Sempre surgem coisas boas quando as ruins vão embora

Sempre surgem coisas boas quando as ruins vão embora

Uma de nossas maiores lutas diárias vem a ser mantermos o discernimento diante daquilo que perdemos, seja aos poucos, seja de repente. Inevitavelmente, embora também agreguemos muito, quanto mais o tempo passa, mais nos vemos tendo que nos despedir de coisas e de pessoas, de instantes e de lugares, de toques e de olhares.

O que nos mantém firmes, nessa viagem sem volta do despedir-se contínuo, são as lembranças que guardamos de tudo o que foi bom e especial. Revivermos aquilo que nos tocou fundo nos ajuda a não sucumbir diante das despedidas, muitas vezes súbitas, sem aviso prévio, que a vida nos obriga a enfrentar. Guardar o amor em um lugar especial nos salva todos os dias.

Muitas vezes, porém, não nos conformamos com o que se vai, não aceitando a inevitabilidade dos términos que pontuarão os diversos caminhos que trilharmos. Ficaremos arrasados, como que se não pudéssemos mais sobreviver sem aquilo que, na verdade, nem mais tinha razão de ser. Em que se pesem algumas exceções, isso costuma ocorrer quando nos apegamos ao que nos diminui e causa dor, quando damos mais valor a qualquer coisa que não a nós mesmos.

A não ser em casos de perdas por demais avassaladoras, como em relação a um ente querido, por exemplo, quase nada do que possuímos é insubstituível, pois até mesmo muitas pessoas que pensamos ser imprescindíveis em nossa vida não o são. Isso porque, não raro, depositamos todas as nossas forças no que está lá fora, deixando a nossa essência frágil e vazia.

Não podemos nunca nos esquecer de nós mesmos enquanto caminhamos, enquanto construímos nossas vidas, com ou sem alguém do nosso lado, ou nos tornamos cada vez mais ocos e carentes, pois nada conseguiremos enxergar de bom aqui dentro e então teremos que procurar no outro o que às vezes já temos em abundância. E assim não perceberemos o quanto já somos e temos, sem precisar de ninguém mais.

Estarmos seguros quanto ao que somos e temos a oferecer nos tornará mais fortes, para que não procuremos pelo que não precisamos em quem não nos merece, para que não soframos quando algo sair de nossa vida, algo ruim, algo que nem deveria ter entrado.

E esse discernimento se consegue através do fortalecimento do amor-próprio, pois, quando gostamos de nós mesmos, quando nos amamos, não deixamos que nada e nem ninguém machuque o nosso maior tesouro, qual seja, esse nosso eu, lapidado a duras penas, através de nossas lágrimas e de nossos sorrisos, e que tanto e sobretudo devemos preservar.

Se você se relaciona com um artista, leia esse texto

Se você se relaciona com um artista, leia esse texto

Por que será que os melhores amigos dos artistas geralmente não são outros artistas? Porque artistas são demasiadamente intensos e muitas vezes precisam de pessoas mais ponderadas e moderadas para manter o equilíbrio emocional.

É claro que existem as exceções e que os artistas possuem bons amigos nos seus meios de trabalho; que a troca entre artistas é sempre rica e acaba frutificando suas artes, mas, em geral, os amigos do peito, os amigos pau pra toda obra, os amigos confidentes não são artistas.

Todavia, se relacionar com um artista sem ser artista dá um baita trabalhão. Eu dou um trabalho do cão para os meus amigos e agradeço todas as noites por eles ainda não terem desistido de mim.

Recentemente li o texto “Se você namora um (a) artista, leia esse texto“, de Pedro Salomão, e, além de ter concordado com os tópicos apresentados pelo autor – sendo alguns deles “o artista precisa de um tempo sozinho”, “o artista tende a ser dramático com seus sentimentos”, “ou ele está SUPER ENTUSIASMADO ou 100% desinteressado”, entendi que as dicas eram válidas não apenas para quem namora um (a) artista, mas para quem se relaciona com eles de modo geral. Além disso, senti falta de alguns apontamentos.

Ao se relacionar com um artista, você tem que ter em mente:

  1. Uma simples conversa entre vocês pode virar matéria-prima: o artista se alimenta do que ouve, vê, percebe, sente. Se você contou uma boa história para ele, se falou algo que ele considerou interessante (ou que ele considerou ofensivo); se vocês discutiram, se você postou algo em suas redes sociais… Cedo ou tarde você poderá encontrar vestígios desses acontecimentos na obra do artista. Woody Allen, por exemplo, já relatou em entrevistas que perdeu inúmeros amigos por usar neuroses deles como matéria-prima em seus personagens. Se isso é um problema para você, talvez você não esteja preparado para se relacionar com um artista.

2. Artistas são carentes por natureza: de uns tempos para cá a palavra “carência” foi associada à lepra, ninguém gosta de assumir que é carente. Porém a carência nada mais é do que falta e todos nós somos faltosos por natureza. Não fossem as faltas, os artistas não criariam. Se tudo fosse uno, perfeito, encerrado, completo, inteiro, não existiria o desejo e sem desejo não existiria vida e o artista não teria o impulso de (re)criar absolutamente nada. Mas se a carência faz parte da condição humana, nos artistas ela parece ser redobrada. Artistas estão sempre em estado de busca constante, inclusive de afeto, atenção e aprovação.

3. Artistas podem parecer imperativos: uma das frases que os artistas mais gostam de dizer é “você tem que”: “você tem que assistir a esse filme”; “você tem que ouvir isso”; “você tem que comer naquele restaurante”. Não, artistas não fazem isso porque querem dar ordens ou porque acham que sabem mais do que você, simplesmente são pessoas intensas que quando gostam de uma coisa, GOSTAM MESMO, e desejam partilhar a alegria com aqueles que amam.

4. Artistas são mimadinhos: pode haver exceções, afinal, elas sempre existem, mas eu desconheço um artista que não seja mimadinho. Por mimadinho, entenda: só fazer o que ele está a fim, querer ter sempre a palavra final, achar que está sempre certo, ser teimoso, querer uma coisa e cinco minutos depois não querer mais, falar o que quer e bem entende, mas nem sempre ouvir o que não quer, etc.

5. Artistas costumam ser inseguros e morrem de medo da rejeição: certa feita ouvi por aí que por trás de todo grande artista existe um grande bullying. Sim, em geral, se olharmos as histórias dos grandes artistas, veremos que eles sofreram grandes injustiças, como abandono, marginalização, preconceito, abuso na infância e/ou na adolescência e em alguns casos pobreza extrema. A arte costuma ser o veículo onde eles expurgam seus fantasmas. Frágeis emocionalmente por natureza, até mesmo o mais imponente ou renomado dos artistas mantém sua criança acuada adormecida dentro do peito e qualquer vestígio de rejeição pode acordá-la e ser fatal. Artistas estão sempre em busca do amor e temem perder o afeto dos que lhe são caros.

Ou seja? Somos pessoas iguais a outras quaisquer, porém, com uma dose (ou duas) de uísque acima (ou abaixo); exageradas, apaixonadas, pulsantes, viscerais.

Conviver com um artista pode ser o céu e o inferno ao mesmo tempo. Depende de como ele vai acordar. Se ele vai acordar jazz ou blues. Mas uma coisa é certa: quando você tem o amor de um artista, ele é para sempre! Porque os artistas amam de amor e são leais às pessoas que amam. Quando um artista ama, ele ama pra valer! Ele ama de maneira profunda, sincera e verdadeira. Se você tem o amor de um artista, você tem tudo!

Fotógrafo capta olhares e experiências de pessoas sob efeito de drogas

Fotógrafo capta olhares e experiências de pessoas sob efeito de drogas

O fotógrafo mexicano Les Baker (seu pseudônimo) sempre foi curioso para saber como diferentes drogas alteram as expressões dos usuários, além de suas percepções. Então, ele decidiu elaborar uma série de fotos interessantes que mostram os olhares peculiares de pessoas sob o efeito de narcóticos. Baker nomeou esse projeto de “Inebri-nation”.

Mais do que observar as alterações faciais nos usuários, Baker quis entender como algumas drogas afetam seus cérebros: as fotografias e informações sobre as experiências dos usuários contribuem para a facilitação desse entendimento.

No início do projeto, ele convocou alguns adeptos interessados em colaborar. Antes de fotografá-los, pediu que cada pessoa usasse uma droga diferente, no intuito de que todos servissem como modelos representativos das drogas em estudo.

Segundo o fotógrafo:

“Os indivíduos apresentados nessa série mostram a diversidade daqueles que usam substâncias para alterar a mente. Eles incluem estudantes, servidores públicos, médicos, advogados, políticos, mães, pais, artistas, professores, policiais, bombeiros e juízes.”

Enquanto estiveram sob a influência das substâncias, todos os colaboradores foram retratados, e suas experiências, registradas. Dessa forma foi possível mensurar, durante o ápice da experiência, como eles pareciam de fora e por dentro.

Baker nos mostra os vários efeitos provenientes das drogas utilizadas, bem como as expressões faciais que também informam muito sobre as condições dos usuários.

Esse projeto de Baker é um olhar poderoso sobre o uso ou abuso de drogas na sociedade; promove uma boa ideia das sensações inebriantes ou desagradáveis sentidas pelos usuários, incitando reflexões sobre as consequências do consumo narcótico em termos de saúde e qualidade de vida.

Por milênios, seres humanos vêm encontrando diversas formas de ludibriar a mente, estimulados por propósitos variados. Seja para satisfazer uma necessidade de transcendência, para tratar problemas físicos ou psicológicos sob o respaldo da medicina, para cumprir uma regra cultural, para preparar o espírito em rituais religiosos, para fugir da realidade ou simplesmente para matar a curiosidade de experiências sensoriais incomuns, pessoas recorrem à química, usando drogas legais ou ilícitas.

A propulsão social histórica pela ingestão de substâncias químicas intrigou Baker, que achou conveniente e bem informativo desenvolver esse projeto.

Vendo as imagens, já é possível projetar uma noção do que os indivíduos estão sentindo; quem já viveu a experiência sensorial por si só sabe bem dos efeitos relacionados.

A ideia básica é mostrar as sensações comuns que uma mesma droga provoca em seus adeptos. As transformações em seus rostos falam por si só.

Baker manipulou as imagens artisticamente, de modo que os rostos das pessoas foram adornados com os símbolos das substâncias ingeridas, e o resultado são faces graficamente desenhadas pelo conteúdo que representam.

Em entrevista para o site The Creators Project, Baker falou um pouco sobre as origens e motivações de seu projeto:

“Eu comecei a materializar essa ideia no meu trabalho como barman. Eu tenho trabalhado em todos os tipos de bares: discotecas, pubs, hotéis, restaurantes. Todos eles apresentam uma grande variedade de pessoas. Como barman, você sempre pode observar o grau de intoxicação de seus convidados. Depois de um tempo, você aprende a captar os sinais de várias substâncias que são utilizadas. Os olhos das pessoas sempre me fascinaram.”

Não é tão fácil adivinhar o estado de uma pessoa apenas reparando seu olhar, mas a própria suposição já é uma pista da verdade. Algumas facetas são inconfundíveis e demonstram exatamente o que parece; já outras são enigmáticas à uma primeira impressão.

O Inebri-nation faz lembrar de outros dois projetos fotográficos que abordam a questão do consumo de drogas e seu impacto na saúde: o do americano Bryan Lewis Saunders que, durante um ano inteiro, propôs-se a ingerir uma droga diferente por dia e autorretratar sob o efeito; e o do fotógrafo inglês Roman Sakovich, que mostra as surpreendentes diferenças fisionômicas de usuários de drogas antes e depois do uso das substâncias.

Com esse projeto, Baker ilustrou experiências que testemunhou enquanto de serviço como barman. Confira as fotos, junto de informações básicas sobre as drogas e experiências vividas pelos seus usuários, registradas pelo artista que os acompanhou:

1. Cafeína

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“Milhões de pessoas dependem de seu copo de café da manhã a fim de se preparar para o dia. A cafeína age como estimulante, pode combater a sonolência e tornar um usuário mais alerta. Legal e não regulamentada, cafeína é a droga psicoativa mais usada no mundo. Nos EUA, 90% dos adultos consomem cafeína diariamente.”

2. Nicotina

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“Tabaco foi fundamental para o desenvolvimento das colônias do sul no início da América, até que o algodão o substituiu. Pequenas doses podem provocar efeitos estimulantes e também relaxantes. A nicotina é historicamente conhecida como um dos vícios mais difíceis de quebrar.”

3. Cerveja

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“Enquanto esta é provavelmente uma das substâncias mais comuns utilizadas, achei importante inclui-la na série. Este homem passou a noite toda em um bar, consumindo apenas cerveja.”

4. Bebida destilada

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“A maioria das pessoas tem partilhado a experiência com bebidas destiladas. Uma noite fora tomando dose após dose: todos sabemos quais são os efeitos proporcionados.”

5. Maconha/THC

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“A maconha é a substância recreativa mais utilizada no mundo, atrás apenas do álcool. Nos últimos anos, a droga ganhou muito respeito por seus legítimos propósitos medicinais. Ela está rapidamente perdendo seu senso de tabu e tornando-se mais facilmente, legalmente e prontamente disponível do que nunca, do que se vê pela legalização da substância em estados americanos como Colorado e Washington (além de Alasca e Oregon). O público americano logo vai descobrir se taxar e controlar esta substância será benéfico para a economia do país.”

6. Cocaína

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“Esta foi uma aventura ocorrida durante toda uma noite, que começou com um par de bebidas em um bar local. Esta participante relatou que, após alguns drinks, foi propensa a adquirir um saquinho de cocaína para ‘manter o nível’. A cocaína dá a seus usuários efeitos colaterais, incluindo aumento de vigilância e sensação de euforia. A noite terminou por volta das 4:00, após uma reunião com um grupo de amigos, na casa de um deles.”

7. LSD

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“Este encontro envolveu uma jovem moça que tomou dois ácidos inteiros. Passei o dia com ela em um parque. Ela observou visuais intrincados e cores mais vibrantes, com senso psicodélico dos arredores.”

8. Crack

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“Esta noite foi uma das mais interessantes. Observei-o converter a cocaína para a versão fumável, o crack, que recebe seu nome a partir do som que faz quando está sendo fumado. Esse rapaz explicou que estava se sentindo mais energizado, mais alerta e sensível à visão, audição e tato.”

9. Ecstasy/MDMA

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“Ela tomou uma dose de ecstasy puro, também conhecido como Molly. Usuários de ecstasy podem experimentar euforia mental e física, aumento da empatia, sociabilidade, perspicácia e sensações tácteis melhoradas. Essa droga tem sido utilizada em terapia de casais, e também é conhecida como abordagem no tratamento para transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Este participante passou o resto da noite dançando com os amigos.”

10. Metanfetamina

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“Eu encontrei este homem vagando pelas ruas em uma noite quente de verão; ele vestia uma jaqueta de inverno sem camisa. Durante nossa conversa ele me contou sobre como conversou com anjos sobre a sua longa batalha contra a metanfetamina. Descreveu a sensação como uma súbita onda de prazer, aumento de energia, foco e confiança.”

11. Cetamina

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“A cetamina tem ganhado terreno como uma alternativa mais barata do que ecstasy ou cocaína. Este usuário descreveu que via coisas e pessoas como se fossem peças de brinquedo Lego. Sentiu que tudo ficava menor; seu plano de visão lhe pareceu minimizado.”

12. Psilocybe (cogumelos)

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“Este rapaz tomou cogumelos alucinógenos do gênero Psilocybe antes de sairmos para uma discoteca local. A música alta, telas de LED brilhantes e lasers proporcionaram uma ‘viagem’ perfeita para ele. Psilocibina tem sido conhecida por tornar as cores mais vivas, e pode aumentar a clareza do som. Alguns usuários também relatam uma conexão maior com a natureza, se tomada em proporções adequadas.”

13. Oxycontin

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“Este homem é um veterano da Guerra do Vietnã que vem dependendo de analgésicos nos últimos 20 anos. Alguns usuários experimentam uma resposta eufórica a opiáceos, uma vez que estes medicamentos também afetam as regiões do cérebro envolvidas no sistema de recompensa. Aqueles que abusam de opiáceos muitas vezes procuram intensificar sua experiência ao tomar a droga em formas diferentes das prescrições usuais.”

14. Adderall

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“Durante os últimos sete anos, Adderall tornou-se cada vez mais popular entre estudantes universitários. Seus efeitos colaterais incluem um aumento da sensação de motivação, foco e concentração. Presumivelmente, esta é a mentalidade perfeita que permite aos usuários virar a noite, ler centenas de páginas de cada vez, e escrever textos longos com profundidade. O que muitos não percebem é quão amplamente este medicamento também é usado entre profissionais médicos.”

A partir de hoje sou minha prioridade e deixo de ser sua opção

A partir de hoje sou minha prioridade e deixo de ser sua opção

Por Anne Teixeira

Já senti muitas vezes que eu não era prioridade para os demais. Inclusive, decidi não ver isso e me convenci do contrário. Às vezes é mais fácil ignorar do que aceitar que a outra pessoa não nos dá importância suficiente.

Justifiquei situações na qual fui substituído por outra pessoa. Também justifiquei comportamentos negativos como críticas, pensando que eram resultado de estresse ou preocupações. No fim das contas, me dei conta de que não podia continuar assim e decidi que, a partir de hoje, meu lema será “sou minha prioridade e deixo de ser sua opção”.

Transformar-me em minha prioridade não me faz egoísta

A grande quantidade de vezes que escutei que a minha nova atitude é negativa me convenceu de que estou fazendo certo. Casualmente, as únicas pessoas que se queixam são aquelas que vinham atrás de mim para logo depois desaparecerem de novo.

No início, eu duvidada e acreditava que elas podiam ter razão. Logo me dei conta de que não há nada mais gratificante do que amar a mim mesmo, cuidar de mim, dar prazer a mim mesmo e fazer o que desejo. Algumas vezes isso implica estar só, mas não é algo negativo.

De fato, quando me transformei em minha prioridade novas pessoas apareceram na minha vida. Você descobrirá que atrai pessoas que realmente se interessam por você. Eles não estarão o dia inteiro com você porque eles têm vidas e sonhos para cumprir, mas estarão quando devem estar. É tão gratificante começar a viver por conta própria e deixar de ser apenas um segundo lugar em sua vida!

Aceitei que havia pessoas que só me usavam

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A parte mais dura de ser minha prioridade é reconhecer que algumas pessoas só te usam. Quando precisam de algo, recorrem a você. Você sente que é importante, mas só quando estão interessados no que eles podem obter.

Algumas vezes isso inclui membros da família e pessoas que você pensava serem amigas. Dói muito porque eles têm um lugar importante em seu coração. No momento em que comecei a pensar em mim como minha prioridade, recebi muitas queixas e críticas da parte dessas pessoas.

Queriam que eu continuasse sendo o mesmo. Quando comecei a usar a palavra “não” como resposta aos seus pedidos, mais de uma pessoa se irritou. Não pareciam entender meu comportamento e, assim, percebi que eram um peso em minha vida.

Ao final, coloquei uma barreira entre mim e essas pessoas. O difícil é quando se trata de algum familiar, porque ele sempre fará parte da sua vida. A diferença é que agora digo “não” quando tenho vontade e não ligo para as reclamações.

A importância de reconhecer que tenho valor

O principal motivo pelo qual antes meu valor era apenas uma opção a mais era a minha insegurança . Eu achava que não tinha tantas qualidades ou motivos que me tornassem importante. Todo o tempo que eu passava criticando e ferindo a mim mesmo me fazia mais mal do que qualquer atitude alheia.

Quando decidi ser minha prioridade, comecei procurando minhas qualidades. Não foi fácil no começo, mas uma vez que me aceitei, elas começaram a aparecer. Comecei a perceber coisas que eu não achava importante e fui anotando-as.

Isso tem um efeito de bola de neve. Ao encontrar uma qualidade e aceitá-la, outra começa a aparecer e assim sucessivamente. Não pense que faltam qualidades em você. O mais provável é que você precise prestar mais atenção a quem você realmente é.


Sou minha prioridade e não voltarei atrás

contioutra.com - A partir de hoje sou minha prioridade e deixo de ser sua opção

Devo aceitar que é difícil pensar sobre o passado e não sentir certa nostalgia. Sinto falta das pessoas que saíram da minha vida. Às vezes, tenho vontade de voltar e continuar como era. Mas logo me lembro de como me sentia e vejo que agora sou mais feliz. Claro que nem tudo é perfeito, mas a vida já é muito complexa por si mesma… para sentir que não sou importante para a pessoa que está ao meu lado.

Uma vez que percebi que eu era apenas uma opção, muitas pessoas se afastaram. Algumas foram aflitas e outras irritadas. De todas, nenhuma voltou para tentar solucionar as coisas.

Suponho que cada um tem um momento em nossa vida e o dessas pessoas acabou por completo. Creio que não há nenhum motivo para reiniciar “amizades”. Na verdade, eu não gostaria de ser a opção de ninguém por toda a minha vida.

TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA

O amor é coragem

O amor é coragem

Não adianta falar de amor e pouco sê-lo. O amor é lançar-se no desconhecido. Navegando em oceanos inóspitos, o tempo é mero faz de conta. Só aprendemos a reconhecer tranquilidade quando nos colocamos dispostos para alcançá-la. Nos detalhes cristalizados, mais carinhos, conversas e doses seguidas de querer mútuo.

Deixe de lado os dessabores. Esqueça que, um dia, lágrimas sobrepuseram os sorrisos. Saia dessa zona de conforto à espera de um colo sereno. Só podem amar e serem amados os que derramam vivacidade pelos poros. Se no passado, o tombo externou cicatrizes, hoje é possível vislumbrar outras marcas. Corra para os braços arqueados, mergulhe nos lábios transponíveis e, sem ignorar a si, permita-se desfrutar daquilo que os incrédulos não conseguem visualizar, a alma do outro. Todos os gestos são válidos.

O amor é um esforço imponderável. Nele, não cabem raízes e regras fundamentadas por um egoísmo dissipado. É um estado sinestésico em processo de ebulição dos maiores desejos e cuidados. Gentileza, admiração e soma. Nos dias mais intranquilos ou nas noites mais tempestuosas, é traçar caminhos distintos de mãos dadas para um novo patamar. Amamos com facilidade, mas desistimos com frequência. E quem irá, no fim, salientar o desespero? Um pouco mais tudo. Principalmente, calma.

O amor é coragem e um punhado de sorte para os distraídos. Porque da mistura incandescente dos olhares e escolhas triviais, reside a construção desse organismo vivo, quente e necessário para todos nós. E não há nome para ser dado, forma para ser ornamentada e, ainda menos, voz para ser única. Ele pode surgir num instante e desmoronar no momento seguinte, mas, cá pra nós, entre o aceno e a partida, apenas os desbravadores sabem o gosto úmido do espumante amor. Perca-se.

Coleção de saudades

Coleção de saudades

Sou colecionadora de saudades.
Estão todas arquivadas em mim.
Há um acervo incrível com formas e tamanhos variados.
Vez ou outra, surpreendo-me, simplesmente, sentindo cada uma delas…

Saudade estranha da minha avó que não conheci.
Saudade gostosa da minha infância feliz.
Saudade boa da solteirice e das baladas com as amigas.
Saudade orgulhosa da minha formatura.
Saudade melancólica da minha festa de casamento.
Saudade imensa da minha barriga grávida.

Saudade deliciosa do primeiro encontro com meu filho.
Saudade prazerosa da amamentação.
Saudade doída do meu corpo sempre saudável.
Saudade cruel do meu corpo antes do câncer.
Saudade profunda do meu mundo longe da morte.
Saudade inquietante do segundo filho que não veio (e que não sei se virá).

Saudade aflita da casa cheia de crianças e cães que eu tinha planejado.
Saudade arrebatadora da vida que eu tinha sonhado.
Saudade descontrolada de quem eu fui.
Saudade apertada do que se foi sem ter sido.
Saudade cortante da despreocupação.
Saudade intensa das minhas próprias saudades.

Sou feita de saudades.
Saudades do que foi e do que nunca vai ser.
Saudades do que poderia ter sido, mas pode não ser mais.
Mas a saudade que mais gosto de sentir é aquela que só sentirei amanhã:
Saudade do dia de hoje.
Que o hoje seja digno de ser lembrado, saudosamente, amanhã.
Que a saudade seja sentida!

Por trás dela tem sempre algo que vale a pena recordar.
Cada saudade esconde um sorriso.
Cada saudade nos transporta a outro lugar, em outro tempo.
A saudade é mágica!

Faz a gente ir e voltar num piscar de olhos.
Saudades reais nos levam a um tempo passado, em que tudo foi.
Saudades fictícias nos levam a um tempo hipotético, em que tudo poderia ter sido.

Mas, triste mesmo é uma vida sem saudades.
Sem faltas do que passou.
Sem lástimas do que poderia ter sido.
Sem coisa alguma que encha o coração de ternura.
Prefiro minha vida assim: acumulada de saudades sem fim.
Saudades que mal cabem em mim, mas que me preenchem e me definem.

Saudades que me acompanham e que me compõem.
Saudades que, unidas em minha coleção, formam minha própria identidade.
Saudades que me são.
Saudades que me serão.
Até que eu mesma me torne uma saudade.
A saudade imortaliza as pessoas.

Enquanto eu for lembrada com carinho, viverei, ainda que esteja morta.
Vivo empenhada em deixar saudades.
Do contrário, estaria apenas sobrevivendo.
Vivo desejando permanecer viva em uma saudade.
A saudade é minha garantia de vida eterna.
A saudade é meu passaporte para o paraíso.

O ciúme é a mordaça do amor

O ciúme é a mordaça do amor

Quando penso sobre o ciúme não consigo desvincular a percepção desse sentimento ao egoísmo. Ambos remetem a um sentimento de posse. Os ciumentos e os egoístas tratam pessoas e objetos como se fossem da mesma natureza.

A diferença se encontra, talvez, no fato de associarmos o egoísmo mais a um sentimento relacionado aos objetos e o ciúme mais às pessoas. Mas quando uma pessoa trata a outra como se sobre ela tivesse posse, ela torna essa pessoa um objeto e a destitui de toda a sua humanidade.

Há quem considere o ciúme uma prova de amor. Esse é um equívoco de monstruosas dimensões. Mesmo a insegurança tímida que todos nós estamos propensos a sentir, o medo de perder algo, isso não diz respeito a amor, mas a uma relação conflituosa consigo mesmo.

A própria ideia de perder está amarrada à ideia de ganhar. E o que ganhamos? O que perdemos? Coisas, não pessoas. Pessoas não pertencem a ninguém. Elas existem, são autônomas e escolhem. Ganhar e perder têm a ver com jogos, com competições, não com amor.

Se por um lado definir amor é algo perigoso, é possível ao menos refletir sobre como ele se manifesta. Gosto, prazer, afeição, admiração, respeito, vontade de estar perto, de estar ao lado, de ajudar, de ser conhecido e conhecer. É troca, encontro e reconhecimento.

Não há amor que destrua, que desmereça, que agrida. A questão é que o amor nunca está só, ele vem acompanhado de muitos outros sentimentos, e no meio desse coquetel de emoções podem haver aquelas que são destrutivas. Só não vale dizer que foi por amor… Quando as relações tomam um rumo destrutivo, houve uma guerra de afetos na qual o amor foi vencido.

Dessas emoções que destroem e desejam reinar sob todas as outras, o ciúme é provavelmente uma das mais potentes. O desejo de possuir o outro para si, de ter os olhos do outro somente sobre si, de ter os afetos do outro exclusivamente para si, de ter domínio sob as ações e emoções do outro. Isso é o ciúme. É anular o outro para todos os universos, anula-lo de si mesmo, tornar-se para ele um deus que dita as normas e deve ser adorado. Uma atitude egoísta.

O ciumento deseja ser o centro da existência do outro, deseja ser mais importante para o outro do que ele mesmo. Quer provas de amor, uma exclusividade doentia. Não se pode olhar para o lado sem ser julgado e todos os outros também estão na sua mira. Qualquer afeto vindo de fora em direção ao seu “objeto de amor”, por mais inocente que seja, é nocivo, é maldoso, é destrutivo. O cimento, se pudesse, se fecharia em uma bolha com o seu objeto amado, para que nada mais no universo pudesse atraí-lo.

Erroneamente pensamos que o ciumento gira em torno do seu objeto de posse, que vive em função dele, que só enxerga a ele. Mas, na verdade, ele só gira em torno de si mesmo, sem, no entanto, aprofundar-se em si. O ciumento está impedido de amar. Seu amor está interrompido por uma recusa em enxergar além da própria superfície.

Ele diz que ama, mas não quer amar: na realidade ele está irremediavelmente carente de amor, que ser amado com todas as forças, quer ser admirado, quer ser afirmado, quer que o outro supra para ele sua própria incapacidade de amar a si mesmo.

Nessa ânsia de amor ele o amordaça e o aprisiona na masmorra do seu egoísmo. Não há amor que resista a uma fortaleza que não se permite penetrar. Para o ciumento todos são suspeitos, todos são inimigos, todos querem enganá-lo, todos têm inveja dele, todos querem o que ele “tem”. Não há amor que resista ao olhar sorrateiro e desconfiado diante de tudo e de todos, fechado para o mundo, simultaneamente fechado em si e perdido de si.

O ciumento é como aquele colega de trabalho que está sempre observando, julgando e criticando o que os outros fazem, mas não faz com zelo o seu próprio trabalho. Para o cimento, o amor é sempre réu e culpado.

Ele não cultiva amor. Ele não olha para o outro e vê uma pessoa: ele vê um potencial traidor. O ciumento já é traído por antecipação. É incapaz de cultivar amizades, porque todos querem se aproveitar dele. É incapaz de gozar de uma relação, porque ela está premeditada a leva-lo à ruína.

Torturado pelos seus fantasmas, ele não se esforça em conquistar a companhia do outro e todos os sentimentos que deseja saciar. Ele atribui aos outros, apenas aos outros, essa função de amar. Ele é o vigia do amor e quer aprisiona-lo, inconsciente que já o tem sob custódia em suas fantasias mais obscuras.

Ele não se esforça em ser uma pessoa melhor, mais agradável, mais amável, autentica ou o que for. É prisioneiro da ironia de ter em si o que busca no outro, de não doar o que quer receber, de não usufruir do que recebe. E de outra parte, o que o ciúme nos outros alimenta é apenas o orgulho e a vaidade.

Naqueles que se vangloriam em ser um troféu estimado, pois estão cegos ante a sua própria humanidade minando pelas fissuras do ego. Quem o ciúme cultiva e ao ciúme se submete, não conhecerá forma nenhuma de amor, seja através das amizades, das relações românticas ou mesmo das superestimadas relações familiares.

O ciúme isola as pessoas em seus pequenos universos,e para amar é preciso estar fora de si.

Carta de um ansioso para seus parentes e amigos

Carta de um ansioso para seus parentes e amigos

Prezado amigo,

Esses dias vi na internet uma imagem em que uma moça vomita incontáveis corações de tamanhos diversos. Representação pesada, porém fiel ao que o ansioso deseja em suas maiores crises: vomitar seus próprios sentimentos, coloca-los para fora e ver-se livre deles.

A expressão que resumiria a sensação é o “não saber lidar”. Não conseguimos administrar nossas emoções, sentimentos, paixões e entramos em colapso quando chegamos ao nosso limite. São nesses momentos que esperas esticadas viram inquietude e estresse extremos, que escolhas a serem feitas se tornam insônias persistentes e qualquer indício de perda ou rejeição um motivo para desconcentração e apreensão.

O fato é que não fazemos porque queremos. Sim, infelizmente somos muitos. Sou seu colega de sala, o senhor da lanchonete, o moço da farmácia, a sua vizinha, às vezes, até mesmo seu pai ou sua irmã.

É por isso que peço que sua paciência e atenção se voltem não só para mim, seu amigo próximo, mas todos ao seu redor, porque vem sem aviso e atinge até mesmo aqueles que nos parecem mais fortes.

Assim, de repente, aquele turbilhão de sentimentos nos toma o controle. Envergonhamo-nos e nos culpamos por isso, mas é inevitável. Guardar consigo vira uma missão complicada que mais tarde se torna uma tortura cotidiana.

O que fazer?
Seja empático, amigo. Não banalize nossas queixas, não ignore nossas preocupações. Se informe! Nossa mente está tão propensa a adoecer quanto nosso corpo e existem profissionais específicos capacitados exatamente para nos tratar.

Dê atenção! Ouça cuidadosamente, se mostre presente e crie uma atmosfera na qual nos sintamos confortáveis para nos abrirmos. Acima de tudo, esteja presente. Um clichê verdadeiro: um abraço, às vezes, conforta mais que mil palavras.

Com carinho,
Seu querido amigo

A importância de viajar sozinho

A importância de viajar sozinho

No ano de 2010 eu terminei o colegial. Sabia que não queria entrar direto na faculdade; queria ficar um ano sem grandes cobranças, descansando depois de ter concluído mais de 15 anos de colégio. Estava cansada e tinha a oportunidade de fazer isso.

Nessa época eu morria de vontade de passar um tempo na Europa, fazendo qualquer coisa, conhecendo vários lugares. Me formei então e, aos 17 anos, arranjei meu primeiro emprego: atendente de um café na rua Augusta.

Trabalhei por alguns meses e consegui juntar um dinheirinho; era a primeira vez que eu tinha um dinheiro meu, fruto do meu próprio trabalho e que eu ia poder usá-lo como bem entendesse. Mas infelizmente, não foi suficiente para passar o tempo que eu queria na Europa: tenho a sorte – e o privilégio – de ter pais que me ajudaram.

Também nunca tinha viajado sozinha, e na época fiquei triste por não ter ninguém pra ir comigo. Mas fui mesmo assim, não ia deixar de fazer algo que estava sonhando há tempos, por falta de companhia.

E isso mudou toda a minha vida. Passei três meses na Europa.

Conheci pessoas maravilhosas, algumas que eu tenho amizade até hoje, mas na grande maioria do tempo eu estava sozinha. Eu era nova, nunca tinha ficado tanto tempo sem ninguém e muito menos ido pra tão longe assim sem nenhum adulto.

Passei os maiores perrengues que já tive o azar (ou a sorte?) de passar.

Dormi uma noite na estação de trem de Milão pois cheguei na cidade no dia de um grande evento e não tinha UMA cama disponível na cidade inteira. Fui roubada em Barcelona e passei dia inteiro na delegacia. Fiquei sem dinheiro, cartão e câmera fotográfica quase o mês inteiro. Peguei os famosos bed bugs e tive que ir pro hospital.

Peguei um ônibus errado indo de uma cidade pra outra na Itália e acabei indo pra cidade errada. Andei kms e kms debaixo do sol do verão europeu por ruas de pedra com uma mala enorme de rodinha, e por aí vai. Situações que quase todo mochileiro de primeira viagem passa, e que nos fazem aprender.

Chorei de desespero. Chorei de raiva. Chorei de saudade. Chorei de felicidade.

Eu era muito nova, tava começando a entender o mundo (continuo começando, mas hoje um pouquinho mais) e tudo o que eu passei nesses três meses pela Europa, todas as pessoas que eu conheci, os lugares que eu visitei, as horas e horas corridas que eu fiquei completamente sozinha, as vezes que eu me perdi, os perrengues que eu passei foram essenciais pra eu me tornar quem eu sou hoje.

Foi pelos perrengues passados na Europa que hoje eu sou confiante o suficiente pra ir passar um mês na Índia, na Turquia, no Myanmar ou onde quer que seja.

Foi pelo tempo que eu passei comigo mesma na Europa que hoje eu não sinto que eu precise de ninguém pra fazer o que eu tenho vontade. Que eu sei que eu me basto.

Foi pelos bons momentos que eu passei na Europa, que hoje eu sei que o que me faz mais feliz é viajar.

É quando a gente viaja sozinho que a gente percebe que nós somos capazes de qualquer coisa. E não existe sensação melhor do que ver por si próprio que você é capaz sim!

Muita gente vem falar comigo pra me dizer que sonha em viajar, mas não tem companhia e morre de medo de ir sozinho. E eu entendo, eu também já passei por isso. Dá medo mesmo, dá um frio na barriga e no final muita gente acaba desistindo de ir por causa disso, vai sempre deixando pra depois.

Mas meu conselho é: VAI!

Não espere que ninguém te pegue pela mão e te mostre o mundo. Você provavelmente vai precisar fazer isso por si só. E não tem o menor problema fazer isso sozinho. Te garanto que você vai amar.

Se o medo é muito grande, comece por lugares aqui por perto.
Você vai se descobrir que um jeito que nunca imaginou. Vai se surpreender cada vez mais consigo mesmo.

Não tenha medo, você vai quebrar a cara muitas vezes mas vai se levantar e continuar andando em todas elas, faz parte. E isso vai te fazer aprender.

É viajando sozinho que você se conhece de verdade.
É viajando sozinho que você percebe que você é capaz.

Gostei tanto de viajar sozinha aos 17 anos que não parei até hoje.
E pretendo não parar nunca mais.

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Namore alguém que emocionalmente te ame e espiritualmente te fortaleça

Namore alguém que emocionalmente te ame e espiritualmente te fortaleça

Namore alguém que desperte o seu riso fácil, alguém que ame o seu jeito bagunçado e que se importe com o que você sente. Alguém que não dê as costas para a sua dor e que o acolha, mesmo não entendendo os seus porquês. Namore alguém que seja seu amigo, que goste da sua risada escandalosa e que veja graça nas suas piadas sem graça.

Namore alguém que emocionalmente o ame por inteiro, sem desculpas. Alguém que deixe os “e se” de lado e queira viver uma história ao seu lado.

Namore alguém que emocionalmente ame o seu jeito desastrado de ser, porque sabe que, mesmo quebrando tantas coisas e derrubando tantas outras, você jamais quebraria o mais importante: o seu coração. Alguém que veja que, por detrás dessa pose de durona, há alguém com um coração disposto a amar, mas que, talvez, depois de tantos tombos, preferiu recuar. Alguém que seja companhia para as tempestades e não apenas quando o sol decide brilhar.

Namore alguém que emocionalmente te ame sem precisar de maquiagem para ganhar elogios, sem precisar de roupas novas para reparar em você, alguém que veja a tua alma bonita e que saiba que você tem um coração enorme, disposto a transbordar.

Alguém que não dependa da sua beleza, do seu charme, dos seus encantos e da sua inteligência, para amá-lo. Mesmo você sendo uma avalanche de coisas lindas, causando sentimentos que o desmontem por inteiro, mesmo que você desperte um sorriso apenas com o seu jeito de olhar. Namore alguém que veja além de um corpo, uma admiração e uma atração. Namore alguém que veja e seja amor. Que olhe para aquilo que está além do que os olhos possam ver: a nossa alma bonita.

Namore alguém que emocionalmente o ame, mas que espiritualmente o fortaleça. Alguém que o incentive a ser melhor e que saiba o significado da palavra respeito. Alguém que olhe para você e veja ali a mais bela obra da criação, que veja o seu coração entregue a Deus e que deseje se achegar ao dono do seu coração, antes de conquistá-la.

Namore alguém que o ame da forma mais bonita, alguém que o ame em oração. Alguém que emocionalmente ame o seu sapato colorido, mesmo achando que ele não combina com aquele seu vestido azul. Alguém que deseje ser cuidado e cuidar, ser abraçado e abraçar. Que desperte o seu sorriso e que saiba segurar a sua mão quando tudo estiver indo mal.

Alguém que queira orar com você e por você, como quem deseja ter essa história escrita por Deus. Namore alguém que emocionalmente o ame, como quem tem uma grande mulher ao seu lado, mas que espiritualmente o fortaleça, como quem deseja paz, como quem sabe que o autor da criação tem arquitetado planos maravilhosos para essa criação tão singular: você!

Marcas do tempo são um forte sinal de que não se pode perder tempo!

Marcas do tempo são um forte sinal de que não se pode perder tempo!

Meu rosto e meu corpo exibem marcas do tempo. Ainda assim muitas vezes me permito perder tempo. Jogar fora um tempo que não controlo, não posso pausar, voltar, frear.

O tempo é alheio a humor, preguiça, falta de coragem ou sobra de desculpas. Ele passa ruidoso, deixa marcas, mostra datas, aponta falhas.

Muito se deseja, pouco se faz. O tempo dos sonhos passa voando. É uma conta que não fecha e sempre vai mostrar números vermelhos.

Não se pode perder tempo. Não se deve se perder no tempo. Não há tempo para tudo. Não se sabe quando não haverá mais tempo.

Uma roupa nova deve ser usada.
A economia para viagem precisa ser realizada.
O abraço de saudade tem que ser dado.
Aquele perdão pendente não pode mais ser adiado.
O presente, entregue.
A tarefa, cumprida.
O aniversário, comemorado.
A vida, respeitada.
O amor, vivido.

De nada valem marcas do tempo escondidas ou camufladas, se nada ensinaram nem aliviaram a fome de tempo que nos consome.

Ainda menos riquezas acumuladas, se a miséria é de tempo que não se tem para desfrutar.

Se hoje você tem algum tempo, tente usá-lo a seu favor, com qualidade, valor e sabor.

Na corrida contra o tempo, a gente só consegue vencer se deixar mais marcas pelo tempo do que ele em nós. Marcas, lembranças, recordações.

É disso que somos feitos e é isso que faz o tempo trabalhar a nosso favor.

10 filmes fabulosos para quem quer aprender algo novo

10 filmes fabulosos para quem quer aprender algo novo

Assistir filmes não é apenas um simples passatempo; cada história sempre acrescenta algo à sua vida (idealmente). Por isso, se seu objetivo for aprender algo de novo (seja para refletir ou para aumentar seu conhecimento acadêmico), as dez obras abaixo podem satisfazer muito bem esse desejo.

Todos os homens do presidente

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“Todos os homens do presidente” (no original, “All the President’s Men”) é um filme americano de 1976 dirigido por Alan J. Pakula e baseado no livro de mesmo nome, lançado em 1974.
O filme retrata o caso Watergate, no qual dois jornalistas – Bob Woodward e Carl Bernstein – insistiram em uma investigação que culminou na renúncia do presidente Richard Nixon, dos EUA. O filme é considerado uma espécie de “manual jornalístico”, debatendo temas como ética profissional, importância da comunicação e forças políticas que permeiam a imprensa.

A lição que se aprende com esse filme é como o jornalismo investigativo sério pode ser útil para a sociedade, mas também como é difícil a vida desses profissionais, cheia de desafios e obstáculos. O mundo não sobrevive sem a divulgação de notícias. É interessante que todas as pessoas assistam o filme para entender melhor como funciona o processo de pesquisa, investigação e checagem de fatos que leva a produção de um artigo sério.

Céu de Outubro

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“Céu de Outubro” (no original, “October Sky”) é um filme de 1999 baseado no livro “Rocket Boys”. Ele conta a história do filho de um mineiro de carvão que, inspirado pelo lançamento do satélite Sputnik, decide construir foguetes modelos durante o ensino médio, tornando-se mais tarde um cientista da NASA.
O ambiente do filme é marcado por atividade sindical, greves e pelos riscos e acidentes na atividade de mineração – o que por si só já é uma excelente lição de tópicos muito comuns na sociedade.
Além disso, discute o fato de um filho não querer seguir a carreira que seu pai deseja que ele siga e seu o sonho por viagens espaciais. Também mostra que o esforço pode levar qualquer um a realizar seus sonhos, e que a ciência é algo que exige dedicação.
Por fim, o filme também é um presente para os amantes de história, astronomia e exploração espacial.

A Missão

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“A Missão” (no título original, “The Mission”) é um filme britânico de 1986 dirigido por Roland Joffé e baseado em fatos reais. Ele trata da época da expulsão dos jesuítas do reino português no Brasil, devido à crise nas relações entre a Coroa portuguesa e a Companhia de Jesus.
O enredo contém padres, mercadores de escravos, evangelização dos índios, crimes passionais, autopunição, sistema judiciário, guerras, massacres e muita verdade, da mais cruel possível. Quem quer entender mais sobre o início da história do Brasil deve assistir essa obra e fazer suas próprias reflexões sobre como esse episódio do país influenciou o que somos hoje.
Muitos se referem ao ano 1500 como a descoberta do Brasil, mas a verdade é que ele não era um local desconhecido e desabitado. Quando a Europa notou o Novo Mundo, os habitantes desse “paraíso” só podiam ter três destinos: perder seus costumes e crenças para uma nova e imposta cultura, serem escravizados como animais selvagens ou serem dizimados pelos colonizadores. Quem foi ficando, quem está por aqui até agora, é provavelmente descendente ou dos sofredores ou dos causadores de sofrimento. No que isso nos afeta como povo?

O Óleo de Lorenzo

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“O Óleo de Lorenzo” (no original, “Lorenzo’s Oil”) é um filme de 1992 feito nos EUA e dirigido por George Miller. Ele retrata uma história real de pais que descobrem que seu filho Lorenzo possui uma doença rara e degenerativa, a adrenoleucodistrofia (ADL). Com oito anos, os médicos dizem que Lorenzo deve morrer em breve, pois não conhecem nenhum remédio ou cura.
Seus pais não aceitam essa situação. Apesar de serem historiadores, passam a pesquisar sozinhos em livros de medicina e química, e descobrem um óleo que não cura efetivamente a doença, mas a estagna. O garoto acaba vivendo muito mais do que os médicos pensavam que iria.
O conteúdo moral do filme é bastante claro – ele fala sobre como a perseverança, o amor e a luta podem te levar muito longe. Mas é possível aprender muitas outras coisas com esse filme, entre elas o poder da ciência e do método científico. Apesar de serem religiosos, os pais de Lorenzo se voltaram à dedução humana e se embasaram na pesquisa cientifica para buscar uma resposta para a doença do filho – algo que certamente valeu a pena. Além disso, o enredo traz um conhecimento de bioquímica interessante, do organismo humano, de como funcionam nossas células etc.

Startup.com

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Este filme documentário (“Starup.com”, de 2001) mostra a ascensão e queda de uma start up, uma companhia recém-fundada, a govworks.com. A empresa chega a US$ 50 milhões em menos de um ano, mas tem dificuldade em lidar com sites concorrentes superiores e acaba definhando e sendo consumida por uma empresa maior após menos de dois anos de existência.
Esse é um enredo para quem quer aprender algo sobre negócios. Temas como a confiança em sua equipe, fornecer um produto melhor do que o da concorrência, e os desafios do empreendedorismo são discutidos, de maneira que se podem tirar grandes lições de empreendedorismo com a história.

Intocáveis

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“Intocáveis” (“Intouchables”, no original) é um filme francês de comédia dramática, escrito e realizado por Olivier Nakache e Éric Toledano. Baseado numa história real, mostra a interação entre um aristocrata muito rico e tetraplégico e um jovem senegalês que é contratado para ser seu cuidador.
Tendo em vista a complexidade dos cuidados necessários, todos que entravam para trabalhar com o milionário Philippe ficavam pouco tempo e iam embora. Então, ele contrata um jovem inexperiente e ex-presidiário para ajudá-lo.
O novo empregado, Driss, não trata Philippe como um coitado. A displicência, naturalidade e sinceridade com que se refere a seu “chefe” – e principalmente o fato de vê-lo sem preconceitos – faz desta parceria ideal. A relação não é só beneficia ao patrão – Philippe abandona sua arrogância fazendo da construção de relacionamentos sinceros e saudáveis um bom motivo para continuar vivendo, e Driss, expulso de casa e excluído da sociedade, se depara com a chance de crescer como indivíduo e fazer algo de útil na vida, deixando sua contribuição para o mundo.
Em resumo, esse é um filme que trata de muitas questões da modernidade – dinheiro, relações pessoais, a falta de sinceridade, o sentido da vida etc. Sua grande lição é: o que importa no mundo são as pessoas, não as coisas.

Loucos Sonhos

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“Loucos Sonhos” (no original, “Beautiful Dreamers”), de 1990, dirigido por John Kent Harrison, conta a história do médico Richard Bucke depois que ele assume a chefia de um manicômio no Canadá. Bucke empenha-se em criar novos métodos de tratamento para cuidar dos pacientes, o que escandaliza os especialistas, mas ganha a simpatia do poeta Walt Whitman em pessoa, que o ajuda a enfrentar o conservadorismo dominante.
O filme mostra o tratamento bárbaro dos doentes mentais, deficientes mentais e outros com condições neurológicas durante os anos 1800. Até hoje, há muito preconceito em torno de doenças da mente, como a depressão, e faz pouco tempo que criamos terapias mais humanas e eficazes para esses pacientes. O Dr. Bucke serve como um modelo de coragem, sensibilidade e tolerância, nos mostrando que temos que ter compaixão por essas pessoas como temos por aquelas que possuem uma doença física. Ou seja, o filme tem o poder de gerar mais empatia pelos sofredores de condições mentais.
Por fim, conhecer mais detalhes da vida de Whitman nos faz querer ler mais sua bela poesia, e ninguém perde por se tornar um melhor conhecedor dessa literatura inglesa magnífica.

O Julgamento de Nuremberg

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“O Julgamento de Nuremberg” (no original, “Judgment at Nuremberg”) é um filme norte-americano dirigido por Stanley Kramer em 1961. Foi baseado em fatos reais, principalmente no caso Katzenberger, o último julgamento dos Processos de Guerra de Nuremberg que ocorreram depois da Segunda Guerra Mundial para julgar criminosos nazistas.
“Limpeza étnica”, Alemanha de Hitler, Holocausto e guerra mundial são todos temas trabalhados nesse enredo. Além de ser uma aula de história, nos mostra como funcionam os princípios da justiça e do direito internacional, e como os crimes de guerra e os cometidos contra a humanidade são debatidos em corte. Por fim, gera muita reflexão com as questões morais que propõe, e de até onde vão os direitos humanos.

A Máquina do Tempo

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“A Máquina do Tempo” (“The Time Machine”, no original”) é um filme de ficção científica britânico de 1960, dirigido por George Pal e baseado no livro de H. G. Wells. O enredo relata a história de um homem que constrói uma máquina do tempo, e a utiliza para viajar ao futuro.
Uma das coisas mais interessantes que é possível aprender com esse filme é a escala temporal da evolução da humanidade. Na história, há uma evolução ficcional dos humanos 800 mil anos no futuro em sub-espécies diferentes, que vivem em uma relação complexa de predação e reprodução.
Assim, pode-se ver em ação mecanismos que de fato impulsionam a evolução, como mutações e seleção natural, através de exemplos dramáticas, como a borboleta Blue Moon, e mutações relativamente recentes na espécie humana, tais como a capacidade dos adultos de digerir produtos lácteos e o surgimento de olhos azuis. Por fim, é possível entender melhor também o conceito de engenharia genética.

2001: Uma Odisséia no Espaço

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“2001: Uma Odisséia no Espaço” (no original, “2001: A Space Odyssey”) é um filme americano de 1968 dirigido por Stanley Kubrick. O filme possui temas notáveis, como evolução humana, tecnologia, inteligência artificial e vida extraterrestre. É imperdível por ser um marco cinematográfico em muitos aspectos: visual, artístico, filosófico, técnico, publicitário e sociológico, além de seu notável realismo científico.
Mesmo adiantando mais de um ano a ida do homem à lua, esse evento é mostrado na obra com o máximo de fidelidade possível. Enquanto a maioria das ficções científicas não gosta de perder público tirando o som de seus filmes, Kubrick levou a sério o silêncio no espaço, uma vez que o som não se propaga lá. Outros conceitos podem ser aprendidos no filme também, como a Primeira Lei de Newton, a força centrífuga e a gravidade.
O início da história é praticamente um curta-metragem sobre o nascimento da humanidade (SPOILER!) com símios brilhantemente descobrindo o poder das ferramentas. O tema da nossa evolução pelos anos seguintes percorre todo o enredo, entrelaçado com questões do universo e da sociedade.
“Uma Odisséia no Espaço” serve até como aula de cinema, por seu pioneirismo e seu roteiro cativante. Em 1991, foi considerado “culturalmente, historicamente ou esteticamente significante” pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.

Fonte: Hypescience

Sou do tipo que ainda acredita que ação diz mais que expressão – sobretudo a facial.

Sou do tipo que ainda acredita que ação diz mais que expressão – sobretudo a facial.

Os olhos são as janelas da alma, dizem. Nesse caso, devo ser algum tipo de cego funcional. A maioria de nós é, mas romantiza, finge enxergar o que no fundo é só pupila e íris. Sou do tipo que ainda acredita que ação diz mais que expressão – sobretudo a facial.

O amor é um fenômeno fisicamente involuntário. Mãos suam frio, pernas tremem, estômagos reviram, línguas prolixas paralisam, cabeças rodopiam. É surpresa, choque, balanço significativo em nossas estruturas mais sólidas. Não é o olhar que diz “eu te amo”, é todo corpo, cada pedaço dele, do maior ao menor.

Mais valem mãos que agarram, bocas que beijam, corpos que se tocam. O olhar é mensageiro. Pode anunciar intenções, enviar sinais sutis, mas é o modo como agimos que conta de verdade. As ações dizem realmente quem somos, para o bem ou para o mal.

Não existem segredos nos olhos. O segredo está em quem olha, em quem é por eles olhado.

Pouco importa se é por abrir mão de uma noite com os amigos para ficar em casa assistindo a um filme com Ryan Gosling ou por, de livre e espontânea vontade, assumir a infame missão de apagar a luz antes de irem dormir. Na grandeza dos gestos pequenos repousa o cuidado essencial. Aquele que nada exige além de entrega sincera, de abertura para ser cuidado e para cuidar.

E daí que os anos passam, a vida muda e o mundo gira? Gestos ficam, marcam profundamente. É com eles que deixamos nossas pegadas na vida (na nossa e nas vidas de outras pessoas), é com eles que construímos uma história. Só os covardes culpam o tempo.

Agir não é apenas falar que sentiu saudades, mas abraçar como quem sente saudade. É também demonstrar com a ponta dos dedos enquanto faz cafuné; é tornar a memória presente ao se lembrar de como exatamente a outra pessoa gosta de um prato ou drinque enquanto o prepara.

Não é preciso fogos de artifício. Não é preciso carros de mensagens espalhafatosos. Só é preciso estar presente, se fazer presente pelos gestos.
Não basta olhar. É preciso fazer-se letreiro e dizer com o próprio corpo “eu estou aqui. Eu estou aqui por você!”.

O inerte põe nos olhos a culpa da sua imobilidade, dizendo que eles bastam para manifestar suas intenções, enquanto quem age constrói um abrigo seguro para o seu coração.
“O essencial é invisível aos olhos”, escreveu Saint-Exupéry. Clichê? Sim. Verdade? Também.

Gente muito bêbada é um saco e muito sóbria é um porre. Gostoso é o caminho do meio.

Gente muito bêbada é um saco e muito sóbria é um porre. Gostoso é o caminho do meio.

“Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”. Quando o Padre Antônio Vieira escreveu essa maravilha, resumiu a história toda. O que será que ele pensava nessa hora? Será que puxava a orelha de um colega de batina muito afeito a exagerar no vinho? Falava dos exageros de uma fiel radical que seguia à risca os versículos bíblicos? Ponderava sobre a duração de seus sermões, tentando não fazê-los tão longos para não cansar a audiência nem tão curtos para não enfraquecer a mensagem? Difícil saber.

Eu só acho que ele acertou em cheio. Confirmou de alguma forma o que Buda havia dito muito tempo antes sobre o caminho do meio. Para que tanto extremismo? Aonde vamos com tantos excessos? De que servem tantas certezas?

No geral, gente muito bêbada ou muito sóbria é sempre muito chata. Deus nos livre dos embriagados demais e dos rigorosamente abstêmios. Excesso faz mal. Eu prefiro a embriaguez suave e a sobriedade moderada.

Aqui pra nós, lucidez extrema é pretensão. E pretensão quase sempre é um porre. Quem se acha mesmo tão sóbrio a ponto de entender a complexidade do mundo está tão louco quanto todos os outros. Do mesmo jeito, um cadinho de elevação, loucura e embriaguez, pela arte, pela paixão ou pelo álcool, não há de fazer mal a quem souber voltar ao chão na hora certa.

Quem já esteve nos dois lados sabe. Cair de bêbado ou se embriagar de sobriedade não é bom negócio. Vivamos sem culpa o meio termo, firmes e frágeis, loucos e sãos, bebericando um carinho aqui, enchendo a cara de sonho ali, delirando um amor acolá.

Incertos mas inteiros, errando e acertando no caminho do meio. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Nem tão bêbados, nem tão sóbrios. Gente imperfeita, inacabada e incompleta vivendo sem moderação.

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