantidade de viagens que pretende dar. Você pode decidir por demostrar fé em si, ao invés de fazer coro com os que não te consideram capaz.

E permitir que as pessoas te afetem, te desanimem, tirem sua esperança. Você pode servir de tapete ou deixar sua vida ser esmiuçada à sua frente, em conversas maldosas por pessoas que não te consideram tanto como você pensou que consideravam. Mas você também tem o poder de romper com todas as relações que não te respeitem como pessoa, e não te valorizem da forma como você merece.

Mas nunca, jamais, em tempo algum se esqueça de que você detém um poder maravilhoso e determinante, chamado DECISÃO.

Com ele você poderá derrotar todos os vilões que te assombram e te impedem de encontrar um bom lugar no mundo, o lugar que é seu por direito. Também não precisará viver sob a sombra do fracasso e da apatia. Terá domínio sobre seus atos e poderá superar as emboscadas dessa vida, sobretudo as que te impedem de reconhecer o seu próprio valor.

É hora de romper todas as interferências negativas sobre você, sobre seu comportamento, o seu jeito de ser.

Ninguém te conhece melhor que você mesmo, nem sabe dimensionar o potencial que está guardado em você. Decida quem você quer ser, onde quer chegar e a forma como pretende ir até lá. Essas decisões são particulares e têm força para romper as amarras que te limitam.

Use o poder da DECISÃO com sabedoria e ele te levará “ao infinito e além”, numa viagem incrível e sem volta, que certamente será a melhor entre todas as viagens da sua vida.

Imagem de capa: Lolostock/shutterstock

José Saramago é tema de exposição audiovisual gratuita em São Paulo

José Saramago é tema de exposição audiovisual gratuita em São Paulo

A exposição “Saramago – os pontos e a vista”, localizada no Farol do Santander, no centro de São Paulo, será aberta ao público no próximo dia 06 de março e permanecerá disponível até 3 de junho de 2018.

Vida, produção literária e o pensamento do autor são o norte do projeto que tem apoio da Fundação José Saramago.

“A curadoria da exposição é de Marcello Dantas e a produção dos vídeos que a integram é de responsabilidade de Miguel Gonçalves Mendes. O visitante poderá ver alguns objetos pessoais do escritor, como o computador com o qual escreveu Ensaio sobre a Cegueira e a cama dos seus avós, que viajou da sua terra natal, Azinhaga. Sobre ela, José Saramago afirmou no seu discurso ao receber o Prémio Nobel de Literatura em 1998: “No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama”, informa a própria organização José Saramago

SERVIÇO:

Saramago – Os Pontos e a Vista

Local: Farol Santander

Rua João Bricola, 24, centro – São Paulo – SP

De 6 de março a 3 de junho de 2018.

Terça a domingo, das 9h às 19h.

Entrada franca.

O silêncio é indispensável para regenerar o cérebro

O silêncio é indispensável para regenerar o cérebro

O silêncio tem sido fonte de muitas reflexões ao longo de todas as épocas. Ao mesmo tempo, saturamos os locais onde vivemos com tantos barulhos que é cada vez mais difícil encontrá-lo. Isto faz com que cada vez mais pessoas que passam pela experiência de não ouvir barulhos caiam em um abismo dentro delas mesmas.

Temos um barulho que atualmente está hiperestimulado. O mais grave é que quase todos esses estímulos auditivos que recebemos do exterior são mais ou menos alarmantes. Barulhos de carros, burburinho, músicas estridentes, apitos, sinais… enfim… nada que inspire tranquilidade.

“A areia do deserto é para o viajante cansado a mesma coisa que a conversa incessante para o amante do silêncio”.
-Provérbio persa-

Além disso incidir no nosso estado emocional, a ciência também comprovou que afeta o cérebro. Segundo uma pesquisa realizada na Alemanha pelo Research Center for Regenerative Therapies de Dresden, existem processos cerebrais que só podem ser realizados em silêncio.

Até pouco tempo atrás, pensava-se que os neurônios eram incapazes de se regenerar. Contudo, com o desenvolvimento da neurogênese ficou comprovado que isto é um erro. Ainda não está muito claro o que exatamente promove a regeneração neurológica e cerebral, mas já existem pistas valiosas a respeito, e uma delas é o silêncio.

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Por marvent/shutterstock

Experimentando o silêncio

Os pesquisadores alemães fizeram, a princípio, uma experiência com um grupo de ratos. A pesquisa consistia em deixá-los em completo silêncio durante duas horas por dia. Ao mesmo tempo se faria uma observação dos seus cérebros para ver se isto criava alguma mudança.

O resultado foi contundente. Após um tempo sendo submetidos a esta rotina, observou-se que em todos os ratos estudados houve um crescimento do número de células dentro do hipocampo. Esta é a região do cérebro que regula as emoções, a memória e o aprendizado.

Os especialistas também constataram que as novas células nervosas se incorporavam progressivamente ao sistema nervoso central, e que logo se especializavam em diferentes funções. Conclusão, o silêncio provocou uma mudança muito positiva no cérebro dos animais.

O silêncio ajuda a estruturar a informação

O cérebro nunca descansa, inclusive quando em estado de calma, ou quando estamos completamente quietos ou dormindo. Este maravilhoso órgão continua funcionando, mas de uma forma diferente. Quando o corpo descansa, começam a se desenvolver outros processos que completam os que são realizados quando estamos ativos.

Basicamente o que acontece é que se produz uma espécie de depuração. O cérebro avalia a informação e as experiências às quais foi exposto durante o dia. Logo, organiza e incorpora a informação relevante e descarta o que não é importante.

Este processo é completamente inconsciente, mas provoca efeitos conscientes. Por isso às vezes encontramos respostas durante o sono, ou conseguimos ver as coisas a partir de um novo ponto de vista depois de termos descansado algumas horas.

O interessante de tudo isso é que um processo semelhante também acontece quando estamos em silêncio. A ausência de estímulos auditivos tem quase o mesmo efeito que o descanso. O silêncio, em geral, nos leva a pensar em nós mesmos, e isto depura as emoções e reafirma a identidade.

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Por Egor Fomin/shutterstock

Os importantes efeitos sobre o estresse

O silêncio não apenas nos torna mais inteligentes, criativos e seguros, mas também tem efeitos muito positivos sobre os estados de angústia. Os seres humanos são muito sensíveis ao ruído, tanto que muitas vezes acordamos sobressaltados por um objeto que caiu ou por um som estranho.

Uma pesquisa realizada na Universidade de Cornell descobriu que as crianças que vivem perto de aeroportos têm um elevado nível de estresse. E não é só isso; elas também têm uma pressão arterial mais elevada e apresentam altos índices de cortisol, o hormônio do estresse.

Por sorte, também acontece o contrário. Isso foi evidenciado por uma pesquisa da Universidade de Pavia, onde se verificou que apenas dois minutos de silêncio absoluto são mais enriquecedores do que ouvir música relaxante. De fato, evidenciou-se que a pressão sanguínea diminuía e que as pessoas conseguiam se sentir mais alertas e tranquilas depois deste pequeno banho de silêncio.

Como se vê, o silêncio provoca grandes benefícios, tanto intelectuais quanto emocionais. Poderíamos afirmar que manter-se em silêncio, ao menos por pequenos lapsos ao dia, é um fator determinante para a saúde cerebral. E com isso, um elemento decisivo para melhorar o nosso estado emocional, saúde e qualidade de vida.

Por que tudo acontece tão rápido com perversos narcisistas?

Por que tudo acontece tão rápido com perversos narcisistas?

Perversos narcisistas, sejam homens ou mulheres, são pessoas vazias, pois vivem investidas em seu “falso self”, ou seja, seu falso EU. Sentem tanta vergonha e inadequação pela pessoa que são de verdade, que criam um “falso self”, que carregam pelo mundo como se fosse uma pessoa real.

É exatamente por não serem pessoas reais que eles mentem com tanta facilidade sobre tudo. Eles inventam personagens de acordo com a conveniência e vivem como se fossem esses personagens inventados. Nem mesmo a família dessas pessoas a conhece de verdade. Elas sabem que há algo errado ou estranho, mas não sabem 100% do que são capazes. Pelo contrário, por causa do afeto que sentem, com frequência os apoiam e se tornam seus “possibilitadores”.

E é justamente por passarem para o mundo uma personalidade falsa, que os perversos narcisistas fazem tudo com muita pressa. Não é incomum encontrar com esses tipos e, em tempo recorde, ir morar com eles ou iniciar planos de casamento. A pressa se dá pelo simples fato que, por terem total consciência de que estão interpretando um papel, terão enorme dificuldade em manter a máscara.

Não é fácil fingir ser quem você não é e, mais difícil ainda, fingir sentimentos que você é incapaz de sentir. É um esforço enorme e, por isso, frequentemente cometem deslizes que, aos olhos de alguém bem treinado e com boa autoestima, são claros sinais de que estão lidando com um transtornado mental. O problema é que o típico alvo de perversos são pessoas românticas e empáticas, que acreditam nas pessoas, vêm de relações sofridas e nutrem sonhos de amor romântico e, por isso, não enxergam tais sinais com facilidade.

Sabendo disso, apressarão decisões importantes para prender rapidamente o alvo, antes que eles sejam descobertos. Serão incríveis ouvintes com o objetivo de descobrir quais são os seus anseios, para assim poder espelhá-los com exatidão. Fazem uma mímica tão perfeita do que você sonha, que rapidamente os confundimos com a “alma gêmea”. Você nunca teve filhos? Ele sonha ser pai. Você é casado e sua mulher não é boa companheira? Ela será seu ombro amigo e assim por diante.

Precisam prender o alvo rapidamente e na justa medida que essa pessoa for conveniente. Mas saiba: prender-se ao alvo não apresentar nenhuma vantagem, pois o casamento será apenas uma promessa que faz parte da idealização do início e nunca acontecerá “por algum motivo a que VOCÊ deu causa…”

Alguém ser conveniente significa que essa pessoa representa interesses, tais como: patrimônio, um trabalho, um lugar para se encostar, status ou apenas para provar para o mundo que são pessoas adequadas, capazes de ter uma família. Não raro, pasme, se casam com alguém pouquíssimo depois de uma ruptura traumática com outra pessoa com o simples objetivo de mandar um recado como punição!

Parece absurdo alguém ir a essas consequências apenas para ferir, não? Mas para um perverso narcisista este é a apenas um meio para se atingir um fim, não importa o que significa para o mundo ao seu redor. No mundo de fantasia de um perverso narcisista, tudo é justificado para que eles obtenham o que desejam e lhes convém.

Por que alguém incapaz de se colocar no lugar dos outros se preocuparia com as consequências de seus atos?

Decididos ou não a ligar seus alvos a eles, bombardeiam a pessoa de atenção e demonstrações de afeto até o ponto em que esteja completamente viciada naquele tratamento dos sonhos e tiver perdido o discernimento por completo. Usam uma verdadeira pirotecnia amorosa para distrair o alvo, de modo que suas verdadeiras cores não sejam vistas a olho nu (veja nessa animação como isso acontece). É uma sucessão veloz de provas de amor e surpresas que não te permite pensar em qualquer outra coisa. Às vezes, a pessoa tem aquela intuição de que algo não está certo, mas é constantemente distraída e não consegue formar um pensamento lógico. Nesse sentido, devo admitir: são muito habilidosos.

Atingido o ponto em que o discernimento do alvo já está prejudicado, poderão finalmente ser quem são, começando os insultos, silêncio agressivo e tudo que envolve a desvalorização, segunda fase da relação com esses tipos. Pelo tempo que lhes for prazeroso, alternarão tratamento bom com tratamento ruim, levando o alvo ao desespero, confusão mental, dissonância cognitiva e, não duvide, à loucura ou suicídio.

É um erro pensar que o passo seguinte será sempre o descarte. Perversos narcisistas vão arrastar você por essas dinâmicas, com promessas vazias e alternância de tratamento por 10, 20, 30 anos se você permitir. Podem entrar e sair, comprometerem-se com outras pessoas e ainda assim não descartar você. Enquanto você servir de alimento para o seu ego doente, você será útil.

Leia mais sobre o ciclo do relacionamento

Para romper esse ciclo, não há outro caminho: Um corte rápido, limpo e por inteiro em qualquer contato que se tenha com esse tipo. Enquanto VOCÊ não tomar essa atitude, seu vampiro voltará para mais e mais, dizendo tudo aquilo que você deseja ouvir pela enésima vez, até quando não restar mais nada da pessoa que você é. Somente quando chegar a esse ponto você será material descartável.

Imagem de capa: VGstockstudio/shutterstock

Antes eu fazia questão de ser forte, agora faço questão de ser leve

Antes eu fazia questão de ser forte, agora faço questão de ser leve

Dizem por aí que a gente se acostuma com tudo nessa vida. De início, as coisas novas nos pegam de assalto, tiram o nosso chão, arrancam da gente aquele suspiro de prazer da novidade. Arrepio. Frio na barriga. Surpresa.

Depois de um tempo, aquilo que era o diferente – para o bem ou para o mal -, acaba se dissolvendo nas coisas mais antigas e familiares; perde a agudeza da estreia e, tal como todo o resto que já estava ali, vira coadjuvante da rotina. Perde a função de nos tirar do torpor das dores ou delícias conhecidas.

É na hora do susto, naquele tempo curto que dura o choque, que temos a chance de sair do lugar, mudar o enredo dos dias, guardar as certezas numa gavetinha escondida e abrir portas e janelas para os ares frescos de uma vida à qual ainda não havíamos sido apresentados.

A visita do novo é rara, e é inesperada. Muitas vezes, inclusive, corremos o risco de confundi-la com o fim de alguma certeza pela qual já havíamos desenvolvido afeto ou apego. O novo pode vir disfarçado numa perda de emprego, num fim de relacionamento, num bem material que nos foi tirado, num desequilíbrio físico, numa confusão mental ou num distúrbio emocional.

O novo nem sempre vem embrulhado em caixas brilhantes ou envolto em laços vermelhos. E por isso, inúmeras vezes, negamos a sua entrada. Erguemos barricadas à porta, como se fosse possível impedi-lo de existir.

Agarramo-nos ao emprego que já não temos, ao amor que já não está, às “riquezas” que nos foram subtraídas, ao equilíbrio perdido… como se abraçados às sombras de tudo que já não existe mais, pudéssemos evitar que o inevitável se cumpra.

Ignoramos o nosso estado mental confuso e insistimos em compreender o incompreensível. Negamos a nós mesmos o direito de aprender que não saber o que fazer faz parte do processo. É o que não sabemos que nos obriga a sair da anestesia da dor. São as perguntas, e não as respostas, que têm a capacidade avassaladora de nos desconstruir para, depois que passar a tormenta, poder gozar da brisa redentora que vem só depois que somos capazes de desenhar pontos finais, onde insistíamos em traçar eternas reticências.

Houve um tempo – e esse tempo durou o suficiente para que se esculpisse uma vida -, em que fiquei fascinada pelas armaduras, pelos escudos e pelas lanças. Um tempo em que meu mantra de sobrevivência era ter coragem. E foi assim, porque era assim que tinha que ser.

As batalhas foram vividas, umas foram ganhas, outras foram perdidas. Mas todas elas cumpriram o seu papel; foram mestras habilidosas na tarefa de me preparar para a compreensão de que nem sempre é pela luta que se ergue uma vitória. Muitas vezes é na mansidão da paciência que se vê florescer aquilo que se pensava poder possuir à força.

O tempo é o pai da vida; é dele que vem a maturidade do olhar de dentro, é por meio dele que temos inúmeras oportunidades de ver além do óbvio, do superficial e do ilusório. Antes eu fazia questão de ser forte, hoje eu faço questão de ser leve. Porque não importa o destino que tenhamos traçado… onde quer que cheguemos, se estivermos com as mãos livres e as costas libertas do peso de tudo aquilo que não nos serve mais, teremos infinitamente mais chance de abraçar uma vida nova; e por que não?!… dançar com ela por aí, até que o novo nos encontre outra vez.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme Dirty Dancing

Ter um filho pode te envelhecer até 11 anos

Ter um filho pode te envelhecer até 11 anos

A matéria abaixo, escrita por Felipe Germano, para Superinteressante, não é um ataque contra a maternidade. Ela traz o resultado de pesquisas relacionadas ao genoma de mulheres que tiveram filhos. Antes de criticar, pedimos que leiam com atenção, pois é informação, e, como tudo o que aprendemos, devemos usar para construir coisas boas e aprendizagem, assim como alternativas mais saudáveis de vida para reduzir danos.

“Para as mães, ter filho é um parto. Além do ato de dar à luz em si, o corpo feminino passa por dezenas de mudanças: alterações de peso, novas taxas hormonais, só pra citar alguns fatores. Agora, uma pesquisa americana está mostrando que os efeitos da gravidez no corpo de uma mulher são ainda mais intensos: ter um filho, envelhece seu corpo em 11 anos.

Para chegar a essa conclusão, o estudo analisou o sangue de mais de 1.900 mulheres americanas, e olhou com bastante atenção para o DNA das voluntárias. Acontece que nosso genoma muda conforme envelhecemos: nossos cromossomos são protegidos por estruturas chamadas telômeros, filamentos microscópicos de proteína que funcionam como uma capa que preserva nosso material genético – o ponto é que, com o tempo, os telômeros se desgastam e, como uma borracha escolar, diminuem de tamanho. Na prática, eles são um indicativo de envelhecimento. Telômero grande = jovem; telômero pequeno = velho.

O fato é que quando compararam o tamanho dos telômeros de mães, com o de mulheres sem filhos, a diferença era gritante. As mamães tinham, em média, 116 bases pares (unidade do telômero) a menos. Como, naturalmente, a estrutura tende a perder 9 ou 10 bases pares anualmente, uma gravidez equivalia a um processo que normalmente só ocorreria em um período de 11 anos.

Para ter uma base de comparação, de acordo com o mesmo estudo, fumar causava um desgaste de “apenas” quatro anos – mesmo a obesidade encurtava os telômeros em, no máximo, oito anos.

“Nós ficamos surpresos em encontrar um resultado tão impressionante”, afirmou à New Scientist Anna Pollack, bióloga da George Mason University e responsável pela pesquisa. Ela, porém, não conseguiu entender porque isso acontece. A hipótese mais provável é que o stress causado pela gravidez e criação da criança ataque diretamente a proteção do DNA, porém, como não houve uma medição dos telômeros antes, durante e após a gravidez fica difícil cravar qualquer tipo de diagnóstico definitivo.

Até por não saber a causa do envelhecimento genético, a pesquisadora faz um alerta “Nós não estamos dizendo para as pessoas pararem de ter filhos”. De qualquer forma, fica o aviso: telômeros curtos são associados à uma maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas, e até mesmo, à uma taxa de mortalidade mais elevada.”

Imagem de capa: DONOT6_STUDIO/shutterstock

Pedir amor não é amor. É chantagem emocional.

Pedir amor não é amor. É chantagem emocional.

Amor a gente não pede, não. Amor a gente dá. Se receber amor de volta, muito bem. É a vida nos sorrindo escancarada. A gente agradece e aproveita. Isso é só o que nos cabe. Aceitemos. Agora, quem dá amor com uma das mãos e estende a outra pedindo amor em troca está mais para o comércio do que para o amor. É um comerciante. Não um amante.

É claro que você e eu amamos esperando que de alguma sorte nos amem de volta. Em algum lugar dentro de nós, arde a chama miúda e azulada da esperança. Quem sabe o fulano ou a beltrana nos goste também? Quem sabe o sicrano corresponda? Quem sabe?

Mas ahhh… essa vida é caprichosa! Pode ser que a gente ame e o amor não venha de volta. Pode ser que a reciprocidade se perca no caminho e não apareça. Pode ser. Quando isso acontece, vergonha na cara! A nós só nos resta aceitar. Não se pega ninguém pelo colarinho e se determina “eu amo você e você vai ter de me amar de volta nem que seja amarrada”. Não! Quem acha isso justo não entendeu nada ou não tem nenhum pudor de praticar chantagem emocional, sadismo e mendicância.

Meu sentimento de amor por alguém, amor de verdade, já devia me fazer bem de qualquer maneira. Gostar de uma pessoa, pensar nela à noitinha, admirar-lhe o jeito, ser grato por ela existir, amar a sua presença no mundo provocam em mim um gosto novo pela vida. Só aí o amor já deu certo. Já cumpriu o seu papel. A energia amorosa que nasce em mim e que eu envio a alguém já é um presente raro e bonito pelo qual eu devia agradecer.

O amor é a energia mais poderosa da vida. Você e eu amamos para continuarmos vivos! E quando amamos alguém e esse alguém não fizer o mesmo em relação a nós, se lá dentro dele não nascer também um sentimento parecido em relação a nós, paciência! É assim que é. Se não estiver bem assim, passemos a mão em nossas coisinhas e partamos para outra, amar outro alguém noutro lugar, em outro tempo. Até encontrarmos o que esperamos.

Não há outro jeito. Amar e ser amado é um ofício. Como todo trabalho, começa em nossa disposição para a labuta, em nosso ímpeto de oferecer. Na lida, no esforço. Na vida que se constrói todos os dias. O amor é doação. A gente dá, não pede. Pedir amor não é amor. É chantagem emocional.

Imagem de capa: Motortion Films/shutterstock

10 sinais de que você está levando a vida muito a sério

10 sinais de que você está levando a vida muito a sério

“Não leve a vida muito a sério; ninguém nunca sai vivo de qualquer maneira.” – Van Wilder

A seriedade e o foco são importantes para que tenhamos a persistência e a rotina necessárias para alcançar objetivos, entretanto, se olharmos nossas vidas apenas com os óculos da responsabilidade, corremos o risco de levar uma vida séria demais. E, onde sobra seriedade, pode faltar felicidade!

Abaixo, estão listados 10 sinais de que você está levando a vida muito a sério. A lista é parte do artigo originalmente publicado por Erika Strassburger no site Família. Confira!

 

1- Desvalorização de momentos de descontração

Você tem dificuldade para descontrair e não acha mais graça nas coisas. A situação está bem crítica se você não dá mais valor para os momentos de lazer e diversão, e passa a achá-los perda de tempo.

2- Tensão muscular constante

Seus músculos dos ombros, da testa e do maxilar ficam tensos, podendo até doer.

3- Imediatismo

Você está sempre com pressa, quer resolver tudo logo. Acha que não pode se dar ao luxo de parar para respirar e descansar.

4- Tempestade num copo d’àgua

Você vê seus problemas através de uma lente de aumento. Por isso qualquer pequeno contratempo é motivo de reclamações, irritação, cobranças e acusações exageradas.

5- Mágoa

Se você leva muito a sério tudo o que é dito e feito, vai certamente magoar-se à toa.

6- Insatisfação

Nada acaba sendo bom o bastante.

7- Dificuldade para delegar

Você tem dificuldade de delegar algumas tarefas e responsabilidades, e acaba ficando sobrecarregado.

8- Dificuldade para dormir

Pensar demais nos assuntos pendentes pode fazê-lo perder o sono ou ter um sono ruim.

9- Sintomas de doenças relacionadas ao estresse

Taquicardia, dores no estômago, ansiedade são outros sinais de que você precisa maneirar na forma como encara suas responsabilidades.

10- Irritabilidade

O humor afetado, a dificuldade de relaxar e de dormir, a tensão muscular e o acúmulo de responsabilidades geram irritabilidade. Ela acabará afetando seu rendimento e o seu relacionamento com as outras pessoas.

Imagem de capa: stockfour/shutterstock

A linda falsa vida que muitos sentem a necessidade de mostrar.

A linda falsa vida que muitos sentem a necessidade de mostrar.

Há pessoas tão preocupadas em se mostrar bem e agradar, que acabam se perdendo de si mesmas. São tantos que vivem iludidos por espelhos de pequenas ilusões e escondidos atrás de cortinas de grandes mentiras, que com o passar do tempo, perdem a noção da realidade: já não conseguem viver sendo verdadeiros. E existe uma cobrança coletiva por baixo disso. Somos cobrados pelo sucesso alheio e incentivados a sermos iguais. Mal sabemos que, em algumas situações, por detrás de uma foto postada, quase sempre há máscaras. Quase sempre há pessoas com a alma ferida tentando se mostrar fortalecidas. Quando a pessoa se deixa seduzir pelas tentações de ego e de vaidade, acaba entregando a vida para uma viagem só de ida. Só na tela. Tentar competir com o mundo é a melhor e mais rápida maneira de ser derrotado.

Existe um enquadramento entre as redes sociais e sua fábrica de ilusões. Parece absurdo, mas, na maioria das vezes, só postamos aquilo que queremos que os outros vejam. Postamos aquilo que queremos ser (e muitas vezes não somos). A verdade nem sempre é mostrada. Poses e mais poses, filtros e mais filtros para se chegar na foto perfeita. Quantas são as vezes que, em busca de aprovação de outras pessoas, pintamos um quadro totalmente disforme da realidade. Nem sempre é o que parece, vemos pessoas que estão prestes a cair num precipício, mas querem que todos pensem o contrário. A busca doentia por “likes” transforma fulanos e fulanas em reféns de suas próprias mentiras. A postagem dos outros se torna uma provocação e é preciso se mostrar melhor. Mudar a aparência não é mais suficiente, é preciso fingir outra vida.

Na verdade, há casos em que a diferença de aparência entre a pessoa real e a pessoa mostrada na tela do computador é tão grande que, em grande parte das vezes, é algo inacreditável. São figuras distintas, quase que irreconhecíveis quando colocadas lado a lado. A sociedade se reconfigura quando se projeta uma imagem vitoriosa. Há uma aceitação maior. Há uma glorificação da figura do ser bonito, rico e perfeito. E não se enquadrar nisso é dolorido para pessoas (em sua maioria) com a autoestima abalada demais ou elevada demais. Umas de um lado, outras de outro. Paradoxos difíceis de compreender. Um sonho de consumo que faz muitos se sentirem inseguros e tristes. Um sonho de consumo que faz muitos se mostrarem alegres e bem-sucedidos. Um sonho de ser além do que as outras pessoas comuns aparentemente são. Os perfis são tão perfeitos, as pessoas tão alegres, as fotos tão bonitas, as comidas tão gostosas, as selfies mais incríveis, as festas mais chiques, os amigos tão sorridentes, as famílias tão impecáveis, empregos poderosos, romances maravilhosos, viagens inesquecíveis, as roupas mais caras: A melhor vida possível! Depois desse prazer dos diversos likes, essas ações viciam e tendem a se repetir. Quando tudo isso é verdadeiro e realmente vivemos e temos essa vida, é bom demais expor as conquistas, ostentar sucesso e trabalhar o marketing pessoal, pode fazer parte, saudavelmente, do dia a dia do vaidoso, quando é sem muitos exageros, melhor ainda. O perigo é quando muita parte do que é exibido não é real, é montado, disfarçado, é fake. Existe o risco de ser descoberto e o castelo cair. O prazer pode virar dor, a luxuria pode virar amargura, aplausos viram vaias, beleza vira vergonha e sorrisos viram choro.

É complicado pensar que atualmente os níveis de felicidade, realização e sucesso das pessoas são calculados pelo número de likes e coraçãozinhos em seu perfil. Cliques esses, muitas vezes feitos por pessoas que nem se conhecem. Fica mais difícil saber que isso também nos atinge. Essa falsa prosperidade que encontramos na vida dos outros, nós tentamos concretizar na vida da gente também e nem sempre conseguimos. A vida não nos cobra perfeição, mas a sociedade sim, os amigos sim, a família sim e, com isso, projetamos uma imagem de vencedor para agradar. Esse limite entre o real e o virtual, nos traz para uma reflexão sobre o que fazemos e o quanto ficamos invejosos sobre o que os outros fazem melhor do que nós. É como se a felicidade interior só tivesse alguma serventia se as outras pessoas vissem e curtissem. Como se a felicidade alheia fosse algo para incitar inveja.

Muitas vezes a gente se sente assim, não sendo suficiente. Sentimos inveja. Sentimos que não chegamos lá. Mas não queremos assumir e não pretendemos nos esconder. Mas, se você precisa mudar seu jeito e esconder suas verdades para caber no mundo, saiba que jamais nada disso o deixaria mais feliz. E nem mais aceito. E nem mais bonito ou bem-sucedido. Quando você se mostra grande em cima de algo que você não construiu, a queda é certa e sua pequenez será exposta algum dia. Não existe quem não precise de melhorias, sempre deve haver uma inspiração que nos guie aos acertos, mas é preciso repelir os erros, é preciso aceitar quem somos. Se a gente tiver um coração do bem, ele se abrirá e criará espaço para receber energia positiva. Somente um coração cheio de alegria e verdades pode fazer uma alma repleta de felicidade. A alma é que deve se mostrar feliz e não aquela foto maquiada da rede social. Só por isso já vale a pena a gente lutar para se mostrar como é. Não deixe que as vaidades te impeçam de andar somente pelos caminhos da verdade. Somente a verdade deve ser mostrada, mesmo que ela não te enobreça, mesmo que ela não te cresça, mesmo que ela não te coloque em palanques e palcos, não te traga prêmios e palmas. Mas, entenda que só ela importa. Só ela é nobre. Só ela interessa. A imagem verdadeira é a única coisa que a gente deve ter de melhor e mais belo a se mostrar.

Imagem de capa: sergey causelove/shutterstock

Solteira, sou um desastre

Solteira, sou um desastre

Eu solteira sou um desastre.
Talvez porque eu fique plantando rosas em solos aquáticos. Ou talvez eu seja a única a despir a alma no meio do quarto. E a mostrar quão complexamente simples é uma pessoa que se recusa a vestir a fantasia dos jogos.
Talvez, em certo momento, tudo em mim vire um presente muito facilmente desembrulhável e então é deixado de lado depois de algumas brincadeiras.
Talvez eu seja peteca em terras de jogos digitais: tão singela, tão inútil, tão difícil de entender o uso nos dias de hoje… sem sentido, talvez, mas de alguma forma despertando alguma nostalgia nos corações.
Solteira, eu sou um desastre.
Fico pisando em ovos para não ser atingida por irresistíveis investidas. Fico cheia de dedos, tateando o escuro das almas desconhecidas. Fico fora do meu coração, tentando captar sentidos e significados nos gestos, antes de deixar um alguém criar em mim frestas.
Fico fechada, buscando mais paz do que amor.

Até que… até que bate uma atenção cuidadosa, até que olhos parecem chegar perto, até que, pela posição da lua, pelas garrafas de vinho vazias, pela necessidade de arejar o mofo das minhas paredes de pedras, eu, sem perceber, decida escancarar minhas portas, devagar, mas completamente.
E aí meu filho, não é pouca gente que não queira quase que de imediato sair correndo.
Alguns vão de fininho, outros bruscamente, tem gente que ainda fica, vez ou outra traz uma marmita.
E eu fico mal, fico bem, ligo o foda-se, fico zen. Orgulhosamente remendando meu coração com consolos.
Eu solteira, uma hora caio, uma hora entro, outra hora já nem tento.
Mas sempre desastradamente saindo nada ilesa, talvez mais lesada e desentendida dos funcionamentos alheios.
Fico gastando tempo me recompondo e criando truques para o meu pensamento parar de aportar naquela ilha inventada.
Fico gastando energia para criar, depois destruir; para entrar e depois sair; para amar e depois ignorar.
Comicamente dramática. Desabando lágrima para ver se o oceano de dentro seca de uma vez e para ver se a calmaria pós-ressentimento dá logo as boas-vindas.
É muito desprendimento, é muito dilúvio, são muitas estações chegando nessa minha terra antiga, numa alma que teima em preservar o acreditar.
Eu solteira… penso que qualquer assunto é assunto para uma prosa poética.

Imagem de capa: ESB Professional/shutterstock

Mulher independente, esse ser insondável

Mulher independente, esse ser insondável

Em certa ocasião, estava apresentando um trabalho em um evento científico da faculdade, quando um rapaz do curso aproximou-se para ouvir a exposição. Ele observou tudo com interesse e disse-me, com certa intimidade de colega de turma: “Acho você uma mulher maravilhosa”. Ora, mulher… Era uma menina. Entrei na universidade quase adolescente ainda. Fiquei toda sorrisos e sem um pingo de graça. Agradeci rápido e logo retomei a explicação, como que tentando desviar do assunto. Era absurdamente tímida. Ele então insistiu: “Acho que teria receio de namorar contigo: você é muito independente, mas acho que vale a pena tentar, porque você é meiga”. Àquela altura tive que desenterrar-me para prosseguir com o trabalho. Na faculdade aprendi como os rapazes são insistentes e vão à luta quando querem alguém de fato.

Os dias passaram, eu e esse rapaz não namoramos, mas o que ele falou naquele dia ecoou e recordo até hoje. Fiquei a refletir: Por que falou aquilo? Por que julgou uma moça de dezoito ou dezenove anos independente? Por que julgou que independência e meiguice não podem conviver (supondo que de fato eu seja isso)? Em que eu seria mais independente do que outra menina? Bem, eu estudava, passava o dia na universidade envolvida com muitos compromissos além das aulas, além de trabalhar, viajar, sair. Entretanto, muitas mulheres eram e são assim também. A maioria das que eu conheço são. Trabalham, estudam, conquistam o próprio sustento, algumas moram sozinhas e têm a liberdade no gene, são bem resolvidas, comunicativas e inteligentes.

Algumas são casadas e têm filhos, não gostam de sair sozinhas ou de postar fotos desacompanhadas da família na capa do Facebook. Eu mesma passei muitos anos com uma foto familiar assim no perfil, mas não me importo de ir ao cinema ou de viajar sozinha. Faço com constância. É fundamental gostar da própria companhia e sempre fui assim. Já morei de todas as formas possíveis. Trabalho. Estudo. Faço o que dá na minha telha e não agride os outros. Sou independente? Sim, sei que sim. Mas sinto que há limiares, não julgo nada fora do razoável. A independência não tem teias tão intangíveis, e a minha não me parece suficiente para amedrontar ninguém. E se houver de afugentar algum homem mais inseguro ou imaturo, que bom! Penso que seja uma espécie de seleção natural muito oportuna.

Durante séculos, a mulher foi sustentada pelo marido ou pelo pai, e devia a eles total obediência. A quem não colocou atenção sobre a História, é importante saber que houve épocas em que não lhe era permitido estudar (em muitos casos, sequer ler), e isso consequentemente levava a uma má reputação social. A mulher era considerada incompetente e incapaz. Foi há poucas décadas que tal realidade passou a mudar, pois a partir dos anos 1960 a mulher passou a adquirir mais liberdade, a paulatinamente libertar-se de submissões. Isso levou a sociedade a prodigalizar novos valores.

Hoje, algumas contradições e incompreensões nublam um caminho que, a meu ver, deveria ser de mais clareza. Imagino que essa “mulher independente”, segundo alguns, pareça ser mais distante de uma mulher digna do amor, que seja uma pessoa fria, autossuficiente, que dispensa os afetos, que despreza os relacionamentos, que não tem fragilidades, que não se contradiz, que não clama por ajuda, que não chora de decepção, que não se magoa, que não é romântica, que não sente o coração acelerar e as pernas tremerem quando está com o menino por quem se encantou, que não se apaixona avassaladoramente, que não morre de amores com um simples beijo, que não valoriza um cheirinho no cangote. Que… Que… Calma, baby! Quanto pré-julgamento. Não é assim que a banda toca. Existe quem não seja tão sentimental? Existe sim. Existem solitárias convictas? Existem sim. Aliás, existem mulheres e homens assim. Não há chipe de gênero para isso. Tem para todos os gostos quando estivermos falando de humanidade. Por favor, nunca podemos perder de vista que somos complexos. O humano não cabe em caixinhas deterministas.

Lembro que desde muito novinha – criança ou pré-adolescente mesmo – tinha sonhos de independência, e isso pra mim significava ter um cantinho só meu, com privacidade, longe da presença dos pais. Pode parecer precoce e de fato o é, mas a falta de privacidade e de conforto que se costuma ter em casebres faz a gente sentir auspícios de uma vida livre e independente. O fato é que só consegui cumprir a sina já adulta. Aos vinte e quatro anos precisei me mudar para uma cidade no interior do meu Estado, por necessidade de trabalho.

Foi aí que novas camadas de uma Denise apareceram e revelaram-se novidade. Num contexto de total precariedade, mudei-me para essa cidade e fui parar pela primeira vez em uma casa só pra mim. O sonho de morar só finalmente estava se realizando, entretanto as condições não estavam favoráveis: não consegui locar um imóvel mobiliado, e como não podia pagar uma pensão ou mobiliar a casa, o jeito foi alugar uma casa sem nada. Além disso, os vizinhos logo informaram-me que parte da minha vizinhança era bastante complicada e perigosa.“ Tinha até criminosos”, advertiram. Bem, sugeriram que eu fosse morar com uma moça que residia com sua filha, uma criança de cinco anos, em troca de ajudar nas despesas da casa e do aluguel. Nada mais justo. Aceitei e assim fizemos durante um ano. Durante esse tempo residi nessa cidade, convivendo em um ambiente familiar. Não era bicho solto como julgava, vejam só. O fato é que eu estava errada sobre mim. Desenvolvo apego por pessoas, não sou desprendida como pensava.

Experiências como essa mudam radicalmente a cabeça. Novos padrões se formam. Daí por diante passei a aceitar minha natureza totalmente dependente (ou social?) e relacional. Há uma necessidade real, sem a qual não há felicidade possível. Preciso me relacionar com pessoas. Então se morar sozinha significar independência, fico comprometida. Mesmo que more só e goste disso (realmente gosto de momentos sozinha), busco sempre o refúgio da família. E não se trata do conforto de depender da alimentação ou do pagamento de contas pelos pais, pois no meu caso é o contrário, já que sou responsável pelo aporte financeiro maior da família. É uma dependência quase holística: humana, amorosa e até fisiológica, eu diria.

Embora saiba que precisamos de equilíbrio, que é importante abrir mão de tutelas exageradas e tardias e a se colocar na vida com autonomia, não é salutar perder a sensibilidade, a afetividade e os largos sonhos, como o de viver um grande amor, por exemplo. E não há nada de corrida por príncipe ou pela princesa aqui, embora as idealizações insistam em acompanhar-nos.

Ser independente é uma delícia, meus caros. A independência é nada mais do que uma veracidade do ser, um poder interno de gerir as coisas, de determinar escolhas, de fazer o que quer, de estar com quem se quer, de ser o que se quer. Ela não é sinônimo de rigidez ou de gosto pelo isolamento. É triste se percebemos que essa representação tão errada do que seja uma mulher independente (sim, somos múltiplas mulheres independentes) amealhe uma parte da sociedade que escolhe conscientemente a via do preconceito, e não aceita que nós voemos. Ficam, então, as perguntas: A quem interessa que não voemos? Por que mulheres sem muito conhecimento e muita oportunidade sofrem ainda mais essa opressão? Ameaçamos alguém? Há vantagens em ser um ser submisso e com a aparência frágil?

Se algumas de nós mulheres são frágeis, que sejamos com autenticidade e verdade, que isso não seja – nem de longe – a sombra da nossa essência. Afinal, bibelôs são lindos de doer, mas quebram com uma facilidade inacreditável. É bom que sejamos assim ou que tentemos juntos ser mais potentes? Que tenhamos empatia para nos fortalecer no encontro com o outro?

O amor é por natureza gregário. Não há perigo de ninguém tirar nada de ninguém, se amor houver. E não se enganem, nada nos tira a capacidade de amar. “Eu te amo”, “Eu preciso de você” e “Eu me envolvi profundamente com você” talvez sejam frases que os homens quase não estejam ouvindo de nós, mulheres. Certas verbalizações fazem falta em nossas vidas, embora demoremos a saber disso ou a admitir. Mas lá no fundo, no mais profundo recôndito dos nossos sentimentos, amor e carinho fazem falta. Enquanto for a verdade do meu coração, não vou me incomodar de falar essas frases quando necessário. Resta controlar orgulhos e vaidades de ambos os lados para o amor florescer e a independência feminina ser uma realidade estimuladora, um sinal da evolução social dos nossos tempos, e não uma ameaça.

Imagem de capa: Natalia_Grabovskaya/shutterstock

Tudo requer manutenção, do chuveiro à paixão.

Tudo requer manutenção, do chuveiro à paixão.

Há dias, vinha planejando dar uma faxina caprichada na minha cozinha. Mas, estava sempre protelando, então, fazia a limpeza básica e ia deixando sempre para um “próximo fim de semana”. Daí, fazendo o almoço, acabei derrubando, acidentalmente, uma panela de óleo que estava na beirada da pia. Um verdadeiro desastre, aquela lambança, sorte que o óleo estava frio. E, sabe o que aconteceu? Acabei tendo que fazer a faxina naquela hora. Eu não tive como “deixar pra depois,” a coisa ficou feia, literalmente. Arregacei as mangas e limpei tudo, deixei a cozinha impecável.

Enquanto limpava, me pus a pensar nas coisas do cotidiano e a fazer analogias. Me veio à mente aquelas situações que vamos empurrando com a barriga até chegar num ponto insustentável. Querem exemplos? Tome este: aquela ida ao médico que a pessoa evita, mesmo quando o corpo sinaliza que algo não vai bem, daí, tempos depois, uma doença grave se manifesta obrigando o sujeito a ficar internado num hospital, inclusive numa UTI. Nem vou lembrar dos casos fatais.

Outro exemplo? Aquela reeducação alimentar que a pessoa precisa fazer, por prescrição médica, que é negligenciada. Chega num ponto em que o organismo não aguenta mais, e ela, numa consulta de emergência se vê obrigada a abrir mão de quase tudo o que ela comia. Nessa hora, ela vai obedecer, já não é mais possível fazer vista grossa às recomendações médicas. É uma questão de sobrevivência. Pois é, se ela tivesse sido cuidadosa desde o primeiro alerta que o médico fez, possivelmente, estaria tranquila. Mas, brincou com coisa séria, então, as consequências serão mais severas.

É sempre assim, quando negligenciamos a manutenção, teremos que nos desdobrar na reconstrução, isso quando é possível. Diante da possibilidade de reconstruir, tudo acaba saindo mais caro e desgastante. Nos contextos em que a reconstrução está descartada, resta-nos a frustração da perda irreversível.

As negligências nas manutenções acontecem em quase tudo que podemos imaginar. No carro, na casa, na conta bancária, na saúde, na atenção aos filhos, nas amizades…no casamento. Como Bombeira, conheço esse lema: o incêndio ocorre quando a prevenção falha. Fato.

Especialmente nos relacionamentos, quem não cuida, quem não se importa, quem não valoriza o parceiro está assumindo o risco de ficar sem ele. Chega uma hora em que a estrutura vai ruir e, talvez, nada mais poderá ser feito. Os descasos, os “tanto faz,” a indiferença são as intempéries das relações. Eles acabam deteriorando a beleza do vínculo. São ferrugens que minam o encantamento, a libido, o respeito.

É uma questão de inteligência e economia, sai muito mais barato cuidar daquilo que conquistamos, do que consertar os estragos. Porque depois que o leite derramar, já era.

Então, é melhor não pagar para ver certas consequências. As pessoas espertas aprendem com os erros alheios, elas não esperam acontecer com elas. Elas são atentas, elas enxergam longe.

Imagem de capa: Wallenrock/shutterstock

Abençoados sejam os amores distantes.

Abençoados sejam os amores distantes.

Responda-me com sinceridade: Você acha mesmo que a distância pode sustentar um sentimento a ponto de manter aceso o amor? Ou acha que a saudade pode causar o esquecimento?

Dizem que, quando o amor é de verdade, torna-se forte o suficiente para fazer com que a distância seja uma aliada. E que, ao ponto de vista de um apaixonado, passa a ser um detalhe insignificante. É claro que gostaríamos sempre de adormecer, e sim, acordar todos os dias, junto à pessoa que amamos, mas a alegria que sentimos em saber que, em algum lugar, existe alguém louco o suficiente para aguentar a tristeza de não estar ao nosso lado a cada manhã, alguém que suporta a saudade que às vezes, faz chorar, mas com a certeza de que distância nenhuma vai fazer com que o amor diminua, faz com que tenhamos coragem para suportar a dor. Sim, porque a distância separa os nossos olhares, mas une os nossos corações.

Quando falamos de amor, falamos de um sentimento excepcional, que supera todas as diferenças, e que traz à tona aquilo que existe dentro da gente, um sentimento que resiste ao próprio tempo. Falamos de um sentimento abençoado, que se fortalece com a distância e faz com que aquilo que é que traz saudade, seja apenas uma renúncia para que possamos viver dias de felicidade. É um sentimento do qual é difícil fugir, e quando se trata realmente de amor, digo com certeza que é impossível esquecer!

Talvez não exista amor à primeira vista, mas acredito na inspiração que o amor traz. E viver essa inspiração parece até cena de um filme, baseado naquilo que vivemos como uma história. Depois do carinho, das flores, do chocolate, ai então vem as palavras carinhosas, floridas e adocicadas, terminando muitas vezes, num “eu só quero você”. Tá, mas ai vem o momento da separação. E então, estando ambos distantes vem a saudade. As lágrimas vêm, ouvindo as músicas preferidas, vendo as fotografias ou lendo uma cartinha de amor. E como é precioso um telefonema com as palavras: “só liguei para ouvir tua voz”. E nos entristecemos por não ver aquele sorriso, por não ouvir uma gargalhada apaixonante. Pensamos então, que vamos morrer de saudades, ou que vamos perder o juízo, mas nos lembramos das juras de amor, e por um momento pensamos em pular de alegria, pela certeza de um amor, que mesmo distante, nos faz ser pessoas especiais.

Chegamos então à conclusão de que já fizemos nesse tempo, um amor eterno. Já choramos e sorrimos o quanto podíamos. Agora o que queremos mesmo, é proteger esse amor, e não permitir que morra o desejo de mantê-lo, mesmo que, longe dos olhos, bem juntinho ao coração. Para que uma gota desse amor abençoado, venha a transbordar como um rio que leve a tristeza e traga a alegria num tempo determinado.

E assim, todas as lamentações da saudade, saudade da praia, do céu estrelado, das risadas ao vento, das flores pelo caminho, da voz presente, e de tudo que traz lembranças, estarão eternizadas na ausência momentânea da pessoa amada. E serão, com certeza, um presente para um amor que está distante.

Imagem de capa: mlasaimages/shutterstock

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