Morreu na última segunda-feira (21), aos 88 anos, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. A informação foi confirmada pelo Vaticano e marca o fim do pontificado de um líder religioso que entrou para a história por seu estilo simples e proximidade com os mais pobres.
Desde sua eleição em 2013, o papa argentino se destacou por atitudes que rompem com os símbolos de ostentação tradicionalmente associados ao cargo. Ao adotar o nome Francisco — em homenagem a São Francisco de Assis, conhecido por uma vida de pobreza e humildade — Bergoglio deu um recado claro sobre os princípios que guiariam seu papado. “Como eu gostaria de uma Igreja pobre para os pobres”, declarou ele a jornalistas, logo após sua escolha.
Papa Francisco tinha herança?
Com a morte do pontífice, uma dúvida recorrente voltou a circular: afinal, o papa deixa herança? No caso de Francisco, a resposta não é tão simples — mas tudo indica que ele não possuía grandes bens.
Francisco era membro da Companhia de Jesus, ordem jesuíta da Igreja Católica que exige de seus integrantes votos de pobreza, castidade, obediência e obediência incondicional ao papa. Conhecido por levar esse compromisso a sério, Bergoglio abriu mão de luxos e vivia de forma modesta, o que reforça a ideia de que não deixou uma fortuna pessoal.
O que diz o direito canônico e a lei civil?
Embora o papa possa ter bens particulares como qualquer cidadão, há uma regra importante: tudo o que ele adquire durante o pontificado pertence à Igreja. “Na prática, o papa pode possuir bens e ter uma herança, como qualquer pessoa. Mas todos os bens que ele adquirir durante o pontificado ficam para a Igreja”, explica Kevin de Sousa, advogado civilista e especialista em planejamento sucessório.
Isso não impede que o papa deixe um testamento, como ocorreu com Bento 16, que morreu em 2022. O sucessor de João Paulo II destinou parte de sua herança — composta por dinheiro, direitos autorais de livros e itens pessoais — para cinco primos. A outra parte, incluindo os direitos das obras e objetos litúrgicos, foi doada à Igreja e à Fundação Joseph Ratzinger, criada em 2010.
Estilo de vida simples como legado
A opção por uma vida sem ostentação foi uma das marcas do pontificado de Francisco. Desde o início, ele se recusou a viver nos luxuosos aposentos papais, escolheu se locomover em carros populares e evitou joias ou vestes excessivamente ornamentadas.
Segundo a mídia internacional, essas características foram decisivas para sua eleição, em um momento em que a Igreja buscava reconquistar a confiança dos fiéis após escândalos e crises internas.
A herança de Francisco, portanto, vai além de bens materiais. Ela se traduz em um legado de simplicidade, empatia e compromisso com os mais vulneráveis — princípios que marcaram sua vida e continuarão a inspirar a Igreja Católica.
