Não é charme. É falta de interesse mesmo.

Não é charme. É falta de interesse mesmo.

Imagem de capa: FCSCAFEINE, Shutterstock

Moça, ele não perdeu seu número, o celular dele não caiu do décimo terceiro andar e ele não está com vergonha de ligar. A verdade é que ele não ligou porque não quis. Sei que isso dói. Mas dói muito mais fechar os olhos para a realidade e tentar encontrar justificativas para o desinteresse alheio.

O ser humano tem essa mania de gostar do que não pode ter. É até normal. Mas, há uma grande diferença entre se fazer de difícil e não ter interesse nenhum.

Imagino que o encontro foi fantástico e você contou para todas as amigas da agenda telefônica que encontrou o cara da sua vida. Mas passaram dias e ele não ligou. Na sua cabeça vem todos os conselhos que tentam te convencer de que ele não teve tempo, mas que, em breve, irá ligar.

E, a partir de então, você entra em um ciclo de tortura psicológica. Olha o celular cinco vezes por minuto, leva o telefone para todos os lugares e fica refém de uma ligação que nunca virá.

Como te ensinaram a ser moderna e que não tem problema nenhum mulher correr atrás de homem, você decide enviar uma mensagem. Depois de horas, ele visualiza e não responde. Pronto! Você acabou de ir a nocaute com a realidade.

Moça, não inverta os papeis. Não é sua obrigação correr atrás de ninguém. Não insista. Não se exponha. Não crie situações para vê-lo, nem mande indiretas nas redes sociais. Encare a realidade e não permita que suas carências e suas inseguranças te ceguem. Se ele não ama você, você deve se amar.

A sociedade ensina tanta coisa errada que as pessoas se perdem no bom senso: “se ele te ignora, ele gosta de você”, “se ele não te ligou porque perdeu o número” ou “talvez ele tenha te ligado e você não recebeu o recado”. Moça, desconcretize isso.

Homem não enrola, não faz charminho, não dá voltas. Homem é objetivo e quando, realmente, quer atravessa o Atlântico a nado e insiste mesmo que leve duzentos nãos consecutivos. Então, relaxe e pare de tentar entender o porquê ele não entrou em contato. Algumas atitudes não merecem nem nossa lembrança.

Sei que parece piegas, mas uma das coisas mais incríveis é alguém estar ao seu lado por opção. A sensação é única. Não se iluda e não perca seu tempo com quem não vale a pena. Respeite a decisão do outro e desenvolva seu amor próprio. A sua alegria não pode estar baseada em um telefonema, em um elogio ou em um encontro.

Você merece mais que isso! Às vezes, o telefone não ter tocado é uma baita sorte…

Não confunda minha calma com aceitação

Não confunda minha calma com aceitação

Se nos basearmos apenas no que vemos para tirar conclusões, provavelmente nos equivocaremos em relação às pessoas, uma vez que nem sempre o que a aparência transmite corresponde à intensidade real dos sentimentos, do que acontece dentro de cada um. Como se diz, águas serenas não significam profundidade sem turbulência.

Por esse motivo é que as pessoas mais calmas às vezes são tidas como mais maleáveis, mais passíveis de serem convencidas de algo, como se elas sempre aceitassem tudo com resignação, feito ovelhas. Ledo engano, a tranquilidade no comportamento relaciona-se muito mais à maturidade do que à subserviência, porque uma das características de quem se torna adulto deve ser exatamente a capacidade de não elevar a voz, não ser agressivo, não se desequilibrar em momentos de contrariedade.

A calma significa, nesses casos, que a pessoa tem consciência de que esbravejar e ter chiliques, por meio de ofensas e gritos, são atitudes inúteis e que só depõem contra ela mesma. Ninguém precisa mostrar destempero para que percebam sua não aceitação frente a algo com o qual não concorda. Muito pelo contrário, manter o equilíbrio será vital para podermos encontrar saídas e refletir sobre as causas que contribuíram para que as coisas chegassem àquele ponto.

É perfeitamente possível discordar sem ser agressivo, posicionar-se sem gritaria, incomodar-se sem ficar incomodando todo mundo, ou seja, é possível – inclusive necessário – manter a calma quando somos contrariados, quando tudo sai errado, quando trombamos com o que nos desagrada, em casa, no trabalho, na rua. Isso não quer dizer que estejamos aceitando passivamente o que aconteceu, mas sim que iremos primeiro controlar nossas emoções para, então, agir com propriedade.

Portanto, não se deve confundir calma aparente com aceitação e condescendência, enquanto se rotulam as pessoas que não são explosivas como as mais fáceis de serem manipuladas e convencidas de qualquer coisa que seja, pois isso é uma inverdade. Precisamos entender que ainda existe quem tenha se tornado um adulto de fato, quem seja maduro o suficiente para enfrentar as tempestades sem alarde exagerado, sem perturbar a ordem de qualquer recinto. Em vez de nos aproveitarmos dessas pessoas, temos que aprender – e muito – com elas, pois são extremamente necessárias nos momentos de turbulência que virão.

Imagem de capa:  Alena Ozerova, Shutterstock

Quem não sabe o que quer, não quer – No ritmo da montanha-russa

Quem não sabe o que quer, não quer – No ritmo da montanha-russa

Que me perdoem os indecisos. Ou não. Cansa essa coisa de pedir perdão que não há culpa que o justifique. Mas, observo há algum tempo, que tolerância demais nos ilude e prejudica tanto quanto a ausência dessa virtude tão pouco compreendida. Ser tolerante não é suportar tudo, não é dar crédito à fantasia que idealiza o alheio ignorando seus vícios e enaltecendo suas virtudes, tampouco ignora fatos que se mostram, repetem, esfregam-se na fuça para deixar claro o que não desejamos enxergar. Não, isso não é tolerância, é ingenuidade.

Às vezes desejamos tanto alguma coisa que começamos a criar desculpas para não abandoná-las, para não partir para outra, para não seguir em frente. Muitas dessas vezes, é verdade, nem começou, é só possibilidade. Dá ânsia em desistir tão cedo, em desanimar, em continuar seguindo sem rumo quando parece que um rumo foi encontrado. Mais ainda dessas vezes, não há rumo algum a não ser o imaginário. Seguir sem rumo, consciente da própria errância, pode ser a melhor das opções, diante da falta de opções, seja para criar opções ou, simplesmente, encontrar.

Essa bagunça de viver o imprevisto, sabendo que é imprevisto, aceitando que é imprevisto, porque é assim que as coisas são. Quem vive tentando ter o controle, acaba se descontrolando diante do mínimo inesperado, insustentável, real. Quando vivemos como se estivéssemos indefinidamente em uma montanha-russa, não vale gastar tempo com o mais montanhoso do que as próprias curvas do tempo, com o mais imprevisível do que a reviravolta dos acontecimentos, com o mais violento do que os fenômenos do viver sem saber no que vai dar – a não ser aquele fim misterioso, o fim das contas, que muitos falam sobre, mas ninguém sabe o quê.

E nesse sobe e desce da vida, entre emoções e enjoos, esse ir e vir sem fim, que tanto nos comove por não chegar a nenhum lugar, voltando no princípio para acabar no conhecido, surpreendendo mais pela experiência desgastante de repetir, do que pela novidade do trajeto circular, aos bem resolvidos, não há o que mais possa irritar do que o oposto. Os indecisos. Há quem lhes passe a mão pela cabeça. Há quem lhes adoce com a psicanálise. Há quem os justifique pela grandeza da vida. E há quem, simplesmente, negue possível a qualidade de escolher.

Mas não há nessa vida possibilidade de viver sem fazer escolhas. Desde às atividades mais pífias até os âmbitos mais complexos do existir, escolhas fazem parte. Só o que não escolhemos mesmo é nascer, de resto, até morrer, em certa medida, pode ser escolhido. Opções aos montes quase ninguém tem. Opções vazias custam caro. Opções construídas levam tempo. Opções do acaso, dorso tenso. Não há justiça ou lógica que habite as escolhas. Para alguns existe a cruz ou a espada, para outros um oceano de possibilidades, mares de rosa ou mar espinhento. A ilusão de que há tempo para ponderar em demasia anda de braços dados com alguns, com outros, anda a pressa desesperada de quem não pode se perder mais – tempo. Por aí, um infinito de diferenças incompreensíveis.

Independentemente de haver ou não essa justiça na qual insistimos em acreditar, ou a lógica que nos tentaram ensinar, a vida não funciona sempre dessa forma. Talvez, e apenas talvez, só a natureza seja tão exata quanto a ciência. Uma vez que a desafiamos – essa tal natureza – não estamos mais protegidos pela sua programação. Lidamos com instabilidades constantes, todos nós, sem exceção. Não importa se tenha duas ou dez perspectivas adiante, a escolha faz parte e a escolha afeta muito mais além do que apenas quem precisa apontar uma direção.

E nisso nos embrenhamos tanto, inevitavelmente, nas escolhas dos outros. Se um escroto estiver no poder, suas escolhas te afetarão, desde o aspecto mais superficial da sua vida até o mais íntimo do seu ser. Nesses casos, não há muito o que fazer, a não ser, tentar, aos poucos, com muito caso, influenciar o arredor, porque escolhas não são solitárias, elas provavelmente se relacionam melhor do que nós. Mas, fora desses âmbitos hiperbólicos do optar, há o bater de asas das borboletas.

Essas escolhas pequenas, essas escolhas que parecem pouco significativas, mas que podem significar tudo para uma vida. E o que vale mais que uma vida? Suas entranhas? Suas angústias? Seus desejos? Suas frustrações? Seu orgulho? Suas expectativas? Muito se fala em não ter expectativas. Eu deixo para outro papo render assunto, mas o que há sem expectativas se não uma morte prematura de ser no mundo? Olhares e olhares, eu finalmente venho aos indecisos com uma mensagem breve. Não foi uma enrolação, apenas segui o curso da montanha russa.

Quem não sabe o que quer, é porque não quer. Desejamos negar essa realidade, conquanto queremos tanto que a opção alheia corresponda à nossa opção. Só que não, nem sempre, e pode ser que na maioria das vezes, não. Mas são poucos os que assumem suas opções de cara, quando a maioria delas está seguida de interrogação. Pelo medo de abandonar o certo pelo incerto, não optam logo por não querer perder o que já se dispõe com exclamação, mas desejando que a interrogação do outro se dissolva. Os indecisos são ótimos cozinheiros: de possibilidades e pessoas. Deixam ali, na água morna, até que possam finalmente decidir, quando finalmente percebem que aquilo que realmente desejavam não vai rolar, então vai o outro, que estava em banho maria.

Não vale a pena ser o plano B. Apesar de toda a complexidade que envolve as escolhas, a verdade é que nós sabemos muito bem o que queremos, sempre sabemos. Quem não sabe é porque não quer, é porque está olhando para o outro lado, é porque só não quer ficar de mãos vazias. Os indecisos não merecem trégua, ou sempre farão daqueles que se disporem a ser ingênuos, passando por tolerantes, brinquedos em suas mãos. É melhor deixar os indecisos com as suas indecisões, deixar de ser opção, deixar de ser para o outro e ser para si, para a vida, para o mundo. Pessoas livres encontram pessoas livres, quem se ocupa, mesmo que de um fantasma, pode acabar parecendo muito bem acompanhado e espantando as possibilidades além.

Aos bem resolvidos, é melhor deixar passar o dilema batido, dar boas-vindas aos picos e quedas da montanha-russa da vida, experimentar novas emoções. Aborrecer-se um pouco, mas só um pouco, com mais uma inútil parada. E depois continuar. É melhor do que ficar parando esperando quem não sabe o que quer, porque na verdade não quer, a não ser outra coisa. É melhor do que se servir como ração para egos famintos que não assumem chegada ou partida. É melhor do que perder tempo. E se houver erro nessa interpretação, sem erro, quem quer vai atrás, e só vai atrás, porque não percebeu o valor de quem já esteve ao lado.

Imagem de capa: Tiger and Turtle – Magic Mountain by Heike Mutter and Ulrich Genth

As 10 coisas absolutamente indispensáveis para se levar na mala rumo a 2017!

As 10 coisas absolutamente indispensáveis para se levar na mala rumo a 2017!

Imagem de capa: Vasilyev Alexandr, Shutterstock

Quando der meia noite do primeiro dia do ano novo, não custa nada a gente lembrar que para muitos de nós aqui nessa terra do Hemisfério Sul, chamada Brasil, ainda serão 23 horas do último dia do ano velho.

É… pois é! Na prática, de acordo com o Senhor Relógio, isso significa que, enquanto para uns já será dia 1 de janeiro de 2017, para outros ainda será 31 de dezembro de 2016.

E se levarmos em conta nossos amigos australianos, por exemplo, enquanto estamos aqui a pular ondinhas, a comer sementes de romã e a guardar folhinhas de louro na carteira, eles – os australianos -, já tiveram 12 horas inteirinhas para inaugurar o ano novo.

E sabe o que isso quer dizer?! Nada! Absolutamente nada! É apenas mais um dia que se vai e outro dia que se apresenta. Os ponteiros não têm sentimentos, não lastimam nossas horas perdidas em tristezas, nem comemoram nossas horas coroadas de alegrias. Os ponteiros apenas fazem a sua tarefa, indiferentes aos nossos planos, sonhos ou receios.

A boa notícia sobre o final de um ano e começo do outro é que assim como não podem parar, nem adiantar o tempo, os ponteiros do relógio, esses danadinhos também não têm o poder de nos fazer voltar para trás! Ufa! Isso sim é que é algo que vale a rolha do vinho borbulhante estourada à meia noite. Isso sim vale todo nosso empenho em acreditar que o dia 1 de janeiro tem poderes mágicos.

E a magia está na nossa incrível capacidade de sobreviver aos temporais, às calmarias e aos períodos de seca. A magia está na nossa disposição em oferecer todo nosso esforço na iniciativa e na “acabativa” de fazer dar certo.

Então… façamos um exercício mental, afetivo e filosófico aqui. Supondo que aparecesse agora bem na sua frente um ser com reais poderes e lhe dissesse que toda a sua sorte estará protegida no próximo ano. Mas, lhe apresentasse, em troca desse presente inestimável, uma única condição: para que você ganhe essa aura de proteção, precisa aprender a fazer escolhas.

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E a lição começaria da seguinte forma: o que você escolheria como as 10 coisas absolutamente indispensáveis para levar consigo na mala para 2017?

Difícil, hein?! Eu que tenho dificuldades para arrumar uma mochila de fim de semana na praia, estaria diante de uma belíssima “sinuca de bico”!

Mas me disponho a tentar. Ainda que seja a título de estabelecer para minha própria pessoa algum parâmetro acerca daquilo que é de fato importante naquilo que eu poderia chamar de “nova vida”!

Vamos lá! Coragem! O que fará parte da minha bagagem serão as coisas que brotarem espontânea e livremente no meu coração.

1. Alegria. Alegria é aquela coisa que mais se parece com a farinha para fazer o pão. Sem farinha, não há pão. Sem alegria, não há motivos para sair da cama. Então, minha primeira escolha para compor a bagagem para 2017 é ser alegre! Ainda que eu passe por alguns perrengues e alguma tristezinha insista em me visitar, hei de me lembrar que esta foi a primeira palavra que em veio à mente quando pensei em fazer planos para o futuro.

2. Disciplina. Disciplina é aquela mãe amorosa que nunca se esquece de nos lembrar sobre quais são as nossas reais prioridades. E tudo bem que, de começo, ela precise me lembrar apenas de que eu não posso nunca, em hipótese alguma, desistir de mim. Que eu tenha a força de vontade necessária e justa para merecer o que pretendo conquistar.

3. Amor. Amor é aquela coisa que é o mais parecido possível com um filtro solar. Amor protege a gente de tudo o que é ruim, no meio daquilo que é bom. Entendeu?! Eu explico… Na hora que a gente se aborrece, a ponto de perder a compostura com alguém querido, por exemplo. Nessa hora é o amor que nos ajuda a respirar fundo, baixar a voz e elevar a bondade. Assim, em vez de gritar com o outro, a gente silencia e dá um tempo para o ”bem querer”, querer voltar.

4. Generosidade. Essa é aquela coisa que faz a gente conseguir oferecer aquilo que será preciso dividir; e, não, aquilo que está sobrando. Generosidade é a disposição em ser feliz com a felicidade alheia. Ahhhh… definitivamente, não posso viver sem isso.

5. Paciência. É a expansão do coração, até que atinja o raciocínio. É ser capaz de fazer parar um caminhão sem freios numa descida escorregadia. É a transformação da precipitação em garoa fina, do vendaval em brisa. É a única forma de ter paz, aqui dentro e lá fora!

6. Serenidade. A maior conquista que se pode ter sobre a tentação de agir por impulso. É o equilíbrio diante do caos. A beleza de não ser manipulado pelas agressões e injustiças alheias. Uma vez experimentada, a serenidade torna-se algo absolutamente indispensável, vital à harmonia, consigo mesmo e com o resto do mundo.

7. Leveza. A libertação sobre o hábito de carregar nas costas, pesos absolutamente dispensáveis; coisas tais como o perfeccionismo, a arrogância e o materialismo. Estas são pedrinhas capazes de nos fazer sofrer e magoar os outros. Hei de deixá-las ir. E ganharei em troca uma alma leve. Leve e livre.

8. Verdade. Essa maravilhosa capacidade de abrir mão de situações ilusórias e pequenas mentiras. Compreender que disfarces e fantasias são jeitos tolos de vivermos enganados. Recolher no peito apenas o que for realmente genuíno, puro e verdadeiro. E, assim, redimensionar a vida em honra aos sonhos possíveis e aos planos que nos façam ser pessoas melhores de fato.

9. Confiança. Poder olhar no espelho e ter orgulho do que se vê além daquilo que constitui apenas o invólucro físico. Ver através dos próprios olhos, uma pessoa com quem se pode contar, a quem se pode confiar a própria vida; não para que se disponha dela, mas para que se possa partilhá-la.

10. Flexibilidade. Puxa vida, que força tem essa palavra. Simplesmente porque sem ela, não há como fazer escolhas. Não há como acolher o outro que pensa diferente de nós. Não há como oferecer espaço às benditas e necessárias transformações, sejam elas grandes ou singelas.

Olho agora com imenso amor para minha pequena mala, cuja bagagem não representa nem uma única peça que possa ser pesada ou medida. Levo comigo apenas o imensurável e recebo o ano novo com o coração tranquilo e o peito repleto de coragem; porque sem coragem os sonhos são apenas sementes jogadas ao vento.

É sempre amor, mesmo que acabe

É sempre amor, mesmo que acabe

Ela amou inteira. Ele não conseguiu amar metade. E despediram-se em vários tons. Nem todos felizes e esperançosos. Há quem diga que não era pra ser. Outros não entenderam o que aconteceu. Uma coisa é certa, mesmo em doses desmedidas, é sempre o amor que prevalece. O tipo de amor que precisa vir primeiro antes de ser distribuído para outra pessoa. Ainda que seja encerrado com um adeus.

Distraídos, não podemos dar vazão para nenhum sentimento vivido por dois. A ideia do término de um relacionamento quase sempre está atrelada a uma suposta carência do amar. Julgamos imaturos quem veio e não quis ficar. Insistimos numa busca sucessiva por alguém que nos complete e nos queira como merecemos. Não estamos errados. Não nos permitimos estar. Talvez esse seja o problema.

Quando temos a sorte do encontro, somos seduzidos pelas expectativas. Afinal, a paixão desencadeada é certeira, quente e insaciável. Daí por diante é querer acima de qualquer razão. E é exatamente nesse ponto em desequilíbrio que chocamos com a realidade. Ninguém, em amor algum, precisa demonstrar. Porque carinhos não devem ter comandos, sorrisos não precisam ter piadas prontas e gentilezas não ocorrem através de roteiros comprados.

Nada de atirarmos sofrimentos para depois recolhermos mudanças. Devemos aceitar diferentes escolhas. Alguns amores partem e alguns permanecem. De qualquer forma, é sempre amor, mesmo que acabe. Quem sabe, por disposição ou liberdade, você resolva amar.

Fotografia por Phil Chester e Sara K. Byrne

O que adianta rezar o terço e sair falando mal de todo mundo?

O que adianta rezar o terço e sair falando mal de todo mundo?

 

Não raro, vemos falsos moralistas, que condenam o comportamento dos outros, enquanto não respeitam a própria família. Pregadores que discursam sobre ética e princípios aos quais fogem pelas sombras de suas atividades escusas. Beatos que pregam os ensinamentos cristãos, ao seu próprio modo, condenando todos aqueles que não se adequam ao que impõem, ao mesmo tempo em que nem eles próprios se comportam segundo suas regras religiosas.

A exposição mais explícita da própria vida, por meio das redes sociais, acaba forçando muitos a seguirem o discurso politicamente correto, postando o que se afina ao que as normas anacrônicas regem, mesmo que nada daquilo tenha sentido em suas convicções. Veem-se obrigados a expor ideias e opiniões que sejam mais condizentes com o que a maioria espera, com o que a sociedade julga como aceitável, com o que muitos líderes religiosos ditam como a interpretação correta e única das escrituras.

Nesse contexto, muitas pessoas acabam fatalmente se dissociando de si mesmas, mantendo uma vida dupla, uma dicotomia dentro de si, uma vez que sentem a verdade exatamente do lado oposto daquilo que falam, daquilo que fingem viver de forma transparente. Daí ser comum vermos muitos orando e decorando versículos, enquanto fofocam, maldizem, invejam, fazem mal aos outros; vermos quem condena os gays, enquanto trai a esposa todas as noites. E por aí vai.

Uma coisa é certa: o que vale mesmo é a forma como vivemos as nossas vidas, diariamente, a maneira ética e respeitosa como nos relacionamos com todos, tanto com quem temos proximidade, como com aqueles de quem não precisamos, de quem não receberemos nada em troca. E fazer isso com fé, com orações verdadeiras, é perfeito. O que dizemos, no fim das contas, é apenas o que dizemos, nada mais do que isso.

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Imagem de capa:  Stephanie Zieber, Shutterstock

Sobre afeto e encontros

Sobre afeto e encontros

Imagem de capa:  Yuganov Konstantin, Shutterstock

Vivemos a todo tempo afetando e sendo afetados, e enquanto algumas pessoas entram em nossas vidas despertando e estimulando o que em nós há de mais positivo, por outro lado, há aquelas que parecem minar qualquer possibilidade de sermos e exercitarmos o nosso melhor.

Esses bons e maus encontros com os seres e coisas, nos diz Espinoza, definem a potência com a qual agimos no mundo, nos fazendo mover pela alegria rumo à expansão e ao crescimento ou nos recolher pela tristeza no retrocesso ou estagnação.

Para Espinoza, o afeto é ao mesmo tempo uma afecção do corpo, algo sentido como uma sensação ou experiência, e uma afecção da alma, uma ideia, que aumenta ou diminui, ajuda ou contraria a potência de agir do ser. A origem dessas afecções, segundo ele, está no encontro com outros seres, que são exteriores, e com os quais se estabelece relações de conflito, união, etc.

Espinoza afirma que é da natureza de todos os corpos, incluindo o humano, afetar e ser afetado por outros corpos. Assim, no encontro temos o efeito de um corpo sobre o outro; um corpo agindo sobre o outro e acarretando modificações na potência de agir de cada um dos envolvidos.

Quando falamos de potência falamos de relações energéticas, de forças que agem uma sobre a outra. A vida é uma dança constante de encontros a partir dessas relações. Se nessa dança, os corpos combinam, se movem como uma unidade, as forças se somam e acontece um aumento de sua potência, gerando alegria, que se traduz em ação.

Para o filósofo, esse é o bom encontro. Porém, se na dança os corpos não acertam o ritmo, se desencontram, uma força impede a ação da outra e, consequentemente, a deteriora, o que leva ao enfraquecimento e diminuição de potência. Esse enfraquecimento gera tristeza, que se manifesta como falta de ação, passividade. Daí resulta o mau encontro.

Não raramente, mantemos relações que nos trazem mais frustrações do que contentamento, que mais sugam do que nos alimentam de energia, e não cessam em criar obstáculos ao nosso potencial de ser e realizar no mundo. Também não raramente, custamos a conhecer ou reconhecer isso como verdade, e nos mantemos na vida dançando ao ritmo desses maus encontros.

Afirma Espinoza, a saída está na lucidez, na capacidade da mente de analisar seus afetos, e usar a razão para não se perder nesse encadeamento das paixões tristes. Conhecer a fundo nossa relação com o mundo é ter a chance de escolher melhor nossos encontros, ser ativo na geração dos afetos, e alimentar nossa potência em ato para ser e agir.

Ser ativo na geração dos afetos é dizer fim aquele relacionamento falido, dizer não para aquele convite que é a entrada para futuras frustrações, é dar aquele “unfollow” necessário… É o autoconhecimento e o reconhecimento de nosso valor e a escolha pela união com aqueles que poderão nos acompanhar em nosso caminho de evolução e realização.

E aí, você acredita?!

E aí, você acredita?!

Imagem de capa: B.Kristina, Shutterstock

Você realmente acredita, do fundo do seu coração, que não existe impossível, que milagres acontecem, que a magia é real? Já parou para olhar ao redor?!

Sabe aquele sonho que os outros consideram impossível de se realizar?
Sabe aquele desejo por algo mais, por algo maior, que habita os recônditos mais profundos do seu ser?

Sabe aquela vontade, imensa, de que as coisas se acertem e tudo, finalmente, comece a fluir tal como previsto no seu íntimo script?
Sabe aquela ânsia para que comece a dar certo para todos, que o planeta mude completamente a rota e o universo conspire a favor da prosperidade e da abundância geral?

E aí, você acredita que possa dar certo?!
Você, de fato, já se fez essa pergunta?
Sim, porque não adianta ter tudo isso guardado dentro de si se não investir, periodicamente, uma esperança, uma energia, um amor para que possa se materializar.

E se quem comanda essa coisa toda está esperando você tomar uma posição firme para te recompensar?
Você se acha merecedor? Se sim, porque acredita que possa haver alguma coisa impossível? E é impossível para quem? Para aqueles sem rumo, sem fé, sem perspectiva nenhuma na vida? E o que você tem a ver com eles?!

Os milagres estão aí, todos os dias temos algum para contemplar, é só olhar ao redor!
E sabe por que eles aconteceram para aquelas pessoas? Porque elas acreditaram! Elas fecharam os ouvidos para qualquer coisa que não fosse positiva! Elas fizeram por merecer!

E, então, você é uma pessoa de fé? Daquelas que não titubeia, que a coisa pode parecer piorar, que tudo pode aparentar ir para trás, mas não esmorece, pois sabe que vai chegar a hora em que tudo vai DAR CERTO!

Se ainda não aconteceu, tem um motivo! Acalme-se!
E se aconteceu diferente do que você esperava, vai fazer sentido, não tenha dúvida! Agora ou logo ali na frente…
Sabemos tão pouco das coisas, fazemos parte de um plano muito maior, temos que confiar!

A MAGIA está aí, corre solta pelos nossos dias atarefados, nossos trabalhos atrasados, nossas dores de cabeça, nossos pesares com o passado e ansiedades com o futuro… Nós apenas não prestamos atenção!

Se pararmos um minuto que seja, diariamente, para olhar ao redor, para olhar para o céu, para olhar para si, veremos que tudo é mágico, que tudo é divino, que TUDO É POSSÍVEL!
A vida, por si só, é algo misteriosamente fascinante e inexplicável!

E por que você, tendo essa oportunidade, vai questionar a possibilidade do que quer que seja?!
Apenas pare, respire, enxergue. E sinta.
Definitivamente, creia!

Sem angústias, sem questionamentos, sem necessidade de explicações, de lógicas, de probabilidades, de ansiedade…
Está na cara, é fato, é POSSÍVEL!
Eu acredito! E você?!

Eu não quero um príncipe encantado

Eu não quero um príncipe encantado

Imagem Kotin, Shutterstock

Contos de fadas nunca me arrancaram suspiros. Talvez porque nunca acreditei neles. Por muito tempo, levei fama de coração de pedra e evitei falar de amores e relacionamentos.

Por um bom tempo, eu fingi estar tudo bem, e algumas vezes eu realmente estava, mesmo não acreditando. Já fui rotulada como a “garota grossa” que não demonstra o que sente, quando, na verdade, sinto até demais.

Eu não quero um príncipe encantado. Eu quero alguém que goste da realidade tanto quanto eu. Que assuma as suas responsabilidades e que não prometa ficar, se na verdade pretende partir a qualquer momento.

Eu só quero alguém que assuma o que sente e que não me traga desculpas. Eu não quero um príncipe encantado porque isso me soa como previsível demais e, sinceramente, eu gosto mesmo é de gente que se reinventa e que não tenha medo de recomeços.

Eu dispenso as aparências que não refletem uma alma bonita, quem é covarde para amar e quem deseja me oferecer metade. Dispenso quem não pretende ficar e quem usa da indiferença ao invés do diálogo. Quem insiste em machucar. Eu quero alguém que não dê as costas para a minha dor e, mesmo tudo sendo vendaval, decida ficar; quem esbarre com outros risos, mas que ainda assim decida pousar no meu.

Não precisa chegar com um buquê de rosas, montado em um cavalo branco, esbanjando charme como nos filmes que vemos por aí. Pode me levar para tomar um café e comer aquela coxinha de padaria de que eu tanto gosto. Não precisa vir montado num cavalo, só precisa vir carregado de coragem, só precisa não ter medo de amar.

Não precisa jurar amor eterno, só precisa me escolher todos os dias, mesmo quando eu não merecer ser a sua escolha. Entender que a minha TPM me deixa insuportável e isso não tem nada a ver com você.

O que as pessoas não conseguem entender é que não desejo me abrigar em qualquer abraço ou me envolver com alguém por tentativa. Não desejo alguém para calar a solidão ou para preencher algum vazio. Eu só quero uma companhia leve, alguém que some e não suma. Eu quero alguém que incentive os meus planos, que não esteja comigo por meras aparências e que contemple aquilo que os olhos não podem ver: a minha alma bonita.

Eu não quero um alguém idealizado, nem sonhado; longe de ser o príncipe encantado, eu só quero alguém encantado o suficiente para ser o meu príncipe. E, embora isso possa soar como semelhante, só quem vê para além, só quem decifra o amor nas entrelinhas é que percebe a discrepância gritante entre querer alguém idealizado e querer alguém para somar, até porque, quando esperamos aquilo que não existe, frustramo-nos e, no somatório dessa história, quem sai perdendo é quem deixa escapar o que é nobre e sincero, só porque ele não se encaixa nos seus “padrões.”.

Por histórias de amor onde acabar solteiro também é final feliz.

Por histórias de amor onde acabar solteiro também é final feliz.

E as namoradinhas? E os namoradinhos? Pergunta aquele parente distante na reunião de família. Você fica meio sem saber o que dizer. Depois, reclama em algum lugar, talvez no twitter ( lugar de todas as reclamações), talvez com amigos.

Sim.
Você é uma pessoa solteira.

Se estivesse namorando, casado, provavelmente sendo boa a relação, o desejo fosse que você assim permanecesse. Mas quando se é solteiro, mesmo que você esteja bem, vão querer ver isso acabar. Porque parece um fracasso para a sua história de vida terminar seus dias assim.

Poderíamos dizer que essa ideia vem do cristianismo que quer você construindo uma família tradicional, mas nem me parece. O próprio Apóstolo Paulo, autor de diversos livros da Bíblia, falava numa vidinha de solteiro como final. Também poderíamos culpar o cinema, livros, músicas, tanta coisa. Mas quando você descobre que talvez estar solteiro seja uma boa e nota as pressões contra isso, análises históricas mundiais não servem de alívio, no máximo dá algum entendimento inicial, conteúdo pra um bom textão no Facebook.

Olha, lá, está todo mundo namorando.
Seu amigo do ensino médio casou.
Sua amiga já tem um menino lindo.

E você aí.

Sim, nós aqui. Não que a ideia de ter algum relacionamento seja cadeia. Por vezes estar solteiro também é uma prisão. Liberdade é algo indomável. Mas se nós nos sentirmos confortáveis em estarmos nesta condição, ora, que bom termos diversas opções de nos encontrarmos. Nada contra casamentos, namoros, mas olha que magnífico pode ser descobrir na solitude um lugar pra si mesmo.

É preciso dissociar solidão de estar solteiro. Isso deve fazer bem até para os casais mais apaixonados.

Facilmente podemos nos sentir sozinhos dentro de um relacionamento e, para que algo perdure é preciso entender e não martirizar a solidão que a outra pessoa sentir perto da gente. Só é possível ser uma boa companhia se você entende que não será uma companhia que suprirá todas as necessidades afetivas de alguém.

Pra namorar a alma humana, bem namorada, é preciso deixá-la um tanto solteira. Beijá-la não porque é sua, como propriedade, mas dela mesma, como um encontro. Quando você tem a necessidade de prender uma alma, não poderá receber nem dar o Abraço. O Abraço é dado por braços soltos.

Também é preciso dissociar compromisso de cadeia. Um dos mitos mais fortes que cercam nossas relações é que a vida de solteiro é livre de seriedades. Uma pessoa solteira também presta, mais cedo ou mais tarde, satisfações. Todas as relações sociais têm disso. Mais cedo ou mais tarde você vai explicar algo e querer explicações. Nada disso precisa ser um peso, nem para solteiros, nem para quem tiver em alguma relação. O caminho é aprender quais explicações estamos dispostos a dar e quais não estamos. E lidar com as consequências. Elas sempre existirão.

Por essas coisas e por outras, ao invés de perguntar cadê o namoro, seria melhor perguntar como é que essa alminha em busca de vida está.

Pode ser que ela esteja bem ou esteja mal, mas isso nem sempre tem a ver com estar ou não namorando, porque toda alma é assim mesmo. Chora, ri, fica brava. E algumas podem ter seus finais felizes juntas de outras, abraçadas num lugarzinho por aí. Mas outras, caso necessitem em suas histórias, de ficar solteiras, que fiquem. Que fiquem bem e tenham coragem.

O que importa mesmo é acabar bem os próximo fins do mundo.

Ah, fica a oração. Que relações que fazem mal acabem, que gente solteira que quer e sabe ter alguém encontre um coraçãozinho, e que até os fracassos deixem seus olhos mais brilhantes. Todas essas coisas cafonas que digo agora podem tornar essa vida mais bonita.

E quando a tia perguntar cadê o namorinho, diz assim.

Tô feliz, tia.

Deixa a tia chamar felicidade de namoro, tudo bem ela não conhecer ainda outros nomes, outras possibilidades, você vai ter outros natais pra explicar. Estressa não, calminha te deixa melhor, tá?

E você, meu bem, ou quem tem um bem, se uma hora dessas for embora, que a gente possa se olhar e se dizer.

Obrigado por ter passado por mim.

Imagem de capa: cena do filme “Ela”- reprodução

Meu status de solteira não é referência de solidão ou desespero.

Meu status de solteira não é referência de solidão ou desespero.

Imagem de capa:  LOFTFLOW, Shutterstock

Quantas vezes eu acreditei no amor, quantas vezes eu achei que iria dar certo e, no final, era apenas mais uma decepção. Meu status de solteira não é carta branca para me envolver com qualquer história, com qualquer pessoa. Meu status não é referência de solidão ou desespero.

Quantas vezes ouvi o discurso cansado de quem acha que sou infeliz só porque estou solteira. Tentaram, inúmeras vezes, “arrumar” alguém pra mim, passando o meu telefone como quem está dando “uma ajudinha”, sem eu ao menos ter solicitado, ou de fato precisar de auxílio para essas coisas do coração. E lá estava eu iniciando uma conversa com alguém que não demonstrava interesse algum em de fato me conhecer, que aparecia com falas prontas e que não sabia desenrolar uma conversa.

O fato de curtir a foto de alguém já é motivo para piadas, brincadeiras, como se isso fosse um sinal de que estou interessada. Eu, de fato, não entendo e talvez jamais consiga entender a lógica de quem acredita que um relacionamento é sinônimo de felicidade. Em primeiro lugar, partilho da ideia de que ninguém completa ninguém. Ninguém pode jogar a responsabilidade de ser feliz nas mãos de outro alguém, pois isso é pedir para se frustrar, é deixar o outro assumir as rédeas da sua vida e se submeter a qualquer coisa, muitas vezes.

Primeiro, seja feliz. Isso, goste de você, do seu cabelo, do seu jeito e, ao trombar com alguém, partilhe isso. Que o encontro seja algo que transborde e não que complete.

Eu estou solteira, sim, porque, ultimamente, tenho esbarrado tanto no desinteresse e nas desculpas, que não tem como me envolver. Eu não quero um amor meia boca. Cansei de gente que só pensa no corpo, no sexo, no beijo, no físico. Cansei de gente que não se envolve, não se entrega, não assume. É difícil quando você acredita no amor e nas coisas bonitas e sinceras quando alguém, na verdade, não vê nada além de um rosto bonito. Não vê a sua coragem, a sua força, não vê os seus medos bobos e nem se importa quando você não está bem.

Cansei de gente que vê uma boca bonita, um cabelo arrumado, mas não vê o meu companheirismo e o quanto sou disposta quando o assunto é ajudar alguém. De gente que está do nosso lado fisicamente, mas, quando a tempestade vem, é o primeiro a soltar a nossa mão. Eu cansei de quem não vê a minha fé bonita na vida e no amor e que não percebe o quanto dou valor às pessoas e não às coisas.

Quanta gente acompanhada e, mesmo assim, anda sentindo-se tão só; quanta gente sentindo-se invisível, mesmo rodeada de pessoas, e ainda escuto o discurso de que quem está solteira, está carente e que, necessariamente, precisa de alguém para ser feliz? Que eu faço academia porque quero que alguém repare nas minhas curvas e goste delas? Quantas falas clichês que anulam as nossas histórias e escolhas e nos colocam no patamar de coração de pedra.

Eu faço todas essas coisas por mim; meu sorriso é resultado das minhas conquistas, pois, depois de tantas lutas diárias, eu esboço um riso cansado, como quem acredita que valeram a pena todos os esforços. Cuido do meu corpo, da minha saúde e, principalmente, da minha vida. Eu quero alguém que repare na curva do meu sorriso, que entenda as minhas vírgulas como pausa, como cautela, enquanto muitos entendem como ponto final e decidem partir porque acreditam que investir em alguém é perder tempo.

24 Ensinamentos que 2016 me deu (o 11 é o mais importante)

24 Ensinamentos que 2016 me deu (o 11 é o mais importante)

2016 foi um ano de muita turbulência, onde muitas coisas aconteceram.

Para os que acreditam em astrologia, esse ano foi um ano de encerramento, de muitos términos, onde muitos ciclos se acabaram, o que trouxe muitas coisas ruins, mas também muitas coisas boas.

Eu sempre acreditei no poder da mudança. Acho que mudanças são extremamente importantes na vida de cada um, e que devemos saber apreciá-las e tirar o melhor de cada uma delas.

2016 foi um ano de muitas mudanças para mim, e com tudo isso eu aprendi muita coisa que com certeza levarei pros anos seguintes.

24 coisas que 2016 me ensinou:

1. As pessoas são temporárias nas nossas vidas. Todas. E todas se vão exatamente no momento que deveriam ter ido. Não adianta chorar nem reclamar, se é o momento delas irem embora, elas vão.

2. Crescer, muitas vezes, significa se sentir sozinho.

3. As pessoas que você tem ao seu redor têm um impacto direto em como você se sente. Se elas não estão te fazendo bem, por que continuar ao lado delas?

4. Pessoas que você nunca imaginaria que sairiam da sua vida, na maioria das vezes, saem. E não tem problema.

5. A sua felicidade deve vir sempre em primeiro lugar.

6. Ajudar os outros te faz crescer como pessoa.

7. Você nunca conhece alguém tão bem quanto você pensa que conhece. E saber disso é o primeiro passo para não se decepcionar.

8. Os problemas do mundo não são seus para você carregar nas costas. As injustiças do mundo não são culpa sua. Trabalhe para melhorá-los, mas não se culpe se não conseguir.

9. Às vezes você vai sentir falta de pessoas que te machucaram. Não tem problema. Isso significa que elas foram importantes na sua vida e que você soube amá-las.

10. Aprenda a perdoar.

11. Você vai crescer, e você vai se distanciar cada vez mais da pessoa que você já foi um dia. Certifique-se que você está se distanciando na direção certa.

12. 365 dias podem mudar muita coisa.

13. Lutar pelo o que você acredita vai te trazer muita dor de cabeça e muita decepção, mas é extremamente necessário. Não desista.

14. Não se compare com os outros. A vida não deveria ser uma grande competição entre quem é mais bem sucedido, bonito ou popular. Cada pessoa tem seu brilho próprio. O sucesso de uma pessoa não significa o seu fracasso.

15. Gaste o dinheiro que você ganha com experiências, não com coisas materiais.

16. Não ponha a sua felicidade nas mãos de outras pessoas. Elas vão derrubar. Elas sempre derrubam.

17. Aprenda a admitir que está errado, quando estiver.

18. Tente não se preocupar com o que os outros pensam de você. Se conseguir, me conte como.

19. SE IMPONHA. Não tolere o desrespeito e não tenha medo de dizer o que você pensa.

20. Se informe antes de opinar sobre qualquer assunto. O mundo não precisa da sua opinião em todos os assuntos.

21. Não importa o que você faça ou diga, as pessoas vão sempre acreditar no que elas querem acreditar.

22. Aprenda a escolher as suas batalhas. Existem coisas que simplesmente não valem a pena.

23. Não desista, tem sempre alguém se inspirando em você.

24. Comece hoje aquele projeto que você tem em mente, ou comece a aprender a tocar aquele instrumento que você sempre quis, ou aquele idioma que você sempre quis falar, ou comece hoje a juntar dinheiro pra aquela viagem que você sempre quis fazer. Daqui a um ano você vai desejar ter começado agora.

Feliz 2017!

Imagem de capa: 2012 National Geographic Traveler Photo Contest Winners

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Não viva o amanhã. Você ainda não o tem

Não viva o amanhã. Você ainda não o tem

Imagem de capa marvent, Shutterstock

A sociedade atual baseia seu planejamento no amanhã. A certeza de que futuro existirá é tamanha que faz de alguns escravos de uma agenda fictícia. Planeja-se, minuciosamente, tudo: de compras a longo prazo à encontros sociais. Só há um detalhe esquecido nesse espaço de tempo: o amanhã não existe!

Clarice Lispector, em ‘Um Sopro de Vida’, escreveu sobre o tempo de forma tão objetiva e tão sábia que leva o leitor a refletir sobre sua própria existência: “O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então — para que eu não seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa — eu cultivo um certo tédio.

Degusto assim cada detestável minuto. E cultivo também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto. Quero me multiplicar para poder abranger até áreas desérticas que dão a ideia de imobilidade eterna. Na eternidade não existe o tempo.

Noite e dia são contrários porque são o tempo e o tempo não se divide. De agora em diante o tempo vai ser sempre atual. Hoje é hoje. Espanto-me ao mesmo tempo desconfiado por tanto me ser dado.

E amanhã eu vou ter de novo um hoje. Há algo de dor e pungência em viver o hoje. O paroxismo da mais fina e extrema nota de violino insistente. Mas há o hábito e o hábito anestesia.”

A vida é tão frágil e rápida quanto um piscar de olhos e admitir que o “ser” é mais importante do que o “ter” é essencial. Hoje é o dia de admitir a falta de alguém, de admitir que a companhia vale mais que a solidão, de abrir mão da saudade, de aceitar os erros dos outros, de amar, de esquecer, de virar a página, de encerrar a história.

Hoje é o dia de perdoar a pessoa que te apunhalou pelas costas, mesmo que isso te custe mais dor. Acredite hoje é o dia! Até porque, meu caro, você só tem ele!

Mário Quintana tem uma definição perfeita disso. Em “Seiscentos e Sessenta e Seis” (Poesia Completa, Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 2000), o poeta retrata o tempo como efêmero: “A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal… Quando se vê, já terminou o ano… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado… Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…

É necessário parar de viver e de sofrer pelo futuro. É preciso colocar os pés no chão e entender que o que se tem em mãos, é o agora e o bem que se fez ao próximo…e só isso! E, como diz Oscar Wilde: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”

Não se iluda, ninguém é tanto assim!

Não se iluda, ninguém é tanto assim!

Imagem de capa: Nick Starichenko, Shutterstock

Ninguém é tão feliz quanto faz parecer, nem tão confiante quanto alardeia, tampouco tão atraente como acredita ser. E ninguém é tão infeliz quanto pensa ser, nem indiferente ou sensível, sequer influente ou desprezível. Ninguém é tanto assim.

Os superlativos tem sido usados sem critério, talvez movidos pelo desejo intenso de destaque ou exclusividade. E acredite se quiser, tem gente que enfatiza até mesmo o que deveria passar a vida combatendo.

Quem nunca ouviu ou disse algo recheado de “mais”, “demais” e até “absurdos”? Mas mais do que o que? Mais do que quem? Mais de quanto?

E para que serve essa corrida louca para se distanciar da faixa do aceitável, do comum, do que justamente facilita a desigualdade e dissipa a desunião?

Que mania louca é essa de construir trampolins cada vez mais altos e inacessíveis, somente para os poucos que se arriscam a obter notoriedade por seu foco em ser mais do que o outro? E depois do pulo, não estamos todos na mesma piscina?

Estamos ensinando nossas crianças a serem mais do que precisariam ser. Estamos convocando a competição em todos os momentos e setores da vida.

E todos sabemos que ninguém é tanto assim. É bom não ser demais. É ótimo ser simples. Realizar tarefas complexas, ok. Alcançar grandes objetivos, também. Mas não é preciso ser tanto assim. Torna-se chato para a platéia, cansativo, antipático.

Bom é fazer, realizar, festejar, comemorar e descansar. Sem alardear!
Quem está junto já sabe o valor.
Quem não está, não precisa saber.

E na dúvida, é bom lembrar que aquela dor de barriga, quando vem, não livra nem quem é tanto assim.

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