O amor manda cartas

O amor manda cartas

Um entregador dos Correios chega à casa de Maria, às nove da manhã. Ela está tomando café e se assusta com uma correspondência tão cedo. Recebe o rapaz que lhe entrega uma carta em um envelope perfumado. Ela agradece, fecha a porta e rasga a carta enquanto termina sua caneca de café. No envelope, não há um remetente, só seu nome enquanto destinatária da mensagem. Em uma letra quase que desenhada, dispõem-se as seguintes palavras:

“Querida Maria, meu amor por ti é um continente onde não há miséria e todos  as pessoas se cumprimentam ao amanhecer e ajudam umas as outras a manter suas próprias vidas.

Caso deixes, serei a fenda da tua janela por onde o amor te acordará todas as manhãs, jogando um facho de luz sobre teus olhos. Unidos, seremos a igualdade de uma existência individual desigual. Juntos, poderemos abrir as janelas do mundo, sem que seja preciso fechar nenhuma porta. Caminharemos sempre de mãos dadas até que nossos pés se cansem e abandonem o mundo físico.

Quero participar de cada passo teu, de cada gesto e da tua insônia, caso a tenhas. Quero viver tua saúde e cuidar da tua doença. Quero provar do teu doce e comer do teu sal.

Case-se comigo, Maria. Quero-te já, quero-te ontem. Nasci para conhecer a luz dos teus olhos, nem que depois, eu cegue. Amo-te como um faminto em busca de pão. Desejo-te; és minha respiração.”

Maria se encanta pelas palavras, toca-as, cheira-as. Está inebriada pela declaração, mas não tem como mandar respostas, pois o remetente não lhe enviou nome e endereço.

E quase todos os dias ela recebia cartas com o mesmo teor, atiçando ainda mais sua curiosidade. Uma manhã, ela olha bem o moço que entrega as correspondências. Ele ri para ele e em sua testa está escrito “Me chamo Daniel, moro na rua da paixão, bairro dos apaixonados”. Ela o abraça e sente que já o ama. Daniel continua entregando-lhe as cartas todos os dias, mas agora, espera que a moça abra e leia enquanto tomam café da manhã entre abraços duradouros e beijos ardentes.

Hoje, domingo, cinco meses depois da primeira carta,  Maria e Daniel se casam na Igreja Matriz e mudam-se, apaixonados, para a Rua dos Apaixonados.

O filho único dela morreu aos 21 anos, vítima de um tumor cerebral

O filho único dela morreu aos 21 anos, vítima de um tumor cerebral

Quando eu recebi a mensagem da psicóloga Alana Mendes, de 55 anos, mostrando interesse em compartilhar sua história no blog, foi dessa forma que ela se apresentou:

“Olá,

Gostaria de contar a história da perda do meu único filho, quando ele tinha 21 anos, vítima de um tumor cerebral inoperável, extremamente agressivo e maligno. Quem sabe assim poderei ajudar a outras mães que passaram por essa dolorosa experiência.

Abraços,
Alana Mendes”

Na hora, pensei como deveria ter sido difícil para Alana enfrentar o que acabara de relatar, mas fiquei muito contente ao saber que alguém, por meio do blog, tinha o interesse de compartilhar sua história com o intuito de ajudar outras pessoas.

Alana conta que a morte de seu filho, o estudante de biologia Pedro, aconteceu em fevereiro de 2007, quando ele estava em viagem, realizando um de seus sonhos: passar seis meses em intercâmbio na Austrália.

Perto do fim da viagem, Pedro telefonou para a mãe queixando-se de muita dor de cabeça. Ele viajava para o Chile, foi internado em Santiago, onde foi dado o diagnóstico: glioblastoma multiforme, um tumor cerebral maligno, de alta agressividade e letalidade, localizado numa área inoperável.

“Um tsunami me pegou”, conta Alana. Ela foi para a capital chilena para acompanhar o filho. Voltaram para o Brasília no dia seguinte, a bordo de uma UTI aérea. Seguiram até São Paulo, em busca de especialistas renomeados. “Nada mudou. Internação, coma e morte. Meu filho se foi.”

A psicóloga relata que, apesar da tristeza (“a perda de um filho é uma dor inominável), não se desesperou. “Minha crença no Espiritismo, minha família e amigos foram o suporte para a travessia do período de luto. Meu marido foi, e continua sendo, o companheiro cuidadoso e amoroso de todas as horas, e um dos motivos da minha superação. Sei que nada nem ninguém irá preencher o vazio que o meu amado filhote deixou. Mas a vida continua, e eu tenho muitos motivos para prosseguir.”

“A aceitação daquilo que não podemos mudar é fundamental para que possamos refazer os nossos planos e retomar a caminhada. Não é fácil e é bastante doloroso, mas pode tornar-se cada vez mais difícil e insuportável se não tivermos fé nos desígnios de Deus, não aceitarmos ajuda e não nos esforçarmos para romper a couraça da dor”, diz.

E qual é o sentido da vida para Alana?

“Aprender a ser uma pessoa melhor com as experiências que ela nos proporciona”

Ela fez questão de ressaltar que sua intenção, ao relatar sua experiência, “é mostrar aos pais que perderam seus filhos que é possível sobreviver, quando aprendemos a conviver com a ausência do filho amado.”

Bom, já está dito pela Alana, mas reforço aqui a intenção dela e minha: caso conheçam alguém que tenha passado pela mesma situação, acho que pode ser bacana enviar a história dela! Quem sabe assim podemos ajudar outras pessoas?

Segue abaixo o relato da Alana:

“Tenho nome de princesa, Alana Maria Teresa Alves Dias Mendes. Sou psicóloga e tenho 55 anos. Sou a primogênita de um jovem casal que teve quatro filhos. O sobrenome Mendes é da família do meu marido.

Estou casada há 30 anos com o amor da minha vida. Nos conhecemos em João Pessoa, quando éramos universitários. Ele cursava engenharia mecânica, tinha 23 anos e veio transferido da Universidade de Brasília, cidade onde sua família residia. Eu estava com 20 anos, cursava psicologia e minha família morava em Campina Grande, a pouco mais de 100 quilômetros de João Pessoa.

Namoramos durante quatro anos e oito meses, casamos e tivemos o nosso único filho. Em 1987, mudamos para Brasília, onde moramos até hoje. A família do meu marido também mora em Brasília e temos amigos muito queridos.

Trabalho numa escola da Rede Pública de Ensino do Governo do Distrito Federal. Gosto muito da minha profissão e do trabalho com crianças.

Sou do tipo “falante”! Gosto de conversar, rir, dançar, sair com amigos e comemorar “tudo”. Amo viajar! Troco qualquer coisa por uma viagem. Mas, também amo voltar para a minha casa. Sinto saudade da minha cama, dos meus travesseiros, enfim, do meu “cantinho”. Sinto uma energia especial no meu apartamento. É o meu abrigo. Graças a Deus tenho um “Lar” onde me sinto segura e feliz com o meu amado companheiro.

Amo música, livros, filmes e minha coleção de São Francisco (tenho mais de 60). Estive em Assis e senti uma emoção indescritível.

O ‘tsunami’

A partida prematura do meu amado filhote, Pedro Victor Dias Mendes, ocorreu no dia 13 de fevereiro de 2007. E teve o efeito devastador de um tsunami.

Meu filho tinha apenas 21 anos. Estudava biologia na Universidade de Brasília. Era garoto alegre, extrovertido, com muitos amigos, inteligente, bonito e um filho maravilhoso. Pedro amava a vida e queria ser biólogo marinho.

Pedro tinha trancado a matrícula no quinto semestre do curso, para fazer intercâmbio na Austrália. O curso de inglês seria na cidade de Brisbane. Assim, em agosto de 2006, meu filho seguiu para realizar um de seus sonhos: passar seis meses na Austrália.

O retorno para o Brasília seria em fevereiro de 2007.

No dia 28 de janeiro, data do meu aniversário de casamento, recebi um telefonema do meu filho, em pratos, queixando-se de muita dor de cabeça. Ele estava na Nova Zelândia e viajaria para o Chile no dia seguinte.

Recomendamos a ida ao médico. Na ocasião, imaginávamos que seria uma enxaqueca. Oito jovens fazendo “mochilão” não se preocupam em se alimentar bem, muito menos dormir.

Ao chegar no Chile, Pedro apresentou sinais de confusão mental, continuou tendo dores de cabeça e vômito, apesar de medicado. Os seus queridos amigos o levaram para uma clínica, onde ele foi internado para a realização de exames.

Voei de São Paulo para Santiago, acompanhada da minha cunhada e de uma amiga querida, cujos filhos estavam com o meu menino. O diagnóstico já havia sido comunicado ao meu marido, mas eu o desconhecia. Me disseram que havia um “edema cerebral”, mas que estavam pesquisando a causa.

Meu alarme interno havia sido disparado!

Meu marido estava em Curitiba, a trabalho, seu passaporte estava vencido há poucos dias e seu RG tinha mais de 10 anos. Então, ele estava impedido de buscar nosso filho no Chile. Quando o médico me comunicou o diagnóstico, glioblastoma multiforme, um tumor cerebral maligno, de alta agressividade e letalidade, localizado numa área inoperável, um tsunami me pegou!

Voltamos para o Brasil no dia seguinte, a bordo de uma UTI aérea, acompanhados de dois médicos. Uma ambulância, equipe médica e um pai ansioso para ver o filho nos esperavam no aeroporto de Brasília.

Após dois dias de internação para mais exames, o diagnóstico inicial se confirmava, acompanhado da previsão de três meses de vida.

Seguimos até São Paulo em busca de especialistas renomeados. Nada mudou. Internação, coma e morte. Meu filho se foi.

‘Pedaço de mim’
13 de fevereiro de 2007, dia da partida do meu filho. A letra da canção “Pedaço de Mim”, do Chico Buarque, é a definição mais próxima do que senti.

“…..Oh, pedaço de mim

Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi…”

Uma tristeza dolorosa tomou conta de mim. Perdi meu pai quando eu tinha apenas 19 anos. Foi muito doloroso. Mas a perda de um filho é uma dor inominável.

Não me desesperei e não questionei os desígnios de Deus. Minha crença no Espiritismo, minha família e amigos foram o suporte para a travessia do período de luto. Meu marido foi, e continua sendo, o companheiro cuidadoso e amoroso de todas as horas, e um dos motivos da minha superação.

Sei que nada nem ninguém irá preencher o vazio que o meu amado filhote deixou. Mas a vida continua, e eu tenho muitos motivos para prosseguir.

 

Os ‘anjos’

Deus me mandou vários anjos para me conduzirem durante a “grande tempestade”. Fiz terapia, sou acompanhada por psiquiatra, continuo trabalhando e fazendo tudo que gosto.

Nunca esqueço que minha terapeuta me fez refletir sobre quem eu era antes de ser mãe e me fez ver que a maternidade não era o único papel que eu desempenhava na vida. A mulher, a esposa, a profissional, a filha, a irmã, a amiga e tantos outros, permaneciam comigo.

Lembro de ter dito ao meu marido que eu havia perdido um dos maiores “brilhos da vida”, mas que ainda restavam muitos.

Em um dos muitos livros que li, estava escrito que “quando os nossos pais morrem, perdemos o passado, mas quando um filho morre, perdemos o futuro”.

Com a partida do meu único filho se foram muitos dos meus sonhos. Não vi a sua formatura, seu primeiro emprego, seu casamento, sua esposa e seus netos. Mas, como diz a canção belíssima de Milton Nascimento: “É preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre…”

A aceitação daquilo que não podemos mudar é fundamental para que possamos refazer os nossos planos e retomar a caminhada. Não é fácil e é bastante doloroso, mas pode tornar-se cada vez mais difícil e insuportável se não tivermos fé nos desígnios de Deus, não aceitarmos ajuda e não nos esforçarmos para romper a couraça da dor.

Minha intenção, ao relatar minha experiência, é mostrar aos pais que perderam seus filhos que é possível sobreviver, quando aprendemos a conviver com a ausência do filho amado.

Qual o sentido da vida?

Aprender a ser uma pessoa melhor com as experiências que ela nos proporciona.”

Socorro, não consigo mais ler livros

Socorro, não consigo mais ler livros

Não consigo mais ler livros.
Não que eu não queira. Simplesmente não consigo.

Sou um leitor, desde que me entendo por gente.

Sempre li muito. E continuo lendo.

Mas de uns anos para cá, me alimentar compulsivamente de internet tem causado um efeito colateral que ainda não consigo explicar muito bem.

Só sei que agora, toda vez que pego um livro nas mãos, não consigo ler, canso rápido. Se o texto não “embala” logo, preciso de muito esforço para continuar com a leitura.

E não é só com o livro de papel. A mesma coisa acontece com o livro digital. Não tem nada a ver com o tipo de apoio.

Tem a ver com a extensão do texto.

Essa situção tem me deixado agustiado.

Será que desaprendi a ler? Será que fiquei preguiçoso?

Será que agora só consigo ler coisas curtinhas e, de preferência, com uns links?
Acho que não.

Na verdade, nunca li tanto como agora. Passo o dia inteiro lendo. Mas leio cacos, fragmentos.
Sim, o efeito é conhecido e foi previsto anos atrás.

Sai o disco, entra a música.

Sai o filme, entra a série.

Sai a série, entra o curta do Youtube.

Sai a mesa de bar, entra o Facebook.

Sai o livro, entra o post, o artigo.

Tudo o que era consumido em pacote-família, em tabletão, agora é consumido em formato M&M’s.

A gente já sabia que isso acontecer, faz tempo. Mas o que eu ainda não tinha sentido na pele é que esse fenômeno do snack culture iria me TIRAR algo e me IMPEDIR de ler textos longos.

Porque uma coisa é você perceber que existe uma nova maneira de ler (circular e não linear) e passar a usá-la.

Outra coisa é você perder sua capacidade de concentração.

Eu queria adicionar o jeito novo, mas não queria perder o jeito velho.

A internet causou em mim, e talvez em você, uma diminuição na atenção, um efeito similar ao do Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH). Não que essa dificuldade de concentração seja um TDAH (que é neurobiológico e tem causas genéticas), mas tem essa característica em comum. Aliás, os próprios parâmetros de diagnóstico de TDAH tem sido frequentemente revistos justamente por conta dessa alteração de comportamento, especialmente em escolas.

Já tentei de tudo, busquei aquelas ficções bacanas, cheias de escapismo, com viagens para lugares distantes, coisas que eu devorava durante a adolescência…mas 10 minutos depois o que escapa é minha atenção mesmo.

Fico voltando para o começo do parágrafo, sabe? Nem a biografia do Steve Jobs eu consegui terminar.

Fico repetindo para o autor “vai, já entendi, conta logo, pára de enrolar”.

Esse é outro sintoma: fiquei mais factual e perco fácil a paciência com aquela fase de contextualização e envolvimento com os personagens.

Meu kindle tem, neste exato momento, a ridícula marca de 18 livros iniciados.

Estou fazendo com eles a mesma coisa que faço com as músicas no meu iPhone, que fatalmente acabam tomando uma “skipada” depois de alguns segundos (tirando as do Zappa, que felizmente ainda ouço cada nota com prazer até o fim). Pô, eu ouvia aqueles álbuns inteiros do Pink Floyd… agora isso seria inimaginável.

Sei que isso tudo soa como algo ruim, mas nem isso eu tenho certeza.

A civilização humana já passou por isso muito antes da internet, por exemplo quando passamos da comunicação exclusivamente oral e acrescentamos a escrita. Colocar conteúdo por escrito livrou nossa memória e permitiu textos bem mais longos e precisos. Agora estamos de volta aos conteúdos curtos, mas ainda mais precisos. E, se um dia desenvolvermos a telepatia, certamente as palavras vão nos parecer ineficientes demais. Formas diferentes de trocar conteúdos, histórias.

Enfim, um post pouco conclusivo, mais desabafo mesmo, para ver se tem mais gente nesse barco.
Estou assustado por não conseguir mais ler um livro inteiro.

Texto de WAGNER BRENNER
Fonte:Update or Die

Dica de livro: Foco, de Daniel Goleman

Respira e não pira!

Respira e não pira!

É incrível como o ser humano consegue evoluir materialmente, com tecnologias fantásticas. O homem foi à lua, planeja pisar em outros planetas, faz viagens extraordinárias de forma externa. Agora, os Estados Unidos fabricaram um equipamento aéreo com raio laser, de dar inveja aos produtores de Star Wars, com inimaginável capacidade de destruição para nós, reles mortais. Há pessoas planejando viajar a Marte, a passeio, mesmo que sem volta. Outros escalam o Everest muitas vezes, mergulham nos misteriosos mares e conhecem criaturas incríveis nas profundezas. No entanto, o homem não costuma viajar para seu mundo interno e desconhece até mesmo a superfície de suas mais primitivas emoções. É incapaz de controlar suas reações e não tem claramente a percepção do significado das palavras paz e guerra.

Numa abordagem mais otimista, podemos citar, agradecidos, a existência de muitos seres de sabedoria, mestres de grande bondade, vindos de uma cultura contemplativa, que se aventuraram no universo interno e que hoje, abrem para a ciência as janelas desse mundo não menos incrível. A sabedoria dos seres que vivem no silêncio das grandes montanhas nevadas chega ao ocidente e possibilita provar os benefícios da contemplação, do olhar cuidadoso para as próprias emoções e sinais internos, das práticas da introspecção e da solitude.

O monge francês Mathieu Ricard, considerado, após exaustivos testes científicos, o homem mais feliz do mundo, escreveu em seu livro “Felicidade”: “Se uma emoção fortalece a nossa paz interior e nos ajuda a buscar o bem dos outros, ela é positiva ou construtiva; se ela destrói a nossa serenidade, perturba a nossa mente e fere os outros, ela é negativa ou perturbadora”. Os contemplativos propõem sairmos da confusão mental e emocional, criando um observador interno e estando vigilantes ao que ocorre dentro de nós. Na Bíblia, temos o ensinamento: “Orai e vigiai”. Não é para vigiarmos a vida do outro. É para observarmos nossas emoções perturbadoras. A propósito, demorei a entender que “Não matar”, um dos Dez Mandamentos, não significa não matar o outro ser humano. Mas não matar nenhum ser e não matar nada. O objetivo é sempre a felicidade.

Felizmente, há muitas práticas contemplativas, muitas técnicas de meditação disponíveis numa simples pesquisa no Google. E este pode ser um bom modo de vida, independente de religião. Sua Santidade o 14º Dalai Lama, um dos seres mais inspiradores da contemporaneidade, ensina de forma muito simples esse modo de viver. “Minha religião é a bondade”, diz. Há alguns anos, conheci o Lama Padma Samten, outro mestre inspirador. Ele me ensinou a meditar de forma detalhada e disponibiliza ensinamentos na internet, para quem quiser. “O controle de qualidade da prática é o seu próprio bem-estar”, diz. Ele alerta para o percentual de brilho no olho, com muito humor: “Brilho a 100% é muito, vocês podem ser considerados loucos. Mantenham a 60 ou 70%”, brinca.

A prática de sentar

Para quem quiser experimentar essa aventura interna, cheia de descobertas incríveis, lá vai a dica. Começamos sentados, em um lugar calmo. Deixamos a coluna ereta, de uma forma confortável e fazemos o voto de ficar imóveis por determinado tempo. Podemos começar com 5 minutos. Então levamos nossa atenção à respiração e seus movimentos. Ficamos atentos, e quando a mente se distrair, voltamos a atenção à respiração. Então começa a viagem, os embates com o corpo (talvez venha um mosquito e temos o voto de imobilidade); aquele problema que nos perturba vem à tona e precisamos deixá-lo ir… Inspira e expira, e só.
Deixo aqui meus votos de que todos os seres possam se beneficiar com as práticas de meditação. Ao longo da caminhada em busca da compreensão da verdade, não vejo outra atividade mais pacificadora do que esse olhar honesto para nosso universo interno, essa viagem pela mente, a caminho da lucidez, do bom senso e do desejo pelo bem dos seres. O caminho é longo e a ignorância é o nosso principal obstáculo. Mas tenho convicção de que vale a pena seguir. Afinal, é algo simples e nem custa dinheiro: cultivar o silêncio e a pacificação, a calma interior.

Como ouvimos por aí: inspira, expira e não pira!

Indicação de livro A Revolução do Altruismo- Mathieu Ricard

O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

A vida de Frida Kahlo foi cheia de contrastes. Ela alcançou a fama e o reconhecimento, mas também sofreu dores físicas e emocionais de cortar o coração, que não lhe permitiram desfrutar de tempos agradáveis de alegria e diversão. Diz-se que, enquanto na Casa Azul um grupo de amigos se reunia em meio a conversas interessantes e álcool, ela ficava confinada em sua cama em razão das cirurgias pesadas a que se submeteu, consequência do acidente que a fez padecer por mais de 18 anos.
contioutra.com - O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

Durante os últimos cinco anos de sua vida, ela esteve por muito tempo no hospital. Em 1950, ela foi submetida à mesma cirurgia sete vezes e teve uma perna amputada. Depois disso, Frida permaneceu em uma cadeira de rodas e só a morfina foi capaz de aplacar a sua dor.
contioutra.com - O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

Frida dizia, através da arte e nas páginas tumultuadas de seu diário, da sua relação tempestuosa com Diego, de seus pensamentos sobre a vida, do sofrimento que a marcou sua além das aquarelas. Em seu diário registrou desenhos e frases marcaram seus últimos dias.
contioutra.com - O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

“1950 – 51. Estou doente há um ano. Sete operações da coluna vertebral. O doutor Farill me salvou. Ele novamente me deu alegria de viver. Eu ainda estou em uma cadeira de rodas, e eu não sei se eu vou caminhar em breve. Eu tenho um espartilho de gesso que, embora possa ser assustador faz com que eu me sinta melhor. Eu não tenho dores. Apenas enfado da … enegrecido, e, naturalmente, muitas vezes desespero. Um desespero que nenhuma palavra pode descrever. Mas eu tenho que viver. Desde que comecei a pintura”.
contioutra.com - O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

Refugiada na pintura, Frida expôs individualmente na Galeria de Arte Contemporânea da Cidade do México. “A pintura preencheu minha vida. Perdi três filhos e uma série de coisas que poderiam ter preenchido essa minha vida horrível. A pintura substituiu tudo. Eu acho que não há nada melhor do que o trabalho.”

contioutra.com - O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

Em agosto de 1953 ela tem sua perna amputada na altura do joelho devido a uma gangrena. Sobre mais esse duro golpe Frida escreve em seu diário:

“Amputaram-me a perna há 6 meses, deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco a razão. Continuo a querer me matar. O Diego é que me impede de o fazer, pois a minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta. Ele disse-me isso e eu acreditei. Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida. Vou esperar mais um pouco…”.

No mesmo diário ela também desenhara uma coluna cercada por espinhos com a legenda: “Pés, para que os quero se tenho asas para voar.” Revelando a ambiguidade de seus sentimentos com relação a todo seu sofrimento.

A ideia da morte parecia algo tranqüilizador para Frida que tivera uma vida tão conturbada e freqüentemente ela se refere a isso em seu diário e em sua autobiografia, porém mais do que nunca ela tenta se agarrar a vida, pois como ela dizia: “…a tragédia é o mais ridículo que há…” e …nada vale mais do que a risada…” .

1954 foi um dos anos mais sombrios da vida do artista. Há rumores de que ela tenha tentado suicídio no dia 9 de abril, momento em que foi internada e recuperou-se.

Em junho, ele contraiu pneumonia. Sua força era tamanha que, no dia 2 de julho, viajou com Diego para a Guatemala, onde participou de uma manifestação contra a intervenção americana. No entanto, esta seria sua última aparição pública. Quando voltou para casa, a pneumonia piorou e morreu em 13 de julho. Muitos, todavia, teceram rumores sobre um possível suicídio. Centenas de pessoas foram para o Palácio de Belas Artes de dizer seu último adeus a uma das figuras mais emblemáticas da arte mexicana.
contioutra.com - O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

Diego estava sempre ao seu lado, parceiros de vida eram mais do que os cônjuges ou amantes. Infidelidade e engano não importaram, porque eles tinham algo especial, diferente do que os outros casais que conheciam. Viveram algo além do amor ou do sex0, mas tornar-se um.

“Eu não vou falar de Diego como o meu marido, porque seria ridículo. Diego nunca foi e nunca será “marido” de ninguém. Ou como um amante, porque ele abrange muito mais do que limitações sexuais, e se falasse dele como um filho só iria descrever ou pintar as minhas próprias emoções, quase o meu auto-retrato e não o de Diego “.

contioutra.com - O diário de Frida e as suas últimas palavras antes de morrer

Na noite de 13 de julho daquele mesmo ano Frida Kahlo é encontrada morte em seu leito. A versão oficial divulgou que ela teve morte por embolia pulmonar, mas suas últimas palavras em seu diário foram: “Espero a partida com alegria…e espero nunca mais voltar…Frida.”

Fonte: Cultura Coletiva Adaptação Conti outra

Mais artigos sobre Frida na CONTI outra

Dicas de livros:

Diego e Frida

O segredo de Frida Khalo

El Diario De Frida Kahlo

Não toque no meu bom humor!

Não toque no meu bom humor!

Vivemos momentos bastante mau humorados, desanimadores. Momentos mal encarados.
Crise no país, corrupção, intolerâncias, politicagens, lutas (ainda) por direitos óbvios… É a tal fase do gigante que acordou mas, quando esfregou os olhinhos, achou que era melhor dormir de novo, e, como não foi possível, agora está olhando para a bagunça em volta, totalmente contrariado. A consciência desperta, mas, se fosse mais esperta, encararia tudo com um humor diferente, com o humor que muda o cenário, que pensa em alternativas, que se impõe pela presença gostosa.

A gente queria que tudo fosse diferente, que as ciclovias fossem infinitas, que nunca ficássemos doentes, que pudéssemos olhar nossos celulares sem medo de sermos assaltados, que todos os escândalos não passassem de notícias inventadas para vender jornal.

Mas não é assim e não é só isso. Para engrossar o caldo, ora estamos sem dinheiro suficiente, ora ficamos sem o afeto que queríamos, sem companhia, sem vinho, sem critérios… E ainda, a maioria de nós tem família e família por si só já é pêndulo de humores; E o computador trava, a foto não favorece, a dieta desanda, a sandália arrebenta, a ressaca maltrata, perdemos as chaves e o sorriso no rosto. Pronto, explodindo em 3, 2, 1…

Agora a reflexão: Seremos nós todos uns mau humorados?

É hora de recusar esse título. É momento de entender o passar da vida, a pressa do tempo, a feiura da testa franzida, do resmungo inútil.

O meu bom humor é particularmente debochado, mas não é ofensivo nem ácido, só gosta de fazer analogias com situações verídicas. É a minha saída, cada um tem a sua.

Já o meu mau humor é um possuidor de alma, um spray congelante, um gambá assustado. Prefiro mantê-lo longe e sedado.

A doença do mau humor se chama distimia. A cura pelo bom humor não tem nome, no máximo um apelido de terapia. Sempre damos mais peso e títulos aos vilões, impressionante isso. Nossa natureza avinagrada se manifesta a qualquer mínima contrariedade. Somos bélicos, defensivos, palpiteiros, resmunguentos.

E então, no meio de toda essa gincana que é a vida, entre rosnados e caretas, aparece uma criatura desfilando sorrisos e cumprimentos. Desacostumados que estamos, repudiamos de pronto. Colocamos na conta da alienação, do despreparo. O bom humor alheio incomoda demais! Soa como um espelho retorcido, um beliscão bem apertado, uma lição de moral bem dada. E é.

Ainda bem que sempre há uma criatura por perto que nos mostra o lado divertido das coisas, que nos instiga até arrancar um sorriso amarelo, que provoca, desafia, enxerga beleza até em raiz seca. E ainda bem que uma vez ou outra essa criatura sou eu ou você. Nem percebemos, mas assim é. Geramos uma lufada de fôlego para aturar todos os motivos que temos para nunca mais sorrir.

E, quando for o nosso dia de sorte, de um inexplicável bom humor e alguém se aproximar tentando manchar ou envenenar, possamos dizer sorrindo: Não ouse tocar no bem humor!

4 coisas mais importantes do que dizer “Eu te amo’- Nathalí Macedo

4 coisas mais importantes do que dizer “Eu te amo’- Nathalí Macedo

Vivemos no mundo do papo furado. Pois é, pode até soar meio agressivo começar um texto com uma verdade tão escancaradamente sincera, mas o fato é que as pessoas desta geração falam demais e fazem muito menos do que deveriam. O tão esperado “eu te amo”, por exemplo, quase nunca é justificado por ações a altura do seu nobre significado; as grandes amizades gritadas aos quatro ventos nas redes sociais desmoronam quando postas à prova, e a força das pessoas que se dizem autossuficientes caem por terra na primeira investida da solidão.

Precisamos de um mundo com menos versos de amor e mais provas de amor; com menos palavras e mais vontade. Por isso, em vez de textos quilométricos de amores óbvios, flores que murcham rápido demais, há formas de declararmos nosso amor de uma maneira menos verbal e, quem sabe, mais crível:

1 – Concessões

Não existe papo mais furado do que dizer que ama e não abrir mão de nada. Eu te amo, mas me passa o controle; eu te amo, mas eu não posso ir até a sua casa porque estou ocupado; eu te amo, mas na minha vida não há espaço pra você neste momento. Amar é fazer concessões, das pequenas concessões cotidianas às enormes abdicações de vida. Amar é emprestar o carro, aceitar o animal de estimação do outro apesar da sua alergia, tolerar temperamentos difíceis, manias estranhas, desconformidades naturais. O amar além da palavra é basicamente sobre tolerar o outro.

2 – Respeito à individualidade

Não existe contra-prova mais autêntica de amor do que a tentativa de dominar o outro. Porque, pela lógica mais simples e, por isso mesmo, mais aceitável, se você ama o outro como ele é, o mínimo que se espera é que deixe que ele continue sendo ele mesmo; e isso inclui deixá-lo continuar se comportando da mesma maneira com seus amigos, indo aos mesmos lugares e se relacionando da mesma maneira – sem cobranças desnecessárias ou mudanças invasivas. Respeitar a individualidade do outro vai além da ausência – ou controle – de ciúmes: é resistir à vontade, confesso, por vezes inevitável, de tentar adequar o outro às nossas projeções.

3 – Companheirismo

Um “oi, precisa de algo?” sempre será mais eficiente do que um “eu te amo” robótico e facilmente repetível. O amor é se colocar para o outro da maneira que ele precisar, se importando com seus problemas, suas crises, seus momentos. Não importa quantos buquês você já comprou e quantas canções já dedicou: Não existe amor quando não se está ao lado.

4 – Sinceridade

Grandes relações se sustentam à medida em que dão espaço à sinceridade. A mentira cautelosa – aquela que a gente não conta pra não machucar o outro – é um dos mais nocivos perigos para uma relação. Amores verdadeiros exigem, antes de tudo, verdade: e isso inclui contar ao outro que você não sente tesão só por ele ou que hoje prefere só dormir de conchinha. A verdade agrada mais que a mais bem elaborada mentira.

Por Nathalí Macedo Fonte indicada Entenda os homens

A previsão do tempo informa: amanhã vai fazer amor!

A previsão do tempo informa: amanhã vai fazer amor!

Em São Paulo faz calor. Na África do Sul, também. Em Porto Alegre, uma chuvinha fina umedece as ruas e os ímpetos de toda gente. Casablanca, no Marrocos, está parcialmente nublada. Reykjavíc, capital da Islândia, sonha debaixo de chuva com um dia quente. Na Antártida, no Pico do Everest e no Pólo Norte faz frio. E contrariando todas as previsões, aqui dentro faz amor.

É um amor mansinho, esperança de sol no fim da tempestade. Promessa de calor depois da frente fria. Amor de precipitações. Não importa o quanto dure. Aqui dentro faz amor.

Sujeito a chuvas e trovoadas como todo sentimento amoroso, esse amor soprado direto do peito de Deus abriu clareiras de céu azul entre muralhas de nuvens cinzas, inundou de sol a terra fria, tirou as crianças de casa, encheu de vida as ruas e praças e praias e parques e todo canto de estar sob o céu.

Lá fora faz calor. E a vida se agita agora de risos e sons de festa, palavras de apreço, cheiros de comida no fogo, palmas de aniversário. Aqui dentro, a cortina se abre e o sol estarrece de luz tantas sombras, varre cantos escuros, aquece lembranças geladas. Aqui dentro faz amor.

O céu está azul. O mar, também. Azul como a saia da moça que passa esvoaçando beleza, a piscina que recebe as crianças, os cabelos das minhas avós e toda lembrança de festa. Azul como o sentimento bom que abriu o tempo e fez sol em mim. Sol que aquece, consola, repara, abençoa. Sol que brilha e conforta como o olhar imenso de Deus.

O boletim do tempo informa: aqui dentro faz amor.

5 passos para ensinar CONSENTIMENTO para crianças (entenda como isso pode protegê-las)

5 passos para ensinar CONSENTIMENTO para crianças (entenda como isso pode protegê-las)

Por ADELITA MONTEIRO – artigo baseado no texto original de Michelle Dominique Burk

Há uns 20 anos, especialmente antes do Estatuto da Criança e do Adolescente, as crianças brasileiras não tinham voz, não tinham vez, e “não tinham querer” como diriam alguns de nossos avós. Porém, essa cultura de que a criança ‘não tem querer’ e não tem direitos felizmente está mudando. Hoje, entendemos que é importante ouvir e entender os desejos das crianças assim como dar-lhes voz para que possam verbalizá-los.

Isso não quer dizer que nos tornamos servos de nossos filhos fazendo todas as suas vontades, mas sim que ao menos os escutamos e procuramos atender seus pedidos se estes nos parecem plausíveis. É claro que sempre haverá situações em que não poderemos atender aos desejos de nossos filhos, mas esse é o momento de colocar o limite, de explicar as razões, de dialogar, de educar.

Alguns anos atrás também começamos a entender o significado de bullying, e a orientar crianças e adultos sobre certas brincadeiras que não são tão inofensivas, e que todos merecem respeito. Agora nossa atenção se volta cada vez mais para um outro termo: o consentimento.

Consentir significa permitir, autorizar, aderir, aprovar, significa acima de tudo, concordar. Com a lei Maria da Penha e a sanção da nova lei do Feminicídio no Brasil, a atenção da mídia se volta cada vez mais às injustiças sofridas pelas mulheres, e discussões sobre desigualdade de gênero, violência doméstica e abuso sexual, começaram a ganhar mais espaço. Dessa forma, começamos a questionar visões preconceituosas e típicas de uma cultura machista, tal como o hábito de culpabilizar a vítima do abuso ou violência pela roupa que ela vestia, ou por ela estar alcoolizada.

Grupos sociais e feministas que lutam pela igualdade de gênero em todo o mundo começaram então campanhas de conscientização sobre o consentimento. Não importa a roupa que a vítima estava vestindo, não importa se ela estava alcoolizada ou drogada, ela consentiu no ato sexual ou qualquer outra atividade que pode ter levado à violência? Estes mesmos grupos acreditam que é mais fácil prevenir a violência ensinando as pessoas a entender o consentimento do que lidar com as consequências desses atos violentos, incluindo a atitude sexista de culpar a vítima.

Por que é importante ensinar o consentimento às crianças?

Uma discussão polêmica que surgiu em 2014 foi sobre conteúdos do livro de memórias de Lena Dunham “Not That Kind of Girl” (Não sou uma dessas). Em algumas passagens, ela relata sobre sua relação de infância com a irmã mais nova, Grace. Dunham descreve subornar sua irmã por beijos, masturbar-se ao lado dela na cama, abrir a vagina de sua irmã, enquanto ela brinca na entrada da garagem, e faz, segundo suas próprias palavras “basicamente tudo que um predador sexual faria para conquistar uma pequena menina”.

A polêmica aconteceu em torno da seguinte questão: Lena abusou sexualmente de sua irmã ou foram apenas brincadeiras sexuais e curiosidades naturais da infância? É neste sentido que nossa atenção se volta para a questão do consentimento: independente de considerarmos as ações de Lena abusivas ou não, permanece o fato de que, em nenhum dos casos descritos ela teve o consentimento da irmã mais nova para suas ações. Também não está claro se Lena enquanto criança compreendia o significado de consentimento.

Portanto podemos dizer que o ensino do consentimento e discussões sobre seu significado é de extrema importância na educação infantil. A forma como ensinamos as crianças a dar, receber e compreender o consentimento na infância definitivamente irá influenciar em sua interação com outras crianças e adultos no futuro. O ensino do consentimento nem sempre tem que ser através de uma longa discussão, pois ele é um processo contínuo e que deve ser adaptado aos vários cenários e situações se colocarão diante da criança.

Então baseado no texto de Michele Dominique Burk, apresento aqui 5 passos simples para ensinar algumas regras do consentimento para crianças e dessa forma ajudá-las a reagir adequadamente quando confrontadas com determinadas situações.

1. Ensine-as a pedir Consentimento

Até pouco tempo nós não éramos ensinados a dar e pedir consentimento em nossas interações em casa ou na escola. E por isso também não passamos esse ensinamento às crianças. As crianças não agem de má fé intencionalmente, elas simplesmente ainda não aprenderam a pedir permissão para interagir com as outras.

É muito importante que a criança seja orientada no exato momento em que uma situação ocorre, por exemplo, se ela pegou um brinquedo da mão de outra criança, e a outra reagiu chorando, ficando emburrada, ou não disse nada, precisamos dizer à criança que tomou o brinquedo que ela precisa pedir a autorização da outra ANTES de interagir, fazendo questões do tipo: “Posso pegar… ?” ou “Está tudo bem se eu…?”. E da mesma forma, devemos orientar a segunda criança a reagir com segurança e ser enfática em sua resposta, dizendo, por exemplo: “Sim, tudo bem” ou ‘Não, eu não quero que você faça isso”.

Burk também ressalta que ao ensinarmos as crianças a pedirem permissão, “cria-se um passo extra em seu processo de pensamento: em vez de ir do impulso de “querer agarrar o braço de alguém” para imediatamente fazê-lo, eles se vêem obrigados a parar para pensar antes de ter a reação”.

2. Explique que o consentimento pode ser dado ou retirado a qualquer momento

Essa é uma outra questão que causa muita polêmica em nossa cultura machista. Se uma mulher casada sofre violência ou é estuprada, por exemplo, muitos acreditam que a culpa é dela mesma, que escolheu um parceiro abusivo, e que consentiu nesse tipo de relacionamento. Porém ao escolher seu parceiro e se casar com o mesmo não significa que ela consentiu com a violência ou até mesmo que ela sabia que este se tornaria violento.

O mesmo ocorre nos casos de “date rape” (‘estupro de encontro’ – quando o agressor marca um encontro com a vítima, via internet ou outros meios). Muitas vítimas desse tipo e violência não se sentem à vontade para denunciar o agressor, por se sentirem culpadas, e por achar que ao permitirem certo tipo de contato com o agressor, que este tinha o direito de ‘avançar’ para contatos mais íntimos. Portanto é importante esclarecer para as crianças que o consentimento uma vez dado, não vale por tempo indeterminado. O consentimento pode ser retirado a qualquer momento durante qualquer interação.

Da mesma forma, devemos esclarecer às crianças que o consentimento a um determinado tipo de contato físico não significa automaticamente que se tenha consentido a qualquer forma de contato físico. Consentir a um abraço, por exemplo, não significa que a pessoa também tenha consentido a um beijo ou outro contato mais íntimo, e familiaridade com uma pessoa também não significa consentimento. “Quando discutimos isso com as crianças, é fundamental explicar a importância de verificar frequentemente – com quem quer seja que estão interagindo – para ter a certeza de que o que estão fazendo está OK”, afirma Burk.

3. Discuta a importância do “não”

É muito importante que os adultos também compreendam que devem pedir consentimento em suas interações com as crianças e aceitar quando essas demonstram que não desejam certo tipo de contato. Muitas vezes, nós forçamos as crianças a abraçar ou beijar um adulto no rosto, mesmo que ela não queira, essa atitude as ensina que o “não” não é uma resposta aceitável. E dessa forma ela passa a não se sentir segura para dizer não às outras pessoas. Uma criança nunca deve ser forçada a interagir fisicamente com um adulto. Mesmo que esse adulto seja um parente, amigo da família, professor, etc.

Burk alerta: “em alguns casos, a aversão de uma criança para ser tocada por uma pessoa em particular pode até ser motivo para alarme”. Caso você perceba que uma criança não se sente confortável ​​sendo tocada por alguém, é importante ter uma conversa com ela para entender os motivos, e acima de tudo, demonstrar respeito por seus sentimentos.

Em outras palavras, ensine a criança a dizer NÃO e respeite sempre o não de uma criança. Deixe claro a ela: “você não tem que deixar ninguém tocá-la, se você não quer”.

4. Ajude-a compreender a diferença entre “não responder” e o “consentir entusiasticamente”

A ideia de ‘consentimento entusiástico’ é um conceito novo, porém de suma importância. Sua definição é esta: “um ativo, visível, inegável ‘sim'”. Muitas vezes quando uma criança interage com a outra solicitando, por exemplo, um abraço ou um brinquedo emprestado, a outra pode não responder. Isso não quer dizer que ela consentiu ou concordou com o ato.

É importante esclarecer para as crianças que uma não-resposta não é a mesma coisa que dizer “sim”. “Uma inabilidade de vocalizar um “não” pode acontecer por uma série de razões: medo de repercussões, sentimentos de desconforto, uma deficiência, e assim por diante”, afirma Burk.

Em relação ao toque especificamente, as crianças devem entender que precisam pedir permissão para tocar uma outra criança, e também precisam ter claro que a outra deve responder SIM. De acordo com Burk é assim que se ensina consentimento entusiástico. “Não importa a circunstância, se a pessoa não responder com um “sim”, então você não pode tocá-la”.

5. Siga suas próprias regras de Consentimento

Os adultos são o modelo de comportamento para as crianças. Portanto a forma como nós agimos e nos relacionamos com outras pessoas vai influenciá-las em suas interações futuras. Se não pedimos consentimento, se ignoramos a palavra “não”, ou se forçamos consentimento sobre a outra pessoa, não importa o quê digamos a uma criança, nossas ações acabarão por invalidar as regras estabelecidas.

Você nunca deve forçar uma criança a interagir fisicamente com você sem antes pedir o seu consentimento. Além disso, as regras para o consentimento que você acordou com uma criança devem ser aplicadas em todas as situações. As crianças devem entender que não importa se eles estão em casa, na casa de um amigo, na escola, ou no parque infantil – as regras sobre o consentimento se aplicam em todo e qualquer lugar.

Permissão ao invés de Perdão

Não é fácil nem simples conversar e discutir consentimento com crianças. Entretanto essas conversas tornam-se cada vez mais necessárias nos dias de hoje em que a violência aumenta e é naturalizada pela TV e meios de comunicação. É importante que tanto as crianças quanto os adultos compreendam o significado de consentir, de aceitar e concordar com algo, e que por outro lado também aprendam a aceitar o ‘não’ como resposta, a respeitar o desejo do outro e a entender que a falta do ‘não’ não significa um ‘sim’. É muito melhor pedir permissão, do que ter que pedir perdão após ter ferido ou chateado alguém.

Sugestão de leitura: Não sou uma dessas, de Lena Dunhan

A Maternidade como ela é

A Maternidade como ela é

Desde criança ouvimos dizer que não existe nada melhor e mais bonito do que a maternidade, que o amor de mãe é único e imensurável.

A mãe, as avós, primas, tias e vizinhas que são mães, tecem comentários sobre a grandeza do amor da mãe pelos seus filhos e assim vamos ensaiando para a vida adulta nas brincadeiras de crianças. Brincamos de casinha, mamãe e temos uma porção de “filhinhas”. Carregamos nossas bonecas-filhas com carinho, trocamos fraldas, alimentamos e colocamos para dormir.

Escutamos sempre que os nove meses de gestação são mágicos, a mulher fica mais bonita, alegre, confiante, olhos e cabelos mais brilhantes. E vamos absorvendo durante boa parte da vida o que ouvimos sobre a felicidade de ser mãe.

Entretanto, quando chega a hora que resolvemos sentir todas as maravilhas da maternidade, a realidade é diferente. Muitas vezes o problema se inicia nas tentativas para engravidar, muitas mulheres têm dificuldades, mas aprendemos na escola que se esquecer de tomar o anticoncepcional um dia, engravidamos. E muitas mulheres com essa dificuldade se perguntarão: “Não sou merecedora de sentir tão nobre amor?”

Outras tantas quando conseguem engravidar, abortam, pois a taxa de aborto é uma gestação em cada quatro (25%), mas não nos contaram muito bem sobre essa possibilidade. E quando isso acontece nos perguntamos: “O que há de errado com o meu corpo que não é competente para gerar um filho?”

E quando conseguimos engravidar e manter a gestação há muitas sobrecargas como exames infindáveis, ultrassons e consultas médicas que se misturam aos compromissos do trabalho, casa, namorado-marido, social, religioso, enfim todos os outros compromissos da vida se somam aos compromissos da mulher que agora é gestante. E, por mais incrível que seja sentir o bebê mexer, é estranho pensar que carregamos um bebê dentro de nós, ao menos eu me sentia estranha em pensar que carregava mais duas pernas, dois braços, coração, rins, pulmões e todo o resto que compõe um ser humano, mas que não pertencia a mim e sim ao meu filho, sentia-me duplicada.

No final da gestação estamos bem cansadas, sem dormir, seios enormes, barriga imensa e sem ver as partes íntimas e nem nossas coxas. Temos dores nas costas, passamos a maior parte do dia e da noite no banheiro para fazer xixi e parece que até um botijão de gás está mais elegante vestindo sua charmosa “capinha” do que nós com as melhores roupas de gestante.

E por tudo isso e mais dezenas de outras coisas, muitas vezes nos sentimos desorientadas, tristes e depois culpadas, afinal sempre ouvimos dizer que a gestação é maravilhosa e então pensamos: “Talvez eu seja diferente das outras mães, pois não me sinto tão bem quanto descreveram que uma gestante deve se sentir”.

Então, chega o grande dia de conhecer e sentir o filho que carregamos durante toda a gestação. Esse é um momento mágico, indescritível, finalmente ver a carinha do filho que até então estava na barriga. Muitas vezes o parto não é parecido com o que imaginamos que seria, mas nesse momento nem pensamos nisso, afinal o grande encontro aconteceu.

E é chegada a grande hora da primeira mamada, na maioria das vezes é um desastre, mas sempre nos disseram que era automático. E as recém-mães pensam que o problema é com elas, que não produziram leite ou não têm talento para a amamentação.

E o recém-nascido, o mais novo membro da família, exige outra rotina, mamadas de três em três horas, banho, troca de fraldas. Tem o choro, as cólicas e tudo faz com que as nós, as mães, fiquemos cansadas, em dúvida se estamos fazendo tudo certo, afinal as outras mães não nos contaram detalhadamente sobre todas as necessidades de um ser tão pequenino.

O tempo vai passando, a recém-mãe vai conhecendo o seu bebê e a casa vai entrando numa rotina própria. O bebê também vai se adaptando com o ritmo da mãe, do pai e começa a perceber como funciona o seu pequeno mundinho e o que esperar dele quando tem fome, sono ou precisa trocar a fralda.

Ser mãe é padecer e muito, e talvez o paraíso esteja nos sorrisos dos filhos, nas gargalhadas, numa alegria que ele sinta, nos abraços e beijos que nos dão, quando um beijo nosso cura seu dodói, quando espantamos os monstros debaixo da sua cama para que possam dormir sem medo e são infindáveis esses pedacinhos de paraísos.

Provavelmente, depois que a vida se acomoda novamente e as alegrias que sentimos com os filhos acabamos perdendo as lembranças do quanto foram difíceis alguns momentos desse processo.

Entretanto, penso que não devemos nunca esquecer as dificuldades, dúvidas, tristezas, receios e angústias que já sentimos e sentiremos gestando e sendo mãe, pois mesmo em tempos atuais, a gestação e a maternidade são romanceadas.

Alerto todas às gestantes e futuras gestantes que como tudo na vida, não é só bom e maravilhoso gestar e, para exercer a maternidade, há o lado ruim também como: angústia, tristeza, medo, insegurança e ansiedade, mas isso faz parte desse processo e também é saudável.

E o dia em que nós mulheres e mães pudermos dizer abertamente e sem culpa que a maternidade é a coisa mais gostosa do mundo, mas também a mais angustiante, que é um amor inexplicável, mas ao mesmo tempo penoso, que é uma sensação de êxtase, mas também de renúncia certamente haverá menos culpa nas recém-mães e consequentemente menos depressão pós-parto e a certeza de que os sentimentos negativos relativos à gravidez e maternidade fazem parte do processo de tornar-se uma boa mãe.

Então queres ser um escritor? (Poema de Bukowski)

Então queres ser um escritor? (Poema de Bukowski)

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.

se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.

se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.

não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.

quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.

não há outra alternativa.

e nunca houve.

(Tradução: Manuel A. Domingos)

Poema de CHARLES BUKOWSKI

O que caminhar faz com o seu cérebro

O que caminhar faz com o seu cérebro
Three people walking in a park, getting some exercise

Caminhar é uma das atividades mais recomendadas por todas as pessoas. Está deprimido? Caminhe. Está com sobrepeso? Caminhe. Está estressado? Caminhe.

Mas mais que sabedoria popular, um estudo científico realizado por Gregory Bratman, da Universidade de Stanford, demonstrou que uma caminhada pode fazer maravilhas para o seu estado de ânimo, sua saúde e o seu cérebro.

A investigação levou um grupo de pessoas para caminhar por um lugar com árvores e tranquilidade, sem música ou qualquer distração, enquanto outro grupo caminhou nas mesmas condições, mas na cidade. Após a caminhada, os voluntários foram para o laboratório para responder um questionário e se submeter a uma tomografia no cérebro.

O objetivo foi determinar os níveis de felicidade e atenção após o exercício.

Aqueles que andaram ao longo da cidade tiveram grandes mudanças em seu humor, mas aqueles que caminharam na natureza demonstraram melhorias na saúde mental. Isso se refletiu em um fluxo de sangue mais baixo no córtex pré-frontal, a parte do cérebro responsável pelo tratamento de pensamentos repetitivos ou emoções negativas.

As pessoas que caminharam na cidade mantiveram o fluxo sanguíneo nessa área. Conclui-se que é melhor para o seu cérebro e suas emoções a caminhada na natureza.

E o bom é que para ter estes benefícios, você não precisa planejar uma viagem para as montanhas ou à praia, apenas dar um passeio de cerca de quinze minutos em qualquer praça ou parque rodeado por árvores, sem música ou distrações, concentrando-se apenas no que o rodeia.

Caminhe mais e melhor

Bratman com seu estudo mostrou que uma caminhada no lugar certo é o suficiente para melhorar a saúde mental, já que esta atividade ajuda a alcançar um estado de relaxamento e tranquilidade. Sendo assim, a caminhada pode ser considerada quase uma cura milagrosa para levantar o ânimo e limpar a mente de pensamentos negativos.

É a oportunidade de relaxar e desconectar dos problemas cotidianos.

Por Paula Romano

Fonte: UpdateorDie

Uma vida simples- uma tirinha sobre o percurso de nossas almas

Uma vida simples- uma tirinha sobre o percurso de nossas almas

O ovo & o pássaro representam a alma e sua evolução durante o ciclo de uma vida.

Quando o pássaro da vida atinge sua idade adulta, é preciso morrer para libertá-lo.

O Phoenix simboliza o renascimento . Então, quando seu corpo morre , sua alma deixa o corpo e segue seu caminho.

Fonte indicada: 9GAG

contioutra.com - Uma vida simples- uma tirinha sobre o percurso de nossas almas

Toda mulher precisa enlouquecer de vez em quando, ou acaba por enlouquecer de vez

Toda mulher precisa enlouquecer de vez em quando, ou acaba por enlouquecer de vez

Curiosamente, um mundo loucamente imperfeito nos exige perfeição o tempo todo. De todos nós, de fato, mas, em se tratando de mulheres, as exigências são ainda mais exorbitantes e cruéis. O mundo espera de nós o que, talvez, sequer saibamos se é possível – e que muito provavelmente não é.

O mundo espera que sejamos bonitas, acima de tudo. Lindas, se possível. Bem cuidadas, magras, torneadas, gostosas e sexys. E tenta nos convencer que não somos bonitas se não vamos ao salão de beleza semanalmente.

Uma mulher ~perfeita~ para o mundo atual tem que trabalhar o dia inteiro – porque precisa ser independente – estudar – porque precisa ser culta – fazer dieta, ir à academia e manter os cabelos com um brilho espetacular. Ir à manicure, sorrir para a sogra e, depois de tudo isso, ter disposição para fazer um sexo memorável a qualquer hora, para que o mundo – e, em alguns casos, excepcionalmente o seu companheiro – a considere uma mulher que vale a pena.

E ainda é preciso encontrar tempo pra rezar pra não ser trocada por outra – por que, como já ouvi incontáveis vezes: homens disponíveis estão mesmo difíceis de encontrar. E depois de nos aterrorizar com toda essa história de que precisamos agradar nossos homens, muito mais, até mesmo, do que sermos nós mesmas, ele nos cobra lucidez. Segurança. Serenidade.

A verdade é que o mundo nos cobra equilíbrio quando tudo o que ele faz é nos desequilibrar. Nos cobra segurança quando tudo converge para que acreditemos que não somos nada sem um homem ao lado, nos cobra união enquanto, culturalmente, nos lança umas contra as outras, fazendo-nos uma cruel lavagem cerebral que tenta nos convencer de que somos desunidas e competitivas.

E os homens de nossas vidas – pais, companheiros, amigos – embora, muitas vezes, cheios de boas intenções, acabam por nos atribuir uma responsabilidade que talvez sejamos incapazes de assumir: a de sermos boas o suficiente o tempo todo.

De não mexer no celular dele. De deixá-lo ver futebol em paz. De não sentir ciúmes da amiga gostosa. De se portar dignamente, elegantemente, graciosamente. De não enlouquecer nunca – e se você aceita um conselho, toda mulher precisa enlouquecer de vez em quando, ou acaba por enlouquecer de vez.

Se cada homem no mundo pudesse escutar a minha voz, o único conselho que eu daria é: deixe-nos enlouquecer quando quisermos. Porque não há amor sem uma dose de loucura. Porque equilíbrio absoluto numa relação jamais foi um bom sinal. E toda mulher tranquila e que nunca te interroga sobre o seu atraso pode não ser tão equilibrada assim: ela pode, simplesmente, não te amar.

A intensidade é parte de cada passo nosso. A insensatez eventual nos é necessária e característica. E se não lhe tivermos um pouco de loucura, certamente não lhe temos sequer um pouco de amor.

Por Nathalí Macedo. Fonte indicada Entenda os homens

INDICADOS