Campanha difamatória

Campanha difamatória

Imagem:  Ollyy/shutterstock

Agora você está em revolta e desespero porque descobriu que a pessoa perversa com quem se relacionou anda espalhando mentiras a seu respeito por aí.

São histórias mirabolantes a seu respeito sobre traição, problemas psiquiátricos, condutas desajustadas, promiscuidade, abuso de álcool e drogas, sujeira, preguiça, desequilíbrio, etc, etc, etc.

De repente essa pessoa decidiu se aproximar de seus amigos e familiares, pessoas das quais ela nunca gostou ou com as quais nunca se importou com o intuito de estreitar amizade para passar a contar os absurdos criados sobre você.

Isso começa acontecer sorrateiramente e você não entende porque algumas pessoas que antes pareciam ter estima por você, de repente passam a te olhar de um jeito estranho, evitar você ou simplesmente virar a cara.

Isso aconteceu com você?

Você pode estar sendo vítima de uma campanha de difamação promovida pela pessoa perversa de sua vida. É bem comum, após relacionamentos destrutivos, ter o nome manchado e a reputação destruída por ex perversos. Recrutam todo tipo de gente e inventam as mais variadas histórias para dar vazão a uma loucura que em pouco tempo se torna coletiva a seu respeito.

O que fazer?

NADA. Não bata boca, não tire satisfação, não se explique, não entre num embate. Quando ouvir lixo a seu respeito mostre o polegar num sinal de “curtir” e siga. Deixe o tempo cuidar disso. E ele cuidará, pois ninguém consegue manter uma máscara por muito tempo.

Se as agressões forem pesadas, guarde as provas e, oportunamente, peça os danos morais com o auxílio de um advogado. Caso contrário, finja-se de morta(o) e aguarde. Nada os incomoda mais do que indiferença a seus ataques mesquinhos. Não os alimente com sua indignação. Caminhe acima disso.

“Ame o que você tem, antes que a vida o ensine a amar o que você tinha”

“Ame o que você tem, antes que a vida o ensine a amar o que você tinha”

Imagem: Margaret.W/shutterstock

Tenho mania de tirar o esmalte das unhas. O esmalte está lá, todo bonito e reluzente, e de repente minhas mãos distraídas riscam a textura cintilante que recobre a ponta dos meus dedos. Absorta em meus pensamentos, só percebo o estrago tempos depois, o que gera arrependimento, constrangimento e alguma tristeza.

Do mesmo modo, muitas vezes estragamos os presentes que a vida nos dá. Distraídos e alheios à alegria de estar onde estamos, rodeados pelas pessoas que amamos, não damos o devido valor ao que deveria ser valorizado. Tempos depois, revendo fotos antigas, ouvindo músicas de um tempo bom ou saboreando delícias que remetem à uma época feliz, murmuramos saudosos que “éramos felizes e não sabíamos…”

É preciso se saber feliz. É preciso se lambuzar de alegria presente e ser grato pelo que se concretizou em nossa vida.

Todos já passamos por sustos que provam que a vida é feita de altos e baixos. Por isso há que ser feliz na varanda dos dias, quando ainda há luz e calor. Não deixar para depois o reconhecimento de nossas dádivas, presentes que querem ser desembrulhados agora, com a euforia de meninos na noite de natal.

Não deixe empoeirar os presentes que você recebe hoje. Não permita que a ferrugem do tempo estrague o brilho de suas realizações ao perceber, tarde demais, que abriu mão de suas maiores riquezas na ânsia de ser “muito” mais feliz.

Tem gente que espera ser feliz no próximo ano, no próximo aniversário, na próxima primavera. Não percebe que a felicidade não obedece calendários nem floresce de acordo com as estações do ano. A felicidade acontece numa fagulha de instantes, e é preciso olhos atentos para não perde-la.

Por isso é primordial fazer pactos com o presente e amar a vida que se tem. Cuidar daqueles que escolheram partilhar a vida conosco e olhar para trás com gratidão, nunca com nostalgia ou arrependimento.

O novo ano nos traz esperança. Porém, mais que pedir, devemos agradecer e cuidar. Agradecer o tempo de descanso ao acordar; agradecer o cheirinho de café nas primeiras horas da manhã; agradecer nosso trabalho; agradecer os amigos com quem dividimos nosso dia (tão próximos ou tão distantes _ a internet nos aproximou tanto…); agradecer nosso lar, nossos filhos, nosso par…

Não adie a oportunidade de ser grato pelo que você tem. Suas possibilidades são dons preciosos, e você precisa saber enxergar e agradecer. Ame o que é seu, e conduza seu barquinho com a fé dos que acreditam navegar em águas mansas e deliciosas.

Não espere fogos de artifício quando a sorte lhe sorrir. A sorte é silenciosa, e você pode deixar passar simplesmente porque não soube enxergar.

Que venha o novo ano, as novas conquistas, cheirinho de roupa nova, esmalte cintilante e perfume borrifado no pescoço. Que haja fé e esperança, alegria e bonança. Mas que, principalmente, não nos falte a gratidão. A capacidade de amar o que temos para que a vida não nos ensine a amar o que tivemos…

A caixa preta da ansiedade

A caixa preta da ansiedade

Imagem: lassedesignen/shutterstock

Deitado na cama sem conseguir dormir, escuto o barulho da chuva que começa a cair. Ouço aquele som das gotas tocando o chão, o teto da casa e sinto como se cada gota daquela estilhaçasse o meu peito.

Como se cada gota que cai do céu fosse como um tiro que destroça a minha cabeça. A cada gota que cai e se perde, escuto o tique-taque do tempo em meus pensamentos, sinto-me finito, vazio, cansado.

Mas, apesar disso, sinto a dor que me aflige e diz que eu tenho que correr, embora, eu mal consiga levantar da cama. E a chuva que cai não lava a minha alma, pelo contrário, afoga-me ainda mais e sufoca-me na ansiedade, na dor silenciosa e escura que me prende no tempo das gotas de chuva.

O mundo é indiferente a mim. Os céus só me mostram nuvens escuras e carregadas. Ninguém me escuta. Ninguém me ouve. Ninguém me responde. Estou sozinho, triste, silenciado, perdido em mim mesmo, procurando um bom motivo para sair da cama.

Entretanto, eu saio, porque, embora viva em um mundo indiferente ao meu sofrimento, ele me cobra, exige performance, rendimento, sucesso e sorrisos. Exige que eu cale a minha dor, que eu aparente alegria e que eu reserve as lágrimas para os meus lençóis.

Você talvez se pergunte se eu não deveria reagir, sair dessa, viver. A verdade é que eu não consigo. Eu quero, não escolheria viver assim, de modo tão miserável. Mas, eu sinto que estou sempre correndo contra o tempo, mesmo que esse tempo só exista na minha cabeça. Não importa.

Ele corre atrás de mim, alcança-me, agarra-me, prende-me, sufoca-me, tira o meu fôlego. Nós precisamos respirar para continuar vivendo, todavia, eu pareço estar respirando por aparelhos que constantemente param de funcionar e me levam para um estado de morte.

Estou sufocado, estou fodido. Até mesmo em meu quarto, na minha cama, com as janelas abertas, não consigo respirar. As paredes parecem vir ao meu encontro, buscando de algum modo me esmagar. Eu tento me proteger como posso, mas estou frágil, cansado demais para lutar.

Pelo medo de não conseguir me proteger, passo as noites em claro e a insônia é uma companheira inabalável. Não há como dormir sabendo que a qualquer momento o teto desaba sobre você, não há tranquilidade, tampouco, paz; muito menos, riso, sequer sono.
O corpo possui tantas dores que já nem sei como se sustenta.

O espelho parece refletir o futuro ou somente mostra-me do avesso. Sou como uma cópia e às vezes tenho a impressão de que sou só uma cópia, de que eu mesmo desapareci. Talvez tenha apenas me escondido, mas isso são devaneios, pouco importa, porque não há como fugir dessa dor que me corta, que retira toda a energia do meu corpo e me impede de respirar.

Não sei mais o que dizer, nem o que pensar, porque estou perdido e não sei se você quer me encontrar. Entretanto, você também pode estar perdido, sufocado, com o peito esmagado, sentindo-se um miserável. Então, esse relato fará mais sentido para você, que sofre ou sabe que um dia poderá sofrer.

Eu não sei direito como começou, mas sei que ela está aqui e me atormenta, assim como, pode atormentar você. Essa é a minha história, é a caixa preta da ansiedade, da minha ansiedade, da sua. Que diferença faz? Amanhã, eu vou levantar da cama mesmo sem conseguir, vou fingir que está tudo bem e tentar me proteger das paredes do meu quarto ou do barulho da chuva.

Você provavelmente fará o mesmo, mas eu também não me importo. Somos todos indiferentes. Somos todos miseráveis. Estamos todos no fundo do poço. Estamos todos no vale das lágrimas.

Não quero mais me prolongar, nem tenho mais o que dizer. Mas, antes de que diga que você não tem a ver com a minha dor, o que é verdade inicialmente, digo que você tem a ver com a minha humanidade e eu com a sua, de tal maneira que na medida em eu a perdi, torna-se obrigação sua encontrá-la.

Todavia, sejamos sinceros: quantos de nós assumimos essa obrigação? Por isso, eu continuo perdido, você continua perdido, somos sufocados pela ansiedade, pelas cobranças de um mundo altamente exigente e na mesma medida indiferente, que nos aprisiona ou nos torna fugitivos, que não conhece o afago, tampouco, o ouvir.

Por isso a chuva cai, o tempo todo, e eu não sei se é real ou coisa da minha cabeça, mas sei que ela cai, grita, machuca, sangra e destrói. E o pior é que existem guarda-chuvas, mas eles nunca serão abertos, porque para que se abram é necessário mais que duas mãos e nós… ah! Nós estamos perdidos.

Muitas vezes, dizer “não” nos salva

Muitas vezes, dizer “não” nos salva

Um dos piores tipos de comportamento que poderemos ter vem a ser o medo de magoar, por não suportarmos pensar que alguém está bravo ou descontente conosco. Essa ânsia de agradar a todos fatalmente acabará por extenuar nossas forças, levando-nos ao enfraquecimento emocional, ao cansaço mental, diminuindo consideravelmente nossas chances de sermos felizes.

Muitos de nós não conseguimos lidar com a ideia de que existam pessoas que possam ter ficado chateadas com o que dissemos ou fizemos, mesmo que tenhamos agido corretamente, ainda que não tivesse como agir de forma diferente, mesmo que somente assim tenhamos nos resguardado. Com isso, caso sejamos esse tipo de pessoa que deseja agradar a todos, raramente – ou nunca – conseguiremos dizer não. Por favor, diga não!

Diga não quando você não tiver como fazer o que lhe pedirem, sem que se esgotem além do permitido suas forças, seja no trabalho, seja em casa, onde quer que esteja. Infelizmente, muitas pessoas são folgadas o suficiente para tentar se aproveitar dos outros, principalmente de quem percebem serem solícitos e bonzinhos demais. Preserve-se, porque quase ninguém fará isso por você.

Diga não quando lhe oferecerem algo que fuja do caminho da ética e da retidão, ainda que o resultado da oferta possa lhe trazer satisfação rápida. Não aos favores que possam lhe por em maus lençóis, a saídas ilegais para problemas quaisquer, a caminhos mais fáceis, porém impregnados de sujeira. Nada como ter a consciência tranquila, sabendo que, mesmo que esteja sendo difícil, sua jornada segue pautada por verdade e transparência.

Digamos não a quem quer sugar, a quem só nos procura como opção reserva, a quem só quer receber, sem a mínima questão de retorno; a quem mente, a quem ilude, a quem nos torna piores, menos, mínimos, detestáveis. Saibamos quem merece o nosso melhor e quem não merece é nada de nós, para que não percamos tempo e energia com gente falsa, infeliz e desnecessária.

Um dos maiores favores que faremos a nós mesmos será dizer não às pessoas certas nos momentos mais apropriados, sem titubear, sem remorso, sem peso na consciência. Negar ajuda a quem realmente precisa é imperdoável. No entanto, negar o que nos fere a quem nos quer feridos acabará por nos salvar, por nos libertar de tudo e de todos que não fazem falta alguma em nossas vidas.

Imagem: HBRH/shutterstock

Você lembra de mim, logo existo

Você lembra de mim, logo existo

Imagem: HBRH/shutterstock

Depois que um relacionamento acaba e passamos pelas cinco fases do luto (negação, raiva, barganha, depressão e aceitação) é bastante comum aparecer um zunido estranho em nossa mente, o zum zum zum “ele (a) nem lembra que eu existo”.

Mas por que necessitamos da certeza de que somos inesquecíveis?

Vaidade? Não, não creio que seja somente por vaidade, embora gostemos de alimentar a fantasia de que fomos a pessoa mais importante da vida do outro e detestemos a possibilidade de sermos esquecidos.

Talvez o incômodo que sentimos ao constatar que o outro sequer se lembra da nossa existência coloque em xeque a nossa própria existência: quem sou, ou quem posso ser ao deixar de ser o amor daquele alguém?

Quanto menos vivenciamos a nossa realidade de maneira íntegra, realista, completa e verdadeira; quanto menos assumimos nossos medos e erros e deixamos o barco dos nossos pensamentos e emoções à deriva, mais precisamos que o outro – neste caso, um (a) ex – se lembre de nós para que tenhamos um papel em nossa fantasia e criemos uma certa ordem interna e uma pseudo-existência.

Os rapazes costumam ser mais altivos e discretos, disfarçam melhor a necessidade de serem inesquecíveis, mas nós, as moças…

Tendemos a desejar o título de “Miss Universo” – a primeira, única, grande, absoluta e insubstituível dona do coração dos guris, mesmo que eles não representem mais nada para nós.

Não, definitivamente não aceitamos a coroa de “Miss Brasil”, “Garota Primavera”, “Garota Verão”, “Miss Catanduva”: queremos ter a certeza de que fomos (somos!) a “Miss Universo” do mundinho dos gajos.

Existem garotas, aliás, que passam anos sendo espancadas emocionalmente e se autossabotando – mantendo janelas abertas  e nefastas com certos ex – porque precisam desesperadamente desse tipo de título (reconhecimento). Uma perda de energia danada.

Muito melhor do que ser “Miss Universo” de uma galáxia distante chamada “o coração do outro”, é ser desbravadora e conquistadora de si, não?

Muito melhor uma bandeira fincada na autoaceitação do que uma coroa de falso brilhante que só servirá para juntar poeira na estante e poderá ser passada a outra a qualquer momento.

Portanto, fiquemos atentos: se a dor de (possivelmente) termos sido esquecidos estiver muito latente, se a necessidade de ser a (o) top master do universo alheio estiver pulsando, devemos desconfiar! Talvez isso seja um sinal de que NÓS não estamos nos lembrando de nós mesmos.

Antes de querer que não se esqueçam da nossa existência, devemos nos lembrar, nós mesmos, dela. Mais que isso! Devemos criar a nossa existência a cada dia e lutarmos com unhas e dentes para vencermos a necessidade de validação pelo outro.

Espero que você encontre motivos para seguir

Espero que você encontre motivos para seguir

Espero que você encontre um pouco mais de si. Que esses dias pesados passem logo e perceba o quanto é importante não desistir. Porque não existe isso de destino traçado. Você é a única saída para novos recomeços, acredite.

Espero que você encontre o amor. Daqueles que ficam por vontade própria. Do tipo sem timidez. Ousado e sereno. Que faz cócegas durante o dia e não perde intensidade na parte da noite. Porque não existe isso de paixão encomendada. Você é a única entrada para novos princípios, entenda.

Espero que você encontre a liberdade. Uma de poder ir e vir sem precisar pedir permissão. Uma que traga conforto e força para ser algo mais. Porque não existe isso de solidão imposta. Você é a única janela para novos voos.

Espero que você encontre o respeito. Que não deixe de ser quem é por opiniões alheias. Porque não existe isso de mudar sem reconhecer os próprios limites. Você é a única porta que te impede de viver o futuro.

Espero, ainda, que você encontre um pouco mais de todos. Dos abraços apertados, das longas conversas e dos corações trocados. Porque não existe isso de ser você sem ser outro alguém. Você é a única soma que a vida não pode tirar.

Mas, se mesmo assim for difícil encontrar motivos para seguir, tudo bem. Não é sempre que damos de frente com os melhores caminhos, embora existam infinitas oportunidades para que encontremos amores, liberdades e respeitos por nós e por quem queremos ao nosso lado.

Imagem de capa: Na Natureza Selvagem (Into the Wild); 2007 – Dir. Sean Penn

A Mitologia Nórdica

A Mitologia Nórdica

Mitologia é o conjunto de mitos, bem como o estudo dos mitos, de sua origem, da evolução e do significado de cada um deles. O mito trata de uma narrativa sagrada, que explica a formação do universo e de como tudo se criou, incluindo a humanidade, os fenômenos naturais e conceitos abstratos – como o amor, por exemplo. Trazem em seu conteúdo forças sobrenaturais e divindades, por isso a maioria dos mitos estão atados a alguma religião.

A Mitologia está sempre associada com uma cultura e com um povo e os seus sistemas religiosos e culturais, algumas quase extintas, como a mitologia grega, romana, egípcia, etc. Os personagens centrais dos mitos são deuses ou heróis sobre humanos e suas histórias são sagradas para o povo a qual pertencem, sendo endossadas por governantes, sacerdotes e pelo povo. Esses povos as tem como histórias reais de um passado remoto. Essa é a forma como cada povo escolheu de contar a formação do mundo como é hoje.

São histórias atemporais e se ajustam a qualquer tempo e qualquer sociedade. Isso porque revelam verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana. Todas as histórias presentes expressam pontos de vista e crenças de um país, um período no tempo, cultura e/ou religião a qual lhes deu à luz. No entanto, elas não saem de “moda”.

O cinema, a literatura e a televisão se valem dessas histórias, pois estão cheias de significados. Star Trek, Star Wars, Harry Potter, Senhor dos Anéis, Percy Jackson, As crônicas de Nárnia, utilizam temática mitológica.

A Mitologia Nórdica

A Mitologia nórdica também é chamada de mitologia germânica, viking ou escandinava e trata-se do conjunto de mitos dos povos escandinavos, durante a era Viking. Após a cristianização desses povos, muito da sua mitologia foi esquecida.

A mitologia nórdica, ao contrário de outras, não designa uma religião no sentido habitual da palavra. Não havia um livro ou escrituras que designassem uma religião. As lendas eram transmitidas de forma oral, durante a era viking.

A maioria das fontes sobre essa mitologia vieram da Islândia, através dos Eddas. Uma coletânea do séc. XIII, composta por fragmentos da antiga tradição escandinava. Essas lendas foram compiladas da tradição oral como forma de preservar esse conhecimento. Existem a Edda em prosa e a Edda em verso. A Edda em verso são poemas sobre os feitos de deuses e heróis da mitologia nórdica. A Edda em prosa é uma coletânea literária religiosa, a principal fonte literária de mitologia nórdica, escrita por Snorri Sturluson, até cerca de 1200.

É importante ressaltar que o povo viking possuía uma relação muito forte com a agricultura, pois era uma sociedade rural. Por isso, os ritos de fertilidade e fecundidade eram extremamente comuns, visando a prosperidade do povo. Além disso era um povo hostil e habituado com guerras.

A religião deles era muito mais prática, ligadas a atos e gestos. Pode-se dizer que era uma sociedade fortemente influenciada pela função sensação. Diferentemente dos gregos, que possuíam uma apreciação pelo belo e pelo equilíbrio, sendo mais movidos pelos sentimentos. Os ritos e a mitologia eram uma busca da compreensão da vida prática. Alguns autores afirmam que era uma religião da vida. A religião era toda pautada em rituais, principalmente o culto aos ancestrais.

Cosmologia nórdica

Na Mitologia Nórdica o universo era um disco gigante, formado por nove mundos. No centro do universo há Yggdrasil– uma árvore colossal que é o eixo do mundo – que liga os nove mundos da cosmologia nórdica. Suas raízes se encontram em Niflheimo mundo do frio, da névoa e da neve. Mundo sombrio onde se localizavam árvores assombradas e um solo onde não se produzia nada, havia uma escuridão profunda e era habitado por gigantes e monstros.
No seu tronco estava Midgard, o mundo dos humanos, domínio da deusa Jörd e era cercado por oceanos.

Na parte mais alta, que se dizia tocar o Sol e a Lua, encontrava-se o reino de Asgard (a cidade dourada), o reino dos deuses, com seu Valhala, local onde os guerreiros vikings eram recebidos após terem morrido, com grande honra, em batalha.

Havia também o Vanaheim, repouso dos Vanir – deuses mais benevolentes, relacionados a agricultura, a fertilidade, comércio, prazer e paz.

O outro reino era Helgardh, mundo dos mortos governado pela deusa Hela (ou Hel), esse é um reino mais frio, escuro e mais baixo. Encontra-se abaixo da terceira raiz de Yggdrasil.

Havia também o Svartalfheim, o mundo dos anões ou elfos escuros e o Alfheim, o mundo dos elfos claros.

Jotunheimera o mundo dos gigantes e Muspelheimé o reino do fogo, onde habitam os gigantes de fogo.

Além disso, dizia-se que o Yggdrasil era guardado pelas valquírias, pois os seus frutos continham todas as respostas para as indagações da humanidade. Somente os deuses a visitavam. Dizia-se também, que as folhas de Yggdrasil podiam trazer os mortos de volta para a vida e apenas um de seus frutos, curaria qualquer doença e até mesmo salvaria uma pessoa da beira da morte.

O tema da árvore no centro do mundo é um tema comum. Na tradição judaico cristã temos a árvore do bem e mal no jardim do Éden. A diferença é que aqui os frutos da árvore, apesar de serem proibidos também, trazem muitos benefícios à humanidade. O problema é que os homens então se assemelhariam aos deuses e seriam imortais. Outra diferença é que na Gênese há a transgressão humana e na nórdica não.

Existiam também dois clãs de deuses, os AesireosVanir, que foram inimigos, mas se uniram novamente. Enquanto os Vanir são deuses da natureza, os Aesir são belicosos.

Os principais deuses Vanir são Njor e seus filhos Frey e Freya. Os Aesir mais famosos são Odin, Thor, Tyr e Frigga. Quase todos Aesir estavam predestinados a morrerem durante o Ragnarok– o fim dos deuses. Ambos clãs se uniram para lutar contra os gigantes, lembrando a mitologia grega, onde os deuses eram inimigos dos titãs.

O conflito desses dois clãs representa a integração dos deuses do céu e da ordem com deuses da terra e da fertilidade, mostrando um equilíbrio entre essas duas forças. Algo que hoje falta em nossa tradição, que possui um deus apenas da ordem, da lei e do céu. Nos faltam deuses da fertilidade e ligados à terra.

Hoje, o foco da nossa sociedade está mais no mental e na lógica. Precisamos resgatar o contato com os aspectos de fertilidade, da terra, do corpo e das emoções. E conhecer essa antiga mitologia, pode nos mostrar como unir esses dois aspectos novamente de forma mais consciente.

Para ser o amor do seu amor, primeiro seja amigo

Para ser o amor do seu amor, primeiro seja amigo

Imagem: s4svisuals/shutterstock

Alguns casais já foram amigos um dia, mas perderam a sobriedade da união quando separaram os sentimentos. Quiseram amar somente com o exagero do amor e acabaram esquecendo que a amizade era o que sustentava todo o relacionamento. Esgarçaram o que tinham de mais sagrado. Destruíram o pacto entre as almas e fundaram um abismo.

Não souberam ampliar o campo de atuação da amizade. Esqueceram que ela funciona como cláusula primeira de qualquer relação. É o termômetro. A bússola. Sem esse recurso, o amor não respira. Mesmo sendo um sentimento vigoroso e múltiplo, o amor só pode demonstrar a sua potência quando aliado à serenidade da amizade.

Porque a amizade é o amor à paisana. O reconhecimento do outro sem menosprezar os detalhes mais simples. Na amizade até a implicância tem valor. Tem charme.

A amizade é o amor legítimo. Amizade no relacionamento amoroso é a coroação sublime de uma incessante busca. Onde é possível compartilhar a calmaria de um domingo no parque e experimentar o vendaval nos lençóis. Harmonia que nasce da compreensão das diferenças. Solidez que não se estilhaça com qualquer ameaça de vento.

O amigo reconhece o outro pelo olhar. Detecta de longe quando tenta disfarçar uma dor contando uma piada. Sabe que o olhar absorto no tempo esconde alguma angústia. Compreende que a falta de palavra não é descaso nem apatia. Às vezes, é apenas cansaço.

Amigo é uma espécie de mãe de aluguel quando a gente se perde na vida. Toda amizade sincera nos ensina sobre as tonalidades do amor.
A principal, é a tolerância nos dias difíceis, quando o outro se isola para resolver sozinho as pendências que a vida impõe.

Quando silencia. Quando não quer desabafar porque ainda não sabe nomear o que está sentindo e precisa de um tempo para realinhar as órbitas dos pensamentos. Porque não quer que o outro sofra nem se preocupe à toa. Porque não quer fazer alarde com assuntos passageiros.

Amizade é o amor mais delicado que existe, porque a tolerância está sempre se revezando com o perdão para que não fique nenhuma ponta solta, nenhum mal-entendido. Para que não haja desconfiança.

Amizade é o amor puro, que reconhece na própria pele as cicatrizes do outro. A amizade no relacionamento é um fundamento que deve ser aprimorado no calor das declarações e reforçada num gesto de cuidado, quando o outro está distraído.

Para ser o amor do seu amor, primeiro seja amigo.

Algumas pessoas podem permanecer,em nossos corações, mas não em nossas vidas

Algumas pessoas podem permanecer,em nossos corações, mas não em nossas vidas

A vida é permeada por despedidas, algumas serenas, outras impetuosas, muitas delas contrárias à nossa vontade. Porque a passagem do tempo leva consigo muitas coisas e muitas pessoas, distanciando-nos de quem amamos, retirando-nos o que parecia nosso, encaixando as vidas em seus devidos lugares. E nem sempre esse encaixe vem ao encontro de nossos desejos.

Alguns amigos não poderão estar para sempre por perto, ao nosso lado. As oportunidades que se lhes abrirão poderão levá-los a lugares distantes, a novos rumos, a estradas por onde não poderemos seguir. Poderão se casar com quem não gosta de nós, ou arranjar emprego em outra cidade, outro país. A amizade e o carinho ficam, mas a presença não é uma garantia, nunca será.

Irmãos, da mesma forma, continuarão a seguir, mesmo que a uma larga distância, longe do lar, junto a novas famílias, outras paragens. Os reencontros podem ser constantes, esparsos ou mesmo raros, porque a vida de cada um tem o seu propósito e nem sempre teremos aquele irmão ou irmã querida junto de nós. Eis uma das consequências nem sempre doces da vida adulta.

E, nessa toada, nem sempre ficaremos junto ao amor que imaginamos ser o feito para nós, aquele que cabe perfeitamente em nossa alma. Podemos nos distanciar de quem amamos por conta de oportunidades diferentes que chegam para cada um, em razão de chances de vida em que somente cabe uma das partes, ou mesmo porque nos esquecemos de regar o sentimento que um dia invadiu a nossa essência. Amores também se vão.

Além disso, infelizmente, poderemos ser surpreendidos pela partida súbita que a morte nos impõe, sem mais nem por quê, obrigando-nos a prosseguir sem a presença de quem já era parte de nós, de quem já era nossa história, nossa referência, de quem era tão nosso. Dando ou não tempo de nos despedirmos, fato é que ninguém está preparado para enfrentar a morte de alguém querido, embora ela seja uma certeza única do ciclo da vida.

Como se vê, as pessoas vão embora de maneiras diversas, com ou sem aviso, obrigando-nos a reorganizar toda a nossa carga afetiva, rearranjando tudo aqui dentro de nós, para que não enlouqueçamos, para que sigamos, doloridos, quebrados, mas sigamos. Sorver com intensidade os momentos em que a presença de quem amamos é uma certeza nos ajudará, enfim, a suportarmos a dor de sua ausência, toda vez que a vida assim nos exigir.

Nem todo mundo ficará em nossas vidas, mas os encontros especiais jamais sairão de nossos corações. É assim que a gente continua.

Imagem: Oleggg/shutterstock

O que cabe dentro de um abraço?

O que cabe dentro de um abraço?

Dores pequenas ou grandes, que podem ir de saudades, a corações partidos; de joelhos ralados a fracassos profissionais; de solidão involuntária à descoberta de uma traição. Qualquer uma dessas experiências dolorosas pode ser amenizada ou até mesmo curada pelo poder terapêutico de um abraço sincero.

Pessoas que se abraçam de corpo inteiro realizam muito mais do que um simples encontro físico, são protagonistas do transbordamento da alma, da mistura de anseios e vontades de amar.

Pessoas que se entregam ao poder curador de braços que acolhem, além de oferecer a si como conforto ao outro, ganham de volta a maravilhosa e benéfica energia de um coração grato e momentaneamente desarmado.

Durante o abraço, nosso organismo produz um hormônio chamado ocitocina; o mesmo hormônio que promove a união entre mãe e filho, desde a gravidez até a amamentação, evoluindo para os contatos pessoais como a criança, como estar com ela para cuidar, brincar, contar uma história, cantar para ela ou embalá-la ao colo.

A ocitocina tem relação com a fidelidade, o desejo sexual, a sensação de pertencimento e a quebra de padrões negativos que levam a quadros de ansiedade e tristeza.

 

Mas não vale aquele abraço engessado, dado apenas para cumprir uma função de social. Precisa ser aquele abraço que não tem pressa de acabar, que faz a gente ter vontade de esquecer o resto do mundo para se diluir no calor e aconchego de um outro alguém.

Estudos comprovam, inclusive, que a ocitocina é responsável por estruturar um sistema de proteção neurológica, capaz de inibir o envolvimento dos indivíduos com o uso de álcool e drogas. Além de ser determinante no enfrentamento das dificuldades advindas dos períodos de abstinência.

Abraçar é delicioso, é benéfico e é sinal de disponibilidade afetiva. Então, por que será que a gente anda economizando abraços?

Será que andamos com medo de nos envolver? Será que andamos sem tempo de sentir? Será que estamos demasiadamente distraídos das coisas simples e ocupados demais para investir em nossa saúde emocional?

Seja lá por qual motivo for, penso que seria uma boa hora para destrancarmos os abraços, liberá-los para além das nossas reservas e oferecê-los a quem amamos como quem oferta o mais caprichoso presente.

Dentro de um abraço cabe toda forma de afeto, cabe o silêncio confortável entre duas pessoas que se querem bem, cabe o suspiro de alívio por ter encontrado um lugar para aquietar a alma, cabe a manifestação genuína de acolhimento e entrega, cabe a aceitação do outro e o perdão.

Sendo assim, em seu próximo encontro com alguém que vale a sua amizade ou que desperte a sua bondade, tire o sorriso automático do rosto e em vez de estender uma mão reservada e incerta, abrace!

Imagem meramente ilustrativa: Cena do filme “Ghost”,1991.

O que é lixo para uns, é luxo para outros

O que é lixo para uns, é luxo para outros

Imagem: Pixabay

Minha casa foi plantada por um construtor que entendia da trajetória do sol. A qualquer hora do dia ela está sempre inundada de luz. Mas é pela manhã, quando a luz se torna mais diáfana, que eu me sento em qualquer lugar e vejo a vida perfeita como seria, se não existisse a morte.

Fica tudo envolvido por uma compreensão eterna que me transporta ao mais profundo estado de existir sem dor. Que dura minutos, mas que me abastece por algumas horas. Depois, tudo volta a ser como é: estranhamente perigoso. Mas enquanto não é, desfruto.

Desfruto, por exemplo, a beleza da mesinha redonda, que estrategicamente posicionei ao lado do sofá, e imediatamente me comovo porque essa mesinha foi catada do lixo.

Uma bela manhã, acordei, abri a janela, e quase não acreditei: a minha vizinha jogara fora a mesa redondinha, que deve ter-lhe servido redondamente, durante muitos anos. E eu, favelada que sou, atravessei a rua, de pijama mesmo, me abracei com ela, e com ela atravessei a rua, dizendo-lhe com amor de mãe: “você agora é minha.”

Dei-lhe lugar de honra na sala principal da casa. Que é onde me sento, para aspirar em largos haustos a eternidade tão sonhada.
A mesinha de rattan é o símbolo da minha evolução histórica como ser no mundo.

Eu nunca me imaginei capaz de assumir publicamente que sou capaz de levar o lixo dos outros para mim. Mas ela me faz lembrar que o seu direito de existir coincide com o meu direito de declarar publicamente que tenho vocação para revirar lixo, e de lá extrair tesouros.

Quem sabe, com essa declaração, eu possa inspirar um estilo e livrar o planeta de muitos entulhos. Todo mundo deveria revirar lixo para dar uma segunda chance àquilo que não é lixo, àquilo que pensaram que fosse, mas não era.

Assim é a vida: uns só enxergam lixo onde outros enxergam encanto, estilo e beleza. É uma questão meditativa. Cada um deveria perguntar-se: eu vejo lixo, ou vejo luxo?

O efeito direto dessa digressão visual dá origem ao que vou relatar agora: algumas pessoas jogam no lixo o que não querem, e outras recolhem do lixo o que querem. Quando as primeiras descobrem que alguém ousou querer aquilo que não quiseram, são tomadas por uma ira indefectível, seja desmerecendo o que jogou, seja falando mal daquele que fez o resgate.

Pura dor de cotovelo. O remédio para a dor de cotovelo é falar mal. Porque falando mal, procuram sentir-se menos mal pelo descarte sem critério.

Uma mesa redonda pode virar o que quiser na sua forma esférica: pode compor com o sofá, ou pode existir redondinha em um dos lados da cama, sem fazer hematomas nas pernas da sua dona.

Uma mesa alta de canto, com bastante personalidade, e muito peso, pode virar uma mesa baixa de centro, basta cortar as pernas. Melhor cortar as pernas, se as pernas lhe incomodarem do que mandar a mesa inteira para o lixo.

É assim que lixo vira luxo: cortando aqui, adaptando ali, dando o seu jeitinho e a sua interpretação pessoal a todos os átomos, em estado bruto, que dependem de você para um destino melhor do que o monturo.

Eu sou frequentadora de brechós. Quando estive em Paris, só fiz compras em brechós. Paris é a meca dos brechós. Fiquei tão amiga do Pierre, dono do brechó em frente ao hotel, que no último dia, de tanto atravessar a rua, de tanto ir com uns trocos, e vir com roupas maravilhosas, nos despedimos como amigos.

Ele me disse: – Quando vier a Paris de novo, volte.
E eu lhe disse: – Voltarei.
Embora nós dois soubéssemos que jamais voltaríamos a nos ver.

Na minha cidade, a compra mais memorável foi realizada em um depósito de móveis usados: um trono africano, todo estropeado, mas com vocação para bunda de rei. Ou de rainha. Foi paixão à primeira vista. E o apelo me bateu irresistível: – Que será de ti se eu não te levar para mim? Levei.

Mandei revestir de veludo negro, e depois de pronto, no momento em que o tapeceiro fazia a entrega, descobri que não havia lugar para mais um trono. Dei o trono para o meu irmão, e quem usa é a minha cunhada. Mas o trono ganhou a sua segunda chance e me ama de paixão por isso.

“ASSIM É A VIDA e AGORA É TARDE.”

Entre essas frases um intervalo para reflexão. Não sobre objetos usados, mas sobre as metáforas às quais eles nos conduzem. Existem circunstâncias nas quais somos tentados a jogar fora o que é apenas a representação do nosso tédio. Um olhar mais profundo revelaria que o tédio é nosso e não do objeto.

Nada e nem ninguém, nenhum afeto, nenhuma aquisição, tem poder para fazer o outro feliz, cada um tem a obrigação de fazer-se feliz. E buscar em Deus a própria felicidade.

Preste atenção, baby, ASSIM É A VIDA.

Preste atenção, baby, para que não lhe digam: “AGORA É TARDE.
Agora é tarde porque outra mulher, outro homem estão escrevendo o “happy end” que você deixou pelo meio, seja a história da mesinha que foi jogada no lixo, seja a história de um amor que foi sacrificado como peru de véspera, e que está na posse de outra pessoa, agora.

O que é lixo para uns, é luxo para outros. Por isso, eu cato lixo.

O meu parceiro foi descartado quando ainda era solteiro, jovem, lindo, louro, inteligente, comunicativo, olhos azuis, de boa índole, recém formado e louco de vontade de se casar. Pois acreditem: a namorada de infância sentiu-se entediada por tanta formosura, e pediu-lhe um tempo. Bobeou, dançou.

Nesse tempo que ela pediu – e ele deu-, conquistei para mim a eternidade: peguei o ser, amei, cuidei, beijei, abracei, encantei, providenciei os acabamentos finos,- nele e em mim,-e até hoje, estamos juntos.

Não devolvi, não troquei, não vendi, não dei, não tripudiei, e fiz dele o pai dedicado dos meus filhos, e o avô amoroso dos meus netos. Na época, fiz com certo pudor, mas com firmeza.

E não deu outra: ela reivindicou a antiga posse. Mas o que já era meu, continuou sendo meu, com a concessão de Deus.
Quem mandou jogar fora? AGORA É TARDE, baby.

Como vocês podem ver, só hoje assumi publicamente a minha vocação, mas ela é antiga. Bem antiga.

O privilégio de não saber o que fazer da vida

O privilégio de não saber o que fazer da vida

Imagem: George Dolgikh/shutterstock

Existe uma pressão tão grande para encontrarmos logo o que queremos fazer pro resto da vida que parece errado fazer as coisas só pelo prazer de fazer, de tentar, de curtir. Que medo é esse de perder tempo se estamos ganhando tanto por outro lado?

Por uma vida com menos objetivos e mais descobertas.

Eu sei que não saber o que fazer da vida pode ser muito angustiante. Somos impactados por tantas histórias de pessoas que juntaram profissão com o propósito de vida e foram viver felizes para sempre, que parece obrigação encontrar a nossa vocação e arriscar tudo por ela.

A questão é que eu vejo muita gente sem ideia do que fazer da vida, mesmo já sabendo o que faz seus olhos brilharem. E vejo outras que gostam de tantas, mas tantas coisas ao mesmo tempo, que não querem se dedicar a uma coisa só. São pessoas do mundo, que preferem arrecadar experiências e histórias para contar, preferindo se dedicar a projetos pessoais, a aprender, descobrir, viajar, amar. Essas, inclusive, são as pessoas mais interessantes que eu conheço, porque elas olham para o mundo com vontade de absorver tudo que ele tem para nos oferecer.

E eu sinto que existe uma pressão tão grande para encontrarmos logo o que queremos fazer pelo resto da vida, que parece errado fazer as coisas só pelo prazer de fazer, de tentar, de curtir. Que medo é esse de perder tempo, se estamos ganhando tanto por outro lado? Afinal, que obsessão é essa pela sucesso? Por que sentimos obrigação de ser o melhor em tudo o que fazemos? Para mim, para obter sucesso em alguma coisa, é preciso apenas concluí-la com prazer, nada mais.

Temos que ter em mente onde queremos estar daqui a 5 anos, mas nunca tivemos tanta oportunidade de fazer o que queremos. É um paradoxo. E fica difícil mesmo escolher um caminho só, traçar metas e alcançá-lo, porque escolher uma coisa significa abdicar de todas as coisas. E, se você tiver certeza do que quer, beleza. Vai fundo, porque vai valer a pena abrir mão de todas as outras coisas. Mas, se você não tem tanta certeza assim, qual é o problema de aproveitar a vida com toda a intensidade, tentando viver tudo ao mesmo tempo, sem um objetivo?

Existem tantas formas de ser feliz e de encontrar o propósito em coisas que a gente nem imagina. Às vezes, o seu propósito é viajar mesmo, conhecer lugares e pessoas novas. Não é o que você mais gosta de fazer? Às vezes, é tocar violão na sala, apresentar uma peça num pocket show. Às vezes, não tem nada a ver com arte. Sua parada pode ser resolver problemas, ajudar pessoas a se desenvolverem, estudar, ensinar, conectar, empreender. E, vem cá, será que você precisa mesmo transformar essa paixão em profissão? Enquanto não tem dinheiro envolvido, ninguém pode lhe dizer como fazer.

E, tudo bem também, se sua vocação e propósito mudam de tempos em tempos, afinal, como disse Guimarães Rosa, no livro Grande Sertão: Vereda: “O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.”

Pensando nisso, cheguei à conclusão de que quem não sabe o que fazer da vida tem o privilégio de não precisar viver com um objetivo e não há nenhuma inércia nisso, mas sim muito movimento. Você pode se dedicar a fazer uma coisa nova todos os dias. Pode encontrar talentos e vontades escondidos, pode descobrir o propósito na própria descoberta, sem medo do fracasso e sem o peso de obter êxito. E é assim que você vai descobrir que as coisas que fazemos sem expectativas, imersos no processo, são as mais verdadeiras. São as que realmente valem a pena.

A lei do retorno é infalível

A lei do retorno é infalível

Não raro, costumamos achar que vimos sendo tratados injustamente ou de forma desagradável pelas pessoas que nos rodeiam. É como se estivéssemos recebendo muito menos do que verdadeiramente queremos ou pensamos que merecemos. Assim, passamos a colocar a culpa do que nos ocorre tão somente nas pessoas e no mundo lá fora, o que nos impede de nos enxergarmos como sujeitos de nossas histórias, uma vez que, nessa ótica, seríamos meros joguetes nas mãos dos outros.

E, assim, vamos passando os dias lamentando as supostas injustiças que nos vão sendo impostas, recheando nossas amarguras com os tratamentos que julgamos descabidos por parte das pessoas que convivem conosco, sentindo-nos mal amados, mal interpretados, mal vistos e desvalorizados. Afinal, ninguém parece nos entender ou perceber os potenciais que possuímos, como se estivéssemos sendo subutilizados em todos os setores de nossas vidas.

Por essa razão é que jamais poderemos fugir ao enfrentamento de nós mesmos, analisando racionalmente o que estamos oferecendo, como estamos nos comportando, enxergando a nós mesmos, na forma como estamos tratando as pessoas, nas palavras que usamos, no tom de voz que colocamos, no olhar que dirigimos ao mundo lá fora. Muitas vezes, apenas estamos recebendo de volta exatamente o que oferecemos, nada mais nem menos do que isso.

Caso consigamos perceber a forma como as pessoas vêm nos enxergando, o que o mundo vem recebendo de nós, muito provavelmente entenderemos várias coisas que nos acontecem, tendo a consciência de que o que nos chega não é injusto e sim retorno de mesma medida. Muitas vezes, estaremos ofertando é nada, tratando mal as pessoas, ignorando-as e menosprezando-as, fechando-nos aos encontros, a tudo o que está fora de nós. Como é que poderão enxergar algo que não demonstramos? Como é que nos enxergarão, caso nos fechemos aqui dentro?

Embora exista quem não consiga fazer outra coisa que não azucrinar a vida de quem quer que seja, a maioria das pessoas com quem conviveremos estarão abertas a receber o nosso melhor e a fazer bom uso de tudo o que oferecemos, valorizando-nos e tratando-nos com o devido respeito.

É preciso, portanto, que nos permitamos o compartilhamento transparente de nossas verdades, para que elas nos tragam o retorno afetivo que nos enriquecerá a vida onde e com quem estivermos. Porque merecemos, sempre, o que oferecemos.

Imagem: sergey causelove/shutterstock

Moça, valorize-se. Você merece muito mais do que estão te oferecendo

Moça, valorize-se. Você merece muito mais do que estão te oferecendo

Imagem: sergey causelove/shutterstock

Ele não ligou, não te procurou no dia seguinte ao encontro e não demonstrou que quer um relacionamento sério. Mas, como você acreditou em todas as palavras que ele disse, seu coração encontrou todas as justificativas possíveis para convencer o cérebro de que “com o tempo, ele irá te amar”.

Moça, não faça isso! Você merece muito mais do que estão te oferecendo. Você não precisa de quem te procura no final da noite, como última opção. Não precisa de alguém que não te assume, porque a vida de solteiro é mais interessante. Não precisa de alguém que te elogie só para te usar como estepe de relacionamento. Você, simplesmente, não precisa!

Eu sei que te ensinaram a ser a melhor em tudo: na escola, na faculdade, na família, no trabalho e que, por isso, lidar com a rejeição não é seu forte. Mas, acredite, há rejeições que são defesas.

Você nunca foi mulher para ser encaixada em agenda de segunda-feira ou no encontro de domingo à noite. Você nasceu para ser prioridade! Não aceite menos que isso. Não acredite nessa sua autoestima instável que grita que “qualquer relacionamento serve”.

Não corra atrás de quem sabe onde te encontrar. Dê a você o valor que merece, antes de exigir isso dos outros. Saiba diferenciar as pessoas que gostam de você em toda a sua essência, daqueles que são gentis por conveniência.

Sabe, não podemos exigir dos outros aquilo que não estão dispostos a nos dar. Então, deixe ir quem nunca quis ficar. Pare de tentar manter em sua vida, alguém que só se afasta. Não ligue, não peça, não insista. Não é preciso ouvir um “não” quando as atitudes deixam explícito isso. Faça como Pablo Neruda quando afirmava que “se sou amado, quanto mais amado mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, devo esquecer também…Pois amor é feito espelho: – tem que ter reflexo.”

Pouco importa se ele mandou flores para se desculpar pelas grosserias da semana passada ou se ele te mandou mensagem para explicar porque te apresentou como amiga naquela festa. O que importa é a forma como você permite ser tratada.

Cuide mais de você e não fique tentando entender as escolhas dos outros. Cada um sabe o caminho que segue e a vida não é um roteiro de filme com final feliz garantido.

Agradeça pelas ligações não atendidas, pelos encontros em que ele não foi e pelas vezes em que ele disse em que vocês não combinavam. Ele estava certo! Você nunca combinou com gente desinteressada e fria mesmo.

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