O amor e os nossos relacionamentos: Cadê aquilo que acabou?

O amor e os nossos relacionamentos: Cadê aquilo que acabou?

Pensar em você é ter saudades de muitas coisas e não querer mais aturar tantas outras.

Pensar em você é lembrar o início e a inocência disso tudo e, ao mesmo tempo, o término e a tragédia do fim.

Tudo aconteceu simplesmente porque não soubemos cuidar de nós mesmos e um do outro. 

Foram as vezes em que eu me coloquei em primeiro lugar, em que me esqueci de você, em que procurei o caminho mais fácil, em que não a atendi e que fui dormir brigado. 

Foi quando passei para você o trabalho de me fazer feliz, quando você fazia ou falava algo que eu não aceitava, quando você deixou de seguir o trilho que traçara para você.

Quando terminamos um relacionamento, pensamos, muitas vezes, que o que mais faltou foi o amor. Mas será isso mesmo?

Será que o amor é algo tão frágil e volátil assim? Uma vez que o temos, é necessário tomar cuidado, pois ele pode ir embora a qualquer momento? Para qual o lugar o amor vai?

Acredito que o amor está ali, mas, muitas vezes, o nosso ego se expande e toma uma parte de seu lugar nos relacionamentos. Chega uma hora em que nos damos conta de procurar o amor, só que tem tanta coisa em cima, que fica difícil achar na primeira olhada.

A solução, muitas vezes, é fazer uma grande faxina e parar de acumular tantas coisas onde deveria apenas caber o amor. A faxina é aquele momento especial, uma comemoração a dois, que beira a um agradecimento ao amor. O momento de pertencimento, de mostrar que o amor é maior que os problemas, que o nosso ego, e acreditar na sua capacidade de superar essas barreiras. Não é necessário um grande jantar à luz de velas, uma declaração para todos os amigos ouvirem (e os inimigos também), provas de amor ou qualquer outra atitude externa.

A faxina maior é se abrir para o amor. É libertar o amor do cercado em que o ego o fez ficar. É saber que o amor primeiramente está dentro de você, o seu amor próprio, e que você possui respostas sobre como quer se relacionar com a outra pessoa. É, além de ter certezas, ter fé. É acreditar que o amor que temos será expandido e alcançará o outro. Para isso, é necessário deixar caírem as barreiras, as resistências, os medos, as expectativas, os desejos e as necessidades para aceitar a situação em que nos encontramos para que, a partir daí, possamos tomar a nossa responsabilidade sobre ela.

QUAL É O RELACIONAMENTO QUE VOCÊ TEM COM VOCÊ MESMO?

QUEM É VOCÊ PARA VOCÊ MESMO?

O QUE EU EXIJO DO OUTRO QUE EU POSSO FAZER POR MIM?

O QUE EU TENHO PARA DOAR A ESSE RELACIONAMENTO?

Ao me tornar responsável, eu me torno o agente de mudança nesse relacionamento. Toda a alegria ou a tristeza que acontecerá dependerá de como eu interpreto as situações e do quanto eu sou capaz de aceitar o meu papel nesse relacionamento e o papel do outro.

O segundo passo é parar de acumular reclamações, problemas, brigas e discussões. O que acontecer deve ser limpo na hora, não ser deixado na memória ou guardado para o dia seguinte. É como uma louça suja que fica na pia: quanto mais acumular, pior ficará. Vai chegar um dia em que a louça será tanta, que você preferirá mudar de casa.

Perceba que, se o seu relacionamento está baseado somente em suas necessidades (E eu? E eu? E eu?), ele pode não durar muito. Uma vez que você consegue o que desejava (fisica ou emocionalmente), sua mente irá procurar por outra coisa e ir a outro lugar (Desejo – Necessidade – Vontade).

Quando buscamos conforto, amor e segurança no outro, nós nos tornamos fracos. Do tipo que qualquer vento pode nos tirar do eixo e qualquer ato pode nos deixar tristes. Quando estamos fracos, todas as emoções negativas emergem e se tornam ciclos compulsivos em nossos pensamentos. Toda essa exigência destrói o amor.

COMO EXIGIR DO OUTRO ALGO QUE A GENTE MESMO ÀS VEZES NÃO FAZ POR NÓS?

Quanto menos exigirmos do outro, mais forte o nosso relacionamento será. Entenda que o outro nunca satisfará as suas necessidades da forma que você imagina — até porque exigir isso do outro é um peso muito grande.

Outro fator é a sinceridade, a autenticidade. Para que tudo isso aconteça, a sinceridade tem que estar presente: tanto você quanto a outra pessoa devem ser autênticos, sem máscaras. É necessário que ambos saibam o que querem nesse relacionamento e que consigam se expressar da melhor forma. Um relacionamento, para acontecer, requer entrega e, se isso não ocorrer, não há com quem se relacionar, pois o outro não estará presente. Estar presente para o outro e se entregar é um pré-requisito. Exigir do outro que isso aconteça não faz um relacionamento durar. É necessário maturidade para isso, uma autoanálise de quem é e o que pretende — cada um tem que se perceber. A melhor forma de agir é dar o exemplo.

O Ego muitas vezes nos domina e os relacionamentos terminam. Quando isso acontecer, aceite que:

AMEI COMO PUDE E SINTO MUITO SE NÃO FOI O SUFICIENTE PARA NÓS. PERDOE-ME PELAS MINHAS FALHAS. CONTINUAREI TE AMANDO DO MEU JEITO. OBRIGADO POR TUDO.

Independentemente de qualquer coisa, reconecte-se consigo mesmo(a) e procure, dentro de você, o que você busca fora. Aprenda sobre a vida, sobre se relacionar consigo mesmo(a) e com os outros.

“A maioria das pessoas procura pelo relacionamento perfeito do lado de fora, mas ele está dentro de nós mesmos. Se você sabe como remar um barco, você rema qualquer barco. Mas se você não sabe remar, mudar de barco não vai ajudar” (Sri Sri Ravi Shankar).

Que o amor seja o seu lar.

Médicos cubanos conseguem a cura para o vitiligo

Médicos cubanos conseguem a cura para o vitiligo

Matéria removida. Desculpe-nos pelo transtorno.

Se quiserem ler mais sobre o tema e atualidades, acesse:

Especial Vitiligo: o que sabemos da doença e do controverso tratamento cubano até o momento.

 

Cambridge disponibiliza conteúdo on-line grátis para você aprender inglês

Cambridge disponibiliza conteúdo on-line grátis para você aprender inglês

A Cambridge English Language Assessment, departamento sem fins lucrativos da Universidade de Cambridge dedicado a exames de proficiência em inglês, acaba de lançar um novo recurso digital aos interessados em treinar suas habilidades na língua.

A nova seção do portal disponibiliza conteúdos gratuitos para o aprendizado do idioma, com atividades preparadas pelo time de pesquisadores da universidade e com qualidade alinhada ao que é exigido nos exames mundialmente. Qualquer pessoa pode acessar e estudar pelo canal!

A plataforma reúne cerca de 100 opções de atividades, com temas cotidianos como alimentação, entretenimento, relacionamentos interpessoais e trabalho e também assuntos ligados a tarefas usuais, como preencher formulários e emitir opiniões. Clique aqui e confira.

Os exercícios são interativos e é possível selecionar as atividades por habilidade (gramática, compreensão auditiva, expressão oral, leitura, vocabulário ou escrita), nível de conhecimento e por tempo disponível para o estudo.

As tarefas são de múltipla escolha, com base em sentenças, áudios e textos, de acordo com cada combinação escolhida, e podem ser acessadas de um desktop ou de um dispositivo mobile para quem deseja praticar no trânsito, por exemplo.

Outras ferramentas

Além da nova seção, que será alimentada constantemente com novas atividades, é possível encontrar outros recursos digitais e gratuitos disponibilizados por Cambridge English Language Assessment para o estudo de inglês. Entre eles, há a ferramenta Write&Improve voltada para o desenvolvimento da escrita no idioma.

Neste link, o candidato escolhe um tema, escreve seu texto e envia para um sistema que retorna em segundos com um feedback do que pode ser melhorado em termos de gramática e vocabulário.

Num tempo não tão distante assim

Num tempo não tão distante assim

Num tempo não tão distante assim, viviam pessoas um tanto estranhas, de um modo um tanto estranho também.

Moravam em pequenas cidades e seus hábitos eram por demais diferentes dos nossos – seres modernos e sofisticados – que têm como diversão, após uma jornada de trabalho de dez ou doze horas, colocarem-se em frente à tevê ou computador e distraírem-se até o sono chegar.

Sinceramente, não sei o que aquelas pessoas pensavam sobre a vida; o que sei é que os fatos relatados são a mais pura verdade, mas vou avisando: “qualquer semelhança é mera coincidência”, afinal, não poderíamos ter parentesco algum com seres tão “ingênuos”.

Nas tardes mais quentes, por volta das dezoito horas (imaginem!), já estavam em casa e, após o jantar em que comiam sem se preocupar com as calorias ingeridas, puxavam as cadeiras e sentavam-se nas calçadas. Às vezes, só a família, outras vezes, abriam a roda para os vizinhos e todos juntos ficavam conversando até bem tarde .

De madrugada, o leiteiro passava entregando o leite e, um pouco mais tarde, o padeiro deixava o pão quentinho. Mas, só após o apito da fábrica é que todos se levantavam. Os homens saíam para trabalhar e as mães preparavam seus filhos para a escola; durante o percurso eram muitos “bom-dia”.

Algumas mulheres colocavam-se à janela para um papinho ou para fofocar, outras varriam suas calçadas e outras passavam apressadamente com um saco de roupas na cabeça. Tudo muito estranho realmente! À tarde, geralmente, as mulheres e suas empregadas faziam deliciosos quitutes: bolachinhas, bolos, biscoitos e a vizinha sempre ganhava uma generosa porção.

Alguns dias depois, era a vizinha que vinha com outras guloseimas no prato emprestado, pois era ” falta de educação” devolvê-lo vazio.

Quando o casal saía a pé para passear, o homem tinha por costume zelar pela proteção da mulher, tomando sempre a posição de ficar do lado da rua e a mulher “guardada” do movimento dos carros ou dos transeuntes.

Não era necessário dinheiro, cheque ou cartão de crédito na compra de alguma coisa; o costume era marcar, pôr na “conta”, ou na caderneta e, no final do mês, pagava-se o que estava devendo, sem juros, imaginem! Nas padarias era costume o proprietário agradecer o pagamento efetuado pelo cliente com alguns doces deliciosos.

Porém, nem tudo era um mar de flores nesse país muito estranho.
As preocupações existiam, pois as ameaças sempre estiveram presentes na vida dos seres humanos, mas eles contavam com mecanismos de proteção infalíveis.

Antes de dormir, as crianças olhavam embaixo da cama para verificar se não havia ladrão e, ao deitar, pediam a bênção do pai e da mãe, após rezarem pedindo a proteção do Anjo da guarda.
Os adultos, quando saíam de casa, escondiam a chave no vaso do terraço, ou na janela, para que seus filhos pudessem entrar quando chegassem.

Os medos, geralmente, eram de assombrações, mulas- sem- cabeça, almas penadas.

Aventura era pular do trampolim na piscina, subir em árvore, escorregar no corrimão das escadas ou jogar amarelinha para chegar ao céu.

É claro que nesse tempo as crianças não eram “santinhas”, já faziam suas artes, como esconderem-se atrás da porta para observar a avó tirar a dentadura ou usar estilingue para matar passarinhos. Os adolescentes eram terríveis, escondiam-se no banheiro para fumar, as mocinhas, nos quartos, para lerem fotonovelas e, no “escurinho do cinema”, davam beijos apaixonados.

Consideravam “maior barato” mascar chiclete e bala Chita.Tinham também suas crendices, como deixar o gomo menorzinho da tangerina secando para que Nossa Senhora viesse buscá-lo, e dar um susto na pessoa que estava com soluço. Cantavam seu grito de guerra ao som da Jovem Guarda, “quero que vá tudo para o inferno”, “eu sou terrível”; tocavam com seus violões a música do Caetano que incitava todos a saírem “sem lenço e sem documento”, e recebiam muitas outras influências , até do além- mar – como um grupo de jovens cabeludos que faziam as meninas desmaiarem quando apareciam com suas guitarras cantando “Yellow Submarine”.

Realmente estranhos esses habitantes, pois não ficavam como nós assistindo ao Big Brother Brasil e pensando qual participante deve sair da casa e quem merece ganhar o prêmio e pousar nu para as revistas para, finalmente, e conseguir a “fama”. Estavam sempre “gamados”, ou melhor, apaixonados, só queriam dançar de rostinho colado e de olhos fechados.

Estar na moda era ter uma calça ” jeans” desbotada, (para isso, a esfregavam no tanque até ficar bem surrada).

Poderia continuar a relatar muitas outras esquisitices desse povo, mas vou terminar com o que considero o mais estranho e o mais “repugnante” de todos os fatos.

O tempo, nesse tempo, era diferente, andava mais devagar. Uma mulher que não tivesse um namorado até por volta dos 20 anos ia ficar “pra titia” e, após os cinquenta anos, as pessoas eram consideradas velhas!

Ainda bem que a civilização moderna chegou!

Fachada cega ou onde está o amor?

Fachada cega ou onde está o amor?

Em bom português fachada cega ou empena é a maneira de designar as paredes externas de um edifício, sem aberturas de janelas ou portas, e que muitas vezes viram local para propagandas ou pinturas murais. Nossos hermanos argentinos lhes dão o nome de medianeras… que é também o título de um filme que se propõe a abrir vãos e trazer luz aos olhares, e que provoca já na chamada do cartaz com a seguinte pergunta: “Como encontrar o amor se você não sabe onde ele está?”

A promessa da resposta na tela, aparece ao colocar em foco os medos, as manias e principalmente as neuroses das pessoas nas relações sociais e amorosas nesses tempos atuais. E a partir daí transporta o pensamento para o contexto, as dificuldades, entraves e redes que envolvem ou isolam os seres em afetos possíveis ou realizáveis.

Promessas de sonhos palpáveis ou só visíveis. É fato que se não se sabe onde está o amor, ele pode estar em qualquer lugar… até do outro lado da tela desse computador… nesse momento… Então a grande questão é: o que te basta? Alguém que vá preencher o seu mundo real com todas as qualidades e defeitos, ou um par que caiba ideal na medida da sua fantasia? As duas coisas valem e podem fazer feliz, desde que esteja claro que o que se tem é o que se quer.

No filme, por esses campos de concreto e chat, passeiam dois solitários e partidos corações portenhos. Vindos de relacionamentos frustrados, vizinhos de rua, de prédio, de parede cega e de visão limitada pelo tamanho da tela sobre a qual se debruçam, Martin e Mariana, seguem, por medo, tédio e comodidade, fadados à lonjura no dia a dia. Numa rotina que os oprime, enquadra e encaixota em espaços pequenos e mal pensados, são retratos de uma geração que marca de longe e se acua de perto, mas que por outro lado, se aproxima, apaixona e solta os instintos e as delicadezas em seus domínios virtuais.

Sujeitos aos desencontros e às brincadeiras do acaso, destino ou o nome que leva tudo aquilo que une ou afasta, carregam a sina de ocuparem o mesmo espaço em momentos diferentes, pessoas separadas por segundos de distância, que quase se esbarram e ainda assim não se vêem. Feitos um para o outro, vão caminhando em paralelo e ao largo de um bit e meia quadra, sem nunca se conhecer. Vida que pode estar ali do lado de fora da janela à espera de um compasso.

Nesse sentido é quase certo se identificar com eles em algum momento da trama, pois que delete o primeiro compartilhamento quem nunca se rendeu ao conforto, à segurança e à rapidez de um envolvimento virtual, pretensamente imune às decepções e ao sofrimento. E quem, por outra, no momento seguinte ao apagar do led, não se sentiu sozinho num mundo tão cheio de gente e acontecimentos e opções. E é aí que se chega ao ponto central desse conto urbano e inspirado e atual, que é a solidão.

Mais do que as suas diversas caras e alcances e dores, o que está em questão são os artifícios de atropelamento de oportunidades e fuga dos sentidos que o modo de vida tecnológico de hoje pode oferecer como alento efêmero e fictício ao vazio que vai no peito, no leito e no drama. A certa altura Martin pergunta “se há algo mais desolador no século 21 que não ter nenhum e-mail na caixa de entrada?” Diria que por ora, o filme é de 2011, a falta de curtidas em uma foto postada, ou não receber mensagens no aplicativo do celular…

E é esse o convite primeiro à reflexão. De maneira simbólica e efetiva, a certa altura da história, paredes são quebradas e permitem a entrada de luz na casa e frescor na vida. Permitem respirar. Mas principalmente obrigam a desviar a cabeça da tela, olhar o entorno por uma nova abertura e perceber o universo que está ao redor… seja um pedacinho de céu, um outdoor ou alguém solidário na dor da solitude…

Ou ainda, quem sabe, seja um grande amor!… logo ali na virada da empena ou escondido no meio das gentes, esperando por um sinal, um foco, um farol… ou só um pouco de atenção. A solidão não tem cara bonita e nem é de muitos amigos, mas se afasta quando a vida se move.

::: Marco do cinema contemporâneo argentino, Medianeras (que no Brasil, pra variar, recebeu o questionável e desnecessário subtítulo de ‘Buenos Aires na Era do Amor Virtual’), é o desdobramento de um curta de 2005, também escrito e dirigido por Gustavo Taretto. A história de solidão vivida pelo web designer com síndrome do pânico Martin (Javier Drolas) e pela arquiteta, fóbica e vitrinista Mariana (Pilar López de Ayala) se passa no interior de seus apartamentos apertados e diante do consolo de um computador amigo. O excesso de urbanização das cidades e o advento das relações sociais que se fazem cada vez mais latentes, acabam por definir o isolamento e o modo como é difícil perceber o mundo que está em volta. Com citações de Woody Allen (Manhattan) e Tim Burton (O Estranho Mundo de Jack) e o auxílio luxuoso para tempos de tédio do livro “Onde Está Wally?”, o filme traz belas e ou instigantes imagens, usando e bem abusando das intervenções gráficas. Diversão leve e garantida , além de um chamado a agir mais do que pensar. :::

Abra o seu coração. O amor adora gente hospitaleira.

Abra o seu coração. O amor adora gente hospitaleira.

Vem. A casa não anda lá um brinco de tão arrumada, há poeira nos móveis, louça na pia, o sofá pede reforma, a despensa já não vai tão cheia, a bebida rareia. Mas aqui a gente se ajeita. Vem que juntos fica mais fácil. Primeiro a gente faz uma faxina e depois uma festa. Uma festa de arromba para dois convidados.

A gente canta e dança pra espantar a tristeza, esse fantasma de mil anos que vira e mexe nos assombra. Fantasma das gerações passadas e suas angústias, suas faltas, suas horas desesperadas, seu desamparo, sua desorientação e seu próprio assombro. A gente canta, dança e assombra a assombração. Canta, dança e transforma nossa alegria em fogo que há de incendiar a frieza das almas tristes, roubar-lhes um riso manso pelo canto da boca. E sobre nós há de pairar um calor gostoso, uma calma prima-irmã da eternidade. Um estado de espírito quente e bom.

Vem. Vem que quando o vizinho reclamar da música alta, a gente suspende a dança, senta e fala baixinho. Fala sem mais. Eu ouço as suas coisas e você escuta as minhas até elas se misturarem como longos e macios cachecóis entrelaçados em pescoços simples, trocando calor.

Vem sem medo de nossas conversas um dia rarearem e o silêncio nos abraçar comovido. Vem porque nesse caso teremos o mundo inteiro para observar quietos, mudos, estarrecidos de nosso canto calado e seguro da vida. Vem olhar a rua comigo em silêncio, brincar de assistir à novela na TV sem som, inventar diálogos patéticos para os mocinhos e os bandidos, enfiar palavrões nas falas das donzelas e gentilezas nas bocas dos vilões, transformar cenas importantes em tolas falas vazias de fila de banheiro.

Vem que a vida ainda tem tanto para nos dar e o tempo é tão pouco. Vem. Mas vem agora que o mundo aguarda o jeito que daremos às coisas. Vem que há tanta gente esperando de coração aberto uma alegria que lhes aqueça por dentro. Vem que uma floresta inteira de ternuras farfalha escandalosa suas copas e galhos e ramos de carinhos sob o vento generoso da bondade humana, soprando folhas coloridas de esperança por todos os cantos.

Vem que as minhas lembranças já não veem a hora de encontrar as suas e brincar de boneca, jogar bola na grama úmida sob o sol da manhãzinha. Vem que há tantos balões em minha saudade para colorir as festas infantis que repousam nas suas recordações de menina.

Vem que há muito pão e muito vinho por aí, esperando para serem ganhos com o suor do nosso rosto. Vem que a vida para nós há de ser um misto alegre de ações sucessivas girando em ciranda sob a luz da tardinha e os olhos de Deus: viver, trabalhar, amar, viver, viajar, comer, viver, descobrir, amar, viver, dividir, rezar, viver, amar, agradecer. Viver, amar, viver. Viver!

Vem, mas vem mesmo. Vem que o caminho é longo e é nosso. Vem que o amor adora gente hospitaleira e o perdão nos olha com olhos de menino pedindo espaço para sentar entre nós. Vem. Vem que o nosso filme vai começar, o sono vai chegar, o dia vai nascer, a vida vai passar e nós ainda seremos o que somos agora: vagos bichos leves seguindo para longe. Simples e humildes como as folhas, o vento e a esperança. Certos, livres e próximos, seguindo juntos para longe.

Para nossos amigos

Para nossos amigos

Guardo um pouco de todos os amigos que passaram em minha vida.

Um amigo nos marca e sempre deixa um pouco dele em nós. Na infância dividimos descobertas e compartilhamos fantasias. Somos estreantes num mundo novo, mas já sabemos que não vamos desbravá-lo sozinhos.

A beleza da amizade na infância está na pureza da relação e nas primeiras descobertas. Lembro que aos 08 anos quando andava chateada pela separação dos meus pais, contei o fato a uma amiga da mesma idade e pedi segredo. Era um desabafo infantil, mas com ele aprendi que era possível confiar em outra pessoa que não fosse da família. Isso faz 30 anos e somos amigas e confidentes até hoje.

Na adolescência tudo é mais complexo, os amigos se transformam um pouco em cúmplices. Compartilhamos nossos medos, sonhos, experiências, alegrias e frustrações. Entramos em algumas enrascadas e saímos delas, geralmente, mais maduros. Nessa fase acreditamos que a convivência será eterna, mas isso pode acontecer ou não.

Quando essas amizades perduram até a vida adulta, os nossos amigos se elevam à condição de irmãos, nos conhecem, sabem o nosso passado e por isso entendem bem o nosso presente. Não precisamos explicar muita coisa sobre nós.

Com isso, não estou afirmando que os novos amigos possuem um grau menor de importância. De jeito nenhum! Amor não se mede pelo tempo.

Apenas penso que uma amizade quando perdura da infância ou adolescência até a velhice é como uma novela ou uma série em que assistimos todos os capítulos do começo ao fim possibilitando uma compreensão melhor do enredo. Contudo, não significa dizer que se começarmos a acompanhar do meio não vamos amar ou entender.

Amizade é sobretudo amor, afinidade, companheirismo e lealdade.

Já os amigos que ficaram para trás, pela falta de convivência, foram importantes e até mesmo necessários. Sinto falta de alguns, mas não sinto culpa pela minha ausência na vida deles, nem muito menos os culpo. Dou os créditos à própria dinâmica da vida.

Se um dia nossos caminhos se cruzarem novamente, haverá o mesmo carinho e acredito que a mesma empatia. Afinal de contas, como diz o escritor Fabrício Carpinejar, os amigos nos salvam de tantas situações que acabamos com parte deles encravada em nossa personalidade:

“Amigos me salvaram da fossa, amigos me salvaram da inveja, amigos me salvaram da precipitação, amigos me salvaram das brigas, amigos me salvaram de mim. Os amigos são próprios de fases: da rua, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da faculdade, do futebol, da poesia, do emprego, da dança, dos cursos de inglês, da capoeira, da academia, do blog. Significativos em cada etapa de formação. Não estão em nossa frente diariamente, mas estão em nossa personalidade, determinando, de modo imperceptível, as nossas atitudes.”

Dos amigos que se foram, não sei bem o caminho que trilharam, nem se são felizes ou não. Não sei como são hoje, mas sei o que foram. Sei a importância que tiveram e o que representaram na minha vida.

Foram amigos no passado, mas sempre terão um espaço no meu coração no presente e no futuro, pois parte de mim guarda um pouco de cada um deles.

Segundo Mario Quintana “amizade é um amor que nunca morre”.

Concordo com o poeta.

Mudar dá um trabalhão

Mudar dá um trabalhão

por Fernanda Pompeu

imagem Régine Ferrandis

Saia perguntando por aí o que as pessoas acham da palavra mudança. Aposto 2/3 das minhas fichas que as respostas serão positivas. A grande maioria dirá que mudar é bom. Os mais refratários se renderão: Não é bom. Mas é necessário. A mudança parece ser o slogan-mãe da nossa época. Fale-se em mudar métodos de governança, de emprego, de área, de smartphone, de operadora de celular. Até de sexo.

Mas falamos pouco dos traumas da mudança. Parece vergonhoso contar dos custos e das dúvidas. Aquele que confessa o dodói de mudar, sente temor de ser taxado como reacionário, fixo, retrógrado, antiquado. Ninguém quer ser o passageiro esquecido na plataforma, vendo o trem da oportunidade sumir na primeira curva. Ai daquele que se atrasa, que se apaixona pela árvore esquecendo da floresta. Ai daquela que caminha devagar, pois se demora namoricando margaridas silvestres pelo caminho. Por fim, além de mudar é preciso fazê-lo com velocidade.

Mudança e velocidade, procure no Google, haverá milhões de resultados. Mas, cá para mim, quase ninguém muda por mudar. Cada um tem seu tempo, que nada coincide com o tempo dos relógios ou da propaganda. Está na natureza humana só se mexer quando não dá mais para permanecer onde nos encontramos. Deixei de ser roteirista de vídeo ao bater o telefone no ouvido do meu último cliente. Olhei para os lados e vi que não tinha mais nada. Nem presente e nem futuro.

Recentemente abandonei a redação de textos encomendados, porque senti que escrevia com mais dor do que prazer. Nas duas situações mudar foi laborioso. Pois ao deixar uma atividade, tive que investir em outra. O que implicou em mexer na rotina, revisitar contatos, narrar para as pessoas os motivos da mudança. Narrativa nem sempre fácil, porque toda mudança tem caminhões carregados de subjetividades. Por exemplo, dizer que fiquei farta de um trabalho porque não me sentia feliz, pouco sensibilizou a nova clientela.

Toda mudança, mesmo motivada por pressão externa, é empenho pessoal. É se abrir para consequências inesperadas. Muitas vezes, é dar o salto sem rede de proteção embaixo. Puxa, você pode se esborrachar no chão. Ou pode encontrar asas em pleno ar. Só fazendo para conferir o que vai dar. Sempre optei por tentar. Estou nessa agora. Curtindo os fazeres do presente, espichando o olho gordo para o que pode vir a ser.

Série fotográfica mostra os sorrisos escondidos no rosto das pessoas

Série fotográfica mostra os sorrisos escondidos no rosto das pessoas

Há alguns anos, o fotógrafo francês Réhahn viajou para o Vietnã com o propósito de registrar a cultura desaparecida das minorias étnicas do país. Para isso, ele tirou belas fotografias de pessoas escondendo seus sorrisos e, em seguida, documentou-as numa série chamada Hidden Smiles.

Durante viagem pelo Vietnã, Réhahn percebeu que, muitas vezes, as pessoas locais têm o hábito de cobrir a boca quando olham para a câmera, tímidas perante a situação. Embora os sorrisos sejam escondidos pelas mãos das pessoas, suas feições radiantes não passam despercebidas; na verdade, transmitem uma cena reconfortante.

As fotografias de Réhahn revelam uma energia oclusa por trás dos sorrisos envergonhados das pessoas. O francês espera que essas fotos ajudem a inspirar felicidade nos outros. Até agora, ele tirou mais de 40.000 fotografias como parte de seu projeto, e conquistou a admiração de muitos personagens interessantes.

Em entrevista para o jornal inglês Daily Mail, o fotógrafo disse:

“Eu acho que uma boa fotografia acontece quando você consegue capturar a alma e ler uma história nos olhos das pessoas. Mas capturar emoção não é uma coisa fácil. O tempo é a chave.”

Desde a publicação de um livro em janeiro de 2014, Réhahn ganhou bastante reconhecimento. O fotógrafo tem sido destaque em vários jornais e revistas internacionais, e já ganhou mais de 430.000 fãs em sua página no Facebook.

Veja os belos sorrisos escondidos do projeto Hidden Smiles:

contioutra.com - Série fotográfica mostra os sorrisos escondidos no rosto das pessoas

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Façam suas vidas extraordinárias

Façam suas vidas extraordinárias

Make your lives extraordinary – façam suas vidas extraordinárias (Sociedade dos Poetas Mortos; 1989 – Dir. Peter Weir)

Embriague-se com fervor. Dispa-se daquilo que te impede de seguir. Refaça verbos. Construa novos adjetivos. Permita-se ser algo além de um simples nome. Embriague-se. Seja tolo. Abrace a ingenuidade como quem acredita nos sonhos intangíveis e sorria diante disso. Não ligue em ser excluído, julgado e maltratado pelos sóbrios que, constantemente afogados nas próprias certezas, estão impedidos de adentrarem no mundo subversivo da embriaguez.

Embriague-se. Consuma cores, frases, formas e toques. Assimile os sintomas. Caia doente e levante novamente. Corra descalço, fale um palavrão bem alto, namore a nudez. E se depois, no caso do efeito ainda não ter lhe deixado embriagado, tome novas providências. Loucure-se. Desligue os cabos, mas não deixe o volume abaixar. Tenha prudência, mas não perca a eloquência. Embriague-se, vamos. Embriague-se!

Descontrole, incerteza, medo, culpa e incapacidade. Embriague-se. Expulse os demônios internos e coloque-os nos seus devidos lugares. Ainda não está não convencido? Inicie todo o processo novamente, mas embriague-se de verdade. Queira. Deseje.

Embriague-se!

Embriague-se, principalmente, de poesia. Ela não deixa ressaca, mas faz elevar o coração. Embriague-se. Com carinho.

Servidão Voluntária: Fahrenheit 451 e o uso da ignorância como forma de condicionamento

Servidão Voluntária: Fahrenheit 451 e o uso da ignorância como forma de condicionamento

Há bem pouco tempo, o cineasta Alejandro González Iñárritu nos apresentou o filme Birdman, ou A Inesperada Virtude da Ignorância, no qual questiona, entre outras coisas, o que é a felicidade e qual o papel da ignorância nesta. Ao longo do pensamento humano, essa discussão já obteve várias interpretações, mas, de fato, a ignorância parece ser um elemento que contribui para a felicidade do indivíduo ou, no mínimo, para a sua não infelicidade. Isto é, parece haver uma relação em que, quanto menos o indivíduo busca livrar-se do seu não saber (ignorância), mais propenso à felicidade estará, pois terá menos motivos para desconfiar ou questionar aquilo que lhe é apresentado.

Essa questão é suscitada no livro distópico de Ray Bradbury, Fahrenheit 451. Na sociedade aqui retratada, os livros são proibidos, uma vez que são vistos como fonte de infelicidade. Sendo assim, qualquer obra literária, quando descoberta, deve ser queimada e essa prerrogativa pertence aos bombeiros, que, ao contrário do que conhecemos, põem fogo nos livros e nos locais onde estes são encontrados. Um desses bombeiros é Guy Montag, protagonista da história, um sujeito típico daquela sociedade, mas com algumas inquietações existenciais.

As inquietações de Montag vão ganhando espaço, na medida em que se relaciona com uma jovem chamada Clarisse, sua vizinha, que é totalmente diferente das pessoas que conhece e habitam aquele mundo. A grande virada, no entanto, acontece apenas quando Montag presencia uma situação na qual uma mulher é queimada junto com seus livros. Esse fato faz Montag rever todos os seus conceitos e despertar da prisão que vivia. Desse modo, Montag percebe que a verdadeira razão para que os livros fossem proibidos era impedir a libertação das pessoas, já que, sem o poder do questionamento, todos viviam sob o mesmo condicionamento, resultando em uma massa de iguais, muito mais fácil de controlar.

“Devemos ser todos parecidos uns com os outros. Ninguém nasce livre e igual aos outros, como diz a Constituição, mas cada um é modelado conforme os outros; todo o homem é a imagem do seu semelhante e, assim, toda a gente fica satisfeita.”

Esse condicionamento é o mesmo que se aplica à realidade em que vivemos, já que, para o controle e manutenção do status quo, é muito mais fácil tolher as peculiaridades e idiossincrasias que formam as pessoas e convertê-las em autômatos que fazem todos exatamente a mesma coisa. A publicidade cria modelos de “sucesso” e “felicidade” que devem ser seguidos por todos aqueles que se julgam sãos, de modo que todo aquele que não segue a manada é visto como antissocial ou simplesmente um doente que precisa ser curado. Esse fato acaba sendo facilitado, tanto no mundo distópico de Bradbury, como no nosso, pela educação tecnicista, burocrática e programadora que se propaga, a qual se preocupa exclusivamente com os “comos”, excluindo os “porquês” que, consequentemente, levam a questionamentos sobre a realidade que o indivíduo habita.

“As aulas tornam-se mais curtas, a disciplina é relaxada, a Filosofia, a História, as línguas abandonadas, o inglês e a sua pronúncia abastardados pouco a pouco e, finalmente, quase ignorados. Vive-se no imediato. Apenas conta o trabalho e, após o trabalho, a dificuldade da escolha de uma distração. Para quê aprender qualquer coisa, além de carregar botões, ligar comutadores, enroscar parafusos e porcas?”

Ou seja, busca-se criar um exército de pessoas completamente iguais e, por isso, a educação não deve conter questionamentos, deve-se tão somente aceitar o que é passado, com obediência cega e total. Assim, não há espaço para os livros, visto que estes levam aos porquês da vida, tirando o indivíduo do seu ponto de conforto, do seu padrão, da sua”felicidade”. A inquietação que o indivíduo pode sentir ao entrar em contato com fontes de conhecimento, como livros, é altamente arriscada para os que detêm o monopólio da força, pois, ao questionar, o indivíduo se distancia de todas as fantasias e sedativos que lhes são dados e toma conhecimento da prisão que habita.

Na nossa sociedade, embora os livros não sejam proibidos, ainda há muito pouco interesse em desbravá-los, bem como outras fontes de conhecimento, e isso se deve, em grande parte, à educação tecnicista e aprisionadora que recebemos, aos tentáculos lançados pelo mercado, mas também à própria vontade de permanecer voluntariamente servo do sistema, uma vez que, ao quebrarmos a barreira da ignorância, damos conta da nossa individualidade, assim como da precariedade e perversidade que cercam a existência humana, de tal modo que ser idêntico aos outros ou estar feliz o tempo inteiro torna-se insustentável.

“Compreende agora de onde vem o ódio, o terror aos livros? Eles mostram os poros do rosto da vida.”

Sendo assim, preferimos viver condicionados, aceitando obedientemente tudo que é passado pelos nossos senhores, divertindo-nos com todos os jogos que são postos nas nossas gaiolas, a possuir uma subjetividade que proporcione a reflexão do que somos e da realidade que vivemos. Preferimos estar presos a entorpecentes, apenas para não enxergar a miséria e as angústias. Preferimos o bom e velho pão e circo a nos livrar das amarras fantasiadas de felicidade que nos são colocadas.

“A gente interroga-se sobre o porquê das coisas e, se se insiste, podemo-nos tornar muito infelizes.”

No livro, todas as pessoas que passam (querem) a enxergar a realidade são vistas como antissociais, quando não criminosas e, portanto, inimigas do Estado e da sociedade. É isso que acontece a Clarisse, Faber, Montag e a todos que não se deixam dominar. O mesmo que acontece no mundo de Fahrenheit acontece aqui, já que os bons indivíduos são aqueles que voluntariamente servem a um sistema opressor, que fantasia um mundo de maravilhas sem qualquer tipo de incômodo.

Um lugar onde a ignorância é completa e todos podem fingir ser felizes. Um mundo perfeito de dominação. Um mundo em que as pessoas apenas “Citam marcas de automóveis, de fato, moradas de piscinas e, sobretudo, dizem: Oh! Que bom! Mas dizem todos as mesmas coisas e ninguém tem nunca uma opinião diferente”. Um mundo de indivíduos que se contentam em meter as respostas na cabeça. Um mundo de homens irrisórios e vazios. Um mundo de iguais desconhecidos. E, acima de tudo, um mundo de servidão voluntária, que queima, a 451º Fahrenheit, livros, questionamentos, libertação, amor e poesia e se reconstrói num mundo de cinzas feliz e obscuro.

Quando o frio apertar, abrace apertado quem está ao seu lado.

Quando o frio apertar, abrace apertado quem está ao seu lado.

Hoje fez frio. Veio como havia muito não vinha. Gelou o ar, esfriou o sofá da sala, resgatou meias, casacos e dores do fundo de uma gaveta que emperra como não quisesse abrir. Chegou sabe-se lá de onde, do pacífico, dos polos congelados, do sul do país. Não importa. Aqui faz frio.

Em seu sopro fresco e úmido, esse frio há de aquecer os ímpetos de alguém. Há de animar as almas boas que se reúnem no calor de suas mesas, em volta de suas histórias contadas na fumaça perfumada das panelas bafejando decência. A mim, o frio me reencontra desprevenido e ridículo. Como visita inesperada, entra pelas frestas das horas suspensas e me congela a alma. Vem com o medo da solidão e da dor, com a frieza do dia a dia que me atropela em seus afazeres obrigatórios, com a incerteza de meus caminhos e a angústia que os corta na chuva fina.

Mas o frio também traz uma alegria mansa e um sentimento tímido, frágil, de que alguém em algum lugar deste mundo treme as mesmas dúvidas que eu. Nos quatro cômodos da casa fechada, o vento penetra impertinente e me sopra sons e cheiros de algum lugar onde alguém, como eu, também espera.

Abro a janela, a brisa cruel me bate na cara e me enche de esperança: alguém por aí me aguarda no frio da chuva, me imagina nas horas vazias. E essa presença é tão certa que me dá vontade de lhe escrever uma carta, um bilhete, um alô ou qualquer sinal que dê a esse alguém a impressão de que eu também espero. Um pedido para que não desista, porque mais dia, menos dia nos encontramos. Enquanto isso, o vento frio nos mantém juntos na distância.

Em minha carta, conto das tantas vezes em que ganhei o mundo buscando quem me espera. Refaço rotas, retomo caminhos, relembro instantes exatos em que me perguntei “então é você?” Em cada encontro, há sempre uma certeza calorosa. É você. Depois nos separamos sem mais, amarrados a dois caminhões que se cruzam e depois viajam em direções opostas. O frio volta a ventar suas questões. E não era mais você.

Escrevo como louco o que me nasce na cabeça, cresce no coração e parte pelos dedos. Envio as cartas pelo vento, dizendo baixinho cada palavra na fresta da janela. Quem sabe alguém ouça. Quem sabe seja você. E você vai notar que ali, escondido entre vírgulas e adjetivos, há um sujeito que sofre porque tem medo e tem amor. Alguém que se viciou em saudade e solidão. Que chora olhando o céu e assiste quieto à dança de suas lembranças quando o vento canta, anunciando o outono que chega e derruba as folhas, e desperta uma vontade dolorida de sabe-se lá o quê.

Quem sabe alguém leia. Quem sabe seja você. Quem sabe também me mande uma cartinha e me salve o dia. Afinal, é para isso mesmo que servem os seres humanos, não é? Para se salvarem uns aos outros. De si mesmos. Do frio que está fazendo hoje. Das paredes geladas de uma casa nos primeiros dias do outono.

Algumas palavras sobre o estupro

Algumas palavras sobre o estupro

O estupro vem da objetificação da mulher.

O estupro vem de uma cultura em que vídeos pornôs propagam um pinto sem face comendo mulheres acrobáticas, performáticas e sempre prontas para mais.

O estupro vem de um moralismo hipócrita social, vem de um machismo velado mais ao mesmo tempo explícito, vem de uma imposição de poder.

O estupro é a inflamação de uma virilidade antiga, de uma educação que divide comedores e putas, detentores do poder e vadias sujas, proprietários e propriedades.

O estupro vem de uma cultura de posse, vem da mitificação da bunda e dos mamilos femininos, vem da over sexualização das partes do corpo da mulher, vem das punições, dos julgamentos, das estereotipações, das castrações e dos medos.

O estupro vem do desrespeito milenar, da síndrome de superioridade, dos abortos das falas e das vontades da mulher, da falta de empatia com o outro sexo, com o outro ser humano.

O estupro vem de uma cultura em que o corpo da mulher pertence a todos, (homens, mídia, governo, religiões…) menos a ela mesma.

6 maneiras de treinar a mente para acelerar seu aprendizado

6 maneiras de treinar a mente para acelerar seu aprendizado

Veja 6 maneiras de turbinar seu cérebro para aprender mais rápido.

Aprender um novo idioma, assim como aprender qualquer conteúdo para ser aplicado na área profissional, requer uma boa dose de esforços, além de ser algo que atingirá seu pico, em geral, a longo prazo. O problema é que muita gente vai levando com a barriga e leva anos ou até décadas para poder entender algo em sua total plenitude. Enquanto isso, outros estudam diferentes coisas em paralelo e sentem a necessidade de tornar o estudo mais produtivo para poder aprender e, ao mesmo tempo, desfrutar de outros estudos em paralelo.

O fato é que o aprendizado não depende só da didática e do professor. Quem tem pensamentos mais claros e consegue garantir um melhor desempenho nos estudos tende a economizar tempo e aprender o conteúdo muito mais rapidamente, mas nem todos nascem com o cérebro turbinado e, para essa finalidade, já existem várias técnicas que o aluno pode utilizar para turbinar seu cérebro. Quer saber como? Veja as dicas que separamos a seguir.

Antes de pular para as dicas, uma ótima alternativa para turbinar o cérebro é estudar idiomas, o que já pode ser feito pela internet (https://preply.com/pt/), através das plataformas online, que oferecem aulas de inglês para São Paulo, Rio de Janeiro e demais estados.

  1. Aprenda coisas novas

Aprender coisas novas ajuda você a conhecer, reconhecer, lembrar e exercitar o que já aprendeu. Esse ciclo cria estímulos positivos para o cérebro e estimula a desenvolver novos interesses. Você pode, por exemplo, aprender a tocar instrumentos musicais, aprender uma nova língua – ou uma terceira língua – e mergulhar em jogos de raciocínio, como o xadrez.

  1. Exercite-se físico e mentalmente

A pessoa que vive de forma sedentária estimula o cérebro a viver da mesma forma e esse é um processo natural. E isso não é nenhuma novidade. O corpo precisa trabalhar em conjunto com o cérebro e vice-versa e, por isso, exercícios são importantes para manter o corpo saudável e as células nervosas ativas, o que influencia na concentração e no próprio humor.

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  1. Alimente-se de forma saudável

Se você se alimenta de coisas hipercalóricas e está acima do peso, sua respiração é afetada e, com ela, sua concentração vai parar em Marte. Além disso, se o corpo não recebe todos os nutrientes de uma alimentação saudável, seus órgãos não funcionam bem e você não ajuda o cérebro a produzir substâncias benéficas que contribuirão para um bom raciocínio.

  1. Faça algo repetidamente

Quando fazemos algo várias vezes, nosso cérebro começa a criar mecanismos para realizar essa tarefa de forma mais prática. Lembre-se de quando você ainda era um bebê e estava aprendendo a comer usando o garfo? Você só conseguiu desenvolver a capacidade de segurar o garfo e manuseá-lo com perícia graças à repetição constante da ação.

  1. Estimule sua memória

É extremamente importante criar desafios para si mesmo se você quiser desenvolver sua memória e isso pode ser feito através de jogos de memória, testes ou conversando com uma outra pessoa e abordando diferentes tópicos. Forçar a mente a guardar detalhes também ajuda no processo de aprendizagem e facilita a absorção visual de todo o conteúdo.

  1. Faça pausas para esquecer-se de tudo

Estudar e preparar-se para uma vida profissional é importante, mas mais importante do que isso é dedicar-se a si mesmo e a quem você ama ou gosta. Quem passa o dia todo estudando e não dá uma pausa para sair com quem gosta ou fazer o que lhe deixa feliz, tende, cedo ou tarde, a ter recaídas. O cérebro não aguenta ficar 24 horas estudando e há momentos em que é necessário esquecer-se de tudo e deixar o cérebro repousar para recarregar as energias.

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