Síndrome do Pensamento Acelerado explicada por Augusto Cury

Síndrome do Pensamento Acelerado explicada por Augusto Cury

“Um dos principais sintomas verificados na Síndrome do Pensamento Acelerado é a perda geral da capacidade de pensar, de reter informações e, até mesmo, de elaborar tarefas. A seletividade da memória protege a mente contra o congestionamento de pensamentos, imagens e ideias. Ao fazer uma autoanálise, a maioria das pessoas irá perceber que utiliza excessivamente a memória e, por isso, pensa demais e se desgasta de maneira exagerada, podendo desencadear a síndrome.” Augusto Cury

Saiba mais sobre a síndrome em: Síndrome do Pensamento Acelerado

Augusto Jorge Cury é um médico, psiquiatra, psicoterapeuta, doutor em psicanálise, professor e escritor. Ele também é autor da Teoria da Inteligência Multifocal e descobriu a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), ao estudar o pensamento como ciência.

5 poemas extraordinários do moçambicano José Craveirinha

5 poemas extraordinários do moçambicano José Craveirinha

Um homem nunca chora

Acreditava naquela história
do homem que nunca chora.

Eu julgava-me um homem.

Na adolescência
meus filmes de aventuras
punham-me muito longe de ser cobarde
na arrogante criancice do herói de ferro.

Agora tremo.
E agora choro.

Como um homem treme.
Como chora um homem!

Pena

Zangado
acreditas no insulto
e chamas-me negro.

Mas não me chames negro.

Assim não te odeio.
Porque se me chamas negro
encolho os meus elásticos ombros
e com pena de ti sorrio.

Nem desconfia

Todo o poeta quando preso
é um refugiado livre no universo
de cada coração
na rua.

O chefe da polícia
de defesa da segurança do estado
sabe como se prende um suspeito
mas quanto ao resto
não sabe nada.

E nem desconfia.

Guerra

Aos que ficam
resta o recurso
de se vestirem de luto
…………………………………
Ah, cidades!
Favos de pedra
macios amortecedores de bombas.

Grito Negro

Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.

Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.

Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

José João Craveirinha (Lourenço Marques, 28 de Maio de 1922 — Maputo, 6 de Fevereiro de 2003) é considerado o poeta maior de Moçambique. Em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.

Não é fácil deixar ir

Não é fácil deixar ir

Nas férias de julho desse ano, fui ao Rio Grande do Sul visitar parentes e, chegando na casa dos meus tios, na pequena Roque Gonzales, ao me dirigir até o quarto da minha prima de 7 anos, encontrei algumas coisas que costumavam ser minhas: ursos de pelúcia e um troféu do Mickey que comprei na viagem que fiz à Disney, agendas e uma cadeira colorida – a cadeira mais linda que já tive – em frente a um computador que um dia também já foi meu.

Há algum tempo, saí da cidade em que morei por toda a minha vida e decidi mudar de estado, deixando minhas coisas para trás. Dada a dificuldade de trazê-las comigo, minha mãe resolveu repassá-las para essa prima, a menos até que eu pudesse ir buscando aos poucos. E, agora, eu era livre para pegar de volta o que eu quisesse.

Vi diversas coisas que me seriam úteis e, sobretudo, recordações de momentos importantes da minha vida materializadas naquele quartinho lilás e, por um momento, confesso que tive ciúmes por elas, quis agarrá-las e trazê-las de volta para mim, afinal, como minha tia fez questão de salientar, elas eram minhas.

Mas, nos dias que se passaram, vi que a almofada do Bisonho que acabaria por me servir de mero enfeite era a mesma que zelava o sono de uma criança; que a Minnie gigante que provavelmente estaria jogada na prateleira inalcançável do meu armário era a decoração principal da sua cama; que aquele era o seu primeiro computador e que a cadeira colorida certamente ganharia novas cores aos olhos dela.

Claro que é saudável e prazeroso que a gente se permita ter por perto aquilo que – ainda que guardado numa gavetinha empoeirada -, dado o valor sentimental, consideramos importante. As coisas materiais estão impregnadas de significado e, muitas vezes, se desfazer de uma boneca é como deletar a criança que fomos.

Mas é importante, também, que saibamos o quão edificante é, muitas vezes, deixar ir. Conheço adultos que mantêm, na casa dos pais, caixas e caixas contendo todos os brinquedos de sua infância. Elas ficam lá apenas para garantir o afago da memória; intocadas e ocupando o lugar do novo.

Não dispenso aquilo que preciso e as pequenas regalias que tornam a existência mais prática e confortável, mas, sabendo que aquilo que é apenas material é substituível e que, muito antes dos objetos, minha trajetória está armazenada dentro de mim e compondo o tempo todo quem eu sou, apesar de nem sempre ser fácil deixar ir, opto por guardar aquilo que não é essencial – e que poderia estar sendo motivo de sorrisos maiores por aí – apenas nas fiéis prateleiras da memória.

“Talvez o amor”, um vídeo para quem sabe que o amar não se explica

“Talvez o amor”, um vídeo para quem sabe que o amar não se explica

“Quando a solidão aperta o peito, somos convidados a meditar no carinho que desprezamos, no afago de que nos privamos, nos amores de que fugimos.

Então, sentimo-nos encorajados a tentar compreender o Amor em sua plenitude, a partir da lacuna de nossas almas.

Mas, mesmo após muito meditarmos, fica em nosso peito tão somente a certeza de um “talvez”.”

Nara Rúbia Ribeiro

Na tentativa de crescermos, vamos perdendo nossos galhos

Na tentativa de crescermos, vamos perdendo nossos galhos

Como me dizia uma amiga querida: “As pessoas que se afastam do caos e entram em contato com a própria natureza, se dão o direito de viver.” Mas, quando foi que perdemos este direito? Perdemos na infância, no convívio com a família. Nascemos inteiros e, como árvores, passamos a vida sendo podados. Na tentativa de crescermos, vamos perdendo nossos galhos, isso pra não falar dos frutos que poderíamos dar. Toda vez que cometemos este atrevimento, alguém estava ali pra nos polir.

Será que todos nós queríamos realmente nos casar com quem casamos, trabalhar com o que trabalhamos ou gerar os filhos que geramos?

Por quantos momentos de nossa vida passamos fingindo não ver o óbvio e preferimos aceitar nossa infelicidade a entrar em contato com nossos fantasmas, medos e dificuldades. Crescer é mudar e aceitar o fato de que querendo ou não a vida está em constante movimento.

Com que frequência nos contentamos com poucos minutos anestesiados pelo trabalho, álcool, drogas ou sexo, como crianças que buscam um brinquedo quando estão em uma situação ameaçadora. Será que percebemos quando nos tornamos promíscuos, superficiais e obsoletos, mas o pior, será que elaboramos nossos sentimentos quando saímos sempre mais vazios e mais infantilizados dessas situações?

Então, para preencher o “não sei” de nossa existência,  nos casamos com o menino(a) que apareceu, e como se não bastasse, temos filhos que nunca chegamos a conhecer…ou não permitimos que eles, as maiores vitimas, nos conheçam realmente.

Soltamos essas crianças no mundo, pagamos as escolas, esperamos que passem no ENEM e tenham bons cargos públicos ou privados, que sejam “seguros”. Assim esperamos, como sempre, um dia, que possamos nos deitar com a sensação de missão cumprida, mas o vazio e a infelicidade ainda estão lá. Não existe missão cumprida quando não atribuímos verdadeiro sentido ao que fazemos.

No meio deste caos, pretendemos amar nossos filhos ou pais, mas a tarefa é árdua pois desconhecemos a essência do amor e mal somos capazes de amar a nós mesmos.

É um suicídio coletivo e lento. Deixamos de viver cada segundo precioso de nossa vida perpetuando a hipocrisia de quem não se conhece e reproduz o que no fundo nem quer.

Enquanto vivermos negando o fato de que temos que crescer antes de fazer escolhas, aceitarmos os desafetos, nos livrarmos das culpas e obrigações auto impostas e nos responsabilizarmos pelo que queremos da vida, nada nunca vai mudar e estaremos a cada dia mais distantes do que sempre buscamos, o amor.

Temos que parar de culpar o mundo e nossos pais pelas nossas faltas. Se falta é porque insistimos nas fontes secas. O amor está em toda parte. Temos que aceitar sem culpas que raramente a família é fonte de afeto, deixar de sermos crianças carentes que geram mais milhões de carentes descompromissados e buscarmos o que cada um veio buscar.

A felicidade não esta no casamento, em ter filhos ou no trabalho. Pelo contrário, tudo isso pode ser a fonte de infelicidade para a maioria que não nasceu pra nada disso. A felicidade esta naquilo que cada um quer e veio fazer.

Diante das circunstâncias em que viemos ao mundo, não é mesmo fácil crescer e ter a audácia de nos responsabilizarmos e sermos quem somos, mas, sem dúvida, melhor viver do que morrer sem a consciência de que se jogou a vida pela janela.

Peço desculpas àqueles que passaram pela minha vida, familiares ou não, a quem não pude amar, mas cada um de nós tem seu próprio caminho e só estou seguindo o meu, sem culpas, e tentando não mais sublimar as coisas maravilhosas com as quais nasci para não mais me arrepender de ter desperdiçado tanto tempo da minha preciosa oportunidade de me desenvolver.

Equilibrando a troca

Equilibrando a troca

Dia desses assisti um vídeo sobre um experimento conduzido em uma pequena cidade alemã, o experimento era muito simples: uma caixa com dizeres “leve ou deixe o que quiser”. Dentro dela as pessoas deixavam objetos que não queriam mais e pegavam os que lhes agradavam. Esse certamente era para ser mais um daqueles vídeos inspiradores, não fosse o número destoante entre as pessoas que levavam coisas contra aquelas que deixavam algo, mais ou menos dez contra uma. Esse vídeo me fez pensar sobre o desequilíbrio mundial que existe entre o dar e receber.

Um dia, esgotada, me queixei em consultório sobre como meu pai faz falta nesse sentido. Ele era o cara que fazia por mim, não tinha um dia que ele não me ligasse para saber se eu estava bem ou precisando de algo. Com a doença dele trocamos de papel e entendi que era mesmo a vez dele, mas me senti desamparada. Naquele dia sai do consultório com a (árdua) tarefa de aprender a me queixar.

A explicação é extremamente plausível e ponderada: da mesma maneira que me sinto bem quando faço algo por alguém, é importante permitir que o outro faça algo por mim para que ele também se sinta bem, afinal um relacionamento saudável é aquele onde as forças entre dar e receber são equilibradas. Sendo assim, de certa forma é egoísmo tirar esse direito do outro.

Comecei a observar esse processo com muita atenção. Descobri que existe de fato uma parte muito controladora em mim que não quer receber pelo simples fato de que receber é uma grande entrega; existe uma parte muito autônoma em mim que aprendeu a “se virar” sozinha sem precisar dos outros e não sabe pedir ou não quer “incomodar” ninguém; existe uma parte muito ansiosa em mim que não tem paciência para esperar que o outro faça por mim no tempo dele; existe uma parte muito eficiente em mim que gosta de ver as coisas feitas com certa rapidez e assertividade, onde o resultado só dependa de mim e eu possa fazer “do meu jeito”.

 

Aos poucos fui percebendo também que tudo que faço hoje envolve muita doação. Claro, seria injusto se dissesse que só faço, pois recebo muito em troca, mas fui muito centralizadora em minhas escolhas. Eu realmente não faço para os outros esperando receber algo em troca, viveria frustrada se fizesse isso, mas não quer dizer que eu não queira também receber. E por ser assim, desaprendi a pedir as coisas, desaprendi a me queixar.

[E aqui faço uma importante pausa para dizer que entendo que a queixa seja diferente da reclamação. A queixa é um direito de qualquer ser humano, o direito ao descontentamento é genuíno, nós deveríamos apenas aprender a nos queixar, sem procurar culpados, sem o peso que vem junto com a reclamação e quem sabe por motivos mais “consistentes”.]

É triste ver como as pessoas nem se dão mais conta de como elas exigem ou querem as coisas para elas. Pensei nisso ontem quando (treinando o pedir) mandei um e-mail pedindo ajuda aos meus colegas de trabalho com um material que estou precisando, disse que tenho uma parte dele e que poderia disponibilizá-lo, perguntei se alguém tinha o restante, não só não obtive resposta como um deles respondeu dizendo que não tinha nada, mas pediu que eu enviasse o que tinha.

Não seria justo reclamar dos meus colegas de trabalho porque muitos deles realmente me ajudam, então essa troca existe. E também acho que não é por mal que as pessoas não responderam, porque não é por mal que aprendemos a querer mais do que dar, mas é fato de que esse comportamento já se tornou natural e automático. E como mostra o vídeo, que se passa em uma cidade alemã, não é só no Brasil não, acredito ser uma “epidemia” mundial.

E se tem um lugar onde encontraremos esse desequilibro de maneira mais acentuada, é no campo dos relacionamentos amorosos. Ontem li em uma reportagem que um chinês pediu divórcio e indenização da esposa (e ganhou a causa) porque ela lhe deu três filhos feios. Pausa. Os aplicativos de relacionamentos me assustam nesse quesito, basta uma volta rápida pelo Tinder. Não tenho preconceito algum contra sites de relacionamentos, o que me assustou mesmo foi o nível das exigências.

Os perfis estão lotados com textos do tipo “se você é assim, não me adicione…” ou “eu quero alguém que seja…”, um australiano escreveu um longo texto em inglês com perguntas que deviam ser respondidas para comprovar o nível de fluência, o final dizia: “se você me adicionou e não fala inglês, será deletada!”. É de certa maneira compreensível que ele queira alguém com quem possa se comunicar, mas ele está no Brasil, né? De repente seria um bom exercício começar a aprender a língua local. Fail.

Fato é que ninguém diz o que tem para oferecer. Claro, porque ninguém faz isso em um site de relacionamento, até soaria muito pedante, mas não é pelo fato que ninguém escreve, e sim porque ninguém realmente parece se questionar sobre isso: “o que eu tenho de bom para oferecer ao outro?”. Eu me faço essa pergunta todos os dias e também penso nisso em cada novo (ou antigo) encontro. Não é uma projeção maluca e carente sobre o que o futuro trará, também não envolve nada de ganhos materiais e econômicos. Para mim não importa o tempo que esse encontro durará, mas importa a qualidade da troca que será feita e o equilíbrio que existirá entre ela. Aliás, é importante pensar nisso, para qualquer tipo de relacionamento.

E realmente minha vida melhorou desde que entendi esse processo e tento conscientemente equilibrá-lo. Quando minha irmã se disponibilizou a me ajudar com minha mãe percebi como a vida fica mais leve quando compartilhamos as cargas ou quando aprendemos a nos queixar e aliviar o peso do coração. Então é bom aprender a pedir e a nos queixar. Porque uma coisa é certa, independente do quanto damos e recebemos, todos nós temos dias bons e ruins. Não é demérito algum pedir colo, admitir que estamos cansados e entender que, ao contrário do que nos pedem as redes sociais, não precisamos ser fortes e estar bem o tempo todo. O que precisamos é aprender a pedir e falar; aprender também a distinguir quem são aqueles onde poderemos encontrar conforto, pedir ajuda e receber um ombro amigo.

A inveja branca

A inveja branca

Inveja? Você certamente é uma pessoa legal e não sente este tipo de coisa. Eu? Ah, tenho inveja branca de quem vai viajar para o exterior e põe aquelas fotos lindas nas redes sociais. E das mulheres magras, lindas e sempre sorridentes, com roupas da moda e um maridão lindo, fiel e carinhoso ao lado. Mas é branca. Eu não tenho inveja dos coleguinhas que trabalham no exterior,  viajam pelo mundo e conhecem coisas que nem posso imaginar. Mas tenho da branca. Porque eu sou legal. Branquíssima…

Bem, vamos combinar que inveja branca não existe. Até porque, dividir inveja em branca e preta soa, no mínimo, como discriminação. O preto, afinal, é assim, horrível? Sejamos honestos, ao menos, conosco mesmos. Na verdade, a inveja é mesmo uma m… Aliás, uma M (maiúscula!). Por definição, a inveja é um sentimento de tristeza perante o que o outro tem e a própria pessoa não tem. Este sentimento gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa tem (coisas materiais ou qualidades). Então, se você realmente se alegra com as conquistas alheias, parabéns! Você não sente inveja, e sim, alegria! E certamente, irá constatar que está bem mais feliz.

Bem, como eu sou muito bacana, acho que me expressei mal. A minha inveja branca é justamente essa alegria pelas conquistas dos outros. Só que inveja é inveja. Não importa a cor. Nós vivemos em um mundo de aparências e ilusões. E precisamos ter muito cuidado, porque facilmente nos enganamos ao olhar, distraídos, a vida dos outros. Neste mundo capitalista, aquele carro do ano pode ter custado boa parte da saúde física e mental de quem o exibe, sorridente, cheio de orgulho. Viver no universo corporativo, afinal, com tanta concorrência, não está fácil.

E por que não olhamos melhor essa necessidade de autoafirmação que alimentamos a caro custo, todos os dias? Quantos remédios estamos tomando para chegar lindos às redes sociais e mostrar belas fotos, cheias de felicidade? Tudo isso para alimentar e fomentar  a inveja alheia? Foi em 1866 que os católicos determinaram que a inveja fosse um dos sete pecados capitais, assim como gula, avareza, luxúria, ira, preguiça e orgulho ou vaidade. Bem, vamos pensar só na inveja no momento…

Gente, eu acho incrível como dilemas tão básicos são recorrentes e nós não conseguimos entender os pontos elementares da vida. Sinto-me ingênua acreditando que existe uma evolução. Até há pouco tempo acreditava que a conscientização era crescente e tal & coisa. Mas precisamos encarar que nossa evolução está andando a passos de cágado, para não dizer, para trás mesmo. Vale uma boa olhada em nossa parte interna e uma vasculhada nas invejas brancas e de todas as outras cores.

 

Estado civil: feliz

Estado civil: feliz

A Felicidade que sentimos não é diretamente proporcional a conseguirmos ou não ter um relacionamento amoroso seja ele qual for: peguete, amizade colorida, namoro ou até casamento. No entanto, inconscientemente e até por pressão social nós acreditamos que para sermos felizes a condição é “ter um alguém”.

E em nome de um “Amor” saímos numa busca louca e desesperada nos envolvendo em toda sorte de situações e com pessoas que na maioria das vezes não temos nenhuma afinidade, nos levando ao sofrimento, tristeza e carência. Quando entramos neste ciclo perigoso “da falta de nós mesmos” viramos presas fáceis para o engano, a fuga e a ilusão.

Existem pessoas que não conseguem ficar nem um dia sozinhas, vivem de namoro em namoro, de casamento em casamento, de pegação em pegação, emendam um relacionamento no outro na tentativa de curar o vazio, a solidão. Estão sempre a procura de alguém para suprir todas as suas necessidades, resolver seus problemas e proporcionar a tão sonhada felicidade. Estão sempre querendo se apoiar no outro. Não se amam, não se curtem, não se conhecem. Não conseguem enfrentar seus desafios, amadurecer e crescer.

Outras sustentam anos de casamento ou namoro em nome de um amor que não existe mais. Entregam-se a rotina, a violência física, a tortura emocional, a grosseria, a depreciação, as ofensas, as vinganças e as traições. Vivem de aparências e num verdadeiro inferno dentro de suas próprias famílias. Vão seguindo vida se entulhando de problemas e doenças, mergulhando no desrespeito mútuo, e destruindo-se a cada dia, desistem de viver. São pessoas acomodadas e escravas do destino que escolheram.

Seguindo nesta viagem em busca das maravilhas do Amor, também encontramos os céticos que não acreditam mais em ninguém, fazem tudo para não se envolver por medo de sofrer novamente. Gostam até certo limite. Trocam de amor, como trocam de roupa. Cultivam o amor a desilusão. Sustentam sua decepção por anos. Já os românticos vivem se apaixonando, amam demais e se entregam tanto ao outro que se anulam. Criam em suas mentes deuses e deusas. Esperam e idealizam demais: a mágoa e a decepção são sentimentos constantes.

Tudo isto em nome do “AMOR”? Ou será para manter o STATUS? Ou será para fugir de você? Você é feliz? Você se conhece? Há quanto tempo você não se dedica a você? Há quanto tempo você não faz nada do que realmente gosta? Estar sozinho não é o problema, não ser feliz com você, com sua vida é que é! Nós somos capazes de superar os desafios, aprender e caminhar com nossas próprias pernas. Todos os dias a nossa missão é de procurar mais felicidade e prazer. Nascemos sozinhos, estamos sozinhos o tempo todo. Quando sofremos ou sentimos alegria estamos a sóis com o nosso pensamento, coração e alma. Os amigos, a família e os amores são flores na nossa estrada, são o conforto e o carinho que precisamos para nos dar coragem e alimentar nossa fé. Mas o trabalho, a todo tempo, é somente nosso. É você com você! Por isso ficar do nosso lado com carinho e paciência é um compromisso. Ser feliz só depende única e exclusivamente de você, não depende de ninguém e de nada externo a você, muito menos de um estado civil.

Todos nós queremos companhia e desejamos o amor. Mas amar é COMPARTILHAR e não SE APOIAR. É CONVIVER e não DEPENDER. É GOSTAR e não se ESCRAVIZAR. É caminhar lado a lado com companheirismo, alegria e prazer, é partilhar seu verdadeiro ser. AME-SE, RESPEITE-SE E SEJA FELIZ! Um amor… É consequência!

Texto de Mônica Dias
Fonte indicada: Coração em Retratos

Para voar, tem que pegar impulso!

Para voar, tem que pegar impulso!

Eu não sou uma pessoa de “partida rápida”. Fico esquentando os motores por uma demorada fatia de tempo, o mesmo tempo que passa rápido demais e, de tempos em tempos, me faz lamentar por isso.

Mas, como diria uma querida e íntima vizinha que me visita de tempos em tempos, implacavelmente: – Que diabos, você demora uma vida, e quando dá a partida, não sabe onde quer chegar! Melhor nem ensaiar o voo!

Então, D.Consciência, a vizinha, íntima, jura que me vê como uma garça de olhos vendados, correndo pra lá e pra cá, tentando voar sem pegar impulso, batendo de frente contra muros, tirando fino de carros, cães, postes e gente. Gente! Quanta gente que fala sobre objetivos e metas com uma certeza de fazer inveja- sim, eu sinto essa inveja! ; a gente fica imaginando aquela cadência perfeita, a pessoa realizando tudo no tempo programado, os postes e muros correndo para sair do caminho, as oportunidades fazendo aquele gesto com o dedinho – vem cá, eu tenho um atalho só para você!

Eu imagino isso, confesso, mas imagino porque tenho tempo. O mesmo tempo em que não estou fazendo o que sonhei fazer, o que projetei, plasmei, organizei, mas joguei dentro de alguma caixa de sapatos velha, que mora dentro do armário, na parte mais alta, por baixo da mala que também não sai há muito tempo de lá. E, não usar mala por um bom tempo é mau sinal. Sinal de que não estamos voando, e pior, que o chão pode estar-se abrindo e mostrando o que há embaixo. E esse embaixo revela o que não enfrentamos, o que varremos para longe, o que poda nossos anseios e encharca nossas asas…

Mas, voltando ao assunto, agora vou escrever. O tempo certamente vai jogar do meu lado, vai me ensinar como pegar impulso para voar e colocar nas linhas e entrelinhas tudo o que eu conseguir ver, sentir, guardar e lembrar, pois que a idade vem chegando e a vizinha, ela a Dona…Consciência (nunca tranquila), me fala que o que gente deixou guardado, depois funciona com uma certa dificuldade. Vou fazer um acordo com a vizinha: ela me libera do sermões e eu a deixo satisfeita, cumprindo pelo menos uma meta diária. Dessa forma ambas dormiremos bem. Esse é o grande plano e há de funcionar! Temos um acordo e não trapacearemos.

Agora, para começar a me (d)escrever, preciso de um lápis, um lápis para colocar o primeiro pontinho, o de partida, ponto inicial. Superstição ou não, é isso que eu vou fazer, assim que encontrar o lápis, que, ainda bem, não está naquela caixa de sapatos, caixa essa que irá para o lixo junto com os freios e arreios que guardei com apego por um tempo mais que longo, mais que uma vida suporta.

Aproveitando o momento, vou botar a mala no sol pra sair o cheiro de guardado. Já que o impulso é o caminho, que o voo seja surpreendente!

O Pequeno Príncipe Preto, por Marcelo Serralva

O Pequeno Príncipe Preto, por Marcelo Serralva
Mari Merlim

O PEQUENO PRÍNCIPE PRETO*

O pequeno príncipe chegou
montado em seu cavalo preto.
Preta também era sua cor
cor de menino perfeito.
Mas é claro que alguém estranhou
pois nas histórias que ouvimos
os príncipes tem outra cor
não a cor deste menino.
Ao que o príncipe respondeu:
do lugar de onde venho
os príncipes são todos pretos
os reis, as rainhas, todo o reino.
E aqui, pelo que vejo,
tem tanta gente pretinha!
Vou procurar uma princesa
e fazer dela rainha
Para que um dia as histórias
possam ter cor diferente
Uma cor que também é bela,
uma cor que traduza a gente!

– Marcelo Serralva

*Este poema é parte do projeto Preticências e outras mirabolâncias, que fala da identidade negra para crianças, de forma leve e lúdica. Toda semana são postados poemas, contos e vídeos na página do autor. A ideia é que os poemas sejam compartilhados e usados em sala de aula sem restrições.

contioutra.com - O Pequeno Príncipe Preto, por Marcelo Serralva
Mari Merlim fotografia

“Penso em mais tarde fazer um financiamento coletivo para torná-lo um livro com dvd, que sejam distribuidos gratuitamente a escolas carentes interessadas. Se conseguir finalizar o kit, farei a entrega pessoalmente nas escolas levando também uma roda de música e leitura dos poemas para as próprias crianças”

Marcelo Serralva

 

contioutra.com - O Pequeno Príncipe Preto, por Marcelo SerralvaMarcelo Serralva é educador musical, compositor e escritor. Possui um trabalho voltado para o público infantil criado há 4 anos. Este trabalho musical começou como Turminha do Tio Marcelo e agora passou a responder pelo seu próprio nome, quando Marcelo começou a dar vazão ao seu lado poético também, criando pequenos poemas lúdicos para crianças. Em seu Canal do Youtube possui cerca de quase 200 vídeos com músicas, atividades e histórias para crianças.

O sucesso tornou-se um valor em si, não a consequência de um empreendimento, por Zeca Baleiro

O sucesso tornou-se um valor em si, não a consequência de um empreendimento, por Zeca Baleiro

Nas viradas de ano costuma-se fazer muitos votos. De felicidade, saúde, amor, harmonia e paz. Costuma-se fazer votos de sucesso também. A propósito, o sucesso nunca esteve tão na moda quanto hoje. Nossos dicionários dizem que a palavra vem do latim successus e significa “aquilo que sucede, acontecimento, fato, ocorrência; qualquer resultado de um negócio; entrada, abertura; aproximação, chegada; bom êxito, triunfo, bom resultado; pessoa ou coisa vitoriosa de grande prestígio e/ou popularidade (livro, filme, peça teatral, autor, artista, etc.)”.

Na nossa era, porém, “sucesso” tem sentido mais banal e comezinho. Ainda significa êxito e triunfo, mas nem sempre com mérito. O sujeito pode fazer uma música ordinária e ser um “artista de sucesso”; o anônimo pode vencer um game ridículo e patético na tevê e ser um “homem de sucesso”; a moça bonita pode ter feito uma única coisa na vida: mostrou tripas e útero na revista masculina, e isso basta para que ela seja imediatamente alçada à condição de “mulher de sucesso”; o jogador mediano, longe de ser um gênio, teve um dia inspirado (ou um empresário de gênio) e se tornou assim, em minutos, um “atleta de sucesso”…

O sucesso tornou-se um valor em si, não a consequência de um empreendimento, necessariamente, e hoje está quase que inevitavelmente associado à fama. Andam de braços dados. Se tem fama, tem sucesso. Ledo engano. Conheço famosos que vivem a pão e água – logo, sem “triunfo” –, e outros que fazem uma ginástica danada para manter o circo de aparências.

Mas o que me interessa agora é falar sobre o “fracasso”, primo-irmão do “sucesso”. Na canção “Velho Bode”, letra do genial poeta Sergio Natureza, um e outro são postos lado a lado:”Você foi um sucesso / na minha vida o meu lado do avesso… / você é um fracasso / do meu lado esquerdo do peito…” A música, parceria com o compositor Sérgio Sampaio, não foi um grande sucesso popular, mas tornou-se um hit cult, “maldito”, como quase toda a obra de Sampaio, ele próprio dono de uma biografia intrigante, uma história clássica de ascensão e declínio. Em 1973, o artista capixaba emplacou o mega-hit “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, cujo compacto (para os com menos de 30 anos, “pequeno single de vinil”) vendeu 500 mil cópias, cifra astronômica para a época. A marcha-rancho lírica e de refrão poderoso tornou-se um hino contra a repressão política e social daqueles tempos de domínio militar.

Depois desse grande sucesso pontual, Sergio gravaria três álbuns antológicos que passaram despercebidos pelo grande público, o que o fez amargar um ostracismo cruel que o levaria à morte prematura em 1994, vitimado por uma pancreatite. Hoje, começa a ser descoberto e gravado por novos artistas e bandas e a ter o seu tamanho artístico justamente avaliado.

O baiano Tom Zé, um dos fundadores do tropicalismo e hoje uma lenda viva da música brasileira, já disse ao que veio na chegada, quando se apresentou nos anos 60 no programa de calouros “Escada para o Sucesso” cantando a sátira explícita “Rampa para o Fracasso”. Contam que, no final dos anos 80,Tom Zé estaria desiludido com a carreira por conta dos “fracassos” de seus discos e sem o espaço devido na mídia e nos palcos. Estava de malas prontas para voltar à sua natal Irará, onde iria administrar o posto de gasolina de um parente, quando recebeu o telefonema de David Byrne, bandleader da icônica banda Talking Heads e caçador de pérolas musicais. Byrne teria descoberto seu disco “Estudando o Samba” num sebo e desejava lançá-lo pelo LuakaBop, selo de sua propriedade e destinado a lançar suas descobertas mundo afora. Daí por diante a história com final feliz é conhecida de quase todos.

“Mantenha-se forte diante do fracasso e livre diante do sucesso”, diz frase atribuída ao gênio francês Jean Cocteau. Pode soar como um disparate esta outra frase do mesmo autor que transcrevo a seguir, mas a meu ver ela trata do mesmo assunto: “Deus não teria alcançado o grande público sem a ajuda do diabo.”
Texto de Zeca Baleiro

Fonte indicada: Revista Época

A boneca de Anita

A boneca de Anita

A boneca de Anita

 

A boneca de Anita

morava em uma janela

acordava com o Sol

que girava em torno dela

 

A bonequinha  cantava

uma musiquinha antiga

uma valsa em três tons

para a Lua, sua amiga

 

Mas Anita um belo dia

se esqueceu dela guardar

e um homem bem malvado

achou por mal lhe roubar

 

E vendeu a bonequinha

a preço tão descontente

à uma menina amarga

com a alma bem carente

 

A menina não gostava

de sol, nem lua, nem nada

a boneca entristeceu

fez-lhe falta a dona amada

 

Já não cantava a boneca

O silêncio fez sua cama

Da Lua bateu saudade

Do Sol bem lembrava a chama

 

Nunca mais o sol girou

no céu estava a chorar

olhando para a janela

uma lágrima fez brotar

 

Um ausência eternizada

em Anita e na lua

por esperarem  para sempre

a boneca que foi sua.

Lúcia Costa

 

Nos momentos de crise, a dor da exclusão social

Nos momentos de crise, a dor da exclusão social

Um dia você acorda e é bastante popular. Muitos “amigos”, trabalho, projetos, vida social, liberdade de ir e vir e paz na terra, pelo menos na sua.

De repente, centenas de dias depois, você se levanta numa manhã e um furacão de problemas sérios estão a sua espera. Esfrega os olhos tentando entender o que está acontecendo, arruma os cabelos que ainda estão emaranhados, mas não dá, sua vida está de pernas pro ar.

Você fica tenso, perdido, sem saber pra onde vai ou o que fazer. Como se tivessem retirado seu chão.
Tenta ir resolvendo tudo, mas se enrola ainda mais.

Começa um período de declínio nunca antes vivenciado. Nada em comum com os altos e baixos da vida encarados antes. O trabalho já não rende, não consegue mais produzir como antes, tudo é um peso a ser carregado.

A grana vai ficando curta e as dívidas, antes nunca feitas, brotam como plantação. Começa a se desfazer dos poucos bens, ainda pouco usufruídos, que levaram anos pra serem adquiridos. Tudo pra conseguir colocar a cabeça no travesseiro e poder dormir.

Mas o pior ainda esta por vir, a exclusão social.

Aquelas pessoas, antes tão animadas pra te ver, começam a desaparecer. O telefone quase não toca mais, e quando dá sinal de vida, é uma empresa de cobrança. Você não vale mais a pena. Como se teus talentos, graça, generosidade, companheirismo e inteligência tivessem virado pó junto com seu dinheiro.

De fato, até chega a crer neste desaparecimento súbito de si mesmo, tendo que dar uma olhada no espelho vez ou outra, só pra lembrar que ainda existe, que esta aí.

Você vai se safar dessa. Pode ser a curto, médio ou longo prazo, mas vai. A vida sempre dá voltas e conseguimos nos superar, porém a realidade de ser colocado em quarentena, como um leproso, vítima de maus tempos, como se seu desfortúnio fosse contagioso, isso é difícil de esquecer porque dói na pele.

Isto também te faz pensar em como já podem ter sofrido e ainda sofrem os pobres de fato, assim como os negros, judeus, palestinos, muçulmanos, cristãos, e todos as demais vitimas de preconceitos hediondos no mundo.

Você mais cedo ou mais tarde vai superar… mais sábio, mais seletivo, mais inteiro e maleável com as intempéries da vida. E os outros que são obrigados a conviver com a rejeição toda vida? Será que já nasceram com muito mais armas internas?

De qualquer forma, sempre existe uma, duas ou três pessoas que nunca te abandonarão e que sempre te apoiarão em momentos que até você se recusará lembrar. Aqueles momentos em que nos sentimos sem a pele e com frio, desamparados pela falta da luz e do calor humanos.

Os reais e verdadeiros amigos estarão sempre ali… atentos a te manterem aquecido e fortalecido, até que possa encontrar uma saída. Não há desenhos e nem palavras que possam exprimir a gratidão eterna pela existência desses amigos. Eles nos renovam a fé no humano e nos fazem crer que existem, sim, muitos anjos encarnados na Terra.

Nossa vida é uma crônica

Nossa vida é uma crônica

Quando leio grandes cronistas como Luis Fernando Veríssimo, Martha Medeiros, Xico Sá, Walcyr Carrasco, Ivan Martins, ou ainda descubro outros novos que ainda não são tão conhecidos para além das redes sociais, sempre penso que as crônicas são mesmo ótimos presentes que ganhamos das pessoas e situações. Vejo que me satisfazem mais que incontáveis gentilezas materiais.

As melhores crônicas que li, ou talvez as que mais prenderam a minha atenção falavam sobre coisas aparentemente banais, vindas de um cotidiano real ou imaginário, de substâncias originais: com vida própria e independente de qualquer padrão que a sufocasse no eu-no-espaço-tempo. Costumamos chamar de liberdade essa criação independente de rótulos.

Escrever é doar-se ao mundo. Frase curta e forte, que nos faz refletir sobre o que queremos escrever, para quem, e como gostaríamos de ser lidos e interpretados. Transformar palavras isoladas em construções que ergam amplos e ricos diálogos é uma grande responsabilidade. É como pisar em ovos.

O início da crônica é tantas e tantas vezes pensamentos soltos e sem aparentes conexões, mas que buscam a mínima disposição para alavancar a história ou um relato banal e colocar em prática algo que pode fazer um bem enorme para quem lê. É quando percebemos que temos algo que precisa ser dito, mostrar-se ao mundo, embora nem sempre seja compreendido com a necessidade que sentimos: a totalidade do contexto interior no enredo completo.

Muitas vezes basta fechar os olhos e ouvir um diálogo peculiar de um mundo todo vivo que vibra dentro da gente. E surge a necessidade de contarmo-nos. Sim, contar a quem estiver por perto ou quem for alcançável como é esse mundo aparentemente tão estranho e que é tão mágico até ganhar o corpo real das palavras. Ou pode acontecer o contrário: o mundo que é tão cru e real até ganhar o corpo mágico das palavras. A escolha é de quem já conhece toda a trama.

O que pedir então da nossa vida que tem tanto a dizer? Que venham muitas crônicas que falem desse cotidiano que nos chega tão real e ao mesmo tempo tão invisível. Queremos sempre a palavra exata para expressá-lo e que nos faça entender essa dimensão palpável dos dias. Desejamos ir além dos gestos corriqueiros através das nossas histórias e aventuras que podem criar universos envolvidos pelo sentido humano.

Ah, mais um pedido: corpo e mente renovados, que se doem a cada dia para animarem as nossas crônicas, ora dramáticas, ora trágicas, ora cômicas, ora indefiníveis.

INDICADOS