Depressão é a dor de apenas existir, é quando perdemos de vista o sentido de viver.

Depressão é a dor de apenas existir, é quando perdemos de vista o sentido de viver.

É a dor de acordar e não ter forças para enfrentar o dia, de sentir o peso das horas que parecem não passar nunca, de sentir que toda a sua disposição e energia ficaram na cama e que, de alguma forma, você terá que arrumar meios para enfrentar o dia.

É a dor de querer que a semana passe rápido e de tentar passar as horas do final de semana dormindo, de querer um remédio que te faça dormir e acordar só quando tudo estiver bem.

Vemos tudo à nossa volta de uma forma bonita e parece que o preto e branco pertence apenas a nós, que a luz só brilha lá fora e que a escuridão insiste em residir dentro da gente.

A dor de não ver graça nas coisas simples e fantásticas da vida. Aquela tarde chuvosa que te leva a assistir um bom filme, enrolada no cobertor comendo o seu brigadeiro de panela foi substituída por ficar deitada olhando para o nada, pensando em tudo e chorando. Uma tristeza tão grande que chega a nos sufocar. O peito aperta, as lágrimas caem e você se questiona de onde vem tanta dor e quando essa tempestade irá cessar aqui dentro.

Você prefere dar um sorriso forçado e dizer que está tudo bem, porque cansa de ser bombardeado com frases do tipo: ”Você tem de tudo, olhe para fulano, coitado, esse sim tem motivos para estar triste, passou por tanta coisa e está ai vivendo e sorrindo.” “Isso é frescura, é preguiça.” Ou,” Hum, você está querendo chamar a atenção.”.

Como alguém pode pensar que o outro escolhe sofrer para chamar a atenção? Como o outro pode pensar que é preguiça, que é frescur,a sendo que o meu maior desejo é justamente sair disso? É uma luta todos os dias comigo mesma para não ficar na cama e me esconder do mundo, de não tirar o meu pijama e de não ter que encarar a vida lá fora. É uma luta de tentar não desmoronar, mesmo quando o seu mundo interior está um caos. De se manter inteiro para os outros, mesmo estando em pedaços.

As pessoas falam isso como se a gente gostasse de se sentir assim, como se fosse imediata a melhora. Como se fosse uma gripe que melhora com aquelas receitas da vovó. Quem me dera fosse tão rápido assim.

Talvez o alívio momentâneo encontrado, em meio a tanta dor, é naquele tempo que alguém oferece para nos ouvir, sem tecer nenhum julgamento; naquele abraço quando você está em prantos e naquela mensagem inesperada que te arranca um sorriso leve. Por mais que as coisas tenham perdido a graça, os afetos continuam sendo a nossa graça, o nosso remédio, o nosso alívio imediato.

No mar da depressão, o meu barco – a vida – quase quis naufragar, perdi muitas coisas nessa tempestade toda, a autoestima afundou e com ela o meu riso fácil. Mas, depois da tempestade, vem a calmaria e, aos poucos, a gente se recompõe e vai tentando reconquistar tudo novamente. E eu sei, a gente consegue. Leva tempo, mas consegue.

Depressão é a dor de apenas existir e não viver. Quando eu digo viver, é porque tudo perde o sentido e a gente não vê graça nas coisas incríveis da vida. Não é fácil não ver graça em coisas que antes te deixavam feliz.

Não é fácil não ter mais perspectivas quanto ao futuro, não alimentar sonhos e não querer planejar. Não é fácil olhar à sua volta e ver felicidade tão perto e ao mesmo tempo tão longe. É doloroso perceber tudo isso.

Quando eu escutei a frase: “Tem gente sofrendo, desejando viver, e você aí reclamando e sofrendo por qualquer coisa”, eu me senti pior do que já estava, como se eu estivesse sendo ingrata com a vida, como se eu estivesse sendo egoísta, como se sofrimento precisasse de justificativas. Esses julgamentos nos matam e nos empurram ainda mais para o buraco. As palavras têm poder para nos ajudar, é uma pena que elas sempre chegam de forma agressiva até nós.

Hoje, estou certa de que posso escolher ver as coisas de um jeito diferente, é uma escolha que reafirmo todos os dias. Tem dias em que os ventos sopram forte demais e eu temo cair, temo não ter forças para enfrentar.

Eu luto todos os dias pela alegria, entendi que ela não reside nas coisas, entendi que a felicidade não está nas pessoas, ela está em nós. Aprendi que nem todo mundo consegue ser abrigo quando a tempestade vem e que, sim, nós iremos nos decepcionar. Iremos nos magoar e isso vai doer muito. Vamos levar rasteiras de pessoas que amávamos e em quem confiávamos, mas também vamos receber aquele abraço caloroso de quem menos esperávamos.

Isso se chama vida, isso é viver. E, então, eu luto todos os dias para não sentir mais essa dor de apenas existir. Mas eu sei que haverá dias em que tudo irá parecer desmoronar, sei que terá dias que o choro será presente e a angústia irá insistir em apertar o peito. Mas isso, nem de longe, significa que estou recaindo e que, sei lá, eu sou fraca demais para as coisas.

Talvez seja só mais um dia ruim mesmo, uma semana conturbada e a gente, de alguma forma, chateia-se com algumas coisas, é normal. Mas, depois de um tempo, a gente consegue enxergar para além do que está posto à nossa frente, a gente consegue ver as inúmeras possibilidades que temos de nos reinventar e recomeçar. E então eu prefiro escolher estar perto de quem me incentiva a ser melhor a cada dia, em quem não julga as minhas dores.

Eu acordo e posso até sentir vontade de ficar na cama, mas logo penso que o dia lá fora está lindo e que eu posso florescer as coisas aqui dentro. Jogo fora os espinhos que ganhei da vida e sei que as dores e os machucados não definem quem eu sou. Eu sou metamorfose, não sou rótulos, nem feridas, nem dores. Eu sou forte e, mesmo tendo que matar um leão por dia, aqui dentro eu continuo prosseguindo.

Notas: há muitos anos, sofri com esse mal da depressão e, como todos, eu também sofri julgamentos e as coisas perderam a graça. A psicoterapia é fundamental nesse processo; caso você não possa arcar com os custos de uma terapia, procure os atendimentos públicos de estudantes e até profissionais de saúde que atendam pelo SUS. A terapia é fundamental para nos auxiliar nesse processo doloroso de perda de sentido da vida e da nossa essência.

Permite-nos o reencontro e nos ajuda a ver o mundo de outra forma. É um processo, requer tempo, mas é um benefício e tanto para a nossa vida. E, se você conhece alguém depressivo, deixe de lado os seus julgamentos e o oriente a recorrer a uma ajuda profissional. Troque as palavras que ferem por um abraço e, ao invés de jogar o outro ainda mais no buraco, estenda a mão e o ajude a sair de lá.

Ele falava da boca pra fora, ela entendia do coração pra dentro

Ele falava da boca pra fora, ela entendia do coração pra dentro

Talvez nunca consigamos nos conter nos momentos de raiva, calando-nos para não magoar com ofensas agressivas que machucam no fundo da alma. Por mais que tentemos, jamais conseguiremos verbalizar racionalmente o que sentimos nos momentos em que temos tudo dentro de nós, menos alguma coisa boa. Porque raiva verbalizada muitas vezes fere mais do que a violência física.

Talvez porque engulamos demais e por muito tempo o que sentimos, porque não temos coragem de expor nossos pensamentos na hora adequada, ou porque temos dificuldade de dizer não, por medo de desagradar, acabamos acumulando um monte de contrariedade aqui dentro. Então, quando somos dominados pela raiva, isso tudo acaba saindo de forma distorcida, visto que carregada de rancor demorado.

Muitos dizem que é nessas horas que conseguimos ser verdadeiros e dizer o que temos e o que somos realmente. No entanto, mesmo que exista alguma sinceridade nas ofensas, é de se duvidar que possamos ser tão frios a ponto de magoar quem quer que seja, de forma agressiva, só para desabafar. Todo mundo tem o direito de falar o que pensa, mas o respeito não poderá se afastar disso tudo, ou se quebram laços afetivos, muitas vezes de forma imperdoável.

Geralmente, quem esbraveja e vocifera violência verbal nos momentos de destempero acaba até nem se lembrando direito do que disse, embaralhado que estava sob o calor do momento. Porém, quem ouve, quem é atingido, quem é agredido jamais se esquecerá do que veio ao seu encontro, machucando fundo seus sentimentos. Sempre ficará no ar aquela dúvida quanto à veracidade das palavras ouvidas.

É preciso exercitar a fuga aos momentos de raiva, tentando ficar sozinho, calado e distante nesses momentos, para não ferir ou ferir-se. Caso já se tenha falado mais do que deveria, de forma violenta e dolorida, nunca será demais o pedido de desculpas, se sincero, verdadeiro. Vale muito, também, tentarmos nos colocar no lugar do outro, entendendo o que ele sentiu ouvindo o que dissemos.

Sim, a sinceridade é uma característica positiva, que pode nos salvar e nos libertar, desde que não tenhamos que ferir ninguém com ela, desde que ela seja parte integrante de nossa vida e não uma válvula de escape que é acionada somente quando estamos de saco cheio. Porque ninguém permanece igual após o confronto com o pior de si e do outro – e todos podemos perder, e muito, por isso.

Gostar de gente nunca esteve tão fora de moda

Gostar de gente nunca esteve tão fora de moda

Não é de hoje que o passado interessa mais do que o presente. Faz tempo que recordar é um jeito útil e eficiente de tocar a vida. Por algum motivo, a gente ignora o aqui e agora pra olhar de frente um canto lá atrás, um instante bonito, um velho sucesso, uma saudade boa. E vai seguindo assim, avançando de costas para o amanhã e o depois.

Claro que a gente não faz por mal. É que na falta de uma paixão novinha no presente, um motivo incomum, uma razão original que nos mantenha de pé, a gente procura e encontra no passado aquilo de que precisa para já. Está tudo lá. Todos ali, olhando em nossos olhos, à espera.

Na música, no cinema, no teatro, na moda, na TV, na poesia e em tudo quanto há, retomamos o que foi bom um dia e o fazemos funcionar de novo como velhos rádios, brinquedos antigos, fotografias em preto e branco reconstruídas em cores. No passado, reencontramos o presente perdido e seguimos adiante.

Mas em meio a tantos velhos modos revisitados, alguém bem podia inventar de novo aquele negócio antigo de uma pessoa gostar da outra. Já pensou? Do nada alguém se pega pensando: “puxa, vida… como o fulano é legal! Vou ligar pra ele!”. Num outro canto uma moça triste abre o e-mail, encontra mensagem de pessoa querida e responde animada. Ela está alegre de novo. Pais, filhos, amigos, irmãos, vizinhos, amantes ou completos desconhecidos, toda gente inventa de se tratar com ternura.

Aqui e ali, querer bem a alguém ganha ares de novidade boa. Em questão de horas, uma febre se espalha feito moda pelo planeta e de repente estamos todos, em todas as línguas, declarando amor e amizade uns aos outros.

Em vez de insultos, injúrias, maus modos e caras feias de hoje, elogios honestos, palavras de afeto e gestos gentis de ontem, reencontrados em algum lugar lá atrás e trazidos de volta para o nosso agora, retomados como modernos, clássicos obrigatórios, motivos para seguir em frente melhores, revigorados, atuais.

Aos poucos, essa coisa antiga de uma pessoa gostar da outra fará de nós uma gente nova em um mundo novo, habitado pela compreensão e a tolerância. Um mundo de gente que se ajuda, se respeita e se quer bem, avançando de frente para o amanhã e o depois.

10 filmes franceses atuais que você precisa assistir

10 filmes franceses atuais que você precisa assistir

Saiba quais são as produções recentes do país que você não pode perder!

Fora do circuito hollywoodiano, o cinema francês é o que mais se destaca, seja pela oferta de produções ou pelo alcance de público. E não é para menos – a cada ano, novidades do país invadem as telas mundo afora.

E para quem já é fã, ou àqueles que pouco conhecem, o Guia da Semana selecionou 10 filmes franceses atuais que você precisa assistir. Confira!

Agnus Dei (2016)

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Nem todos os dramas de guerra precisam falar de soldados e “Agnus Dei” mostra uma perspectiva totalmente inusitada sobre a Segunda Guerra Mundial. Uma médica francesa da Cruz Vermelha atende ao chamado de uma freira para resolver uma situação espinhosa: num convento polonês, a maioria das freiras está grávida ou já morreu dando à luz, após sucessivas invasões de soldados de ambos os lados do conflito.

Marguerite (2015)

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A comédia dramática de Xavier Gianolli foi lançada no mesmo período que a versão americana “Florence – Quem É Esta Mulher?” e ambos se inspiram na mesma história real: a de uma mulher muito rica que amava cantar, mas não tinha talento nenhum. Na versão francesa, Catherine Frot interpreta a protagonista.

Chocolate (2015)

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O Pequeno Príncipe ‬ (2015)

Baseado numa história real, o filme mostra a trajetória do primeiro artista circense negro a conseguir construir uma carreira na França. Omar Sy interpreta Chocolate, que começa a trabalhar no circo como uma “besta africana”, mas encontra a oportunidade de mudar quando um palhaço (James Thierrée) o convida para ser seu parceiro no palco.

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O livro de Saint-Exupéry, um dos mais famosos na literatura infantil, ganha uma adaptação expressiva por Mark Osborne. A animação conta a história de uma menininha que se prepara para entrar numa escola muito rígida, quando conhece seu excêntrico vizinho: um aviador que diz ter conhecido um garoto de outro mundo.

Também temos: 10 filmes com finais inesperados que te surpreenderão na Netflix

Gemma Bovery – A Vida Imita a Arte (2014)

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Para amantes de literatura, “Gemma Bovery” é um presente. Fabrice Luchini interpreta um homem fascinado por Gustave Flaubert que fica obcecado por seus novos vizinhos quando descobre que o nome da moça é Gemma Bovery (Gemma Arterton) e que sua história tem semelhanças com a da personagem literária.

A Família Bélier ‬ (2014)

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Paula Bélier é uma adolescente que divide seu tempo entre ajudar os pais na fazenda e ter uma vida social na escola. Como toda a família é surda, exceto ela, sua presença é ainda mais essencial. Quando Paula é descoberta por um professor de canto e é convidada a participar de um concurso para estudar música em Paris, sua relação com os pais entra em choque.

Saint Laurent (2014)

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A vida de Yves Saint Laurent entre os anos de 1967 e 1976, quando o estilista estava no auge da carreira, retratando ainda algumas paixões da sua vida, como Jacques de Bascher, que mais tarde tornou-se parceiro de Karl Lagerfeld.

A Datilógrafa (2012)

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Para quem gosta de romances adocicados, “A Datilógrafa” é a pedida perfeita. Ambientado nos anos 50 em tons pastéis, o filme conta a história de uma secretária que se candidata a um trabalho numa grande empresa. Seu chefe percebe que ela não é uma boa funcionária, mas tem um talento inato para datilografia e decide inscrevê-la num concurso nacional.

Dentro da Casa‬ (2012)

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Voyeurismo é o tema central da comédia dramática (com um toque de suspense) de François Ozon. Germain (Fabrice Luchini) é um professor de francês entediado com a falta de talento de seus alunos, até que conhece Claude. Habilidoso com as palavras, Claude começa a escrever uma mistura de ficção e realidade sobre a família de um amigo, mas, para continuar produzindo, ele precisa se infiltrar cada vez mais na vida da família.

Fonte: Guia Da Semana

Despedida de um amor

Despedida de um amor

Vou-me embora da sua vida. Vou hoje, sem demora. Uma decisão calculada, conclusiva, bem pensada. Vou-me embora da sua vida, aliviar o peso que você carrega, liberara sombra que te roubo, devolver o espaço que ocupo.

Vou-me embora para me preservar, para te poupar, para nos afastar, para poder pensar, sentir saudades ou alívio, solidão ou euforia, liberdade ou arrependimento. Vou para ouvir o meu silêncio, entender meus desejos, separá-los da confortável rotina, deixar que sintam frio e medo, que digam o que realmente querem de mim e para mim.

Se você não puder esperar, prossiga. Eu vou porque por perto não entendo o que preciso. Vou para saber de que lado sofro e de que lado me aconchego.

Vou-me embora da sua vida para viver um pouco só. Vou testar as inseguranças e desproteções que tanto se teme. Ou descobrir minha fortaleza e independência, que viviam trancafiadas nas crenças da fragilidade.

Posso me arrepender, e se isso acontecer, não terei medo de lhe dizer. O maior medo que passo é hoje, a decisão de romper com o que já conheço e acabei por me acostumar.

Mas não quero somente me acostumar. Nem que se acostume comigo. Quero outra dimensão de vida, de surpresas, emoções e descobertas. Quero isso para mim e também para você.

Não sei se é pedir demais. Na verdade, o único pedido que tenho é que você não me queira por perto enquanto eu precisar ficar longe.

Vou-me embora da sua vida porque a confundi com a minha própria e isso não é jeito de se viver. Não te culpo, não me culpo. Só estou indo porque não saberia como ficar sem me entender.

União pirata

União pirata

Nós. Todos os outros. Todos

Cada um em seu barquinho
Um oceano infinito cheio de troços
Nos vemos de longe
Não vemos direito

Cada um em seu barquinho
Não escutamos com efeito
Remamos

Cada um em seu barquinho
Temos cordas e âncoras
Guardamos rancor

Cada um em seu barquinho
Enviamos cumprimentos longínquos
O oceano é infinito
Quando se cansam do remo
Descem corda. Ancoram
Antes

Cada um em seu barquinho
Sonhavam com o fim do oceano infinito
Quando no oceano infinito encontrariam outro

E cada um não sabia bem o que queria
Só o desejo do remador
De tanto trombar nos troços
Fazer destroços em vão

Do remo cansado
Os braços partidos
Resta a corda
Resta a ancora
Param. Restos.

O rancor guardado na caixinha dos primeiros socorros
No balé das tormentas se enlaçam as cordas
Atrito
Parte fraca
Afunda

O oceano ganha um barquinho
Um barquinho ganha mais um
“Um barquinho pequeno demais pra nós dois”
Parte fraca

Se acomoda em carona
Cada um em seu mundinho
Cada bússola um rumo à parte

Que fere pedaços no arranque
Guardada no cantinho do fundo
Protegida com encantos vencidos
Com o tempo

Do caminho distante
Deixando-se ir na direção do vizinho
Deixando-se à parte dos horizontes
Morrem aos poucos os sorrisos

Artifícios explodem à força
Fogo demais sujando o céu
Pólvora morta afoga no fundo
No fundo
No fundo
Do mar

O vizinho continua a remar
Como fosse só em seu barquinho
Olhando só de relance quem se deixa levar
Até que a enfermidade liberte rancores

Da caixinha dos primeiros socorros
Os primeiros remorsos
Tarde demais?
E quem foi que aprendeu a nadar?

Enquanto cada um em seu barquinho
Quem poderia imaginar?
Um dia saltar em outro
Permanecer por lá
Esquecer-se de si

Quando as bússolas gritam
“Abandonar o barco!”
Quem será o primeiro a saltar?
Sem remo, sem âncora, sem barco no mar

Seria preciso coragem feita de loucura
Dessas impermeáveis de se encharcar
Voam boiam nadam
Dessas que nascem nuas
E seguem sem vento

Bússolas de instinto
Bússolas de razão
“Você já conheceu a ilha?”
“Mas, o oceano é infinito…”
Param de remar.

Se afundam em dois
Naufrago ao quadrado
Quando já não há mais atrito
Há pesar

Pudera antes encontrar
Quem quisesse seguir lado a lado
E não frente a frente
Frente a frente
Não chegaram a nenhum lugar

 

George Orwell: a linguagem como construção de poder

George Orwell: a linguagem como construção de poder

O que são verdades? Nietzsche dizia que as verdades são construídas por meio da linguagem e do esquecimento. Sendo assim, a linguagem e, por conseguinte, as informações proferidas pela linguagem, configuram enorme importância no erigimento das bases que estruturam o convívio social.

Essa problemática é trabalhada com perfeição por George Orwell nas suas obras “A Revolução dos Bichos” e “1984”.

Em “A Revolução dos Bichos”, os animais de uma determinada fazenda – “Granja Solar” – através de uma revolução conseguem se livrar do domínio humano, personalizado na figura do Senhor Jones. Após o processo revolucionário e a tomada do poder, os porcos passam a liderar o movimento, uma vez que se consideram os animais mais inteligentes e, portanto, mais capazes de liderar a revolução e o controle da fazenda, ainda que eles coloquem, perante o resto dos animais, a liderança como uma atividade muito dispendiosa, a qual, eles humildemente estão dispostos a executar, em uma espécie de sacrifício para com os demais animais.

Ou seja, desde logo, o uso da linguagem e da informação são utilizadas como um forte instrumento político-social, já que é sabido que os porcos preocupavam-se tão somente em possuir o poder e tirar proveito deste para a sua “classe”. Desse modo, o controle da linguagem e da informação por um determinado grupo, faz com que este distorça estas de acordo com o seu interesse.

Ao longo da história isso é perceptível claramente na manipulação dos mandamentos, que mudam sistematicamente conforme os desígnios dos porcos se modificam e estes vão se “humanizando”.

“Porém, alguns dias mais tarde, Maricota, lendo os Sete Mandamentos, notou que havia outro mandamento mal recordado pelos animais. Todos pensavam que o Quinto Mandamento era “Nenhum animal beberá álcool”, mas haviam esquecido duas palavras. Na realidade, o Mandamento dizia: ‘Nenhum animal beberá álcool em excesso’.”.

Outro elemento utilizado na construção das bases que mantêm a ordem estabelecida é o uso das estatísticas. Por mais que a situação aparente estar tão dura ou pior que na época do Senhor Jones, os porcos sempre tratam de apresentar estatísticas que “comprovam” que as condições são melhores, haja vista o “aumento” constante na ração e a “diminuição” das horas de trabalho.

Esse elemento, o qual também é utilizado em “1984”, tem o seu sucesso estruturado em função da ideia de Nietzsche, posto que submetidos a uma realidade imposta e manipulada, perde-se até mesmo a noção de tempo, em que o esquecimento age como determinante na construção das novas verdades. Não à toa, um dos lemas do Partido em “1984” é:

“Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado.”

No entanto, os absurdos produzidos pelos detentores do poder podem algumas vezes tornar-se alvos de questionamento pelos dominados. Quando isso acontece, faz-se necessário alterar a percepção interna para a externa, criando-se a figura do inimigo que quer destruir a ordem posta. Em “A Revolução dos Bichos” esse inimigo é inicialmente colocado na figura do Senhor Jones, o humano, de modo que a cada questionamento acerca do sistema, liga-se o alarme do medo dos tempos sombrios da submissão aos homens.

“Sabeis o que sucederia se os porcos falhassem em sua missão? Jones Voltaria! […] não há dentre vós quem queira a volta de Jones. Ora, se algo havia sobre o que todos os animais estavam de acordo, era o fato de nenhuma desejar a volta de Jones. […] Foi, portanto, resolvido sem mais discussões que o leite e as maçãs caídas (bem como toda colheita de maçãs, quando amadurecessem) seriam reservadas para os porcos.”

Posteriormente, o inimigo externo tornou-se um animal, antes integrante da revolução, “Bola de Neve”, o qual deveria ser combatido por todos de forma ininterrupta. Em “1984” esse inimigo aparece na figura de “Goldstein”, antigo membro do Partido, e agora líder das guerrilhas que pretendem destruí-lo e, consequentemente, o povo da Oceania. A fim de sempre reavivar a persona do inimigo, instauram-se os “Dois minutos de ódio” destinados ao ataque de todos à imagem de Goldstein que aparecia nas tele-telas.

Dessa maneira, a construção do inimigo externo e, conseguintemente, do ódio destinado a este, exerce fator determinante na manutenção do establishment, uma vez que se quebra a possibilidade de subversão e a classe dominada é mantida sob forte alienação e ignorância.

A despeito disso, o fator primordial que possibilita a execução das vontades dos Porcos e do Partido consiste na ignorância a que os indivíduos/bichos são mantidos. Nos dois mundos, poucos possuem um nível intelectual mais avançado, sendo que a maioria, no caso de “A Revolução dos Bichos”, sequer sabe ler, o que, diga-se de passagem, é determinante na manipulação que é exercida nas informações.

“Nenhum dos outros animais da granja chegou além da letra A. Notou-se também que os mais estúpidos, tais como as ovelhas, as galinhas e os patos, eram incapazes de aprender de cor os Sete Mandamentos. Depois de muito pensar, Bola de Neve declarou que, na verdade, os Sete Mandamentos podiam ser condensador numa uma única máxima, que era: ‘Quatro pernas bom, duas pernas ruim’.”.

Sendo assim, a ignorância, o ódio, o medo e a alienação, tornam-se faces de uma mesma moeda, de modo que os detentores de maiores recursos, não só financeiros, mas intelectuais e técnicos, conseguem facilmente manipular a linguagem, as informações, a história e o próprio povo. Tudo é ressignificado constantemente para que a “Ordem e o Progresso” sejam mantidos, e, assim, Mandamentos sejam reescritos, a novilíngua seja instaurada e o pensamento mantenha-se confuso e restrito. Isto é, para que a massa por meio da linguagem, instrumento indispensável à liberdade, tenha a sua própria linguagem e, consequentemente, liberdade, controladas.

Em um mundo em que as realidades apresentadas estão cada vez mais presentes, torna-se indispensável fazer do instrumento de cerceamento, a chave da libertação, sendo um verdadeiro inimigo do Partido e dos Porcos (pleonasmo?), sendo um verdadeiro libertário, sendo corajoso para quebrar as regras da polícia do pensamento ou para lutar contra os cães de Napoleão e, acima de tudo, sendo “louco” o bastante para ser um “criminoso” de ideias, porque se há algo que pode quebrar a estrutura, esse algo está dentro de nós.

Quem cala como sente?

Quem cala como sente?

Há um famoso ditado que diz: “a palavra é prata, o silêncio é ouro.” E isso é uma grande verdade! O grande problema está na sabedoria de uso das palavras e na forma como nos silenciamos.

Acredito que a coerência com as palavras deveria ser nato do ser humano, mas, infelizmente, não é assim. Aprendemos o valor do silêncio e o uso adequado das palavras depois de muitos erros e conseqüências.

Em tempos de redes sociais e opiniões expostas, há palavras que jamais deveriam ser ditas e silêncios que jamais deveriam ser feitos. Porém, há uma grande diferença entre silenciar diante da própria dor e silenciar diante da dor do próximo. O silêncio diante de uma injustiça não é silêncio, é conivência. É compactuar com o opressor e acreditar que a sua segurança vale mais do que a justiça.

Em um episódio do seriado Dr.House (que em minha opinião não deveria ter chegado ao fim), o super sincero protagonista afirmou que “as pessoas são hipócritas, dizem que querem a verdade, mas vivem constantemente na mentira por terem medo de mostrar as suas reais vontades”.

E convenhamos, ele tinha toda a razão. Pessoas que ficam em cima do muro não merecem nenhum respeito. São egoístas e pensam em si como prioridade de vida. Pessoas verdadeiras são claras, confiáveis e justas. Falam o que pensam e aguentam firme as consequências,porque conhecem o motivo da sua posição e a justiça das suas palavras. Compartilho do mesmo pensamento de Rachel de Queiroz: “Gosto de palavras na cara. De frases que doem. De verdade ditas (benditas!). Sou prática em determinadas questões: ou você quer ou não.”

As palavras tem um poder imensurável. O silencio também. As palavras devem ser ditas com sabedoria e não por impulso. Não foram poucas as vezes que você disse “está tudo bem” enquanto sangrava por dentro, certo? E o motivo é comum a todos: não são todos os ouvidos que estão prontos para escutar nossa dor. Silenciar, às vezes, é necessário. Torna-se proteção, escudo, cura.

Mário Quintana acreditava tanto no poder das palavras que defendia o direito à verdade como poucos: “nunca diga te amo se não te interessa. Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem. Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração. Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por causa de ti. A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você quando você não pretende fazer o mesmo.”

Suas palavras devem refletir seus atos. Escolher as palavras certas, mostra equilíbrio entre o dizer e o fazer. Há momentos na vida que a palavra certa é um palavrão. Há momentos em que o português não está adequado à norma culta. E daí? Como diz Fernando Anitelli, “acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz…”

No fundo, no fundo, ela é uma boa pessoa! Será?!

No fundo, no fundo, ela é uma boa pessoa! Será?!

Gente casca grossa, muitas vezes têm em mãos uma espécie de aval para continuar a praticar suas performances “sem noção”. O aval, pasme, vem dos próprios atingidos pelo comportamento invasivo e destemperado do “casca grossa”, que, por alguma misteriosa razão, não reagem a tanta falta de bom-senso.

Mas… por quê? Por que será que a gente permite a certas pessoas usarem e abusarem de suas posturas abusivas? E por que será que essas certas pessoas se sentem tão à vontade para se desfazerem dos outros, desmerecendo esforços e tentativas para ajudá-los a serem pessoas menos insuportáveis.

O fato, é que tem gente que curte humilhar os outros. Tem gente que se acha acima do bem e do mal. Tem gente que acredita ser superior e intocável. Tem gente, inclusive, que acredita que todo o resto do mundo nasceu para admirá-lo, entendê-lo e – por que não? – serví-lo?

Essa gente possui uma comorbidade advinda de seu caráter arrogante e narcisista que se chama “síndrome do bom senso murcho”. Os sintomas da citada perturbação são variados, vão desde olhares de desprezo a ataques de autopromoção – com a direito a milhares de selfies nas redes sociais – passando por “pitis” e chiliques gerados por uma alguma crítica ou singela negação às suas necessidades de estrela.

A dura verdade é que, gente que “no fundo, no fundo é uma boa pessoa”, não é uma boa pessoa – ponto final. Gente assim, só encena ser alguém que vale alguma coisa, quando há interesses em jogo. Não se iluda em relação aos “casca grossa” – além da casca impenetrável, o interior é seco, árido e viscoso ao mesmo tempo. E caso você seja seduzido por esse joguinho de “morde e assopra”, vai acabar prisioneiro de uma relação nada saudável.

A boa notícia é que, além de ninguém merecer conviver com essa “mala sem alça”, ninguém é obrigado a sequer fingir que gosta dela, ainda que seja à distância. Essa gente sem noção tem cura, acredite. E a cura é um bom choque de realidade. Ofereça ao portador de “bom senso murcho” o seu melhor silêncio, saia de fininho, desapareça, delete. E fique tranquilo, gente assim não se sente sozinho, gente assim vive cercada de sua própria imagem e de seus egos inflados que crescem infinitamente para todos os lados.

Se quiser realmente conhecer uma pessoa, pare de julgá-la

Se quiser realmente conhecer uma pessoa, pare de julgá-la

Parece que, atualmente, a onda do politicamente correto vem tornando o julgamento sobre a vida alheia mais rígida e acirrada. Uma vez que expomos nossas ideias a um público mais vasto, dado o alcance das redes sociais, acabamos sendo alvo das mais variadas formas de julgamento, tanto por quem gosta de nós, como por quem não gosta, ou até mesmo por quem nem nos conhece.

Uma das coisas mais difíceis de se encontrarem hoje em dia é alguém com quem consigamos discutir qualquer assunto que seja de maneira tranquila, quando os pontos de vista não coincidem. Muitas pessoas confundem gritos e ofensas com opinião, misturando coerção com argumentação. Pouco se abrem, portanto, ao novo, ao diferente, cristalizando ideias que não conseguem sair do lugar.

Dessa forma, acabamos muitas vezes perdendo oportunidades de encontros com pessoas que nos somariam conhecimento, amizade e companheirismo. Julgamos os outros a partir do que menos lhes caracteriza, rotulando-os de acordo com o que nós mesmos possuímos, sem nos permitir enxergar além do que as aparências transmitem, que é, afinal, o que realmente importa.

E a gente cansa. Cansa de ser mal interpretado, de ter o que disse desvirtuado e jogado de encontro com nossa dignidade, de forma descontextualizada. Porque enjoa ter que ver os comentários violentos e ofensivos abaixo das nossas postagens, enjoa ter que deixar claro, a todo momento, que nossas opiniões não são regras e normas absolutas. É desagradável ficar medindo as palavras, por conta do temor de que gente raivosa nos ataque com destempero.

É tão simples. Não me pergunte se sou evangélico, católico ou espírita; observe minha fé. Não me questione sobre o que eu penso a respeito da diversidade de gênero, mas veja como eu trato meus semelhantes. Não critique minha opção política antes de saber como respeito a cidadania. Passe um dia comigo e então talvez esteja pronto para tirar conclusões minimamente coerentes. Somente ver não significa enxergar. Não julgue. Conviva, aproxime-se e observe. Não gostou, afaste-se, mas sem gritaria, porque ninguém merece…

Professor: uma espécie em extinção

Professor: uma espécie em extinção

Ser professor é ter uma estranha mania de acreditar que o impossível não existe!

Para ser professor é preciso nascer professor. Qualquer um é capaz de aprender inúmeras teorias, conceitos e estratégias. Mas não se aprende a ser professor. Não há neste mundo, e desconfio que em nenhum outro, curso de formação que dê conta de transformar uma pessoa comum em professor. Nasce-se com a alma pronta para ser professor. Trata-se de uma mistura estranha de coragem com doçura; de responsabilidade com leveza; de sabedoria com humildade; de curiosidade sem fim com capacidade de se entregar ao silêncio; de achar beleza no erro e entender que o acerto é absolutamente relativo; de acordar acreditando que é possível cooperar com a evolução de todos e de adormecer sonhando em como fazer isso.

Ser professor é pensar todos os dias na missão social diante deste seríssimo trabalho que se escolheu abraçar. É estar disposto a entender que as pessoas, em sua maioria, acostumam-se facilmente a TER, sabem muito pouco sobre SER e têm experiências distorcidas com o SENTIR. Ser professor é não permitir-se desvincular a missão de instruir, oferecer e nutrir almas com conhecimentos significativos para a vida, da missão política de ajudar a pensar sobre o mundo que nos cerca, dentro do qual estamos inseridos e pelo qual somos responsáveis.

Todos os dias passam pela vida de cada professor inúmeras vidas tão diversas e, justamente por isso, tão interessantes! Quanta responsabilidade! São as suas ações que vão influenciar as ações deles e, não as suas palavras. Mais do que vigiar o que faz, é preciso ser fiel ao que pensa e revela. Caso contrário esse professor será uma fraude absoluta e correrá o risco de não significar nada no processo de formação de seus alunos, ou pior, torná-los insensíveis ao que é verdadeiro ou ilusório.

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Professores e alunos formam um poema de estrofes entrelaçadas; cada sucesso merece a comemoração de todos e cada insucesso merece a reflexão daquele que assumiu a tarefa de educar, sua auto-avaliação, postura humilde e maior dedicação. As experiências vividas em conjunto tecem o futuro. O contato pleno entre alunos e professores garante que ninguém permanecerá hoje o que era ontem e certamente será amanhã uma nova pessoa. É isso a vida: desafios, transformação e possibilidades! Cada grupo de alunos seja formado por crianças; adolescentes ou adultos representa a essência da esperança numa vida diferente desta que temos hoje como modelo: falta de esperança no compromisso dos dirigentes; frustração diante da desvalorização do saber; banalização da violência. São tantos os motivos que podem fazer o mais idealista dos professores desistir.

Mas a essência daquele que já nasceu professor vê em cada um dos pares de olhos à sua frente um motivo a mais para levantar tão cedo, acreditar que a evolução do ser humano ainda é possível e reforçar o que eu há muito tempo já sabia: Nasce-se professor! Existe alguma força dentro de quem nasce assim que vive inquieta e nutrida de esperança! Há a consciência de que haverá sempre o que descobrir; retomar; reconstruir; comemorar! Afinal cada vida que se toca passa a ser parte da vida de quem a tocou. Aqueles que nasceram professores sentem no centro de suas almas que precisam tirar de si o substrato de vida mais puro e honesto para fazer pelo outro se não tudo, porque tudo pode soar como soberba, a parte que lhes cabe com a mais profunda reverência e o mais verdadeiro amor.

Entrevista ao pediatra Mário Cordeiro: “Os pais têm que deixar de ter tanto medo de tudo”

Entrevista ao pediatra Mário Cordeiro: “Os pais têm que deixar de ter tanto medo de tudo”

Por Catarina Fonseca

É um dos mais respeitados pediatras portugueses e afirma que, embora sejamos melhores pais agora, ainda há muito para melhorar. Aqui falamos de culpa, TPCs e stresse, mas também de fins de semana e da mudança.

Somos melhores pais agora?

Somos melhores pessoas, em geral. Tenho fé na humanidade. Acredito que a maioria das pessoas tem coisas muito boas para dar, e a evolução em relação ao bem-estar, aos direitos humanos, às desigualdades, tem evoluído muito. Não é preciso recuarmos séculos. Em 1900 a média de vida em Portugal era de 40 anos. Havia bolo nos dias de festa e no resto do tempo era pão seco.

Vivemos no terror de sermos maus pais, mas nunca se falou tanto em parentalidade nem as pessoas se preocuparam tanto com isso…

Sim, às vezes até demais… (risos) Andamos demasiado preocupados com a nossa ‘performance’ enquanto pais e pelo caminho perdemos espontaneidade, naturalidade e bom senso, que são qualidades muitíssimo importantes. A naturalidade significa não andarmos sempre a pensar no que estamos a fazer ou no que o médico manda.
Quando as pessoas me dizem ‘Eu sigo-o’ dá-me sempre vontade de dizer ‘Não faça isso, que eu não sou um pregador evangélico!’. A espontaneidade é deixar as coisas correr e não ter obrigação de sermos pais ou mães iguais todos os dias. O bom senso é aquilo que nos rege sem regras nem obrigações.

Por que é que temos tanto medo de sermos maus pais?

Porque somos inseguros e estamos sempre preocupados com aquilo que os outros acham de nós. E muitas vezes essa censura social não existe. Às vezes pensamos ‘os outros vão achar que…’ e os outros não acham nada. São mecanismos projetivos: pomos na cabeça dos outros o que se passa na nossa. Outra das razões é por que a ciência nos ensinou que o que nós somos hoje radica na infância. Dantes, antes dos 18 anos a criança andava às ordens dos outros e não havia a noção de uma criança triste ou deprimida. Se estava triste era porque não tinha nada que fazer. Hoje sabemos que as crianças têm emoções e sentimentos, e que o ser humano se constrói desde que nasce.
E nós temos medo de os estragar para sempre e que a culpa seja nossa…
Sim, sim. Às vezes isso para nós, portugueses, também é um sentimento de autoflagelação e culpa, são muitos anos de moral judaico-cristã.

Para que serve a culpa?

Serve para nos redimir de algumas ações. Se eu der uma bofetada ao meu filho e achar que fui injusto, pergunto-me se, de cada vez que olhar para ele, não vou sentir-me mal. A necessidade de reparação é muito importante. É fundamental, quando se é injusto, perceber por que é que exageramos. Nós ainda temos muito a ideia de poder para com as crianças. Como não podemos bater no chefe, ralhamos ao filho. Quando uma pessoa sente que foi injustiçada, arranja um bode expiatório. E não podendo bater no S. Pedro, no governo ou no chefe, mantemos uma raiva latente que nos faz ter de mandar em alguém. E esses poderzinhos são aplicados em quem é mais frágil e mais desprotegido.

Confundimos poder com autoridade?

E autoridade com autoritarismo. Numa família, há um triângulo pai-mãe-filho, em que o filho ocupa o vértice inferior. E qualquer inversão deste esquema dá asneira. Agora, o ter de haver esta hierarquia não quer dizer que a amizade e a compreensão não dominem. Mas há de facto uma autoridade, que não se baseia no autoritarismo. Pais e filhos devem ser educados, saber argumentar, saber escutar e chegar a um consenso. Mas se não se conseguir um consenso, quem tem a última palavra são os pais.

Dê-me um exemplo de um bom castigo e de um mau castigo…

Um bom castigo é justo, equilibrado, e visa o comportamento e não a pessoa. O mau castigo é o contrário disto: pretende valorizar o castigador em vez de ensinar o castigado, e acima de tudo humilha a pessoa em vez de corrigir o comportamento. Por isso é que eu insisto muito que, antes de um castigo, devemos sempre dizer à criança ‘Eu amo-te muito’. Porque assim lhe dizemos duas coisas: não está aqui em causa o meu amor por ti e faço isto porque te amo. Ou seja, temos de passar à criança que o amor por ela nunca está em causa, apesar de eu poder estar zangado naquela altura. Porque a criança é literal, acha que vai ser deitada fora, como acontece quando não queremos qualquer coisa. O castigo deve ser acima de tudo pedagógico. Deve explicar-se o que a criança fez mal, não descarregar a nossa fúria.

Como dantes se davam reguadas na escola, na esperança de que por milagre a criança de repente ‘se lembrasse’ do que não sabia…

(risos) Totalmente. É um exemplo de um castigo absurdo. Felizmente que isso já passou. Mas repare que o que se passa com as crianças passa-se com qualquer um de nós. Se o seu chefe lhe disser ‘Olhe, ó Catarina, neste seu artigo há aqui umas coisas que gostaria que abordasse com mais pormenor, veja lá se eu não tenho razão, você faz isso tão bem”, você vai-se embora toda motivada para emendar o artigo. Agora se eu lhe disser ‘Este seu texto está uma verdadeira porcaria, você acha que eu vou publicar essa porcaria?’, isso só vai gerar ressentimento.

Mas já estamos a educar melhor, não?

Sem dúvida. Houve uma mudança geracional muito grande e muitíssimo repentina, que apanhou a era da internet e a evolução da ciência. As mudanças de paradigma nestes 20 anos foram uma explosão brutal, e é normal que por vezes se ande um bocado confuso com tudo o que nos chega.

O que é que estamos a fazer mal e a fazer bem?

De bem, aprendemos a valorizar as crianças, a estimular a autonomia, o esforço, o rigor (isto quando os miúdos não são abebezados). O que se faz de mau corresponde a um grande paradoxo na nossa sociedade: por um lado, infantiliza-se muito as crianças, por outro, dá-se-lhes um estatuto de ‘crescido’ e de opinativo que não condiz. Mas o pior, para mim, é o stresse diário em que mergulhamos os nossos filhos.

As crianças estão a ter cada vez mais uma vida muito parecida com a nossa, não é? Chama-lhe ‘vida mais-do-mesmo’: levanta, vai à escola, volta, banho, tpcs, cama…

Há duas coisas terríveis: eles trabalham demais na escola e submetemo-los a deslocações enormes. Um estudo provou que se uma pessoa for a caminhar o cérebro vai registando e descodificando as imagens à sua volta. Mas se for à velocidade de um automóvel, as imagens passam tão depressa que fazem o mesmo efeito de uma lâmpada a piscar, e essas imagens são lixo que ocupa o cérebro. A criança quando chega à escola já vai cheia de informação que não é nada. Tudo o que tem na cabeça são vertigens sem sentido, e este ‘lixo informativo’ é altamente stressante e tóxico porque o cérebro tem de se esforçar para perceber onde é que o vai ‘arrumar’… É por isso que muitas crianças chegam estoiradas ao meio da manhã. E depois os pais queixam-se de que elas estão desatentas. Elas não estão desatentas. Elas estão entupidas de informação inútil.

Como se quebra o ciclo do cansaço?

Além de se tentar que as crianças durmam mais e melhor (já agora, repare que investimos balúrdios num carro e ninguém investe num bom colchão) temos de perceber que nós não podemos ter tudo. Estamos habituados a ter o mundo na ponta dos dedos, e o acesso à informação imediata dá-nos uma sensação de omnipotência, de que podemos saber tudo e dominar tudo e ter tudo. Mas não podemos. Portanto, há que fazer concessões e escolhas.

E o que é que podemos fazer?

Por exemplo, podemos organizar-nos num estilo de vida em que as crianças possam ir para a escola de transportes. A partir dos 11, 12 anos podem perfeitamente andar de transportes. Nós é que somos bombardeados todos os dias por medos absurdos. Claro que o ideal é irem a pé para escola. Uma cidade é para se observar, para fruir. Os meus filhos sempre foram a pé. Mas eu dizia-lhes: ‘Se alguma vez vos apanhar a atravessar fora da passadeira, acaba-se logo isto.’ Não há autonomia sem responsabilidade.

O que acha da quantidade de TPCs que muitas crianças levam para casa?

Acho um perfeito disparate. Aceito alguns trabalhos, mas esta história de mais do mesmo é um atestado de menoridade à escola, que não soube ensinar-lhes o que eles precisavam de saber durante o tempo de aulas. Os pais devem proteger as crianças, e se necessário escrever ao professor: ‘O Manel hoje não teve tempo de fazer os TPCs’.

Mas os pais têm medo de que as crianças fiquem para trás…

Ai mas têm de deixar de ter tanto medo de tudo. Temos de ter uma voz mais ativa na educação das crianças. E são esses medos, mais do que o desinteresse, que desapoiam a criança. Devíamos ter associações de pais mais participativas.

Fazia os TPCs com os seus filhos?

Não os fazia com eles, mas sempre estive disponível para fazer revisões ou para tirar dúvidas. Eles sempre andaram e andam numa escola pública, e só tinham trabalhos aos fins de semana, o que eu apoiava. O que eu fazia era revisões antes dos testes. Mas fazer os TPCs com eles, nem pensar. As crianças têm de ser responsáveis pelo que têm de fazer, e os pais têm de estar disponíveis para uma dúvida ou outra, ou por exemplo para ensinar a investigar no Google.

Muitas pessoas querem filhos-troféu?

Querem um filho como um processo narcísico. Em vez de ‘que lindo filho que eu tenho’, pensam ‘que lindo pai que eu sou, que tenho um filho tão lindo’ (risos). Há pessoas que planeiam um filho como parte das ‘coisas’ que querem: uma casa, uma carreira, um carro, um emprego, um filho. Ora isto são domínios completamente diferentes em termos de realização. Um filho não é um bem, como um frigorífico, um filho dá trabalho, e as pessoas têm de se capacitar disso. Temos é de arranjar um equilíbrio entre as ‘peças’ do puzzle da nossa vida. Tanto é mau aquelas pessoas que acham que podem continuar a fazer tudo o que faziam quando não tinham um bebé, como as que se me vêm queixar: ‘Nunca mais fui ao cinema desde que o João nasceu.’ Isso é ser um bom pai ou mãe? Não, não é.

E depois o casamento ressente-se?

Claro. Porque deixamos de ser o Zé e a Maria e passamos a ser o pai e a mãe do João. E a relação conjugal não é a relação parental. Na relação conjugal, os filhos não devem entrar. Mas quando o INE nos diz que mais de metade das mães só terão um filho, as mães agarram-se àquele ser e infantilizam-no para lá do natural.

Por que é que gostamos tanto de manter os filhos bebés?

Porque as mães são o pólo regressivo e os pais o pólo de crescimento. Quando trabalhamos, por exemplo, estamos numa postura de crescimento. Em casa, estamos em ‘regressão’, relaxamos. As mães representam a segurança e proteção, os pais, o desenvolvimento e a progressão, o que não significa que muitas vezes as mães não façam de pais e vice-versa. Por isso, quando um filho cresce, dirige-se para o pai. E a mãe sente isso como uma traição. ‘Olha aquele agora só quer o pai’. Antigamente, quando a criança se dirigia para o pai, a mãe já tinha outro bebé na barriga. Hoje, isso deixa um grande vazio na mãe. E num país com uma das mais baixas taxa de natalidade do mundo, isto é dramático.

E depois culpabilizamo-nos por passarmos pouco tempo com eles…

E comparamo-nos com uma utopia que nunca existiu. Dizemos que as nossas mães passavam mais tempo em casa, mas as portuguesas sempre trabalharam imenso. Elas trabalhavam, tinham vida social, tinham hobbies, só que era tudo feito de modo contínuo. Um bocadinho com os filhos, depois apanhar couves, depois ir à loja, eram ‘bocadinhos’, o que dava uma sensação de continuidade. Não se vivia em ‘blocos’ de 8 horas. Mas a vida mudou radicalmente em pouquíssimo tempo. Tudo estava próximo, mesmo dentro das cidades a vida organizava-se em ‘aldeias’. Hoje isso perdeu-se.

O que podemos fazer?

Aproveitar as férias e os fins de semana para sair do esquema quotidiano, por exemplo. Deixar esse exibicionismo dos automóveis e das roupas e preocuparmo-nos mais com o que é verdadeiramente importante, porque não é isso que nos faz felizes. Mesmo as crianças já valorizam muito as coisas não pelo seu valor em si, mas pelo que custaram. Isto é espantoso! É mesmo isto que queremos passar-lhes? A cultura das marcas? Podíamos conversar mais com eles, discutir ideias e valores, coisa que não estão nada habituados a fazer.

Eles hoje é mais ecrãs?

Eles e nós. A ideia da tecnologia é poupar-nos esforços e libertar-nos. Mas não nos devia libertar para mais do mesmo! Devíamos usar esse tempo que ganhámos para qualquer coisa mais humana, ir passear, conversar, ir a uma esplanada, estar olhos nos olhos. Ou seja, devíamos pensar de vez em quando no que é que queremos da vida e no que pretendemos dos próximos anos. E o que é que podemos fazer para lá chegar. De certeza que haverá uma ou mais coisas que podemos mudar. E ter essa coragem de mudar. Temos muito medo da mudança. Às vezes vejo pais aflitíssimos porque a Rita vai mudar de escola e vai ter professores novos e colegas novos e ai ai ai. Mas qual é o problema? Mudar é saudável, cria-nos aptidões novas. Traz pessoas novas às nossas vidas, em vez de passarmos anos a fio no mesmo sítio, todos iguais uns aos outros e a debitar as mesmas banalidades. Isto é um desperdício da condição humana.

Fonte: ACTIVA

Baixa a bola que eu não sou qualquer uma!

Baixa a bola que eu não sou qualquer uma!

Olá, muito prazer. Eu sou, muito provavelmente, aquela que poderia ser a mulher da tua vida. Aquela que está exatamente do teu lado agora, mas que você é covarde ou tapado demais para convidar para sair.

Não sou de chorar pelo leite derramado, prefiro conseguir uma nova caixa ou, quem sabe, até uma vaca novinha em folha. Sim, sou toda cheia de si, como dizem por aí, e porque é que deveria ser diferente? Se for só para agradar aos outros, prefiro nem sair de casa.

Foi-se o tempo em que eu brigava por coisas banais e hoje só me interessa o que me faz melhor. Você pode me conduzir numa dança ou no carro, mas da minha vida só eu tomo o volante, combinado? Sou meiga, tenho sorriso largo e jeito zen, mas se pisar no meu calo, amigo, a coisa fica feia.

Faço café, levo na cama, dou carinho e tudo mais. Isso só quando eu quiser, não por alguma falsa obrigação que a vida de casal exige. Ah, também gosto de massagem nos pés, de beijo na nuca e de cerveja. Às vezes o meu coração é de manteiga, mas posso ser uma geleira quando preciso.

Se você aprontou, não deu valor e perdeu, lamento informar mas é esse o ciclo natural da vida. Eu escolho o que quero e, mais importante que isso, escolho o que eu não quero.
Eu posso até acreditar em amor verdadeiro, mas não em príncipe encantado. Não sou mulher de joguinhos, não tenho tempo a perder e muito menos paciência. Quer brincar? A gente brinca, mas esteja pronto para perder.

Quem me conhece sabe, não sou de meias palavras e também não gosto que sejam assim comigo. Quer mandar-me ir à merda? Manda, bota para fora, só não me venha com meias palavras, caso contrário eu é que te vou mandar para aquele lugar.

Não precisas ter medo, não. Não sou um bicho. Mas também não sou uma qualquer, não sou uma dessas com as quais está habituado. Por isso baixa a bola.

Dever de casa prejudica crianças pequenas

Dever de casa prejudica crianças pequenas
Girl With a Rag Doll

Da Redação do Blog Tudo Sobre Minha Mãe

“Não há nenhuma evidência de que o dever de casa melhora o desempenho acadêmico de crianças na escola primária.” Essa declaração foi feita pelo pesquisador americano Harris Cooper, da Duke University, no Estado americano da Carolina do Norte. Cooper é um especialista neste campo de pesquisa e escreveu o livro “The Battle Over Homework: Common Ground for Administrators, Teachers, and Parents . Ele é categórico quando afirma que todo tempo que os pequenos deixam de brincar e todo nosso esforço em fazer com que eles façam seus deveres depois da escola é em vão. E agora? Será que é assim mesmo? Ter tarefas para fazer em casa é uma pratica tão difundida que a maioria de nós nem se questiona se isso traz realmente benefícios ou não.

Bem, pois aqui vão os fatos, em versão resumida: dever de casa, tem sim seus benefícios, mas isso está diretamente ligado a idade das crianças.

Pesquisas sugerem que para alunos de escola primária, o trabalho em sala de aula é muito mais eficiente do que aquele depois das aulas. O dever de casa não faz com que as crianças aprendam mais: é apenas mais trabalho. Até para alunos um pouco maiores, a relação entre dever de casa e desempenho acadêmico não é das melhores. No ensino médio, o dever de casa pode sim melhorar o desempenho acadêmico, mas deve ser feito com moderação. Duas horas por noite é o limite, acima disso o trabalho de casa começa a ser contra-produtivo, garantem os especialistas.

E antes de continuarmos, que pesquisas são essas? São resultados realmente confiáveis? Bom, parecem que sim. Não se trata de um estudo isolado sobre o tema, mas sim de vários.  Harris Cooper compilou 120 estudos em 1989, e outros 60 estudos em 2006. A análise abrangente de todos os resultados sugere que não apenas o dever de casa para alunos da ensino primário é ineficiente, como pode até causar uma atitude negativa das crianças em relação a escola.

E é exatamente essa a pior notícia dessa história. O dever de casa está sim impactando as crianças pequenas, mas muito mais de forma negativa do que positiva. Uma criança que está apenas começando seu caminho acadêmico deveria ter a chance de poder desenvolver curiosidade e paixão genuína pelo aprendizado, em vez de desde muito pequeno se confrontar com imposições que lhe roube tempo livre.  Além disso, quando aplicado prematuramente, o dever de casa também é uma fonte de conflito entre pais e filhos. À noite, em um momento que as famílias deveria relaxar a aproveitar a companhia um do outro, o que se vê em muitas famílias é a seguinte cena: pais cansados cobrando de crianças também cansadas – “Já fez o dever de casa?”  E o que se vê é uma criança desmotivada debruçada em cima de um livro.

Os defensores das tarefas de casa argumentam que além de ensinar responsabilidade, os deveres reforçam o que foi aprendido na sala de aula e criam um link entre a escola e casa. Mas existem muitas outras maneiras de ensinar responsabilidade para as crianças, cuidar do cachorrinho ou ajudar com alguma tarefa doméstica, por exemplo.  Pais interessados em se conectar com a escola, podem simplesmente abrir os cadernos dos seus filhos e conversar com eles sobre o que eles estão aprendendo na escola, sem terem que necessariamente cumprir tarefas obrigatórias. Reforçar o que se aprendeu é um aspecto importante no ensino, mas não é o único. Dormir bem,  ter boas relações familiares e ter bastante tempo para brincar são exemplos de fatores que contribuem para um bom desempenho acadêmico.

Ler, por exemplo, funciona muito melhor do que dever de casa para apoiar o aprendizado de crianças pequenas. Tanto a criança ler para os pais, como os pais lerem para as crianças. O importante é que as atividades, que reforçam o que se aprende na sala de aula, sejam prazeirosas, feitas com amor e despertando curiosidade em aprender. Afinal essa é uma longa caminhada. E ninguém quer queimar na largada, né?

Este texto é uma adaptação livre do texto “Homework is wrecking our kids: The research is clear, let’s ban elementary homework”. Clique aqui para ler o artigo original em inglês no site salon.com

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