10 Filmes indispensáveis para entender o mundo contemporâneo

10 Filmes indispensáveis para entender o mundo contemporâneo

O cinema, como qualquer arte, é capaz de nos fazer imergir em questões que passam despercebidas na vida cotidiana. Dessa forma, muitos filmes trazem à tona problemáticas sociais, as quais, embora imprescindíveis de discussão, acabam sendo deixadas de lado por ignorância e/ou preguiça. Esta lista conta com filmes que nos remetem a problemas da nossa sociedade e, portanto, indispensáveis para quem quer entender a confusão do mundo contemporâneo.

TAXI DRIVER (1976)

Taxi Driver, talvez a maior obra-prima do gênio Martin Scorsese, nos apresenta TravisBickle (em uma atuação espetacular de Robert De Niro) um jovem que aparentemente serviu no Vietnã e não consegue se enquadrar na sociedade. Sofrendo de insônia, ele decide arrumar um emprego de motorista de táxi, a fim de que possa, ao menos, lidar de maneira menos desgastante com o seu problema. O filme proporciona uma abordagem pós-moderna acerca da solidão e da degradação da vida na sociedade contemporânea, apresentando problemas como a depressão, a paranoia, a insônia, a exclusão social, o preconceito e a fragilidade existencial. Fazendo um mergulho profundo na degradação da mente de um homem perturbado com o mundo, o que é acentuado pela trilha sonora de Bernard Herrmann, Taxi Driver é um filme imprescindível para se analisar a vida urbana pós-moderna, o que pode ser complementado por uma boa leitura de Bauman.

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TRAINSPOTTING (1996)

Baseado na obra homônima do escritor escocês Irvine Welsh, o filme aborda de maneira inteligente e bem-humorada uma das questões mais importantes da filosofia e da sociedade contemporânea, qual seja, o vazio existencial e o mal-estar que este provoca. Essa discussão é transmitida por meio da vida de jovens que vivem no subúrbio de Edimburgo, na Escócia. Esses jovens vivem vidas banais em que a única preocupação que possuem é se drogar, sobretudo, com heroína. Desse modo, eles procuram se anestesiar diante da angústia que viver traz. Buscam através do gozo permitido pelo uso perene das drogas dar sentido às suas existências, ainda que não haja uma resposta propriamente dita. Com um roteiro muito inteligente e uma direção inventiva que vai do trágico ao cômico, passando muito bem as emoções das situações e dos personagens, o longa de Danny Boyle traz reflexões importantes à luz da sociologia, fazendo críticas ao consumismo, à ditadura da felicidade e à alienação medicamentosa.

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O SHOW DE TRUMAN (1998)

Dialogando com os pensamentos filosóficos de Michel de Certeau, Guy Debord e Jean Baudrillard, o filme de Peter Weir apresenta e crítica a sociedade do espetáculo que nos configura atualmente. Por meio da trama Weir demonstra a forma como a mídia tenta nos controlar e padronizar, a fim de que sejamos apenas reprodutores da realidade construída por eles. A obra cinematográfica expõe com brilhantismo o conceito de hiper-realidade de Baudrillard (tendo, inclusive, agradado mais ao filósofo do que Matrix) e a sociedade do espetáculo de Debord, em que as pessoas não passam de meras representações, em geral, seguindo os ditames da mídia. É um filme imprescindível para entender a sociedade vigiada que vivemos, além de contar com uma ótima atuação de Jim Carrey.

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A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA (1998)

A cegueira através do ódio é transmitida na obra do diretor Tony Kaye. A trama gira em torno da vida dos irmãos Derek (Edward Norton) e Danny (Edward Furlong) que influenciados pelas ideias racistas do pai se envolvem com uma gangue de skinheads após a morte deste. Construído por meio de flashbacks não lineares, o filme nos mostra como ideias podem ganhar vida e a consequência de dar vazão a ideias destrutivas marcadas pelo ódio. Com ótimas atuações, sobretudo de Norton, é um filme imprescindível para avaliarmos a sociedade contemporânea e as formas de preconceito velado que se escondem nela, as quais vêm à tona, sobretudo, em momentos de crise.

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MATRIX (1999)

Criado pelas irmãs Wachowski, o filme cheio de efeitos especiais, revolucionou o cinema na virada dos anos 2000. A trama gira em torno de Thomas Anderson (Keanu Reeves), um programador de computadores solitário que vive atormentado por constantes pesadelos, nos quais se encontra conectado por cabos a uma imensa rede de computadores contra a sua vontade. Com a ciclicidade dos seus pesadelos, Anderson começa a duvidar da sua realidade, até que encontra Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss), tomando conhecimento de que vive na Matrix, uma realidade construída pelo sistema de computadores que domina o mundo e de que é Neo, o messias capaz de salvá-los do domínio da Matrix. Bebendo de fontes filosóficas como Platão e Jean Baudrillard, o filme das Wachowski questiona o estado de dominação em que vivemos e como estamos submetidos a realidades construídas pela perspectiva do status quo, sobretudo, em relação aos valores que atribuímos por meio da publicidade e do consumo. É uma obra que requer atenção e vai muito além das cenas de ação, proporcionando reflexões pontuais sob o estado de dominação e condicionamento que nos encontramos.

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BELEZA AMERICANA (1999)

O filme de Sam Mendes derruba todas as cortinas e escancara a realidade da classe média americana, demonstrando a vida de aparências que levam. Através da vida de Lester Burnham (Kevin Spacey), um homem de meia idade frustrado e infeliz, conhecemos a realidade de uma sociedade que esconde a infelicidade de vidas vazias atrás de máscaras de felicidade e sucesso. A obra demonstra a decadência de uma sociedade (não apenas a americana) que não valoriza o real e busca se organizar a partir do status, agarrando-se aos padrões sem qualquer senso crítico. É um filme denso e profundo, com ótimas atuações, sobretudo, de Spacey e Annette Bening que vive a esposa de Lester, Carolyn Burnham, o qual traz à tona a prisão de aparências que vivemos.

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CLUBE DA LUTA (1999)

Crítica ácida ao hedonismo da sociedade de consumo, o filme do talentoso e surpreendente David Fincher, através de uma trama bem construída demonstra a vida mesquinha, fútil e vazia determinada pela sociedade de consumo, a maneira como nós voluntariamente a aceitamos e as consequências que essa prisão produz na vida de um indivíduo (Edward Norton), que de tão despersonalizado e robotizado, sequer tem um nome. Além desses fatores, que por si só seriam suficientes para um grande filme, a obra traz grandes atuações (talvez a melhor de Pitt) e um dos finais mais surpreendentes do cinema.

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FILHOS DAS ESPERANÇA (2006)

O futuro distópico criado pelo diretor mexicano Alfonso Cuarón é apontado por muitos como a melhor ficção científica do século XXI. A obra é adaptada do livro da escritora britânica P.D. James e se passa no ano 2027 em um mundo marcado por poluição, super urbanização, terrorismo, guerras civis, isto é, extremo caos. Além disso, há 18 anos as mulheres inexplicavelmente se tornaram inférteis, aumentando o medo e a falta de perspectiva. Diante do caos instalado, o único governo que se mantém de pé é o britânico, que governa de forma autoritária, sobretudo, em relação aos estrangeiros que fogem dos seus locais de origem e tentam entrar no país. Com esse contexto, o filme aproxima-se muito da realidade, principalmente, no que tange à crise dos refugiados que atravessamos, mostrando de forma crua e dura essa realidade. No meio desse turbilhão, encontramos Theo, um burocrata sem qualquer fé na humanidade que, após ser contactado por Julian (Julianne Moore), líder de um movimento contrário ao governo, tem a missão de proteger uma mulher “fúgi” (refugiada) grávida, levando-a para um local seguro onde possa ter seu bebê sem a interferência de entidades que possam se aproveitar da situação. Com ótimas atuações, um roteiro muito bem construído e uma fotografia (EmannuelLubezki) que reforça o estado caótico daquela sociedade, Filhos da Esperança é um filme triste, mas ao mesmo tempo assustadoramente profético e, portanto, imperdível.

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EXPRESSO DO AMANHÃ (2013)

Baseado em uma HQ francesa, o filme do diretor sul-coreano BongJoon-Ho, se passa em um futuro não tão distante em que, após uma tentativa malsucedida de impedir o aquecimento global, o mundo é tomado por uma nova era do gelo. Os únicos sobreviventes desse novo ambiente estão a bordo de um grande trem em movimento. Essa nova sociedade é marcada por uma forte estratificação social, em que os pobres ficam na parte de trás vivendo em condições sub-humanas, e os mais ricos se localizam no resto do trem vivendo de modo confortável. Cansado dessa situação, Curtis (Chris Evans) decide liderar uma revolução que pretende derrubar a ordem estabelecida, no entanto, terão que enfrentar todo o poder de fogo de que dispõe a elite do trem. Trabalhando temáticas como a luta de classes (o motor da história), desigualdade social, exploração das classes dominantes, autoritarismo e discussões sobre a aplicação do positivismo na manutenção do status quo, Expresso do Amanhã é um filme que demonstra a crueldade e o egoísmo do ser humano. O roteiro bem elaborado garante uma trama bem desenvolvida e reflexões sociais que não devem passar despercebidas.

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ELA (2013)

O filme se passa em um futuro próximo na cidade de Los Angeles e acompanha a vida de Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um indivíduo meio tímido e emotivo que trabalha escrevendo cartas pessoais para outras pessoas. Se sentido solitário após o seu divórcio, Theodore passa a desenvolver uma relação com Samantha (Scarlett Johansson), um sistema operacional. O longa do talentoso Spike Jonze trabalha de forma profunda as relações humanas contemporâneas em um prisma que se aproxima muito da ideia de “Amor Líquido” de Bauman, em que se busca apenas o prazer por meio de relações superficiais, sem os problemas que qualquer relacionamento com mais profundidade produz. Com uma bela fotografia e uma grande atuação de Phoenix, Ela é um filme imprescindível para analisar as relações líquidas e as ilhas afetivas que nos formam contemporaneamente.

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Sejamos francos. Se ninguém se interessa por você é porque você não é interessante mesmo.

Sejamos francos. Se ninguém se interessa por você é porque você não é interessante mesmo.

Tem coisas que a gente precisa ouvir sem filtro, na lata. Com todo o jeito, claro, porque grosseria é atributo dos idiotas e ninguém precisa ser idiota para dizer o que pensa. Mas com a maior franqueza a gente devia ouvir de vez em quando: “olhe aqui, criatura, se o mundo não se interessa por você, a culpa quase sempre não é do mundo. É sua mesmo. Assuma: você não é alguém interessante!”.

Tudo seria muito mais simples. Porque acontece, ué! Acontece de toda pessoa em algum momento se tornar desinteressante para as outras. Do mesmo jeito que você pode estar nem aí com o mundo, o mundo também pode ver em você nada além de um inútil zero à esquerda. E tudo bem!

É assim que é. Eu, você e todo mundo seremos desinteressantes, enfadonhos e insuportáveis para alguém em algum momento. Estejamos atentos, vigilantes, autocríticos e sejamos honestos. Quando acontecer, o jeito é assumir e tirar o time de campo. Sumir, desaparecer, escafeder-se. E ter tempo para pensar no assunto. Mentir, suavizar, dourar a pílula, nada disso adianta. É preciso encarar um fato muito simples: nós deixamos de ser interessantes.

Nessa hora acontece de tudo. Tem gente que senta e chora, gente que se revolta e fica ainda mais chata, gente que adoece. E tem gente que pensa no assunto como gente grande: afinal, a quem eu desejo interessar e por que não consigo?

Pode ser que a resposta seja mais simples ainda: aquele por quem você se interessa tem outros interesses e você não está entre eles. Aí você segue em frente e esquece essa coisa toda. Pronto!

Agora, pior do que ser desinteressante para o outro é não ter interesse por si mesmo. Aí é o fim. Qual foi a última vez que você se interessou por alguma coisa de sua própria responsabilidade? Qualquer coisa. No corpo, na alma, na vida profissional. Quando foi que decidiu: “eu preciso melhorar isso aqui e vai ser agora”? Foi hoje, ontem, anteontem ou já nem sem lembra?

Se faz tempo ou você já nem se lembra, talvez esteja aí uma pista importante. Quase sempre nos tornamos desinteressantes para o outro quando deixamos de interessar a nós mesmos.

Dia desses alguém me disse choramingando: “ninguém se interessa por mim. Acho que o problema sou eu”.

E eu respondi: “também acho”.

Resumindo, a pessoa não fala mais comigo. Sumiu sem me dar tempo de justificar o meu sincericídio: o afeto que a gente tem por uma pessoa devia ser proporcional à nossa liberdade de dizer a ela o que pensa. Se ninguém se interessa por você é porque você se interessa muito menos por si mesmo.

Acho que perdi o amigo. Para ele, não foi interessante ouvir o que eu tinha a dizer. Não quis saber do resto, que o interesse é uma coisa que vai e volta, aumenta e diminui de acordo com outras instâncias, incluindo o nosso empenho pessoal, que um sujeito desinteressante hoje pode ser interessantíssimo amanhã, que alguém irrelevante para mim pode ser incrível para o outro e essas coisas. Ele nem quis saber. Mas tudo bem. Isso também já não me interessa.

Ano novo. Vida nova! 3 passos para um novo amor!

Ano novo. Vida nova! 3 passos para um novo amor!

Ainda que o primeiro dia de um novo ano seja, na prática, apenas mais um dia como qualquer outro de qualquer ano, ele carrega uma magia. É a magia do recomeço. Um novo ciclo. Uma nova chance.

É quase como se pudéssemos abrir mão de tudo o que já não queremos para ganhar espaço, fôlego e disponibilidade para tudo aquilo que queremos muito! Uma nova energia, desejo renovado, esperança redobrada.

E quando se trata de amor, um novo ano sugere novos comportamentos, novas escolhas. Uma postura mais segura, encontros mais criativos e relacionamentos que, enfim, façam sentido e sejam coerentes com o que você realmente deseja viver e com quem você realmente é!

Mas como? Do nada? Não! Isso tem que partir de algumas medidas simples, mas altamente eficientes que você pode tomar para fazer do seu novo ano uma porta que se abre. E ao se permitir passar por esta porta, você visualizará um mapa. O mapa do seu destino. Siga os 3 passos para compreender seu mapa:

1- Escreva já os seus planos, detalhadamente. Conte como é o relacionamento que você deseja viver, seja com uma nova pessoa, seja com essa pessoa com quem você já está. Seja generoso consigo mesmo. Fale de como você se comporta positivamente e de como o outro responde, criando uma conexão criativa com você. Use as palavras que fazem sentido para você. Ouse, permita-se, vá além de tudo o que já viveu. Busque para si, apenas o melhor.

2- Faça a sua promessa! Em geral, quando você quer muito que algo aconteça, você se predispõe a mudar, fazer diferente. Você sabe o que precisa melhorar em si mesmo. Sabe onde está deixando a desejar. O que é? Mais paciência? Mais presença? Mais entrega, menos cobranças? Investir na sua segurança e autoestima? Investir no seu próprio bem-estar? Focar em outras áreas para que a o amor seja uma agradável consequência e não esse desespero que tem sido?

3- Crie uma aliança com o Universo. Chame de Deus, Anjo da Guarda, Mestre Interior, Natureza, Destino, Coincidência ou qualquer outro nome. Mas entre em sintonia com uma força maior que você. Com uma dimensão onde aquilo que você não consegue ver, nem medir ou entender está o tempo todo acontecendo. E faça o seu pedido. Deixe claro o que você quer. Conte que está disposto a fazer a sua parte, conforme o que escreveu e prometeu nos passos anteriores. E declare que confia na congruência entre o que você fará e o que Universo fará. Confie e faça a sua parte!

E assim, lançando mão de suas crenças mais edificantes e dos seus recursos mais nobres, desenhe a sua profecia. Porque é muito provável que você venha dando mais atenção e crédito ao que ouve de outras pessoas do que aos seus mais genuínos e intensos desejos. E não há nada mais poderoso do que uma nova chance para se reinventar e ficar pronto para um novo amor.

Os opostos só se atraem na física. Na vida real a história é bem diferente…

Os opostos só se atraem na física.  Na vida real a história é bem diferente…

Imagem: Google, Creative Commons

Não se iluda, a terceira Lei de Newton não tem validade sobre os relacionamentos. Se na física os opostos se atraem, na vida real as coisas são bem diferentes: calmaria não combina com tempestade; campo não combina com cidade; silêncio não combina com barulho e fanatismo não combina com ninguém.

Imagino que, ao ler esse texto, há quem esteja esbravejando e dizendo “o amor supera tudo” e que meus argumentos são fracos. Mas, primeiro, tente conviver com alguém diferente de você por um ano, depois conversaremos.

A vida não é a música “Eduardo e Mônica” do Renato Russo (desculpem a sinceridade). O diferente atrai, encanta, seduz, mas não aguenta o tranco da rotina. Ter uma pessoa diferente ao nosso lado ensina um monte de coisas bacanas e até ajuda na relação, mas isso a curto prazo. O encanto pelo diferente acaba na primeira discussão de divergências.

Vamos aos fatos: você gosta de ler, ele odeia. Você gosta de conversar sobre tudo, ele gosta do silêncio. Você ama balada e ele, se pudesse, hibernaria. Sinceramente, qual a probabilidade desse relacionamento dar certo?

Todos nós temos o desejo de viver um grande amor. Temos curiosidade de explorar o desconhecido e viver uma história nada convencional, mas isso é uma aventura amorosa, não uma meta de relacionamento.

Ter pequenas divergências é comum, até porque, ninguém é igual a ninguém: ela torce para o Corinthians, você para o Palmeiras. Ela curte rock, você pagode. Ela ama desenhos, você seriados. Até aí, pequenos ajustes na rotina são aceitáveis. O problema está em conviver com uma pessoa totalmente diferente de você. Acredite, é possível conviver com as diferenças, mas é impossível aceitar as incompatibilidades. Como diz Fernando Anitelli: “Os opostos se distraem…Os dispostos se atraem…”.

Relacionamento não é uma luta de UFC, onde vence quem tem mais força. Relacionamento quando não é leve, quando não trouxer paz e não acrescentar sentimento não vale a pena. Lidar com grandes diferenças torna o dia a dia uma batalha constante e o parceiro deixa de ser um porto seguro para se tornar o principal inimigo.

Carpinejar tem uma frase que define bem o comportamento de quem se aventura no “relacionamento da oposição”: “Os opostos se atraem, mas não conseguem permanecer juntos (os parecidos se repelem e ficam juntos). O que se mostrava maravilhoso e definitivo, a sedução da diferença, a atração de um continente desconhecido são substituídos pela tentativa de moldar o outro aos seus gostos.

Contos de fadas, ficção científica e diferenças nos relacionamentos só servem para roteiros de filmes. Na vida real, meu caro, a história é bem diferente.

Por um mundo com menos “estou com saudades” e mais “estou indo te buscar”

Por um mundo com menos “estou com saudades” e mais “estou indo te buscar”

Imagem de capa: Google, copyright-free, Creative Commons License

Atitude é tudo. Decore isso. Anote na geladeira, na parede, na testa, mas não esqueça! É possível esquecer as palavras, mas você jamais esquecerá a forma como as pessoas te fizeram sentir.

Sou suspeita dizer, porque amo palavras. Fiz Letras, escrevo todos os dias e leio como quem toma café, mas confesso que entre dizer que sente falta e ir se fazer presente, há uma grande diferença.

As palavras quando bem escolhidas encantam, envolvem, mas não trazem compromisso. Palavras, como diz o poeta, o vento leva. Atitudes não. Atitudes provam, consertam, destroem, unem e separam as pessoas. São, ao mesmo tempo, dor e cura e nada, nem o tempo, pode apagá-las.

Não adianta dizer que ama e não apresentar para família. Não adianta sentir saudades e não mover um passo em direção da pessoa. Não adianta querer casar e não se programar para isso. Atitudes mudam histórias, palavras não.

Sabe aquela história de “quem quer dar um jeito e faz acontecer”? Então , quando o assunto é relacionamento, é verdade. Para quem, realmente, se importa a distância é um pequeno detalhe, o Everest é apenas um morrinho e os alagamentos da cidade servem para colocar a natação em dia.

Quem quer não adia encontro. Aparece sem avisar, coloca o nome na prioridade da agenda. Quem quer não deixa ir, não dá valor depois que perde e valoriza os momentos. Quem ama não diz “não estou pronto”, “marcamos qualquer dia” ou “se for para ser, será”.

Quem ama faz o dia virar noite, o acaso virar objetivo e os dias da semana virarem sábados. Quem quer não se importa com passado, com traumas e medos. Recomeça do zero e tenta tudo de novo.

Vivemos uma época em que a exposição dos relacionamentos conta mais do que o sentimento. Nunca se sentiu tanta necessidade de expor o amor vivido. Fotos, hashtags e declarações criativas criam a ilusão do amor perfeito, mas não comprovam isso com atitudes.

A verdade é que pouco importa se você viajou, se tem tirado mais fotos que uma modelo de capa da VOGUE ou tem um relacionamento digno de Shakespeare. O que importa é quantas vezes você demonstrou isso ao seu parceiro. Quantas planos já fizeram e quantos finais de semana vocês passaram juntos.

O resto são superficialidades que a sociedade prega para justificar a futilidade em que vivem.

Amar não precisa de flahs, de textões e de exposições. Amor precisa de atitudes de gente disposta a fazer dar certo e só. Pouco importam as palavras se as atitudes não as acompanham.

Às vezes, é preciso coragem para falar; outras vezes, é preciso coragem para não dizer nada

Às vezes, é preciso coragem para falar; outras vezes, é preciso coragem para não dizer nada

Tanto as palavras bem colocadas quanto o silêncio na hora certa são igualmente essenciais em nossa jornada. Cabe a nós fazer o uso inteligente de um e de outro.

Talvez uma das melhores formas de nos protegermos seja o silêncio. Se bem que, em determinadas ocasiões, precisamos nos expressar para que sobrevivamos, para que não nos engulam. Ou seja, tanto as palavras bem colocadas quanto o silêncio na hora certa são igualmente essenciais em nossa jornada. Cabe a nós fazer o uso inteligente de um e de outro.

É preciso silenciar quando nos encontramos diante de alguém que não ouve, não recebe, não quer aprender; alguém que apenas expõe o que pensa de forma agressiva e com a empáfia característica daqueles que se acham donos da verdade. Pessoas que se expressam como se fossem a única fonte de saberes e de verdades desse mundo jamais conseguirão se abrir ao que o outro tem a oferecer.

É necessário falar quando nos sentimos ofendidos, quando não podemos mais conter o que desagrada, quando o outro ultrapassou os limites viáveis de uma convivência minimamente respeitosa, passando por cima de nossa dignidade. Caso não nos coloquemos no momento certo, algumas pessoas nos atropelarão com sua arrogância, seu egoísmo, suas vaidades. Além disso, engolir tudo aqui dentro nos adoece o corpo e a alma.

O silêncio nos protege de pessoas maldosas, de situações embaraçosas, de nós mesmos. Muitas vezes, aquilo que falarmos não acrescentará nada, não chegará até ninguém, não trará nada de bom, tampouco solucionará qualquer problema que esteja ocorrendo. Da mesma forma, nosso silêncio pode confortar quem esteja precisando apenas de nossa presença ali bem junto, pois calar-se junto a quem sofre traz consolo e acolhimento, entendimento do sofrimento alheio.

Por sua vez, as palavras bem ditas são realmente benditas, pois, proferidas na hora certa, protegerão nossa integridade, resguardarão nossa essência, farão bem à nossa saúde. Teremos que falar o que queremos ou não, o que aceitamos ou não, o quanto estamos tristes ou felizes, a quem precisar de nossos limites, de nossa ajuda, de nossa gratidão. Carregar contenção exagerada nos deixa solitários e tristes. Falar com quem nos entende cura e ilumina.

Tudo, na vida, requer equilíbrio, sobriedade e lucidez, pois os excessos acabam transbordando para o lado errado e não ajudando em nada. Falar nos momentos apropriados, junto a quem sabe e merece ouvir, e calar quando de nada servirá qualquer palavra que dissermos, será um dos maiores bens que poderemos fazer a nós mesmos e a quem caminha conosco. Porque poucos merecem o que temos a dizer, enquanto muitos merecem o nosso silêncio. É isso.

Um carro não precisa ser apenas um carro

Um carro não precisa ser apenas um carro

O Brasil é o quarto país no mundo em número de estradas e rodovias e o quinto maior mercado da indústria de automóvel mundial. Com números assim não fica difícil entender a relação mais próxima que o nosso público possui com seus carros.

Se no início da indústria automobilística Henry Ford, pioneiro do segmento,  brincava dizendo que as pessoas poderiam escolher seus carros desde que fossem pretos, hoje existe uma infinidade de cores, tamanhos e modelos. Os preços variam de acordo com o que o proprietário pode e quer pagar. Há acessórios de série e complementares. Suas peças, muitas vezes, são estilizadas, arrojadas e transmitem diferenciais em qualidade.

Longe de ser apenas um utilitário, um automóvel pode se tornar a extensão do corpo de seu usuário que, ao dirigi-lo, sente-se mais poderoso e potente. Da mesma forma, frente a um acidente, o motorista pode se sentir tão invadido, machucado e agredido como se um amassado na lataria fosse um corte em seu próprio corpo. Não raras vezes também presenciamos características de personalidade do motorista que são exacerbadas no volante: ousadia, agressividade, a velocidade como forma de liberdade.

Dizem os especialistas que os homens são os que mais se identificam com os automóveis: eles conhecem sua história, querem aprendem sobre seu funcionamento, buscam versões esportivas, gostam de ouvir o motor, dão nomes com mais frequência e são mais atentos à manutenção.  Já mulheres são mais ligadas a funcionalidade do carro, preferem carros mais silenciosos, econômicos e fáceis de estacionar como os novos smart fortwo e forfour.

contioutra.com - Um carro não precisa ser apenas um carro
reprodução

Todas as informações no site www.Topautopecas.pt

No fim das contas, seja com um carro grande e viril ou abusando da praticidade  de um acessível Smart Fortwo, o que importa é que a pessoa encontre em seu veículo o que procura para tornar sua vida mais completa. Afinal, são muitas horas de nossas vidas que passamos dentro de um carro.

Sou assim, uma mistura exótica de medos infantis e coragens extraordinárias.

Sou assim, uma mistura exótica de medos infantis e coragens extraordinárias.

Tenho medo de tanta coisa boba, tenho fobias em situações que muitas pessoas dão risada e tiram de letra.

Por exemplo, tenho pavor de tirar sangue. Mesmo tentando controlar a ansiedade, quando sento naquela cadeira, cai a pressão, suo frio, viro só fragilidade.

Às vezes, pareço boneca de porcelana prestes a espatifar.

Mas, tantas outras vezes, sou pura coragem e ousadia.

Tenho coragem, por exemplo, de ouvir meu coração e transformar a minha vida por inteiro só para seguir uma paixão.

Tenho coragem de desapegar do que já não me faz bem, mesmo de um grande amor, mesmo de uma vida construída, eu abro as janelas da minha alma e deixo os novos ares me renovarem.

Tenho medo de viagens de avião, de turbulências, dos pousos naquelas pistas tão pequenas dos aeroportos das grandes capitais. Nessas horas, lembro das rezas que aprendi na infância, peço proteção aos deuses, deusas e orixás. Volto a acreditar em tudo que andei duvidando.

Mas, apesar disso, eu tenho coragem de despir minha alma, de tirar minhas máscaras e mostrar por aí as minhas fraquezas, as minhas dúvidas, os meus medos, de segurar na mão do desconhecido da poltrona do lado.

Tenho coragem de falar o que penso, de ser ridícula, ingênua, louca… Tenho coragem de expor minha vulnerabilidade feminina num mundo que presa e prega a lei da força, da luta e da estabilidade emocional masculina.

Eu tenho coragem de não acreditar nas verdades que o inconsciente coletivo coloca dentro da gente. Tenho coragem de ser mais emoção do que razão e de consultar minha intuição sempre para que essa força não se perca dentro de mim.

Tenho coragem de ouvir meu ritmo interno e de acreditar na poesia e não ser submissa de um trabalho, do dinheiro, de uma convenção social.

Isso porque, acima de tudo, eu tenho muito medo de perder a vida, de deixar ela passar por mim como uma segunda-feira cheia de burocracias e tarefas banais.

Eu ainda tenho que dizer, que tenho sim muito medo de altura, daquelas subidas longas, daquelas escadas loucas, se eu olho pra baixo, sinto tontura, parece que meu corpo flerta com a vontade de me jogar. Ai eu tremo.

Deve ser porque minha alma aérea tem as asas longas e abertas e nunca teve medo de se jogar nos precipícios do amor. Nunca teve medo de se arriscar em novas paisagens quando um sentimento forte a invade.
Enquanto meu corpo treme, minha alma se expande e ri da cara do proibido.

Tenho medo do mar, das ondas que me pegam desprevenida, das matas fechadas e desconhecidas. Mas não tenho medo de mergulhar de cabeça num sonho, de amar sempre e mais, de fazer morada em corações baldios e explorar almas fechadas e de natureza selvagem.

Tenho medo sim e não me arrisco a praticar esportes radicais. O meu corpo desastrado tende a cair, quebrar, desequilibrar.

Mas enquanto isso, sou toda coragem para viver sentimentos avassaladores, explorar minhas trilhas de dentro. Minha alma dança, faz acrobacias, nua e leve, samba nos sentimentos negativos, pinta careta nas invejas, quebra as pernas das competições.

Por tudo isso (e muito mais), sou assim, essas mistura exótica de medos infantis e coragens extraordinárias.

***

Imagem de capa: Underwater photography by Trish Woodford

Bora perder esse medo de perder o que não é nosso!

Bora perder esse medo de perder o que não é nosso!

Imagem de capa: Letting Go-Creative Commons, Gnuckx

Bora devolver para a vida a escolha de juntar ou separar, conceder ou retomar, esclarecer ou confundir.

Há coisas que não são nossas, embora cuidemos com todo o amor do mundo e tentemos proteger das decepções e perigos que nos assustam.

A decisão do outro não é nossa. Nem o gosto, nem os senões, nem sequer a opinião, a dúvida.

A duração de um relacionamento também não nos pertence. Podemos contribuir para a prosperidade desse encontro, mas também, e, na maioria das vezes é o que fazemos, acelerar o processo de desgaste na crença de sermos os proprietários da relação.

O que pensam e concluem a nosso respeito tampouco faz parte da lista dos nossos bens. Tememos perder estima, respeito, autoridade, consideração… Mas nada disso nós temos. É tudo emprestado, consignado, com prazos que se estendem, mas, que também findam, ainda que nos agarremos com força.

Não faz sentido carregar tantos planos, arrastar incertezas, puxar consigo inseguranças e inconstâncias, na crença romântica de ter a posse e o controle dos resultados.

O resultado da vida é a conta que multiplica a coragem que se tem de encarar a realidade, ainda que não seja o que a gente sonhou. E não querer segurar nem prender nada nas mãos, nem na bolsa, nem nas chantagens e atitudes sequestradoras do que é espontâneo e genuíno.

A coação não convence ninguém a ficar por vontade. Nem antes, nem depois. O agrado em demasia não encanta nem seduz, apenas cansa.
Truques, macetes e chantagens só expõem a fragilidade de um investimento condenado ao fracasso.

O que não é nosso, não é necessariamente do outro. Pode ser do encontro, da empatia, do sentimento de união e fortalecimento que nasce. E, às vezes, não vinga, não se torna nosso. É deixar rolar, contribuir, se dar e aprender a libertar! Essa escolha é inteira e felizmente nossa!

Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?

Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?

Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?

Eis a frase que foi pichada num muro e que viralizou na Internet nas últimas semanas.

Imagino que, assim como eu, você tenha buscado em sua mente um grande feito realizado pela primeira vez, como uma viagem, um desafio profissional, um salto de paraquedas, uma mudança radical de visual, etc.

E imagino também que, assim como eu, talvez você tenha ficado com um baita frio na barriga, se sentindo menor que uma formiga, ao constatar que há tempos você não faz nada novo e significativo. Que tédio!

contioutra.com - Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?

Mas a palavra “significativo” não está pichada no muro! Não faz parte da brincadeira-provocação! Então por que a enxergamos? Por que a botamos lá?

Porque temos mania de grandeza. Porque nos cobramos demais. Porque somos competitivos. Porque exigimos demais de nós mesmos. Porque queremos ser perfeitos. Porque queremos ser os melhores em tudo. Porque queremos estar bem na foto, na fita, no meme. Porque temos medo errar. Porque não suportamos a ideia de falhar.

Se anularmos a palavra fantasma do muro da nossa memória – acaso sejamos pessoas curiosas, dispostas e em busca de crescimento e evolução pessoal – veremos que estamos constantemente fazendo coisas pela primeira vez.

Escrever uma carta-bomba e pela primeira vez na vida não enviar. Ouvir uma pessoa querida se lamentar de coisas que ela pode resolver, mas procrastina, e não opinar nem mandá-la à merda. Finalmente experimentar a alcaparra que todo mundo ama, mas você sempre deixou de lado no prato. Passar de bicicleta por aquela ciclovia que você morria de medo. Ler o livro de um autor que se tornou best-seller – e que você pegou birra só porque virou moda – mas depois acabar gostando.

Vencer vícios, padrões de comportamento, medos e preconceitos; mudar hábitos, sair do piloto automático, aprender a controlar a impulsividade, praticar a empatia é muito mais difícil – e significativo – do que pular de paraquedas ou visitar o Louvre pela primeira vez.

Porque somos o que fazemos, o que acreditamos e o que construímos. Ninguém pode fazer o nosso trabalho por nós. Ninguém pode crescer, melhorar, se aprimorar ou evoluir por nós.

Há pessoas que visitam quase um país diferente por mês, degustam especiarias em mercados populares da China numa semana e, na outra, vinhos ancestrais na França, mas que são incapazes de aceitar (pela primeira vez!) alguém que pense diferente delas, ou de pedir desculpas (pela primeira vez!) por um erro.

Mais do que fazer algo pela primeira vez, é preciso manter acesa a chama dos olhos de primeira vez. Olhar para o mundo e para tudo o que nos cerca como se estivéssemos diante de um milagre. Para isso basta ter um bocado de entusiasmo, fé e coragem. Basta se lembrar que a vida é o que acontece quando estamos distraídos.

Não compare o seu relacionamento com o dos outros

Não compare o seu relacionamento com o dos outros
Imagem de capa: Alexandra Rios, Creative Commons

Digo há muito tempo que amor é algo singular, cada um ama ao seu jeito e não existe uma fórmula. O amor não é uma lista que você consulta para saber quantos dos inúmeros itens descritos você já “possuí”.

O amor não é algo para comparar e muito menos para querer copiar. Então, não compare o seu relacionamento com o de ninguém, isso é um erro que apenas desgasta o sentimento sincero.

Nós temos a mania de achar que a grama do vizinho é sempre mais verde e bonita e, consequentemente, acabamos nos esquecendo de regar a nossa, de cuidar do nosso verde, do nosso jardim, porque perdemos tempo olhando demais para a do outro.

Às vezes – na maioria das vezes-, achamos que o relacionamento dos outros é perfeito, baseando essa perfeição, em fotos sorridentes postadas no Facebook, em jantares românticos, fotos “espontâneas”, viagens, e caímos na armadilha de acreditar que só o nosso relacionamento é feito de desafios e diferenças.

Acontece que, nesses pilares de perfeição elencados por nós, exigimos que o nosso parceiro seja uma cópia exata e total dos “fragmentos de tempo” que vemos por aí. Mas, na prática, é diferente. Tem casal que se diverte cozinhando, tem casal que se diverte passando horas escolhendo um filme e, no final, acabam dormindo, enquanto outros se divertem contando como foi a semana e rindo dos acontecimentos diários.

Tem casal, ainda, que se diverte relembrando momentos, viagens do passado, enquanto devoram um lanche feito em casa mesmo. Outros gostam de demonstrar o seu amor por meio de elogios, enquanto alguns preferem presentes. Tem casal que adora sair, outros preferem ficar em casa.

Já vi casal que aprecia essa coisa de redes sociais e sempre posta uma selfie com textão bonitinho e depois briga, discute e se desentende, enquanto tem casal que evita publicações e estão por aí se amando como ninguém.

Quando entender que um relacionamento está longe de ser algo perfeito, você vai encontrar a essência do amor. Você vai entender que o amor não é uma luta, mas que vale a pena lutar por ele. Na vida real, vai entender que seu namorado pode ser desligado com algumas coisas, ele pode não ser muito expressivo como você gostaria, pode até mesmo não ser tão romântico.

Ele pode não gostar de demonstrações de afeto em público, mas não há dúvidas de que ele te ama: a gente sabe quando é amada. Ele pode ser desligado, tímido, nada romântico, mas cuida de você quando está doente. Ele liga só pra saber se você está bem, ouvir a sua voz e se preocupa com você nos mínimos detalhes.

Ter alguém que nos inclui em seus planos e sonhos é dessas coisas bonitas que a gente deixa passar, porque esperamos grandes coisas. Ele pode não postar textão no Facebook, mas planeja uma vida ao seu lado e sabe amá-la de um jeito sincero.

O amor em um relacionamento não se mede pelas selfies com sorriso escancarado, pelas legendas bonitinhas, pelos textos e declarações. Um amor de verdade se mede pelo respeito, pela confiança, pelo cuidado, pela proteção. E isso, embora às vezes transpareça ao público, é algo que só da pra sentir e viver a dois.

As crises nos acordam para as coisas boas que não percebemos

As crises nos acordam para as coisas boas que não percebemos

Saramago costumava dizer que o destino tem que dar muitos rodeios antes de chegar a qualquer parte. Ou seja, a vida tem seus próprios caminhos, coisas que não controlamos, suas ironias, suas voltas, de modo que sempre haverá o inesperado e dificuldades para enfrentar.

Sempre haverá desilusões, quedas e ultrapassagens. No entanto, ainda que os momentos de crise sejam horríveis, eles podem significar um despertar, pois como diz Sean (Robin Williams) no filme Gênio Indomável: “As crises nos acordam para as coisas boas que não percebemos”.

Não há como escapar, todos nós um dia passaremos por um momento que colocará o nosso emocional no chão, a mente perturbada, cercados de desilusão e desespero. Não há como escapar porque “A vida não te dá traves de proteção” e a dor e o sofrimento são inerentes à vida, assim como o amor e a alegria.

Embora não haja como escapar, no meio da dor parece que percebemos quem somos de fato e o que queremos da vida. Sem pressões externas, sem a sociedade, é apenas o eu e o mim dialogando e, assim, conseguimos enxergar sem máscaras a constituição do nosso ser e o que ele grita desesperadamente para fazermos.

Por isso, as crises nos acordam para o que não percebemos, porque elas nos acordam da vida, muitas vezes, no controle remoto, fazendo-nos enxergar aquilo que na trivialidade do cotidiano deixamos passar, enquanto fingimos estar tudo bem.

Como disse, ninguém quer sofrer e não acredito que fomos feitos para isso. Todavia, nos momentos de tensão surgem coisas maravilhosas, a meu ver, porque nesses momentos permitimos estar mais próximos do que realmente somos. Dessa maneira, as crises podem nos levar a um processo de autoconhecimento e, por conseguinte, de maior felicidade, já que ninguém é verdadeiramente feliz sendo um forasteiro de si próprio.

As crises nos mostram que podemos mudar, que não devemos nos acostumar, que há sempre algo a fazer com o que a vida fez conosco. Da mesma forma que nos faz perceber o que realmente nos faz feliz, nos mostra que devemos valorizar as pessoas que em momento algum largam a nossa mão, e faz com que o nosso olhar possua mais doçura para enxergar as belezas que explodem aos nossos olhos, mas não somos capazes de perceber.

Rubem Alves certa feita disse que foram as desilusões que o levaram a ultrapassagens, isto é, sem as desilusões que sofrera, ele jamais seria o Rubem que conhecemos. Concordo plenamente com ele, pois sei que sem as minhas crises, eu jamais seria quem sou hoje. Sei também o quão doloroso é esse processo, mas sei que de muitas dores vem a alegria, como a mulher que senti a dor do parto, mas se regozija com a beleza da vida.

As nossas crises são como um parto. É necessário enfrentá-las se quisermos renascer, já que lembrando mais uma vez Rubem Alves: “Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”.

Imagem de capa: cena do filme “Gênio Indomável”, 1997, Miramax Films

Cara-metade que nada, ela queria um cara por inteiro

Cara-metade que nada, ela queria um cara por inteiro

Muitos de nós esperamos encontrar alguém que nos complete, que nos traga o que nos falta, que nos complemente naquilo de que precisarmos, que seja o oposto, o que nos atrairá. É como se precisássemos de alguém que fosse a metade de nossa laranja, como se não pudéssemos ter o que nos basta dentro de nós.

Por conta disso, acabamos sempre nos sentindo incompletos, imprecisos, necessitados de uma outra pessoa que reequilibre o nosso peso na balança sentimental de nossas vidas. Esse também é um dos motivos dessa cobrança social pelo nosso namoro, casamento, pela nossa suposta necessidade de estar com alguém.

E assim é que muitos de nós simplesmente nos sentimos forçados a buscar por um relacionamento, por alguém para ser apresentado à família, aos amigos, à sociedade. Passamos a tentar satisfazer os apelos dos outros, as cobranças de quem nem sabe o que queremos da vida, enquanto engolimos, ainda que com muito custo, como nossas, as verdades que não caberiam nos espaços que abarcam os nossos sonhos reais.

Porque é possível, sim, ser feliz sozinho. É possível esperar pela pessoa certa, por alguém que não traga o que falta, mas que some e transborde o que já carregamos. É possível não se contentar com amores fracos, com amor aos pedaços, com qualquer um. É possível, sim, exigir nada menos do que aquilo que venha ao encontro de nossos desejos mais íntimos, sem maquiagem, sem a roupagem do recato e do romance cor-de-rosa.

Existe quem não queira um amor sereno, tranquilo demais, morno. Existe quem não se contenta com uma companhia sonsa, equilibradamente tediosa. Muitas pessoas desejam amores intempestivos, roupas rasgadas, excessos nos encontros, desencontros, ânsia irrefreável, busca incontrolável, arroubo arrebatador de almas. Não desejam o que falta, porque, na verdade, nada lhes falta. Querem uma conta que soma e multiplique.

Obviamente, existem muitos casais que parecem se completar, no sentido de que cada um dos parceiros é diferente do outro em muitos aspectos. Mas, se olharmos de perto, relacionamentos que duram são aqueles em que há, sobretudo, respeito entre as partes e admiração pelo outro ser exatamente como é. Porque um se enxerga no outro, refletem-se no que têm de melhor e pior. Não se trata, pois, de complemento, mas de união de todos completos que se tornam cada vez mais, que se amam cada vez mais. Porque cada um deles permaneceu inteiro, permaneceu junto e ali ficou, de corpo e alma.

Imagem de capa: Chema Concellón

Quando chegamos ao limite dos nossos nervos

Quando chegamos ao limite dos nossos nervos

Pessoas gritam umas com as outras por causa de uma vaga no estacionamento, por causa de um prato que veio com o molho X, mas tinha que ter vindo com o molho Y, por causa de uma porcaria de televisão numa porcaria de liquidação da “Black Friday”.

Trata-se de um surto de intolerância, falta de paciência e exagerado senso de competição. Todo mundo quer ter razão. Todo mundo quer dar lição de moral, todo mundo quer “pagar de poderoso”.

O resultado? Um bando de gente com cara de caricatura. Bocas torcidas, caras azedas, olhos estreitos, sobrancelhas arqueadas, rostos crispados. Gente que em vez de falar, rosna. Rosna mesmo, igualzinho a uma fera encurralada.

O pior é o seguinte: já reparou como a pessoa fica ridícula quando perde a compostura? Por mais que tenha razão em sua queixa, ao deixar-se levar pelo embalo da emoção, ao sucumbir à raiva, quem foi desacatado ou provocado, acabará por dizer o que não precisava ser dito, escrever os mais incríveis impropérios, ou fazer coisas das quais poderá se arrepender amargamente depois.

A raiva tem origem em atividades cerebrais que acontecem nas amígdalas, que ficam em uma região primitiva do cérebro.

Por sua vez, o córtex frontal desempenha a difícil tarefa de regular nossas reações, nascidas lá nas amígdalas. Graças a ele e à ação de hormônios, como a serotonina, mesmo que estejamos com a maior vontade de esmurrar alguém que fura a fila, por exemplo, somos capazes de segurar a onda e recorrer a estratégias mais equilibradas, como manter uma discussão na base da argumentação e do diálogo.

Segundo explica o Professor e Neurocientista John Fontenele Araujo, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Ritmicidade, Sono, Memória e Emoção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, “Numa situação de perigo ou ameaça, nossas áreas cerebrais ativadas são as mesmas de um urso, mas temos maior quantidade de córtex e, por isso, somos mais capazes de modular a raiva”.

Ao contrário do que possa parecer, sentir raiva não determina o uso da violência, seja verbal ou física. Agredir é uma escolha que se faz, com base na necessidade de se opor ao outro, ou de subjugá-lo, em última instância.

Esse desespero em busca de se sentir superior ao outro, pode levar os mais esquentadinhos a adotar posturas e escolher caminhos extremamente equivocados para resolver uma desavença, um desejo frustrado, ou, até mesmo uma real injustiça.

Nenhum de nós está livre de ter “um momento de fúria”. Sobreviver nesse mundo desequilibrado – que nós mesmos desequilibramos, verdade seja dita -, anda desafiando mesmo a nossa paciência.

No entanto, não custa nada recorrer ao bom e velho conselho de respirar profundamente ou contar até dez. A pausa, diante da situação que nos desequilibra, é um valioso recurso que devemos utilizar para dar chance ao nosso cérebro de escolher uma rota mais inteligente.

E já que temos um cérebro – com córtex mais desenvolvido que todos os outros animais, inclusive -, façamos a gentileza de utilizá-lo. E, da próxima vez, procuremos lembrar que viver rosnando por aí é, para dizer o mínimo, muito, muito constrangedor!

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