Ciência confirma: algumas pessoas consomem as nossas energias

Ciência confirma: algumas pessoas consomem as nossas energias

Estamos acostumados a chamá-las de pessoas tóxicas ou vampiros emocionais. São perfis que nos contaminam com suas emoções negativas até o ponto de drenar nossas energias, nos deixando exaustos, com dores de cabeça e envoltos no pálido véu do desânimo. Para os pesquisadores, esse tipo de dinâmica pode comprometer completamente o nosso bem-estar psicológico devido ao curioso impacto que exerce no cérebro.

É bastante chamativo como a psicologia popular sempre gosta de usar terminologias que descrevem muito bem determinados processos comportamentais. Chamar de “vampiro emocional” aquelas pessoas que devido aos comportamentos, às palavras ou às atitudes nos levam a um indescritível mal-estar é uma ótima metáfora.

“Se alguém procura um lugar para jogar o próprio lixo, que não seja na sua mente.”
-Dalai Lama-

No entanto, qualquer especialista no tema dirá que além de roubar as nossas energias – o que realmente acontece e que foi comprovado cientificamente –, essas pessoas conseguem nos contaminar com o estado emocional que emanam. Vamos analisar um exemplo: um novo companheiro de trabalho chegou à empresa em que trabalhamos. À medida que o conhecemos nos damos conta de que ele nunca fala nada positivo que aconteceu na sua vida, sempre está “em estado de reclamação”.

Ciência perto de comprovar que pessoas absorvem energia de outras

Quando estamos com essa pessoa, e mesmo se nos perguntamos constantemente “por que tenho que ficar ouvindo essas coisas?”, não conseguimos evitar de nos contagiar com o negativismo que a caracteriza, até chegar ao ponto de perceber como às vezes esse contato diminui a nossa produtividade no trabalho. De fato, existem interessantes estudos que chamam esse tipo de pessoas de “maçãs podres”.

Ou seja, são perfis que estão presentes em qualquer ambiente de trabalho e que, devido à atitude negativa que possuem, podem “infectar” toda a carga emocional de uma equipe. Paralelamente, conseguem criar ambientes hostis, nos quais mais de um funcionário pode pedir afastamento por se sentir literalmente “queimado”.

Contudo, o fenômeno da maçã podre ou do vampiro emocional abarca muitos outros contextos e faz surgir outras dinâmicas…

O que acontece no seu cérebro quando “roubam” suas energias

Vamos fazer uma viagem ao passado para compreender o que acontece quando, dia após dia, precisamos nos relacionar ou ficar perto de uma pessoa vitimista, negativa ou desgastante. Pense que nosso cérebro, devido a tudo que a seleção natural envolve, está programado para entender a sociabilidade e o contato com nossos semelhantes não apenas como algo positivo, mas necessário. Assim, o que nossos ancestrais fizeram para aumentar suas chances de sobrevivência foi formar núcleos de vários indivíduos.

Nós precisamos, portanto, de outras pessoas para nos sentirmos bem, para nos relacionar e criar vínculos significativos. Quando isso acontece, nosso cérebro libera ocitocina. No entanto, quando não conseguimos “nos juntar” com uma pessoa, quando o que recebemos é uma certa hostilidade ou desconfiança, o cérebro libera cortisol, o hormônio do estresse. Dessa maneira, na nossa mente surgirá uma sensação bastante específica: a sensação de ameaça.

Paralelamente, também não podemos nos descuidar do que acontece na nossa sofisticada rede de células interconectadas que constituem o nosso sistema de neurônios espelho, destinados apenas a registrar e processar cada expressão facial das pessoas ou sua linguagem corporal. Isso, muitas vezes, faz com que nos contagiemos com os estados emocionais das pessoas à nossa volta. Da mesma forma, os pesquisadores dizem também que existem pessoas mais sensíveis que outras a essa “contaminação” e por isso, pouco a pouco, se produz um coquetel envenenado para a nossa própria saúde e o nosso equilíbrio psicológico.

Assim, o efeito químico do estresse no nosso cérebro provocado por uma sensação de ameaça permanente, combinado com a contaminação das emoções negativas que recebemos dos outros, provoca um único e persistente desejo na nossa mente: o desejo de escapar.

O que fazer para manter um bom nível de energia

Adoraríamos poder dizer que para lidar com os vampiros emocionais ou esses perfis que roubam energias basta se afastar deles. Contudo, isso seria pouco mais que um eufemismo porque uma coisa que todos sabemos é que poucas pessoas podem deixar seu emprego apenas porque nele existe uma “maçã podre”. E também ninguém pode se distanciar para sempre daquela mãe ou daquele irmão que tiram nossa vontade, nossa felicidade e nossa energia sempre que estão por perto.

“É estranha a rapidez com que os maus acham que tudo vai dar certo para eles.”
-Victor Hugo-

Um bom livro para aprender sobre esse tema e continuar se aprofundando nos estudos científicos é “Emotional Contagion, Studies in Emotion and Social Interaction”. Ele explica que o melhor a fazer nesses casos é aprender a ser “impermeável” a esse tipo de interação com o objetivo de proteger seu bem-estar físico e emocional.

A seguir, propomos algumas reflexões.

3 maneiras de conservar suas energias

– Você tem mecanismos de defesa para utilizar. Algo bastante efetivo que deveríamos praticar é “desativar” o impacto que essas pessoas podem provocar em nós. Não hesite, por exemplo, em repetir para si mesmo, como se fosse um mantra, algo como: “essa pessoa vai consumir a energia que eu permitir que ela consuma”.

– Racionalize. Existem pessoas que têm o insistente costume de falar apenas sobre coisas negativas, de como a vida as trata mal, por exemplo. Uma maneira de impedi-las é racionalizando com assertividade: “em vez de reclamar, reaja contra tudo isso que você não gosta”, “eu gostaria de que pelo menos uma vez você fosse capaz de falar coisas positivas para mim”.

– Aprenda a dizer “não”. Essa estratégia é tão simples quanto eficiente. A partir de agora, mostre ao seu vampiro emocional que você não tem tempo para ouvir as críticas dele, que você se nega a ouvir essas fofocas e que, principalmente, você se nega a ser maltratado.

Para concluir, há momentos em que é preciso tomar consciência das próprias necessidades para evitar que outras pessoas parasitem sua vida e sua tranquilidade. Já que nem sempre podemos ter a companhia de pessoas que nos trazem equilíbrio e felicidade, precisamos aprender, portanto, a lidar com respeito e maturidade com quem nos traz apenas tempestades, mas também devemos aprender a agir com a firmeza que demonstra nossas vontades.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

Imagem de capa: Paul Biryukov/shutterstock

Quanto mais eu ignoro, mais eu tenho paz

Quanto mais eu ignoro, mais eu tenho paz

Ultimamente, ter paz tornou-se artigo raro, daqueles que logo só se verão nos museus da vida, afinal, estamos cada vez mais atarefados, assoberbados, desmotivados, decepcionados. Não temos quase mais tempo para fazer o que mais gostamos e que não se relacione com trabalho, com compromisso, com chatice, ou seja, sobram-nos poucos espaços em que possamos não fazer nada, não pensar em nada, esquecendo que existimos. E isso faz muita, mas muita falta.

Todos sabemos o quanto o corpo e a mente necessitam de um refresco, de um intervalo emocional diário, para que não nos encontremos fatigados e estafados, pelo ritmo célere e repetitivo das atividades cotidianas não prazerosas. Precisamos de momentos de paz, de um encontro com a gente mesmo, que nos alivie esse peso das obrigações que nos extenuam o corpo e a alma. Somos também sentimentos, somos um mundo dentro de cada um de nós e esse mundo precisa de trégua.

Infelizmente, para piorar o andamento das coisas, existe muita gente que tenta roubar a paz alheia, com atitudes desagradáveis, comentários maldosos e, não raro, agressividade gratuita. Algumas vezes, somos diretamente atingidos por isso tudo; outras vezes, o ambiente à nossa volta acaba pesando por conta de situações que não nos atingem diretamente. De um ou de outro modo, será difícil conseguirmos nos equilibrar entre nossa vontade de ser feliz e a infelicidade semeada por aí.

Bater de frente com quem só quer prejudicar será infrutífero, pois esse tipo de pessoa rebaixa-se a um ponto que não conseguimos alcançar. Argumentar com quem não ouve ninguém além de si mesmo será inútil, porque gastaremos saliva à toa. Tentar provar nossas verdades nem é necessário, visto que o tempo se encarrega de colocar cada um em seu devido lugar. Ou seja, o melhor que poderemos fazer para ficarmos em paz será ignorar.

Ignorar quem nos quer infelizes, quem é chato pra caramba, quem fofoca sem parar. Ignorar gente mal amada, palavras de desânimo, palpites indevidos. Ignore, visando à paz almejada, urgente e necessária. É bem assim que a gente não se quebra.

Imagem de capa: Nadin Panina/shutterstock

Com o coração na mão

Com o coração na mão

Se imaginarmos essa situação, talvez, seja assim: Estamos caminhando ou parados, olhando fixamente com espanto para o coração que pulsa em nossas mãos. As pernas, com certeza, estarão tremendo.

Assombro, medo, tudo no seu mais alto grau…

Provavelmente, cada pessoa teria um extremo cuidado e respeito com esse órgão que é a vida, ali, exposta e frágil.

O coração pode ser alado ou cavalgar como um cavalo baio pelas relvas verdejantes de nossos sonhos e fantasias, mas seguro em nossas mãos seria como uma criança recém-nascida, totalmente indefesa e incapaz de viver sem um meio acolhedor.

Agora, se formos um pouco mais longe nesse exercício da imaginação e pensarmos que o coração, simbolicamente, é a expressão do Amor, podemos então nos perguntar: Estamos tendo o mesmo cuidado e respeito com o Amor que sentimos?

Estamos sendo capazes de segurá-lo, ou loucos para entregá-lo a alguém, pois sua vulnerabilidade nos assusta, tremendamente?

Para sustentar o Amor é preciso ter confiança de que somos capazes de lidar com raridades, é preciso crer que o Amor é nosso maior patrimônio psíquico e que sem ele somos nada.

Mas a incapacidade do Ser Humano em viver o Amor já foi anunciada por Paulo Mendes Campos, em sua crônica “O amor acaba”.

…”O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num do- mingo de lua nova, depois de teatro e silêncio…

…”por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba”.

Que aprendizagem de vida difícil de acontecer! Aprisionamos cada vez mais esse sentimento em redomas e o Amor vai se rarificando, a solidão nos sacudindo com mais vigor e, dessa forma, vamos conhecendo a frieza das relações humanas.

Imagem de capa: UMB-O/shutterstock

A diferença entre adorar e amar explicada em ‘O Pequeno Príncipe’

A diferença entre adorar e amar explicada em ‘O Pequeno Príncipe’

Adorar e amar são dois sentimentos maravilhosos mas, sem dúvida, distintos. Todos (ou quase todos) nós temos um propósito firme e intangível na nossa vida: amar alguém com todas as nossas forças.

Nós pensamos sobre isso e desejamos fervorosamente pelo simples fato de que nós pensamos que realizar estes objetivos nos conduz à felicidade. Não estamos errados em pensar que o apego saudável é indispensável para explorar o nosso mundo.

No entanto, por diversas razões, acabamos confundindo o adorar com o amar e vice-versa. Como consequência desta confusão, enchemos a nossa mochila emocional de “eu te adoro” falsos e de “eu te amo” vazios.

A sabedoria emocional presente nos diálogos de O Pequeno Príncipe

Saint-Exupéry nos oferece uma magnífica passagem na obra ‘O Pequeno Príncipe’ que podemos pegar para ilustrar este artigo, a fim de lançar luz sobre essa realidade emocional poderosa que afeta quase todas as pessoas em um momento ou outro da vida.

Eu te amo —disse o Pequeno Príncipe.
Eu também te adoro —respondeu a rosa.
Mas não é a mesma coisa —respondeu ele, e logo continuou— Adorar é tomar posse de algo, de alguém. É buscar nos outros o que preenche as expectativas pessoais de afeto, de companhia. Adorar é fazer nosso aquilo que não nos pertence, é se apropriar ou desejar algo para nos completar, porque em algum momento reconhecemos que estamos carentes.

Adorar é esperar, é se apegar às coisas e às pessoas a partir das nossas necessidades. Então, quando não temos reciprocidade, existe sofrimento. Quando o “bem” adorado não nos corresponde, nos sentimos frustrados e decepcionados.

Se eu adoro alguém, eu tenho expectativas e espero algo. Se a outra pessoa não me dá o que eu espero, eu sofro. O problema é que há uma maior probabilidade de que a outra pessoa tenha outras motivações, pois somos todos muito diferentes. Cada ser humano é um universo.

Amar é desejar o melhor para o outro, mesmo quando as duas pessoas têm motivações bem diferentes. Amar é permitir que você seja feliz, quando o seu caminho é diferente do meu. É um sentimento altruísta que nasce ao se entregar, é se dar por completo a partir do coração. Por isso, o amor nunca será causa de sofrimento.

Quando uma pessoa diz que já sofreu por amor, na verdade ela sofreu por adorar, não por amar. As pessoas sofrem pelo apego. Se alguém ama realmente, não pode sofrer, pois não espera nada do outro. Quando amamos, nos entregamos sem pedir nada em troca, pelo simples e puro prazer de dar. Mas também é certo que essa entrega, este “se entregar” altruísta, só acontece no conhecimento.

Só podemos amar o que conhecemos, porque amar envolve saltar para o vazio, confiar a vida e a alma. E a alma não se indeniza. E conhecer a si mesmo é justamente saber de si, das suas alegrias, da sua paz, mas também das suas raivas, das suas lutas, dos seus erros. Porque o amor transcende a raiva, o erro, e não é só para momentos de alegria.

Amar é a confiança plena de que aconteça o que acontecer, você vai estar presente, não porque você me deva alguma coisa, não por uma posse egoísta, e sim só por estar, em uma companhia silenciosa. Amar é saber que o tempo, as tempestades e os meus invernos não mudam.

Amar é dar-lhe um lugar no meu coração para que você fique como parceiro, pai, mãe, irmão, filho, amigo, e saber que no seu há um lugar para mim. Dar amor não esgota o amor, pelo contrário, o aumenta. A maneira de retribuir tanto amor é abrir o coração e deixar-se ser amado.

—Agora entendo —contestou ela depois de uma longa pausa.
—É melhor viver isso —aconselhou-lhe o Pequeno Príncipe.

Outra bela explicação relacionada com a diferença da qual falamos é aquela que os ensinamentos budistas nos oferecem. Neles, afirma-se sabiamente que se você adora uma flor, a arranca para tê-la consigo, mas se “ama” uma flor, você a rega todos os dias e cuida dela.

Definitivamente quando amamos alguém o aceitamos tal como ele é, permanecemos ao seu lado e procuramos deixar depósitos de felicidade e êxtase em todos os momentos. Porque os sentimentos, para serem puros e intensos, têm que vir lá de dentro.

Por isso é essencial fazer um exercício de trabalho interior e questionar se estamos fazendo tudo certo, se estamos demonstrando bem os nossos apegos e os nossos sentimentos, ou se, pelo contrário, estamos confundindo-os com o desejo de colocar as nossas relações em palavras duradouras e profundas.

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

Imagem de capa: Reprodução

A importância de ter critério na vida

A importância de ter critério na vida

Eu acho incrível a capacidade que o grande filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella tem de se utilizar da etimologia, que é o estudo das raízes das palavras, para desenvolver altas reflexões filosóficas de grande importância para todos nós.

Lendo o seu maravilhoso livro chamado “Viver em paz para morrer em paz” no texto “Viver em paz”, fiquei encantado com uma linda reflexão a respeito de ter critérios na vida. Leia com bastante atenção.

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“Escolher é adotar certas posturas e deixar outras de lado. Em sânscrito, havia uma ótima palavra para isso: cria, que quer dizer “purificar”. Ela deu origem à palavra crisis, em grego, de onde vem a palavra “crítica” e também a palavra “critério”. Criticar é separar o que uma pessoa deseja do que ela não deseja. Assim, ter uma vida crítica é ter uma vida consciente. Aquele que leva uma vida não crítica, ou sem critérios, não tem rumo, é um alienado.”

Mario Sergio Cortella

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Infelizmente, é comum vermos muitas pessoas dizendo que a CRÍTICA é algo ruim, algo destrutivo e que precisa ser vencida. Nem sempre! Em alguns casos a crítica é de suma importância, principalmente a AUTOCRÍTICA.

Sem a autocrítica não saberíamos discernir entre o que seria melhor ou pior em cada uma das nossas escolhas. Como eu sempre digo, o problema está nos exageros. O exagero da crítica leva você aos JULGAMENTOS tanto externos como internos, e os julgamentos quando muito aflorados transformam você em um INQUISIDOR. Para ler mais sobre isso compartilho a visão genial do mestre Rubem Alves que você pode ler [neste link].

Porém, a crítica na medida certa, ponderada, nos leva a ter CRITÉRIO nas nossas escolhas. E as escolhas provém dos desejos. Se meu desejo é bem criterioso, a possibilidade de eu me frustrar ou me arrepender será muito menor percebe?

Ele comenta sobre as pessoas que levam uma vida não crítica. Elas são as alienadas. Ou seja, é como se estivessem em outra dimensão, em outra órbita. Só a título de curiosidade. Não sei se você já prestou atenção, mas a palavra alienado é muito semelhante à palavra alienígena. Exatamente porque o radical que forma as duas palavras é o mesmo. Vem do latim alius, que significa “outro”.

Ao escrever esse texto até me lembrei de uma belíssima poesia de Mário de Sá Carneiro que foi musicada pela querida Adriana Calcanhotto. Eu fico impressionado como essa mulher conseguiu transformar apenas 4 frases em uma música tão linda… Eu a considero um gênio da música brasileira.

Compartilho abaixo a letra e a música para você ouvir. Ela se chama “O outro”.

“Eu não sou eu nem sou o outro,

Sou qualquer coisa de intermédio:

Pilar da ponte de tédio

Que vai de mim para o Outro.”

Espero com esse texto incentivar você não ser esse pilar da ponte de tédio, sem saber quem é, nem para que veio a esse mundo. Se tornando esse outro, tão poeticamente representado pela querida Adriana Calcanhotto.

Um ponto super importante que não foi levantado pelo Cortella nesse texto, mas que complementa de forma brilhante o que ele quis dizer é a relação entre ser criterioso e a CAPACIDADE DE DIZER NÃO.

Milhões de pessoas não conseguem ser mais criteriosas porque querem agradar a todos, e agradando a todos aceitam coisas absolutamente inaceitáveis. Aceitando injustiças você não está sendo crítico, ou seja, consciente das suas escolhas.

Eu conheço muitas, muitas pessoas mesmo que não conseguem ter a firmeza de dizer um NÃO quando estão sendo injustiçadas. Essas pessoas acabam “comendo o pão que o diabo amassou” em seus cotidianos, sendo que poderiam diminuir absurdamente esse sofrimento apenas aprendendo essa verdadeira arte de dizer não. Para refletir mais sobre esse ponto, compartilho um texto muito bom do blog que trata da questão de querer agradar a todos e o quanto isso é negativo. Segue o link [aqui].

Espero de coração que você desenvolva sua consciência para dessa forma ser mais criterioso, e sendo mais criterioso, saiba fazer melhores escolhas. E fazendo melhores escolhas, seja alguém com um imenso potencial transformador de si mesmo e da sociedade…

Imagem de capa: GaudiLab/shutterstock

O amor é distraído

O amor é distraído

Você, assim como eu, deve ter um dia gritado pelo amor. A gente acha que o amor vem quando a gente chama. Que ele é destemido e capaz de quebrar muralhas e escalar altos montes. O amor, falo aqui do amor entre dois apaixonados, não é nada disso. O amor é tímido. Ele só vem quando a gente esquece de chamar. Ele só chega perto quando a gente desiste de olhar. Ele só aceita ser acariciado quando se acostuma com nosso cheiro e jeito de ser.

O amor me lembra um filhotinho de cervo arisco. Um pequeno gato selvagem. Uma ave bela e misteriosa que foge ao notar movimentos bruscos. O amor sabe que tem muita gente que o quer pra si, aprisionado, em cativeiro. Que o quer cantando em lamento para dizer: eu tenho um amor. Olha, ele é só meu.

Eu no fundo entendo essa fixação nossa pelo amor romântico. Ele é bonito demais. Ele é mágico. Todos que são tocados por ele ganham novo viço. Têm pele, olhos e ideias brilhando e fervilhando. O coração ao toque do amor parece regenerado e o corpo grita: estou vivo! Daí, a gente, num impulso, age com voracidade e sem querer faz o amor correr pra longe, assustado.

O amor já entendeu que as coisas não funcionam assim. O amor entendeu o que ainda não entendemos. O amor entendeu que o lugar dele não é em grandes festas, eventos, encontros, mas sim em dias comuns nos quais todos nossos sentidos se apuram para receber, por descuido, o toque mágico do que é indescritível. O amor é distraído.

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Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain

“Mais do que máquinas precisamos de humanidade.”

“Mais do que máquinas precisamos de humanidade.”

O sistema de valores orientados pelo egoísmo promove de modo agressivo, a tese do darwinismo social, uma visão que acredita na existência de grupos superiores, que se diferem física e intelectualmente, devendo governar a sociedade. Enquanto os outros menos capazes deixariam de existir, por serem inaptos de seguir a linha evolutiva da espécie humana.

Isso é uma leitura deturpada da teoria de Charles Darwin, usada para justificar que os egoístas apresentam quociente de inteligência elevada para dominar a ciência e comandar a sociedade. Essa concepção está formando uma geração de egoístas, indivíduos que têm apegos exagerados às coisas materiais, sem nenhuma preocupação com as necessidades alheias.

A soma de ações egoístas, alimentam a cultura do individualismo, que na interpretação psicanalítica de ego, é a priorização da razão narcísica sobre a razão dos demais. Além disso, essa cultura acredita que o seu modo de ter e ser – é o mais importante das raças humanas.

Mas essa é uma lógica reducionista, pois nós humanos temos a necessidade vital de pertencer a uma coletividade, anseios que remontam a nossa ancestralidade, como identificou o gênio Charlie Chaplin: “Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.”

Portanto, existe a esperança de vitória sobre a sociedade desumanizada na construção de uma sociedade mutualista, que se apóia nos valores da tradição humanista que – restauram à vida. Hoje esse lugar de bem-querer só é possível, graças as ações de pessoas altruístas que fazem o bem aos outros antes de pensar em si mesmas.

As pesquisas confirmam que pessoas – emocionalmente inteligentes – ajudam a melhor a vida das suas comunidades, demonstrando gestos verdadeiros de altruísmo e a capacidade de compreender as diferenças. São gente que gosta de gente, que escuta o sofrimento alheio e busca soluções para as necessidades do próximo.

O resultado disso chama-se solidariedade, uma palavra de origem francesa “solidarité”, que significa responsabilidade mútua e do latim “solidus”, que expressa algo firme, inteiro e sólido. Ou seja, que orienta a atuação dos cidadãos (as) de diversos setores sociais, que dão tudo de si para ajudar a reduzir a aflição das vítimas das catástrofes, da violência, da fome, das doenças, da drogadição, do desemparo social e econômico do Estado.

Enfim, apesar dos hediondos escândalos de corrupção e do mórbido egoísmo, temos muitas pessoas altruístas, que atuam de forma pacífica na construção de um mundo melhor, uma vez que elas são herdeiras de experiências, que datam de um sistema de valores da tradição psicoespiritual do Ocidente e do Oriente dos últimos 4000 anos.

Imagem de capa: vasara/Shutterstock

“A Felicidade bate na porta, mas não gira a maçaneta”

“A Felicidade bate na porta, mas não gira a maçaneta”

Nesse carnaval, estive com minha família visitando meu sogro. Ele mora numa cidadezinha bem pequena no interior de São Paulo, onde me sinto completamente em casa. Lá a internet funciona mal, e por isso meu filho ficou sem computador e celular. A televisão também não pega bem, e portanto passávamos a maior parte do tempo conversando, ouvindo o barulho das galinhas e lendo. Bebíamos vinho, andávamos descalços e íamos para a praça tomar sorvete. Sentávamos no banco do jardim e tínhamos a sensação de que o tempo demorava a correr. Me lembro de pensar que estava entendendo tudo, que tudo fazia sentido, que não havia mais espaço para nenhum descontentamento. Que finalmente eu havia “deixado pra lá” tudo o que um dia me perturbou. Que eu estava equilibrada, e todos ao meu redor também. A felicidade havia batido na porta e todos nós havíamos girado a maçaneta.

Ser feliz é uma decisão, um trato com o bem estar apesar de tudo que o possa ameaçar. Pois a alegria vem e vai, mas permanecer feliz independente da dança dos dias é um compromisso que assumimos dando boas vindas aos prazeres e delícias, mas também aceitando com paciência todas as falhas, faltas, tristezas, tédio e saudades que fazem parte do pacote que é a existência.

Não é a ausência de tristezas e decepções que torna alguém feliz. Se fosse assim, ninguém estaria apto a receber a tal felicidade. O primeiro passo para ser feliz, independente dos altos e baixos que nos cercam dia a dia, é o empenho em encontrar contentamento interno apesar das nuvens carregadas, dos lugares vazios ao nosso lado, dos desejos insatisfeitos e das bagagens pesadas.

Como eu disse, no carnaval tive tempo para ler. E por um “feliz acaso” (Serendipity), levei comigo o livro de uma amiga. Apesar de já ter assistido ao filme inúmeras vezes, nunca tinha lido o livro “Comer, rezar, amar”, de Elizabeth Gilbert. Achava que o livro não teria nada a acrescentar, e por isso não me interessava muito. Porém, para minha grande surpresa, a obra me arrebatou. E chegou na hora exata, vindo de encontro com o momento que estou vivendo, de busca de equilíbrio e, consequentemente, felicidade. Lyz, a autora e personagem, sai de um divórcio complicado, seguido por uma paixão arrebatadora que não deu certo, e segue para uma jornada que inclui a Itália, a Índia e a Indonésia. Em cada um desses lugares ela tem um tipo de experiência, e me encantei profundamente com sua transformação na Índia. Não tenho o desejo de viver uma experiência semelhante, mas _ ao acompanhar sua busca espiritual, e suas dificuldades no início, quando ainda estava muito ligada aos últimos acontecimentos de sua vida (portanto muito marcada pela dor e muito guiada pelo ego) _ pude compreender que o caminho para uma vida equilibrada e feliz depende muito mais de nosso empenho e esforço pessoal do que simplesmente estar à espera de um golpe de sorte que venha acrescentar algum tipo de alegria momentânea à nossa vida.

A felicidade é feita de tijolinhos, e inclui o equilíbrio entre mente, corpo, coração e espiritualidade. Buscar esse equilíbrio tem um preço, e requer disciplina e muita coragem. Os ingredientes tanto da felicidade quanto da infelicidade estão igualmente presentes em todos nós, cabe a cada um decidir qual irá prevalecer. Para ambos os caminhos, é preciso muito esforço e insistência.

Embora não pareça, é preciso um grande esforço para ser infeliz. O infeliz tem que se empenhar para viver no passado, remoendo suas dores, se ressentindo de seus traumas, não abandonando suas mágoas. O infeliz se recusa a sorrir, gasta sua energia planejando vinganças, carrega uma nostalgia melancólica e não consegue encontrar alegria no presente. Ele prefere criticar a acolher, julgar a aceitar, se vitimar a se transformar, fugir a enfrentar, viver de saudades a viver realizado.

Também é preciso empenho e insistência para ser feliz. A felicidade bate na porta, mas não gira a maçaneta. Quando decidimos acolher a felicidade, precisamos ter um ambiente propício para isso. Um lugar em que corpo, mente, coração e espírito estejam fortalecidos, para que a felicidade não escape pelas frestas ao primeiro sinal de contrariedade. A felicidade é consequência de um esforço pessoal, e para tanto precisa de pulmões limpos e coração tranquilo; ideias claras e pensamento positivo; desapego dos traumas e das satisfações sem volta do passado; e finalmente, de perfeita comunhão com Deus.

Que você exercite o corpo e distraia a mente. Que procure ajuda caso se encontre num estado de depressão e precise de terapia ou medicamentos. Que leia bons livros, assista a bons filmes, que evite as notícias sangrentas e sensacionalistas na tevê. Que se conecte moderadamente à internet, e que encontre amigos reais com quem possa contar. Que ouça músicas e se encante com a poesia. Que dance até ficar com o cabelo ensopado, e não se desespere por causa da política. Que se apaixone por si mesmo, e leve isso em consideração quando encontrar alguém com quem deseje dividir uma parte de sua vida. Que borrife perfume nos pulsos e espalhe shampoo nos cabelos, mas que nunca deixe de ficar arrepiado ao sentir o cheiro característico de alguém que ama. Que encontre formas de se conectar a Deus, e que isso se torne uma prática constante na sua vida. Que você encare as circunstancias desafortunadas de sua vida com jogo de cintura e otimismo e que, finalmente, escolha bem seus pensamentos, descobrindo que ninguém pode fazer tanto mal a você quanto você mesmo… Be happy!

Imagem de capa: mimagephotography/shutterstock

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Mente vazia é oficina do diabo?

Mente vazia é oficina do diabo?

Há um ditado que sempre tive certa dificuldade para entender e acolher. Até hoje fico me questionando sobre a sua veracidade. Infelizmente, esse ditado é considerado verdadeiro para bilhões de seres humanos, principalmente os ocidentais.

O ditado é: “Mente vazia é oficina do diabo”. Será? Por quê? Vamos refletir sobre isso!?

Para embasar a reflexão, compartilho algumas sábias palavras do místico oriental Osho:

“A palavra inglesa empty (vazio) deriva de uma raiz que significa “de folga”, desocupado. É uma palavra bonita se você for até a raiz. A raiz é muito fecunda: ela significa de folga, desocupado. Sempre que você estiver desocupado, de folga, você estará vazio. E lembre-se, o provérbio que diz que a mente vazia é um instrumento do diabo é simplesmente um absurdo. Exatamente o oposto da verdade: a mente ocupada é um instrumento do diabo!

A mente vazia é um instrumento de Deus, não do diabo. Mas você tem que entender o que eu quero dizer com “vazio” – de folga, relaxado, não tenso, sem movimento, sem desejar, sem ir a lugar nenhum, apenas ficando aqui, inteiramente aqui.

Uma mente vazia é uma presença pura. E tudo é possível na presença pura, porque toda a presença deriva da presença pura.

Essas árvores crescem a partir dessa presença pura, essas estrelas nascem dessa presença pura; nós estamos aqui – todos os Budas saíram dessa presença pura. Nessa presença pura você está em Deus, você é Deus. Ocupado, você cai; ocupado você tem de ser expelido do Jardim do Éden. Desocupado, você está de volta ao lar.

Quando a mente não está ocupada com a realidade – com as coisas, com os pensamentos – então existe aquilo que é. E aquilo que é, é a verdade. Apenas no vazio, existe uma reunião, uma fusão. Apenas no vazio você se abre para a verdade e a verdade entra em você. Apenas no vazio você se torna fecundo com a verdade.”

Osho

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O grande problema é que quase ninguém entende o real significado da palavra vazio, que tão bem o Osho explica.

Eu falei no início do texto que principalmente entre os ocidentais essa frase é considerada verdadeira. Por quê? Simples. No ocidente, mais do que no restante do mundo, não há praticamente nenhuma valorização para o lado da espiritualidade, mas para o consumismo e o materialismo.

Posso estar enganado, mas acredito que o ser humano que inventou esse ditado seja provavelmente alguém dono de muitos bens materiais, com algum posto de chefia, alguém que tinha poder para mandar nos outros, alguém que tinha servos. Vou explicar.

Se prestar atenção nas minhas palavras e nas do Osho, perceberá que estamos querendo lhe fazer refletir sobre LIBERDADE. Ter uma mente vazia é uma verdadeira dádiva, porque nesse estado de pura contemplação do belo, não há espaço para as preocupações imensas criadas pelo mundo materialista no qual estamos inseridos. A mente vazia é um espaço de paz, de harmonia, de felicidade.

Pense comigo! A maior parte das pessoas tem uma vida atribulada, a agenda lotada até a última gota de sangue, milhares de compromissos, passam o dia inteiro no trabalho etc. e quando chegam em casa. Exaustas! O que encontram? A TV ou a internet, repletas de propagandas de “compre isso, compre aquilo”, e um montão de sites de comédia, para você rir, “espairecer a mente”, e se preparar para o dia seguinte.

Veja só! Sua mente está cheia, e ao chegar em casa. Ao invés de esvaziá-la, você a enche ainda mais com um monte de baboseira! A quem isso interessa? Acho que nem preciso responder, não é mesmo?

Por que até hoje quase todos acreditam nesse ditado? Porque nós, o nosso cérebro, e toda a nossa vida, já se tornou tão condicioada, que se torna realmente difícil compreender a mensagem verdadeira.

Com apenas alguns poucos questionamentos é possível entender que este ditado é “papo furado”. Por exemplo: “Por que eu tenho que trabalhar 8h por dia? Por que eu tenho que cumprir todas as ordens do meu chefe? Por que eu não posso tirar um dia de folga no meio da semana?

E há outros tipos de questionamento também: “Por que quando estou “de bobeira” em casa eu ligo a TV? Por que quando a casa está silenciosa eu tenho que ligar o som, ou tenho que ver minhas mensagens no whatsapp?”.

Ou ainda: “Por que nas práticas religiosas eu tenho que estar em uma comunidade, com várias pessoas, rezando ou louvando, sempre com a boca aberta? Por que eu tenho que estar sempre falando? Por que eu tenho que ir pra missa ouvir o padre falar por uma hora? Ou ao culto ouvir o pastor por uma hora?”

Por que eu não posso parar, descansar, não fazer absolutamente nada? Ficar só comigo mesmo? Por que tanta necessidade de falar? De trabalhar? De se esforçar?

Percebe? Tudo na nossa sociedade não contribue com a quietude, com a pacificação, com o silêncio, com a contemplação.

O que fazer Isaias? Como sair dessa teia?

Só há uma maneira. Você precisa parar. Respirar. Buscar alguma prática meditativa. E conseguindo ficar mais sereno, depois você vai estudar, buscar entender como se comportavam os grandes mestres da humanidade.

O Osho fala no seu texto sobre Buda. Ele era um ser iluminado. Ele compreendia o vazio. O silêncio era um tesouro na vida dele.

Esse caminho é contrário ao que nossa sociedade impõe goela abaixo para nós. Tudo a nossa volta está voltado para o material, para o “compre!”. Porém, a maior conquista que todos nós podemos fazer é a do nosso espírito, crescermos interiormente.

Fazendo isso, você se pacificará. Perceberá depois de um tempo, o quanto estava perdendo um tempo precioso com tolices, com bobeiras.

Isso não se ensina em parte alguma por aqui. Sabe por quê? Por que se cada vez mais pessoas acolherem essa mensagem, as empresas vão quebrar, os trabalhos massacrantes e escravizantes deixarão de existir. E uma nova sociedade muito mais consciente do essencial, daquilo que engrandece o espírito, começará a surgir.

Essa nova sociedade não interessa nenhum pouco aos grandes empresários. Eles querem dinheiro! Eles querem lucro. Eles querem crescer colocando mão de obra barata em suas empresas.

Se você acolher o que estou dizendo aqui e buscar esse caminho, chegará o ponto em que você dirá: “Chega!”. Não vou mais trabalhar para enriquecer o fulaninho (meu patrão)”.

Nesse momento você começará a se esvaziar, e uma nova vida começará. Uma vida verdadeira, repleta de paz e felicidade.

Relaxe! Dá um pouco de medo no começo. Mas passa! Pode ter certeza que passa. Falo isso por causa da minha própria experiência.

Tudo que coloquei nesse texto são questionamentos e reflexões que fiz e alguns levei muitos anos para esclarecer.

Portanto! Pense com carinho nessas palavras. São muitas informações, e coisas que talvez você nunca tenha lido antes. Agora é com você! Torço pela sua alegria e felicidade…

Imagem de capa: pathdoc/shutterstock

Há situações em que nada é tudo o que você precisa saber

Há situações em que nada é tudo o que você precisa saber

Confesso que assumo com naturalidade o fim de uma relação. Não cultuo sofrimento, não entro em torturas psicológicas e não me culpo pelas coisas não saírem como planejado. Mas, claro, nem sempre foi assim.

A duras penas descobri que as relações acabam sem motivos prévios e aprendi a me curar com uma única (e certeira) atitude: não procurar saber da vida de quem resolveu partir. Parece loucura, mas funciona tanto quanto tomar água quando se está com sede.

Acabou. Fim. Vida nova. Paulo Mendes já Campos já ensinou no clássico “O amor acaba” que para chegar o certo, o errado tem que partir: “em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba”.

Amor quando acaba se “metamorfoseia” em outra coisa. Às vezes, vira amizade, outras carinho, outras, até, aprendizagem e a forma como se apresenta pouco importa. O que faz diferença é o modo como lidamos com os términos e como nos deixamos influenciar pelas emoções.

Quando uma relação acaba as pessoas procuram “esquecer a qualquer custo” e não percebem que o processo envolve abdicar de informações irrelevantes. Você não precisa saber se ele voltou com a ex, se ela está saindo ou se vocês ainda se gostam. É uma questão de lógica: sem informações, sem sofrimento.

Um relacionamento depende de muita coisa para dar certo. Atenção, respeito, amor, cumplicidade… Enfim, inúmeros sentimentos que garantem a felicidade do casal. Quando alguns deles se rompem o alicerce da relação fica abalado e, por motivos óbvios, é melhor terminar.

Observando de uma maneira prática, nenhum manual vai conseguir fazer você esquecer, da noite para o dia de quem você amou intensamente, mas algumas atitudes ajudam (e muito) o processo do esquecimento.

Não dá para orar “livrai-me de todo mal” e se envolver com gente tóxica. Não dá se fechar para o mundo, acreditando que não irá amar mais ninguém. Não dá para emendar uma relação na outra e achar isso natural. Na boa? Acorda para a vida! Entenda que para ser curado, você precisa, antes, estar disposto a isso.

Imagem de capa: Viktor Gladkov/shutterstock

A melhor maneira de se desculpar é mudar seu comportamento

A melhor maneira de se desculpar é mudar seu comportamento

É muito difícil enfrentar as decepções que temos em relação às pessoas que amamos, uma vez que costumamos depositar nelas nossa confiança, compartilhando com elas o nosso melhor e o nosso pior, na esperança de que nos retornarão nada menos do que verdade e transparência. E assim, muitas vezes acabamos nos frustrando, pois nem sempre nossas expectativas são correspondidas.

Talvez nosso erro maior esteja no fato de inocentemente acharmos que os outros agirão como nós, como se o coração das pessoas fossem iguais ao nosso. Com isso, aumentamos a probabilidade de receber delas o que menos esperávamos, sentindo-nos traídos e desvalorizados. Da mesma forma, o outro também espera de nós muito do que não estamos dispostos a oferecer, ou seja, acabamos, muitas vezes, machucando aqueles que nos amam.

É preciso que nos conscientizemos de que, ao nos relacionarmos com alguém, necessitaremos sair um pouco de nós mesmos, para enxergar o outro, no sentido de que ninguém é o centro do mundo e devemos, sim, abrir concessões por quem amamos. E, na mesma medida, ao outro também estabeleceremos os nossos limites, para que ambos nos ajustemos harmonicamente, de maneira saudável.

Não podemos aceitar tudo o que vier e de qualquer maneira, em nome do amor, relegando nossos sentimentos a um segundo plano. Tampouco poderemos agir como quisermos, sem pensar em quem caminha ao nosso lado, pois ninguém é isolado do todo. Por isso, é necessário que estejamos atentos ao outro, sem perdê-lo de vista, pois assim percebemos os momentos em que magoamos os sentimentos alheios, para tentarmos nos desculpar.

De nada adiantará, que fique claro, pedirmos desculpas, darmos presentes, enviarmos mensagens, prometermos com veemência que nunca mais aquilo se repetirá, caso continuemos agindo da mesma forma e voltando aos mesmos erros, ali no dia seguinte. Quem se arrepende de verdade passa a agir de forma diferente, pois assume o erro e não deseja mais ferir a quem magoou. Isso é demonstração de que realmente nos importamos.

Muitos não abrem mão de nada, não refletem sobre suas atitudes, não repensam a própria vida, pois se encontram tão perdidos dentro de si mesmos, iludidos pela comodidade de seu egoísmo, que se tornam incapazes de  compartilhar, de viver o que é mútuo. Não perdoam, nem se perdoam. Esses jamais terão a oportunidade de receber o perdão de ninguém, pois se acham perfeitos. Esses não merecem o nosso amor, as nossas verdades, as nossas mudanças em favor de vidas que se trocam e se tocam com intensidade.

Imagem de capa: Sjale/shutterstock

Triste é um mundo que nos cobra felicidade o tempo todo.

Triste é um mundo que nos cobra felicidade o tempo todo.

É que de quando em vez a gente fica triste, sabe? Assim, triste. Macambúzio, cabisbaixo, taciturno. Amuado sem mais o quê. Acontece. Acontece com todo mundo. Quem nunca sentiu tristeza? Há de haver neste mundo quem jamais se viu aborrecido e achou que ia ser para sempre?

Eu fico triste. Quase sempre. Depois passa. Mas eu fico. E acho uma bruta covardia que o mundo nos cobre felicidade o tempo todo. Não dá. Tem horas em que a gente se aborrece. Daí vem alguém nos apontar o dedo, o queixo, o olhar superior e dizer “vai lavar a louça que passa”.

Acontece que talvez eu não queira que passe assim, com a espuma da louça enxaguada. Porque não se faz isso com visita nenhuma. “Senta um pouquinho aí, dona tristeza. Eu vou ali ajeitar a casa e já volto papear com a senhora, tá?”

Então eu demoro um tanto lá dentro e quando volto me dou conta de que a tristeza, cansada de esperar, já foi embora. Pode até funcionar uma vez. Duas. Mas não dá certo para sempre. Uma hora ela agarra na sua perna e vai junto. Vai com você lavar a louça, vai com seus tantos nomes. Agonia, mágoa, dor, desconsolo, pesar, luto. Ficam todos ali, na gordura dos pratos sujos, na superlotação da pia, na esponja envelhecida, no copo que escorrega de suas mãos ensaboadas e se espatifa na vida. No desânimo de estar ali com você. Em você.

Aí não tem jeito. É preciso sentar com ela e olhá-la nos olhos. Ouvir suas histórias, saber seus motivos. Aprender que todo mundo uma hora há de ser triste. E que a tristeza é nada senão uma crise. Crisálida gestando seu tempo de ser borboleta.

Repare. Toda gente feliz já sentiu tristeza em algum grau, de qualquer tamanho, cor, intensidade. Ser feliz é conhecer a comparação. Quem já se viu triste valoriza de fato os minutos de alegria que, somados ao longo da vida, talvez resultem em felicidade.

Tem gente abrindo mão de seu direito sagrado à tristeza. Cheios de medo, damos as costas, fingimos que ela não existe e perdemos a melhor parte da felicidade que nos cabe: o susto de sua chegada, a consciência de sua estada em nós. E isso é o mais triste.

Quer saber? Gente muito feliz o tempo todo me incomoda. Gênios superiores, seres bem resolvidos insistindo em jogar sua alegria na minha cara, escancarar elevação, impor sua felicidade como quem exibe um brinquedo novo. Só para farejar minha névoa e escarnecer da minha incapacidade de ser como eles.

Eu fico triste, sim. Vira e mexe, entristeço. Mas sabe o que é? Isso não faz de mim pessoa infeliz. Ah, não faz, não.

Imagem de capa: Marcos Mesa Sam Wordley/shutterstock

Quando a gente decide tomar um novo rumo na vida

Quando a gente decide tomar um novo rumo na vida

Por Juliana Garcia

Quando a gente decide tomar um novo rumo na vida, acontece um movimento natural de buscar reforços. A gente lê, faz cursos, participa de grupos, se mune de conteúdos que apoiem nossa transformação. Porém chega um momento em que toda essa carga vai transbordando. A gente pode entrar numa ansiedade tremenda, querendo que as coisas caminhem rápido, afinal começa a soar um alarme interno de muito tempo perdido. Quando a gente começa a se aprofundar e a remexer nos baús, parece que a vida virou uma enorme bagunça. A gente quer mudar tudo aqui e agora. Mas não há organização que possa começar por todos os lados ao mesmo tempo, só que a gente não sabe por onde começar. O copo transborda. Nessas horas a gente quer alguma luz, busca respostas por todos os lados, um conselho, uma dica. E vai acumulando mais carga e o copo transborda ainda mais. Daí a gente começa a questionar a nossa capacidade, as teorias e até as pessoas que nos estenderam as mãos. A gente passa a buscar, questionar, debater com tudo que está fora. Mas o turbilhão está dentro.

~ pausa para respirar ~

Quantas vezes ao dia você respira profundamente? Quantas vezes ao dia você sequer percebe a sua respiração? Se hoje, não houve nenhuma pausa assim, que essa seja a primeira. Perceba o ar entrando pelas narinas mais frio, saindo pela boca mais quente, o peito se estendendo depois relaxando. Ocupe seu lugar no momento presente.

Quando a gente quer tomar um novo rumo, na melhor das intenções, a gente começa um movimento. Mas a gente começa, muitas vezes, uma movimentação que só nos consome energia, um movimento que não nos move a lugar algum. Simplesmente porque não ouvimos a nossa voz, não refletimos qual horizonte será o nosso norte, nem sentimos nossos pés pisando o solo que está aqui e agora. Então, respire! Você não está numa corrida ou numa luta contra o tempo. Não! Faça do tempo seu aliado. Você não está atrasada. Você está no exato momento perfeito para saber o que você sabe e os recursos chegaram na hora em que você estava pronta para receber. Essa é a sua hora! Você nunca mais será tão jovem quanto é agora (isso vale se você tiver 17 ou 63 anos), nem nunca teve a consciência que você tem agora. E mais, você só tem oagora. Então, desfrute-o. Não encha seu agora com cobranças pelo que foi, nem com medo pelo que virá. Senão, seu agora vai virar uma ilusão, uma miragem.

Pare, respire. Comece por um ponto. Um pequeno passo. Abra um pequeno espaço na sua agenda e comece a cuidar de você, que sejam 15 ou 20 minutos por dia. Comece a escrever um Diário da Gratidão. Esvazie a mente. Cante ou dance. Faça algo que eleve sua energia e bem estar. Com o tempo, esses 15 ou 20 minutos já serão sagrados. Você conseguirá abrir mais algum tempo, 1 hora quem sabe. Até que você consiga enxergar sua presença em todos os momentos e em todas as escolhas.

Eu sei, você tem fome de vida! Você quer preencher sua existência com tudo de belo que você almeja. Você quer sentir seus olhos brilhando e o coração batendo dentro do peito. E você quer isso agora! Mas se você não desacelerar, o que você vai sentir é só o coração batendo ansioso e a respiração curta e pouco profunda, enchendo seu peito de angústia – o contrário de tudo que você sonha.

Comece pelo seu “porquê”. Por que você quer realizar essa transformação profunda? Qual é o significado disso para você? Por que você quer levantar todos os dias de manhã? Qual é a diferença que você quer fazer? Qual é o seu lema de vida? E também aqui: respire! Comece pelos pequenos “porquês”, não se exija achar a revelação do suprassumo do universo. Podem ser coisas simples, como “eu quero ser colo e aconchego”, “eu quero inspirar as pessoas a serem elas mesmas”, “eu quero ser quem eu sou e me sentir presente na vida” ou alguma outra frase simples que espelhe o seu “porquê” nesse momento, como ele veio para você.

A partir desse “porquê” é que deve se assentar o restante. Dele é que vem o “como”. Como você vai expressar esse “porquê”, seu propósito, seu lema de vida. Depois vem “o quê”, o que você vai fazer, quando, de que maneira. A partir daí, você tem critérios mais sábios (da sua sabedoria interna) para tomar decisões, para comparar as propostas com os seus valores, para planejar ações, para traçar seu mapa e seguir a caminhada.

Enquanto essas bases não se clareiam, não existe super ferramenta de produtividade que aprume as coisas, nem guru que ilumine as ideias. Ah, mas também não espere “se conhecer completamente” antes de dar os primeiros passos. Muitas vezes o seu “porquê” vai se revelar para você no cotidiano, nos acontecimentos corriqueiros, em alguma frase que vai lhe parecer nova, na medida que você diz sim às coisas que lhe acendem. Clareie as bases e vá definindo os próximos passos, com calma e inteireza. Vá pra vida e esteja atent@!

O que acontece é que a gente sai à procura de algo que nem sabe o que é, nem sabe como, muito menos o porquê. Como você vai reconhecer a resposta, se nem sabe qual é a pergunta? Então, se asserene, acolha as perguntas, aprenda a amá-las. Comece procurando as respostas que vêm de dentro, observe seu movimento interno e comece a clarear as coisas. Procurar por respostas para aplacar a sua ansiedade, alimentando mais ansiedade… Bem, assim você só vai ter mais respostas desse mesmo nível. Se a gente quer soluções diferentes, precisa fazer diferente.

 ~ deixe ser fácil ~contioutra.com - Quando a gente decide tomar um novo rumo na vida

Deixe que flua, deixe ser fácil.
Muitas vezes basta que a gente faça um pequeno ajuste no nosso jeito de pensar, que a gente pare de resistir e controlar, que a gente pare de dificultar. E aí, as coisas fluem.
A gente é que complica. Então, a gente também pode simplificar, facilitar, permitir.

Respire, se escute, se acolha. Não se cobre tanto, viu? Você está fazendo um lindo caminho! Reconheça isso!

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Saiba mais sobre a autora e seus textos acompanhando seu blog Juliana Garcia

Imagem de capa: Ollyy/shutterstock

Eu não quero te perder, mas não vou te obrigar a ficar

Eu não quero te perder, mas não vou te obrigar a ficar

Das muitas coisas que a gente aprende com o tempo é que, implorar ou obrigar que alguém fique, não é amor. O sentimento só permanece se houver interesse e serenidade. Porque não é fácil se desfazer do peso das decepções passadas e dos medos futuros. Por mais que você tente, existe uma grande diferença entre estar pronto (a) e estar disponível para alguém.

Há uma enorme quantidade de amores circulando por aí. Mas, honestamente, em quantos deles você enxerga um caminho de bom senso e parceria? São muitas juras de amor e poucas conversas. São amores que perdem tempo disputando território em vez de dividirem conquistas. Mais pra frente, não tarda muito e tudo acaba. Mesmo ciclo, outras dores, velhos costumes. Vale a pena? Eu não quero te perder, mas não vou te obrigar a ficar.

O que sinto não é nenhum segredo. Disfarçar o óbvio não é uma qualidade que possuo. Sempre fiz questão de deixar livre as coisas que sinto – é uma daquelas coisas que a gente aprende com o tempo. Pois, após uma enxurrada de desencontros, você meio que decide colocar pra fora os seus melhores e piores lados. E você não faz isso no sentido de “o mundo que me aceite”, mas porque foi um tratado de paz com o próprio coração – preciso ser sincero (a) comigo para pensar em estar ao lado de alguém. Dá trabalho, reconheço. Amadurecer as feridas do coração não é para amadores.

Das muitas coisas que a gente com o tempo é que, fica quem é bem cuidado. Quem tem retorno e cumplicidade nos bons e maus dias. É amor quando duas pessoas conseguem passar pelo mesmo presente, mas transbordando esforços para um futuro melhor. Porque é leveza se você parar para pensar em quem está te acompanhando. E, por mais que você negue, existe uma grande diferença entre ter sorte e ter vontade ao lado de alguém.

Não me entenda mal, eu te quero. Estou pronto (a) mas, acima de tudo, disponível. Para querer, ser e somar. Trago os mais variados sentimentos de reciprocidade e parceria. Talvez não seja o suficiente para você, entendo. Eu não quero te perder, mas não vou te obrigar a ficar.

Imagem de capa: Movimento Em Falso (1975) – Dir. Win Wenders

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