Quando morre o apego, nasce a liberdade emocional

Quando morre o apego, nasce a liberdade emocional

Muitas vezes nos tornamos conscientes da escravidão emocional a que estamos sujeitos quando a nossa relação começa a desmoronar. Isso acontece quando uma pessoa nos fere, ou nos escraviza, ou ainda quando alguma coisa dentro de nós foi quebrada e temos que dizer adeus.

Nessas situações, nós sentimos que o mundo está desligado e uma onda de imensa dor, que está sobre nós, nos impede de respirar. Esta é uma sufocamento emocional e o seu ingrediente chave é a dependência emocional.

Mas, às vezes, é hora de se libertar do apego, do que nos obrigamos a sentir e, é hora de começar uma nova vida, rumo à liberdade emocional. E são estes os momentos nos quais não nos sentimos fortes o suficiente para não seguirmos de mãos dadas com essa pessoa, ou simplesmente com alguém que nos guie.

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Desfrutar da solidão para ser feliz como casal

Durante toda a minha vida, entendi o amor como uma espécie de escravidão consentida. É mentira: a liberdade só existe quando ele está presente. Quem se entrega totalmente, quem se sente livre, ama ao máximo.
E quem ama ao máximo, sente-se livre.
Por causa disso, apesar de tudo que posso viver, fazer, descobrir, nada tem sentido. Espero que este tempo passe rápido, para que eu possa voltar à busca de mim mesma – encontrando um homem que me entenda, que não me faça sofrer.
Mas que bobagem é essa que estou dizendo? No amor, ninguém pode machucar ninguém; cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro por isso.
Já me senti ferida quando perdi os homens pelos quais me apaixonei. Hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém.
Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante do mundo, sem possuí-la.”

A melhor maneira de ser feliz com alguém está em aprender a ser feliz sozinho. Por quê? Porque desta forma a companhia se torna uma escolha e não uma necessidade.

Nós entendemos o amor erroneamente porque a chave não é o “eu preciso de você na minha vida”, mas o “eu prefiro você na minha vida.” Ignorar os sentimentos de posse e as necessidades de controle nos ajuda a viver em paz e liberdade com nós mesmos.

Parar de esperar, a chave da liberdade emocional

“Continuo mal e piorando um pouquinho, mas estou aprendendo a ficar só, e isso é uma vantagem e um pequeno triunfo”

Sua verdadeira liberdade vem quando você começa a entender quem você é e o que você é capaz de fazer. É a sua independência, o cobiçado troféu, que começa quando você se desapega, quando você se livra de suas amarras e olha para a frente, sem precisar de alguém para pegá-la pela mão.

Não ter e não possuir é a melhor experiência que podemos ter de liberdade. O apego a algo significa, de alguma forma, ter que conviver com a escravidão.

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Nossa dependência e nosso apego nos tornam escravos, especialmente se a nossa autoestima depende de algo ou alguém. A necessidade de elogios, de carinho ou de atenção faz com que alguém se torne dono do nosso destino.

Não são os outros que nos prejudicam, mas sim nós mesmos quando validamos as opiniões e ações dos outros. Ninguém pode machucá-lo sem o seu consentimento interior, o lugar que deve ser o pilar que suporta a sua arquitetura emocional.

Assim, a autoconfiança e autoestima são sempre as melhores ferramentas para dizer adeus aos vícios desnecessários que prejudicam a nossa vitalidade e o nosso desejo de alcançar a realização pessoal.

Temos de ser os primeiros a nos respeitarmos, deixando de lado as expectativas aprendidas sobre o que nos disseram, que só somos amados se precisam de nós, e que o amor só é amor se vivermos por e para ele.

Fonte: A mente é maravilhosa

Brasileiros criam nanopartículas que podem inativar vírus HIV

Brasileiros criam nanopartículas que podem inativar vírus HIV

Para se reproduzir no organismo, um vírus passa por um processo de ligação das suas partículas às células infectadas, conectando-se a receptores da membrana celular. Com o objetivo de impedir essa ligação e, consequentemente, a infecção, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais desenvolveram uma estratégia que utiliza nanopartículas carregadas de grupos químicos capazes de atrair os vírus, ligando-se a eles e ocupando as vias de adsorção que seriam utilizadas nos receptores celulares.

Dessa forma, o vírus, já com sua superfície ocupada pelos grupos químicos carregados pelas nanopartículas, fica incapacitado de realizar ligações com as células do organismo.

Trata-se do primeiro estudo que demonstra inativação viral baseada em química de superfície de nanopartículas funcionalizadas.

Os pesquisadores sintetizaram nanopartículas de sílica, componente químico de diversos minerais, com propriedades superficiais distintas e avaliaram sua biocompatibilidade com dois tipos de vírus.

A eficácia antiviral foi avaliada em testes in vitro, com os vírus HIV e VSV-G –que causa estomatite vesicular– infectando células do tipo HEK 293, uma cultura celular originalmente composta de células de um rim pertencente a um embrião humano. As partículas virais foram preparadas para expressar uma proteína fluorescente que muda a coloração das células infectadas, permitindo que os pesquisadores “sigam” a infecção.

A inovação segue a mesma estratégia já adotada pelos pesquisadores na funcionalização de nanopartículas que levam medicamentos quimioterápicos em altas concentrações até as células cancerígenas, evitando que as saudáveis sejam atingidas e minimizando os efeitos adversos da quimioterapia.

Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico científico “Applied Materials & Interfaces”.

Com informações da Agência Fapesp

Fonte: Queminova

A garota certa

A garota certa

Você achou que eu era a garota certa. A garota que depois de uma ressaca chegaria calada com aspirinas e coca-cola, pronta para te servir.

Você achou que eu fosse a garota certa para assoprar suas feridas sem pedir nada em troca.

Você achou que eu fosse a garota certa para subjugar em seu jogo imaginário e junto a ti enlouquecer.

Não, honey, você estava enganado. Eu não estou — nem nunca estive — disposta a curar suas chagas. Nunca fiquei em beira de estrada esperando um estuprador de almas me assaltar e não seria agora que me colocaria nessa encruzilhada.

Não, baby! Eu não sou esse tipo de garota.

Sou do tipo que amarra o cabelo no alto da cabeça e ajeita alguns fios displicentemente para fingir naturalidade. Que usa óculos gigantes na face para esconder o brilho dos olhos com medo de que eles sejam roubados, e bolsas enormes para guardar todos os poemas que ainda não escrevi.

Sou o tipo que gosta de tomar sorvete de flocos depois do sexo. Sou o tipo que diz “eu te amo” quando tem vontade. Sou o tipo que usa sapato de salto mesmo com os pés machucados, que usa calcinha de algodão de menininha e sutiã de oncinha. Sou o tipo que se vira ao avesso com mais frequência do que gostaria.

Eu não sou quem você imagina, honey. Não sou a lótus que nasceu da lama do teu umbigo, não sou tua sombra, nem teu caminho. Não sou o que te falta.

Minhas insônias não são culpa tua, lamento em informar! Elas são minhas escolhas e, antes de qualquer coisa, parte do meu plano original: estar em estado de alerta para me defender de gente estranha como você; estar em estado de alerta para ouvir o barulho de uma estrela se abrindo no mar ou de um poema batendo as asas e levantando a poeira da minha escuridão.

Eu não sou, darling, definitivamente, a rosa que você teve medo de matar em sua infância quando espetou o dedo na roseira. Não sou a garota certa para você porque jamais descerei do meu salto para fazer você gozar — embora eu saiba que só o fato de você saber disso já te faça gozar.

Você não passa de uma criança mimada. Uma criança chata que acha que sabe de tudo, mas que no fundo morre de medo que descubram que ela nunca se sentiu amada.

Eu não tenho culpa, baby, se você foi o típico nerd que levou porrada, água na cara e bolinhas de papel na escada do colégio. Não tenho culpa se carregou nas costas a vida inteira o slogan “você é um bosta”. Não sou eu, não mesmo, quem vai arrancar esse post-it de suas lembranças.

Eu me dei alta de você. Faça o mesmo! Dê-se alta de você e procure alguém real para amar porque só o amor que sentimos por alguém dá sentido e organiza a nossa existência. Apenas não se esqueça que “o amor, para ser amor, precisa se consumar”, como bem disse certa vez um homem lindo que carrega o amor até no nome, Jorge Amado.

Não quero água nos olhos, quero água na boca !

Não quero água nos olhos, quero água na boca !

Eu quero. Eu quero seu sorriso mais largo, daqueles que preenchem toda a dimensão de sua felicidade. Quero ser parte de sua vida, de seus dias, de você aí dentro. Quero seu fogo, sua tempestade, sua doçura, a amargura, a dureza dos dias sem sol e a calmaria da imensidão de seus sonhos. O seu vir, o seu ir, a sua presença, mesmo ausente, seu dó maior. Quero.

Eu anseio. Eu anseio pelo seu beijo, pelo seu abraço, pelo correr de suas mãos, em mim, por mim, sobre mim. Anseio pela fome que você provoca, pelo prazer que você evoca, pelo ritmo que você me lança, enquanto se movimenta, lenta e docemente junto de mim. Pelos seus dias, pelas suas horas, na fama, na lama, na cama. Por tudo o que você trouxer, toda luz e toda escuridão que haveremos de consumir. Anseio.

Eu preciso. Eu preciso ouvir a sua voz, sentir o seu calor, receber o seu amor, com volta, em dobro, atravessando por entre em mim. Preciso de seu cheiro, de sua chegada, de suas partidas. Da sua impaciência, da sua insegurança, de você reclamando de mim. De sua insônia, do aconchego em seu corpo, da conchinha na hora de dormir, dos pés gelados sob as cobertas, perdidos numa noite sem fim. Preciso.

Eu adoro. Eu adoro esses cachos desalinhados, sua barriga descoberta, o pouso de seu olhar em mim. Adoro quando você chega sem avisar, fica e se demora mais e mais, sem tempo, sem regras, sem pudor. Adoro seu bife salgado, seus beijos molhados, esse corpo suado. Andar de mãos dadas, lutar contra o tédio, aceitar você em mim. Adoro.

Eu desejo. Eu desejo que você não se canse de mim, nem do que você é perto de mim. Eu desejo que tudo venha como for, que tudo teste a nossa dor, que a gente atravesse tempestades e ventanias avassaladoras, para que fiquemos mais fortes juntos, sempre, apesar e por causa do bem e do mal. Que a gente brigue e retorne, discuta e se acerte, que a gente se perca um no outro, a ponto de alcançar aquela felicidade que até dói. Desejo.

Não quero amor muito açucarado, sorriso forçado, presença sem vontade, tesão sem amizade. Não quero ninguém morrendo de amores por mim, quero alguém vivendo de amor em mim. Quero verdade, entrega, partilha, acolhimento, força, resgate, quero ir embora sem despedida, porque terei certeza da volta, do reencontro com você, comigo, em você, em mim. Quero saber de você, de sua vida, contar da minha, cicatrizar cada ferida, amargar cada tombo, cada falha, no sexo e na bossa nova. Quero.

Quero você, quero amar, aprender a amar, a ter sem prender. Quero você com laço, sem nó, quero você nua e crua, sem dó. Quero poder repousar tranquilamente minha alma na sua, assim, serenamente, com verdade, sempre e para sempre…

Te amo.

Aceitar a opinião do outro não obriga você a concordar com ela.

Aceitar a opinião do outro não obriga você a concordar com ela.

Dia desses, alguém tentou me enfiar goela abaixo uma verdade pronta mais ou menos assim: “o maior desafio da vida é aceitar opiniões diferentes das nossas”. Com todo o respeito, eu discordo. Eu discordo muito, discordo francamente.

Isso só seria verdade se todos soubéssemos a diferença entre “aceitar” e “concordar”. Não sabemos. Então, desafio grande mesmo é compreender que são coisas completamente diversas. Aceito a opinião do meu interlocutor, mas nem por isso eu sou obrigado a concordar com ela. Não mesmo.

É claro que a pessoa a quem me refiro queria mesmo é que eu dissesse “tá bom, você venceu, a sua opinião é muito melhor do que a minha e a partir de agora eu vou jogar no lixo tudo o que penso só para pensar igualzinho a você”. Como isso não aconteceu e a minha interlocutora não conseguiu o que queria, ela não fala mais comigo. Já vai tarde. Não tenho paciência para quem não aprendeu em casa que “aceitar” ideias alheias não significa adotá-las como se fossem nossas, concordar com elas e sair por aí repetindo o seu conteúdo feito um papagaio. É tão somente respeitar o fato de que todos podemos pensar como quisermos.

Para mim, a vida tem toneladas de outros desafios pequenos, médios e grandes, enormes desafios inacreditáveis, atravessados no meio do caminho à espera de alguém que se disponha a resolvê-los, enquanto uma multidão joga fora seu tempo discutindo se quem nasceu primeiro foi o ovo ou a galinha. Que importa? O que interessa se as minhas impressões divergem das suas? Quem disse que você precisa me convencer de algo ou “vencer” a peleja como um cavalo de corrida? Por que não concordamos em discordar quando quisermos e pronto?

Aceitar uma opinião diferente da sua não significa ser obrigado a concordar com ela, não. É só aceitar que ela existe. Concordar que discordamos. Deixar o outro pensar como quiser e não perder tempo tentando convencê-lo a pensar como nós. Isso é estupidez, prima-irmã da intolerância e de todo mal que se arrasta por aí. Se aquilo que o outro pensa é mesmo tão inadmissível, afaste-se e não se fala mais nisso.

Meu velho pai e eu discordamos em tudo. Assim é desde sempre. Nossas ideias divergem e se contrapõem. Mas hoje, com o tempo e a distância, ele e eu desistimos de convencer um ao outro sobre qualquer coisa. Ficou mais fácil. Até o início da minha vida adulta, quando vivíamos na mesma casa, era difícil. Nossas divergências nos faziam muito infelizes. Mas aí passou. Amo meu pai, ele decerto me ama e nós aprendemos a concordar um com o outro só quando queremos.

Rejeitar opiniões alheias é um direito nosso. Eu, você e todo mundo podemos fazê-lo sem que nos acusem de arrogância, falta de escuta e essas coisas. Agora, se decidirmos aceitá-las, nem por isso precisamos mudar o que pensamos. Aceitar que o outro pense diferente de mim é bem diferente de concordar com o que ele pensa.

10 livros imperdíveis para quem ama o mar

10 livros imperdíveis para quem ama o mar

Sob o Signo do Sal

O mar encanta, fascina e amedronta os homens há muitas e muitas gerações. Ainda é o principal provedor de alimento para muitos povos; para outros, rota indispensável de tráfego. Para além dessas funções puramente práticas, também atrai os que buscam aventuras e uma parcela destes acaba, ano após ano, perecendo em suas vagas.

São diversas as interpretações, inesgotáveis aproximações conceituais com as quais vestimos as águas e as ondas. Somos animais simbólicos, já escreveu Ernst Cassirer (1874-1945), procuramos dar sentido a tudo que nos cerca. Assim como o céu, o mar nos faz sentir a pequenez da humanidade, a fragilidade da vida, a limitação de nosso conhecimento. Somos frágeis e perecíveis, é o que ele parece nos dizer sempre que avançamos por ele, seja na superfície ou nas profundezas.
Os relatos e divagações sobre sua grandeza e imponência são muitos. Eles nos encantam porque nos apresentam àquilo que poucos têm coragem de enfrentar. Pedras, chuva, tempestades, ribombares assombrosos e o sentimento de estar na presença da morte, do fim de tudo que um dia conhecemos.

Apresento a vocês uma lista com 10 livros onde o mar aparece como principal elemento. A lista inclui apenas livros de ficção; os de não ficção terão uma lista exclusiva em breve.

A Narrativa de Arthur Gordon Pym [Cosac Naify, 2010]

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Único romance de Edgar Allan Poe (1809-1849), originalmente publicado em 1838. Assim como Moby Dick, a história se passa na cidade baleeira de Nantucket. Vale lembrar que o célebre livro de Herman Melville seria lançado apenas 20 anos mais tarde. Poe mais uma vez se mostra um verdadeiro mestre em abordar o psicológico do leitor. A diferença é que, destoando um pouco de seus outros trabalhos, não é o terror ou o grotesco que ele usa para isso, e sim o aspecto de aparente realidade que permeia o romance. Isso fez com que muitos o tomassem como um relato verídico e apontassem erros geográficos no livro.

Seja como for, é uma obra que merece mais atenção. Não só por ter saído da mente do “mestre do horror”, mas pela história envolvente e bem construída, digna de um dos maiores escritores modernos.

A edição da extinta Cosac Naify é luxuosa e conta com introdução de Fiódor Dostoiévski e apêndice com sugestões de leitura assinada por Baudelaire. Para quem não é tão exigente, a L&PM Editores colocou no mercado uma edição de bolso, com tradução de Arthur Nestrovski.

Os Trabalhadores do Mar [Martin Claret, 2014]

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Um dos livros mais belos da literatura ocidental. Nele, toda a força poética do escritor francês Victor Hugo (1802-1885) se manifesta de maneira ímpar enquanto narra as desventuras de Gilliatt, personagem cativante que luta não só contra fatores sociais, mas com a natureza. Todo o enredo se passa em uma comunidade numa pequena ilha, na qual muitos de seus habitantes vivem do mar. A revolução industrial também é tema, junto a uma tortuosa e improvável história de amor com diversas reviravoltas. Tocante, profundamente tocante.

A primeira edição brasileira teve tradução de ninguém menos que Machado de Assis. Se bobear, dá para encontrar ainda em algum sebo essa tradução, em edição muito bem acabada da editora Abril.

 

Nós, os Afogados [Tordesilhas, 2015]

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O norueguês Carsten Jensen (64 anos) narra de maneira exuberante e grandiosa o surgimento da moderna Dinamarca através de várias gerações de navegadores da pequena cidade de Martsal, em viagens por várias partes do mundo. Os acontecimentos do livro cobrem o período que vai de 1848 a 1945, dividido em quatro partes. Uma curiosidade é que o livro é todo narrado por um “nós”, o que torna tudo mais interessante do ponto de vista interpretativo. Um livro sobre o tempo, legado, vida, morte e, claro, sobre o mar.

 

Juventude [L&PM, 2006]
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Difícil escolher apenas um livro de Joseph Conrad (1857-1924) para essa lista, já que muitos de seus romances tinham o mar como tema ou pano de fundo. O próprio autor foi capitão da marinha mercante inglesa. Em Juventude, quatro homens em uma taberna prestam atenção no relato de Marlow sobre sua juventude passada no mar. A narrativa é direta e intensa, o bastante para nos fazer embarcar nos vertiginosos acontecimentos que cercaram um inexperiente marinheiro em direção ao Oriente.

 

O Velho e o Mar [Bertrand Brasil, 2005]

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Ernest Hemingway (1899-1961) ainda hoje inspira jovens e experientes escritores ao redor do mundo. O vigor e a clareza da sua escrita e também o modo de vida viril continuam a ser amplamente admirados. Foi com O Velho e o Mar que Hemingway ganhou o Pulitzer em, 1953. De certo modo, os embates de Santiago, protagonista do livro, são os mesmos que todo o homem enfrenta no decorrer da vida. A espera, a perseverança, o orgulho e o respeito. Somos todos partes deste pescador cubano que destemidamente encarou os perigos do oceano. Suas tristezas e alegrias frente as dificuldade são também as nossas. Em se pequeno livro, o autor americano conseguiu pintar um dos quadro mais fortes da natureza humana.

 

O Mar é Meu Irmão [L&PM, 2014]

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Em 2011, depois de mais de 68 anos, o primeiro romance do expoente beat Jack Kerouac (1922-1969) veio à luz.

“O Mar é Meu Irmão” traz alguns temas que tornariam Kerouac conhecido, como as viagens, as brigas e as bebedeiras. O livro curto, de fácil leitura e cheio de movimento. O mar aparece pouco, mas o suficiente para marcar o leitor.

 

O Lobo do Mar [ZAHAR, 2013]

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O romance de Jack London (1876-1916) foi originalmente publicado em 1904 e foi de cara um sucesso. O livro traz resquícios de acontecimentos que marcaram a vida de London, como o dia em que quase perdeu a vida ao cair na água após uma bebedeira. Outro momento que o influenciou foi quando se tornou tripulante de um navio para caçar focas no pacífico. Os personagens cativam pela profundidade com que são expostos, não de forma descritiva, mas sob a óptica de funcionalidade dentro da Ghost, a escuna que os transporta. Os diálogos são, sem dúvida, o ponto alto do livro. Bem construídos e cheios de referências e insights.

 

Moby Dick [Landmark, 2012]

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Essencial para todo aquele que se interessa pela vida no mar, o clássico de Herman Melville (1819-1891) traz descrições detalhadas sobre como costumava ser a rotina de um baleeiro. Repleto de referências náuticas, ensina medidas, processos e termos que guiavam a vida dos homens em alto mar. Melville também trabalhou como marinheiro em navios mercantes e baleeiros, o que o tornou um profundo conhecedor do cotidiano e da mentalidade de quem depende do mar para viver.

O Mar [Biblioteca Azul, 2014]

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No livro do irlandês John Banville (70 anos), o mar desempenha o papel não apenas de caminho que liga um destino a outro, mas também de metáfora. A narrativa chega a ser demasiada densa em alguns momentos, como nevoeiro a cobrir as vagas da memória que o protagonista, um historiador de arte que tenta lidar com a recente morte da esposa, detalha melancolicamente. O romance nos leva em uma busca pelo passado através de memórias constantemente costuradas. Passado e presente se fundem, formando um sofisticado quebra-cabeça que se resolve de maneira impressionante no final.

Mar Morto [Companhia das Letras, 2012]

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É difícil imaginar que Jorge Amado (1912-2001) tenha escrito esse livro aos 24 anos. A vida dos pescadores do cais de Salvador é contada com lirismo, uma vida calma e desatenta aos perigos e problemas exteriores. É preciso que dois forasteiros “ilustrados” tentem alertar o povo marinheiro do estado de opressão social em que vivem. Os orixás são homenageados, assim como a malandragem, o jogo de cintura, os amores e desamores do povo do mar.

O livro foi adaptado para a televisão por Aguinaldo Silva na novela “Porto dos Milagres”.

Imagem de capa: First For Home, de Thomas Hoyne.

Procura-se gente imperfeita

Procura-se gente imperfeita

Vanessa não conseguia se encantar por ninguém desde que saiu do seu último namoro. E lá se iam quase dois anos de uma solteirice tranquila e séries em dia. Ela até queria. Contou pra mim que queria mesmo se apaixonar. Não havia ali um esforço partidário para acordar todas as manhãs agarrada ao travesseiro. Faltava homem no mercado. E não homens de qualidades, mas caras com bons defeitos, caras reais.

Bastavam alguns drinks para o mocinho bonito começar a falar sem parar de si, sobre como ganhava bem, sobre todos os lugares que tinha conhecido, sobre como se alimentava direitinho. No drink seguinte ela já estava entediada. Primeiro porque não conseguia acreditar. Por trás daquelas palavras vinha também a sensação de estar diante de mais um moço geração Y tentando agradar. A si mesmo, por sinal. Segundo porque se fosse mesmo verdade, seria um saco tentar acompanhar tanta perfeição.

Com gente sonhando tão alto, sua labirintite andava atacada. Cadê os caras que batiam ponto das 8 às 18? Cadê os caras que tinham feito escolhas erradas? Ou ela era a única pessoa deslocada pairando sobre o mundo? Foi aí que conheceu Diogo. De chinelos na fila do supermercado. E achou adorável que ele lhe sugerisse um azeite bem mais barato e melhor do que o que ela estava levando – O que importa é o PH – explicou. Foram andando juntos.

Tempo suficiente para ele lhe contar que estava desempregado, sem desespero, mas estava. Tempo suficiente para lhe contar que adorava ficar em casa rindo de programas bobos de TV e brincando com sua cadela Suki. Tempo suficiente para que ele a deixasse falar e a ouvisse de verdade. No final das contas, ela estava encantada. O primeiro cara real em muito tempo.

Não era uma apologia aos ferrados, nem preconceito com quem se deu bem, mas mesmo as pessoas que têm tudo sentem falta de algo. Era isso que ela queria ver, a fragilidade doce por trás dele. Suas lutas, suas inseguranças, sem medo de se mostrar. Ela não queria se encantar pelas ilusões dos outros. A simplicidade seduz em tempos de tantas luzes. Encantou-se pelo verdadeiro e único Diogo.

Proibir de falar sobre a morte mata, empatia previne.

Proibir de falar sobre a morte mata, empatia previne.

Meu nome é Alan.

Tenho 24 anos. Amo minha família, minha mãe, tenho amizades maravilhosas, um gato chamado Joaquim, superei fortes desafios pessoais, desses de quem não vêm de um berço de ouro, tenho um emprego de que gosto e consegui, com muita batalha, estar na faculdade que queria.

Mas numa época eu esqueci disso tudo e pensei em me matar.

O suicídio é ainda alvo do moralismo de muita gente. Não é incomum encontrar pessoas horrorizadas por alguém falar em dar fim à própria vida. Também cercamos conversas sobre este assunto de análises bobas, como “quer só chamar atenção”, “quem quer se matar não avisa” e várias outras, que afastam a possibilidade de um diálogo.

E quando se trata de ideações suicidas, quanto mais silenciadas, mais perigosas são.

Não sei se fruto de uma sociedade que desnaturalizou a tristeza com comerciais que vendem tudo através de modelos sorridentes, criamos um desprezo  por gente que admite ter sua face obscura, mesmo sabendo que todos nós temos. Não acreditamos na dor dos outros como cremos na nossa. Gente que sofre e pensa em desistir, num mundo cheio de super-heróis por todo lugar, é desprezível para quem se esconde de como é complexo viver.

A maior parte dos suicídios poderia ser evitado, caso vivêssemos com mais empatia e informação. Poder falar, contar para alguém, chegar até às ajudas necessárias, é primordial. Por isso estou vivo. Tive amigos, família, consegui amparo profissional capacitado. Nos dias de maior dificuldade, achei lugar pra conversar sem o moralismo que afasta, deprime. Já passou a época de, por falta de conhecimento, termos o suicídio como um crime.

Ninguém falha, como erra num assalto, na tentativa de suicídio, sobrevive.

Mortes por suicídio são mais numerosas que todas as formas de violência interpessoais (guerras, homicídios). Estatisticamente, é mais fácil uma pessoa morrer pelas próprias mãos do que assassinada por outra. Mesmo assim, há muito silêncio sobre o tema.

Quem sabe, num dia não muito distante, será mais comum alguém sofrer, chegar a ter ideações suicidas, mas, no fim, conseguir ter vida pra contar isso numa crônica, ou em qualquer outro lugar, e alcançar outras pessoas com um pouco de “Tudo bem, eu também já quis me matar. Você não é um criminoso imoral por isso.”

É só um ser humano de verdade, capaz de tristeza e de alegria, como não apareceu nos intervalos comerciais. E deixar quem precisa dizer o que pensa da vida, quem precisa demais desabafar, dizê-lo, chorar.

Viver é tempestade e calmaria,

amor e desamor, fome e comida

e a gente aguentando firme essa história que nos coube ser.

Se você está passando por um momento como passei, pode procurar a CVV, no site ou ligar no 141. Eles te ajudarão! Para entender mais sobre suícidio recomendo o artigo Suicídio: Observações sobre a tragédia de não mais querer viver  publicado no Comportese.

A ilustração de capa é de Stênio Santos. Visite o Perfil dele para conhecer mais do seu trabalho.

Nunca diga que ama se não lhe interessa

Nunca diga que ama se não lhe interessa

Outro dia me deparei com um poeminha de Maria Silva que dizia mais ou menos isso: “Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração…”, e as palavras preencheram meu pensamento, me levaram para outras épocas, outros tempos em que eu mesma não tomava cuidado com as vidas que tocava.

Muito além das palavras de Saint-Exupéry, que dizia que somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos, acredito que é preciso ter cuidado com as vidas que tocamos.

Porque o amor é um terreno frágil, e não pode ser pisado com displicência. Ao contrário, por respeito, requer constante licença.

Há que se ter cuidado com o coração do outro. Não chegar para somar se o que a gente quer é sumir. Não chegar para corresponder se o que a gente deseja é se esconder. Não se aproximar para amar se no fundo a gente quer é abandonar.

O amor precisa de clareza. De gestos delicados que demonstrem a verdade do que sentimos e de certezas que evidenciem se é mesmo pra valer.

Ninguém está livre de se apaixonar e não ser correspondido. Porém, muitas vezes, algumas vidas são tocadas com a simples intenção de despertar sentimentos, e não de fazer valer a pena.

O mundo está cheio de gente confusa. Gente que diz que ama mas prefere ficar sozinho. Gente que num dia lhe manda flores e no outro não responde as mensagens no WhatsApp. Gente que tira a sua paz e não dá a mínima pra falta que faz.

Ninguém sabe ao certo o que vai dentro do coração do outro. Mas a gente sabe o que vai dentro do coração da gente. E por mais difícil que seja, é preciso dar clareza. Por mais duro que pareça, é preciso ser certeza.

Não adie seus planos e seja firme para evitar enganos.

Nem sempre é possível evitar que alguém se machuque ou se confunda com a gente. Nem sempre é possível pedir para alguém não se apaixonar porque não pretendemos fazer o mesmo. Porém, é possível não alimentar carências, desejos e esperanças com falsos juramentos. É possível não jogar com os sentimentos verdadeiros de alguém. É possível colocar os “pingos nos is” pra não prolongar o sofrimento. É possível ser presença para evitar reticência.

Não há nada que se compare com um coração em compasso de espera. Um coração que só enxerga pontos de interrogação e não encontra coerência nas peças soltas de sua história. Fica tudo parecendo um enorme quebra cabeça cujas peças não se encaixam, uma história confusa onde não há lógica entre o que foi dito e o que foi realizado. Fica faltando nexo, entende?

Que sejamos claros e cuidadosos. Claros no querer ou não querer, no amar ou não amar,  no ficar ou se afastar. Cuidadosos ao tocar uma vida, cuidadosos ao demonstrar o que sentimos, cuidadosos ao soprar esperança num coração.

E que não nos falte reciprocidade, pois o bom da vida é amar e ser amado, e não brincar de esconde esconde, pega pega ou cabo de guerra. O bom da vida é viver com transparência, e não ter dúvidas diante de um quebra cabeça sem coerência. O bom da vida é encontrar quem tenha certeza a nosso respeito, e não nos obrigue a viver cheios de suposições. O bom da vida é querer e ser querido, sem jogos de adivinhações…

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O amor, às vezes, chega cedo demais

O amor, às vezes, chega cedo demais

Não existe uma etapa específica da vida para a chegada do amor. Essa afirmação seria ideal, mas cada um tem o seu tempo interior. Alguns, se curam logo de uma desventura amorosa e embarcam em outra relação sem olhar para trás. Outros, exercitam o amor próprio com a potência de um mantra, para só depois abrirem o coração.

A verdade é que, somos tão cheios de planos e regras para que o amor aconteça, que acabamos armando verdadeiras arapucas para o coração. O amor não precisa de ajuda, e infelizmente, muitas vezes, usamos o relacionamento anterior como bússola.

Há sempre um recorte do ex-namorado (a) assombrando a relação atual. O passado não passa e temos a mania de achar que a decepção vai se repetir. Sentimos medo de ter medo, e para evitar que isso aconteça, começamos a fazer “joguinhos”, enquanto o outro não entende a brincadeira. Está com o coração aberto, e ainda não sabe que pode ser usado como instrumento de liberação da raiva.

O amor, às vezes, chega cedo demais para quem ainda não desocupou o coração.

Para quem ainda explica o presente olhando o retrovisor do passado.

Para quem ainda está ilhado numa redoma de vingança.

Para quem ainda desconfia que pode ser amado somente pelo que é.

As pessoas são diferentes, e o amor aparece sob várias nuances.

Não há como entrar numa relação com as tralhas afetivas da anterior. Não há como desembarcar em outra vida, se o coração ainda evoca a presença de outra.

Descontar o fracasso do relacionamento anterior no atual é pura covardia e desrespeito com o próprio coração. Violação do sentimento do outro, que está ali desempenhando um papel genuíno num teatro que é só seu.

Ainda bem que você não é o centro do universo

Ainda bem que você não é o centro do universo

A expressão que diz de quem se sente como se fosse “o centro do universo” sempre é associada a uma postura orgulhosa, cheia de si, “metida”, individualista, vaidosa, desinteressada do alheio.

O gesso do costume de interpretar a coisa como uma vez a aprendemos e tantas vezes repetimos nos impede de ver além – as palavras são geniosas. Nessa linha de pensamento, dificilmente nos perceberemos como aquela pessoa que se sente o centro do universo. Mas tantas vezes agimos como se assim fossemos. E é rotineiro. E é invisível. E parece cruel. Injusto até. Condenamos o mundo…

Você reprime aquela intensa vontade de cantar na rua acompanhando desafinadamente a canção que escuta pelos fones de ouvido, errando a letra e acertando a alma das esquinas, aquele desejo de libertar-se. Se preocupa com os olhares condenadores, com os ouvidos que vão te ouvir, com as declarações de loucura que você nunca terá que assinar.

Quem se importa? Quem se incomoda? A rua ampla, você em movimento. Nada é privado. Ninguém é obrigado. Todos passando, inclusive você. Ninguém que saiba quem você é. E se souber, que diferença faz? De um canto a um cumprimento estamos a um passo além. Encanto ou desencanto sincero. Só quem te ama é capaz de te ouvir cantar e desafinar sem constrangimentos.

Entre o bom senso e o medo de ser: uma linha tênue. Bom senso, na verdade, temos muito pouco. O que temos em demasia é medo do julgamento de quem não importa. De quem não se importa. Qual o problema de seus braços acompanharem as notas da melodia que embala seus pensamentos. De gesticular ou balbuciar as fantasias que te acompanham pelo caminho para variar. De olhar com atenção as banalidades que te convidam a cobrir os olhos de mais do que sinais vermelhos, verdes, amarelos, asfalto cinza, massa de movimento cores a mais, cores a menos, do céu nublado ou do vazio de quem desistiu de ver o que quer que seja? Aceite o convite. E quem te chama de maluco talvez quisesse também render-se ao desejo parar para ver o que quer seja.

Será que a sua roupa manchada de café é assim tão ofensiva para quem te “observa” andar na rua? Ou seu penteado que não pegou bem? O corte de cabelo que não deu certo? Ou, talvez tenha dado certo demais, mas o seu espelho tão acostumado com a rotina estranha te mete agonia pelo silêncio do reflexo. Dói? E você pensa mesmo que todos vão perceber que você dormiu fora porque está com a mesma roupa de ontem?

E se sim, alguns talvez, todos nunca, é sério que você pensa que todo mundo, até quem não te conhece, presta assim tanta atenção em você? Se valeu a pena, se está tudo OK, está dando conta do dia, não prejudicou ninguém, qual o problema? Se alguém se importa, você se importa? Por que? Quem é que te empresta tanto a vida para que esteja sempre em dívida?

Não vai usar aquela roupa que você adora porque uma vez alguém te criticou, uma pessoinha que seja, e vestido com ela parece que a cada centímetro de passo um quilômetro de olhos te pressiona contra o chão? Pelo sim ou pelo não, pela enxurrada com a qual o carro te presenteou numa manhã de chuva, ou por ter esquecido dos brincos, pela falta de gel no cabelo, pela espinha que te cresceu radiante no nariz, pelas olheiras de insônia ou de uma noite de trabalho que você não teve tempo ou disposição de cobrir com maquiagem, pelos olhos vermelhos de choro ou de cansaço que o colírio não pôde disfarçar.

Quantas defesas diárias você precisa elaborar para justificar os pequenos desvios? Todo esse desgaste que diminui nossa humanidade, por coisas tão mesquinhas e impulsos inofensivos, pela crença de que todos os olhares são seus e que te jogarão na fogueira simplesmente por ser, tanto mais é inconsciência de que a fogueira é sua e entre os olhares ofendidos ou cativados há tantos outros presos em seus próprios medos – invisíveis cúmplices. Se jogue: você não é o centro do universo.

Pode até ser que te critiquem baixinho no pensamento, até cansarem ou decidirem por te cultuar no altar das aberrações queridas – porque se ferir ou se exaltar por coisas tão simples? Outros te evitarão e falarão de você nos corredores – e não é melhor que não façam parte da sua vida? Por que se ofende? O que te tomam ou acrescentam? E assim aparecem ditados: “falem mal mas falem de mim” e coisas afim.

Mas a verdade, talvez triste para os que acostumaram a se alimentar da vaidade negativa, é que por coisas assim, muito poucos falam, muito poucos se importam. A sua espinha é maior para você do que para qualquer outro, muitos nem vão perceber. O seu canto na rua, de errado só se for no tom, mas pode até alegrar alguém lhe livrando do tédio das faces emburradas e frias. Sua roupa desaprovada pode inspirar outros – doar autenticidade aos guarda-roupas mofados. Sua andança pode embalar bailes inteiros na imaginação coletiva das avenidas gigantescas.

Faz tão pouco sentido se incomodar tanto com o que não deveria incomodar, quando não estamos nem impondo, nem invadindo, nem desrespeitando ninguém! Já é tanto cuidado, tanta regra, tanta pressão necessária a enfrentar cotidianamente. Por que então se recusar as pequenas loucuras, ou se torturar pelos supérfluos imprevistos?

A ironia está em saber que mesmo quem acha que faz tudo nos conformes pode ser alvo – ou seta. Pouco deveriam nos perturbar aqueles que perdem seu tempo de vida a julgar e a falar dos outros pelos cotovelos, pois é certo que bem pouco gozo têm no próprio viver – haverão de falar sempre, haverão de falar muito, haverão de encontrar problemas ou inventá-los onde não tem, haverão até de criticar a ausência de problemas “perfeito de mais, alguma coisa errada tem!”. Quem se importa? Eles também não são o centro do universo.

Essa pressão que nos tenta reprimir a humanidade atacando nossos anseios mais superficiais, que nos cobre de culpa por coisas que não fizemos ou pelo que não prejudica a vida de ninguém, essa distorção de interesses, que aterra a vida privada enquanto a orgia é pública, cria um campo de batalha entre introversão e extroversão, um arsenal de sintomas entre desvios de conduta, depressão e suicídio.

A pressão faz escapar. A pressão anula. A pressão isola – cada corpo se vira como pode e pelo isolamento nos sentimos como se fossemos o centro. Mas se fosse assim, o que seriam então todos os outros? O que disso fica explícito é que toda essa pressão confundida com bom senso, ao contrário do que seria se bom senso de fato fosse, nos impede de desfrutar do que de melhor existe na convivência. Isolados assim, centralizados e paranoicos, sequer convivemos – suportamos.

Conseguiremos plenamente a cultivar o bom senso quando lapidarmos o seu conceito dos julgamentos mesquinhos, da hipocrisia da aparência, do olhar pontiagudo pronto para ferir. Bom senso é questão de empatia, sem espaço para preconceitos – exige um raciocínio demasiadamente humano e presente em cada situação para distinguir entre o que diz respeito apenas a um e o que diz respeito a todos.

De resto, poucos o tem, e dos que tem, são bastante destemidos para abraçar uma árvore, conversar consigo mesmo, sorrir sem motivo, ou qualquer outra coisa que não é da conta de mais ninguém a não ser quem queira fazer parte. Seguem em paz do seu jeito – deixam de ser centro, deixam de ser meio – aprenderam a ser canto.

Para que serve um Band-Aid quando a gente sente dor em toda parte?

Para que serve um Band-Aid quando a gente sente dor em toda parte?

Quem já passou pela experiência do fim de um amor e já recorreu a relacionamentos sem envolvimento emocional, quem sabe possa me responder. Para que serve um Band-Aid quando a gente sente dor em toda parte?

E tudo bem que em algumas circunstâncias, tudo que a gente quer – ou precisa – é mesmo só de alguma coisa que nos faça parar de arder, pensar, que faça o relógio se tocar que anda segurando o ponteiro nas horas tristes, que nos “tire do ar” por alguns instantes, minutos, horas. E, nesses casos, ok que seja tudo apenas um encontro sem possibilidade de virar desencontro. Um encontro sem pretensão de curar. Uma distração. Só um anestésico mesmo, um Band-Aid.

A grande questão é que – puxa vida – como é que a gente faz para desaprender a achar bonito aquele momento depois do turbilhão de prazer, em que tudo é silêncio e paz? Como é que a gente faz para não achar estranho ter partilhado algo tão íntimo, com quem não se tem nenhuma intimidade?

Pois eu insisto em subverter a lógica do imediato. Eu vou teimar mais um bocadinho nesse estranho hábito de crer na boniteza dos encontros que só sobrevivem nos lugares mais profundos.

Deixo a superfície para aqueles que se satisfazem com a madorna do corpo que apenas flutua. Depois de um amor, eu quero outro amor. Depois de ter amado, eu quero amar de novo.

É lá no fundo que eu me encontro e fico pronta para lançar-me à descoberta de uma nova senha para o acesso de um outro lugar desconhecido. E, muitas vezes, para que se possa semear uma nova história é preciso cortar as raízes de uma história antiga, de um amor que adoeceu.

Cortes profundos e definitivos, às vezes, são a única maneira de alcançar a cura. O fato é que cortes profundos não são em nada parecidos com os arranhões. Eles não ardem. Eles expõem o que há por dentro, o que foi revirado e ressignificado depois do fim.

Então, se alguém puder ou souber, por favor me explique… para que serve um Band-Aid quando a dor não é superficial e quando o apetite desperto não pode ser saciado com algo que anestesie?

12 filmes louváveis que abordam o racismo em sua temática

12 filmes louváveis que abordam o racismo em sua temática

Em um mundo onde pessoas são julgadas a todo momento, diversas formas de preconceito se fazem cada vez mais presentes. Seja com idade, religião, aparência, opção sexual, gênero, peso, raça ou classe social, sempre existe alguém apontando o dedo para alguma atitude, opção ou situação que, na maioria das vezes, é diferente do que pensa ou está acostumado a ver.

O fato é que pelo tempo de existência do ser humano e pela evolução que já tivemos em tantos aspectos, a não aceitação das diferenças – que, na verdade, não são diferenças – torna-se algo absolutamente revoltante.

Hoje, mais do que nunca, esses filmes são necessários!

HISTÓRIAS CRUZADAS

O filme conta a história de Skeeter, uma garota de classe média alta na cidade de Jackson, no Mississipi, nos anos 1960, que volta a sua cidade natal para ser uma escritora. Percebendo as diferenças sociais entre as mulheres negras e as brancas da sociedade, começa a entrevistar aquelas que, na maioria dos casos, trabalham como empregadas domésticas cuidando dos filhos das brancas. Aibileen Clark, a empregada de sua melhor amiga, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo.

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A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA

O filme de Tony Kaye, de 1998, conta a história de Derek, um jovem neo nazista que é preso após matar um homem negro. Ao sair da prisão, suas ideias mudaram, e ele precisa impedir que seu irmão mais novo percorra o mesmo caminho. A obra mostra como o ódio racial acaba com a vida (tanto de agressores como de agredidos).

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QUANTO VALE OU É POR QUILO?

O filme é uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII, um capitão-do-mato captura uma escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.

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A COR PÚRPURA

O filme, de Steven Spielberg, conta a história de Celie, uma adolescente violentada pelo pai, que engravida e depois é oferecida a outro homem contra a sua vontade. Separada do filho e da irmã, Celie tem sua trajetória de vida marcada pela opressão durante trinta anos, até sua emancipação.

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HOTEL RUANDA

Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Com diferenças mínimas de etnia, as duas populações tinham séculos de ódio acumulado, que explodiram com a morte do ditador Juvenal Habyarimana. Armados de facões e paus, os tutsis eliminaram 20% da população do pequeno país africano, durante 100 dias ignorados pela comunidade internacional. , os ruandenses tiveram que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul Rusesabagina, que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o conflito.

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DJANGO LIVRE

Depois de revirar a história do nazismo em “Bastardos Inglórios”, Quentin Tarantino mergulhou na escravidão americana e saiu dali com uma proposta igualmente provocativa: a de um escravo que é comprado e liberto por um branco, para se tornar seu parceiro na caça pela cabeça de donos de escravos (e de quaisquer outros homens que valham uma boa recompensa). Django ainda toma para si a missão de libertar a esposa do mais cruel dos fazendeiros, fazendo-se passar por um olheiro de escravos lutadores.

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12 ANOS DE ESCRAVIDÃO

O filme se passa em 1841 e conta a história de Solomon Northup, que é um escravo liberto, que vive em paz ao lado da esposa e filhos. Um dia, após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade, ele é sequestrado e acorrentado. Vendido como se fosse um escravo, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver. Ao longo de doze anos ele passa por dois senhores, Ford e Edwin Epps, que, cada um à sua maneira, exploram seus serviços.

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INVICTUS

Recentemente eleito presidente, Nelson Mandela tinha consciência que a África do Sul continuava sendo um país racista e economicamente dividido, em decorrência do apartheid. A proximidade da Copa do Mundo de Rúgbi, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o esporte para unir a população. Para tanto chama para uma reunião Francois Pienaar, capitão da equipe sul-africana, e o incentiva para que a selação nacional seja campeã.

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PRECIOSA

O filme se passa no bairro do Harlem, em Nova York, no ano de 1987. Nele, Claireece “Preciosa” Jones é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai e abusada pela mãe, ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajuda nem um pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de “Mongo”, por ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A sra. Lichtenstein consegue para ela uma escola alternativa, que a ajudá a lidar melhor com sua vida. Lá, Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, refugiando-se em sua imaginação.

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CRASH – NO LIMITE

Jean Cabot é a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente que acaba por aproximar habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles: um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha.

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QUASE DEUSES

Após perder o emprego de marceneiro e todas as suas economias durante a Grande Depressão, jovem é contratado como faxineiro por um hospital. Nesse ambiente, um médico descobre sua enorme inteligência e ambos passam a trabalhar juntos. Porém, suas conquistas são minimizadas, pois ele, além de não ser médico, era negro.

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ADIVINHE QUEM VEM PARA JANTAR

Em São Francisco, Matt Drayton e Christina Drayton, um conceituado casal, se choca ao saber que Joey Drayton, sua filha, está noiva de John Prentice, um negro. A partir de então dão início à uma tentativa de encontrar algo desabonador no pretendente, mas só descobrem qualidades morais e profissionais acima da média.

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Não seja digno de pena!

Não seja digno de pena!

Precisamos evitar chamar a atenção dos outros através de nossas fraquezas, por dó delas, pois, apesar de elas fazerem parte de quem somos, somente nós próprios poderemos usá-las em nosso favor, superando-as. Muitas pessoas, infelizmente, farão mau uso de nossas inseguranças, fazendo com que se voltem contra nós mesmos.

É tão bom existirem pessoas que nos amam, que gostam de nossa companhia, que sentem prazer em estar ao nosso lado, sem cobranças, sem falsidade. Os relacionamentos pessoais são imprescindíveis ao nosso bem estar, pois, muitas vezes, estar sozinho nos impede de enxergar o mundo sob outro viés que não o nosso. Ter alguém com quem compartilhar alegrias e tristezas nos ajuda a enfrentar a vida lá fora com mais segurança.

Porém, ninguém mais do que nós mesmos é capaz de conseguir nos afastar daquilo que está fazendo mal, de tudo o que machuca e nos impede de ser feliz. Temos que nos bastar primeiramente, para que então consigamos abraçar o outro com equilíbrio e verdade. Temos que ser felizes sozinhos, para podermos então ser felizes a dois. Caso ainda estejamos inseguros, estaremos vulneráveis a deixar qualquer um entrar em nossos jardins.

Por isso é que nossas conquistas devem ser alcançadas a partir do que realmente somos e temos dentro de nós, ou seja, temos que atrair as pessoas por meio do nosso melhor, daquilo que nos define e sustenta nossas verdades. O outro deve nos enxergar como alguém seguro de si, que sabe o que quer, que necessita de troca, de reciprocidade. Caso contrário, quem se aproximar de nós poderá tão somente estar procurando alguém mais fraco e que possa moldar a seu bel-prazer.

Precisamos evitar chamar a atenção dos outros através de nossas fraquezas, por dó delas, pois, apesar de elas fazerem parte de quem somos, somente nós próprios poderemos usá-las em nosso favor, superando-as. Muitas pessoas, infelizmente, farão mau uso de nossas inseguranças, fazendo com que elas se voltem contra nós mesmos, pois não pensam em ninguém, não ajudam ninguém, tampouco conseguem se relacionar com reciprocidade, ou seja, apenas sugam, sem doar nada de volta.

Daí a importância de aprendermos a gostar de tudo o que temos dentro de nós, valorizando-nos, tornando-nos cada vez mais seguros, com amor-próprio e autoestima elevada. Somente assim poderemos ter a certeza de que traremos para nossas vidas alguém que nos ame assim como somos, com ida e volta. Afinal, pena nós temos de quem necessita de ajuda, de caridade, ao passo que o amor preenche o que já temos, transbordando nossos sentimentos mais verdadeiros.

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