Não se cuidar é uma forma de agredir a si mesmo

Não se cuidar é uma forma de agredir a si mesmo

Há muitas formas de se cuidar, já que nos cuidamos com todas aquelas condutas por meio das quais nos mostramos amor, respeito e dedicação. Quando deixamos de nos cuidar acabamos tirando valor de nós mesmos, deixamos de dar importância a nossas necessidades e de algum modo estamos nos agredindo através de nossas próprias atitudes.

Muitos de nós adotamos uma lista de pessoas das quais cuidamos, acreditando que há pessoas que precisam de nossos cuidados, e passamos todos na nossa frente. Pensamos que temos força o suficiente para atender aos outros antes de atender a nós mesmos. Isso, como veremos ao longo desse artigo, é um grave erro.
Não se trata de passar o cuidado dos outros para o primeiro plano, antecedendo inclusive o cuidado de si mesmo: o cuidado consigo mesmo é eticamente o primeiro à medida em que a relação consigo mesmo é ontologicamente a primeira”.
-Michel Focault-
Cuidar-se supõe uma responsabilidade com nós mesmos, para atentar tanto para nossa vida física, quanto para a espiritual, a psicológica ou a emocional, já que somos formados por um conjunto de dimensões que forma uma globalidade interligada que deve ser levada em conta, e nenhum desses aspectos deve ser descuidado.

Compreender o que significa se cuidar

Tente por um momento refletir sobre isso: o que é cuidar de mim? O que estou fazendo para cuidar de mim? A forma como cuidamos de nós diz muito sobre como nos encontramos atualmente, já que está estreitamente relacionada com nosso estado de ânimo e nossa autopercepção.

Cuidar-se significa levar-se em conta, escutar as próprias necessidades e compreender que temos direito de nos sentirmos bem. É entender e reconhecer nossa existência, sabendo que merecemos nosso amor e nossa compaixão além de todos os preconceitos, castigos e cobranças que impomos a nós mesmos.

Estamos cuidado de nós quando evitamos o que nos produz mal-estar: quando nos afastamos de certas pessoas que nos prejudicam, quando impomos limites em relação ao que queremos e não queremos fazer, e quando nos damos a oportunidade de tomar decisões por nós mesmos, dando prioridade ao nosso bem-estar.

“Não se cuidar é uma forma de autoagressão sutil ou manifesta. Às vezes, como em um estado depressivo, a pessoa está sem energia para ela mesma, e em outros problemas o sujeito reverte sua energia contra si mesmo, aumentando por sua vez a culpa e a autodepreciação”
-Fina Sanz-

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Quando deixo de me cuidar estou me agredindo

Não se preocupar consigo mesmo e não se cuidar é uma forma de se agredir e de se desvalorizar. Nossa própria autoestima fica afetada quando não atentamos para nós, já que não estamos cuidando de aspectos básicos do nosso crescimento e aprendizagem. Além disso, é bom prestar uma atenção especial a si já que esta forma de nos agredir é muito sutil, mas não deixa de ser extremamente prejudicial.

É igual a quando deixamos de regar uma planta, impedindo que ela possa viver e crescer de forma saudável. Nós também precisamos nos nutrir e dar atenção a nossas necessidades, que são a fonte da nossa energia. Dessa maneira, damos a nós a oportunidade de desenvolvimento e de explorar nossa felicidade.

“Nutrir a si mesmo de uma maneira que ajude a florescer na direção que deseja é uma meta possível de alcançar, e você merece esse esforço”
-Deborah Day-

Somos responsáveis por gerar em nossas vidas emoções e sentimentos agradáveis. Temos a capacidade de fazer florescer nossa felicidade e dar a ela o maior sentido de nossa existência, compartilhando nosso amor. Dedicar tempo a nós deve ser uma de nossas prioridades, e assim estaremos nos cuidando. Como consequência disso, se fizermos bem feito, poderemos cuidar dos outros depois.

O egoísmo sutil de não atentar a nossas necessidades

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o egoísmo aparece realmente quando não damos atenção a nós, quando consideramos que estamos nos voltando mais para os outros do que para nós mesmos. Longe de ser um gesto altruísta e amável, supõe na verdade um descuido que nos impede de nos ouvir e compartilhar tudo o que temos e somos.

Não podemos dar nada que não temos, e se não contamos com nosso amor, respeito e compreensão, dificilmente poderemos oferecê-lo para os demais. Sem ser conscientes disso, acabamos mendigando aos outros o que nós mesmos não nos damos. Nos apoiamos nos outros não atentando para o que realmente precisam, mas sim para tentar encontrar sensações positivas que não conseguimos de nós mesmos.

Os que se comportam como salvadores e cuidadores na vida são muito inconscientes do próprio egoísmo, porque acreditam estar no ponto contrário: do desprendimento, da generosidade, do altruísmo e da amabilidade. Mas para chegar a esse ponto o primeiro passo é estar bem, escutar a si mesmo e amar-se, ou então tudo o que oferecemos aos outros estará contaminado por nossa falta de amor próprio.

“Minha própria pessoa deve ser um objeto de meu amor igual ao que é outra pessoa. A afirmação da vida, da felicidade, do crescimento e da liberdade pessoal está arraigada na própria capacidade de amar, isto é, no cuidado, no respeito, na responsabilidade e no conhecimento. Se um indivíduo é capaz de amar produtivamente, também ama a si mesmo: se só ama os outros, não pode amar em absoluto”.
-Erich Fromm-

Leia se você estiver cansado de tudo

Leia se você estiver cansado de tudo

Todos nós nos cansamos, e não apenas no sentido físico. Às vezes nos esgotamos de tal maneira que ficamos sem forças. Queremos desistir de tudo e nos distanciar do mundo. Mas certamente isso não é a solução.

O mundo em que vivemos é muito cansativo. É muito ingrato. Você está cansado simplesmente por viver nele. Você está cansado de amar muito, dar algo ao mundo que nunca lhe dá nada em troca. Você está cansado da incerteza e da monotonia da vida cotidiana.

Você já esteve cheio de belas esperanças, o otimismo superava o cinismo e se sentia pronto para recomeçar. Mas, após ter o coração despedaçado, promessas não cumpridas e planos fracassados, você sente que perdeu tudo. O mundo nem sempre lhe tem sido bom, você perdeu mais do que ganhou e agora não sente absolutamente nenhuma inspiração para tentar novamente. Entendo.

A verdade é que estamos todos cansados. Cada um de nós. Ao chegar a uma certa idade, não somos mais do que um exército de corações partidos e almas doloridas buscando desesperadamente pela harmonia. Queremos mais, mas estamos cansados demais para pedir. Não gostamos de onde estamos agora, mas estamos com muito medo de começar algo do início. Temos de assumir riscos, mas sentimos medo de ver como tudo em nosso entorno pode simplesmente desmoronar. No final, não temos certeza de quantas vezes podemos começar tudo de novo.

Outra verdade é que estamos cansados uns dos outros. Estamos cansados dos jogos que jogamos, das mentiras que contamos a nós mesmos, da incerteza que semeamos entre nós. Não queremos usar máscara, mas tampouco queremos continuar a ser tolos e ingênuos. Temos de jogar nossos odiados papeis e fingir sermos alguém, porque não temos certeza da nossa escolha.

Eu sei quão difícil é seguir fazendo algo ou fingir fazer novas tentativas, quando já estão acabando as forças mentais. E aqueles ideais otimistas que estavam tão próximos parecem inatingíveis e ilógicos. Mas já que você está tão perto de desistir de tudo, vou pedir-lhe uma coisa: tente de novo, com todas as suas forças!

Somos muito mais resistentes e alegres do que podemos imaginar e isso é uma verdade inquestionável. Somos capazes de dar mais amor, mais esperança, mais paixão do que damos hoje. Queremos resultados imediatos e desistimos se não os vemos. Estamos desapontados com a falta de respostas e deixamos de tentar.

Você entende que nenhum de nós consegue estar inspirado todos os dias. Todos ficamos chateados e cansados. O fato de você se sentir exausto e cansado da vida não significa que esteja imóvel. Cada pessoa que você já admirou, quando buscou seus sonhos, também já falhou algum dia. Mas isso não o impediu de alcançar seus objetivos. Não desista, não importa o que você esteja fazendo, seja uma tarefa comum ou planos grandes e magníficos.

Quando estiver cansado, vá devagar. Mova-se com calma, sem pressa. Mas não pare! Você está cansado por razões objetivas. Sente-se esgotado porque está mudando e fazendo muitas coisas. Está exausto porque está crescendo. Algum dia este crescimento poderá realmente lhe inspirar.

Fonte: thoughtcatalog
Tradução e adaptação: Incrível.club

A vida não é uma causa perdida, porque ela está repleta de belezas. O que ela quer da gente é coragem!

A vida não é uma causa perdida, porque ela está repleta de belezas. O que ela quer da gente é coragem!

Sempre me pego pensando sobre o sentido da vida. Pergunto-me se cumprimos um destino ou se fazemos o nosso próprio destino, se há um sentido maior para tudo que fazemos ou se estamos apenas flutuando na brisa, se a vida vale à pena ou se é uma causa perdida. Estamos sempre com pressa, correndo aqui e acolá, em tentativas desesperadas de encontrar um lugar para nos encaixar, de sermos mais amados, de prolongar os instantes de eternidade que escoam pelas nossas mãos.

A complexidade da vida não permite que consigamos defini-la em um único sentido, já que somos precários e finitos, de tal modo que nunca conseguiremos ter a totalidade do que a define. Assim como, nunca estivemos do outro lado para saber o que de fato nos espera. Dessa maneira, a única certeza que possuímos é que estamos vivos e que enquanto estamos vivos, devemos impor à vida, que por ora possuímos, a grandeza que ela necessita.

Se devemos ter uma vida grandiosa, consequentemente, algo, a meu ver, nós podemos concluir: a vida não é uma causa perdida. Por mais que na maior parte do tempo encontremos um mundo duro e seco, que vai aos poucos minando o nosso interesse e, sobretudo, a nossa capacidade de sentir; a vida está cheia de belezas e magia. O grande problema é que estamos sempre ocupados demais para perceber as alegrias que a vida nos proporciona. Possuímos uma cegueira seletiva, a qual não nos permite enxergar o que é essencial na vida.

As nossas vidas burocráticas e automatizadas retiram a sensibilidade e a poesia que possibilitam o olhar lúdico sobre as coisas e que nos permite reparar nos pequenos prazeres da vida, os quais escondem a verdadeira beleza e felicidades que esta possui. Por que uma criança fica encantada com a chuva, com uma flor ou com um pássaro? Por que as crianças se divertem fazendo desenhos ou comendo um biscoito? Porque em tudo isso há beleza, no entanto, conforme vamos “crescendo”, vamos deixando a criança que há em nós morrer e, assim, deixamos de enxergar o mundo de forma poética, isto é, com o coração, para tão somente vê-lo com os olhos. É por esse motivo que Saint-Exupéry dedicou “O Pequeno Príncipe” à criança que seu amigo Léon Werth foi um dia, já que para enxergar o que há de belo no mundo, deve-se necessariamente se olhar com o coração.

O olhar poético não torna o mundo mais belo por ser mais ingênuo, e sim por ser mais lúcido, uma vez que percebe todas as tristezas que retiram nossa potência e nossa vontade de viver, bem como, enxerga as verdadeiras belezas da vida, desvinculadas das mentiras disfarçadas de felicidade que nós adultos compramos para preencher o nosso vazio. Sendo assim, é preciso coragem para ser criança e explorar a vida, com curiosidade para descobrir o que ela esconde, permitindo-se estar sem a padronização da vida adulta, apenas brincando de forma distraída, já que como bem atenta Guimarães Rosa: “Alegria só em raros momentos de distração”.

Até que o ciclo se encerre e os sinos toquem, a vida é como uma noite fria puxando o nosso cobertor, cheia de dor e penúria. É o abismo que olha profundamente nossos olhos numa tentativa de sedução. É tristeza, porque há tanto para se fazer em apenas uma vida. Todavia, a vida é também um desafio que está repleto de alegria. É a aurora que vem sobre as colinas toda manhã, é o canto dos pássaros, é o cheiro da chuva, é a conversa gostosa, é o abraço apertado, é o riso demorado. Até a morte a vida pode não ter um sentido maior, mas ela não é uma causa perdida, porque o que é essencial está a nossa espera em raros momentos de distração se estivermos atentos observando com os olhos poéticos do coração.

Até que o ciclo se encerre e os sinos toquem ou até a morte, a vida é cheia de momentos tristes, de perdas e derrotas que nos levam para o fundo do poço, que tornam nosso coração tão seco e quebradiço que perdemos a capacidade de sentir. Mas é também uma experiência maravilhosa, repleta de momentos de felicidades que representam a eternidade que possuímos. Até a morte a vida é sinuosa e complexa, sem qualquer manual de instrução, mas, como dito, para quem sabe prestar atenção, ela está repleta de alegria e é isso que a torna bela e grande. Assim, a grandeza da vida consiste em ter a coragem de nunca deixar a criança que existe em nós morrer para que sempre consigamos ter poesia nos olhos e enxergar as felicidades, pois lembrando mais uma vez Guimarães Rosa:

“A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

“Nunca pinto sonhos nem pesadelos. Pinto minha própria realidade.”- Frida Kahlo

“Nunca pinto sonhos nem pesadelos. Pinto minha própria realidade.”- Frida Kahlo

“Nunca pinto sonhos nem pesadelos. Pinto minha própria realidade.”

Assim se definiu a pintora mexicana, Magdalena Carmen Frida Kahlo (1907-1954).

A base essencial de nossa personalidade é a afetividade. Pensar e agir são, por assim dizer, meros sintomas da afetividade. Os elementos da vida psíquica, sentimentos, ideias e sensações apresentam-se à consciência sob a forma de certas unidades que, numa analogia a química, poderiam ser comparadas às moléculas.

O erotismo constitui um problema controvertido e sempre o será, independentemente de qualquer legislação futura a respeito. Por um lado, pertence à natureza primitiva e animal do homem e existirá enquanto o homem tiver um corpo animal. Por outro lado, está ligado às mais altas formas do espírito. Só floresce quando espírito e instinto estão em perfeita harmonia. Faltando-lhe um dos dois aspectos, já se produz um dano ou, pelo menos, um desequilíbrio, devido à unilateralidade, podendo resvalar facilmente para o doentio.

A vida de Frida, nascida na cidade do México, é permeada por graves acidentes que afetaram em muito seu corpo. Já pequena teve poliomelite e ficou mancando de uma perna, até quando aos dezoito anos em um acidente de bonde estraçalha a coluna e a pélvis ficando alguns anos em recuperação através de quarenta cirurgias e colete de correção deitada em uma cama.

Frida começa a desenhar deitada com um cavalete adaptado e cores diversas que passam para a pintura naive. Seus sonhos passam a fazer parte ativa em sua vida cotidiana, uma vez que se torna presa de seu corpo imobilizado.

A personalidade da jovem também sofreu mudanças uma vez que Frida criou uma persona forte e excêntrica para enfrentar o mundo. Quando consegue finalmente voltar a andar, Frida busca Diego Rivara, conhecido artista muralista de igrejas e casas por quem se apaixona loucamente e se casa fora das regras sociais, com roupas coloridas, que aliás seriam suas favoritas, as saias longas para disfarçar a deficiência e calças compridas.

Sua capacidade intelectual e ideias políticas somadas à sua beleza e criatividade lhe proporcionam um encanto raro. Ela é uma mulher de excessos tanto no amor, como na vida desregrada, intimamente ligada à arte, tanto na pintura, como no canto como na música e na dança, frequentando a boemia com Diego e sozinha.

contioutra.com - “Nunca pinto sonhos nem pesadelos. Pinto minha própria realidade.”- Frida Kahlo
Original Caption: 1944: Photograph of Frida Kahlo (1910-1954), Mexican painter and wife of Diego Rivera.

Frida gosta de transgredir e o faz toda vez que é oportuno. Diego não se importa que ela transe com outras mulheres, aliás ele é completamente louco por mulheres, o que causa problemas para o casal. Vão para Nova York, onde Diego Rivera se torna famoso por seus murais até precisar interromper por razões ideológicas. Eles são ambos, comunistas, como a maioria dos artistas da época e num período de 25 anos, se separam e se unem até a morte de Frida aos 47 anos, já sem mais forças, tendo amputado perna e pé.

Frida tem um animus muito evoluído pela identificação com seu pai, a quem ama muito. O arquétipo do Animus é a representação masculina na mulher que, primeiramente, se identifica com o pai e passa a dirigir suas ações para o Logos, i.e., a razão, a lei e a capacidade de discernimento e de opinião. O animus constitui os meios de a mulher defender-se e criar seu padrão de comportamento através do conhecimento.

Contudo, sua base afetiva se funda em uma necessidade instintiva de proteção, que faz com que a mulher projete seu animus nos homens que conhece ao longo do caminho, nos diferentes papéis de herói, irmão, filho e figuras semelhantes às do pai. É, pois, mais razoável considerar a produção psíquica como um fator gerador do que gerado.

As polaridades estão presentes e atravessam todos os conceitos estabelecidos, cabendo a nós o trabalho de sentir e interpretá-las, seja nos opostos vida x morte, ódio x amor, mulher x homem, oprimido x opressor, luz x escuridão. Porque a loucura é um estranho fenômeno que pode ser entendido não apenas como existente no interior de alguém ou entre as pessoas, mas também como um processo arquetípico que abrange e influencia ambas as pessoas em um relacionamento através de seu domínio indefinível.

Logo, se o relacionamento é o lugar da transformação de indivíduos e da cultura, então, devemos não apenas expor a loucura de um relacionamento, mas também devemos descobrir o mistério desta loucura. Frida e Diego se completam.

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O relacionamento deve ser visto como o continente para se lidar com as forças arquetípicas e irracionais da loucura dentro de nossa cultura. Por esta razão, devemos pensá-lo como bem mais do que duas consciências ou inconsciências relacionadas através de pessoas que interagem. O relacionamento deve ser visto como repousando sobre um grande mar de vida emocional, uma dimensão que nunca é entendida apenas através de meios racionais. Este fato foi notado por Freud e também usado largamente por Jung.

As pinturas de Frida têm a estética muito próxima do Surrealismo. A Influência da arte folclórica indígena mexicana, cultura asteca, tradição artística europeia, marxismo e movimentos artísticos de vanguarda.

– Pintou muitos autorretratos, paisagens mortas e cenas imaginárias, faz uso de cores fortes e vivas e aborda temas de sua própria vida. “Espero alegre la salida y espero no volver jamás”. Morreu dormindo na mesma cama onde começou a pintar.

Uma irmã é mais do que uma amiga, é a metade de nosso coração

Uma irmã é mais do que uma amiga, é a metade de nosso coração

Uma irmã é mais que uma amiga. O vínculo que estabelecemos com elas vai além do familiar. É uma companheira de batalhas, o pilar cotidiano e inquebrável com quem sempre podemos contar.

Apesar de podermos ter diferenças, e do fato de que os anos de adolescência ou infância foram, muitas vezes, um campo de competição, discussões, roupas para dividir e invejas para esconder, ao final os anos nos fizeram compreender a importância deste laço.

Com frequência costuma-se dizer que a verdadeira família é aquela que a pessoa escolhe, sem a necessidade de um mesmo código genético. Isso é verdade, todos sabemos. No entanto, muitas vezes a união que se estabelece com uma irmã supera qualquer relação.

É uma conexão emocional, biológica e de intimidade tão exclusiva que quem tem a sorte de ter uma irmã sabe muito bem que é um autêntico tesouro que precisamos cuidar e valorizar.

Uma irmã, o vínculo que transcende a própria família

É possível que você tenha passado algum tempo sem falar com a sua irmã. A vida, em algumas ocasiões, nos coloca em encruzilhadas estranhas onde pesa muito o orgulho, ou as discrepâncias marcadas por um momento de pouco tato.

No entanto, apesar da distância e da irritação, o coração sempre fica machucado e é difícil manter por muito tempo esta separação, esta inimizade. No final das contas é nossa irmã menor,  ou mais velha, quem sempre nos guiou e nos aconselhou da forma mais acertada.

Uma chamada telefônica, risadas, uma lembrança, e de repente surge de novo esta conexão que jamais poderá ser destruída, apesar da distância, apesar dos problemas.

Vejamos agora como se caracteriza esta relação com nossas irmãs.

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Uma mesma criação, mas com personalidades muito diferentes

Em algumas ocasiões é quase incrível como, apesar de terem recebido a mesma educação, de terem vivido as mesmas coisas, cada irmã acaba sendo muito diferente da outra.

  • Há as reacionárias e rebeldes, as que nos ensinaram a defender nossos espaços, nossos direitos, a termos voz e saber escolher o que é melhor para nós.
  • Outras irmãs, por outro lado, são um mar de calma e equilíbrio que sempre sabem nos oferecer conselhos valiosos. São o apoio em dias de dificuldade em que nos sentidos ouvidas e compreendidas.

Não há motivo para que os irmãos compartilhem a mesma personalidade.Assim como os filhos não são cópia dos pais, entre irmãos costumam estar presentes interesses muito diferentes e reações muito distintas sobre as mesmas coisas.

Isso é também uma ajuda e uma forma de crescer, já que eles podem se complementar em muitos aspectos.

Quando não são necessárias palavras

Não é preciso indicar a uma irmã que estamos mal quando estamos frente a frente com ela. O vínculo emocional de sangue e a experiência fazem com que ela perceba, quase instantaneamente, que algo está errado.

É aí que surge a proximidade e a preocupação que tanto nos reconfortam.

Apesar de termos amigas, parceiros, e de contarmos com nossos pais, uma irmã compartilha conosco todo um legado de histórias e situações que as farão compreender muito bem de que maneira podem nos ajudar.

Não importa a distância, nem as diferenças

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Não importa se houver um oceano entre nós, se a maturidade e nossas histórias nos obrigaram a nos separarmos para formarmos nossas próprias famílias.

A preocupação e o interesse pela irmã sempre estarão presentes. É algo natural e quase instintivo. Chamadas, mensagens… sempre haverá um modo de contar com este apoio, com este interesse contínuo pela outra metade de nosso coração de quem tanto sentimos falta.

Ninguém nos diz a verdade com tanta sinceridade como nossa irmã

Talvez sejam os anos, ou tudo que foi compartilhado, mas sabemos muito bem quenossa irmã sempre nos dirá a verdade de forma sincera e quase sem anestesia.

Uma irmã não sente a obrigação de ser condescendente, nem ao menos de nos agradar com falsos convencionalismos. Ela sabe que a sinceridade é parte deste laço familiar e é, sem dúvida, o que sempre esperamos dela.

Uma irmã sempre será mais do que uma amiga porque passamos com elas por diversas vicissitudes. A experiência da infância, muitas vezes complicada, estas falhas da juventude onde tivemos seu apoio, e a maturidade à qual ambas chegaram são triunfos pessoais compartilhados que deixam marcas maravilhosas.

Marcas no coração…

Se neste momento você estiver distante de sua irmã por uma pequena desavença, guarde seu orgulho e saiba que isso não vale a pena.

A vida é muito mais simples do que pensamos, e o apoio entre irmãos é um presente especial do qual deveríamos desfrutar todos os dias.

Julieta – A complexidade desconcertante das mulheres de Almodóvar

Julieta – A complexidade desconcertante das mulheres de Almodóvar

Com paisagens, cenários, diálogos e silêncios de tirar o fôlego, Julieta de Almodóvar tem a rara capacidade de nos atingir lá naquele espacinho íntimo feminino. O filme conversa conosco numa linguagem que desperta a perturbadora certeza de que, sendo mulheres, somos mães alucinadas pela segurança dos filhos; irmãs e amigas num ponto de fusão entre intimidade e competição; filhas rebeldes, amorosas e indecifráveis; o lastro familiar que agrega valores e crenças; a vadia cega pela satisfação de seu prazer, custe o que custar.

Tudo isso, num caldo emocional que desorganiza a gente por dentro, dada a intensidade dos sentimentos tão controversos que compõem a ilógica lógica feminina. Julieta, assim como Antía – a filha, Ava – a amiga e rival, Marian – a protetora e algoz, Beatriz – a luz afetiva e a sombra do distanciamento, entrelaçam suas vidas numa intrincada trama que se desenrola e traz à tona experiências de amor, desamor, raiva, inveja, rupturas, coragem, medo, perdas, reencontros e redenção.

O fio condutor, uma carta escrita pela mãe à filha ausente, afastada em um autoexílio, cujo objetivo é purgar a dor partilhada em silêncio e libertar-se de anos de coisas que deixaram de ser ditas, sentimentos engolidos a seco e mágoas que de tão negadas, viraram pedra no peito, onde antes havia amor.

O vigésimo filme da riquíssima carreira de Almodóvar como cineasta, encarna um drama, segundo o próprio autor, sobre mulheres “imperfeitas, mas defensáveis, como são vocês, como somos todos”. O elenco, em sua maioria, vive pela primeira vez a experiência de trabalhar com Almodóvar. A ideia de escrever essa história vem de 2009, quando o cineasta comprou os contos Destino e Silêncio, de Alice Munro – escritora sueca e ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura.

Dos textos originais de Munro, Almodóvar conservou apenas uma sequência de cenas que se desenrolam no vagão de um trem. Lá fora, ventos fortíssimos e a noite escura e fria; dentro do trem, encontros intensos, cujas consequências reverberarão em flashes, ao longo de toda a trama.

A história é rica em sentimentos que parecem prontos a explodir, mas são contidos às custas de um abatimento que invade as personagens femininas, fazendo-as estampar nos olhos aquele sentimento diluído e denso que fica depois de uma dor aguda. Não há choros libertadores, apenas lágrimas ardidas que não ousam ir além de um traço fino desenhado no rosto.

Julieta, é desses filmes que não podemos nos privar de ver; que vamos querer rever, na ânsia de termos perdido algum detalhe, posto que estivemos o tempo todo imersos e arrebatados, vivendo junto com os personagens na tela. É dessas experiências que nos fazem olhar para nossas próprias relações em busca de algum nó que precisa ser desfeito, de algum canto da vida que precisa ser revisitado e de algum silêncio que precisa ser quebrado para nos devolver a voz.

Nem sempre nós ficamos com os amores das nossas vidas

Nem sempre nós ficamos com os amores das nossas vidas

Por Heidi Priebe (tradução)

Eu acredito em grandes amores.

Mas falo e namoro como se não acreditasse.

Eu não tenho expectativas fúteis para o romance. Eu não estou à espera de sentir aquela sensação estranha de estar a flutuar. Eu sou um daqueles indivíduos raros, talvez um pouco cansados, que realmente gosta deste ambiente atual de conexão entre as pessoas e é feliz por viver numa época em que a monogamia não é necessariamente a norma.

Mas eu acredito em grandes amores, porque já tive um.

Eu tive esse amor que tudo consome. O amor do tipo “eu não posso acreditar que isto existe no mundo físico.”

O tipo de amor que irrompe como um incêndio incontrolável e então se torna brasa que queima em silêncio, confortavelmente, durante anos. O tipo de amor que escreve romances e sinfonias. O tipo de amor que ensina mais do que tu pensaste que poderias aprender, e dá de volta infinitamente mais do que recebe.

É amor do tipo “amor da tua vida”.

E eu acredito que funciona assim:

Se tu tiveres sorte, conhecerás o amor da tua vida. Tu estarás com ele, aprenderás com ele, darás tudo de ti a ele e permitirás que a sua influência te mude em medidas insondáveis. É uma experiência como nenhuma outra.

Mas aqui está o que os contos de fadas não te vão dizer – às vezes encontramos os amores das nossas vidas, mas não conseguimos mantê-los.

Nós não chegamos a casar-nos com eles, nem passamos anos ao lado deles, nem seguraremos as suas mãos nos seus leitos de morte depois de uma vida bem vivida juntos.

Nós nem sempre conseguimos ficar com os amores da nossa vida, porque no mundo real, o amor não conquista tudo. Ele não resolve as diferenças irreparáveis, não triunfa sobre a doença, ele não preenche fendas religiosas e nem nos salva de nós mesmos quando estamos perdidos.

Nós nem sempre chegamos a ficar com os amores das nossas vidas, porque às vezes o amor não é tudo o que existe. Às vezes tu queres uma casa num pequeno país com três filhos e ele quer uma carreira movimentada na cidade. Às vezes tu tens um mundo inteiro para explorar e ele tem medo de se aventurar fora do seu quintal. Às vezes tu tens sonhos maiores do que os do outro.

Às vezes, a maior atitude de amor que tu podes ter é simplesmente deixar o outro ir.

Outras vezes, tu não tens escolha.

Mas aqui está outra coisa que não te vão contar sobre encontrar o amor da tua vida: não viveres toda a tua vida ao lado dele não desqualifica o seu significado.

Algumas pessoas podem amar-te mais em um ano do que outras poderiam te amar em cinquenta anos. Algumas pessoas podem ensinar-te mais em um único dia do que outras durante toda a sua vida.

Algumas pessoas entram nas nossas vidas apenas por um determinado período de tempo, mas causam um impacto que mais ninguém pode igualar ou substituir.

E quem somos nós para chamar essas pessoas de algo que não seja “amores das nossas vidas”?

Quem somos nós para minimizar a sua importância, para reescrever as suas memórias, para alterar as formas em que nos mudaram para melhor, simplesmente porque os nossos caminhos divergiram? Quem somos nós para decidir que precisamos desesperadamente substituí-los – encontrar um amor maior, melhor, mais forte, mais apaixonado que pode durar por toda a vida?

Talvez nós devêssemos simplesmente ser gratos por termos encontrado essas pessoas.

Por termos chegado a amá-las. Por termos aprendido com elas. Pelas nossas vidas se terem expandido e florescido como resultado de tê-las conhecido.

Encontrar e deixar o amor da tua vida não tem que ser a tragédia da tua vida.

Deixá-lo pode ser a tua maior bênção.

Afinal, algumas pessoas nunca chegam sequer a encontrá-lo.

Foto de Diego Rezende da Pexels

É preciso se perder para então se encontrar

É preciso se perder para então se encontrar

Às vezes é quando você se perde que encontra um novo caminho, um novo você. Distante das coisas incômodas, das pessoas nocivas e dos programas que pouco agregam, o momento de reservar para si, algo mais. Começar novas leituras, pesquisar um álbum diferente para ouvir, assistir uma peça ou um filme completamente diferente do habitual. Todos são exercícios que auxiliam, mas que não são determinantes. Porque autoconhecimento é nutrido por vontade e, quanto mais o tempo passa, mais você percebe sobre diferentes gostos. Pode parecer que está se tornando seletivo demais, afinal, até mesmo os relacionamentos já não carregam o ímpeto de outrora. Mas não, isso tudo corresponde sobre não estar satisfeito com o velho. O coração, agora calejado, preza intimamente por ligações que somam, instigam e refletem outro tipo de comportamento. É o verdadeiro viver desabrochando dentro de você.

Ninguém sabe todas as respostas e os que vivem em certezas, certamente bem menos. Mas quando você permite se abraçar, reconhecendo a própria solidão, nada parece assim tão complicado. Porque solidão faz bem. Estar consigo exige coragem e muito amor. E é no amor primeiro o princípio do outro. Demandar carinho, admiração e cuidado vindo de dentro, prepara e renova o fôlego no caso de tropeços e inquietudes jogadas pela vida. Não há tempo perdido. Não há silêncio ignorado. Não há arrependimento mantido. A confusão emocional do passado dá lugar para o sorriso de quem quer construir o hoje com mãos firmes e prazeres estendidos e sentimentos compreendidos. Se perder não é desespero, fuga ou qualquer outro escape filosofal. Reconhecer a necessidade da mudança não é mentir pra si e tampouco fingir ser quem não é. Nada disso. Estar fora da zona de conforto mostra evolução. E como precisamos todos evoluir. Deixando num canto todos os conceitos datados, enlatados e maltratados aos corações.

É preciso se perder para então se encontrar. É uma escolha. Uma escolha que implica disposição e entrega. Mas não menos sentir. Pois não importa o final do caminho, desde que se esteja conhecendo cada instante ao longo do coração, do seu coração. Não é por lá que tudo começa?

O dom e o fardo de sentir profundamente em um mundo de beleza e dor

O dom e o fardo de sentir profundamente em um mundo de beleza e dor

Algum lugar do mundo, 12 de julho de 2016

Tem horas que só queria que os sentimentos passassem por dentro de mim e fossem embora. Não queria ser morada de tantos andares. Queria ser pátio com rede provisória. Poderiam até chegar, tirar um cochilo ou outro, mas sem se instalarem e cobrarem serviço de quarto. Estadia sem café da manhã incluso. Check-out no horário.

Existe tanta coisa aqui dentro entupida. Como se minhas mãos fossem um funil, por onde tentam sair diversos sentimentos aspirantes a palavras. E como posso cobrar que alguém entenda toda essa confusão se eu mesma me perco e me deixo levar? Se, frequentemente, confundo a realidade com essas vozes a murmurar.

Queria eu, nestes momentos mais perdidos, ser menos dotada de sentir, abdicar de tanta capacidade à reflexão. Tem horas que se levar tão a sério parece uma grande bobagem. E realmente é, na minha opinião.

Mais difícil ainda, sendo alguém intenso (chamaremos assim para aliviar a conversa), é não interpretar como descaso o sossego alheio. Confesso que soa assim. Principalmente aquele que vem como gota d’água desnecessária, em discretas brincadeiras, comentários sem maldade e sem peso, mas que fazem a cabeça transbordar por já encontrar-se saturada de sentimentos e pensamentos sem freio.

E, transbordando, estes (quase seres) resolvem não esperar por sua triagem no funil. Querem simplesmente sair, pois tem medo de apodrecerem antes de serem digeridos. Aumentam de tamanho, desproporcionalmente e, se não forem sossegados, causam confusão sem fim. Fazem greve, organizam motim. É necessário tirar hora-extra para acalmar a rebelião.

Há quem diga que sentir profundamente seja um dom neste mundo em que vivemos. Necessitando, porém, ser administrado com maestria ou acaba por tornar-se maldição.

Por vezes, só gostaria de conseguir viver com mais leveza sem perder a paixão. Encarar com mais clareza o que é real ou não. Só queria não esperar do outro, o que espero de mim. O que me cobro, no que me afogo, no que me enterro, no que me sufoco, no que me agarro e me impulsiono e chego até mesmo a voar, raras vezes sem rumo, porém. Mas voo alto, a ponto de ver o horizonte com muita clareza, mesmo na falta de necessária destreza.

E quando caio (pois jamais desceria de tão bela visão por gosto) a terra não é suficiente para mim. Vou para as águas, sinto as ondas quebrarem na minha pele, onde me debato, até desistir. E canso de lutar e afundo, no profundo, no escuro, onde só me resta o silêncio e a falta de ar.

Hei de ter paciência comigo mesma e com o outro. A mim, quando sinto que interiorizar demais é sina enquanto, verdadeiramente, não há benção maior que poder conhecer-se aos poucos. Ao outro, quando trata com descaso e medo tanta reflexão, mas que por vezes encontra nela empatia, conselho e explicação.

Nada que a idade não traga, a paz na alma e a calma de ser somente observador, de aceitar que sentir intensamente é um dom e um fardo em um mundo tão bivalente, pleno de beleza e dor.

Mães e filhas: o vínculo que cura, o vínculo que fere

Mães e filhas: o vínculo que cura, o vínculo que fere

Cada filha leva consigo a sua mãe. É um vínculo eterno do qual nunca poderemos nos desligar. Porque, se algo deve ficar claro, é que sempre teremos algo de nossa mãe.

Para termos saúde e sermos felizes, cada uma de nós deve conhecer de que maneira nossa mãe influenciou nossa história e como continua influenciando. Ela é a que, antes de nascermos, ofereceu nossa primeira experiência de carinho e de sustento. E é através dela que compreendemos o que é ser mulher e como podemos cuidar ou descuidar do nosso corpo.

Nossas células se dividiram e se desenvolveram ao ritmo das batidas do coração; nossa pele, nosso cabelo, coração, pulmões e ossos foram alimentados pelo sangue, sangue que estava cheio de substâncias neuroquímicas formadas como resposta a seus pensamentos, crenças e emoções. Quando sentia medo, ansiedade, nervosismo, ou se sentia muito aborrecida pela gravidez, nosso corpo se inteirou disso; quando se sentia segura, feliz e satisfeita, também notamos.
– Christiane Northrup –

O legado que herdamos de nossas mães

“A maior herança de uma mãe para uma filha é ter se curado como mulher”
– Christiane Northrup –

Qualquer mulher, seja ou não seja mãe, leva consigo as consequências da relação que teve com sua progenitora. Se ela transmitiu mensagens positivas sobre seu corpo feminino e sobre a maneira como devemos trabalhá-lo e cuidá-lo, seus ensinamentos sempre irão fazer parte de um guia para a saúde física e emocional.

No entanto, a influência de uma mãe também pode ser problemática quando o papel exercido for tóxico, devido a uma atitude negligenciada, ciumenta, chantagista ou controladora.

Quando conseguimos compreender os efeitos que a criação teve sobre nós, começamos a compreender a nós mesmas, a nos curarmos, e a sermos capazes de assimilar o que pensamos de nosso corpo ou a explorar o que consideramos possível conseguir na vida.

A atenção materna, um nutriente essencial para toda a vida

Quando uma câmera de TV filma alguém do público em algum evento esportivo ou qualquer outro acontecimento… O que as pessoas costumam gritar? “Oi, mãe!”

Quase todos nós temos a necessidade de sermos vistos por nossas mães, buscamos sua aprovação. Na origem, esta dependência obedece às questões biológicas, pois precisamos delas para subexistir durante muitos anos; no entanto, a necessidade de afeto e de aprovação é forjada desde o primeiro minuto, desde que olhamos nossa mãe para sabermos se estamos fazendo algo certo ou se somos merecedores de uma carícia.

Assim como indica Northrup, o vínculo mãe-filha está estrategicamente desenhado para ser uma das relações mais positivas, compreensivas e íntimas que teremos na vida. No entanto, isso nem sempre acontece assim…

Com o passar dos anos, esta necessidade de aprovação pode se tornar patológica, gerando obrigações emocionais que propiciam que nossa mãe tenha o poder sobre nosso bem-estar durante quase toda a nossa vida.

O fato de que nossa mãe nos reconheça e nos aceite é um sede que temos que saciar, mesmo que tenhamos que sofrer para conseguir isso. Isso supõe uma perda de independência e de liberdade que nos apaga e nos transforma.

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Como começar a crescer como mulher e filha?

Não podemos escapar desse vínculo, pois seja ou não saudável, sempre estará ali para observar nosso futuro.
A decisão de crescer implica limpar as feridas emocionais ou qualquer questão que não tenha sido resolvida na primeira metade de nossa vida. Esta transição não é uma tarefa fácil, pois primeiro temos que detectar quais são as partes da relação materna que requerem solução e cicatrização.

Disso depende nosso senso de valor presente e futuro. Isso acontece porque sempre há uma parte de nós que pensa que devemos nos dar em excesso para a nossa família ou para o nosso parceiro para sermos merecedoras de amor.

A maternidade e, inclusive, o amor de mulher continuam sendo sinônimos culturais na mente coletiva. Isso supõe que nossas necessidades sejam sempre relegadas ao cumprimento ou não das dos demais. Como consequência, não nos dedicamos a cultivar nossa mente de mulher, senão a moldá-la ao gosto da sociedade na qual vivemos.

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As expectativas do mundo sobre nós podem ser muito cruéis. De fato, eu diria que constituem um verdadeiro veneno que nos obriga a esquecer nossa individualidade.

Estas são as razões que fazem tão necessária a ruptura da cadeia de dor e cicatrização íntegra de nossos vínculos, ou as lembranças que temos deles. Devemos estar cientes de que estes vínculos se tornaram espirituais há muito tempo e, portanto, cabe a nós fazermos as pazes com eles.

Fonte consultada: Mães e filhas de Christiane Northrup

Os 10 piores hábitos de comunicação

Os 10 piores hábitos de comunicação

Um simples mau hábito de comunicação é suficiente para causar vários problemas. Às vezes, o custo de uma má comunicação é imediato; em outras, as consequências negativas assumem forma com o tempo.

Hoje em dia, com múltiplas ferramentas disponíveis para se comunicar, é mais difícil trabalhar a postura e boas condutas nas horas de conversação e interatividade.

Conversar é uma atividade humana primordial, que toma boa parte do cotidiano das pessoas. De acordo com Martin Heidegger, “só há mundo onde há linguagem”. A comunicação é vital à civilização.

Em conversas informais, mensagens de texto, na elaboração de e-mails e na escrita de um documento, por exemplo, nós, muitas vezes, somos acometidos pela pressa, e acabamos errando no linguajar.

Erros de concordância verbal e nominal, ignorância em relação à pontuação, gramática e ortografia, letras trocadas, palavras sem sentido. Todos esses erros são comuns e podem parecer banais, irrelevantes, mas, certamente, eles prejudicam na transmissão de uma comunicação eficaz.

Toda pessoa tem seus vícios de comunicação, os quais são persistentes, prolixos e podem transformar-se em hábitos corroboráveis da linguagem.

Quando os maus hábitos de comunicação insurgem, a reputação de um comunicador se torna comprometida, assim como sua credibilidade.

Apesar de nós errarmos muito e consecutivas vezes no expressar, é sensato pensar mais de duas vezes antes de falar ou escrever. Um certo rigor é recomendável para todos aqueles que desejam se certificar da compreensão de suas mensagens.

Para se fazer entender, e ser compreendido, a linguagem de uma pessoa não é mais importante do que seu caráter, embora a forma como se comunica seja deveras determinante para a assimilação da parte de todos. Segundo um provérbio chinês, “a língua é um sabre que pode trespassar o corpo”.

A linguagem nasceu para facilitar relações culturais e clarificar os pensamentos dos envolvidos em uma conversa discernível. O impacto de uma comunicação assertiva favorece o desenvolvimento de qualquer sociedade coesa e produtiva.

Geoffrey Tumlin, especialista em comunicação, afirma:

“Este é o melhor momento na história humana para ser um comunicador competente. É verdade que pode ser extremamente difícil se libertar dos maus hábitos associados com a distração, a celeridade, a auto-expressão e o excesso que caracterizam grande parte da nossa comunicação na era digital. No entanto, se estivermos dispostos a abandonar alguns de nossos hábitos de comunicação ruins, podemos otimizar as oportunidades de forma produtiva e significativa com outras pessoas.”

Muitos dos problemas do mundo digital atual são suscitados por má comunicação e compreensão entre as partes.

Apesar da avançada tecnologia eliminar fronteiras entre as pessoas, em um mundo vertiginosamente tecnológico, aumentam-se os problemas de comunicação presencial, explícita, cara a cara. Como afirmou o já falecido jornalista e humorista Millôr Fernandes:

“Só depois que a tecnologia inventou o telefone, o telégrafo, a televisão, a internet, foi que se descobriu que o problema de comunicação mais sério é o de perto.”

Alguns hábitos não só prejudicam uma comunicação, como a desmantelam completamente. E, por mais que esses hábitos sejam passíveis de acontecer várias vezes em determinadas circunstâncias, representam, intencionalmente ou não, uma falta de decoro para com quem se fala.

Agir é mais impactante do que pensar, porém, fazer algo sem pensar pode ser mais perigoso do que qualquer pensamento. A ação mostra o ardor de um trabalho, mas é o pensamento que forja a intenção de agir. Em paralelo, pode-se dizer que, porque a fala é uma reação a um ouvido, dizeres impensados resultam em ouvires (e interpretações) incoerentes.

Mas a comunicação não é tudo o que importa para o entendimento de pessoas, coisas e relações. O filósofo francês Paul Ricoeur disse o seguinte:

“Não pode haver uma totalidade da comunicação. Com efeito, a comunicação seria a verdade se fosse total.”

O silêncio, em uma ou outra situação, é a melhor forma de comunicação, ou então a mais adequada. Pode-se falar muito sem falar nada. Além disso, bem disse Benjamin Disraeli, “há pessoas silenciosas que são muito mais interessantes do que os melhores oradores”. De fato, algumas pessoas são mais valorizadas em seu silêncio do que quando estão verbalizando.

Uma das finalidades da comunicação é fazer-se entender, embora seja preferível, eventualmente, desentender ou ser desentendido.

Ao nos expressarmos, facilmente podemos perder o ritmo e a coerência de nossa fala, muitas vezes de forma imperceptível. Essas falhas, entretanto, deturpam a eloquência de uma mensagem e, devido à precariedade no canal de comunicação, ambos os envolvidos assumem perspectivas erradas do que se fala ou ouve.

Bem, poucas coisas são mais impróprias e desagradáveis para uma comunicação do que esses 10 hábitos a seguir:

1. Falar sem ouvir

Como disse Goethe, “falar é uma necessidade, escutar é uma arte.” É provável que as pessoas já imaginem o quão desagradáveis podem ser as situações que acontecem a partir de uma simples falha de ouvir. A negligência de escuta é um hábito muito comum, e um problema fundamental. Uma marca registrada de má audição é quando a pessoa fala interminavelmente (como em um monólogo) ou não faz qualquer pergunta relacionada ao que o outro falou (como se acometida pelo desinteresse). Habilidades pobres de escuta resultam em falhas de comunicação, oportunidades perdidas, além de menor produtividade devido a erros e esforços redundantes.

2. Interromper

Todos nós temos uma coisa em comum quando falamos: queremos ser ouvidos. As pessoas que interrompem as outras com frequência podem acabar cortando uma linha de raciocínio, comprometendo a integridade da mensagem. Às vezes, o ato de interromper é inevitável, mas são poucos que fazem isso quando é realmente necessário. Apesar de muitos acharem que suas interjeições (ou intromissões) são importantes para complementar o que o outro está dizendo, isso também pode demonstrar uma falta de envolvimento. Como disse o escritor e pintor Malcolm de Chazal, “a melhor forma de ser escutado é fazer de cada ser um auditório completo e, do auditório inteiro, um único ser”.

3. Mergulhar em distrações

Vivemos em terras rodeadas por mares de distração, e estes não saem de nosso horizonte. A revolução digital facilitou a hipercomunicação, mas tornou mais difícil, para qualquer um, ouvir. Celular, tablet e laptop, por exemplo, são recursos de comunicação viciantes, e por isso nós abusamos deles. No entanto, quando alguém solicita nossa atenção ou está nos falando algo e, ao mesmo tempo, ficamos mergulhados nas águas profundas da distração, isso demonstra uma clara falta de respeito, um péssimo hábito de comunicação, e o mais evidente sinal de ruído.

4. Envolver em multitarefas

Independentemente de quem estamos falando, as conversas merecem total atenção, e não apenas olhares indiferentes por estarmos envolvidos em multitarefas simultâneas. Esse é um hábito do qual todos são passíveis de ser culpados. Mesmo que estejamos realizando uma atividade simples que permita uma conversa sincronizada com outra pessoa, corremos o risco de quebrar o elo comunicativo ao direcionar o foco para diversos alvos.

5. Evitar contato presencial

Grande parte das pessoas gosta da conveniência de mensagens de texto e e-mail. Porém, preferenciar o contato à distância, ao invés do presencial, nos torna preguiçosos, além de isso sinalizar uma falta de prioridade em relação a não estar junto com a pessoa. Se é possível explicar para alguém, pessoalmente, aquilo que comunicamos de longe, então as razões para evitar o contato direto são produtos de uma escolha. Para o outro, isso pode ser decepcionante. A variedade infinita de recursos de comunicação facilitou a troca verbal, mas também impôs grandes distâncias. Esse mau hábito, se não for desvirtuado constantemente, torna-se uma característica.

6. Entrar em embate

Há conversas que vão da paz à guerra em instantes. Algumas pessoas discutem para testar e evoluir suas ideias, enquanto outras discutem simplesmente porque gostam de provocar. Esse mau hábito de comunicação faz de uma pessoa alguém difícil de interagir, ao mesmo tempo que abduz o outro a reagir de forma igualmente ofensiva ou indecorosa. Ou seja, combater a outra pessoa enquanto está falando pode ser um ato recíproco e automático, quando claramente indica uma resposta explosiva para um sinal de comunicação primário. Impor vontade sobre a outra pessoa através de discussões destrutivas é um mau hábito comum que, em sua veemência implacável, dificilmente melhora a oratória e a essência da mensagem transmitida.

7. Fazer perguntas mal-intencionadas

Nem sempre é melhor fazer perguntas, para alimentar a conversa, do que não fazer nenhuma. Certas questões não são neutras. As perguntas fazem melhores conversas, mas podem causar problemas se a outra pessoa interpretá-las como sendo mal-intencionadas. Alguns problemas de comunicação refletem em habilidades de questionamento precárias. Perguntas defeituosas contribuem para muitas falhas de conversação e podem adicionar ansiedade defensiva, retração, repulsa e má vontade para interações. Algumas perguntas são suscetíveis de sufocar diálogos, mesmo que o propósito tenha sido a progressão da conversa.

8. Contatar alguém somente quando precisa

Esse é um dos principais hábitos de comunicação ruins. As pessoas afetadas por esse hábito costumam contatar outro alguém apenas quando têm algum problema, estão a caça de trabalho, precisam de consolo, atenção, ou referências de ação. Nesses períodos de necessidade, as conversas são solicitadas mais por conveniência do que por consideração. Seja qual for a razão pela qual as pessoas fazem isso, não deixa de ser desagradável para quem recebe esse tipo de mensagem sazonal e de cunho interesseiro. José Ortega y Gasset comentava que “pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a certeza de vir a ser recompensado”. Afinal, ninguém gosta de sentir que está sendo usado unicamente para fins utilitários que não envolvam troca de sentimentos genuínos.

9. Não retornar mensagens de texto, telefonemas ou e-mails

Outro mau hábito de comunicação bastante comum. Em algumas comunidades e culturas de trabalho, não retornar mensagens é uma grave violação de conduta, enquanto em uma sociedade hiperconectada já virou uma prática rotineira e até aceitável. Seja por ignorar alguém ou por não desejar a continuidade da comunicação, muitas pessoas preferem dar fim de papo sem precisarem dizer algo.

10. Contar mentiras

Todos nós mentimos, por razões diversificadas, e não é curioso o fato de que alguém possa ser tão descredenciado por ter o hábito recorrente de mentir. Não importa que a mentira seja para evitar ferir os sentimentos de alguém ou proteger a si mesmo, poucas pessoas estão dispostas a confiar em alguém que mente constantemente, a não ser que queiram ser enganadas. Veracidade exige coragem e, essencialmente, paciência para contornar os seus impactos, ao passo que mentir exige destreza e pode ser um ato de manipulação. Sim, a verdade pode ferir, muitas vezes e profundamente, mas as mentiras tendem a ser, no devido tempo, mais prejudiciais.

Pais que mimam filhos estão criando geração de incapazes de lidar com frustração

Pais que mimam filhos estão criando geração de incapazes de lidar com frustração

À mesa do restaurante, João faz manha exigindo o celular da mãe para se divertir durante o almoço. Maria se joga no chão da loja de brinquedos porque quer que o pai compre aquela boneca agora. E, sentado no sofá de casa, Pedro se irrita com os pais porque quer uma resposta urgente sobre poder ou não ir à festa dos amigos no sábado à noite. Todos eles, não importa a idade, têm algo em comum: vão se tornar adultos mimados, incapazes de lidar com as frustrações do mundo.

A culpa do destino dos três, João, Maria e Pedro, é do imediatismo que rege as relações atualmente. Temos, como pais, dito muitos “sim” para os filhos, quando, na verdade, o ideal seria dizer mais “não sei” ou “vou pensar”. Como explica a psicóloga e educadora Rosely Sayão, essa atitude traz como maior prejuízo uma alienação em relação à realidade.

— O adulto que tem o imediatismo cultivado, ao invés de controlado, tem dificuldade de compreender e se inserir no mundo.

Pressionados a responder às demandas dos filhos imediatamente, os pais acabam soltando respostas impensadas, e a consequência, na visão da coach de vida e carreira Ana Raia, é a criação de jovens pouco preparados para lidar com a vida.

Segundo ela, os pais, atualmente, não aguentam não ser imediatistas. Se no passado eles se permitiam deixar os filhos insatisfeitos por mais tempo, hoje atitudes como essa se transformaram em um dos maiores desafios na educação das crianças e jovens.

Ana acredita que a tecnologia colabore para o imediatismo a partir do momento em que, ao toque de um dedo na tela do celular, a resposta para qualquer pergunta ou busca de informação podem ser obtidas em pouquíssimos segundos.

— Não conseguimos sustentar uma dúvida por muito tempo, um incômodo. Não sabemos lidar com um mal-estar neste mundo onde a felicidade é imperativa.

E a dúvida, explica Rosely Sayão, é preciosa, assim como a espera e o pensamento, porque eles ajudam a criança a crescer e a amadurecer. Crianças que não têm momentos de “mente vazia”, por exemplo, poderão sofrer graves consequências na vida adulta.

Alguém que está sempre entretido terá para sempre a necessidade de entretenimento constante, alerta o médico Daniel Becker, criador do projeto Pediatria Integral. Segundo ele, para ser criativo, o cérebro humano precisa da criatividade.

— São necessários momentos em que ele está engajado com algo externo, e também momentos em que está ocioso, em estado de contemplação. Quando uma criança tem seu tempo completamente tomado com atividades como escola, inglês, natação, Facebook, Instagram, WhatsApp, ela fica incapacitada de ter importantes processos interiores.

Becker acrescenta que crianças que não interagem com seus pares ou com os adultos, porque passam o dia com eletrônicos na mão, terão menos inteligência emocional, menos empatia e menos capacidade de se comunicar com os outros quando crescerem.

Se este já não fosse um bom argumento, ainda haveria a opinião de outros especialistas, que enxergam o hábito dos pais de entregar celulares e tablets às crianças como algo benéfico apenas para os adultos.

Na opinião de Rosely Sayão, oferecer um eletrônico em momentos em que se espera que os filhos se socializem com a família e amigos não é um carinho, mas, sim, um comodismo.

— O celular e o tablet nestas situações têm a função do “cala a boca”, nada além disso.

Mas, então, o que fazer quando a conversa no restaurante está boa, mas os pequenos não param de dar chilique e pedir para ir embora? O pediatra Daniel Becker dá uma boa dica.

— As pessoas se esquecem que as crianças sabem conversar e que podem fazer pequenos contratos. Mesmo as menorzinhas têm essa capacidade de compreensão. Basta dizer ao filho que, nos momentos em que estiverem conversando em família, ele não terá o tablet, mas que, quando a mamãe e o papai estiverem falando só com seus amigos, ele poderá pegar o tablet emprestado por 15 minutos. Assim, se alcança um equilíbrio.

Soluções como esta são recursos para que os pais lidem não só com o imediatismo das crianças, como também o deles próprios, que pode, mesmo que de maneira não intencional, servir como exemplo negativo aos filhos, que acabam copiando as atitudes da família.

Para o pediatra presidente do Congresso Brasileiro de Urgências e Emergências Pediátricas, Hany Simon, a ansiedade e a angústia na adolescência e na vida adulta podem ser resultados do imediatismo paterno presenciado na infância. E, como reforça Rosely Sayão, viver de maneira urgente só traz impactos emocionais negativos nas crianças.

— Somos imediatistas desde que nascemos. Choramos para manifestar desconforto, somos atendidos e temos nossas necessidades básicas saciadas. Com isso, vem também uma sensação de prazer, que vamos desejar para sempre. No entanto, precisamos entender que não é o princípio do prazer que vai reger a nossa vida, e, sim, o princípio da realidade. O papel dos pais é, aos poucos, mostrar aos filhos a realidade do mundo.

Faxina na Alma- Sílvia Marques

Faxina na Alma- Sílvia Marques

Sabe aquele amigo sempre indisponível para você? Coloque-o no lixo reciclável junto com as garrafinhas pet. Sabe aquele outro amigo que se acha o máximo? Faça o mesmo.

Muitas mulheres tiram o domingo para faxinar a casa, lavar a roupa. Desencostam móveis, saem à caça da poeira escondida, enceram o piso, limpam os vidros, retiram da geladeira e armários os produtos vencidos.

Da mesma forma que dedicamos parte do nosso tempo a limpar e a organizar onde vivemos, deveríamos regularmente faxinar a alma. Jogar fora emoções com data de validade vencida. Sacudir a poeira de mágoas que ficaram debaixo do tapete. Dar um lustro nas nossas qualidades positivas. Varrer para fora de casa gente que não acrescenta. E no final do dia, se servir de uma taça com alguma coisa qualquer, espalhar-se no sofá da sala e admirar como você trabalhou bravamente para viver num lugar mais harmonioso e seu. Se sujeira e bagunça incomodam o bem estar, imaginem quando o local sujo e bagunçado é o nosso coração?

Sabe aquele amigo sempre indisponível para você? Coloque-o no lixo reciclável junto com as garrafinhas pet. Sabe aquele outro amigo que se acha o máximo? Faça o mesmo. Sabe aquela sua mania de concordar com as baboseiras que os outros dizem para ser educado? Jogue no lixo com o molho inglês vencido. No lixo não reciclável. Sabe aquele tique nervoso de tentar justificar todas as babaquices que fazem contra você? Jogue no triturador e deleite-se com o barulho do mau hábito sendo esmigalhado.

Livre-se do sentimento de culpa por ter sido compreensivo e carinhoso com gente sem noção. Pare de se achar o patinho feio problemático porque algumas pessoas incapazes de desenvolver vínculos afetivos ou sem coragem para mantê-los preferiu botar o pé na estrada do que encarar uma relação adulta. Mande pescar em PQP quem não te valoriza ou finge não te valorizar só para não te dar o gostinho de ficar feliz. Pare de perder o seu tempo com atividades que não dizem respeito a você.

Não se prive de uma boa risada porque tem gente que sofre de mau humor crônico. Não abandone numa gaveta qualquer uma roupa que você adora porque disseram que ela não está na moda. Não deixe de mergulhar de cabeça num projeto delicioso porque ele não dará dinheiro. Não se sinta pequeno porque você não é exatamente o que as pessoas esperam que você seja. Não se envergonhe das suas dificuldades e nem faça as pessoas se sentirem culpadas por terem problemas. Fale em primeira pessoa. Assuma o controle da sua vida e acolha quem deseja fazer parte dela positivamente.

Entulho emocional e gente nociva são as substâncias mais cancerígenas que existem. De nada adianta se exercitar todos os dias e comer muita salada, se nos deixamos envenenar pelo pessimismo, pela maledicência, pela resistência teimosa em manter hábitos nefastos e alimentar sentimentos mesquinhos.

Fonte indicada: Obvious

Ser paciente em um dia de raiva pode evitar cem dias de tristeza

Ser paciente em um dia de raiva pode evitar cem dias de tristeza

Por Valéria Amado

Ser paciente não é ser frágil nem covarde. Às vezes é muito melhor guardar silêncio e aquietar a raiva do que perder tudo em um momento de ira descontrolada. Porque a paciência é a virtude dos corações tranquilos, capazes de entender que ser prudente em um dia de raiva pode evitar cem dias de tristeza.

Todos já experimentamos momentos assim. De fato, às vezes habitamos o “epicentro” de entornos muito exigentes que colocam à prova a nossa capacidade de resistência e essa habilidade que devemos ter como bons gestores emocionais. A ira é como um gatilho que dispara quando perdemos o controle e que, longe de descarregar nossas emoções, costuma trazer efeitos secundários que ninguém deseja.

Aprenda a ser paciente, a acalmar a raiva, a amarrar a ira ao laço do entendimento e da compreensão para perceber que a raiva não soluciona nada, porque podemos perder tudo.

Na hora de falar dessas duas virtudes, que são o silêncio e a paciência, parece que estas dimensões se associam mais à passividade, a quem é incapaz de reagir. Não devemos vê-lo assim. O silêncio sábio que não agride e é paciente permite acalmar a mente para agir com maior equilíbrio, com mais assertividade e moderação.

Os bons gestores emocionais aprendem cedo que dois dos inimigos mais complexos com os quais devem lidar são sem dúvida a ira e a raiva. Além disso, eles se relacionam com diversas mudanças fisiológicas que intensificam ainda mais a sensação negativa e de ameaça. Por isso, na hora de controlar um inimigo, a melhor coisa é conhecê-lo.

Conhecendo um inimigo comum, a ira

Existem pessoas que se zangam com mais ou menos freqüência. A razão dessas diferenças individuais poderia ser explicada por um tolerância menor à frustração, ou inclusive por determinados indicadores genéticos.

Existem pessoas que se zangam com mais ou menos freqüência. A razão dessas diferenças individuais poderia ser explicada por um tolerância menor à frustração, ou inclusive por determinados indicadores genéticos.

  • A ira surge no nosso cérebro por causa de um leve desequilíbrio entre a serotonina, a dopamina e o óxido nitroso. Tudo isso pode fazer com que existam pessoas com maior tendência a explosões de ira e raiva.
  • Segundo um interessante artigo publicado no “The New York Times” pelo psiquiatra Richard Friedman, a ira pode se mostrar também como resultado de uma depressão encoberta.

Uma revolta não controlada, que não é racionalizada ou administrada de forma adequada, pode derivar em frustração e mal-estar. Quando a ira inunda o cérebro por causa do efeito dessa química neuronal acontecem diversas mudanças fisiológicas que vão incrementar ainda mais a emoção negativa. A raiva galopa de forma descontrolada.

Não devemos esconder a revolta, e nem deixar que se transforme em um ataque de raiva. É preciso compreendê-la e canalizá-la de forma adequada para que não asfixie, para que não machuque nem procure vítimas sobres as quais projetar a raiva.

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Paciência, calma e conduta assertiva para tratar os aborrecimentos

Desconfie de alguém que diga que “ele ou ela não fica bravo nunca”. Todos passamos por injustiças, ouvimos palavras tolas e comentários tão injustos quanto ofensivos. Agora, antes de deixar que a irritação atue como o isqueiro que acende o fogo da raiva, é preciso refletir alguns momentos sobre estas dimensões.

  • Dê um nome ao que o aborrece. Não fique só com as sensações, com esse desconforto que fica virando o estômago e trava a sua mente. Descreva em palavras concretas o que o incomoda.
  • Procure a calma por alguns instantes, feche-se no seu “palácio de pensar”. É um espaço tranqüilo e sereno que só pertence a você, visualize um lugar onde você deixe de fora a raiva e as emoções negativas para se trancar com “a razão”. Pense agora qual é a melhor opção diante da aquilo que o incomoda.
  • Expresse de forma assertiva a razão da sua chateação. De nada serve “engolir” aquilo que nos prejudica, porque os aborrecimentos não se guardam sob a cama, se expressam em forma de palavras respeitosas para evidenciar com clareza o que nos fere, o que não queremos.
  • Controle, reestruture e mude de cenário. Uma das melhores formas de administrar a revolta e a raiva é controlar aspectos como a respiração ou inclusive os processos mentais capazes de potencializar ainda mais a emoção negativa. Não procure culpados, desligue o ruído mental e os pensamentos irracionais.

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Às vezes uma coisa tão simples como caminhar, respirar fundo e procurar um ponto visual no horizonte para descansar a mente e desligar o interruptor da irritação pode nos salvar de todos esses alfinetes externos que tanto abundam no dia a dia. É preciso se lançar no mundo com o coração tranquilo, conhecendo os próprios limites, e sabendo que haverá momentos ruins, sem dúvida, mas os bons momentos abundam mais e são a nossa razão de ser…

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