“Querida garota do maiô verde”: o texto que viralizou no verão europeu

“Querida garota do maiô verde”: o texto que viralizou no verão europeu

Por Beatriz García

O post de Facebook mais popular do verão europeu é uma carta a uma desconhecida. A espanhola Jessica Gómez se dirige a uma “garota do maiô verde” sentada a seu lado na praia para explicar a ela, de forma eloquente, como milhões de mulheres em todo mundo se envergonham de seu corpo, que no entanto é “belo simplesmente por estar vivo”.

O post, publicado no dia 5 de julho e que fala sobre a importância de gostar do si do jeito que se é, recebeu mais de 100.000 likes e 5.000 comentários em apenas dois dias e foi compartilhado 125.000 vezes. Abaixo, a versão traduzida da carta:

Querida garota do maiô verde:

Sou a mulher da toalha ao lado. A que veio com um menino e uma menina.

Antes de mais nada, quero te dizer que estou me divertindo muito perto de você e de seus amigos, neste pedacinho de tempo em que nossos espaços se tocam e suas risadas, sua conversa ‘transcendental’ e a música de sua turma me invadem o ar.

Fiquei meio atordoada ao perceber que não sei em que momento de minha vida deixei de estar aí para estar aqui: deixei de ser a menina para ser “a senhora do lado”, deixei de ser a que vai com os amigos para ser a que vai com as crianças.

Mas não te escrevo por nada disso. Escrevo porque gostaria de te dizer que prestei atenção em você. Não pude evitar.

Vi que você foi a última a ficar só em traje de banho.

Vi você se sentar na toalha em uma postura cuidadosa, tapando o ventre com os braços.

Vi você colocar o cabelo atrás da orelha inclinando a cabeça para alcançá-la, talvez para não tirar os braços de sua estudadíssima posição casual.

Vi você se levantar para ir dar um mergulho e engolir em seco, nervosa por ter de esperar assim, de pé, exposta, por sua amiga, e usar uma vez mais seus braços para encobrir as estrias, a flacidez, a celulite.

Vi você agoniada por não conseguir tapar tudo ao mesmo tempo enquanto ia se afastando do grupo tão discretamente como tinha feito antes para tirar a camiseta.

Não sei se tinha algo a ver, em sua insatisfação consigo mesma, o fato de a amiga por quem você esperava soltar a longuíssimo cabeleira sobre umas costas em que só faltavam as asas da Victoria’s Secret. E enquanto isso você ali, olhando para o chão. Procurando um esconderijo em si mesma, de si mesma.

E eu gostaria de poder te dizer tantas coisas, querida garota do maiô verde… Talvez porque eu, antes de ser a mulher que vem com as crianças, já estive aí, na sua toalha.

Eu gostaria de poder te dizer que, na verdade, estive na sua toalha e na de sua amiga. Fui você e fui ela. E agora não sou nenhuma das duas – ou talvez ainda seja ambas – assim, se pudesse voltar atrás, escolheria simplesmente curtir a vida em vez de me preocupar – ou me vangloriar – por coisas como em qual das duas toalhas, a dela ou a sua, prefiro estar.

Queria poder te dizer que vi que carrega um livro na bolsa, e que qualquer ventre que agora tenha seus dezesseis anos provavelmente perderá a firmeza muito antes de você perder o juízo.

Eu gostaria de poder te dizer que você tem um sorriso lindo e que é uma pena estar tão ocupada em se esconder que não te sobre tempo para sorrir mais vezes.

Eu gostaria de poder te dizer que esse corpo do qual você parece se envergonhar é belo simplesmente por ser jovem. É belo só por estar vivo. Por ser invólucro e transporte de quem você realmente é e poder te acompanhar em tudo que você faz.

Eu adoraria te dizer que gostaria que você se visse com os olhos de uma mulher de trinta e tantos porque talvez então percebesse o muito que merece ser amada, inclusive por você mesma.

Eu gostaria de poder te dizer que a pessoa que um dia te amar de verdade não amará a pessoa que você é apesar de seu corpo e sim adorará seu corpo: cada curva, cada buraquinho, cada linha, cada pinta. Adorará o mapa, único e precioso, que se desenha em seu corpo e, se não o fizer, se não te amar desse jeito, então não merece seu amor.

Eu gostaria de poder te dizer – e acredite, mas acredite mesmo – que você é perfeita do jeito que é: sublime em sua imperfeição.

O que posso te dizer eu, que sou só a mulher do lado?

Mas – sabe de uma coisa? – estou aqui com minha filha. É aquela do maiô rosa, a que está brincando no rio e se sujando de areia. Sua única preocupação hoje foi se a água estava muito fria.

Não posso te dizer nada, querida garota do maiô verde…

Mas vou dizer tudo, TUDO, a ela.

E direi tudo, TUDO, ao meu filho também.

Porque é assim que todos merecemos ser amados.

E é assim que todos deveríamos amar.

TEXTO ORIGINAL DE EL PAÍS

Prefiro uma solidão digna a uma falsa companhia

Prefiro uma solidão digna a uma falsa companhia

Alcançar um equilíbrio individual e ser feliz sozinho é a única maneira de poder ser feliz acompanhado. Não devemos buscar um parceiro que nos complete, e sim alguém que nos complemente.

Pode ser que você saiba o que é viver com uma falsa companhia. Há pessoas que priorizam a si mesmas, que buscam interesses próprios e que nem sempre praticam a sinceridade ou a autenticidade.

E isso, sem dúvida, dói e nos causa efeitos secundários.

Nossas relações sociais e afetivas nem sempre são como pensávamos no começo. No entanto, uma má experiência não deve fazer com que deixemos de confiar, nem com que deixemos de acreditar na nobreza e na autenticidade das pessoas.

Por outro lado, também sabemos que uma das sensações mais desoladoras que existe é sentir a solidão estando ao lado da pessoa que amamos. Assim, em algumas ocasiões, há quem enfatize ou defenda que “é preferível uma solidão digna do que uma falsa companhia”.

A dor de experimentar uma falsa companhia

Há um aspecto que deveríamos definir: as relações infelizes nem sempre se baseiam no fato de que um dos dois oferece uma falsa companhia ou demonstra ter atitudes egoístas ou limitantes.

  • Há quem “não saiba amar”, há quem não entenda o que é compartilhar, o que é atender às necessidades do parceiro, e o que é cuidar dos detalhes de um compromisso que deve ser incentivado a cada dia e nos pequenos momentos.
  • Existem personalidades com carências afetivas e falta de inteligência emocional que, mesmo amando o seu parceiro, só conseguem oferecer vazios, infelicidade e, com isso, solidão.

Tudo isso faz com que possamos sentir que a outra pessoa nos oferece uma falsa companhia quando, na realidade, o que existe é uma falta de maturidade afetiva que também causa uma alta sensação de infelicidade.

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Por outro lado, também é verdade que há perfis capazes de construir um falso compromisso que só busca interesses próprios, sejam eles quais forem:

  • Evitar sua própria solidão independentemente de com quem e de como seja o relacionamento.
  • Formalizar uma relação por interesse econômica ou por uma aspiração social.
  • Existem pessoas capazes de iniciar uma relação somente para se sentirem amadas, cuidadas e atendidas, sem a intenção de oferecer ao parceiro o mesmo que recebe.

Perceber que vivemos um dia a dia baseado em desigualdades contínuas, em que somente uma parte investe na relação, se preocupa e atende enquanto a outra somente espera “receber” leva o relacionamento a um inevitável fracasso.

O melhor nestes casos é saber reagir a tempo. Não é recomendável manter estas situações de sofrimento inútil.

Se tivermos claro que a situação não vai melhorar e que a outra pessoa não dá um passo rumo à mudança em que ambos possam se beneficiar, é necessário responder e nos afastar se for preciso.

É preferível uma solidão íntegra a uma companhia dolorosa

Não duvide: a solidão sempre será preferível à companhia de alguém que vulnera nossa pessoa, nossa autoestima e nosso equilíbrio.

Não tenha medo da solidão

Existem muitas pessoas que têm um medo terrível de estarem sozinhas. Isso se deve, em algumas ocasiões, à visão social negativa que se tem da solidão, como se fosse um sinal de fracasso ou um estigma.

  • Não ter um parceiro não é um fracasso. Não é necessário estar comprometido para ser feliz, nem é uma obrigação contar com um companheiro ou companheira para ser bem visto socialmente. É algo que devemos ter em mente.
  • Se nós mesmos não somos felizes primeiramente de forma individual, é muito difícil chegar a sê-lo como parte de um casal.

E além disso, a solidão é um estado pleno e cheio de equilíbrio que pode nos permitir crescer como pessoas, reorganizar nossa vida, amadurecer e alcançar também muitos sonhos e objetivos.

  • Não é preciso ter medo da solidão: o que devemos temer é viver uma vida junto a alguém que nos entristeça.

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A vida é muito curta para viver os planos de outra pessoa

Pense que o mais importante nesta vida é estar bem com nós mesmos e alcançar a felicidade de forma que mais nos favoreça, seja em solidão, em um casal, ou como desejarmos.

  • Não permita que ninguém diga como deve ser a sua vida, nem que ninguém recomende qual a melhor forma de ser feliz. Viver é escolher com liberdade, assumir erros e iniciar novos projetos.
  • Não coloque a sua felicidade nos bolsos de outra pessoa. Construir uma vida como um casal permite que a relação seja coisa dos dois, e não apenas de um. É fundamental construir um projeto em comum no qual ninguém perca ou saia ferido.
  • Se você perceber que a sua vida está baseada somente nas escolhas, decisões e ordens de outra pessoa, reaja. Cedo ou tarde chegará a frustração pessoal e a infelicidade.

A vida é muito curta para viver os planos de outras pessoas deixando perdidos nossos próprios sonhos.

Matéria original: Melhor com Saúde

A força que move o mundo

A força que move o mundo

Carrego comigo uma porção de dúvidas. São questões existenciais que me acompanham, me desacomodam, fazem parte de mim e para as quais nunca tenho uma única resposta certa.

Não sei, por exemplo, o que teria acontecido comigo se meus pais não tivessem se conhecido. Eu, de fato, teria deixado de existir ou teria experimentado a honra de ser convidada por outra família para vir ao mundo? E se acontecesse a segunda opção, seria minha alma em outro corpo? Com quem eu me pareceria? Será que eu nasceria mulher?

Não sei dizer… Às vezes acho que eu teria dado meu jeito de nascer em outro corpo. Outras vezes, penso que o mundo não teria tido o privilégio de me conhecer. Mas, a verdade é que essas respostas não existem.

Ainda dentro dessa mesma lógica, minha mente, curiosa, insiste em questionar: o que levou minhas duas avós ao mesmo quarto de hospital? O que levou meus pais a visitarem suas mães no mesmo dia e horário? O que fez os dois se apaixonarem em tão pouco tempo?

Felizmente, para essas questões, a vida já me deu resposta. Quando se trata de coisas do destino, há uma certeza que me aquieta e me basta: sei que existe uma força dando corda neste mundo. Sei que essa força é tremenda o bastante para superar qualquer um de nós. É ela que move a natureza e sua perfeição. E ela que dá, aos seres humanos, a direção.

Aliás, de tanto pensar, concluo que a natureza e os seres humanos são indivisíveis. Além de serem guiados pela mesma força, ainda se assemelham.

O que é o chão seco do deserto senão o homem na dureza da solidão? O que é um furacão senão o calor descompassado de nossa fúria devastando outras vidas? O que é a chuva mansa senão a paz de espírito? O que é um rio senão a vida rumo ao futuro? O que é um tsunami senão o copo de nossa paciência preenchido pela última gota d’água?

O que é o vento senão o deslocamento e a varredura de tudo aquilo de que queremos nos libertar? O que é um vulcão em plena erupção senão uma mulher em plena TPM? O que é a brisa senão um sopro agradável de esperança? O que é a neve senão a rigidez de algo vital? O que é o mar senão sonhos e planos em movimento?

O que são os grãos de areia senão a representação de cada um de nós no Universo? O que é uma rocha senão a dureza de nossos corações? O que é o céu estrelado senão o mais profundo mistério da nossa fé? O que é o Sol senão o calor do amor que nos arde no peito? O que são as tempestades senão os desafios e obstáculos da vida? O que é o arco-íris senão a beleza da vida na forma de recompensa?

Meus pais habitavam seus desertos; a neve caiu sobre suas mães; o rio conduziu seus destinos ao hospital; o sol brilhou na vida dos dois; a tempestade tirou uma avó de mim; o mar se encarregou de melhorar as coisas; o arco-íris, desde aqueles dias, vem nos surpreendendo.

Sei que há, em outras mentes por aí, explicação lógica para tudo isso. Respeito, profundamente, todas as formas de pensamento. Existem tantas possibilidades de tentar compreender a vida… Mas, escolho não saber. Às vezes, o intelecto puro atrapalha. Prefiro dar voz ao coração (que, a propósito, também é impulsionado por alguma força) e crer no invisível e confiar no incompreensível. A sensibilidade me oferece mais certezas do que os olhos.

E você, caro leitor, se concordar com a existência dessa força superior a que me refiro, tem a liberdade de chamá-la como quiser. Eu, simplesmente, sinto que seu nome é Deus.

Às vezes, a frieza é uma defesa de quem já foi bonzinho demais

Às vezes, a frieza é uma defesa de quem já foi bonzinho demais

Costumamos julgar as pessoas, muitas vezes de maneira cruel e injusta, atentando-nos somente para o que vemos, mesmo que não as conhecemos o suficiente. Tiramos conclusões precipitadas, antecipando-nos à convivência com o outro, esquecendo-nos de dar tempo ao tempo, para que a verdade de fato se faça presente.

Todos nós passamos por muita coisa antes de chegarmos onde estamos, ou seja, o que somos carrega uma carga emocional e física imensa, que nos moldou e nos tornou o que vivemos no momento presente. A gente vai se transformando ao longo de cada dia, todos os dias, aprendendo a conviver com as bagagens boas e ruins, adequando-nos ao que a vida nos apresenta – e nem sempre ela é gentil.

Por essa razão, não podemos criticar as pessoas pelo seu jeito de ser, pois todas elas estão tentando sobreviver, enfrentando batalhas, dentro de si, que nem imaginamos. E, quando se trata das pessoas próximas de nós, que conhecemos de perto, será preciso prestar atenção aos sinais que seu comportamento nos envia a todo momento. Caso contrário, não conseguiremos responder aos pedidos, não nos ajustaremos às mudanças e assim perderemos quem não deveria se afastar.

Precisamos, sobretudo, entender o silêncio demorado de quem caminha conosco, lendo as entrelinhas daquilo que não mais retorna, percebendo a tristeza no fundo dos olhos, as mudanças mínimas que nos indicam que algo não vai bem. Infelizmente, a maioria de nós só percebe a frieza cansada do parceiro quando o abismo emocional já se encontra praticamente irreversível. Então já nada mais importará. Então será tarde demais.

Conviver requer prestar atenção, cuidar, regar, importar-se, mais do que oferecer presentes e conforto material. Buscar as conquistas de vida sempre deverá incluir também o enriquecimento afetivo, o aumento de nosso potencial humano, nossa capacidade de amar e de ser amado. Se nos esquecermos das relações humanas nesse caminho, sempre sairemos perdendo, pois as pessoas simplesmente se cansam de ser boazinhas e compreensivas além da conta, além do que o coração é capaz de suportar. As pessoas se cansam e fim.

Para quem você se esforça?

Para quem você se esforça?

Já parou para pensar na quantidade de atitudes e decisões que você toma para mostrar, provar, convencer, surpreender outra pessoa? E que esse esforço parece não ter fim porque a outra pessoa da vez, da ocasião, do momento sempre vai achar que você poderia ter feito um pouco mais?

Em contrapartida, já se viu numa situação de aceitar o mínimo para não ficar sem nada? De negociar as rebarbas porque o miolo já estava comprometido, e não era com você?

Essa inversão não é rara, nem inteligente, nem muito menos justa, mas acontece, e como acontece! A gente espera uma reciprocidade não tratada, não combinada.

Quem se vale do esforço alheio, não tem intenção de dar nada em troca. É um caminhão de esforço para um baldinho de retorno.

A pergunta que grita é: Para quem eu me esforço? Estou me colocando em primeiro lugar nas ideias e ações que planejo executar? Não é por vaidade, longe disso, é por estima. Auto estima, sobrevivência!

Eu não posso ter uma performance profissional excelente para agradar a um superior. Isso é mera consequência. Eu não devo orientar minha aparência para convencer o mundo. Isso é escravidão. Eu não quero colocar meus desejos e sonhos nas mãos, no tempo nem na vontade de ninguém. Isso é suicídio em vida.

Tudo na vida requer esforço. É fundamental saber para quem você se esforça. Esforço para a família, para levar um pouco de felicidade a alguém, para prover, para dividir, para criar. Tudo isso é esforço compartilhado, saudável, vivo!

Esforço para prender, convencer, provar, burlar, iludir, esse é o esforço doente, aquele que despende demais e retorna sem nada. Não vale o esforço, não se sustenta, não alimenta, não sobrevive.

Como se fala por aí, tem coisas e pessoas que não valem o esforço. Como um doce sem sabor e sem qualidade, não vale a pena engordar por isso!

Esforço bom é aquele que a gente faz para a gente e convida os afetos para a divisão dos frutos. E vice-versa!

Notas sobre o desapego

Notas sobre o desapego

Tanto se fala sobre a importância de praticar o desapego, os movimentos minimalistas, as pessoas que largam tudo e correm o mundo e bradam orgulhosos feitos no barulho infinito da internet. Eu tenho para mim que desapego é desapego de coisas materiais sim, ou melhor, também. Mas, existe um lado importante sobre o ato de desapegar que me interessa mais. E é preciso saber reconhecê-lo.

Para mim, reduzir a casa a uma mochila e correr o mundo, não é desapego, é aventura. Partir e deixar tudo para trás, não é desapego, é desistência, é fuga. Desfazer-se de muitos bens materiais, não é desapego é praticidade. Desistir sem tentar, não é desapego, é covardia. Entregar nas mãos de Deus, não é desapego, talvez seja fé, ou comodismo.

Desapegar é uma constante busca da tênue linha do que é suficiente, que ora move-se para cá, ora move-se para lá. É seguir tentando, arriscando, criando, sem garantia alguma dos resultados. É aprender a perdoar em silêncio. É desconstruir-se e tornar-se mais inteiro. Desapegar é aprender a viver sem certezas. É deixar ir aquilo que já não nos serve, mas que nos fará falta.

Desapego para mim é viver a dura morte de alguém que ama e seguir acreditando que a vida, mesmo com muita dor, é bela. É viver o luto até secar as lágrimas, sem anestesiar a dor. Desapego é viver uma rejeição e seguir acreditando no seu próprio valor sem desqualificar a escolha do outro. É aprender a suportar um não sem desistir do que se acredita. É desistir do que se acredita. É saber que é preciso enfrentar e ficar até dar a hora de ir e depois saber ir quando essa hora chegar.

Desapegar é ter disponibilidade para escutar o outro, para entender os fatos, para admitir nossas próprias ignorâncias, para admitir erros e mudar de ideias, de valores, de crenças. É estar aberto para viver o novo e desconhecido. É a grande expressão de escolhas feitas com sabedoria, cuidado, amor e dor. Porque se desapegar não te faz sangrar, não é desapego, é descarte.

Quem deixa ir engrandece o mundo.

Pois cresce um pouco mais quem permanece na crise, disponível para si e para os outros, quem tem paciência de desatar os nós, um a um, sem cortar a corda. Quem enfrenta até o fim e consegue dar fim. Quem deixa ir os anos idos e os anos vindos, os amigos, os amores, as dores e as alegrias. Quem se liberta das memórias doloridas, de traumas e repetições, dos medos, dos sonhos não concretizados, dos amores mal resolvidos para viver uma vida escolhida.

Engrandece o mundo quem torna-o mais leve e aprende a deixar ir.

Ilustração: Eva Uviedo

Pessoas úmidas: fuja delas!

Pessoas úmidas: fuja delas!

Algumas pessoas são pesadas como uma esponja cheia de água. São incapazes de torcer e escorrer seus medos, receios e recalques para o ralo.

Fuja delas! A água suja que acumulam nos olhos é capaz de borrar o vestido branco da sua alegria sem que você perceba.

Você pode ofertar uma bandeja de doces coloridos, suspiros, jujubas, beijinhos, sorrisos, piadas, historinhas perfumadas, entusiasmo e elogios: nada altera o jeito turvo com que olham a vida; o tom monocórdico de suas vozes não se altera, a nuvem cinza que habita suas sobrancelhas continua anunciando tempestade mesmo quando a oferta de amizade é azul.

São pessoas tão habituadas à rejeição que não conseguem ofertar outra coisa aos outros a não ser mais rejeição (e/ou olhos de crítica).

Acham que toda alegria é gratuita. Que todo entusiasmo é burro. Talvez nunca tenham lido Mario Quintana, Cora Coralina Vinicius de Moraes.

Pessoas úmidas sentem-se ameaçadas por pessoas que secam suas mágoas ao sol diariamente e transitam levemente junto ao vento.

Geralmente confundem sarcasmo com maldade. Falam mal dos outros para se sentirem superiores – como se isso fosse sanar suas próprias faltas de dores.

E sentem inveja, muita inveja de quem consegue algo que elas não alcançam, jamais tiveram ou terão. Colocam-se, sempre, como vítimas de qualquer circunstância ou situação.

Só conseguem admirar mitos! São incapazes de admirar João, Maria, Filomena, Sicrana e Beltrana – admirar quem está ao alcance das mãos é sentença de morte, certeza de que o vizinho é melhor.

São as mesmas que acham que qualquer pessoa diferente delas é estúpida, boçal e ridícula. São hipócritas. Defendem a causa gay, são contra o racismo e a guerra, mas são incapazes de aceitar um estranho em seus ninhos mofados.

São aquelas que só conseguem enxergar o que perderam (o que falta) e não o que ganharam, o que transborda. Vivem insatisfeitas com alguma coisa, ou, com tudo. Vivem reclamando, falando de problemas, espalhando notícias ruins.

Estão sempre com cara de quem chupou limão, dormiu mal, colocou sal demais na comida ou perdeu o ticket de ida para um lugar chamado “vida”.

Fuja dessas pessoas! Pois elas são capazes de sugar seu prazer de viver com um simples olhar de canto, um balançar de cabeça ou um sorriso amarelado.

Pessoas úmidas, pesadas, são como vampiros: não suportam a luz.

Creia: você não precisa delas.

5 séries que dizem muito mais do que você possa imaginar

5 séries que dizem muito mais do que você possa imaginar

Há tempos a TV mostra ter capacidade e eloquência para tratar de assuntos contemporâneos com a mesma estética e qualidade das grandes produções cinematográficas. Essas cinco séries abaixo, expandiram essa linha entre ficção e realidade mostrando não apenas preciosismo, mas também sinceridade e reflexões mais que fundamentais sobre o comportamento humano.

1. A Sete Palmos (2001 – 2005)

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Toda a trama se desenvolve em torno do mundo da ‘Fisher & Sons Funeral Home’, uma fictícia empresa funeral nos dias atuais em Los Angeles, Califórnia. A série mostra um drama convencional de família, lidando com assuntos como infidelidade, homossexualidade e religião. Ao mesmo tempo, é uma distinta série que aborda com outro prisma o tópico da morte, explorando seus múltiplos níveis (pessoal, religioso e filosófico), não a tratando apenas como um mero ímpeto conveniente para a solução de um assassinato. Cada episódio inicia-se com uma morte – e, naturalmente, de um “cliente” da funerária. Esta morte geralmente dá o tom de cada episódio, permitindo aos personagens refletir sobre suas vidas e infortúnios, de forma iluminados pela morte e suas consequências.

2. Família Soprano (1999 – 2007)

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Tony Soprano é um típico empresário norte-americano de meia-idade; tem uma esposa responsável e que anda dentro da linha, uma filha não muito obediente, um filho chamado Anthony e uma mãe que se recusa a ir morar em um asilo. Nada fora do normal, não fosse o fato de Tony ser também o chefão de uma outra família; a máfia.

3. Penny Dreadful (2014 – 2016)

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Em Penny Dreadful, alguns dos personagens mais famosos e assustadores da literatura mundial, como o Dr. Frankestein e sua criação, o eternamente jovem Dorian Gray e icônicas figuras do romance Dracula, estão todos vivendo nos cantos obscuros de Londres Vitoriana.

4. Dexter (2006 – 2013)

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Valendo-se do fato de ser um expert forense em análise sanguínea e de trabalhar no Departamento de Polícia de Miami, Dexter, de um modo bem meticuloso e sem pistas, mata criminosos que a polícia não consegue trazer à Justiça. A série narra a trajetória de sua vida dupla por meio de flashbacks e, paulatinamente, vai desvelando diversos segredos dos personagens, criando um ambiente de constante suspense.

5. 24 Horas (2001 – 2010)

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A primeira temporada começa e termina a meia noite no dia das eleições presidenciais primárias da Califórnia em Los Angeles. A tarefa de Jack Bauer é proteger o candidato David Palmer de uma tentativa de assassinato e resgatar sua família daqueles que tramam o assassinato, que buscam retaliação ao envolvimento de Jack e Palmer em uma missão do exército americano nos Balcãs.

17 frases que dizem muito sobre nós mesmos

17 frases que dizem muito sobre nós mesmos

1-A escala de sua personalidade é determinada pelo tamanho do problema que você é capaz de tirar de suas casinhas.

2- Antes de ser diagnosticado com depressão ou baixa autoestima, certifique-se de que não está rodeado por idiotas.

3- O objetivo de fazer o ser humano feliz não estava nos planos da criação do mundo.

4- Tudo que você faz na cama é bonito e absolutamente correto se os dois estiverem felizes.

5- O único desvio sexual é uma completa ausência de sexo, o resto é uma questão de gosto.

6-No momento em que uma pessoa começa a pensar sobre o sentido e o valor da vida, pode ser considerada doente.

7-O primeiro homem que insultou seu inimigo, em vez de lhe jogar uma pedra, foi o fundador da civilização.

8- O amor perfeito, eterno e livre e do ódio só existe entre um viciado e a droga.

9-Vivemos em um tempo muito estranho, quando, surpresos, percebemos que o progresso anda de mãos dadas com a barbárie.

10-Quanto mais perfeito parecer por fora, mais demônios tem por dentro.

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11-Sei me defender quando me criticam, mas sou completamente impotente diante dos elogios.

12- Nunca nos sentimos tão vulneráveis como quando amamos, e nunca nos sentimos tão infelizes na hora em que perdemos o amor.

13- O primeiro sinal de estupidez é a total falta de vergonha.

14- As pessoas são mais morais do que pensam e mais amorais do que se pode imaginar.

15- Nós ignoramos a maior parte do que é real dentro de nós, e o que pensamos que é real na verdade é uma ilusão.

16- Cada pessoa normal, na verdade, é normal apenas em parte.

17- Às vezes um charuto é apenas um charuto.

TEXTO ORIGINAL DE INCRÍVEL.CLUB

14 ideias originais e úteis para a decoração da sua casa!

14 ideias originais e úteis para a decoração da sua casa!

Você mora em casa, apartamento, chácara? Mora no interior ou em um condomínio em plena metrópole? Não importa! Se você está pensando em renovar a decoração da sua casa, torná-la mais original e inovadora, nós podemos te ajudar! Com essas ideias criativas e bem úteis seus amigos nunca mais vão querer sair de sua casa!

Confira:

Que tal um frigobar acoplado à sua bancada da cozinha?

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E se você não tem medo de altura… Uma rede-teto!

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Uma porta-estante… Para economizar espaço!

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Sapateiras embaixo da escada.

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Uma estante de livros na escada! Ótima para aproveitar o espaço, e fica lindo!

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Uma área de reuniões.

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Armazenamento numa plataforma.

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A cama é uma gaveta!

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Área de armazenamento de vinho sob as escadas.

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Uma escada como porta!

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Janelas gigantescas!

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Varanda para a sala! Um charme…

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Uma ilha de caixotes de feira para a sua cozinha!

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Mobília toda de paletes!

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Matéria original: Ela e Ele

Minha solidão não é sucata

Minha solidão não é sucata

No dicionário a palavra tem um significado interessante: Estado de quem está só.

Mas, na vida, esse substantivo feminino possui uma palheta de tons e cores praticamente infinita.

Solidão de ideias, de crenças, de pares e ímpares. Solidão não identificada, solidão escancarada, solidão velada, observada, invejada, desprezada, amaldiçoada.

Solidão tem mão pesada. Quando faz carinho, é bruto; Quando cutuca, deixa marca; Quando coça, arranha; Quando bate, nocauteia; Quando domina, enlouquece.

A minha solidão é cíclica, intempestiva, volúvel. Nunca consegui identificar se é regida pelas fases da lua, pelas estações do ano, ou pelas variações do meu humor.

Horas me sinto só de dar dó. Outras, nem sei o que é isso. Mas ela é real e universal. Todo mundo se sente só em algum momento!

O estado de solidão é muito mais do que não andar de mãos dadas, não usar uma aliança, morar sozinho, não ter família ou não ser exatamente uma pessoa popular.

Solidão é viver com a incompreensão, morar com o egoísmo, compartilhar sentimentos com egos inchados e exaltados, ter voz e não ser ouvido, questionar, pedir, suplicar e não ser atendido. Solidão é se reconhecer só justamente quando não gostaria. É ter espaço para mais uma presença, embora acompanhado de ausências.

A solidão mais cruel é aquela que pode contar com uma companhia que não enche o coração. Solidão dolorida, acompanhada mas ignorada.

É a solidão sucateada, vendida por uma promessa de companheirismo, uma condição social, uma vida calculada, desejada, ensaiada, mas de longe aproveitada.

Pensando em tudo isso, de vez em quando eu liberto minha solidão para que sofra, doa e chore, para que eu me lembre e valorize minhas boas e caras companhias, procure por elas, peça colo e carinho, ombros e ouvidos generosos. E dessa forma eu consigo negociar novamente com a solidão. Fazemos um trato cumprido com honestidade. Eu a consolo e ela não me domina.

E, se eu der algum passo da vida e isso for decisivo para fazê-la minguar, vou me despedir respeitosamente, prometendo deixá-la voltar algumas vezes, somente para um café com lembranças do tempo em que éramos inseparáveis.

8 coisas que as pessoas emocionalmente mais “espertas” evitam

8 coisas que as pessoas emocionalmente mais “espertas” evitam

Ser mentalmente saudável inclui ter hábitos e atitudes saudáveis para consigo mesmo e com os outros.

Pessoas mentalmente saudáveis têm maior controle sobre suas emoções, atitudes e pensamentos. Seu comportamento é direcionado para bem-estar próprio e daqueles ao seu redor. Por isso veja aqui se você se encontra no lado certo da moeda

Pessoas mentalmente mais sadias evitam:

1. Achar que alguém irá completá-las

Esse tipo de pessoas não depende de outros para sentirem-se completas, pelo contrário, procuram ser completas antes de procurar alguém para se relacionar. Pessoas saudáveis não se ressentem da solidão e adoram a própria companhia. Gostam tanto que querem dividir sua companhia com alguém especial.

2. Sentir-se vítimas das circunstâncias

Pessoas mentalmente saudáveis se recusam a sentar e reclamar da vida e das pessoas. Ao contrário, estão tão ocupadas construindo suas próprias vidas que não têm tempo para reclamar ou lamentar. Veem os outros como companheiros em um mundo que nem sempre é justo ou fácil.

3. Envolver-se em excesso nos problemas alheios

Os mentalmente saudáveis não se envolvem nos problemas dos outros simplesmente para compartilhar sua dor. Eles se compadecem, e até podem chorar junto – por um tempo. Em seguida buscam ver em que podem ajudar, e o fazem. Porém, sabem que absorver o problema do outro não ajudará ao outro e será péssimo para si mesmo.

4. Tentar agradar a todos

Isso é impossível. Jesus Cristo é perfeito e nunca agradou a todos. Tentar fazer isso é atentar contra a própria sanidade mental. Além de, claro, não ter a mínima necessidade de se fazer. Pessoas mentalmente sãs buscam apenas serem justas e cuidadosas com os outros.

5. Repetir sempre os mesmos erros

Aprender com os erros e não os repetir é fundamental para o bem-estar emocional e equilíbrio de qualquer um e os mentalmente saudáveis sabem disso, por isso assumem a responsabilidade por seu comportamento e não culpam os outros ou as circunstâncias por seus erros e os corrigem tão logo os tenham cometido.

6. Ser imediatista

Não trocam o sucesso em longo prazo por prazeres momentâneos. Sabem esperar, têm paciência e não acham que tudo deve ser quando querem e do modo que querem, como crianças mimadas. Entendem a relação causa/consequência e a lei da colheita.

7. Reclamar

Esse tipo de pessoa sabe que reclamar nunca resolveu nenhum problema. São apenas afirmações para si mesmo de que você não é capaz de resolver um problema ou que é uma vítima involuntária – pensamentos que tiram o poder individual. Ao invés disso, analisam o problema, meditam sobre ele, buscam as soluções e se não puderem resolver tudo, aceitam isso.

8. Permanecer em relacionamentos não saudáveis

Pessoas mentalmente mais saudáveis não têm relacionamentos descartáveis. Elas entendem que todo relacionamento é construído pelas pessoas envolvidas nele. Elas fazem sua parte e até além da sua parte para manter seus relacionamentos e valorizar a pessoa envolvida. Porém, se todos os seus esforços não estão conseguindo fazer com que seu relacionamento seja saudável, elas não se culpa. Elas não se tornan um avestruz que enfia a cabeça na areia. Elsa simplesmente saem do relacionamento doente.

Há muitas atitudes que pessoas mentalmente mais sadias fazem e que beneficiam a elas mesmas e aos outros. Não têm medo de ser o que são e se orgulham em sê-lo. Tomam suas próprias decisões, cuidam de suas próprias vidas e tornam o mundo um lugar melhor com sua presença.

Fonte: Família. 

Imagem de capa: Billion Photos/shutterstock

Nota: Lembre-se, se você se sente perdido em um desses itens, procure ajuda. Na vida seguimos em busca do equilíbrio, mas todos nós podemos nos desestabilizar. A melhor atitude é aquela de sempre tentar perceber os deslizes que nos adoecem e retomar a estrada que nos mantém bem e mais saudáveis.

As explosões ou arroubos emocionais do bipolar _ Como seguir adiante?

As explosões ou arroubos emocionais do bipolar _ Como seguir adiante?

Carta Dezoito.     

As explosões ou arroubos emocionais do bipolar _ Como seguir adiante?

Por Elizete Maria Orletti

Sabemos que, em nossas relações rotineiras, sob as normas de uma comunidade humana, com regras seculares, certos episódios são capazes de nos levar a reações adversas, de apatia ocasional ou de sérias indisposições com determinadas pessoas, motivadas por irritações às vezes sem explicações racionais. Como conseguiremos lidar com tais demandas no dia a dia?

Nos seus contatos usuais, nesta sociedade de valores tão densos e complexos, a bipolar pode ser acometida, quando ocorre a perda de controle de suas condutas habituais, de arroubos de raiva passionais.

-Tais circunstâncias são geralmente imprevisíveis, e têm a prerrogativa de levá-la a circunstâncias de explosões verbais com o sujeito com quem se indispõe, através de sinais evidentes de uma agressividade francamente impressionante, e que revela uma total incompreensão aos atores envolvidos.

Estas comoções súbitas são geradas comumente por uma extrema tensão, em que as diferenças expostas, nesses meros acontecimentos, surgem como se fossem psicóticas expressões selvagens desse ente contrariado, e se sobrepõem aos fatos vividos, deixando aquele cidadão perplexo com o nível alterado de inexatidão em nossos comportamentos.

Aqui se desvela a outra face da moeda da sensibilidade debilitante dessa doença afetiva, que se apresenta, agora, de forma feroz e controversa, sendo que, nas conversações anteriores, essa personalidade se portava como usualmente gentil, passando, rapidamente, a uma expressão cabalmente ofensiva, que exibe, com nitidez, a subtração da estabilidade dos seus suportes psíquicos.

Assim, reagimos de duas maneiras quase que invariáveis: na primeira fase, parece que o desconhecido nos tenha ofendido mortalmente, é como se o universo estivesse conspirando contra os nossos pensamentos, sob a psique abalada pelo transtorno afetivo do humor (TAB), que se manifestam de forma bastante influenciada pelos sentimentos negativos, sendo o nosso desafeto momentâneo o portador de um grau incomum de rejeição à nossa presença naquele ambiente.

Desse modo, se revela uma enorme insatisfação em nossa adolescente Maria M., de instantânea abstração da realidade, e que, quando não é bem processada em sua mente, chega a se transformar em uma contrariedade de polos opostos, de modo a que venha a acumular as suas emoções mal resolvidas, somadas à baixa autoestima.

A seguinte vertente é verificada quando em breve retornamos à veracidade dos fatos e das nossas ações instantaneamente invertidas, e podemos tanto sair abruptamente de cena (em que somos os protagonistas desse verdadeiro show patético que criamos, supostamente por engano, ou denotações irreais).

Ou, ainda, sob o inconsciente imensamente perturbado, nos derramarmos, na cara dura, em pedidos de perdão tardios, e com adicionadas flores do bem, aqui, como os símbolos figurativos das nossas culpas imediatas a serem sanadas, o que nem sempre nos absolve diante daqueles que magoamos.

-Mas nós sabemos o quanto somos carentes da doce cordialidade e, simultaneamente, plenas da mais pura paixão, o que vem a nos garantir convivências raras e tocantes, permeadas de promessas, suscetíveis, infelizmente, de serem modificadas pelas conturbações enfermiças.

Estas são capazes de atuar, inclusive, contra os nossos desejos de acertos, o que chega a ser tóxico para a própria aceitação, quando nos movemos, sem uma compreensão plausível, num universo de relações imaturas, ou como nos casos em que interagimos com pretendentes que não são comprometidos na entrega, devotada e fiel.

-Destaco essa hipótese, amiga, para que você reflita, enquanto é factível, mediante os preocupantes ascendentes nesses tempos líquidos e não permanentes, e, por isso é salutar que estejamos com os amigos e a parentela, que simplesmente nos devolvam esse alento de carinho genuíno, e que transborda, muitas vezes, nessas nossas carências desmedidas, porque os passantes podem não suportar tanto amor.

A cada novo encontro com um semelhante, em cada emoção que corre no nosso sangue primitivo de sobreviventes (da fase de depressão e, principalmente, a de euforia contagiante), nos entregamos inteiramente, pela bandeira globalizada do bem querer explorada por um facebook de acessos distintos a amizades rápidas e sedutoras.

Somos então o carnaval de sensações desorganizadas, sim, mas intensas, procurando um ninho, e uma via cabível para a fusão dessas afeições belas e contraditórias, quando amamos bem, mal, ou demais.

-Gostaria ainda de lhe falar, Maria M., sobre o uso do bom senso nos relacionamentos cordiais com os demais indivíduos, em nossas rotinas, para mantermos os limites saudáveis da boa educação. É importante que você mantenha a essencial condição diferenciada dos seus humores bipolares em níveis suportáveis, pois é no acúmulo de momentos difíceis que pode ocorrer o rompimento dos suportes sensíveis, arduamente construídos por nós, nas relações de trabalho e sociais.

-O problema maior, nesses descontroles aparentemente inevitáveis, é um desgaste com os seres próximos, irmãzinha, e destarte, criarmos afastamentos breves ou constantes, danos muitas vezes irreparáveis e, inclusive, perdas desnecessárias.

-Vamos destacar essa questão, nos referindo às ligações íntimas e duradouras, e que são geralmente quem mais sofrem com essa irracional impaciência de sua parte, e que pode vir a se transformar em uma fúria intempestiva e agressiva.

-Essa análoga atitude pode conduzir a sua bipolaridade aos fenômenos que nos remetem à natureza, quando assistimos ao estouro de uma boiada, em que seus corpos são assustados por um fator exterior qualquer, sem regras, rédeas ou leis que os dominem.

“Destroem-se em minutos, feito montes de leivas, antigas roças penosamente cultivadas:

extinguem-se, em lameiros revolvidos, as ipueiras rasas: abatem-se, apisoados, os pousos; ou esvaziam-se, deixando-os os habitantes espavoridos, fugindo para os lados, evitando o rumo retilíneo em que se despenha a “arribada” – milhares de corpos que são um corpo único, monstruoso, informe, indescritível, de animal fantástico, precipitado na carreira doida.”¹

Nos episódios singulares, envolvendo as dependentes com essas desordens temerárias, essa indisposição com os mais amados traz pode advir do excesso de zelo dos parentes, o que pode sufocar essa jovem, e deturpar as suas percepções temporariamente confusas, ou mesmo mascaradas, através de um desconforto preliminar, uma das vertentes dessa nossa abordagem.

As conexões coletivas e familiares dos que têm os caracteres dessa complexa patologia, jásão demasiadamente caracterizadas pelas inconstantes crises pertinentes  ao problema de saúde apresentado. Quem convive diretamente com esse drama, é capaz de reconhecer as evoluções de seu parente, e é possível discernir, sem margens de erros, o  recolhimento sofrido e involuntário da paciente deprimida, em que fica com o temperamento irritadiço, causando o possível distanciamento com os seus entes queridos.

Tenha fé na sua vida, em Deus, Eliz, novembro de 2015.

_____________________________________

1-CUNHA, Euclides da. Estouro da Boiada, Os Sertões. Editora Record, Rio de Janeiro, RJ, 2000.

Para saber mais:

Cartas a você, amiga bipolar

(lidando com um cavalo indomável)

Elizete Maria Orletti.

[email protected]

A espetacular literatura nórdica em 10 autores

A espetacular literatura nórdica em 10 autores

Desde que a trilogia Millennium de Stieg Larson chegou por aqui, o consumo de livros de assassinato e mistério escritos por autores do norte do Atlântico aumentou consideravelmente. No entanto, é preciso dizer que, ainda que tais livros sejam de qualidade indiscutível, a literatura nórdica não se reduz apenas a romances policiais ou aventuras fantásticas. Nela encontramos também grandes obras sobre questões existenciais, políticas, históricas e mesmo linguísticas.

A presente lista tem o intuito de falar de alguns desses autores que estão fora do hall das “estrelas” escandinavas. O grande problema é que poucos autores que não escrevem romances policiais, ou “Scandi Crime”, como também é conhecido o estilo, são traduzidos por aqui. Por isso, vale a pena, para quem tem facilidade com línguas como inglês ou espanhol, procurarem por eles nesses idiomas. Não é tarefa das mais fáceis, admito, mas vale a pena o esforço, principalmente quando se trata de literatura de primeira. Outra opção é procurar por edições portuguesas (Portugal), pois muitos dos nomes aqui indicados foram publicados em terras lusitanas.

Tomas Espedal

Foto: Jakob Dall

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O estilo de Tomas Espedal (54) é bastante influenciado por Thomas Mann. Segundo ele, seu projeto literário passa pela ideia de descrição de uma família de classe trabalhadora que chega ao fim, exatamente em sua pessoa. Descrever algo que chega ao fim, seja uma família, uma cultura ou um modo de vida. Para ele, escrever não é algo terapêutico – ao contrário, gera crises. “Ler pode ser reconfortante, mas nunca escrever”, disse em uma entrevista ao Louisiana Channel. Espedal possui algo único. Talvez o seu gosto pela linguagem, pelo processo de conhecer algo ou a si mesmo pela linguagem seja o seu maior atrativo. Seus romances possuem fortes tons biográficos, muitas vezes abordando a rotina, os obstáculos e sacrifícios da escrita.

Títulos publicados no Brasil: Nenhum

Sofi Oksanen

Foto: Toni Härkönen

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A escritora finlandesa, hoje com 39 anos, é uma das escritoras que mais lucrou no ano de 2010, entre seus conterrâneos. Tudo graças a “O Expurgo”, seu terceiro romance, que acabou virando filme (Uma Noite de Crime) e ópera, além de lhe render alguns prêmios e de ser publicado em mais de 40 países. Alguns de seus romances trazem elementos históricos e políticos importantes sobre a antiga União Soviética. O estado psicológico das vítimas da guerra, a descoberta do corpo, do sexo e da importância das relações humanas, também são assuntos importantes da sua escrita.

Títulos publicados no Brasil: As Vacas de Stalin (Record, 2013), O Expurgo (Record, 2012)

Gerður Kristný

Foto: Sigtryggur Ari

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Se você é do tipo de pessoa que, sempre que lê ou ouve as palavras “nórdico” e “escandinavo”, já se empolga e pensa em vikings e mitologia, mas que não gosta dos exageros cinematográficos, talvez a poeta Gerdur Kristný (46) seja a sua praia. Seu livro “Blóðhófnir”, por exemplo, é baseado em um poema do Edda sobre a deusa da fertilidade Freyr. Kristný também escreveu livros infantis, histórias curtas e uma biografia. Sua obra, que ela descreve como algo sempre coberto de neve, dialoga particularmente com a tradição islandesa, com sua geografia e clima. Ela trata dos mitos da sua terra com respeito e humildade visíveis em versos muito bem estruturados. Em 2013, Kristný veio até a América do Sul, como convidada do Festival de Poesía de Medellín, na Colômbia.

Títulos publicados no Brasil: Nenhum

Jon Fosse

Foto: Herman Dreyer

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Jon Fosse (57) está entre os dramaturgos mais encenados do mundo. Com diálogos que beiram a poesia, suas peças causam alvoroço por onde passam. O autor norueguês também escreve romances, poemas e livros infantis. É considerado um fenômeno. Já venceu o prêmio Ibsen (o maior prêmio do teatro mundial) e foi por três vezes condecorado com a Ordre National du Mérite (França). Foi professor de Karl Ove Knausgard, sendo responsável, inclusive, de indicar a ele o caminho da prosa.

Títulos publicados no Brasil: Melancolia (Tordesilhas, 2015)

Gyrdir Eliasson

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Gyrdir Eliasson (56), além de escritor, é um importante tradutor islandês. Foi agraciado em 2011 com o Nordic Council Literature Prize pelo livro “Milli Trjánna”, uma coletânea de histórias curtas. Talvez seja reconhecido por seu trabalho como poeta. Seus personagens quase sempre parecem estar em busca da compreensão do mundo e ondes eles podem se encaixar nele.

Títulos publicados no Brasil: Nenhum

Carsten Jensen

Foto: Isak Hoffmeyer

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Nascido na Dinamarca, Carsten Jensen (64) é daquele tipo de autor que não tem pressa. Cada palavra, cada sentença é parte de uma sinfonia maior, que vamos ouvindo e assimilando no decorrer da leitura. O maior exemplo disso é “Nós, os afogados (Tordesilhas, 2015), onde narra de maneira exuberante e grandiosa o surgimento da moderna Dinamarca através de várias gerações de navegadores de uma pequena cidade, em viagens por várias partes do mundo. Jensen também é comentarista político.

Títulos publicados no Brasil: Nós, os afogados (Tordesilhas, 2015)

Dag Solstad

Foto: NTB Scanpix

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Dag Solstad (75) parece ser o queridinho dos escritores que não vêm muita graça no já citado Knausgard. Mesmo Peter Handke, que teve seu livro “Jugoslavia” publicado pela editora de Karl Ove Kanausgard, não hesitou em dizer em uma entrevista do ano passado que preferia o estilo mais arejado do primeiro. Do outro lado do mundo, Haruki Murakami foi responsável por traduzir Solstad para o japonês. Dag Solstad goza de grande prestígio em seu país (Noruega), onde tem o status de maior exemplo literário, principalmente por seu estilo experimental e vanguardista.

Títulos publicados no Brasil: Nenhum

Audur Ava Ólafsdóttir

Foto: Divulgação

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A islandesa Audur Ava Ólafsdóttir (58) é refinada na escrita. Transita bem entre profunda tristeza e cálida alegria, até mesmo com toques de humor. Ela também nos dá comoventes descrições das paisagens da Islândia, escritas de maneira sensível, terna. O tipo de leitura que vai agradar quem procura por algo leve, mas capaz de tocar intimamente.

Títulos publicados no Brasil: Rosa Candida (Objetiva, 2015)

Kjersti Annesdatter Skomsvold

Foto: Fredrik Bjerknes

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A norueguesa de 37 anos ganhou notoriedade já no o lançamento do seu primeiro livro “Jo Fortere Jeg Går, Jo Mindre Er Jeg”, lançado como “Quanto Mais Depressa Ando, Mais Pequena Sou” pela editora portuguesa Eucleia (com uma bela capa, aliás). De lá para cá, Skomsvold vem cativando leitores pelos países onde é traduzida, tanto pela escrita criativa quanto pelo uso da mitologia em contextos interessantes. Uma carreira para se observar com atenção.

Títulos publicados no Brasil: Nenhum

Kjell Askildsen

Foto: Anniken C. Mohr

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Kjell Askildsen (86) é considerado o mestre das histórias curtas. O mais velho dos autores aqui apresentados, publicou seu primeiro romance em 1953 e até hoje continua a escrever. É visto como um escritor de humor negro e bastante cínico, beirando o depressivo. Perfeito para quem gosta de obras com tons de ironia e pessimismo. Askildsen faz jus à impressão de desolação e inverno interior que normalmente se tem ao falar da literatura em língua escandinava. Recebeu diversos prêmios até o momento, incluindo o Swedish Academy’s Nordic Prize de 2009.

Títulos publicados no Brasil: Nenhum

  

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