O lobo sempre será mau se só ouvirmos Chapeuzinho Vermelho

O lobo sempre será mau se só ouvirmos Chapeuzinho Vermelho

Por: Valéria Amado

Nem tudo que ouvimos é verdade. Sabemos disto e portanto precisamos nos acostumar à incerteza que isto produz. Somos conscientes de que por trás de palavras amáveis às vezes se escondem interesses obscuros ou manipulações perspicazes. Por outro lado também sabemos que não é bom confundir a verdade com a opinião da maioria.

Filósofos clássicos como Platão e Aristóteles definiam a verdade como aquilo que corresponde à realidade. Agora o verdadeiro problema está em que a verdade é como um cristal com muitos lados que pode ser analisado de diferentes perspectivas. A minha verdade não será igual a sua, porque eu vejo o mundo através da minha experiência pessoal, das minhas emoções e das minhas tendências.

Nem tudo que ouvimos é verdade, mas costuma-se dizer que a verdade sempre triunfa por si mesma porque a mentira precisa de muitos cúmplices.

Com frequência ouvimos essa expressão que diz “o lobo sempre será cruel se só ouvirmos Chapeuzinho Vermelho” e, se bem é verdade que não é bom dar por certa uma opinião ouvindo apenas uma voz, às vezes uma única pessoa abriga em si mesma uma verdade autêntica. Portanto, é necessário saber intuir e discernir o simples barulho da nobre franqueza.

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O inquietante problema da verdade em tudo o que ouvimos

Chimamanda Ngozi Adichie é uma jovem escritora nigeriana de grande sucesso graças a livros como “Meio sol amarelo”. Em muitas das suas palestras ela costuma falar de um conceito interessante que denominou de “o perigo das histórias únicas”.

Adichie comenta como é angustiante ter que lidar com determinados discursos minoritários capazes de influenciar as grandes massas sobre aspectos que nem sequer conhecem. No seu caso, precisa corrigir todo dia aqueles que pensam que Nigéria é somente um pais de leões e girafas habitado por povos primitivos e selvagens.

  • As pessoas costumam ter a sensação de que as ideias que mantemos e defendemos são A VERDADE e que chegamos a elas por acaso.
  • Na verdade, tais construções psicológicas estão determinadas pelos ESTEREÓTIPOS assumidos e por tendências de valor adquiridas quase de forma inconsciente por muitas dessas “histórias únicas”.
  • É preciso saber reconhecer todas essas verdades impostas, esses estereótipos que internalizamos, e compreender que a nossa realidade é feita de vários pontos de vista, vozes e casos peculiares que levam em si mesmos a beleza dos nossos mundos.

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Embora a verdade seja diminuta, continua sendo a verdade

Talvez somente Chapeuzinho possa nos revelar as más intenções do lobo, talvez somente ela levante a sua voz sobre o resto, mas como acontece muitas vezes na nossa sociedade, a verdade sempre costuma estar no coração da minoria. A falsidade, por sua vez, defendida pelas grandes massas, é mais fácil de ser assumida, pois “nos torna pessoas comuns”.

O perigo do conformismo

Solomon Asch foi um célebre psicólogo que, através de suas experiências sociais, demonstrou que nos deixamos influenciar pela opinião da maioria mesmo que esta esteja errada e o fazemos por simples conformismo.

Por trás desse comportamento tão comum em muitos dos nossos contextos sociais está na verdade um instinto ancestral do ser humano, esse que nos serviria para não sermos excluídos ou marginalizados da “grande massa”. Para nossos antepassados, sentir-se isolado implicava às vezes a “não sobrevivência”.

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O poder dos grupos pequenos

Temos certeza de que depois de ler estas explicações você pensará que o problema de tudo está no peso dos grandes grupos sociais (políticos, mídia, grande organizações ocultas…), aqueles que nos fazem assumir certas ideias como certas quando na verdade não o são.

Agora, os psicólogos Tajfel, Billing, Bundy e Flament (1971) definiram o que se conhece como grupo mínimo para explicar como muitas vezes nossos próprios “micro mundos” familiares, de amizade ou de trabalho nos transmitem suas preferências, suas ideias e estereótipos de uma forma tão sutil, que os vamos integrando quase sem perceber.

A verdade está dentro de você

Pensar que a solução para os nossos problemas, assim como a verdade de todas as coisas, está no nosso interior é sem dúvida um pouco complicado de reconhecer. A nossa mente está cheia de preconceitos, medos e atitudes limitantes misturadas, por sua vez, a esse barulho exterior que a vida moderna nos traz.

  • Segundo vários textos da Grécia Antiga, no templo de Apolo em Delfos havia uma frase inscrita que sobreviveu ao passar do tempo. Era a seguinte: “Conheça a si mesmo e você conhecerá os deuses e o universo”.
  • Estas palavras nos dão um exemplo claro do que implica o autoconhecimento: é ter uma forte autoestima para saber procurar a nossa própria verdade sem cair no conformismo. É saber ouvir e empatizar com os outros para compreender o próximo assim como compreendemos a nós mesmos, e entender assim a realidade de tudo que nos rodeia. Sem medos e com sentido crítico.

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A verdade está pensada somente para os corajosos, para os que ouvem, para os que se atrevem a perguntar e para aqueles que, com coração nobre, desejam conhecer a sensibilidade deste mundo.

A eterna busca pela nossa melhor versão

A eterna busca pela nossa melhor versão

Pensando na finitude da vida e por outro lado, como certas coisas nos marcam tão profundamente que duram pra sempre e ficam na nossa memória. Como as pessoas que amamos e que nos tocaram pelo caminho, os momentos que gostaríamos de revivê-los e as experiências, o que aprendemos, o que fizemos com o tempo que nos foi dado.

Passamos na vida por muitas situações até agora e todas elas nos moldaram e nos fizeram o que somos hoje pra melhor ou pra pior. Na verdade, o que podemos sempre contar é com as mudanças. A vida é uma eterna montanha russa com seus altos e baixos, como um vento forte que sacode as árvores e pode levar o que tiver pela frente.

Aqui neste momento penso no que quero ser, o que posso ser nesta jornada. Eu sei que isso é difícil, mas é necessário dar o primeiro passo, sair dessa inércia momentânea que nos aprisiona e nos impede de fazer o que tem que ser feito. O destino é importante, porém não é possível sem sair do lugar, sem dar o pontapé inicial.

Eu tenho tentado a cada dia, ser mais do que eu sou, ir além das minhas limitações e sair da minha zona de conforto, que de confortável não tem nada. A cada instante que eu me abro para algo novo, vejo algo diferente e aprendo coisas que ainda não conhecia. Tento sempre ver as coisas a partir de um novo ponto de vista, tento olhá-lo de uma forma que eu nunca pensei. Tento sempre resolver as coisas com o que eu sinto, muito mais do que como penso.

A minha razão, a minha coerência, tem que andar a serviço da minha intuição. Às vezes, uma situação ou uma escolha parece a ideal a princípio, mas se algo dentro de mim não está convencido ou não se sente à vontade com a decisão, eu não faço. Passei o que parece um longo tempo da minha vida, me anulando e colocando o meu querer em segundo plano, e hoje, me respeito para ter sanidade e não me atropelar pelo rolo compressor dos outros.

Claro, que tem momentos que hesito, que fico na dúvida e acabo me deixando levar. Mas sempre sinto um hiato, um vazio dentro de mim, quando me distancio de mim mesma, do que eu acredito e o que desejo pra mim. Afinal, meus planos, meus sonhos e minhas escolhas só devem fazer sentido pra mim e mais ninguém. São eles que iluminam o caminho que só eu tenho que percorrer, como faróis, mostrando para onde eu tenho que ir em seguida.

As pessoas tem essa necessidade de explicações, querem motivos, justificativas para nossas atitudes, por sermos assim ou assado, querem nossas respostas pra tudo, mas mal sabem as próprias perguntas. Querem o tempo todo dar opiniões e pitacos nas nossas decisões, onde estamos agindo certo ou errado, mas não sabem nem o que pedir para o almoço.

Eu busco me conectar comigo mesma e ir atrás do que é importante pra mim e pra minha vida. Às vezes, eu busco algo que não sei direito, que ainda não sei ao certo o que é. Mas mesmo ainda não sabendo, continuo procurando porque eu sei que quando eu encontrar, irei reconhecê-lo. Porque conforme o tempo vai passando e vamos amadurecendo, começamos a entender e a respeitar o tempo das coisas e como elas têm seu próprio termômetro para acontecer nas nossas vidas.

Quem nunca desejou algo de todo o coração e queria com todas as forças que aquilo se realizasse, o quanto antes, se fosse possível? Todo mundo. E também, todos nós já passamos pela experiência de decepção quando aquilo que tanto queremos não acontece, afinal de contas. É muito frustrante, quando as coisas não se desenrolam como gostaríamos. Então, a duras penas, começamos a entender que o tempo não se manifesta com a urgência que a gente deseja. Que é algo que não conseguimos controlar, nem domar, devemos tentar sim uma convivência pacífica com tudo aquilo que não conseguimos controlar, com tudo aquilo que não depende de nós para se concretizar. É como um aperto de mão invisível, um acordo mais ou menos assim: a gente faz a nossa parte, tudo que está ao nosso alcance. E a outra, a gente entrega e acredita.

Sim, a gente acredita e muito que se for para o nosso benefício e tiver que ser, aquilo vai acontecer. A primeira vista, parece uma atitude conformista, mas não é verdade, é bem incômoda pra ser sincera. Mas faz parte do processo de amadurecimento, entender na vida, o que realmente temos controle e o que não podemos de forma alguma controlar ou intervir. É um exercício difícil, mas tudo que não depende da gente, que não passa por nós, a gente entrega.

Aí, entra a fé e a crença de cada um e todas são legítimas. Tudo o que nos dá ferramenta e nos ajuda a sermos melhores, é algo positivo. E é ilusão nossa e um pouco inocente da nossa parte, termos a pretensão de controlarmos coisas que vão além da gente. O tempo não é o nosso e sim da natureza, da vida, de Deus, do que você quiser chamar. Acreditar nisso não é tarefa fácil e esperar por algo que tanto queremos, também não. Várias vezes, eu quis apressar o tempo e tentei impor as coisas ao meu modo. Mas isso não dá certo, é como tentar segurar água entre os dedos. As coisas seguem seu curso, seu tempo, independente da nossa vontade de querer controlá-las.

É uma caminhada longa, um processo de tentativa e erro. Às vezes, mais erros do que acertos. Mas as coisas são assim mesmo, degrau por degrau, gradativas. Ninguém já nasce sabendo, algumas coisas só requerem um aprendizado, novas experiências, certas coisas só vivendo mesmo. Isso demanda tempo, não conseguimos mudar quem somos de uma hora pra outra. Eu ainda não sou a pessoa que quero ser, tem momentos que pareço tão mais perto que quase consigo tocar. Mas, às vezes, também me afasto mais do que gostaria.

É uma gangorra, um exercício. Porque é uma tarefa árdua lapidar a si mesmo, buscar a sua melhor versão, apararmos nossas arestas. Nem todo mundo tenta, nem todo mundo quer, tem pessoas que saem vivendo por aí em piloto automático, sendo como são sem se preocupar com isso. E isso é uma postura bem cômoda, pois difícil de verdade é efetuar a mudança necessária e tomar as rédeas da situação, se responsabilizando por suas atitudes.

Mas eu acredito que esse esforço é fundamental, é necessário ser feito, pois a disciplina, o autocontrole vem antes do entusiasmo e atitudes impensadas. E eu não posso mais aceitar ser um fantoche das minhas próprias emoções, devo tentar entendê-las, para conseguir dominá-las. Tento sempre emular essa presença de espírito, tento identificá-la pra que eu possa agir assim em outras ocasiões, que eu possa agir da maneira que eu quero, da forma que eu acho certa pra mim.

34 ideias para aproveitar muito suas férias!

34 ideias para aproveitar muito suas férias!

As férias servem para descansar, mas sempre bate uma animação para fazer algo diferente… Aqui estão algumas ideias, aproveite e curta muito o restinho desse mês!

• Descubra eventos culturais em sua cidade;
• Aprenda origami;
• Escreva suas ideias;
• Leia um livro;
• Vá ao cinema;
• Observe as estrelas;
• Vá a um teatro;
• Atualize suas séries, comece séries novas;
• Vá a um parque (leve seu cão);
• Conheça um lugar novo;
• Faça caminhada;
• Maratona de filmes!;
• Vá em exposições na sua cidade;
• Organize seu armário (aproveite e doe as roupas que não usa mais);
• Encontre velhas amizades;
• Customize roupas velhas;
• Viaje (nem que seja para cidade ao lado);
• Aprenda a tocar algum instrumento;
• Descubra sua cidade (leve a família para um lugar que nunca foram);
• Aprenda uma nova língua;
• Aprenda a fotografar (se não tiver câmera, use seu celular);
• Faça aulas de dança e/ou canto;
• Escreva um diário;
• Faça um dia de beleza (chame os amigos);
• Pratique algum esporte, exercite-se!;
• Chame os amigos e façam uma noite da pizza;
• Tente receitas novas;
• Revele fotos antigas e faça álbuns;
• Organize um churrasco;
• Decore sua casa;
• Faça um piquenique (chame os amigos, família, quem quiser!);
• Organize uma festa;
• Vá a um lugar alto e observe o nascer ou pôr do Sol;
• Aproveite!

Coisas boas da vida!

Coisas boas da vida!

Existem muitas coisas boas em nossa vida. Nós, sempre atropelados pelo cotidiano, acabamos não notando essas coisas simples e pequenas (algumas maiores) que acontecem ou que já aconteceram durante o tempo.

Aqui estão algumas delas que talvez tenham acontecido com você, vamos relembrar?

Ler um bom livro.

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Tocar um instrumento musical.

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Ver o rosto de seu filho pela primeira vez.

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Viajar.

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Ter um amigo verdadeiro.

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Tomar sorvete num dia de verão.

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Ouvir a música que mais gosta.

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Ver o mar pela primeira vez.

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Saborear um fondue no friozinho da Serra Gaúcha.

contioutra.com - Coisas boas da vida!

Dormir.

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Curtir o pôr do Sol.

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Ter um animal de estimação.

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Conhecer um amor verdadeiro.

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Essas são só algumas coisas… O importante é viver o mais intensamente possível e aumentar essa lista. Viva!

Pessoas com baixa autoestima não se comprometem- Luiz Marins

Pessoas com baixa autoestima não se comprometem- Luiz Marins

Escrito por Luiz Marins

Fico impressionado ao ver que há pessoas que não se comprometem com nada. É claro que pode ser um problema patológico e a vítima deve buscar tratamento com especialistas. Mas, segundo médicos que entrevistei, esses casos não são comuns. “Há pessoas que não se comprometem simplesmente porque é mais fácil não se comprometer” me disse uma psicóloga.

De fato, pessoas com elevada autoestima, que se comprometem, que vão atrás da solução, que são proativas, terão sempre mais trabalho e incomodarão aquelas que não se interessam, não fazem, fingem não ter visto e escapam de qualquer responsabilidade. A verdade é que essas pessoas pouco comprometidas fazem da vida uma rotina sem sentido e entram num círculo vicioso da baixa autoestima:
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Uma pessoa com baixa autoestima aumentará sua apatia que gerará seu isolamento das promoções e atividades que gerará baixa autoestima que trará a desmotivação que novamente alimentará o desinteresse. Pode parecer absurdo afirmar que a baixa autoestima gera a apatia. Mas uma pessoa com autoestima elevada procura em primeiro lugar enfrentar sua apatia, enfim ela busca uma solução para seus problemas.

Assim, é preciso que cada um de nós faça uma autoanálise para ver porque andamos tão apáticos e desinteressados pelas coisas e pela vida. Será que não estamos nos sentindo vítimas do mundo? Será que não estamos nos deixando contaminar pela crise e em vez de enfrentá-la estamos querendo jogar a toalha em vez de continuar lutando? Será que nossa baixa autoestima não está nos fazendo querer que alguém resolva nossos problemas?

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Reapaixone-se, todos os dias, por quem está do seu lado

Reapaixone-se, todos os dias, por quem está do seu lado

Essa mania que temos de enjoar das coisas e das pessoas nos leva a grandes perdas. Parece que estamos sempre visando a mais, a outra coisa e, desse modo, não conseguimos desfrutar o que já temos, o que já conquistamos. Nutrir sonhos e ser ambicioso é positivo, mas somente olhar para o que se quer muitas vezes nos cega frente a tudo o que já possuímos.

Em meio a essa frenética busca do que almejamos infelizmente podemos acabar nos distanciando de pessoas que estão junto de nós e que nos ajudaram a conquistar o que temos e somos hoje. Desgastamos, assim, um relacionamento que nos fortaleceu, de tanto que nossos olhos só parecem enxergar lá na frente, tornando-nos cegos em relação a quem já está ao nosso lado, lutando e sonhando conosco há um bom tempo.

De tanto ansiarmos pelo novo em nossas vidas, às vezes deixamos de valorizar o que já é parte do nosso dia-a-dia, descuidando-nos das várias riquezas que a vida nos concedeu. Por isso é que tantos relacionamentos deixam de ser amorosos, para se tornarem um descompasso de idéias, desejos e objetivos. Por essa razão é que muitas vezes deixamos escapar por entre os dedos o amor maior de nossas vidas, em troca de infidelidades efêmeras e vazias de afetividade.

Por que procurar alguém lá fora quando já existe alguém que nos ama e nos dedica parte de sua vida à nossa? Por que achar que todo o amor que um dia uniu dois corações apaixonados morre de uma hora para outra, sem possibilidades de renovação? Por que parar de sorrir para a pessoa que dorme ao nosso lado, de lhe roubar beijos furtivos, de lhe tocar as mãos, de lhe perguntar como se sente, de lhe enviar mensagens apaixonadas e de lhe declarar o nosso amor e admiração?

Os sentimentos podem parecer adormecidos, dada a carga de trabalho excessiva e de preocupações que se avolumam em nossa vida, mas, se já houve amor sincero, possivelmente ainda há uma fagulha dele que possa ser reacesa. Precisamos ser gratos à pessoa que esteve ao nosso lado por tempos, pois tudo o que obtivemos e construímos deve-se a ela também. Gratos e dispostos a reencontrar dentro de nós os sentimentos que pareciam perdidos, porque provavelmente o amor está entre eles, esperando por força e motivação de nossa parte.

Amores acabam, sim, mas não é fácil algo tão pungente e mágico, como o é um amor verdadeiro, arrefecer por completo. Não podemos deixar o tempo transformar em túmulo os nossos desejos, principalmente em relação a alguém que entrou na nossa história e a tornou melhor e mais completa. É preciso acordar disposto a alimentar o amor, todos os dias, a qualquer momento, onde estiver. É preciso lembrar que estamos juntos com alguém que pelo menos já foi o amor de nossas vidas e que muito provavelmente sempre o será.

Cultivemos os sentimentos que nos uniram com nosso amado, dedicando-lhe parte significativa de nossa atenção, de nosso olhar, de nossa vida. Se acalmarmos os nossos passos e não permitirmos que a frieza do mundo lá fora adentre nossos sentidos, estaremos prontos para amarmos de novo e de novo quem sempre esteve ali bem juntinho, nos momentos de gozo e de sofrimento, lutando por nós e acreditando em nossos sonhos.

Porque o amor possui uma força descomunal e uma capacidade inesgotável de se reinventar, ressignificando nossa vida, sempre a tornando mais gostosa de se viver, junto às pessoas que nos amam de verdade. Antes de desistirmos, portanto, é preciso que busquemos nos apaixonar e nos reapaixonar pelos olhos cúmplices que buscarão pelos nossos todos os dias, até o fim de nossas vidas.

Respeitar o outro não é ser politicamente correto. É ter o mínimo de decência.

Respeitar o outro não é ser politicamente correto. É ter o mínimo de decência.

É, minha avó. Por aqui agora deram de confundir educação com um negócio chamado “politicamente correto”. Por extensão, como tudo que é “politicamente correto” virou coisa de gente chata, boas maneiras se tornaram mera chatice.

Aí, já viu. Ninguém quer ser visto como chato, então quase todo mundo muda de calçada quando vê pela frente uma chancezinha de ser gentil, educado, elegante, solidário e essas coisas. Melhor ser grosseirão, arrogante, mal-educado a ser considerado “politicamente correto”. Vê se pode, vozinha. As coisas por aqui estão assim.

Fogo, vovó. A senhora, que falava tanto palavrão sem ofender ninguém, bem sabe que lá em casa nunca teve frescura. Muito tempo antes dessa coisa de politicamente correto, nossa gente já era incorretíssima, imperfeita, cheia de gafes. Imprópria para os nervos mais frágeis. Mas lá em casa nunca faltou respeito, não. Nem decência nem vergonha na cara.

Tem gente aqui, minha avó, que vira e mexe enche a boca pra dizer que é “autêntico” só porque faz questão de ser antipático. A gente diz “bom dia” na sala de espera do consultório médico e ninguém responde. Ninguém! Só uma hora e outra alguém se dá o trabalho de retribuir. Mas é doido que nem a senhora, que toda semana entregava um macinho de hortelã por cima do muro à nossa vizinha que sofria de tosse comprida. Só doido, vó. Só doido.

Outro dia um sujeito cheio de pose falou na minha cara que não diz “bom dia” a desconhecido no elevador porque não é obrigado. “E responder? Você responde quando dizem bom dia a você?”, eu perguntei a ele. E ele disse “NÃO”. Eu questionei de novo: “por quê?”. E ele disse “porque eu sou autêntico e só faço o que eu quero”.

Fosse a senhora no meu lugar, minha avó, já tinha mandado o moço àquele local. Eu sei. Mas eu fui inventar de estender a conversa. Disse que ele podia aplicar sua autenticidade em alguma coisa que preste. E que quem despreza uma chance de ser gentil e acha que ser grosseiro é ser “autêntico” tem toda razão: é um autêntico boboca!

Pronto. O rapaz não olha mais na minha cara. E dois amigos já me contaram: ele anda dizendo por aí que eu serei um “velho chato e sozinho”. Eu não ligo, não. Só quem sabe disso é Deus, né, vó?

Eu até concordo com o moço que ninguém é obrigado a nada, inclusive a dizer “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” por aí. Mas não é questão de obrigação, né? É coisa de boa vontade. Custa nada! Não custa nada fazer uma forcinha e mudar esse mundo devagar com gentileza, educação, caridade, boas maneiras. No elevador, na rua, em casa, na empresa, na escola, na sala de espera do consultório e em todo canto, ter respeito pelo outro não é ser “politicamente correto”, não. É ser correto e ponto. É fazer a coisa certa. É ter o mínimo de decência. E se a gente que é meio doido não faz disso uma obrigação, quem é que vai fazer? Quem?

Só por Deus, minha avó. Só por Deus. Por falar n’Ele, se não for incomodar, quem sabe a senhora pedindo aí mais de pertinho, pedindo assim com jeito e fé de avó, quem sabe Ele derrama um milagre lindo sobre nós aqui embaixo e aos poucos nos tornamos mais corretos, mais decentes e mais gentis uns com os outros? Quem sabe, né? Quem sabe?

Não se bate em criança. Nunca. De jeito nenhum. Sob nenhum pretexto.

Não se bate em criança. Nunca. De jeito nenhum. Sob nenhum pretexto.

Sabe o que há de maravilhoso em ter filhos? Não é obrigatório! Isso mesmo, ter ou não ter filhos é uma escolha absolutamente racional. Não é decisão que se tome porque se está apaixonado por alguém, ou porque está procurando um sentido para a vida, ou porque esteja se sentindo solitário e ande sonhando com uma família daquelas de propaganda. Virar pai ou mãe envolve um enorme compromisso que é responsabilizar-se cem por cento pela vida de uma outra pessoa que, não, não escolheu ser sua extensão, continuação, inspiração ou coisa que o valha.

E sabe o que há de terrível em ter filhos? É que um grande número de homens e mulheres tomam essa decisão para cumprir um papel social ou, simplesmente o fazem por acidente, ou porque fizeram sexo sem proteção ignorando o fato de que é exatamente fazendo sexo que nós, seres humanos, nos reproduzimos. E o que se pode esperar de pessoas que trouxeram outra pessoa a esse mundo por obrigação ou por imprudência?

Seguindo essa linha de raciocínio, passemos a uma necessária reflexão sobre o que é responsabilizar-se pela existência de um ser humano, tão humano quanto nós. Nascemos filhotes exatamente como as outras espécies animais, só que com um pequeno complicador: dependemos de nossos pais para absolutamente tudo; e se formos abandonados, sem cuidados, morremos; simples assim!

E, ainda, diferente das outras espécies animais, permanecemos filhotes por grande parte de nossas vidas. Bem, na verdade, alguns de nós parecem ser filhotes eternamente. Mas, considerando a ideia original, seres humanos costumam depender de seus progenitores até que sejam capazes de prover seu próprio sustento e responsabilizar-se por si mesmo. E que antes disso acontecer, seres humanos passam pela infância e não há o que se possa fazer para alterar esse fato.

Sendo assim, fica claro que ter filhos compreende um projeto e uma tarefa de longuíssimo prazo. Passados os primeiros desafios de cuidar de um bebê, o que envolve noites sem dormir, alterações importantes na rotina de vida, choros indecifráveis, um amor de tirar o fôlego, fraldas sujas, intercorrências de saúde inesperadas, alegrias desmedidas e mais um tanto imenso de outras variáveis que ocupariam páginas e mais páginas de texto, esse bebê vai deixar de ser bebê e você ganhará de presente uma versão de ser humano tão encantadora quanto desafiadora chamada criança.

Crianças são seres humanos na fase mais interessante da vida. Crianças costumam ser inquietas, curiosas, desconcertantemente espontâneas, algumas vezes cruéis, muitas vezes apaixonantes e são um mistério quase completo para adultos que teimam em não admitir que já foram crianças um dia.

Crianças precisam de atenção, de carinho, de cuidados físicos, de autoridade amorosa, de exemplos vivos de comportamento ético, de coerência entre ação e discurso, de um ambiente alegre e saudável para se desenvolver, criança precisa de educação e educar crianças é função intransferível daqueles que se responsabilizaram por ela, seja por vias biológicas ou não.
Educar uma criança não é tarefa fácil, muitas vezes é mesmo exaustivo, tanto do ponto de vista físico quanto emocional e psicológico. Há crianças que necessitam ainda mais de cuidados, justamente pelo fato de serem mais difíceis de se lidar, justamente porque o mundo lá fora terá dificuldades em amá-la e é, exatamente por isso que ela precisa ser amada dentro desse núcleo familiar que ESCOLHEU tê-la.

Não se bate em criança. Nunca. De jeito nenhum. Sob nenhum pretexto. E, não, não pode dar nem uma palmadinha na bunda, nem uma “chineladinha de leve”. Não pode e pronto! Quando o adulto responsável chega ao cúmulo de desejar ferir uma criança, é porque ele perdeu completamente a dimensão da sua missão em relação a ela. O adulto responsável que recorre a gritos, ameaças e agressões (por menores que sejam), passam para a criança a seguinte mensagem: Estou perdido. Não sei o que fazer com você.

Além disso, o fato de descontrolar-se diante de uma criança porque ela está desafiando sua autoridade, seja ela parental, ou não; porque ela parece ter muitas dificuldades para seguir regras ou porque ela teima em descumprir combinados e testar a sua paciência, equivale a ensiná-la que é isso que ela deve fazer diante dos inúmeros e variados desafios da vida.
Educar uma criança requer do responsável que ele sempre se lembre que é ele o adulto da relação. Que criança é um ser em formação e seu comportamento pode ser mesmo difícil às vezes. Corrige-se uma criança com firmeza e doçura ao mesmo tempo, olhando nos olhos, em voz baixa e calma. Corrige-se uma criança, oferecendo a ela meios de transformar seu comportamento a partir de exemplos de conduta estável e coerente. Corrige-se uma criança em particular, nunca na frente dos outros. Corrige-se sem humilhar.

Portanto, se você fez a escolha de responsabilizar-se por uma criança, entenda de uma vez por todas que essa escolha redefinirá a sua vida, a partir do nascimento, ou melhor, desde a concepção deste bebê. Recolha suas expectativas de trazer uma bonequinha ou um bonequinho para casa e aproveite a oportunidade de fazer vir à superfície a melhor versão de si mesmo, para que essa criança possa se sentir segura, amada e respeitada. E, assim possa ter orgulho dos pais que optaram por tê-la.

Ficar de boca fechada: Um dos segredos da vida

Ficar de boca fechada: Um dos segredos da vida

(Por Caciano Camilo Compostela, Monge Rosacruz)

Nunca, nunca, nunca fale mal dos outros; mas, principalmente, não fale mal de si mesmo, não fique contando suas misérias, problemas e tristezas para encontrar conforto na ‘pena’ alheia. Atrair os olhos da piedade é desejar e invocar sobre si condições dignas de piedade.

Indivíduos sem um ‘centro’ falam demais, estão sempre prontos a opinar, criticar, espalhar, reproduzir, acrescentar e fomentar falatórios de maneira irrefletida e desorganizada; eles não sabem, mas esta é a maneira mais rápida de se perder totalmente o Poder da Palavra.

Não manter a boca fechada é caminho certo para desperdiçar energia e vitalidade.

Ao ministrar cursos de Oratória, sempre insisto que inexiste melhor mecanismo de se ampliar essa capacidade do que ‘Calar a Boca!’. E manter a boca fechada não significa apenas não proferir palavras a esmo, mas estar atento a como nascem e se processam os pensamentos, a como eles podem ser canalizados e dirigidos favoravelmente.

Não raras vezes, uma ‘língua solta’ vem acompanhada de uma mente tíbia, um raciocínio raso e um temperamento descontrolado.

No Plano Astral, uma pessoa que não domina o Poder da Palavra apresenta-se em uma Aura turbulenta, onde as Forma-Pensamentos giram pra todos os lados sem lei e ordem. São soldados desgovernados, frágeis e completamente desarmados, susceptíveis a qualquer influência ou ataque externo. Trata-se espiritualmente de alguém que, desguarnecido, tende a sentir-se constantemente desanimado, desmotivado, cansado, oprimido e deprimido.

Quem não controla o Falar, não controla o Pensar e portanto não domina o próprio Existir.

Se cuidar e expandir a própria existência é o melhor Serviço que podemos prestar para a humanidade, ‘Calar’ é prática mais proveitosa que podemos aplicar em nossa própria vida.

Quem desenvolve a capacidade de Silenciar aproveita maravilhosas oportunidades de, no mínimo, não falar bobagens.

Parece algo óbvio e fácil mas não o é, a dificuldade em saber a hora de sair de cena, descer do palco e permitir que o Universo termine o espetáculo, é uma das razões para tanto stress e desajustes.

Quando se permite dominar pela ânsia de ‘responder a altura’, dar o troco, fazer-se ouvir, impor-se, gritar mais alto, se fazer presente a todo e qualquer custo vai se criando ‘ralos’ que sugam a Energia Pessoal

Desinstale do coração o hábito de reproduzir acontecimentos desagradáveis, tragédias, desastres e catástrofes; evite mergulhar nas ondas de raiva coletiva, de fofoca comunitária, de falatórios generalizados.

Aprenda a Silenciar.

Silenciar é manter a mente concentrada sobre o que é verdadeiramente importante para si, é abster-se de colocações desnecessárias e dizer apenas aquilo que condiz com o que se deseja ver manifesto no próprio Universo.

Silenciar é ser Grato.

Silenciar é colocar em palavras a Força, a Abundância, o Equilíbrio, a Saúde, a Iluminação, a Felicidade e o Bem.

Silenciar é também brigar pelos direitos, é ir pras ruas e entrar no campo de batalha se necessário for; mas é igualmente saber voltar ao estado de Paz e Centralidade.

Silenciar é a única maneira de adquirir o Poder da Palavra.

Fonte: Ignotus

Um dia essa dor lhe será útil

Um dia essa dor lhe será útil

“Sofrer é uma escolha como outra qualquer. O que todos queremos é amenizar a dor do tombo, a dor do absurdo que é existir e saber que as únicas coisas que existem realmente são aquelas que não podemos explicar.

Há os que bordam azuis, escrevem poemas, constroem poentes, ensinam o alfabeto, cantam tons secretos, trançam palhas e cabelos, plantam açucenas numa manhã de abril. E há os que sofrem.

A existência acontece naquilo que criamos.

Daí, se não conseguimos construir poentes ou plantar açucenas, sofremos! Sofrer é, em última — ou primeira, quem pode saber?! — instância, fazer a manutenção de uma vida que já não consegue criar a própria existência.

O sofrimento é como uma capa de chuva: nós a usamos toda vez que o tempo turva apesar de saber que ficaremos ensopados do mesmo jeito”.

Lembrei deste fragmento do meu livro A Louca do Castelo quando o título do filme “Um dia essa dor lhe será útil” saltou da tela do Netflix para dentro dos meus olhos.

Continuei olhando o cardápio, mas nada parecia me apetecer naquela noite fria.

Dor? Não, obrigada. Não tenho aptidão para o sofrimento, nem para a dor – embora eu sofra pra chuchu (como qualquer mortal) e por muita abobrinha.

No entanto, a palavra do título era “dor” e não “sofrimento”. E como aprendi – dizem que com o poeta Drummond – que “a dor é inevitável, mas o sofrimento opcional”, acabei retornando para o início do cardápio, respirei fundo e fiz o pedido.

Com roteiro linear, alguns clichês – como o do garoto solitário que gosta de ler -, atuações impecáveis de Toby Regbo, Marcia Gay Harden e Peter Gallagher, entre outros, e muita, muita poesia, a adaptação do livro de Peter Cameron para o cinema, cujo título faz uma menção a Ovídio – “Sê paciente e resistente; um dia esta dor ser-te-á útil” – encanta à primeira garfada:

Já na abertura do filme, o off:

“Queria que o dia todo fosse como o desjejum: quando as pessoas ainda estão conectadas aos sonhos, focadas em si, e não prontas para se comprometer com o mundo. Eu estaria bem se fosse sempre café da manhã”.

O dono desta fala é James Sveck, garoto de 17 anos que experimenta a febre da adolescência no seio de uma família disfuncional, porém interessante, visceral, na cidade de Nova York; que não consegue se sentir parte do todo e por isso tudo lhe afeta e/ou parece lhe faltar.

Inteligente, sensível, tímido, poético, o protagonista não vê motivos para se relacionar com pessoas – e com o mundo – que não lhe acrescentem nada além de mais estranheza. A única pessoa com quem James gosta de conversar é a avó materna, uma senhora cheia de vida, entusiasmo e beleza no jeito de olhar; uma bailarina que escuta música no jardim e o encoraja a cometer pequenas loucuras.

O filme de Roberto Faenza também tem passagens divertidas – afinal, trata-se de uma comédia-dramática, seja lá o que isso queira dizer -, porém não daquelas que provocam altas gargalhadas, mas riso frouxo, solto, sutil.

“Um dia essa dor lhe será útil” nos mostra, sobretudo, que é preciso aprender a dizer e não apenas falar: é dizendo o que sentimos e o que tememos; é mostrando nossa fragilidade e nossa loucura, com delicadeza e coragem, que podemos acessar o coração do outro, do contrário, nada feito.

Uma oportunidade divertida e tocante de aprendermos mais uma vez que a dor, a náusea, o desconforto, o desamparo, o não saber-se, fazem parte da vida, todavia cabe a nós escolhermos a melhor maneira de lidar com essas tormentas: se boiando e deixando a maré baixar, tentando ver beleza no céu estrelado em alto mar, ou  batendo os braços, engolindo água e nadando até cansar e desmaiar.

NOTA DE RODAPÉ

Definitivamente eu não entendo as pessoas que escrevem sinopses. Eis a sinopse do Netflix: “Um adolescente perdido num mar de doenças familiares encontra conforto e aceitação na companhia de sua avó rebelde”. Detalhe: não há doença no filme e a avó não é rebelde, é apenas acordada para a vida.

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(imagem: google)

O amor te espera atrás de uma xícara de café

O amor te espera atrás de uma xícara de café

Era para eu te conhecer em uma cafeteria. Na que fica perto da livraria. Nessa cafeteria nos encontraríamos pela primeira vez. Trocaríamos olhares. Descobriríamos que estávamos a ler o mesmo livro. Então, você se levantaria para vir até mim e nós nos amaríamos desde o primeiro oi.

Descobriríamos que tínhamos adoração pela história das pessoas e que um dia prometemos conhecer a bela cidade de Como na Itália. Nessa cafeteria, nos desvendaríamos, nos conquistaríamos e marcaríamos de nos ver todos os dias em uma mesa próxima à porta de entrada.

Nessa cafeteria bucólica, repleta de almas solitárias, acolhidas pelo clima aconchegante do local, você me daria o livro “Os Catadores de Conchas” e eu te presentearia com um diário em branco para que escrevesse com carinho a nossa história.

E você, amante das palavras, me leria do começo ao fim e me transcreveria com imenso carinho. Deitaria sobre mim versos, frases e arranjos e eu te daria o mundo pelos olhos meus e juntos, em abraços, beijos e anseios construiríamos uma vida.

Soprando nossas xícaras de cappuccino fumegante conversaríamos sobre tudo que aprendemos, sobre tudo que gostamos, sobre tudo que nos lembrasse o amor.

Então colocaríamos a língua na bebida, deixando o calor do copo se mesclar ao êxtase do amor em nós.

Nessa cafeteria, com luz difusa e quadros tortos, você alisaria meus cabelos rebeldes e eu passaria os dedos pelos seus lábios tomando deles o restinho de espuma que o guardanapo esqueceu de levar.

Nesse lugar que a vida reservou para nós, você descobriria que a solidão em “Automat” de Hopper não me apetece tanto quanto “O Beijo” de Klimt.

Sentados em cadeiras Béranger, sonharíamos as viagens que faríamos e os filhos que teríamos. Eu terminaria minha faculdade e abriria minha própria loja e você publicaria seus livros e juntos faríamos um mundo melhor.

Nessa cafeteria você me encontraria, nessa cafeteria você me encantaria, nessa cafeteria você leria minha admiração e meu largo amor por você. Nessa cafeteria, com um cappuccino nas mãos, nos daríamos a felicidade de conhecer um ao outro.

Mas houve um dia em que você decidiu parar com as pequenas felicidades cotidianas. Houve um dia no qual a razão lhe disse que se economizasse no cafezinho poderia no futuro, depois de décadas, comprar com o dinheiro desse pequeno deleite diário, um carro, uma casa ou qualquer outra coisa material. Então quando eu pus os pés dentro desse ambiente tão nostálgico pela primeira vez, você já não estava mais.

Você tinha decidido justamente no dia anterior que mudaria seus hábitos. E foi assim que a razão se colocou à frente de um romance delicado e verdadeiro. Foi assim que um cálculo genérico, de algum economista pragmático, decretou que um montante minúsculo podia valer mais que o amor. E eu ao pensar nessa razão não pude deixar de lembrar dos “quase amores” que morrem por uma decisão precipitada ou por uma orientação insensata.

Se eu pudesse te pedir algo, pediria para não cortar o cafezinho. Não cortar da vida as pequenas felicidades diárias. As alegrias inocentes que fazem nosso cotidiano funcionar. Se eu pudesse te dizer algo, te diria que a razão não é uma boa conselheira. Que ela enxerga gastos em filhos; que ela enxerga imprudência em amizades, que ela enxerga toda caridade como algum tipo de profanação e enxerga a vida como uma imensa planilha na qual o trabalho e o dinheiro vêm em primeiro lugar.

Existe tanto amor escondido no mundo. Existem tantas boas possibilidades não planejadas em nossos caminhos. Existe tanto que um cafezinho pode nos propiciar indiretamente. A vida é feita de inúmeros acasos, nós mesmos somos um. Se nosso trisavô não tivesse conhecido nossa trisavó, nós não existiríamos. A vida é surpresa, expectativa e amor.

E eu ainda estou sentada perto da imensa janela frontal dessa cafeteria tão acolhedora. Eu ainda estou sonhando com um amor que não se deixe envergar pela razão das coisas. Eu ainda estou molhando a língua em um cappuccino fumegante, esperando o dia no qual a emoção lhe grite alto e você apareça feliz para um cafezinho, cheio de uma alegria merecida, e para um novo e inesquecível amor.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Como começar do zero independentemente da idade que tiver

Como começar do zero independentemente da idade que tiver

Começar do zero não é fácil. É como dar um salto no vazio, como conter a respiração enquanto deixamos para trás coisas e pessoas às quais é necessário dizer adeus.

É muito possível que você já tenha tido que começar de novo em mais de uma ocasião. Pode ser que este “recomeço” se devesse a um tema de trabalho ou pode ser inclusive que tivesse como origem um tema afetivo, pessoal ou familiar.

Um aspecto que, em algumas situações, pode nos frear na hora de dar o primeiro passo e construir uma vez mais nossos próprios caminhos em busca da felicidade é pensar que “já é tarde demais”, que ter uma certa idade supõe, por exemplo, ter que ceder, calar e aguentar porque nossas oportunidades já passaram. Não é bem assim. Nunca é tarde para sair do sofrimento, e na verdade esta é uma obrigação para com você mesmo.

Propomos que você leve em conta esta série de recomendações para poder começar do zero seja qual for o seu problema.

Como começar do zero em qualquer idade

contioutra.com - Como começar do zero independentemente da idade que tiver

Pense no futuro e pergunte a si mesmo como gostaria de se ver

Se você tiver dúvidas, se sentir medo, faça o seguinte exercício de visualização:imagine-se dentro de 2 anos, mas imagine-se feliz, satisfeito e tranquilo.

Agora, avalie como você se sente nestes momentos: aí está o motivo. Mais do que buscar a felicidade ideal, na vida é preciso ter paz interior, equilíbrio e satisfação. Se você não sentir estas mesmas dimensões agora, é necessário fazer uma mudança. Você merece uma nova oportunidade.

Comece com pequenos objetivos a curto prazo

Toda mudança requer, em primeiro lugar, tomar pequenas decisões que pouco a pouco nos levarão a dar o passo final. Estes seriam alguns exemplos destes pequenos objetivos que deveríamos propor a nós mesmos:

  • Hoje vou controlar minha angústia e meu medo. Dado que já sou consciente de que vou começar de novo, assumo e aceito minha decisão. Vou substituir meu medo pela tranquilidade interior e a determinação.
  • Hoje vou buscar informação sobre como eu gostaria de começar outra vez (ofertas de emprego, ajuda dos serviços sociais ou outros organismos oficiais…)

Você não está sozinho como pensa: busque apoio

Sem dúvida, começar uma nova etapa nos causa medo, angústia. No entanto, um modo de encontrar forças é sentir que alguém nos apoia ou nos entende neste novo caminho.

  • Seja inteligente na hora de buscar apoio. Haverá familiares ou amigos que não darão bons conselhos, e inclusive que recomendarão que você “não o faça” ou “aguente um pouco mais”.
  • Se você tomou a decisão de começar de novo, busque a proximidade de pessoas que passaram pela mesma coisa que você está enfrentando. Elas, sem dúvidas, poderão oferecer os melhores conselhos e os melhores apoios.

Seu futuro não está escrito e o amanhã pode estar repleto de novas oportunidades

Se o passado serve para algo é para nos ensinar, para nos oferecer sabedoria, acerto e maturidade, e isso é algo que você pode aproveitar. Você é alguém sábio em relação a vivências e aprendizados da vida. É valor adicionado, uma arma de poder.

  • Pense que quando damos o passo rumo à mudança, tudo é incrivelmente novo, mas o novo não é ruim. Ele nos assusta, mas nos oferece a oportunidade de alcançar aquilo que buscamos ou desejamos.
  • O que você deseja é, antes de mais nada, sentir-se bem consigo mesmo,libertar-se das angústias, lágrimas ou do fracasso que não deve determinar sua vida, e sim servir como incentivo para dar um passo mais além e encontrar o seu sucesso particular.

Derrube suas próprias atitudes ou pensamentos limitantes

  • Sou velho demais, certamente não vou encontrar trabalho: pense em quais são as suas habilidades e seja criativo na hora de “vender-se”. Mais do que procurar, consiga ser procurado por oferecer qualidade ou algo novo. Faça uso da sua criatividade.
  • Nunca estive sozinho e não vou conseguir me virar: derrube este pensamento que o limita e entenda que a solidão é o reflexo da liberdade, e é aí que você se encontrará de novo para construir sua própria felicidade.
  • Com certeza vou fracassar e vai dar tudo errado. Acabe com esta ideia. Você não é um profeta, não pode adivinhar o que vai acontecer ou não. Leve em conta que os pensamentos geram emoções, e um pensamento negativo, no final das contas, gera uma atitude fatalista.
  • Certamente ninguém irá me apoiar e nada disso vai valer a pena. Não reforce este tipo de ideia. O apoio mais importante com o qual você deve contar é o seu próprio. Mais tarde, os bons amigos, a família mais nobre e pessoas que você irá conhecendo dia após dia irão oferecer seu grãozinho de areia para que você construa sua nova vida.

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Pouco a pouco você se dará conta de que tudo valeu a pena. Começar do zero é algo duro e complexo, mas mantenha o seu objetivo: você merece ser feliz, merece deixar de lado os dias de escuridão e de mal-estar.

George Orwell e os 4 motivos para escrever

George Orwell e os 4 motivos para escrever

O escritor inglês Eric Arthur Blair, mais conhecido por seu pseudônimo George Orwell, costuma ser lembrado pela autoria dos livros clássicos 1984 e A Revolução Dos Bichos, mas ele também é um formidável ensaísta.

Entre os seus melhores ensaios, está Why I Write (‘Por Que Escrevo’), escrito em 1946, que contém visões realistas e atemporais sobre a arte de escrever. Neste ensaio, Orwell comenta sobre particularidades e experiências de sua infância e adolescência, e seu papel para se envolver com a arte da escrita.

Desde muito cedo, Orwell estava decidido que tornar-se-ia um escritor, pois sempre soube que tinha facilidade com as palavras.

Ele escreveu seu primeiro poema com quatro ou cinco anos de idade, sobre um tigre chamado Blake. Já aos 11 anos ele colaborava na redação do jornal de sua escola.

Suas contribuições para a literatura foram precoces, mas, somente mais tarde, aos 30, ele se voltaria para a prosa literária.

No ensaio, o autor conta como sua infância foi solitária. Ele vivia em um ambiente distante e pouco acolhedor; passava seus dias lendo histórias e conversando com amigos imaginários.

Ao imergir na literatura, Orwell imaginou um mundo particular onde poderia superar o fracasso de sua vida cotidiana. Suas ambições literárias misturavam-se com sensações prementes de isolamento e desvalorização, e então ele se voltava para a escrita a fim de apaziguar esses tormentos.

Apesar das dificuldades que viveu em um passado longínquo, Orwell não abandonou a visão de mundo que adquiriu na infância. Na verdade, ele não tentava suprimir essa parte difícil de sua vida, pois sabia que isso também havia moldado sua personalidade de escrita. Se tentasse ignorar essas lembranças, ele estaria se iludindo. Segundo o autor, “a ilusão pode tornar-se uma meia verdade, e uma máscara pode alterar a expressão de uma cara.”

De acordo com Orwell, o trabalho de um escritor serve, primeiro, para disciplinar seu próprio temperamento. Caso um escritor escape de suas maiores influências, ele terá matado seu impulso de escrever.

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Em Why I Write, Orwell propaga uma opinião polêmica sobre a persona dos escritores, em geral. Pode parecer absurdo ou exagerado, mas, segundo ele:

“Todos os escritores são vaidosos, egoístas e preguiçosos. Na parte inferior de seus motivos, reside aí um mistério. Escrever um livro é uma luta desgastante, como passar por um longo surto de alguma doença dolorosa. Escritores nunca poderão escrever um livro se não forem conduzidos por algum tipo de demônio, sobre o qual possam resistir ou entender. Também é verdade para escritores que não possam escrever nada legível a menos que constantemente se esforcem para nublar a própria personalidade. Boa prosa é como uma vidraça.”

Através desse olhar circunspecto e até pejorativo sobre a natureza do trabalho de um escritor, Orwell motivava-se de um certo sentimento de aversão e cinismo para com a profissão que o popularizou.

“Quando eu me sento para escrever um livro, eu não digo a mim mesmo que vou produzir uma obra de arte. Eu escrevo porque há alguma mentira que eu quero expor, algum fato para o qual quero chamar atenção, e minha preocupação inicial é conseguir uma audiência.”

No ensaio Why I Write, o autor inglês afirma, contrariando sua percepção negativista, que a escrita não é um negócio sério, mas sim uma alegria e celebração. Orwell acreditava ser errôneo considerar a escrita somente como um trabalho. É, além do mais, uma terapia e atividade lúdica à mente.

O autor inglês também lembra que escritores devem pagar um tributo a si mesmos e lutar contra seus próprios demônios internos, a fim de criar algo que possa ter algum sentido.

Até hoje Orwell é considerado, pela crítica e pelos leitores em geral, um autor bastante politizado. Em suas obras, ele buscou transformar a escrita política em arte. Seu ponto de partida foi um sentimento de partidarismo combinado com um forte senso de injustiça.

Os 4 motivos para escrever

Em Why I Write, George Orwell conta alguns pequenos detalhes sobre sua infância idílica – a ausência do pai, bullying e intimidação na escola, e uma profunda sensação de solidão – e disserta sobre como essas experiências conduziram-no para a escrita, propondo que traumas como esses são essenciais para formar a personalidade artística de um escritor.

Orwell oferece essas informações como pano de fundo, porque ele não achava que fosse possível avaliar os motivos de um escritor sem saber algo de seu desenvolvimento inicial.

“Deixando de lado a necessidade de ganhar a vida, eu acho que há quatro grandes motivos para escrever. Eles existem em diferentes graus em cada escritor, e estas proporções podem variar de tempos em tempos, de acordo com o ambiente em que vivem.”

Segundo Orwell, os quatro motivos universais para escrever, os quais extrapolam praticamente qualquer domínio de uma produção textual criativa, são os seguintes:

1. Egoísmo puro

Para Orwell, todos os escritores são fortemente impelidos por seus egos. O desejo de parecer inteligente, explorar a vaidade, buscar a fama, de ser lembrado após a morte, e de dar as costas àqueles que o desprezaram na infância. É equivocado pretender que o egoísmo não é um motivo, mas, na visão de Orwell, é sim.

A grande massa dos seres humanos não é agudamente egoísta. Em certa altura da vida, a maioria das pessoas abandona um senso de individualismo, e vive principalmente para os outros. Para Orwell, há também a minoria das pessoas talentosas e intencionais que estão determinadas a viver suas próprias vidas até o fim, e os escritores pertencem a esta classe.

Orwell acreditava que os escritores sérios são, em geral, mais vaidosos e egocêntricos do que jornalistas, embora menos interessados em dinheiro.

2. Entusiasmo estético

De acordo com Orwell, escritores escrevem com um senso estético sobre qualquer coisa que os atraia. São sensíveis para perceber a beleza no mundo externo, ou, por outro lado, nas palavras e seu arranjo correto. O prazer no impacto de um som ao outro, na firmeza da boa prosa ou no ritmo de uma história. Segundo ele, o desejo de compartilhar experiências que se sente é valioso, e não deve ser desperdiçado.

O motivo do entusiasmo estético é muito comum em um monte de escritores. Para o autor, “nenhum livro é livre de considerações estéticas”.

3. Impulso histórico

Na visão do autor, os escritores, em geral, têm o desejo de ver as coisas como elas são, de descobrir fatos verdadeiros e armazená-los para o uso da posteridade.

4. Propósito político

Orwell acreditava firmemente que todos os escritores são intrinsecamente motivados por questões políticas. Aqui, ele usa a palavra “política” no sentido mais amplo possível. O desejo de empurrar o mundo em uma certa direção, de alterar a ideia do tipo de sociedade.

Para ele, nenhum livro é genuinamente livre de vieses políticos, e a opinião de que a arte deve ter nada a ver com política é, em si, uma atitude política.


Todos os fatores acima mencionados por George Orwell realmente motivam escritores a produzir seus textos, e não deixam de ser, de certa forma, pressupostos concretos do processo de escrita.

Orwell sugeriu que escritores têm uma vontade de ego forte, são vaidosos e têm a capacidade de persistir e estabelecer-se em seu ofício, se realmente agirem da forma como acreditam ser (primeiro motivo). Escritores trabalham sob um senso estético, pois se preocupam com a forma como um texto é apresentado, e compreendem que a disposição das ideias é tão importante quanto o que elas significam na prática (segundo motivo). Todos os escritores precisam ter alguns conhecimentos históricos a fim de orientar aquilo que escrevem e, como inspiração, devem se basear em histórias, fatos e personalidades do passado (terceiro motivo). E os escritores, sem exceção, têm inclinações políticas que influenciam em sua maneira de pensar e escrever, ou seja, os escritores não podem ser de todo imparciais em se tratando de ideologia política (quarto motivo).

Uma vez pipoca, nunca mais milho duro!

Uma vez pipoca, nunca mais milho duro!

Mudar é passar para outro estado, outro lugar, outro foco.

Tem gente que muda espontaneamente, sem sofrimento nem dor, delicadamente, como a passagem do sol pelo dia. Tem gente que enxerga vantagem em não ser a mesma pessoa todos os dias, que se transforma sem dramas, inspira os demais, vive a real liberdade que transcende os rótulos e aprovações. Essa gente é pipoca fresquinha, cheirosa, que a gente fica com vontade de encher as mãos e saborear.

Tem gente que não espera o apito final, que aproveita as chances e se joga, se veste com outras ideias e outros cenários. Gente que não teme aquela olhada para trás, não deixa que o saudosismo engesse as pernas e segue em frente, sorvendo e digerindo as transformações. Essa gente é pipoca das boas, que estoura enorme e inspira os milhos indecisos.

Mas tem gente que luta e reluta, que só vê cansaço e trabalho na mudança, que sofre e se contorce quando a vida convida aos novos desafios. Gente que se jogaria debaixo do sofá para esperar a transformação passar. Que não ousa mudar nem mesmo o lado para onde cai o cabelo. Que acredita em azar, torce para que nenhuma surpresa abale a rotina, nenhuma notícia mova as coisas do lugar.

Essa gente é milho duro que resiste, vai se deixando ir para o fundo do saco, se escondendo, fingindo ser até mesmo feijão, para não se deixar cair no panelão da vida. Esse panelão que sacode tudo o tempo todo e exige o máximo de resistência, flexibilidade e, muitas vezes, união de quem está dentro, para não desandar.

Os milhos duros não percebem quando já estão mudando de cor, ficando ásperos e sem sabor. Acreditam que a metamorfose da panela é mais dolorosa do que a fuga das mudanças. Observam os ímpetos dos corajosos e torcem silenciosamente para que nada dê certo, para que algo comprove suas teorias, e confirme que seus temores fazem sentido.

Os milhos duros não sabem que as mudanças os conectam com o tempo, os colocam em sintonia com as evoluções e transformação. Se isso soubessem, não hesitariam.

Na agonia de se preservarem e não se alterarem, desprezaram as habilidades de adaptação e progresso.

Para ser milho duro é preciso resistir, mas, para virar pipoca, basta se jogar!

E uma vez pipoca, nunca mais milho duro.

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